Qualidade Nos Serviços de Informação Turística - 3ºTT
Qualidade Nos Serviços de Informação Turística - 3ºTT
Qualidade Nos Serviços de Informação Turística - 3ºTT
Qualidade
Nos
Serviços de Informação
Turística
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Índice
Índice............................................................................................................................................2
A Hotelaria como Espinha Dorsal de Qualquer Actividade Turística............................................3
Turismo de Qualidade ou Turismo de Massas..............................................................................4
Hotelaria em Portugal e a Sua Evolução.......................................................................................5
Mercado Turístico no Norte do País.............................................................................................6
Qualidade nos serviços de informação turística...........................................................................9
1.1. Desenvolvimento do sistema de qualidade.....................................................................16
1.2. Qualidade do serviço e competitividade.........................................................................20
1.3. Princípios da qualidade nas empresas de serviços..........................................................22
A Gestão Estratégica como Instrumento de Apoio à Mudança..................................................36
2.1. Estratégias Pretendidas e Estratégias Realizadas............................................................37
2.2. Análise, Formulação e Implementação...........................................................................40
2.3. Planeamento Formal e Gestão Incremental....................................................................44
2.4. Visão, Missão e Objectivos..............................................................................................48
2.5. Princípios.........................................................................................................................53
2.6. Factores de sucesso.........................................................................................................54
Os efeitos multiplicadores aplicados ao Turismo.......................................................................59
3.1. Sua importância na sustentabilidade dos destinos e dos produtos turísticos.................59
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Como todos sabem a Hotelaria nas suas diversas versões é a espinha dorsal do
desenvolvimento turístico, pois sem hotéis e unidades de alojamento não há turistas.
Sendo uma actividade de natureza totalmente privada, não cabe ao só Estado nem a quaisquer
outras entidades oficiais, quaisquer intervenções concretas, para além obviamente do
regulamento, licenciamento, fiscalização e de produzir as circunstâncias favoráveis para que se
efective o projecto.
Sendo assim importa definir desde já que o regulamento ou seja o conjunto de leis que regem
esta actividade não podem ser redutoras da iniciativa e inovação individual. A hotelaria
moderna no Mundo modifica-se a uma grande velocidade e para que os empresários possam
acompanhar esse desenvolvimento competitivo em Portugal, muita da legislação actualmente
em vigor deve ser simplificada. O actual emaranhado de questões legais impostas pelas leis em
vigor neste sector no nosso país não se coadunam com a evolução que a Hotelaria em Portugal
deve seguir no futuro.
Assim, para além da actual reestruturação em curso na reorganização do sector seria também
bom que se aproveitasse para rever completamente a actual legislação, dando maior liberdade
aos potenciais investidores, e esse é verdadeiramente o papel que cabe ao Governo e às
Câmaras Municipais, ou seja o facilitar no investimento e na criação de riqueza, assim como
fornecer respostas mais rápidas sobre os investimentos em curso.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
A lei deve ser uma matéria simples e de fácil interpretação dando ao investidor a necessária
elasticidade para dentro de parâmetros aceitáveis programar a sua unidade, sabendo nós
desde logo que o próprio mercado se encarregará de separar o trigo do joio, mais a mais numa
era de plena transparência provocada pelo nosso actual pleno acesso à informação.
Existem hoje pelo mundo fora, determinado tipo de unidades alojamento que pelas suas
características seriam totalmente ilegais em Portugal, o que desde logo afasta potenciais
investidores.
Perante esta realidade vem sempre à baila a velha questão, sobre o que se pretende para o
nosso desenvolvimento turístico, qualidade ou quantidade.
Deve-se desde já mencionar que se perdeu muito tempo em discussões sobre esta matéria, e
que sempre causou alguma estranheza para todos os envolvidos.
É complicado ter uma visão sobre como será possível definir a qualidade. Não será
seguramente construir só hotéis de 4 ou 5 estrelas, pois isso seria evidentemente um erro
estratégico, e além disso vê-se muitas vezes grande qualidade em determinadas unidades de
alojamento de categorias inferiores.
No fundo pensa-se que todos entendem o que provocou esta reacção. Não se pode voltar a
cometer erros graves como os que foram feitos no passado.
Todos conhecem regiões específicas do nosso país onde o desenvolvimento turístico obedeceu
a outros interesses que não os do turismo, pois foram desenvolvidos numa lógica de
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
construção civil de quanto mais, melhor, muitas vezes com a conivência das próprias Câmaras
Municipais, numa tentativa de obtenção de receitas camarárias a qualquer preço, mesmo
comprometendo o futuro e o resultado está à vista.
Mas por outro lado existem outras regiões de Portugal que foram extraordinariamente bem
desenvolvidas e em que o sector público e privado respiram o mesmo interesse conjunto pela
preservação dos valores tradicionais.
Mas numa visão optimista, há que reconhecer que a hotelaria que existe hoje em Portugal, na
sua esmagadora maioria está equilibrada.
Existem zonas em que neste momento a oferta é superior à procura, como é por exemplo o
caso de Lisboa, isso tem pura e simplesmente a ver com a dinâmica de eventos organizados
nestes últimos anos, de que saliento os casos da Expo 98 e do Euro 2004 entre outros que
marcaram grande parte do desenvolvimento verificado.
