A Arte Da Paternidade Espiritua - Douglas W. de Andrade

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“Pois os pais espirituais não serão lembrados pelos prédios, casas, carros e

fazendas que construíram e deixaram como herança para seus filhos. Serão
lembrados pelos filhos que eles deixaram de herança para Deus usar neste
mundo.”
PREFÁCIO
Olá, graça e paz!

Me chamo Luzinete Damaceno. Sou pastora de um ministério


abençoadíssimo, chamado “Luz Para os Povos”. Meu marido, Pr. Mauro
Damaceno, e eu, presidimos duas das igrejas desse ministério em duas
cidades na região de Ribeirão Preto, onde presidimos a nível regional.

Sinto-me lisonjeada de poder fazer parte de mais essa grande obra do


Senhor na vida desse autor e grande amigo pessoal, Douglas W. de Andrade.

Assim que fui convidada a prefaciar este livro da série: “Discipulado Ativo
– A arte da Paternidade Espiritual, Amor e Cuidado”, fiquei muito feliz. Mal
pude acreditar que um dia eu poderia fazer parte de uma obra tão imensa e
intensa como essa, e justo para falar deste tema, que eu considero tão
importante para a igreja, principalmente às de visão celular. Senti-me
extremamente honrada quando ouvi que sou referência nesse assunto, uma
vez que eu apenas cumpro com as minhas obrigações de pastora.

Meu marido e eu presidimos a igreja “Luz Para os Povos”, que fica na


região de Ribeirão Preto, em São Paulo. É uma grande honra para nós fazer
parte disso, uma vez que tanto eu quanto o meu marido somos amigos do
pastor Douglas há mais de vinte anos.

Este importantíssimo livro vem de encontro às necessidades das igrejas de


hoje, pois aborda um assunto muito importante para todos nós, que foi
negligenciado por muitas igrejas, que sequer mencionavam sua existência.
Entretanto este livro chegou para fazer parte de uma série que destaca a arte
da paternidade espiritual, e o autor fala com propriedade sobre amor e
cuidado não apenas no aspecto do discipulado, mas principalmente no
aspecto espiritual, que é o foco deste livro.
Uma das grandes tragédias do mundo atual é a falta de pais espirituais que
de fato sejam verdadeiros orientadores, cujas vidas sirvam de exemplo para
essa geração futura de cristãos, que são cada vez mais bombardeados pela
sedução deste mundo tenebroso.
Desde o início da leitura, fui impactada com a forma em que o amor e o
cuidado foram expostos neste livro, deixando bem claro o descaso que
algumas igrejas têm em relação a esse assunto, que tem abrangido não apenas
o interior das pessoas, mas que também se espalha pelas suas casas e atinge a
igreja de forma catastrófica, a ponto de fazer com que os fiéis se sintam
órfãos espirituais.

Um grande exemplo disso eu tiro da minha própria vida. Tive um encontro


com Jesus e fui salva. Assim como Apolo, na minha vida também tive duas
pessoas especiais para me discipularem. Elas exerceram paternidade
espiritual sobre a minha vida, e isso foi de vital importância para a minha
consolidação e para o meu crescimento espiritual. Eu tive o privilégio de ser
adotada espiritualmente por dois pastores: Fernando Cordeiro e sua esposa,
Cleusa Cordeiro. Lembro-me de que eles eram bem jovens e que tinham uma
grande bagagem de amor e cuidado. São exemplos de pais espirituais para
mim até hoje.

O tempo passou. Fomos designados por Deus para lugares diferentes, mas
sempre carrego-os comigo, pois os seus ensinamentos ecoam dentro de mim,
mesmo depois de tanto tempo. Como eu disse, e neste livro também será
mencionado, Apolo é um exemplo do que passei. Ele foi discipulado por um
casal muito abençoado, Priscila e Áquila, que exerceram a arte da paternidade
espiritual sobre a sua vida, ajudando-o a se tornar aquele exímio pregador de
Éfeso. Eu também fui muito amada e cuidada por este casal de pastores, que
exerceram esse ministério de amor e cuidado sobre a minha vida há mais de
25 anos. Por conta disso que eu continuo, mesmo em meio às lutas e
adversidades; pois me lembro de todo os seus esforços em me discipular,
sempre cheia de esperança de que um dia eu me tornaria o que sou hoje.

Devo isso aos meu pais espirituais, que me deixaram um grande exemplo
de amor e cuidado. Este é um verdadeiro legado que levo comigo e transmito
aos meus discípulos, transferindo a unção deste legado tão sublime de amor e
cuidado, pois essas são as essências principais do ministério de paternidade
espiritual.

Eu dou continuidade a esse legado. Busco fazer tudo conforme aprendi


com meus pais espirituais, que passavam horas se dedicando a mim através
do amor e dos cuidados que eles me dispensavam. Louvo a Deus diariamente
por suas vidas. Obrigado, Jesus, por esse privilégio de ter tido pais espirituais
como estes. Às vezes, me questiono: “Por que há tão poucos pais espirituais
num sistema tão cheio de filhos órfãos, sem nenhuma referência mais íntima
a se seguir?”.

Confrontada por esses ensinamentos, ouvi o Espírito Santo desafiar-me.


Ele falou: “Chegou a hora de parar de apenas pensar em si mesma e buscar
por pais espirituais”. É o momento de assumir esse legado a mim atribuído
verticalmente. Devo passar a exercer a arte da paternidade espiritual a nível
horizontal, abrangendo o máximo de filhos espirituais possíveis.

Eu super indico este livro a todos os discípulos e discipuladores que


desejam conhecer mais sobre o assunto e aprender a lidar com esse tão
instigante problema, que nos atinge de forma sorrateira e avassaladora.

Pr. Luzinete Damaceno, líder regional Igreja Luz


Para os Povos. Batatais/SP
SUMÁRIO
Introdução

1. - A ânsia pela manifestação dos filhos espirituais


2. - Amando uns aos outros com o amor de Deus
3. - O propósito desse amor
4. - O cuidar é a principal expressão de amor
5. - Um incontestável amor
6. - O prazer de cuidar bem
7. – O amor no cuidar
8. - O cuidado
9. - Para exercermos o ministério de amor e cuidado, podemos
necessitar da parceria uns dos outros
10. - Discipulado cristão na carta aos romanos
11. - O amor de fato requer um ato

12. - Os cuidados necessários para se demonstrar amor e


cuidado (parte 1)

13. - Os cuidados necessários para se demonstrar amor e


cuidado (parte 2)

14. - Amando e cuidando dos órfãos, viúvas e


desamparados

15. - Cuidado amoroso nos tempos bíblicos

16. - Os frutos da dedicação


17. - Exercendo amor incondicional

18. - Com o amor esfriando, o cuidado vai se acabando


19. - Demonstrando um amor persistente
INTRODUÇÃO
Vivemos em um clima cada vez mais intenso em relação à insegurança e à
desconfiança. Nos tornamos estranhos e insociáveis dentro das nossas
próprias igrejas, reclusos dentro de nós mesmos. Dessa maneira, estamos nos
impedindo de nos aproximarmos mais intimamente uns dos outros.
Escolhemos a quem damos atenção ou quem excluímos de nossos círculos de
amizades superficiais.
É nesse contexto que somos chamados a amar uns aos outros, e a amarmos
a igreja, que é o lugar de comunhão por excelência. “E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro
mandamento maior do que estes” (Marcos 12:31).

Amar dá trabalho e requer atos de cuidados. Se alguém não quiser ter


trabalho, que também não ame, pois o amor verdadeiro requer cuidados.
Abrir-se para o amor é aceitar o desafio de pagar o seu preço. Deus nos
amou, e provou o seu amor pagando um alto preço por nós. Ele enviou Jesus,
o seu filho unigênito, e o entregou à morte na cruz (João 3:16) em troca da
nossa alforria, para que pudéssemos seguir o seu exemplo e nos
entregássemos uns pelos outros todos os dias. Está escrito: “ELE morreu
segundo o nosso estilo de morte, para que vivêssemos ao seu estilo de vida!”.
Esse foi o ato requerido pelo amor do Pai, em prol da humanidade.

A prova do nosso amor para com Deus é a obediência, a lealdade e a honra.


Somos a extensão de Jesus aqui nesse mundo, portadores da verdade absoluta
que é a sua infalível Palavra, que liberta os cativos. Devemos ter o cuidado de
nos resguardarmos do mundo. Vivemos nele, mas não mais pertencemos.
Somos propriedades exclusivas de Deus, fomos levantados para sermos os
embaixadores do Reino de Deus aqui neste mundo, em Nome de Cristo Jesus
(2 Coríntios 5:20). Estamos aqui para proteger do mundo aqueles que já não
pertencem mais a ele, aqueles que ainda estão aqui, mas não são daqui (João
15:18-19 e João 17:14-21). Diante disso, podemos ser apenas um através do
amor e cuidado mútuo, assim como ocorre entre Nosso Senhor e Jesus Cristo.

Amor e cuidado são ingredientes indispensáveis para uma boa receita de


sucesso no discipulado, pois são a essência da verdadeira arte da paternidade
espiritual.

Douglas W. de Andrade
A ÂNSIA PELA MANIFESTAÇÃO
DOS FILHOS ESPIRITUAIS
“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de
Deus” (Romanos 8:19)
O mundo atual espera ardentemente as manifestações dos filhos de Deus.
Se isso não acontecer, corações e almas irão se perder. Se os filhos de Deus
não se manifestarem e assumirem suas posições como filhos, toda a criação
sofrerá o impacto negativo desse fato decisivo.

Como esses filhos podem se manifestar?

Devemos começar por amar uns aos outros, expressando amor e cuidado,
consagrando, jejuando, orando e intercedendo por toda a criação de Deus,
desde o homem, a terra e tudo o que nela há, à vastidão do universo. O poder
da intercessão está nas mãos dos filhos de Deus. Como eu sei se eu me
encaixo no perfil de filho de Deus?

Está escrito: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (João 1:12). Ou
seja, todo aquele que recebeu Jesus como seu único e suficiente salvador e
decidiu descer às águas do batismo se encaixa no perfil de filho de Deus.
Todo aquele que crer e for batizado será salvo.

Jesus veio para todos nós, mas muitos não o recebem. Só é filho de Deus
quem o reconhece como único Senhor e salvador. Os filhos do Pai são
aqueles que conhecem e reconhecem o seu filho como Senhor. A criação
espera, ansiosamente, a manifestação dos filhos de Deus, e é uma ansiedade
que só pode ser saciada através da nossa manifestação através da Palavra.
Jesus Cristo veio, mas não foi acolhido pelos Seus. Com isso, a nossa
filiação divina não foi nada fácil de ser aceita pelos opositores, ainda mais
depois que o nosso mestre morreu como um mau elemento na cruz. Para
alguns, isso foi algo terrível para a sua reputação, e até hoje continuam
pensando dessa mesma forma. Somos filhos do Pai por termos aceitado Jesus
como nosso Senhor e salvador, por isso a criação está aguardando nossa
manifestação. Cristo tinha muitos seguidores, e hoje não é diferente. Ele
também espera ansiosamente pela manifestação dos seus filhos, mas nem
sempre seus seguidores têm a coragem de manifestar o amor que receberam
do Pai das luzes a outras pessoas que possam precisar dele.

“E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos


judeus”
(São João 3:1)
Nós somos chamados “filhos de Deus” por causa de Jesus, e o mundo
aguarda a manifestação daqueles que o conheceram, a fim de que os que
ainda não o encontraram também passam a conhecê-lo e amá-lo.

Não devemos nos enganar com esse mundo, que nos faz acreditar que
aqueles que não nutrem um relacionamento com Jesus e com a Palavra de
Deus devem permanecer em trevas. Precisamos nos manifestar como filhos
do Senhor para aqueles que ainda não o conhecem, a fim de que também
tenham a chance de conhecê-lo em Espírito e em verdade, e para que passem
a amá-lo, assim como nós o conhecemos e o amamos.

Devemos ter cautela com este mundo, pois o Senhor diz que o diabo é o
príncipe dele, e que este mundo está nas suas mãos. O diabo tem o poder de
seduzir aqueles que não se submetem à potente mão de Deus. Ou seja,
Satanás controla aqueles que não se encontram debaixo da cobertura da
Palavra que liberta. Enquanto os filhos do Senhor não se manifestam, os
filhos das trevas já o fazem e deixam todos muito confusos, e sem dizer que a
própria Palavra nos adverte: “Os filhos das trevas são mais astutos que os
filhos da luz” (Lucas 16:8b).
Precisamos ter uma referência para que não nos percamos, alguém que nos
estenda as mãos e caminhe lado a lado conosco. Essa referência são os pais
espirituais, aqueles que entenderam e assumiram as suas posições em Cristo e
receberam um legado do próprio Deus, através de seu filho Jesus Cristo,
cumprindo a Palavra: “Este é o meu mandamento; Amai-vos uns aos outros,
como eu vos amo, ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida
por seus amigos” (João 15:12-13).
Temos que nos tornar a igreja que acolhe e dá apoio aos seus membros,
pois muitos filhos querem apenas milagres, mas se esquecem de que o diabo
também tem poder. Se não tomarmos cuidado, nós nos perderemos.
Queremos somente coisas boas, sem sofrimento, mas, para seguirmos Jesus,
temos de carregar nossa cruz. Somente por meio dela podemos ver nossas
graças: “Não tenho ninguém que, como ele, tenha interesse sincero pelo bem-
estar de vocês, pois todos buscam os seus próprios interesses e não os de
Jesus Cristo. Mas vocês sabem que Timóteo foi aprovado porque serviu
comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado de seu pai”
(Filipenses 2:20-22).

Temos de nos assumir como filhos de Deus, usufruindo da nossa


identidade de pais espirituais, para que o mundo seja impactado através dos
exercícios da paternidade espiritual. Nós, como autênticos filhos de Deus,
não podemos nos conformar com as coisas deste mundo. Devemos ter
coerência, aprender a pensar e julgar as situações. Para isso, precisamos pedir
a Deus pela graça de distinguirmos as coisas. Somos filhos de Deus, e a
criação de Dele anseia pela manifestação dos seus filhos.
AMANDO UNS AOS OUTROS
COM O AMOR DE DEUS
“Com a fraternidade, o amor” (2 Pedro
1:7)

Vivemos numa sociedade marcada pelo egoísmo, pelo individualismo e


pela violência. Todos os dias nós abrimos os jornais ou assistimos os
noticiários da TV e ficamos perplexos com o crescimento da violência em
todos os lugares. São assassinatos, espancamentos, bullying, estupros,
sequestros, assaltos, tragédias causadas por pessoas sem um pingo de amor
próprio.