Mas estamos todos plenamente convencidos que mesmo o anunciado número de hotéis
previstos para serem construídos em Lisboa nos próximos 2 anos, que agora pode parecer
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Isto sem pensar que o negócio hoteleiro tem sido excelente nestes últimos 20 anos pois a
acrescentar ao negócio do aluguer de quartos associasse uma componente de valorização
imobiliária muito importante. Senão vejamos o que tem acontecido em muitas cidades
turísticas do mundo inteiro em que os hotéis velhos são implodidos, para dar lugar a unidades
completamente novas. Isto só pode significar que este negócio é altamente rentável. 1
O mercado turístico no Norte do país vem a aumentar a olhos vistos. Tem vindo a receber
novas unidades hoteleiras como apoios e incentivos para o desenvolvimento do turismo;
também tem vindo a ser mais acarinhada por novas iniciativas e projectos, como é o exemplo
do protocolo entre a Estrutura de Missão Douro, a Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Norte, o Turismo de Portugal, a ADETURN e o Centro Mundial de
Destinos Turísticos de Excelência. Este acordo visa que a região turística do Douro seja
monitorizada e seja privilegiada em termos de informação do que se passa em outros destinos
turísticos que fazem parte do Centro Mundial de Destinos Turísticos de Excelência.
A oportunidade constituída pela criação da nova Entidade Regional de Turismo do Norte e pela
adopção de um modelo de gestão autónomo para o Douro como Pólo de Desenvolvimento vai
pôr à prova as capacidades de esbater diferenças e rivalidades em nome do bem comum e do
progresso económico.
1
Espírito Santo Turismo
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
O Douro foi já classificado como Património Mundial da Humanidade, tendo sido identificado
no Plano Estratégico Nacional de Turismo como um dos novos pólos turísticos a desenvolver.
Em 2007 (e relativamente ao ano anterior), o Norte cresceu, em termos de proveitos
hoteleiros, 11,4%, e, em termos de dormidas, 9%, enquanto o aeroporto da Cidade Invicta
registou mais 11,9% nos vos internacionais normais e 35,9% nos low cost.
O Norte tem gastronomia e vinhos como principais produtos e para 40,3% dos participantes na
22ª edição do Barómetro Academia Aberta do Turismo, estes são os produtos turísticos mais
atractivos do Porto e Norte de Portugal.
O turismo de negócios foi considerado o produto turístico mais atractivo por 29% dos
inquiridos, ficando no terceiro posto os City/Short Breaks, com 21,6%.
Nesta mesma edição (Barómetro Academia Aberta do Turismo) foi questionado qual o
principal concorrente para cada um dos seguintes produtos turísticos e assim sendo, este
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Completando, ainda se estudou nesta edição qual a característica distintiva do Porto e Norte
de Portugal que deveria ser comunicada para cada um dos seguintes produtos turísticos, assim
sendo e relativamente ao segmento City/Short Breaks, 35,30% dos participantes no inquérito
classifica a Diversidade como a principal característica a ser comunicada, seguida da História,
que aparece com 26,5%. No Turismo Cultural a História vence, com 62,60% surgindo depois a
Diversidade, com 19,40%, e para encerar a Qualidade fica à frente no segmento Turismo de
Negócios (43,30%).
Assim sendo, a região Norte de Portugal, em Maio de 2008 é o quarto destino do país com
melhor desempenho, apesar de ter todas as características para ultrapassar essa cadeia de
valor. Também, esta região tem vindo a crescer acima da média nacional, apesar de ser
necessário um aumento significativo das visitas e das dormidas para se cumprir os objectivos
fixados pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo, apesar da região ter registado, em 2007,
subidas de 10% nos hóspedes, 9% nas dormidas e quase 13% nos proveitos, dinâmica que se
manteve nos primeiros dois meses de 2008. Face aos objectivos do PENT, o Norte teve mais 10
mil hóspedes e mais 27 mil dormidas de estrangeiros. 2
2
Luís Patrão, presidente do Turismo de Portugal
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Atenção ao Cliente
Uma empresa turística existe para satisfazer as necessidades dos clientes. Para conseguir
alcançar este objectivo, é essencial conhecer as suas características, gostos e desejos.
Quem é o cliente?
O cliente é a pessoa mais importante para qualquer empresa comercial. Ele deve ser objecto
principal da atenção especial de todos. Sem os clientes a empresa não poderia cumprir a
finalidade para que foi constituída.
Os profissionais de hotelaria devem mentalizar-se (e essa é tarefa árdua do gestor!) que o
cliente nunca interrompe o seu trabalho, já que o colaborador se encontra no hotel para servir
o comprador e satisfazer as suas necessidades.
3
Notícias do Douro (2007)
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
O que é a empresa?
O sector dos serviços é muito heterogéneo abrangendo vários domínios, tais como os
transportes, a distribuição, as comunicações, a saúde, o turismo, os seguros, a banca, a
educação, o comércio, a gestão e a consultoria, entre outros.
A indústria dos serviços tem uma participação crescente no produto interno bruto e na
geração de empregos directos e indirectos. Isto é particularmente verdade no caso do turismo.
Contudo, os produtos incorporam cada vez mais serviços, pois na venda de um bem, o serviço
ao cliente ganha mais importância. Pensemos no caso de uma refeição num restaurante ou
bebida num bar…
As empresas enfrentam ambientes cada vez mais incertos e concorrenciais. Para continuarem
competitivas, têm de estar permanentemente à escuta do mercado e responder às suas
solicitações e/ou oportunidades. Deste modo, inúmeras empresas optam por uma organização
descentralizada para, assim, ficarem mais próximas do cliente. Paralelamente, os processos de
produção tornam-se cada vez mais complexos e a fragilidade dos sistemas aumenta.
As empresas de serviços, tal como outras empresas de outros sectores de actividade, estão
inseridas no macro e no micro ambiente, onde se desenvolvem, relacionam, competem,
influenciam e são influenciadas por várias forças, nomeadamente económicas, sociais,
tecnológicas, ambientais e políticas. Estas variáveis são denominadas variáveis exógenas por
oposição às endógenas originadas em factores internos das empresas e, por isso, controláveis
pelas próprias empresas.