Algumas das reações mais comuns ao momento violento em que vivemos é


o medo, a insegurança e o isolamento, sob regime de auto reclusão. Tornamo-
nos pessoas insociáveis, receosas e desconfiadas, buscando com isso nos
precaver de toda essa situação que nos norteia.
Nossos lares deixaram de ser lugares acolhedores para se transformarem
em verdadeiras fortalezas, com guardas, alarmes e câmeras, que
supostamente devem manter longe pessoas suspeitas e estranhas. Com isso,
cresce a insegurança e a desconfiança, que influenciam nossos
relacionamentos, inclusive dentro da igreja. Nos tornamos mais
desconhecidos uns dos outros a cada dia que passa quando, na verdade,
deveria ser o contrário. Devíamos buscar criar novos relacionamentos cristãos
e acreditar na comunhão das pessoas, ou seja, devemos dar um voto de
confiança para aqueles que estão chegando trazidos por Deus, a fim de
viverem em harmonia e em comunhão com os demais. Infelizmente, não é
assim.

Vivemos um clima cada vez mais intenso em relação à insegurança e


desconfiança. Nos tornamos estranhos e insociáveis dentro das nossas
próprias igrejas, reclusos dentro de nós mesmos. Isso nos impede de nos
aproximarmos mais intimamente uns dos outros. Escolhemos a quem vamos
dar atenção ou a quem excluiremos de nossos círculos de amizades
superficiais.

É nesse contexto que somos chamados a amar uns aos outros. A igreja, que
é um lugar de comunhão por excelência, também tem sido contaminada por
essa insegurança, tornando-se um lugar hostil. Há o medo de se expor, de não
ser compreendido, de ser agredido emocionalmente, há até mesmo o medo de
ser extorquido ou lesado por conta da sua boa vontade.
Por causa disso, muitos participam dos cultos com reservas. Não nos
entregamos por inteiro no relacionamento social ou fraternal cristão. No
entanto, o chamado para a vida cristã é um chamado para a comunhão, para a
hospitalidade, para exercer a boa vontade, o amor e o cuidado mútuo. Essa é
a essência da conversão. A conversão é o movimento que nos leva da
hostilidade à hospitalidade, criando o espaço necessário para a manifestação
do amor de Deus entre as pessoas. Ter comunhão significa, primeiramente,
criar um ambiente no qual as pessoas possam entrar para se tornarem amigas,
em vez de estranhas.

Necessitamos desse ambiente para experimentarmos a possibilidade de


transformação na nossa vida e na vida dos outros. Em nossa sociedade,
notamos que as pessoas se fecham em si mesmas, tornando-se egoístas e
intolerantes com aqueles que são diferentes. Viver em comunhão não
significa apenas trazer pessoas para o nosso lado, para pensarem o que
pensamos e gostarem do que gostamos. Antes, ter comunhão significa criar
um espaço de liberdade, no qual possamos encontrar a Cristo Jesus e viver os
propósitos de Deus para as nossas vidas. Idealmente, neste lugar poderemos
experimentar relacionamentos sinceros, sem interesses, e poderemos praticar
o amor altruísta, ou seja, o amor sem segundas intenções.

Na conversão nós somos vocacionados para amar uns aos outros como
Cristo nos ama. Infelizmente, para muitos é praticamente impossível exercer
um amor como o de Cristo sobre as pessoas. Parece que ninguém pode
realmente amar o próximo sem esperar algo em troca, ou seja, sem interesse,
principalmente diante do pedido de Jesus para amarmos não somente aos
nossos amigos, aqueles que nos são queridos, mas principalmente os nossos
inimigos.
Para ele, o ser humano é agressivo por natureza, e está pronto para atacar
para garantir sua sobrevivência. Concordamos com Freud quanto à
agressividade natural do ser humano, pois ela decorre da nossa natureza
pecaminosa, mas discordamos quanto à capacidade de amar do ser humano,
pois, em Cristo, somos transformados na nossa mente e coração, e tornamo-
nos prontos para amar e sermos amados. A essência da espiritualidade está
justamente nisso: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39).
Isso, sim, é comunhão, e ela só é possível em Cristo. Dietrich Bonhoeffer,
em seu livro “Vida em Comunhão”, descreve a comunhão da igreja:
“Comunhão cristã é comunhão por meio de Jesus Cristo e em Jesus Cristo.
Não há comunhão cristã que seja mais ou menos do que isso. Quer seja um
único e breve encontro ou uma comunhão diária, que perdure há anos, a
comunhão cristã é somente isso. Pertencemos uns aos outros tão somente por
meio de Jesus Cristo”.

A Igreja primitiva era uma comunidade que vivia de mãos dadas, e o amor
era vivenciado de forma concreta. Era uma comunhão abençoadora, que não
permitia que um irmão ou uma irmã passasse por necessidades. Era uma
comunidade que se olhava, que se enxergava, que olhava para dentro de si e
se ajudava mutuamente. Viviam assim porque haviam aprendido com Jesus.
Lemos em 1 João 1:1:“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o
que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as
nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida”.

O modelo viveu entre eles, ensinou-os como deveria ser o relacionamento


entre eles, inclusive pregou que a marca distintiva da igreja seria o amor e o
cuidado mútuo. Assim, reproduziam tudo, não de forma mecânica, mas
movidos pelo amor a Deus e aos irmãos. Comunhão é a soma de corações
que se amam, dispostos a se doarem uns aos outros, para estarem juntos em
adoração a Deus. Temos diferenças, mas isso não nos impede de vivermos
juntos. A compreensão e o perdão devem estar presentes constantemente em
nossos relacionamentos, pois somos irmãos que se amam em Cristo Jesus.

Para ser uma igreja discipuladora, constituída de pais e filhos espirituais,


que vivem um relacionamento ativo, precisamos demonstrar esse amor e esse
cuidado na sociedade. Precisamos viver o evangelho de Cristo de forma
concreta e notória em nossos relacionamentos. A igreja não tem apenas que
ser esse espaço de relacionamentos – ela deve ser o exemplo principal, onde
o amor, o respeito, a cordialidade e o cuidado em si, que cobre uma multidão
de pecados, seja presenciado de forma notória. “Mas, sobretudo, tende
ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de
pecados” (1 Pedro 4:8).
O amor de que Pedro fala não é expiatório, com poderes próprios para
perdoar, mas é um amor que tem o poder de promover o encontro do pecador
com o Deus que perdoa. Pedro diz “acima de tudo”, ou seja, a coisa mais
importante e mais necessária à Igreja deve ser o amor e o cuidado intenso
entre os membros, porque o ambiente que o amor cria é poderoso para nos
ajudar a enfrentar e tratar o nosso pecado diante de Deus.

Nenhum de nós consegue enfrentar o pecado num ambiente hostil, cercado


por pessoas que não conseguem perdoar e acolher o pecador. A igreja não
pode ser um lugar onde somos olhados de lado e julgados com palavras,
gestos, olhares de condenação e exclusão. Isso ou nos torna hipócritas, a
ponto de aceitarmos tudo e qualquer coisa apenas para nos sentirmos
agregados a um grupo de pessoas imaturas; ou nos afugenta, nos isolando de
todo o tipo de pessoa. Pedro nos convida a criar um ambiente próprio para o
encontro com Deus e conosco. Esse ambiente nasce do amor intenso entre os
membros da igreja.

Zygmunt Bauman, em seu livro “O amor líquido”, faz uma constatação que
dificilmente podemos contestar. Ele afirma que vivemos numa sociedade em
que os relacionamentos são frágeis e volúveis, em todas as instâncias. Por
causa disso, o amor não tem sido vivenciado em sua plenitude, ou, quando é
vivenciado, não se sustenta e escorre pelo ralo, por falta de crédito.
Como discipular numa sociedade assim? Como anunciar e ensinar sobre
Jesus numa sociedade líquida, onde os relacionamentos seguem a lógica
utilitarista, do interesse e do egoísmo? Jesus responde: “O meu mandamento
é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15:12).
Essa é a essência dessa série de livros voltados para o Discipulado Ativo, a
Arte da Paternidade Espiritual. Para Erich Fromm, em seu livro “A arte de
amar”, “o amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da
existência humana”.

Concluo citando C. S. Lewis. Em uma de suas pregações, ele disse que


Deus não nos criou para a felicidade, mas para amar e sermos amados.
Quando estamos em busca da felicidade como um fim em si mesma,
procuramos sempre em algum lugar ou em alguma pessoa. Mas, quando
buscamos amar e sermos amados, encontramos a felicidade onde nós
estamos, não precisamos buscar em nenhum outro lugar, pois ela está dentro
de nós!

Amemo-nos uns aos outros, para que as pessoas creiam no amor de Jesus.
Isso é discipulado ativo, isso é exercer igreja!
Capitulo O PROPÓSITO DESSE
AMOR
“E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Não há outro mandamento maior do que estes.”
(Marcos 12:31)

Esse versículo traz uma das grandes razões pelas quais todo cristão deveria
viver. Este verso bíblico precisa ser prioridade em nosso cotidiano, seja no
trabalho ou nas rodas de conversas: “Amar a Deus sob todas as coisas e ao
próximo como a nós mesmos”.
O propósito de amar desse mandamento é entender como o nosso Deus é e
como Ele pensa. É compreender que o segundo mandamento é tão
indispensável quanto o primeiro, e amar de verdade e demonstrar esse amor
no cuidado de uns com os outros é a forma como exercemos o legado
atribuído por Deus a nós, exercendo a arte da paternidade espiritual, que
consiste em amar e cuidar bem!

Aparentemente, seria bem mais fácil se pudéssemos escolher um ou outro,


não é mesmo? Porém, fixemos os nossos olhos no Filho de Deus, que
escolheu viver estes mandamentos em plenitude, amando ao Pai e amando
também a todos nós.

Sejam nossas escolhas as mesmas que a de Cristo Jesus, que de maneira


alguma deixou de servir ao próximo e de amar incondicionalmente, tanto o
Pai quanto a aqueles que Ele queria por filhos, pois Jesus veio ao mundo com
o propósito de amar incondicionalmente e servir da mesma forma, e não para
ser servido ou sob a condição de só realizar a maravilhosa obra de seu Pai se
fosse amado. Sejam as nossas atitudes as mesmas que as do Filho de Deus, e
nos amemos uns aos outros com todo cuidado e dedicação, de maneira
incondicional. Busquemos intensamente amar o Senhor com todo o nosso
coração, com toda a nossa alma, de todo o entendimento e com todas as
nossas forças, obedecendo fielmente as escrituras, fazendo cumprir o segundo
mandamento com a mesma veemência do primeiro.
À medida que colocamos nossas energias em amar ao Senhor, o nosso
entendimento acerca das verdades de Deus sobre nós nos muda, gerando uma
transformação interior e fazendo a vontade do Pai convergir dentro de nós:
amamos o nosso próximo com a mesma intensidade que amamos a nós
mesmos.

Quando procuramos externar essa graça recebida pelo Espírito Santo que
habita dentro de nós, estamos transbordando o amor dos nossos corações
sobre os nossos irmãos, expressado em cuidados especiais incondicionais por
aqueles que nos cercam no dia a dia.

O amor é pouco definido para a maioria das pessoas, pois a maioria delas
ainda não sabem o que querem dizer quando falam sobre o amor. O amor é
uma preferência exclusiva por determinada pessoa e, no campo espiritual,
Jesus exige que essa preferência seja exclusivamente NELE (Lucas 14:26).
Quando o “amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo” (Romanos 5:5), Jesus Cristo toma automaticamente o primeiro lugar
de toda a nossa vida. Só então devemos colocar em prática o
desenvolvimento dessas atitudes mencionadas aqui em relação ao exercício
do legado de Deus atribuído a nós através de Cristo, que chamamos de “Arte
da Paternidade Espiritual”, que consiste em amar e cuidar.
A primeira coisa que Deus faz é exterminar de mim a pretensão e o orgulho
espiritual. O Espírito Santo revela que Deus me amou não porque eu fosse
digno de ser amado, mas porque sua natureza é amar, pois ELE é o próprio
amor. “Agora”, diz ELE, “mostre aos outros esse mesmo amor que tenho.
Manifeste aos outros o amor que recebestes, para que saibam que ele existe, e
EU também”.

“Ameis... assim como eu vos amei” (João 15:12). “Eu vos cercarei de
muitas pessoas, às quais vocês não conseguem respeitar e terão de lhes
demonstrar o mesmo amor e afeto que eu por vós demonstrei” (1
Tessalonicenses 2:8). Esse tipo de amor nunca será um amor protetor, que
aceita a incoerência, e também não será evidenciado por nós da noite para o
dia. Alguns de nós já tentaram consegui-lo pela força, mas sempre saíram
frustrados em seus intentos.
“O Senhor é paciente... longânimo para convosco, não querendo que
ninguém se perca” (2 Pedro 3:9). Basta olharmos para dentro de nós mesmos
e veremos como Ele tem nos tratado até aqui. A posse daquela consciência de
que Deus me ama de forma absoluta e incondicional me fará sair pelo mundo
para amar os outros do mesmo modo. Embora o amor de Deus tenha sido
demonstrado e derramado em nossos corações como está escrito em
Romanos 5:5, provavelmente ainda me irrito com alguém, porque tenho que
conviver com pessoas difíceis de natureza. E eu, como tenho sido para com
Deus? Estarei disposto a identificar-me de tal maneira com o Senhor Jesus
que sua vida e sua brandura fluam de mim para outros continuamente, do
mesmo modo?

Nem o amor natural nem o divino permanecerão se não forem cultivados


em mim. O amor é algo espontâneo, mas tem que ser cultivado pela
disciplina interior também.

Devemos entender sempre que amar ao próximo é tão importante que é o


segundo mandamento. O mais importante é amar a Deus acima de todas as
coisas. Transmita agora mesmo esse amor que foi derramado pelo Espírito de
Deus em seu coração, e ame não apenas com palavras, mas com ações e
verdades.
Capitulo 4
O CUIDAR É A PRINCIPAL
EXPRESSÃO DE AMOR
“...Solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas”
(Filemom 1:10)

Discipulado não é um movimento nem uma onda que vem e vai. É o


retorno ao cristianismo primitivo, vivido e ensinado por Jesus. O amor é a
principal marca do novo nascimento. Aquele que não ama não é nascido de
Deus e nunca o conheceu, assim como diz a Palavra (1 João 4:7-8).

Um dos registros bíblicos mais contundentes nos inspirou o tema:


“Cuidado – a principal expressão do amor”, é o lindo relato de Paulo sobre o
escravo e fugitivo Onésimo. Pelo menos quatro marcas de amor e cuidado
genuíno sobressaltam na Epístola de Paulo à Filemom.
Um amor genuíno, empregado a um cuidado zeloso, faz com que se gere
um filho espiritual mesmo em circunstâncias desfavoráveis. “..., mas o amor
que tenho por você me obriga fazer esse pedido. Portanto, eu lhe faço um
pedido em favor de Onésimo, que é meu filho por estarmos unidos com
Cristo, pois, enquanto eu estava na cadeia, tornei-me o pai espiritual dele”
(Filemom 1:9-10)

A demonstração de amor de Paulo para com Onésimo é genuína! Ele


estava em circunstâncias desfavoráveis: algemado numa prisão, doente e com
poucas forças físicas. Ainda assim, estava gerando um filho na fé, que era um
escravo fugitivo e um grande amigo seu.
O amor e o cuidado ativo devem ser as principais marcas do discipulado.
Veremos que muitos filhos espirituais são gerados em circunstâncias como a
de Onésimo. Muitos pais espirituais geram filhos em grandes adversidades e
batalhas espirituais, assim como Paulo. Mesmo em circunstâncias
desfavoráveis na prisão, ele não deixou de cumprir o legado. Deus estava
sobre a sua vida, e isso o fez gerar mais um filho espiritual. Mesmo em
circunstâncias desfavoráveis, o amor genuíno e o cuidado pelas almas
prevalece, e filhos espirituais são gerados para Deus através do amor e do
cuidado no cumprimento do ministério da paternidade espiritual.

Aprenderemos também que só um amor genuíno, encharcado de um


cuidado especial, pode ser capaz de gerar filhos espirituais verdadeiros, como
o coração do Pai: “Eu estou mandando Onésimo de volta para você, e com
ele vai o meu coração” (Filemom 1:12).

Um filho espiritual, gerado num ambiente de muito amor, acaba


absorvendo para si o amor do próprio pai. Jesus, o Filho de Deus, absorveu o
amor do Pai, enquanto Paulo absorveu o amor e o cuidado atribuídos a ele
por Barnabé. Na sequência, Onésimo absorveu amor do seu pai espiritual
Paulo, que consequentemente o enviou para ser cuidado e amado por
Filemom, dando sequência a essa corrente de amor e cuidado. Esse é o
padrão de amor e cuidado que vem de Deus, e esse deve ser o padrão de amor
e cuidado que devemos atribuir aos nossos filhos espirituais. Nós, pais
espirituais, devemos gerar filhos espirituais para Deus e cuidar bem deles,
seguindo o padrão do Senhor para a aplicação do método do discipulado
ativo.
O amor genuíno assume o ônus da paternidade do filho que gerou: “...Se
ele deu algum prejuízo a você ou lhe deve alguma coisa, ponha isso na minha
conta” (Filemom 1:18).

Esse deve ser o padrão de uma paternidade responsável. Paulo, ao gerar


Onésimo, seu filho na fé, sabia do ônus que assumiria sobre ele, um escravo
fugitivo que teria contas a prestar com o seu dono. O Senhor Jesus veio
buscar os perdidos, sarar os enfermos, dar liberdade aos cativos. Isso tem um
ônus para a igreja e para os pais espirituais. Esse deve ser o papel de todo
cristão: assumir o ônus da paternidade do filho que gerou para Deus. Vamos
prestar contas da nossa mordomia cristã. Deus cobrará de cada um de nós o
desempenho da paternidade espiritual cristã.

O amor e o cuidado promovem o bem-estar do filho gerado: “... Por isso,


se você me considera seu companheiro de trabalho, receba Onésimo de volta
como se estivesse recebendo a mim mesmo” (Filemom 1:17).
A paternidade responsável assume riscos. Paulo poderia ser acusado por
proteger um fora da lei. Ele não só correu esse risco como foi além,
colocando-se no lugar do seu filho na fé e correndo o risco até de perder a
amizade do seu amigo, Filemom. Esse deve ser o padrão de Deus para se
amar e cuidar de um filho gerado na fé: assumir riscos e se colocar no seu
lugar, promover o seu bem-estar e crescimento espiritual.

Quando nos colocamos a serviço do Rei Jesus e nos dispomos a viver um


discipulado marcado pelo amor e cuidado, escrevemos lindas histórias de
vidas transformadas que só o evangelho pode proporcionar.

Capitulo 5
UM INCONTESTÁVEL AMOR
A cruz se tornou um símbolo incontestável do amor de Deus, pois a
crucificação de Jesus foi o momento no qual Deus falou claramente todas as
cinco linguagens do amor.

Na cruz, Jesus disse: “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que estão
fazendo” (Lucas 23:34). Que palavras de afirmação poderiam falar mais
profundamente do amor?

Em sua morte, Jesus realizou seu maior ato de serviço ao reconciliar a


humanidade pecaminosa com o Pai Criador. O Senhor Deus ofereceu um
presente de inestimável valor: o perdão dos pecados e a vida eterna através da
vida do seu filho (Romanos 6:23).

Seus presentes forneceram às pessoas a oportunidade de terem um


relacionamento íntimo com Deus, ao passar tempo de qualidade com Cristo,
tanto agora quanto na eternidade.
Foi na cruz que Deus abordou a necessidade mais profunda da
humanidade, dizendo-nos: “Eu amo você!”. Foi ali que Jesus cumpriu sua
promessa: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”
(João 10:11).

Assim que respondermos ao amor de Deus e começarmos a identificar a


variedade de linguagens que o Senhor usa para falar conosco, em pouco
tempo aprenderemos a falar todas elas. Seja qual for a linguagem do amor de
sua preferência, que você encontre profunda satisfação ao usá-la nos
relacionamentos com Deus e com as pessoas à sua volta!

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e


aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me
manifestarei a ele.”
(João 14:21)

Uma das grandes verdades encontradas repetidas vezes nas Sagradas


Escrituras é que Deus, nosso Pai Celeste, é amor, e jamais nos abandonará.
Jesus Cristo, nosso Senhor, prometeu aos seus discípulos: “E eu vos pedirei
ao Pai, e Ele vos dará outro conselheiro para estar com vocês para sempre, o
Espírito da Verdade, que o mundo não conhece”. É por isso que não
precisamos nos sentir como se fôssemos órfãos espirituais e abandonados por
Deus. É mais uma prova pela qual devemos passar, expressando o nosso
amor para com o Senhor Jesus. Ele nos enriquece com o seu amor e cuidado,
e nos encoraja com a sua gloriosa presença. Ele é o nosso amigo, auxílio bem
presente na hora da angústia,

guia e protetor nos momentos mais difíceis das nossas vidas. Deus, nosso Pai,
por amor a nós enviou Jesus, o Seu Filho amado (João 10:3 e 3:16). Jesus, em
obediência à ordem do Pai, foi obediente até a morte na cruz (Filipenses 2:8).
Cristo, por amor a nós, se ofereceu como o mais perfeito e excelente
sacrifício para satisfazer a vontade do Pai. Nosso Senhor Jesus Cristo é o
amor de Deus em ação. Ele é a prova viva do amor ágape de Deus, o amor
incondicional demonstrado através do seu incontestável cuidado.

Ninguém demonstrou um amor tão grande como esse, o de entregar a vida


do seu próprio Filho para salvar homens pecadores. Por isso as Escrituras nos
dizem: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). E outra
vez: “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na
adversidade” (Salmo 46: 1).

“Aquele que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós,
como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?”
(Romanos 8:32). Todas as coisas mesmo! Tudo o que temos e recebemos
veio das mãos e do coração gracioso do nosso Pai Celestial, que por amor e
manifestação do seu cuidado a nós atribuído fez questão de nos presentear
com essa graça, favor não merecido. E agora, como demonstrar a nossa
gratidão, o nosso amor?
A resposta é: pela obediência! Jesus disse: “Se alguém me ama, obedecerá
à minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos até ele e faremos nele
nosso lar” (João 14:23). Ele também diz a mesma coisa na forma negativa:
“Aquele que não me ama, não obedece às minhas palavras” (João 14:24).
Cristo obedeceu ao seu Pai quando se fez homem e humanamente padeceu
por nós, não há outra forma mais sublime de demonstrar amor ao Pai do que
obedecer-lhe em tudo, como filhos que se entregam confiantes aos cuidados
de um pai. Obedecemos a Deus, não por imposição ou medo, mas por
gratidão e confiança na veracidade da sua Palavra, que para os seus filhos
espirituais é a verdade absoluta, e Jesus é essa verdade, pois Nele se cumpre
todo o incontestável amor e cuidado incondicional de Deus pela humanidade,
pois está escrito: “Por que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu
único filho para que todo aquele que NELE crê não pereça mas tenha a vida
eterna” (João 3:16).

Capitulo 6
O PRAZER DE CUIDAR BEM

João está escrevendo a Gaio, alguém que ele havia formado no Senhor e
cujo testemunho tornara-se assunto dos que com ele tinham contato. “Não
tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na
verdade” (3 João 1:4).

Há algumas verdades que quero sublinhar nessa declaração do “apóstolo do


amor”. A primeira delas é que o discipulado é uma fonte de prazer. João
poderia falar do peso, do trabalho, das decepções e das frustrações que todo
fazedor de discípulos vive, especialmente por conta dos que não
correspondem com gratidão ao nosso amor e cuidado a eles atribuídos. Na
verdade, ele não nega os problemas, mas prefere evidenciar o prazer, a
alegria e o orgulho de ter filhos espirituais se mantendo fiéis na verdade. Na
sequência de sua breve carta ele fala de Diótrefes, um obreiro infiel que
perturbava a igreja, homem que gostava de exercer a primazia e que o
rejeitava aos irmãos, em vez de acolhê-los e discipulá-los. Podemos contatar
essa passagem a partir do versículo 3 João 1:9. Entretanto, o foco de João
estava colocado nas pessoas certas: nas pessoas fiéis, como Gaio, e por elas
ele sentia uma intensa alegria, um prazer imenso de falar de sua pessoa.

É muito importante destacar o prazer de se formar discípulos, pois muitas


pessoas ficam travadas e não se lançam a este chamado porque fazem mais a
conta dos custos do que a dos resultados. Quando Jesus praticou o
discipulado, não o fez sob a perspectiva do fardo e nem passou adiante essa
ideia, investindo em seus doze apóstolos, sendo João um deles. O Mestre era
tomado por um sentimento de prazer, e tanto era assim que as suas palavras,
depois de quase três anos e meio investindo naqueles discípulos, eram: “Pai,
a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me
deste” (João 17:24).
Havia apego naquela relação! Quando o Senhor pensava em sua equipe se
reproduzindo, levando adiante a visão do discipulado ativo, não perdia de
vista o senso de realização que aquela tarefa deveria trazer-lhes: “Mas,
agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu
gozo completo em si mesmos” (João 17:13).

Na verdade, ao dar seu testemunho, João não fala apenas do prazer que
sentia em ver o resultado do seu trabalho na vida dos verdadeiros discípulos,
mas fala que esse prazer é incomparável, e vemos isso claramente, pois suas
palavras naquele momento foram: “Não tenho mais alegria do que esta”.

De onde vinha tanto senso de realização? Creio que, antes de tudo, isso
brotava de um coração que amava a Deus. Sabendo do valor que as pessoas
têm para o Pai, João fazia do discipulado uma forma de revelar sua devoção
ao Pai, e isso em nome do filho, Jesus.
Havia, porém, uma consciência em João que mantinha sua visão na direção
correta. Ele entendia e via o discipulado ativo, como exercício de paternidade
espiritual. A expressão que ele usa para descrever Gaio e outros discípulos
fiéis é “meus filhos”. Isso tem implicações muito profundas no que diz
respeito à arte da paternidade espiritual, que é amar e cuidar bem de verdade.

Em primeiro lugar, existe um envolvimento afetivo no discipulado. Ele não


é técnico, frio, uma relação que busca apenas resultados. Não se trata de
chefia ou gerenciamento de pessoas. O verdadeiro discipulador gera e cria
filhos espirituais. O verdadeiro discípulo aceita e desfruta da paternidade
espiritual, como um filho desfruta da paternidade dos seus pais naturais.
Nessa relação existe autoridade, mas ela é temperada e dominada pelo amor.

A outra verdade que considero importante destacar quanto à paternidade


espiritual, que se exerce no discipulado, é que filhos não são criados para
prenderem-se aos pais eternamente. Pode parecer injusto, mas não os criamos
para nós mesmos! Somos responsáveis por eles durante o tempo necessário,
mas tudo o que fazemos é para liberá-los, a fim de que cumpram sua missão.
Os laços de amor devem ser mantidos, mas os de dependência devem se
romper um dia. Se laços de propriedade forem estabelecidos, estarão
corrompendo a proposta de Deus para o discipulado no exercício da arte da
paternidade espiritual.

Quando Jesus, no capítulo 17 de João, faz sua oração de prestação de


contas diante do Pai, Ele diz sobre seus discípulos: “É por eles que eu rogo;
não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (João
17: 9). Percebe a ideia? Discípulos são pessoas que o Pai “me dá” por um
tempo, mas seguem sendo Dele!

Dizer isso é muito importante, pois alguns discipuladores permitem que a


afetividade se torne mais forte do que o propósito. Assim, quando têm os seus
discípulos requisitados, ou quando eles mesmos traçam ou forçam um
caminho que não deve ser seguido pelos discípulos, ou as vezes têm
dificuldade de liberá-los, acabam trazendo prejuízos para o reino e para suas
vidas.

Eu mesmo já tive que liberar vários discípulos, homens que gostaria de


manter comigo, mas que o Senhor pediu para sua obra, e isso é extremamente
normal. Na verdade, eu ia além, eu mesmo já tive que me desligar de alguém
para seguir o meu caminho da fé, pois fui obrigado, por força maior, a
exercer o amor e cuidado por amor ao Reino. Por isso devemos deixar os
nossos filhos bem cientes de que pode acontecer do Senhor nos requisitar
para a obra e, quando isso acontecer, devemos ser maduros de ambas
as partes, tanto do discípulo ativo, que tem que partir para cumprir o seu
ministério, quanto do discipulador ativo.

Se lhe surgir uma oportunidade de exercer o sacerdócio, saiba que isso se


chama “demonstrar amor e cuidado pelo Reino de Deus, amando as almas
perdidas acima de nós mesmos”.

Esta verdade é tão relevante que João justifica sua alegria no fato de que
seus filhos “andavam na verdade”. Seu senso de realização não derivava da
ação de mantê-los presos junto a si, mas de vê-los avançando, caminhando,
progredindo na verdade, ainda que distantes dele, como era o caso de Gaio.