Uma organização voltada para a prestação de serviços, como é o caso das unidades de
alojamento turístico, assenta a sua estratégia de gestão no “triângulo dos serviços”, o qual é
centrado na satisfação do cliente.
Atenção ao Cliente
A atenção dada ao cliente deve ser o ponto fulcral da actuação diária e uma preocupação
constante dos gestores e chefes e de toda a equipa de uma empresa turística.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
O “triângulo dos serviços” é composto por três sistemas que se inter-relacionam: os sistemas
de gestão, a estratégia do serviço e a gestão dos recursos humanos, os quais convergem para o
objectivo central, que é satisfação do cliente.
Os sistemas de gestão incluem todos os sistemas nos quais assenta a gestão da empresa,
nomeadamente os sistemas de produção, o sistema administrativo/financeiro e o sistema de
marketing, bem como a inter-relação e articulação entre todos eles.
A gestão de recursos humanos engloba todo o pessoal da empresa que está envolvido na
prestação de serviços, cabendo a cada membro da empresa determinada responsabilidade de
acordo com a sua função.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Cada cliente de um empreendimento turístico deve ser considerado como único e diferente.
Deve ser oferecido a cada cliente um tratamento distinto de acordo com a sua atitude e com o
seu comportamento.
Algumas dicas para se conseguir uma adaptação ao cliente consoante o seu comportamento
e/ou a sua motivação, quando chega ao contacto com uma empresa turística:
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Esta permite pôr em contacto as empresas com o ambiente que as rodeia de forma diferente,
criativa e rentável.
estudiosos, nas respectivas áreas de estudo e actuação, apresentam como cada um entende o
significado de qualidade.
Essa acepção desacertada pode induzir a cometer equívocos, inclusive a adoptar processos de
gestão que dificultem o desenvolvimento da qualidade. Procurou-se, então, com base nesse
autor, um outro conceito, que envolve um componente espacial e um temporal, conforme
consta a seguir:
A qualidade envolve muitos aspectos simultaneamente, ou seja, uma multiplicidade
de itens, que seria o componente espacial do conceito;
A qualidade sofre alterações conceituais ao longo do tempo, isto é, trata-se de um
processo evolutivo, que seria o seu componente temporal. A multiplicidade de itens,
ao ser incorporada ao conceito da qualidade, considera que os clientes e
consumidores desenvolvem a percepção do conjunto de atributos que integra o
produto ou o serviço, para então tomar a decisão de escolha. Já o processo evolutivo,
também ao ser introduzido ao conceito de qualidade, indica que ela pode ser avaliada
em termos de melhoria contínua, de forma dinâmica, sendo esperada dos produtos ou
serviços pelos clientes e consumidores.
Autores concordam que a satisfação do cliente é uma avaliação passageira, específica de uma
transacção, e que a qualidade de serviço é, por outro lado, uma atitude formada por uma
avaliação global de um desempenho a longo prazo. Sem dúvida, esses dois conceitos são
interligados, contudo a relação entre eles é obscura. Alguns estudiosos acreditam que a
satisfação do cliente leva à qualidade de serviço percebida, enquanto outros atestam que esta
última impulsione a primeira. Apesar dessa confusão, a maneira pela qual esses dois conceitos
se relacionam com o comportamento de compra permanece, em grande parte, explicada, pois
a satisfação ajuda os clientes a reconsiderar percepções de qualidade de serviço. A lógica para
esse posicionamento consiste no seguinte:
As percepções que os consumidores têm da qualidade do serviço de uma empresa,
com a qual não têm experiência prévia, baseiam-se nas suas expectativas como
consumidores;
Os encontros subsequentes com a empresa fazem o consumidor passar pelo processo
de desconfirmação, reconsiderando ainda mais as percepções da qualidade do serviço;
Cada encontro adicional com a empresa gera reconsiderações ou reforça as
percepções dessa qualidade;
As percepções reconsideradas modificam futuras intenções de compra do cliente.
necessidades dos consumidores devem ser entendidas em detalhes, o que também deve
acontecer com as limitações operacionais da empresa.
Os prestadores de serviço devem focar a qualidade, e o sistema deve ser projectado para dar
sustentação a essa missão, sendo controlado directamente e transmitindo o que se esperava.
Em serviços, segundo Fitzsimmons (1998), a avaliação da qualidade surge ao longo do processo
da prestação, que geralmente ocorre no encontro entre o cliente e um funcionário da linha de
frente.
A satisfação do cliente com qualidade do serviço pode ser definida pela comparação entre a
percepção do serviço prestado e a expectativa do serviço desejado. Quando se excede esta
última, o serviço é percebido como sendo de qualidade excepcional e também como agradável
surpresa. Quando, no entanto, não ocorre essa extrapolação, a qualidade passa a ser
inaceitável.
Para que os componentes do plano sejam atingidos com sucesso, é necessário que se ouça,
com atenção e continuamente, a opinião dos clientes. Essa atitude de investigação dará
sustentação a duas grandes fases da metodologia proposta: a análise de prioridades e a
avaliação da qualidade das funções dos elementos do serviço.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Um erro muito comum cometido pelas empresas que buscam a melhoria da qualidade dos
serviços é focalizar a tomada de decisão nos processos internos, sem qualquer ligação com as
prioridades de serviço oferecidas aos clientes. Se a estratégia da qualidade em serviços não for
baseada no que os clientes pensam, o melhor que se pode esperar são apenas melhorias
parciais, pois a qualidade é também definida por eles.