O verdadeiro líder, aquele que ama o reino de Deus, não se ocupa em criar
reinos pessoais e nem se realiza em perpetuar-se. Ele vive para multiplicar e
espalhar discípulos pela terra, pessoas que andam na verdade e lutam pela sua
abrangência.
O AMOR NO CUIDAR
Vivemos um tempo em que a paternidade tem sido muito desvalorizada.
Não é difícil nos lembrarmos de alguns casos nos últimos anos de abandonos
de bebês pelos próprios pais. Este mesmo problema tem sido reproduzido na
igreja, porque muitos novos convertidos não têm pais espirituais que os
adotem para serem amados como filhos, recebendo cuidados e sendo
iniciados na sua nova vida cristã. Um pressuposto exigido é o de que, se
desejamos ser uma igreja de verdade, que vive e respira discipulado por meio
de células ou grupos pequenos, devemos seguir as regras do princípio cristão,
que é o de que, se eu ganhar alguém para Jesus, eu devo assumir o
compromisso e a responsabilidade de amar, cuidar e ensinar bem essa pessoa,
até que Cristo seja formado nela.

A figura do progenitor é, acima e antes de tudo, um ato espiritual, moldado


à imagem e semelhança do Deus-Pai. E, como tal, a progenitura é exercida de
forma plena e eficaz, na medida do nosso entendimento e vivência de um
relacionamento espiritual com Deus. Assim como em Deus fomos gerados e
somos cuidados, devemos fazer o mesmo com as vidas que ajudamos a gerar
em Cristo.

Ultimamente, esse princípio tem sido extremamente negligenciado por nós,


cristãos, e grande prova disso é que muitas pessoas não saberiam indicar seus
pais espirituais se fossem questionadas. Outra prova é que também não
saberiam indicar algum cristão ou cristã que os ajuda, assumindo o cargo de
discipuladores. Para o próprio apóstolo Paulo, a figura de um pai e uma mãe
espiritual é muito mais do que apenas aquele que gerou, mas também a figura
de alguém que é responsável pelo cuidado, ensino e crescimento cristão,
como ele mesmo diz: “Porque ainda que tenhais dez mil preceptores em
Cristo, todavia não tendes muitos pais espirituais.” (1 Coríntios 4:15).
Capitulo 8

O CUIDADO

Precisamos assumir uma postura diferente da que vivemos com relação à


nossa missão. Geralmente ganhamos muitas vidas para Jesus, temos muitas
estratégias, ações e planos para a evangelização, mas muito pouco se faz no
plano do cuidado. Ainda existe no nosso meio uma mentalidade irresponsável
com as vidas que ganhamos, ao pensarmos que o nosso trabalho é levar essa
pessoa para a igreja para ela tomar a decisão de seguir ou não a Jesus. Alguns
pensam que, feito isso, acabou a responsabilidade dela para com essa vida, e
ela pode se preocupar em levar outra pessoa à igreja. Bem, esse pensamento é
bem retrógrado, muito praticado nas igrejas congregacionais, onde não há
células ou reuniões de pequenos grupos. Onde há o sistema celular
implantado, a história é bem diferente, pois entendemos da seguinte forma:

Quando uma criança nasce, ela precisa ser cercada de cuidado especial do
pai, da mãe, dos irmãos e outros parentes nos seus primeiros anos de vida, e
assim também acontece na sua vida espiritual. Os membros da família de
Deus, a igreja, devem ser os responsáveis pelo crescimento espiritual,
cuidado e ajuda na caminhada cristã. Assim como na vida natural, as pessoas
mais indicadas para esse cuidado são os pais, que são direcionados e
aplicados na vida espiritual daquela determinada pessoa: os chamados pais
espirituais.

Muitas igrejas que estão no processo de implantação do discipulado tem


como grande desafio promover uma consolidação eficaz dos novos filhos e
filhas na fé. Entretanto, quando entendemos o conceito bíblico de paternidade
espiritual e o aplicamos em nossa vida cristã, a consolidação passa a
acontecer naturalmente, através da máxima: “Eu gerei, eu cuido!”.
Lembrando que, quando eu me refiro à paternidade espiritual, me refiro ao
homem e à mulher, ao pai e à mãe espiritual. Não faço distinção entre sexos.
Quando me refiro a pais espirituais, me refiro aos dois.

Não podemos resumir o amplo conceito de paternidade espiritual apenas ao


processo de consolidação, mas certamente a sua vivência resulta em cuidar de
vidas com maior zelo, amor e responsabilidade. A consolidação é o processo
que fará com que o nosso fruto permaneça: “Eu vos designei para que vades
e deis fruto e o vosso fruto permaneça” (João 15:16). Precisamos efetuar uma
consolidação com boa qualidade, responsabilidade e amor, pois a Igreja de
Jesus sempre evangelizou, sempre fez discípulos, mas com tristeza também
assistimos a uma grande evasão, uma grande quantidade de frutos que não
permaneceram. Isso acontece porque não os consolidamos. Já que não
vivenciamos uma paternidade espiritual responsável, precisamos trabalhar
para mudar esse quadro.

Mas como faremos isso? Assumindo o legado deixado por Deus para nós
através de Cristo, sendo pais espirituais responsáveis, que aplicam o
discipulado ativo através da arte da paternidade espiritual, que é amar e
cuidar bem daqueles a quem o Senhor nos confiou.

No decorrer de seu ministério terreno, Jesus Cristo demonstrou o seu amor


aos semelhantes ministrando a eles. Ele disse: “Nisto todos conhecerão que
sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35).

Ele deixou o exemplo e deseja que o sigamos, socorrendo os que


necessitarem de nosso auxílio como pais espirituais, amando e cuidando uns
dos outros. Cristo chama Seus discípulos para trabalharem com Ele em Seu
ministério, dando-lhes a oportunidade de servir às pessoas e de se tornarem
semelhantes a Ele. Isso é o que acontece quando assumimos o seu legado
para exercermos a arte da paternidade espiritual: tornamo-nos ainda mais
semelhantes a Ele, pois somos reconhecidos como seus autênticos discípulos.

Demonstramos nosso amor pelas pessoas que discipulamos quando, por


exemplo, nos lembramos do nome delas e do nome de seus familiares,
procurando conhecê-los bem. Isso faz parte do ministério de amar e cuidar,
ajudando essas pessoas sem julgá-las. Zelamos pelas suas vidas e as
fortalecemos na fé, uma a uma, como fez Cristo Jesus. Parte desse ministério
consiste em desenvolvermos uma amizade sincera com essas pessoas,
visitando-as em suas casas e em lugares de reclusão, se for necessário. É
indispensável estender a mão para os membros novos e os menos ativos,
ajudando os dispersivos e carentes de consolo por causa da orfandade
adquirida ao longo da vida.

O Novo Testamento inclui relatos de mulheres, identificadas ou não, que


exerceram o ministério da fé em Jesus Cristo. Essas mulheres se tornaram
discípulas exemplares. Viajaram com Jesus e seus doze discípulos. Elas
doaram parte de seus recursos para auxiliar seu ministério e, depois de sua
morte e ressurreição, elas continuaram a ser discípulas fiéis, se mantendo no
caminho.

Paulo escreveu sobre uma mulher chamada Febe, que servia na igreja. Ele
pediu aos irmãos que a ajudassem em qualquer coisa que ela necessitasse,
porque havia hospedado a muitos (Romanos 16:1-2). O tipo de serviço
prestado por Febe e outras grandes mulheres do novo testamento continua
ainda hoje.

Temos dito que o discipulado pode ser visto como método de crescimento
de igreja ou como programação, isto é, como a reunião semanal que acontece
regularmente. Não podemos cair na tentação de entender o discipulado dessa

maneira, a despeito de ser uma ótima estratégia para a Igreja ou um agradável


programa semanal. O discipulado ativo deve ser reconhecido como muito
mais do que isso.

O discipulado é o modo de vida, o estilo que caracteriza a vida daqueles


que estão comprometidos com o Reino de Deus, que fazem da nova justiça,
ou seja, dos valores éticos e da justiça do Reino, uma prioridade na sua vida.
Se dedicam integralmente ao serviço cristão, ao evangelismo e ao
testemunho, em cumprimento da vontade de Deus.

O discipulado nada mais é que o nosso estilo de vida, uma maneira de ser
com a qual as pessoas se relacionam, entram em comunhão, acolhem umas às
outras, compartilham o que são, o que sentem e o que carecem. Oram umas
pelas outras, louvam e adoram ao Senhor juntas, estudam a Palavra à luz da
graça, dão testemunho da comunidade da fé que servem e, nesse sentido,
vivem e cumprem a Palavra, que diz:

• Levar os fardos uns dos outros (Gálatas 6:1-2);

• Acolher-se mutuamente conforme Cristo os acolheu (Romanos 15:7);

• Apoiar e ser suporte, suportando uns aos outros (Colossenses 3:13 e


Romanos 15:1-4);

• Perdoar-se mutuamente (Efésios 4:32);

• Expressar o amor mútuo (Efésios 5:1-2);

Mateus 28:18-20 apresenta uma das mais importantes tarefas da Igreja: a


evangelização e o discipulado. Para cumprir essa tarefa, a Igreja é enviada em
direção às multidões que sofrem de desespero, desânimo, injustiça,
descrença, morte, doença, opressões de toda sorte, violências e explorações.
Jesus afirma que a missão dos discípulos é a de evangelizar e fazer mais
discípulos, ou seja, cumprir a Grande Comissão. Portanto, não podemos nos
esquecer que fazer discípulos ativos é fundamental no projeto de Deus em
Cristo para a salvação da humanidade. Assumimos o legado que Deus deixou
através do seu filho, Jesus, para nós, e dessa maneira nos constituímos em
pais espirituais através do exercício da arte da paternidade espiritual, que é
amar e cuidar bem uns dos outros. Isso é de vital importância para os planos
do Senhor. Nós somos importantes para a execução desse projeto grandioso,
do plano de salvação da humanidade perdida, e para isso devemos seguir as
suas instruções descritas em Mateus 10:1-42.
PARA EXERCERMOS O
MINISTÉRIO DE AMOR
CUIDADO, PODEMOS
NECESSITAR DA PARCERIA
UNS DOS OUTROS
Vivemos em um mundo globalizado de parcerias. Várias parcerias têm sido
estabelecidas visando um bom negócio para as partes envolvidas. Paulo e
Áquila viveram esta experiência em termos profissionais, mas não pararam
por aí. Eram também parceiros na expansão do Reino de Deus, colocando em
prática o que depois registrariam em uma de suas cartas àquela igreja, que se
encontra em Atos 3:9. Satanás sabe que a cooperação é tremendamente eficaz
e estratégica para a expansão do Reino de Deus, e por isso não podemos
permitir que ela enfraqueça. Nos últimos anos, com os problemas financeiros
e de gestão invadindo as nossas instituições, o advento de tantas
denominações evangélicas e de inúmeros modelos eclesiásticos, os alicerces
da cooperação têm sofrido intensos bombardeios, e até mesmo mexido com a
fidelidade das igrejas em suas denominações.

Precisamos estar mais unidos, como bons parceiros, compartilhando


esforços e minimizando custos, visando ministérios bem-sucedidos. Sua
igreja é fiel na entrega do Plano Cooperativo e participa das ofertas
missionárias? Por que sim, ou por que não? Que tal a inspiração de 2
Coríntios 5:15, que diz: “Ele morreu por todos, para que todos que vivessem
não vivessem mais para si mesmos, mas para AQUELE que por eles morreu
e ressuscitou”.

Em Atos 18:24-26 a Palavra nos relata que Apolo foi humilde, não teve
medo de conhecer com maior profundidade o caminho de Deus. Posso
imaginar a delicadeza e a ternura com que o casal Priscila e Áquila lhe
dirigiram a palavra, empregando amor e cuidado ao seu discipulado. Só assim
puderam receber sua atenção. O ensino dinâmico e criativo promove quatro
tipos de mudança no ouvinte. Ele muda o conhecimento, o entendimento, a
habilidade e a atitude, pois, quando ensinamos uma verdade bíblica, o maior
valor está na mudança de atitude. O amor é a arma mais poderosa para gerar
confiança. Sem confiança, não há educação. Somos portadores da verdade, e
o nosso propósito é o de que as pessoas possam nos ouvir e conhecer a
verdade que portamos.

Há muita gente em busca da verdade, e precisamos ser sábios, amáveis e


cuidadosos para não transmiti-la com orgulho, prepotência e soberba, como
se fossemos autossuficientes e não necessitássemos de ninguém, pois os
ouvintes certamente logo perceberão as nossas limitações e nos evitariam,
pois a parceria no empregar a Palavra nos condiciona a sermos mais
versáteis. “Aquilo que não estiver ao meu alcance, o meu parceiro fará;
aquilo que não estiver ao seu alcance, eu o farei”. Isso se chama parceria, não
foi sem propósito que o Senhor Jesus mandou que o seguíssemos de dois em
dois, e não sozinhos.

Como podemos ver, a parceria já estava no coração de Deus desde o início,


e podemos notar isso em vários aspectos, como, por exemplo, quando o
Senhor criou Eva para caminhar juntamente com Adão, pois viu que não era
bom que o homem caminhasse só. O próprio Deus representado em homem
aqui na terra, encarnado em Jesus, não andou sozinho, mas buscou parcerias
para exercer amor e cuidado com mais abrangência. Tratou logo de fazer
doze discípulos para que o auxiliassem e passassem o seu legado de amor e
cuidado adiante.

Nesse mesmo contexto, Apolo foi abençoado quando encontrou pais


espirituais amáveis, humildes e cuidadosos, que exerceram sobre ele um
discipulado ativo, de forma que não deixaram arestas para argumentos
contrários da parte de Apolo. Eles conseguiram concluir o seu trabalho e
passar seu legado de amor e cuidado adiante através da vida de Apolo, e ele
se saiu muito bem.

A forma como Priscila e Áquila exerceram o ministério de paternidade


espiritual através do amor e cuidado para com Apolo foi, no mínimo, notável.
Eles são dignos de serem imitados, pois foram amáveis, humildes,
cuidadores, responsáveis e tementes a Deus, mas acima de tudo, exerceram
sobre Apolo uma paternidade espiritual exemplar. A exemplo disso, devemos
nos ater ao discipulado, executando-o da forma mais pacífica, humilde e
produtiva possível, buscando parcerias quando não estivermos dando conta
de executá-lo com sucesso, pois o importante é não fracassar.