A conformidade com as especificações da empresa nem sempre reflecte aquilo que o cliente
almeja. A capacidade que se investe na melhoria dos serviços provém da aprendizagem
contínua sobre as expectativas e percepções de clientes e não-clientes. Algumas pesquisas
realizadas juntos àqueles primeiros revelam os pontos fortes e fracos dos serviços de uma
empresa sob a perspectiva dos que os experimentam; já outras desenvolvidas entre estes
últimos expõem como os concorrentes se comportam em termos de serviços, fornecendo base
comparativa.
Expectativas importantes sobre os serviços executados com mais eficiência pelos concorrentes
fornecem uma agenda para acção. Propõe-se, então, que a opinião dos clientes seja ouvida
antes de se proporem recursos para a melhoria dos serviços, antes mesmo de se tomar
qualquer acção.
Investir nisso e não obter resultados é não só um desperdício, como também uma redução na
credibilidade da causa pela qualidade em serviços. Quando os investimentos não produzem
resultados, a alta administração tem menos motivação para investir mais. Nesse sentido, as
empresas precisam de estabelecer um processo de pesquisa sobre a qualidade em serviços
capaz de fornecer informações oportunas e importantes aos dirigentes na tomada de decisão,
em vez de apenas realizar estudos.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Todos os produtos sejam eles bens ou serviços, apresentam um pacote de benefícios para o
consumidor. O conceito de benefício poderia incluir atributos designados ao produto, os quais
ampliam sua concepção básica. Aquilo que determina a constituição do pacote de benefícios
comprado pelos consumidores encontra-se no núcleo do marketing e transcende qualquer
distinção entre bens e serviços.
Quando um consumidor efectua uma compra, paga por uma experiência criada pela prestação
do serviço, ou seja, os serviços fornecem um pacote de benefícios ao consumidor pela
experiência criada para ele. O modo como o consumidor recebe o pacote de benefícios fica,
consequentemente, para os serviços e os bens. Neste último caso, o pacote fica intimamente
ligado aos bens propriamente ditos e permanecem como parte deles, desaparecendo
geralmente depois que o bem é consumido ou quando não é usado. Já no caso dos serviços,
todavia, as partes diferentes do pacote podem provir de várias fontes, simultaneamente.
O sistema SERVUCTION
Em primeiro lugar, divide-se a empresa prestadora em duas partes, uma visível e outra
invisível para o consumidor.
As partes invisíveis afectam a parte visível da organização, que, por sua vez, é dividida em duas
outras, o ambiente físico e inanimado, onde o serviço acontece, e a equipe de contacto, que,
na verdade, presta esse serviço.
Finalmente, o modelo sugere que o consumidor “A”, que está comprando o serviço, também
será afectado pelo consumidor “B”, que está em contacto com a empresa, ao mesmo tempo.
Nesse sentido, o pacote de benefícios deriva-se de um processo ou experiência interactivos.
O modelo do sistema Servuction, desenvolvido pela primeira vez por Eric Langeard e Pierre
Eiglier, foi publicado no artigo de um periódico francês, em 1987, e descrito com maiores
detalhes por Langeard et al. (2001), indicando como os consumidores interagem com a parte
visível do sistema e com outros consumidores para criar a experiência do serviço. A totalidade
do sistema Servuction cria a experiência, e a experiência, por sua vez, cria o benefício do
consumidor.
Essa simples perspectiva tem implicações profundas. Observando o modelo, pode-se chegar a
uma série de conclusões sobre serviços em geral, conclusões essas com importância directa
para os problemas de marketing de serviços (BATESON; HOFFMAN, 2001).
Os autores desse modelo, Schlesinger e Heskett (1991) acreditam que o propósito de uma
empresa de serviços é “servir o cliente”. Consequentemente, a lógica sugere que esta seja
organizada de maneira a apoiar as pessoas destinadas a servi-lo.
O encontro, quase sempre breve, é o momento em que o cliente está a avaliar o serviço e a
formar opinião sobre a qualidade deste.
Durante a prestação de serviços, o cliente vive uma série de momentos, realizados numa
sequência específica, à qual se dá o nome de ciclo do serviço (ALBRECHT, 1998)
Este ciclo seria o mapa de todos aqueles momentos, conforme vivenciados pelo cliente em sua
sequência habitual ao receber o serviço (ver figura), (GIANESI; CORRÊA, 1996).
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Nem todos os momentos da verdade têm a mesma importância para o cliente, existem alguns
que são críticos ou fundamentais para a percepção do consumidor a respeito do serviço
prestado. Isso leva o fornecedor a procurar identificar esses momentos cruciais da verdade
para dar prioridade aos seus esforços, visando gerar uma impressão favorável do serviço para
o cliente (GIANESI; CORRÊA, 1996).
Ao analisar qualquer ciclo de serviço, pode-se dizer que os primeiros e os últimos momentos
da verdade estão, geralmente, entre os críticos para a percepção do cliente. Nos primeiros, o
cliente ajustará a sua percepção para o que poderá acontecer no restante do ciclo do serviço
(GIANESI; CORRÊA, 1996).
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
O palco para a apresentação do serviço é montado nos primeiros minutos do ciclo. Uma vez
estabelecido o ritmo, é difícil mudar a percepção do consumidor acerca daquilo que vem
depois (GIANESI; CORRÊA, 1996).
A impressão final é formada nos últimos momentos, também crítico, pois permanece mais
forte na memória do cliente, podendo influenciar sua decisão de repetir a compra, assim como
seu depoimento a outros consumidores potenciais. (GIANESI; CORRÊA, 1996).
Os primeiros e os últimos não são os únicos momentos críticos para a formação da percepção
do cliente em relação ao serviço, sendo necessário determiná-los, portanto (GIANESI; CORRÊA,
1996), conforme figura.