Nossas igrejas estão repletas de consumidores e vazias de reprodutores. Eu


e você somos os agentes continuadores da obra redentora de Cristo, e cremos
no Deus Todo Poderoso que fez, que faz e que fará em nós, e através de nós,
grandes maravilhas. Que problemas podemos enfrentar e que posições
corajosas devemos assumir para que aceleremos o nosso crescimento e nos
tornemos um exemplo em relação a paternidade espiritual? A parceria pode
ser uma solução plausível para o nosso grande sucesso na execução do amor
e cuidado através da paternidade espiritual.
DISCIPULADO CRISTÃO NA
CARTA AOS ROMANOS
É que expressam com tanta nitidez o relacionamento de emocionante ler
os últimos dois capítulos de Romanos, amor e cuidado de Paulo com esses
irmãos, mencionando nomes e os identificando pelas qualidades observadas,
tal como um pai faz com seus filhos. Sem dúvida nenhuma, ele sabia como
exercer a arte da paternidade espiritual. O ambiente é de família, não de chefe
e subordinados, de general e soldados ou de alunos e mestres. O discipulado
ativo é constituído por pais espirituais, irmãos mais experientes, transmitindo
vida aos mais novos para que aprendam a caminhar na fé e a se reproduzirem
fazendo novos discípulos, constituindo mais filhos espirituais para Deus.

Será que conhecemos bem aqueles que servem a Deus conosco? Será que
temos investido um tempo de qualidade para o crescimento espiritual deles?
Ninguém deve deixar de fazer o pouco que pode por não poder realizar o
muito que gostaria, e esse é um pensamento maduro que deve estar na mente
de todo aquele que deseja se estabelecer no ministério de paternidade
espiritual.

A Unidade Cristã (Romanos 15:6-13). Como afirmou Jesus, deveríamos ser


conhecidos pelo amor (João 13:35). Depois João escreveu: “Vede que grande
amor nos tem concedido o nosso Pai; que fôssemos chamados filhos de
Deus; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece, porque não o
conheceu a ele” (1 João 3:1). A maneira mais fácil do mundo conhecer a
Deus é conhecê-lo através dos seus filhos fiéis. Será que somos dignos dessa
honra, ou daremos uma pálida e fraca impressão de Deus? Os atos da igreja
neste mundo são os atos de Cristo. A igreja é o corpo de Cristo! O próprio
Paulo, em Efésios 4:15-16, escreveu: “Antes, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro
bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si
mesmo em amor”. A tônica da oração de Jesus em João 17:21 é a unidade.
Ele pede para que todos sejam um, assim como Ele é um com o Pai.
A Mútua Responsabilidade (Romanos 15:14). Ecoa ainda em cada um de
nós a pergunta que tem atravessado os séculos: “...Sou eu o guarda do meu
irmão?” (Gênesis 4:9b). Para Caim, foi uma fuga em face do homicídio
cometido; para nós, é uma tentativa de transferir responsabilidade. Todos
conhecemos os direitos e os deveres: os nossos direitos e os deveres dos
outros. O ensino bíblico é riquíssimo em reciprocidade consoante. Leia o que
Jesus disse em Mateus 7:12. O discipulado oferece a maior das oportunidades
em termos de mútua responsabilidade. É uma fonte inesgotável de benefícios
para quem é discipulado e para quem discipula. Precisamos efetuar os
desafios e as tarefas que sugerimos ao discipulando. Seria hipocrisia exigir do
outro um padrão de vida que não buscamos alcançar. Nossa meta deve ser
formar discípulos que tenham condições de nos admoestar e ministrar a graça
de Deus para nós.

Numa família, é comum os filhos darem conselhos aos pais. É sinal de que
aprenderam com os pais e que estão amadurecidos. Na vida espiritual isso é
mais acentuado, posto que o próprio Espírito Santo é o grande Mestre que
nos dá sabedoria, não pelo tempo de casa, mas pela intensidade da busca, que
nos traz maturidade.

Poderíamos ser abençoados por um filho na fé. Por acaso, se você já exerce
o legado da paternidade espiritual sobre alguém, se a sua resposta for sim,
então eu te pergunto: você já viveu essa experiência, de ser aconselhado por
um filho espiritual, sentindo o seu amor e cuidado expressado nesse ato?

A Nossa Casa como Igreja (Romanos 16:3-5). Infelizmente herdamos do


Velho Testamento e da cultura católica o conceito antigo de templo.
Achamos que templo e igreja é a mesma coisa. Deus morava no templo, mas,
no novo testamento, cada discípulo verdadeiro é um templo do Espírito Santo
(1 Coríntios 6:19). Quando Jesus morreu na cruz, o véu do templo se rasgou,
mostrando que Deus não estaria mais lá, e que o Santo dos Santos estava
vazio. Deus saiu do templo e veio para os corações. Paulo, em Atos 17:24,
declara categoricamente que Deus não habita em templos feitos por mãos
humanas! Geralmente dizemos que vamos à igreja mas, na verdade, vamos ao
templo. A igreja está onde dois ou três estiverem reunidos, em nome de
Jesus, mencionando a Palavra que liberta. A cultura não incentiva uma igreja
em casa, mas os primeiros passos do cristianismo foram dados nas casas. Isso
durou até o século IV, quando o imperador Constantino tornou a igreja da
época uma instituição oficial do governo. Quem era cidadão romano
automaticamente tinha que ser cristão. Não era fruto de uma escolha pessoal
ou do Espírito Santo, mas uma adesão constitucional. Seria bom que você
pesquisasse sobre isso e pudesse entender melhor. Hoje, quando se fala em
igreja, o que vem à nossa mente é um templo, com pastor e tudo mais. Isso
tem sido um obstáculo para a propagação do Evangelho e a salvação dos
bilhões de perdidos no mundo.

O cidadão romano estava bem familiarizado com um ambiente de leis, de


doutores da lei e de rara impunidade. Não era novidade e nem tão penoso
assumir o cristianismo como algo que exigia compromisso e fidelidade. Era
apenas uma questão de valor para essa vida e para a eternidade. Ele tinha
consciência de que, uma vez assumindo viver sob as leis divinas, sua vida
seria regida por outro sistema de valores. Por isso, as ações como morrer,
mortificar, honrar e outras (não menos aterrorizadoras) estavam implícitas no
pacote da fé. “O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17).

Até onde vai o nosso compromisso com Jesus num ambiente de muita
impunidade? Será que realmente morreríamos em Seu nome? O que
significava ser cristão naquele tempo, e o que significa ser cristão hoje? Deus
mudou, e há menos exigências e expectativas com os seus discípulos dos dias
atuais?

O Senhor continua o mesmo, mantendo os seus princípios. Somos nós que


relaxamos em nosso cuidado em amar incondicionalmente, e às vezes nos
pegamos fazendo a obra de Deus de forma mecânica, como um metal que
tine apenas para fazer barulho, sem nos importarmos com a essência e o
amor. Quando dizemos que amamos, dizemos da boca para fora, pois a maior
expressão do amor é o cuidado. O cuidado é a maior demonstração da arte de
amar o próximo, pois, sem amor, os nossos atos não têm valor diante de
Deus. Está escrito:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e
não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna
para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é
sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os
seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”
(1 Coríntios 13:1-7)

Como podemos ver, sem o amor manifesto em nossas tentativas de


expressarmos os nossos cuidados para com o nosso próximo, de nada vale
nossas palavras. Isso prova que o amor de fato requer um ato!
O AMOR DE FATO REQUER UM
ATO
De fato, o amor requer um ato, e esse ato não poderia ser outro a não ser o
cuidado, pois não existe discipulado sem o cuidado de se ter o discípulo ao
lado. O maior exemplo disso foi, e ainda é, o próprio Senhor Jesus no
cuidado com os seus discípulos. Ele os chamou e fez com que os doze
estivessem sempre debaixo dos seus olhos. Ele os amou, cuidou deles e
tornou-os discípulos ativos, fazendo com que se tornassem pescadores de
homens segundo a sua imagem e semelhança, em termos de atos, amor e
cuidados (Marcos 1:17).

Amar realmente dá trabalho, requer atos de cuidados. Se alguém não quiser


ter trabalho, que também não ame, pois o amor de fato requer atos de
cuidados. Abrir-se para o amor é aceitar o desafio de pagar o preço. Deus
nos amou e nos provou o seu amor pagando um alto preço por nós, nos
enviando Jesus, o seu filho unigênito, e o entregando à morte de cruz (João
3:16) em troca da nossa alforria, para que pudéssemos seguir o seu exemplo e
nos entregássemos uns pelos outros todos os dias. Está escrito: “Porque Deus
tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Na semana mais difícil para Jesus dentre as que viveu aqui na terra, quando
o clímax de toda a sua obra estava para acontecer, ele chamou os seus
discípulos, a fim de estar com eles nesse momento de despedida, e ainda lhes
dar as derradeiras orientações e lições de vida e para a vida. Não basta dizer,
é preciso também fazer. O amor de Jesus não era pela metade e nem dependia
das circunstâncias. Ele os amou até o fim, mesmo havendo traidores entre os
discípulos: Judas estava tão envolvido em sua ambição que o traiu. Pedro,
imaturo, mentiu. Tomé, cheio de desconfiança, duvidou Dele!

Jesus se destacava ao refletir com perfeição o amor e o cuidado do Pai.


Estava sempre pronto para perdoar, e essa disposição ficou evidente até
quando ele estava na estaca de tortura, confrontando uma morte vergonhosa,
com pregos atravessando-lhe as mãos e os pés.
O que Jesus exclamou? Pediu que o Pai punisse seus executores? Muito
pelo contrário! Entre as últimas palavras de Jesus, estavam: “Pai, perdoa-
lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23:34). Esse ato de
misericórdia expressa bem o título desse capítulo: “O amor de fato requer um
ato”.

Assim, da mesma forma que Jesus demonstrou ter perdoado o seu discípulo
Pedro, que o havia negado três vezes, nessa passagem podemos notar a
expressão do amor e cuidado de Jesus para com seus discípulos, e isso é
demonstrado em sua maturidade, na forma como lidou com seu discípulo
Pedro. Na última noite da vida terrestre de Jesus, aquele discípulo lhe disse:
“Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.”
(Lucas 22:33), Mas, poucas horas depois, por três vezes ele negou até mesmo
conhecer Jesus! A Bíblia nos conta o que aconteceu quando Pedro o negou
pela terceira vez: “O Senhor voltou-se e olhou para Pedro”. Arrasado pela
gravidade do pecado, ele “saiu e chorou amargamente”. Quando Jesus
morreu, mais tarde naquele dia, o apóstolo talvez tenha se perguntado: “Será
que o Senhor me perdoou?” (Lucas 22: 61-62).

Pedro não teve que esperar muito para ter uma resposta. Na manhã do
terceiro dia após sua morte, Jesus foi ressuscitado e, evidentemente naquele
mesmo dia, apareceu para Pedro (Lucas 24:34 e 1 Coríntios 15:4-5). Por que
era necessário que Jesus desse uma atenção especial ao apóstolo que havia o
negado de forma tão enfática? Talvez ele quisesse confirmar ao arrependido
Pedro que seu Senhor ainda o amava, prezava e que ainda acreditava nele,
apesar dos pesares. Jesus fez a visita para reanimar Pedro, pois a essa altura
ele já estava muito desacreditado de si mesmo e se sentindo o mais indigno
de todos os discípulos existentes sobre a terra. Com essa demonstração de
amor e cuidado, Jesus o fez recobrar a sua credibilidade e responsabilidade,
demonstrando a Pedro que o que ele faria a partir daquele ponto era mais
importante do que ele imaturamente já havia feito.

Pouco tempo depois, Jesus apareceu aos discípulos junto ao mar da


Galileia, e foi nessa ocasião que Jesus perguntou a Pedro por três vezes se ele
o amava, o mesmo número de vezes que ele o havia negado. Depois da
terceira vez, Pedro respondeu: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que
eu tenho afeição por ti”. Jesus lhe disse: “Então, apascente as minhas
ovelhas”.

Neste momento, o Senhor Jesus estava passando o seu legado de amor e


cuidado, de paternidade espiritual terrestre, para Pedro, que a partir dali
assumiria o legado da paternidade espiritual que, até então, havia sido
ministrado por Cristo e exercido a nível horizontal, sobre os discípulos, e que
já não podia mais ser executado por Jesus, pois Ele já estava de partida.

De fato, Jesus podia discernir o seu coração e estava plenamente ciente do


amor e da afeição de Pedro por Ele, e também da maturidade adquirida por
Pedro através daquele trágico incidente. Por isso, deu ao seu discípulo a
oportunidade de confirmar seu amor por Ele perante todos que ali estavam,
comissionando Pedro diante de todos a alimentar e pastorear em seu lugar.

Pedro já havia recebido uma designação de pregar (Lucas 5:10). Numa


notável demonstração de confiança, amor e cuidado por seu ministério, Jesus
lhe deu outra grande responsabilidade: cuidar dos que se tornariam seus
seguidores e discípulos, designando Pedro a um papel de destaque nas
atividades dos discípulos (Atos 2:1-41). A importância do amor e do cuidado
demonstrado por Jesus a Pedro fez com que ele se sentisse perdoado e
animado.

A Palavra de Deus apresenta uma bela descrição do amor de Cristo. Como,


porém, devemos reagir a esse amor? A Bíblia nos incentiva a conhecer o
amor de Deus expresso em Jesus, o seu ungido, que ultrapassa todo o
entendimento: “E conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento,
para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. Àquele que é capaz
de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de
acordo com o seu poder que atua em nós” (Efésios 3:19).

Como vimos, os relatos evangélicos sobre a vida e o ministério de Jesus


nos ensinam muita coisa a respeito do amor e do cuidado Dele por cada um
de nós. Entretanto conhecer o amor de Cristo de forma plena envolve mais do
que apenas aprender o que a Bíblia diz sobre Ele, pois isso também requer
muito amor e cuidado!
Por exemplo, o termo grego traduzido para “conhecer” significa “conhecer
na prática, por experiência própria”. Quando demonstramos amor de forma
altruísta, assim como Jesus demonstrou – sem pretensão alguma, dando algo
de nós mesmos em favor de outros, compassivamente correspondendo às suas
necessidades e perdoando-os de coração – passamos realmente a
compreender seus sentimentos, agindo com misericórdia.

“Misericórdia” significa “olhar para as misérias dos outros com amor e


sentimento de compaixão”, com desejo de ajudar a pessoa em vez de criticá-
la. Desse modo, chegamos a conhecer, por experiência própria, o amor e o
cuidado de Deus através de Cristo para com todos. Esse amor ultrapassa o
conhecimento e a compreensão dos seres humanos naturais. Nunca nos
esqueçamos de que, quanto mais nos assemelharmos a Cristo, mais nos
achegaremos a Aquele que Jesus imitou com tanta perfeição: o nosso Deus
Pai, Todo Poderoso. Seguimos fazendo tudo conforme a sua vontade,
segundo a forma que Ele mesmo faria. Com isso, aprendemos mais uma vez
que “o amor de fato requer um ato!”.
OS CUIDADOS NECESSÁRIOS
PARA SE DEMONSTRAR
AMOR E CUIDADO
(PARTE 1)
Devemos levar em consideração alguns cuidados em relação a
demostrarmos amor e cuidado em nome da Palavra de Deus. Exercer o
ministério de paternidade espiritual requer cuidados importantes. Devemos
primeiro observar alguns valores e princípios estabelecidos não apenas pela
Palavra de Deus, mas também pelo aprendizado requerido ao longo da
caminhada, como, por exemplo, estar sempre atento e buscando se orientar
através das experiências de pessoas mais experientes na caminhada do legado
espiritual.

Separei alguns exemplos bíblicos para nos orientar nesse quesito tão
importante.

O Valor do Exemplo do Discipulador (João 13:5-17). Na Palestina


daqueles dias não havia banheiros nas casas, mas havia banheiros públicos.
Nas casas havia as talhas de água, que serviam somente para lavar os pés. Em
face disso, as pessoas usavam os banheiros públicos e, ao chegarem em casa,
apenas necessitavam lavar os pés. Com muita sensibilidade emocional e
espiritual, Jesus colocou água numa bacia e começou a lavar os pés dos
discípulos. Lavar e enxugar, serviço completo! Pedro se manifestou com uma
humildade invertida. Talvez não quisesses ter os seus pés lavados por Jesus,
para não se tornar obrigado a lavar os pés dos outros. Lembro-me de um
verso que repetia quando criança: “Eu não vou à sua casa, para você não vir
na minha. Você tem a boca grande, vai comer minha farinha” há muitas
pessoas que não querem ser ajudadas, e por isso fazem tudo sozinhas.
Rejeitam fortemente qualquer iniciativa nessa direção. Muitas vezes, não é
porque não queiram incomodar os outros, mas antes porque não querem dar
chances de serem incômodas. Faz parte da vida com Jesus usar os nossos
dons para abençoar os outros, e permitir que os outros usem os seus dons para
nos abençoar! O contrário disso é o egoísmo e o orgulho: “Se sabeis essas
coisas, bem-aventurado sóis se as praticardes!” (João 13:17).

O Cuidado das Advertências (João 13:21-30). Como já vimos por diversas


vezes ao longo desse livro, discipular é também cuidar e amar, mostrar a
direção. Aprendemos nos ensinamentos bíblicos que ninguém recebe tentação
acima daquilo que se pode suportar (1 Coríntios 10:13), e que cada um é
tentado pelos seus próprios desejos (Tiago 1:14). Segundo o que tenho
ouvido e experimentado, o Senhor Deus sempre demonstra o seu amor e
cuidado através de Cristo, que é a sua própria Palavra (João 1:14 e
Apocalipse 19:13), nos advertindo, nos chamando a atenção, nos corrigindo e
falando diretamente ao nosso coração, por nos amar tanto (Provérbios 3:12 e
Hebreus 12:6). Alguém já disse que “não podemos evitar que um pássaro
pouse em nossa cabeça, mas podemos evitar que ele faça um ninho sobre
ela”.

É muito comum ninguém gostar de advertências e críticas. Devemos ouvir


e refletir sobre os fatos que deram origem à crítica. Além dos fatos, devemos
olhar o perfil de quem está criticando e advertindo. Tratando-se de uma
pessoa íntegra e submissa a Deus, nosso cuidado e prudência devem ser
multiplicados. Entretanto, se a crítica tiver conotações de inveja ou de juízo
precipitado e partir de pessoas inidôneas, devemos continuar nossa
caminhada sem profundas preocupações, mas com o sinal de alerta ligado.

Judas foi advertido, mas preferiu seguir seu próprio caminho. Mais tarde,
sentiu remorso, mas não se arrependeu. O arrependimento vem em face do
pecado cometido. O remorso é fruto das consequências do pecado. Por
exemplo, alguém rouba sempre e nunca se arrepende. Quando então é preso,
a consequência do roubo o leva ao remorso. Temos que cuidar uns dos outros
e mutuamente nos exortarmos.

O auxílio para a tarefa de discipular, que significa amar e cuidar (João


14:26). O Espírito Santo é o nosso ajudador. É o atual “Emanuel” presente
em nossos corações. Somos o templo dele, pois ele habita em nós. Quanto
mais cheios dele, mais submissos à vontade de Deus e mais dispostos à
realização da sua obra estaremos. Conforme João 16:13, o Espírito Santo
viria para nos guiar na verdade de Jesus. A palavra grega “Paráclito” tem o
mesmo radical da palavra “exortação”. “Exortar” é estar ao lado de alguém
para conduzi-lo na verdade. Quanto mais cheios do Espírito Santo, melhores
discipuladores, pois estaremos mais cheios de Jesus! Ninguém está mais
interessado na obra do discipulado que o próprio Deus. Fazer discípulos é
fazer imitadores do próprio Jesus. Deus não quer adeptos do Cristianismo,
Ele quer discípulos ativos de Cristo.

A multidão descrita em João 6:60-69 recuou da sua tentativa interesseira de


seguir a Cristo. Ela seguia Jesus por causa das curas, da comida e da fama
esperada. Por outro lado, está bem claro em Mateus 28:20 que Jesus
prometeu estar todos os dias com aqueles que o obedecessem na tarefa de
fazer discípulos.

Um chamado à obediência (João 15:12-14). O verbo mais importante da


Palavra é “obedecer”. O ser humano pode adorar, louvar, evangelizar e até
mesmo discipular, tudo isso sem obedecer. É o que existe dominicalmente em
nossas igrejas: multidões comparecem aos cultos, trazidas por inúmeras
motivações! É possível adorar sem obedecer? Será que Deus recebe o culto
dos desobedientes? No Salmo 15:22, o profeta diz para o rei Saul: “Tem
porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que
se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar,
e o atender, do que a gordura de carneiros”.

Uma das características mais marcantes do discípulo ativo é a obediência.


Discipular é disciplinar, tornar uma pessoa obediente à Palavra. Não existe
discipulado ativo bem-sucedido sem a transmissão de vida do discipulador
para a vida do discípulo, para que Cristo seja gerado nele, e isso ocorre
através do amor e do cuidado, até que o discípulo esteja pronto para passar
adiante o legado. Será que estamos obedecendo princípios? Entregamos os
nossos dízimos mensalmente em nossa igreja (Casa do Tesouro), e estamos
ganhando almas para Jesus? Isso é exercer amor e cuidado pela obra.

Uma Preocupação Presente (João 17:15-16). Assim como a vida de uma


canoa é estar na água e a sua morte é a água estar dentro dela, a vida de uma
igreja é estar no mundo, sendo sal e luz, e a morte da igreja é o mundo estar
dentro dela, com suas paixões e pecaminosidade. Temos uma missão no
mundo, e precisamos estar nele, enfrentando dois perigos iminentes. De um
lado, podemos estar muito ligados ao mundo e perdermos a condição de
profetas. Por outro lado, podemos estar tão distantes do mundo a ponto de
perdermos a condição de sacerdotes. Teremos ouvintes, mas não teremos
mensagens. Alternativamente, teremos mensagens, mas não teremos
ouvintes. O equilíbrio é estarmos próximos de Deus e do mundo numa
medida equilibrada. Teremos a mensagem e teremos ouvintes! Seremos, ao
mesmo tempo, profetas e sacerdotes de Deus.

Cuidado com as Influências Negativas (Romanos 16:1718). Não é bom


conservar ao nosso lado pessoas que nos atrapalham na fé. Os verdadeiros
amigos são aqueles que nos tornam melhores do que somos quando estamos
com eles. Um amigo não deseja que eu baixe os meus padrões e negocie os
meus princípios. Ser amigo é honrar o outro e respeitar as suas convicções,
ou confrontá-las com amor, cuidando da sua honra, mesmo quando suas
ideias nos parecerem equivocadas.

O Salmo 1 e o Salmo 101 têm mensagens importantíssimas neste aspecto.


Não fazemos as coisas para os outros verem, mas precisamos ter consciência
de que, enquanto fazemos, pessoas estão nos vendo. O cuidado tem duas
vertentes: como eu ando e influencio os outros vs. com quem ando e por
quem sou influenciado. O profeta Amós pergunta: “Acaso andarão dois
juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3:3). Paulo, em 1 Coríntios
15:33, nos adverte: “Não vos enganeis, pois as más companhias corrompem
os bons costumes!”.

Há muita gente ousada e imprudente. Arriscam-se sem a mínima


necessidade, e ainda culpam o Diabo! Satanás é sedutor, mentiroso e
maligno. Não podemos esperar dele alguma coisa boa, a não ser
posicionamentos estratégicos para conquistar mais do que imaginamos!

A Exigência da Obediência (Romanos 16:19-20). No discipulado, é sempre


oportuno voltar à obediência, considerando que ela é o maior desafio bíblico.
Nem todos os que louvam adoram, oram e ajudam o próximo. Estão em
obediência, mas os obedientes fazem estas coisas e também as outras, como
evangelizar, discipular, entregar os seus dízimos e ofertas, honrar pai e mãe e
obedecer a seus pastores! Os discípulos romanos foram elogiados pela
obediência, que era reconhecida por todos. Quem busca prazer sem obedecer
poderá nunca encontrar o verdadeiro prazer, mas quem busca obedecer
sempre encontrará prazer. O caminho da obediência pode ser duro, mas
sempre será melhor que o da desobediência. Para os verdadeiros discípulos,
prazer real não é fazer as coisas, mas é a sensação de bem-estar depois de tê-
las feito.

Uma traição pode ser prazerosa, mas, depois do fato consumado, vem a
impiedosa sensação de culpa! Será que vale a pena obedecer a Deus? Samuel
disse para Saul que o pecado da rebelião é como o pecado da feitiçaria, e a
obstinação é como a iniquidade da idolatria (1 Samuel 15:23). É uma boa
decisão assumir uma vida de obediência, como discípulos e discipuladores
que se amam e se cuidam como igreja, pois é isso que somos: igreja.

Orar pelo discípulo (João 17). O que Deus pode, a minha oração também
pode! No ponto anterior, falamos do sacerdote. Esta figura bem colocada por
Pedro, em 1 Pedro 2:9, deve nos lembrar do dever de nos colocarmos perante
Deus em favor dos outros. Sacerdote é aquele que faz da dor do outro a sua
dor. Quando vê alguém necessitado, ele também se torna necessitado, e ora
como se o problema fosse seu.

Como olhar para o perdido, para o carente mergulhado em orfandade, para os


viciados em todas as suas formas, sem querer ajudar? Como dizer que somos
homens e mulheres escolhidos por Deus e não desejar exercer o ministério do
amor e do cuidado sobre a vida dessas pessoas em condições tão miseráveis?
Como dizer que somos filhos de Deus e não nos compadecermos pelos
nossos irmãos que estão desviados, alguns até estão se desconvertendo?
Estamos vivendo uma falta de profetas (ganhadores de almas) e de sacerdotes
(pessoas cheias de compaixão e misericórdia). Pessoas que olham para as
misérias umas das outras com olhos de amor e compaixão por suas
necessidades.

Discipular e exercer o ministério de paternidade espiritual consiste nisso:


fazer seguidores de Jesus e lhes oferecer um ombro amigo, para que a
caminhada da vida se torne mais leve. Enquanto não chegamos ao céu,
seguimos conquistando outros para lá, para que possamos estar eternamente
juntos com o Pai das luzes.
O Preparo Necessário (1 Timóteo 2:15). O discipulador cristão tem que ser
alguém da Palavra e de palavra. Sempre fico impressionado quando leio
sobre a tentação de Jesus em Mateus 4:1-11, que demonstra que Jesus sabia e
vivia a Palavram, pois era o verbo vivo. O diabo apenas sabia a Palavra. É
importante saber, mas, sobretudo, é importante viver! Não resolve só
conhecer a Palavra do Senhor – é de suma importância que vivamos a
Palavra, honrando-a e obedecendo-a, pois ela é nada menos que o próprio
Jesus.

O uso da Bíblia não combina com o diabo, pois ela é a verdade, e o diabo é
o pai da mentira. O diabo usa a Palavra para acusar os discípulos de Jesus até
os dias de hoje. Parece ironia, mas é a pura verdade. Ele conhece a verdade,
mas é incapaz de viver por ela, assim como Jesus mesmo disse, em João 8:44.
Satanás é o pai da mentira e de toda falsidade que deriva da mentira. Ele foi,
é e sempre será incapaz de se firmar na verdade, pois só pode viver a verdade
quem a conhece, e Jesus é a verdade que liberta. A Palavra vai mais além, ao
declarar que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, portanto, Ele é a verdade
absoluta (João 14:6).

O homem só é livre pela verdade, e Jesus é essa verdade que liberta (João
8:32-36)! O diabo mentiu para o primeiro casal no Éden. Esse casal pecou
por causa da mentira, e todo pecado tem sempre a ver com mentira. Jesus
usou a Palavra para confrontar e derrotar Satanás, e o seu primeiro golpe foi a
afirmação de que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra
que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).

Em Efésios 6:10-17, Paulo nos dá as ferramentas para a vitória sobre


Satanás. Quando conhecemos e usamos a Palavra com propriedade, podemos
ficar de pé perante Satanás e nos curvarmos apenas diante de Deus. Ele tem o
compromisso com discípulos ativos, fiéis ao seu filho, Jesus!

Quando Jesus mandou o diabo embora, ele o deixou, e os anjos vieram e


serviram a Jesus. Será que temos lido a Palavra? Quanto tempo gastamos
com ela diariamente? Você tem um local para se encontrar com Deus?
Quarto, sala, quintal, escritório, ou até mesmo no banheiro? Sim, o banheiro é
o meu lugar preferido para ficar a sós com o meu Deus. Ali eu oro a Ele, em
o Nome de Jesus.
Talvez você tenha um outro lugar santificado para isso, e isso vai de cada
um. Mas, se ainda não tem um lugar especial, providencie! Será uma bênção
para a sua vida e para os outros, e esse também é um cuidado muito
necessário a se tomar pela sua vida de santidade ao Senhor.
OS CUIDADOS NECESSÁRIOS
PARA SE DEMONSTRAR
AMOR E CUIDADO
(PARTE 2)
A vida santa esperada: “Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para
que vocês não pequem. Se, porém,
alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é
a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas
também pelos pecados de todo o mundo. Sabemos que o conhecemos, se
obedecemos aos seus mandamentos. Aquele que diz: “Eu o conheço”, mas
não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.
Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de
Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que
afirma que permanece nele, deve andar como ele andou” (1 João 2:1-6).