Os momentos iniciais e finais da verdade, normalmente críticos. Fonte: Gianesi e Corrêa (1996)
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Para se iniciar a agregação de valor ao ciclo de serviço, é preciso passar em revista o ciclo
global e analisar os diferentes grupos de actividades com que o cliente se depara ao seguir o
seu itinerário. Em função da complexidade deste, é possível recorrer a diferentes diagramas ou
mapas para a efectuação dessa análise. Para adicionar valor ao serviço logo da primeira vez, é
importante que a qualidade seja levada em conta desde a concepção, e isso segundo quatro
pontos essenciais (TÉBOUL, 1999):
É igualmente necessário prever processos particulares, ligando o front Office ao back office.
Essa análise detalhada mostra o interesse em ser tão exaustivo quanto possível a fim de
antecipar, no estágio da concepção, qualquer eventual problema posterior. Procedimentos
sistemáticos, que permitam ao pessoal da linha de frente fornecer a qualidade esperada pelo
cliente, são extremamente importantes (ver figura abaixo). De facto, eles são responsáveis por
80% do serviço aos clientes. É interessante então dispor de uma ferramenta de concepção que
permita compreender as interacções complexas entre o front office e o back office, ao longo
do percurso do cliente.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Com o auxílio dessa ferramenta é possível avaliar a interacção entre o front office e back office
e resolver problemas, tais como:
Este trabalho limitou-se a avaliar a qualidade das funções ofertadas pela empresa nos
respectivos elementos de serviço. Esses componentes estão localizados no ambiente de front
office, mas a operação deles também deve ser suportada por um conjunto de funções que são
operadas nos bastidores (back office).
Sendo assim, os gestores devem ter um entendimento muito claro sobre as relações de causa
e efeito que acontecem no sistema e sobre como devem agir quando desvios de conduta e
performance das funções de serviço são diagnosticados junto aos clientes.
Através da aplicação da metodologia proposta, será disponibilizada aos gestores uma rede de
indicadores de performance da qualidade, os quais estarão estratificados e hierarquizados por
elementos e funções de serviço. Esse facto permitirá que eles, de forma estratificada e
prioritária, orientem a tomada de decisão em busca da melhoria da eficiência operacional e da
satisfação dos clientes.
Considerando as características peculiares dos serviços, a sua qualidade torna-se difícil de ser
avaliada quando comparada à dos produtos manufacturados. Por isso, a qualidade pode ser
dividida em determinantes que facilitem a compreensão do que ela seja, devido à
característica de intangibilidade dos serviços.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Para cada tipo de serviço poderá existir um conjunto específico de determinantes da qualidade
(GIANESI; CORRÊA, 1996).
Dessa forma, cada qual poderá ter determinantes que são considerados específicos e críticos
para o sector no qual se encontra (JOHNSTON; CLARK, 2002). Da mesma maneira, cada
momento da verdade nos diversos tipos de serviços sofrerá um maior ou menor impacto dos
diferentes determinantes da qualidade. A percepção desta e a posterior avaliação do serviço
dão-se em relação aos determinantes considerados mais importantes pelo cliente em cada
momento da verdade (GIANESI; CORRÊA, 1996).
Os gerentes não devem apenas estar conscientes das expectativas de seus clientes, mas
também perceber a importância e o efeito potencial do acompanhamento do desempenho
dos vários determinantes estabelecidos nos processos do serviço para avaliar a qualidade
ofertada aos clientes. Estes efectuarão a avaliação comparando o nível de expectativa de
desempenho nos diversos determinantes da qualidade com a percepção de qualidade após
usufruírem das funções de serviço (LOVELOCK, 2002).
Medidas de desempenho
Nem todos os determinantes se prestam a medidas quantitativas directas, sendo que alguns
podem ser medidos através de julgamentos de adequação, que correspondem às medidas
perceptivas, isto é, aquelas que são obtidas por meio de levantamentos junto aos clientes e
procuram, de certo modo, quantificar as percepções dos clientes, representando indicadores
da qualidade percebida. Por outro lado, há os que podem ser medidos directamente das
operações. Estas são as medidas objectivas e representam indicadores da qualidade de mesma
natureza (GIANESI; CÔRREA, 1996).
A gestão estratégica organiza os contributos que as diversas áreas têm a dar à organização,
servindo como linha orientadora à integração dos esforços desenvolvidos pelos vários
especialistas, dispersos pela organização.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
A diferença entre estes dois conceitos resume-se à diferença entre "fazer bem as coisas"
(Eficiência) e "fazer as coisas certas" (Eficácia).
As estratégias que os gestores propõem, definem e que pretendem ver realizadas são as
Estratégias Pretendidas, e as que realmente se realizaram são as estratégias Realizadas.
Estratégias Pretendidas
Finalidades
Qualquer organização, tem objectivos a longo prazo a outros a mais curto prazo. Para alcançar
um objectivo de longo prazo, tem que se realizar primeiro uma vasta série de objectivos de
curto prazo. Mas, temos que ter muito cuidado em não investir tempo e recursos em
objectivos de curto prazo que não nos levam a alcançar os objectivos de longo prazo.
Há portanto, uma certa hierarquia que vai desde uma visão alargada do que a organização
deverá ser, passando, depois, por um conjunto de objectivos mais detalhados descrevendo a
missão da organização, e acabando nos chamados objectivos estratégicos, com um grau de
especificação mais elevado. Esta hierarquia de objectivos é a base de todo o processo de
gestão estratégica.
Políticas e Planos
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
As estratégias pretendidas deveram funcionar como linhas mestras para a forma como a
organização trabalha para alcançar as suas finalidades. Estas linhas mestras tomarem a forma
de políticas ou de planos. Basicamente as políticas são linhas mestras que indicam limites ou
restrições sobre aquilo que se quer conseguir. Os planos têm a ver com os meios que usamos
para chegar a certos fins. Como o tempo é crítico, o tempo é frequentemente explícita ou
implicitamente citado.
Estratégias Realizadas
Ao contrário das estratégias pretendias, que se focam nos aspectos futuros, as estratégias
realizadas referem-se ao passado. Apesar de se considerar que teoricamente, uma estratégia
pretendida é bem sucedida se for implementada e realizada na sua totalidade (Estratégia
Deliberada), as estratégias pretendidas podem ser bastante diferentes das que realmente se
realizam. Na prática o que acontece frequentemente, é que a estratégia original, é alterada
muitas vezes durante a sua implementação, quer devido a inesperados obstáculos, quer
devido a oportunidades não previstas no momento da definição da estratégia.
Ou seja, raramente se vê uma estratégia sobreviver na sua forma original. Às partes (planos)
que não chegam a ser realizadas, chamam-se Elemento Não-Realizado. E aos novos elementos
que surgem durante a realização, chamam-se Estratégias Emergentes. Produzindo um produto
final, que é a combinação de estratégias deliberadas com emergentes, tal como se pode ver
pela figura:
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Gestão Estratégica é um processo que envolve três actividades principais: Análise estratégica,
Formulação da estratégia e Implementação da estratégia.
Análise Estratégica
As finalidades estratégicas têm dois papéis na organização: são o alvo a atingir e são o
elemento concentrador que permite à organização atingir o alvo. Apesar da sua aparente
independência, as finalidades devem ser pensadas sempre com base na situação em que a
organização se encontra.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
A análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças - conhecida na língua inglesa por
SWOT (Strenghness, Weakness, Opportunities, Threats) - é caracterizada pelo cruzamento
entre as forças e fraquezas internas, com as oportunidades e ameaças externas. É desta
análise que depende o sucesso da gestão estratégica. De seguida descrevem-se estes quatro
factores.
Os recursos exteriores à organização que poderão contribuir para o seu crescimento são
oportunidades no ambiente exterior a esta. (ex: novos clientes). No entanto, o mesmo
ambiente que fora tema oportunidades também ameaças (ex: concorrência) para formular
estratégias atractivas, os gestores deveram conhecer as capacidades e os limites da sua
organização. Daqui emergem as suas forças (ex: mão de obra altamente qualificada) e as suas
fraquezas (ex: sistemas de informação obsoletos).
Formulação da estratégia.
Uma boa análise estratégica é a base da formulação da estratégia, que se subdivide em quatro
níveis: funcional, negócio e empresarial. Estes níveis advêm do facto de que as empresas são
compostas por negócios que por sua vez são compostos por funções.
Nível de negócios
Este nível é o mais importante dos quatro, é aqui que as empresas se defrontam no campo de
batalha, para aumentar a sua fatia de mercado, sobre os seus adversários (a concorrência).
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Uma empresa com um leque de produtos no mercado, terá que analisar em que sector de
negócios se encaixa cada produto. Deste modo se na estratégia cobrir mais do que um dos
produtos (ou mercados), então esses produtos podem pertencer à mesma unidade estratégica
de negócios (SBU-strategic business unit), se não, então as operações sobre esses produtos
deveram ser repartidas por diferentes SBUs. Mais simples é o caso dos negócios individuais,
que concentram toda a gestão estratégica num só ponto.
Nível funcional
Nível empresarial
Uma empresa expande através da inclusão de áreas de negócios, isto é, diversificando os seus
negócios. As estratégias para diversificar, as áreas de actuação, mais atraentes são aquelas
onde a empresa foca os seus conhecimentos, exclusivos, em áreas críticas. São áreas onde o
conhecimento está contido num grupo restrito e é dificilmente transmitido. Esta forma de
conhecimentos denomina-se por competências fechadas. Numa empresa, onde algumas das
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
suas forças sejam competências fechadas, então essa área de negócios é uma excelente
oportunidade de diversificar os negócios de empresa.
Implementação da estratégia
Como já vimos anteriormente a formulação duma estratégia não implica que esta seja
realizada. A implementação da estratégia é o processo de transformar as estratégias
pretendidas em estratégias realizadas, e composta por: integração, estrutura organizacional,
controlo e liderança.
Para a completa realização duma estratégia, são necessárias diversas formas de integração.
Uma delas é a integração dos elementos existentes dentro da organização, necessários à
implementação da estratégia pretendida. Outra forma de integração é ligar as funções aos
negócios, os negócios às empresas e as operações internacionais às multinacionais. Mas o mais
crítico é integrar os objectivos a curto prazo com os objectivos a longo prazo descritos na
missão e visão da organização.
Durante este processo é preciso controlar, por duas razões: manter os esforços focados no
mesmo objectivo e para proceder a ajustes sempre que necessário, devido ao aparecimento
de imprevistos. Os meios usados pelos gestores podem ser prémios (compensações), regras ou
até mesmo a cultura da organização que influencie o comportamento dos seus colaboradores.
Até aqui, já se viu que a gestão estratégica é um processo complexo que consiste na análise,
formulação e implementação. Gestores e trabalhadores, têm ambos papéis individuais a
desempenhar, que deve ser todo integrado de alguma forma. Os factores diversidade e grande
número de indivíduos envolvidos, são um grande desafio em qualquer tentativa de gestão
estratégica. Há dois métodos para lidar com esta situação. Planeamento Formal e Gestão
Incremental, enquanto que o planeamento formal procura o caminho mais curto para a
organização mudar duma situação para outra, a gestão incremental baseia-se no facto de que
os gestores apesar de se mover na mesma direcção de descrita no plano, eles movem-se em
pequenos passos, testando em cada a um a sua viabilidade e ajustando-se ao longo do
caminho.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Planeamento Estratégico
Como o caminho mais rápido entre dois pontos é uma linha recta, define-se o caminho
percorrido pela organização como um processo linear:
Evolução e manutenção duma organização, para uma nova estratégia, usando Planeamento
Formal
2. Identificar recursos necessários para tapar as falhas entre o actual desempenho e futuro
objectivos.