Devemos andar como ele andou, sermos perfeitos como o Senhor (Mateus
5:48) e santos como ele foi (1 Pedro 1:16). João não deixou por menos (1
João 2:6). Paulo também registrou isso em Colossenses 2:6, e Pedro escreveu
sobre isso em 1 Pedro 2:21. Deve haver coerência entre a nossa crença e a
nossa prática. Se o conhecemos, devemos obedecê-lo, assim como já vimos
neste livro e ao longo da série: Discipulado Ativo – A Arte da Paternidade
Espiritual.

A prova do nosso amor para com Deus Pai e com Jesus é a obediência
(João 14:21-26 e 15:12-17). Somos o referencial de Jesus aqui nesse mundo,
e devemos ter o cuidado de nos resguardarmos do mundo, pois vivemos nele,
mas não pertencemos mais a ele. Somos propriedade exclusiva de Deus;
“Porém, vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, cujo propósito é proclamar as grandezas
daquele que vos convocou das trevas para sua maravilhosa luz” (1 Pedro
2:9).
O mundo não pode ver Jesus, pois não tem os ouvidos abertos para a
Palavra de Deus. Mas o mundo vê a igreja, que somos nós (1 Coríntios 6:19-
20).

Um missionário chegou numa tribo muito isolada e desconhecida pelos


pesquisadores. Quando conseguiu se comunicar com o povo, falou sobre
Jesus. Qual foi a sua surpresa quando aquele povo lhe disse que Jesus já tinha
estado com eles, há algum tempo atrás? Com alguns dias de inquietação e
busca, o missionário descobriu que outro missionário tinha passado um
tempo com eles, e a sua vida era tão parecida com a de Jesus que eles
pensaram ter sido o próprio Jesus! Se alguém rejeitar Jesus por causa da sua
incredulidade, a culpa será dele. Se rejeitar por causa do meu mau
testemunho, a culpa será minha! Portanto, sejamos cuidadosos em nos
apresentarmos às pessoas, pois elas nos observam e estão atentas aos nossos
atos. Se demonstrarmos o amor e cuidados necessários, com toda a certeza
conquistaremos novas almas para Cristo. Essas pessoas nos verão como
amigos e prováveis pais espirituais. Seguirão nossos passos e nos imitarão.

A Fidelidade na disciplina (2 João 7-9). O conselho de Paulo a Timóteo foi


que ele cuidasse de si mesmo no tocante ao seu testemunho perante as
pessoas (1 Timóteo 4:16). Estamos num tempo em que a disciplina tem sido
pouco valorizada. O mundo trouxe para a igreja o modismo do descartável,
do pragmático e do imediatismo. O que está com problemas é descartado, só
vale o que funciona bem e produz satisfação aos usuários, aqui e agora. Isso
insulta a fidelidade, a ética e os valores eternos, que vão além da vida terrena.
Há uma igreja evangélica brasileira que cresce alicerçada em três pilares:
cura física, prosperidade e libertação, e tudo gira em torno do bem-estar
terreno. A Palavra nos adverte: “Se a nossa esperança em Cristo, se limita
apenas nessa vida, então podemos ser considerados os mais miseráveis de
todas as criaturas”. Vai vendo!

Isso pode até parecer uma boa receita para um país de assistência médica
precária, com muita gente pobre e de grande inclinação mística. Entretanto, a
disciplina está para a prática como a receita está para o bolo. Uma receita
errada produz um bolo errado, assim como uma doutrina errada dá origem a
uma prática errada. Um pensador afirmou que “viver é pensar, pois o homem
vive o que pensa, e é preciso pensar certo para viver direito”.

Devemos estar cientes das nossas doutrinas, pois são disciplinas bíblicas e
precisam ser transmitidas para os futuros discipuladores ativos e propensos
pais espirituais.

O Acompanhamento do Progresso (3 João ver. 3-4 e 14). Discipulado é


discípulo ao lado, é vida na vida ou transmissão de valores. Jesus tinha dois
ministérios: um com uma multidão e outro com os discípulos, com muita
diferença quanto ao tempo e qualidade. Jesus investiu muito nos doze
discípulos. Antes de fazer outros discípulos, precisamos ser discípulos
imitadores, para podermos ser discipuladores imitáveis. Antes de fazer, é
preciso ser.

O caminho do verdadeiro discipulado começa quando uma pessoa recebe


Jesus como Salvador. Essa pessoa compreende que é pecadora e que
necessita constantemente das misericórdias do Senhor para a sua vida.
Reconhece que não pode salvar-se por ter bom caráter ou fazer boas coisas, e
que precisa incondicionalmente de Jesus. Crê que o Senhor Jesus morreu na
cruz em seu lugar, para que ela tivesse um coração grato, cheio de esperança
e convicção, para que o Espírito Santo possa usá-lo para convencer outras
vidas a se entregarem a Cristo. Acima de tudo, através de uma decisão de fé,
reconhece Jesus como o seu suficiente Salvador, Senhor da sua vida.
Ninguém se torna um verdadeiro discípulo vivendo a vida cristã morna e sem
esperança na glória eterna, pois a experiência da vida de um discípulo é de
natureza sobrenatural. Não temos em nós mesmos o poder para vivenciá-la, e
dependemos incondicionalmente do poder de Deus.

Somente quando nascemos de novo é que recebemos forças para viver


como Jesus viveu e ensinou. Não se pode esperar crescimento espiritual de
alguém morto. Entretanto, se alguém está vivo, naturalmente cresce. O
nascido de novo tem fome! Se alguém não tem fome das coisas espirituais
provindas de Deus, deve examinar a si mesmo e se perguntar: “Nasci de
novo? Sou filho de Deus? Estou determinado a obedecer-lhe?”.

Estamos aptos para exercer amor e cuidado a outras vidas, assumindo o


legado atribuído por Deus Pai a mim verticalmente, para ser transmitido
horizontalmente? Estou apto para assumir uma paternidade espiritual? Esses
cuidados devem sempre serem priorizados por aqueles que desejam exercer
amor e cuidado na vida das pessoas.

A Fé para Prosseguir (1 João 5:1-4). O nosso exemplo supremo é Jesus. Ele


viveu uma vida de obediência à vontade de Deus. Viver pela fé é viver
segundo o que a Palavra determina através do poder do Espírito Santo. Vida
de fé é vida de oração, de sintonia plena com Deus. O desafio é a produção
do fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23). Se desejamos vencer o mundo, temos
que viver a fé que dizemos ter abraçado. Muitos só querem as honras da fé,
mas precisamos honrar a fé! Deus leva dias para fazer uma melancia, mas
basta deixá-la sob o sol por algumas horas que ela deixa de existir como tal.
Um carvalho leva 100 anos para crescer, mas dura séculos.

Como vemos, não existem atalhos. Comparando o discipulado a uma


escada, não podemos pular degraus, temos que passar pelas etapas de
experiências com Deus, conhecendo e vivenciando a sua Palavra. Com
certeza, quanto mais alimento (Palavra), respiração (oração) e exercícios
(vida de testemunho), mais crescimento será experimentado. Nascemos de
novo, mas estamos realmente crescendo? O nosso êxito não deve ser medido
olhando para onde estávamos e onde estamos, mas olhando para onde
estávamos e onde deveríamos estar! Faça uma autoanálise e constate a sua
posição. Você esperava isso de si mesmo, ou se considera atrasado
ministerialmente? Pense nisso, pois é importante termos esse cuidado.

Um grande exemplo a ser seguido de exuberância no discipulado na vida


de uma pessoa foi a experiência com o apóstolo Paulo. Depois do seu
encontro com Jesus na estrada para Damasco (Atos 9), alguém o levou até a
casa de Judas (de Tarso), onde foi apresentado a Ananias e batizado por ele.
Logo depois, Barnabé o tomou e se tornou o seu discipulador. Entretanto ele
não era apenas um discipulador superficial, era um discipulador ativo,
exercendo por algum tempo paternidade espiritual sobre Paulo.

Nos dias de hoje, percebemos em nossas igrejas alguns poucos obstetras


(pessoas que atuam diretamente no nascimento de filhos espirituais) e
raríssimos pediatras (os que cuidam dos filhos depois que eles nascem). O
“obstetra” gera amor, enquanto o “pediatra” cuida.

Imagina se uma mãe pudesse tirar férias do lar logo após o nascimento de
um filho. Será que uma criança poderia viver sem a ajuda de alguém? Já
temos a “Operação André” (estratégia para alcançar os perdidos), e estamos
lançando o “Projeto Barnabé” (estratégia para cuidar dos achados). Paulo foi
bem cuidado por Barnabé e fez o mesmo com Timóteo, Tito e muitos outros.
Se você ainda não é um pai espiritual que gera ou que cuida de filhos
espirituais até que alcancem a maturidade para se reproduzirem, que Deus
desafie o seu coração para assumir um compromisso extremamente bíblico e
demasiadamente necessário! Inspire-se nos exemplos a seguir.

Aquele que aponta para Cristo (João 1:35-37). O grande cuidado dos
discipuladores está exatamente em deixar claro que os discípulos são de
Jesus, e não propriedades deles. João Batista, o grande preparador do
Caminho e discipulador, tomou três decisões fundamentais.

1) “Eu sou a voz do que clama no deserto, endireitai o caminho do


Senhor, como disse o profeta Isaías” (João 1:23). Ele estava consciente de
quem ele era e do que deveria fazer;

2) “Eis o cordeiro de Deus!” (João 1:36). Mostra que não era ele o alvo
e nem aquele que deveria ser realmente seguido;

3) Disse mais: “Importa que ele cresça, e que eu diminua” (João 3:30).
João trabalhava para enaltecer Jesus e glorificar a Deus com a sua vida e
ministério!

Em resumo, ele preparou, mostrou e saiu do caminho, no bom sentido da


palavra, deixando o espaço livre para Cristo, para que os holofotes fossem
direcionados apenas para o Senhor Jesus! O discipulador é tentado, na
maioria das vezes, a preparar o caminho, mostrar o caminho e a ficar no
caminho. Ele pode se tornar uma luz tão brilhante que, a exemplo dos
besouros, voam e batem na luz e caem no chão. Insistem em voar, mas a luz
os atrapalha. A maior alegria de um discipulador é ver o progresso do seu
discípulo, e não tê-lo como um concorrente. Deus nos deu diferentes dons, e
cada um se sairá melhor exercendo os seus dons. Matusalém viveu 969 anos
e ele só é lembrado por isso. Jesus viveu apenas 33 anos! O valor não está
necessariamente no tempo de vida, mas em como cada um viveu a vida no
seu tempo determinado.

Aquele que tem o cuidado de levar um parente aos pés de Cristo (João
1:40-42). As narrativas bíblicas pouco destacam André, mas registram dois
acontecimentos extraordinários na vida desse homem. João fala que foi
André levou o seu irmão, Pedro, a Jesus, logo depois de tê-lo conhecido. É
também João que menciona o seu nome como aquele que achou um menino
que tinha cinco pães e dois peixes (João 6:8). A maioria dos batistas e grande
parte dos evangélicos sabem quem foi Billy Graham. Entretanto, ele credita o
êxito do seu ministério à sua família, à sua equipe e a milhões de anônimos
que por ele oram no mundo todo.

Pedro foi um dos mais destacados entre os discípulos, mas foi o quase que
anônimo André que Deus usou para trazê-lo a Jesus. Em nossas estatísticas
pelo Brasil, temos descoberto que mais de 95% dos membros de nossas
igrejas foram levados a Jesus por pessoas conhecidas, ou seja, familiares e
amigos bem chegados. A família está em primeiro lugar como salvação nas
estatísticas. Você está orando e trabalhando para que membros de sua família
se convertam? Que tal parar agora e orar por seus familiares que ainda não
são crentes? Depois de mencionar seus nomes, diga em que condições se
encontram na sua vida espiritual.

Aquele que se importa realmente com os amigos (João 1:44-46). Outra


fonte geradora de pessoas salvas é o testemunho de pessoas aos seus
conhecidos, amigos e familiares. Infelizmente, pela ausência de um Programa
de Discipulado mais ativo nas igrejas, a chance que o novo convertido tem
para aprender mais da Palavra e se preparar para o batismo é mínima. Muitas
igrejas não dão o cuidado necessário para essa importante etapa, que é
relevante tanto para a igreja quanto para o novo convertido. Até fazem o
discipulado, mas fazem de forma bem rasa. Aparentemente, como via de
regra, as igrejas não possuem pessoas preparadas para fazerem o discipulado
nos lares dos novos convertidos. Logo após o batismo, recebem o desafio de
ganhar os seus amigos para Jesus. Aí ele declara que os seus amigos atuais já
são todos crentes, descartando assim toda a possibilidade de se deixarem
serem usados por Deus como cordas humanas, assim como está descrito em
Oséias 11:4. Deus declarou: “Eu os atraí com cordas humanas de amor, fui
para eles como que vos alivia o jugo, e me inclinei para os alimentar”.

Devemos ter o cuidado de nos atentarmos para isso: Deus quer e precisa
nos usar, principalmente no meio daqueles que desejam nos afastar por conta
da nossa nova fé. Contudo, nossas atividades esportivas e de lazer são feitas
com o pessoal da igreja. Também não frequentamos mais as festas dos
familiares, e o resultado disso é que matamos em nós mesmos um
missionário que poderia estar junto dos seus amigos e familiares, muito
disposto a ganhar pessoas para Jesus.

Dentro de pouco tempo ele se comportará como os demais da igreja, sem


evangelizar e sem discipular. Logo deixará de frequentar os cultos de oração,
e isso não faz parte das características de um discipulador ativo e propenso a
assumir o ministério de paternidade espiritual.

Se praticarmos o discipulado e crermos no poder que o Espírito Santo tem


para proteger os que estão sendo edificados na Palavra, a conquista de amigos
será abundante. Você está orando por alguns amigos e agindo
estrategicamente com eles, a fim de trazê-los a Jesus, amando-os e cuidando
para que isso ocorra com o maior sucesso possível? Lembrem-se dos seus
nomes e tenham também outro momento de oração, assumindo o dever diante
de Deus de trazê-los a Jesus. Isso é exercer amor e cuidado pelas almas que
Deus quer chamar para nós. Aqueles que cumprem essa obra se dispuseram a
viver segundo a vontade do Deus vivo, em nome de Jesus.
AMANDO E CUIDANDO DOS
ÓRFÃOS, VIÚVAS E
DESAMPARADOS
Não é difícil reconhecer que vivemos num mundo desamoroso. Referindo-
se ao tipo de pessoa que existiria “nos últimos dias”, o apóstolo Paulo
escreveu: “Haverá tempos críticos, difíceis de manejar. Pois os homens
serão amantes de si mesmos, sem afeição natural” (2 Timóteo 3:1-3).