3. Distribuir esses recursos.
4. Visualizar o uso dos recursos, na mudança da organização no sentido dos objectivos.
Todas estas quatro fases requerem a colaboração, nos quatro níveis de formulação estratégica
(negócios, funcional, em cada um dos contextos estratégicos (ver Fig. 4).
Um processo de planeamento estratégico, tal como o da Fig.4, serve para integrar a vasta
gama de decisões e de acções que a gestão estratégica requer. Quando bem feito, o
planeamento formal fornece à organização um " mapa de estradas" que facilita a iniciativa
individual.
Os executivos começam a perceber que o seu poder consiste na habilidade de conseguir ter
diversos membros da organização com os mesmos objectivos e depois deu-lhe liberdade
(delegar) para decidirem como melhor alcançar esses objectivos.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Gestão incremental
Evolução e manutenção duma organização, para uma nova estratégia, usando Gestão
Incremental
Devido à incerteza relativamente ao futuro, a maioria dos planos estratégicos são apenas
linhas mestras para orientação do trabalho de cada um, ou seja, não é possível definir um
conjunto de tarefas a realizar por cada indivíduo. Por causa destes factores, a gestão
estratégica não poderá ser vista, apenas, como o processo de desenhar um plano e depois
implementá-lo. Na verdade, a maioria da gestão é o processo de repensar e ajustar
continuamente os planos e actividade da organização.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Os gestores que, devido à falta de informação, se recusam a adivinhar e dar a sua melhor
hipótese, gerem de maneira incremental mas com um propósito bem definido. Este tipo de
gestão estratégica chama-se Incrementismo Lógico e as suas seguintes características são
apresentadas de seguida.
Os gestores têm a visão do que eles querem que a organização esteja a fazer nos próximos
anos, mas tentam avançar de forma evolutória. Conseguem fazer isto, criando um negócio
flexível, continuando a fazer tentativas à margem disso. Tais tentativas são vistas como
opostas, pois eles sabem que o futuro é imprevisível. Em vez de tentarem prever o futuro, eles
tentam tornar-se sensíveis aos desenvolvimentos do ambiente envolvente, procurando novas
tendências. Quando encontram novas tendências, eles procuram fazer pequenas experiências
para ver de que maneira a organização reage. Conscientes que não podem testar todas as
experiências, eles encorajam o aparecimento de experiências semelhantes dentro da
organização.
Contrariamente ao que possa parecer, a gestão incremental é mais usada do que parece e os
gestores não estão assim tão desfasados uns dos outros, relativamente aos objectivos da
organização. Algumas decisões, tomadas por estes gestores, podem parecer desligadas, mas
quando se vêm como um todo, apercebe-se que é possível estarem, todos a levar a
organização no sentido das finalidades desta.
convertendo as acções bem orientadas o que, sem este conjunto de valores, seriam propostas
sem objectivos.
A Visão
Na gestão estratégica, a visão refere-se aos objectivos de mais longo prazo e mais gerais. A
visão descreve as aspirações para o futuro sem especificar os meios para as alcançar. As visões
com mais efeito são aquelas que criam inspiração e esta inspiração é normalmente querer
mais, maior e melhor. Isso pode ser por exemplo prestar o melhor serviço ou desenvolver o
produto mais resistente, e deve ser sempre inspirativo.
Então se as visões são para inspirar, elas têm que ser comunicadas e possivelmente para
muitas pessoas. A comunicação da visão pode ser feita de duas maneiras: uma mais óbvia,
através da missão e outra menos óbvia usando a liderança. Apesar de poder parecer menos
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
A Missão
A visão torna-se tangível com a definição da missão. Esta reflecte aquilo em que um líder
pensa relativamente à organização e Às direcções que ela deve seguir. Apesar da missão ser
específica de cada organização, a definição da missão deve conter as respostas às seguintes
questões:
Qual a razão da nossa existência? Qual é o nosso propósito?
O que é que é a nossa organização tem de único ou distinto?
Que diferenças terá o nosso negócio daqui por 3 ou 5 anos?
Quem são, ou deveriam ser, os nossos principais clientes, ou segmentos de mercado?
Quais são os nossos principais produtos? E quais serão?
Quem são, ou deveriam ser, as nossas principais preocupações económicas?
Quais são os nossos valores, aspirações e prioridades filosóficas?
Uma definição de missão que responda a estas questões tem as 3 seguintes vantagens:
Objectivos
Apesar das definições de missão serem mais específicas do que a ideia que o visionário tinha
em mente, elas definem mesmo assim direcções pouco concretas, ou seja, acções pouco
especificadas. Portanto, tal como a definição da missão tenta tornar a visão mais específica, os
objectivos são tentativas de tornar a missão mais concreta.
Virtualmente, todos os objectivos requerem a concepção temporal, se é que são para ter
alguma utilidade. A definição dos objectivos não terá sentido se não incluírem limitações de
tempo.
Dada a grande variedade de objectivos que são definidos, alguns podem acabar por se
contradizer. É pois, preciso ter em atenção a escolha de objectivos que não comprometam a
possibilidade de encontrar um compromisso entre duas escolhas.
Aqueles que forem bem especificados, sem ambiguidades e que não ponham os membros da
organização em rivalidade, minimizam a possibilidade do aparecimento de conflitos. Os
objectivos são a base do comportamento cooperativo na gestão. Se concentrarmos os esforços
no progresso global da empresa, em vez de ser nos departamentos e secções, podem-se criar
relações intra-organizacionais benéficas, tais como a partilha de informações e recursos.
melhorar a qualidade é um objectivo muito importante, mas a qualidade não é nada fácil de
medir. Por esta razão, as essas empresas em vez de usar a qualidade como um princípio usam
outros factores como reclamações na garantia, taxas de defeitos, etc. Para conseguir definir
quanto um objectivo é quantificável, muitas empresas usam uma regra na forma de pergunta:
"Quantificando desta forma, saberemos quando alcançamos o nosso princípio?"
Muitos riscos se podem correr, ao definir objectivos e maneiras de os quantificar, sem ter em
conta as ramificações dos comportamentos que este pode motivar. Se os gestores não forem
suficientemente cuidadosos, podem estar a causar comportamentos indesejáveis, provocados
pela má medida do desempenho.
2.5. Princípios
Oferecer produtos e serviços que superem o que os clientes esperam. Para isso a criatividade
é fundamental, deve-se satisfazer as necessidades de quem nos procura mas imprimindo ao
serviço características próprias que nos distingam positivamente daquilo que os nossos
concorrentes têm para oferecer.
Ciclo de formação: 2008/2011 Ano lectivo: 2009/10
Qualidade como factor de rendibilidade, a melhoria da qualidade pressupõe uma maior quota
de mercado, o qual implica redução de custos e maior rendibilidade porque os clientes serão
fiéis, farão publicidade grátis, melhores preços já que os custos baixarão, uso correcto de
todos os recursos, etc.
Estes factores baseiam-se numa filosofia de gestão extensível a todos os processos de uma
organização por forma a não só assegurar, como também exceder as expectativas dos clientes
(tanto internos como externos).
Vários são os conceitos que existem de qualidade, dos quais salientam-se: adequação ao uso,
grau de satisfação dos clientes, nível de adesão de cada produto às especificações do design e
requisitos técnicos.
Política da Qualidade
O sucesso do negócio depende do sucesso dos Clientes, para isso mantêm-se uma
equipa de colaboradores motivada e formada para apresentar a melhor resposta, para
cada caso concreto.
Todas as empresas têm como compromisso de gestão cumprir com os requisitos legais
e regulamentares aplicáveis.
A qualidade deve assim, constituir uma ferramenta que todos devem usar no quotidiano e que
permite, identificando e eliminando as imperfeições do trabalho que se realiza, ter como
perspectiva um funcionamento óptimo através de uma melhoria dos processos, seja qual for a
função que se desempenha.
Qualidade nos serviços pode então ser identificada com a satisfação das expectativas do
cliente, de forma exacta ou por excesso, tendo em atenção o correspondente preço de
aquisição. De facto o cliente fica satisfeito quando as suas expectativas são igualadas ou
superadas, resultado da percepção do desempenho do serviço.
reagem diferentemente ao que parece ser o mesmo serviço. Cada cliente possui uma
determinada percepção sobre qualidade, muitas vezes esta diferença implica até mesmo o
"estado de espírito do cliente" no momento da prestação do serviço. As pessoas possuem
padrões diferentes de qualidade.
Portanto, qualquer organização deve-se propor a oferecer qualidade em tudo o que faz, deve
conhecer as atitudes e preferências básicas de cada cliente, ou grupo de clientes, deve ter
como foco principal as necessidades e expectativas dos clientes. Deve também gerar entre
seus colaboradores o comprometimento com o papel que representam para o desempenho de
serviços e produtos que estejam imbuídos de qualidade, para que o cliente perceba esta
qualidade.
Quando os clientes não estão satisfeitos ocorrem as reclamações que se forem entendidas e
conduzidas de maneira satisfatória, constituem numa fonte de renovação; a maior parte das
reclamações em hotelaria e turismo quanto à qualidade dos serviços tem como causa a
ausência de uma gestão voltada para a melhoria continua.
Para além disso a qualidade no serviço ou a falta dela, tem um efeito que perdura no tempo,
vai mais além do que o momento da prestação do serviço. Continua na sensibilidade do cliente
por mais algum tempo, um serviço excepcionalmente bom marcará de forma positiva a
imagem do restaurante para o cliente, é um bom sinal para a fidelização deste.
Neste processo, de acordo com Sessa (1983), uma quantidade de moeda “inferior”, referente à
parte do lucro e da remuneração, sobra nas mãos dos primitivos agentes económicos, que as
transferem aos agentes económicos de outros sectores. Na série de transferências que se
sucede, também a moeda originada em seguida da primitiva despesa do turista vem, num
determinado período de tempo, a propagar-se pelos vários sectores da economia, activando-a
no seu complexo e contribuindo para incrementar de maneira mais que proporcional a renda
nacional.
A riqueza que o turismo gera não se limita à que se origina nos sectores económicos em
contacto directo com a procura turística. O consumo turístico afecta a maioria dos sectores
componentes do sistema económico em três formas de projecção: via produção, via renda e
via investimento.
Através da produção, para cobrir as necessidades da demanda (que satisfaz as suas exigências
mediante o pagamento do preço); as empresas fornecedoras dos turistas necessitam de bens e
serviços que lhes são prestados por outras empresas, e assim continuamente, até extinguir-se
a cadeia, em número indefinido de rotações ou saltos, com o gasto inicial convertendo-se em
um valor muito superior.
da continuidade dos gastos, dado que seus efeitos indirectos são decrescentes, ou seja, a cada
nova transacção vai tendendo a zero, numa velocidade que está associada ao grau de
integração da estrutura produtiva da região ou país.
Esses efeitos positivos do turismo manifestam-se com maior intensidade à escala regional,
embora, a este nível, como Goded Salto comenta, as possíveis fugas ou interrupções dos
processos em cadeia geradores de renda, são de muita maior dimensão e intensidade dos que
se verificam a nível nacional.