O ambiente moral dos nossos tempos tem contribuído para a falta de


compaixão no coração de muitos. As pessoas estão cada vez menos
interessadas no bem-estar dos outros. Isso inclui, em alguns casos, até mesmo
os membros da sua própria família e da igreja. Isso afeta muitos que, em
razão de diversas circunstâncias, ficam carentes. O número de viúvas e de
órfãos cresce constantemente por causa de guerras, catástrofes naturais e do
deslocamento dos que procuram refúgio (Eclesiastes 3:19).

“Mais de 1 milhão [de crianças] ficaram orfanadas ou separadas da família


em resultado de guerra”, declara um relatório do Fundo das Nações Unidas
para a Infância. Existe um grande número de mães solteiras, abandonadas ou
divorciadas, que se veem confrontadas com a difícil tarefa de sobreviver e de
cuidar da família por conta própria. A situação é agravada pelo fato de alguns
países enfrentarem uma séria crise econômica, que faz com que muitos dos
seus cidadãos vivam em extrema pobreza, o que só piora a situação dessas
pessoas vivendo em viuvez e orfandade.
CUIDADO AMOROSO NOS
TEMPOS BÍBLICOS
Cuidar das necessidades físicas e espirituais das viúvas e dos órfãos sempre
foi uma parte integrante da adoração de Deus. Quando os israelitas colhiam
seus cereais ou suas frutas, não deviam recolher as sobras no campo, fazendo
eles mesmos uma respiga. A respiga devia ficar “para o residente forasteiro,
para o menino órfão de pai e para a viúva” (Deuteronômio 24:19-21). A Lei
de Moisés especificava: “Não deveis atribular nenhuma viúva nem o menino
órfão de pai” (Êxodo 22:22-23). As viúvas e os órfãos mencionados na
Bíblia representavam apropriadamente os mais pobres, visto que, devido à
morte do marido/pai, ou de ambos os genitores, os membros sobreviventes da
família podiam ficar sozinhos e desamparados. O patriarca Jó declarou: “Eu
salvava ao atribulado que clamava por ajuda, e ao menino órfão de pai e a
qualquer que não tinha ajudador” (Jó 29:12).
Nos dias iniciais da era cristã, cuidar dos aflitos e dos realmente
necessitados por causa da perda dos pais ou do marido era um aspecto que
distinguia a adoração verdadeira. O discípulo Tiago escreveu com vivo
interesse sobre o assunto: “A forma de adoração que é pura e imaculada do
ponto de vista de nosso Deus e Pai é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas na
sua tribulação, e manter-se sem mancha do mundo” (Tiago 1:27).

Além de mencionar órfãos e viúvas, Tiago mostrou também profunda


preocupação com outros que eram pobres e desamparados (Tiago 2:5-6, 15-
16). O apóstolo Paulo demonstrou ter uma preocupação similar. Quando ele e
Barnabé receberam sua designação de pregação, ‘lembrar-se dos pobres’ foi
uma das instruções que receberam. “Esta mesma coisa diligenciei também
fazer”, Paulo podia dizer de boa consciência (Gálatas 2:9-10). O relato sobre
as atividades da congregação cristã pouco depois do seu estabelecimento
menciona que “não havia nem mesmo um só necessitado entre eles, porque...
fazia-se distribuição a cada um, conforme tivesse necessidade” (Atos 4:34-
35). Deveras, o arranjo estabelecido no antigo Israel para cuidar de órfãos,
viúvas e desamparados, passou para a congregação cristã.

Naturalmente, a ajuda dada era modesta e estava em harmonia com os


meios de cada congregação. O dinheiro não era desperdiçado, e os que
recebiam ajuda realmente necessitavam dela. Nenhum cristão devia
aproveitar-se deste arranjo de modo impróprio, e não se devia impor um
fardo desnecessário à congregação. Isto era claramente evidente nas
instruções de Paulo em 1 Timóteo 5:3-16. Vemos que, se os parentes dos
necessitados podiam ajudá-los, então deviam assumir essa responsabilidade.
As viúvas necessitadas tinham de satisfazer certos requisitos para poder
receber ajuda. Tudo isso reflete no arranjo sábio do Senhor Deus para cuidar
dos necessitados. No entanto, revela também que é preciso usar de equilíbrio,
para que ninguém abuse da bondade demonstrada pelos fiéis a Deus.

“Porque, quando estávamos aí, demos esta regra: “Quem não quer
trabalhar que não coma. Estamos afirmando isso porque ouvimos dizer que
há entre vocês algumas pessoas que vivem como os preguiçosos: não fazem
nada e se metem na vida dos outros. Em nome do Senhor Jesus Cristo,
ordenamos com insistência a essas pessoas que vivam de um modo correto e
trabalhem para se sustentar. Mas vocês irmãos, não se cansem de fazer o
bem.”
(2 Tessalonicenses 3:10-13)

Dorcas, uma viúva que demonstrava muito amor e cuidado

No novo Testamento, o título de discípula foi utilizado pela primeira e


única vez por Lucas, o autor do livro de Atos, cujo termo foi atribuído a uma
mulher chamada Dorcas, numa época em que somente os homens eram
chamados de discípulos.

Ao ler essa passagem descrita em Atos 9:36-43, percebi que Dorcas


pregava as boas novas através de sua habilidade de costurar túnicas, que ela
distribuía generosamente para as viúvas e órfãos que moravam na cidade de
Jope. Por morar numa cidade costeira, muitos maridos e pais partiam em
viagens no mar, e muitos provavelmente não retornavam aos seus lares,
devido a naufrágios e mortes em alto mar. Havia muitas mulheres viúvas e
filhos órfãos totalmente desprovidos.

Dorcas era uma mulher com um coração cheio da graça divina, e ela uniu a
sua fé em Jesus com as obras. Se utilizou de seu dom de costurar para fazer
caridade, demonstrando o amor de Deus e, como resultado, as pessoas eram
acolhidas por ela, sendo discipuladas. Através de Dorcas, várias pessoas
receberam e conheceram Jesus. Imagino que era um discipulado com as
viúvas e crianças dentro de um processo natural, cultivado por uma aliança e
compromisso que Dorcas tinha com Deus. Aquelas pessoas eram atraídas
para Cristo.

Considero um exemplo marcante esta forma tão simples e linda de fazer


discípulos que Dorcas exercia. O texto diz que ela “adoeceu e veio a morrer”,
verso 37. Nos versículos seguintes, 38 e 39, é relatado que os discípulos
mandaram chamar a Pedro. Ele estava em uma cidade chamada Lida, muito
próxima de Jope, e prontamente os atendeu.

Ao chegar, Pedro foi conduzido ao cenáculo (o lugar em que Jesus realizou


a última ceia com os discípulos). “E todas as viúvas o cercaram, chorando e
mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com
elas” (verso 39). É admirável ver o fruto desse discipulado. As viúvas
estavam testemunhando para Pedro e mostrando o favor de Deus na vida
delas através dos feitos de Dorcas.

Por fim, Dorcas ressuscitou depois que Pedro orou por ela. O verso 41 diz
que Pedro chamou os santos e as viúvas, apresentando Dorcas viva.

O discipulado é muito mais que uma meta: envolve amor e compaixão


pelas vidas. Depois desse belíssimo exemplo, eu me lembrei de um
discipulado que realizei quando conheci duas crianças. Uma vez por semana
nos sentávamos em tijolinhos na frente de sua humilde casa na favela, e eu
simplesmente contava histórias da Bíblia a elas. Toda sua família também
conheceu a Jesus num trabalho que desenvolvemos na igreja em que
frequento. Para mim, aquilo foi algo simples e natural, e fez muita diferença
na vida daquelas pessoas. Assim como Dorcas, também podemos utilizar das
habilidades que temos para abençoar vidas.

A exemplo de Dorcas, como podemos ajudá-los?

Devemos buscar ter experiência em ajudar aos órfãos e viúvas, e até


acredito que os órfãos precisem ainda mais do nosso apoio do que as viúvas.
Não que elas não precisem! Todavia é fácil notar que é mais provável que os
órfãos se sintam mais rejeitados, assim como aqueles que vivem na angústia
da orfandade, como os adolescentes que têm pai e mãe, mas que são carentes
de afeto e de atenção. Essa falta de amor e cuidado pode gerar orfandade, por
isso nos convém identificar o problema, para que possamos ver como essas
pessoas estão depois das reuniões.

Há um irmão casado que ficou órfão quando era menino. Eu sempre o


cumprimento cordialmente nas reuniões, e ele sempre me abraça quando me
vê. Isso reforça os vínculos de verdadeiro amor fraternal. Sinto que ele não
me vê apenas como um irmão, mas como uma fonte de amor fraternal, uma
referência que há muito tempo ele não tem. Estou pensando seriamente em
trazê-lo para o hall dos meus filhos espirituais, para que eu possa o amar e
cuidar bem dele, embora ele seja um homem de uns 40 anos, casado e pai de
filhos jovens. Sinto uma carência muito expressiva e, quando nós
conversamos, ele se sente mais animado e seguro. Creio que seja o Senhor
Deus me mostrando mais um filho espiritual para o seu Reino, e eu estou
nessa com Cristo. “Eis-me aqui, Senhor! Envie-os a mim, estamos juntos até
o fim!”.

O Senhor cuida

Ter confiança em Deus e em sua Palavra é fundamental para lidarmos com


a situação das viúvas, dos órfãos e de todos os desamparados. Diz-se a
respeito dele: “Deus guarda os residentes forasteiros; alivia o menino órfão
de pai e a viúva” (Salmo 146:9).

Ao passo que se aproxima o fim do atual sistema de coisas, certamente


aumentarão as pressões enfrentadas pelos cristãos em geral (Mateus 24:9-13).
É preciso que os cristãos se preocupem mais uns com os outros e que tenham
“intenso amor uns pelos outros” (1 Pedro 4:7-10). Os homens cristãos,
especialmente os anciãos, precisam mostrar que se preocupam e se
compadecem dos órfãos. As mulheres maduras na congregação podem dar
muito apoio às viúvas, sendo uma fonte de consolo (Tito 2:3-5). Na realidade,
todos podem contribuir em mostrar ativamente que se preocupam com os que
passam por momentos difíceis.

Os verdadeiros cristãos não “fecham a porta das suas ternas compaixões”


ao “observar que o seu irmão padece, necessitado”. Esforçam-se ativamente a
acatar a admoestação do apóstolo João: “Filhinhos, amemos, não em palavra
nem com a língua, mas em ação e em verdade” (1 João 3:17-18). Portanto,
“cuidemos dos órfãos e das viúvas na sua tribulação” (Tiago 1:27).

“Amemos, não em palavra nem com a língua, mas em ação e em verdade”


(1 João 3:18), pois os verdadeiros discípulos de Cristo amam e cuidam bem
de órfãos e de viúvas de forma material, espiritual e emocional.

O povo de Israel vivia em tendas naquela época, e a maioria das pessoas


viviam nelas. Então, se o marido morria, era difícil para a viúva fazer todo o
serviço de plantar sozinha, e muitas vezes elas não tinham o suficiente para
comer por causa disso. O mesmo acontecia com os órfãos.

Muitas pessoas de outros lugares vinham morar com o povo de Deus: eram
os estrangeiros. Por serem estrangeiros, eles não tinham terra para plantar, e
por isto não podiam plantar para comer. Uma das regras que Deus deu, que
era muito importante, era para o povo não maltratar as viúvas, os órfãos e os
estrangeiros, mas alimentá-los, dar comida para eles. Não cuidar de uma
pessoa quando ela está precisando é o mesmo que maltratá-la. Deus é bom,
Deus é muito bom, cuida de todos e quer que todos sejam bem cuidados.

“O estrangeiro, o órfão e a viúva... comerão e se fartarão, para que o


Senhor, teu Deus, te abençoe...”
(Deuteronômio 14:29)

Existem viúvas, órfãos e estrangeiros na sua igreja hoje em dia. Os


estrangeiros talvez sejam aquelas pessoas que vieram de outra cidade e ainda
não conseguiram arranjar emprego. Se não tiver viúvas ou órfãos na nossa
igreja, que estão passando necessidade, será que existe alguém assim no
bairro, e nesse caso, o que podemos fazer para cuidar destes órfãos, viúvas ou
desprovidos?
Capitulo 16OS FRUTOS DA
DEDICAÇÃO
“Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e
libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça”
(Romanos 6:17-18)

Após a consolidação, o desafio é imprimir na vida do discípulo os ensinos


de Cristo. Para isso é necessário um relacionamento de confiança e
obediência aos preceitos transmitidos do discipulador ao novo discípulo.
Quando o discipulado é feito com excelência, alguns resultados começam a
se destacar. São eles:
Ter discípulos vivendo os seus ensinos e reproduzindo o seu
comportamento

“Tu, porém, tens observado a minha doutrina, procedimento, intenção, fé,


longanimidade, amor, perseverança”
(2 Timóteo 3:10)

Discipulado também é seguir de perto todos os passos dos nossos pais


espirituais e reproduzir fielmente os seus passos. Quando o nosso discipulado
é eficiente, um mais um é igual a três, pois a própria Palavra nos certifica
que: “Onde houver duas ou mais pessoas reunidas em Meu nome, EU ME
colocarei entre eles” (Mateus 18:20).
Para ser realmente eficiente, o discipulado deve ser feito com amor e ser
baseado na Palavra. Não deve haver outras vertentes que desfoquem o
discipulado, e esse é um cuidado que precisa ser tomado. Nossos discípulos e
nossos filhos espirituais passarão a desejar estar conosco e aprender muito
mais sobre Deus. Passarão até mesmo a desejar lutar as mesmas lutas que as
nossas, a abraçar os mesmos sonhos e terão a mesma fé e perseverança que
nos impulsiona e nos move a prosseguir na caminhada.

Ter discípulos exercendo ativamente os dons espirituais


“Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a
imposição das mãos do presbitério.”
(1Timóteo 4:14)

“Prega a Palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende,


exorta, com toda longanimidade e ensino. Porque virá tempo em que não
suportarão a sã doutrina, mas, tendo grande desejo de ouvir coisas
agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e
não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu,
porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um
evangelista, cumpre o teu ministério. Quanto a mim, estou já sendo
oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado, combati o
bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;
e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”
(2 Timóteo 4:2-8)

Uma das recompensas do discipulado ativo é termos discípulos exercendo


dons espirituais. Quando os preceitos são transmitidos e o discipulado ativo é
efetivado, quando o discípulo abre o coração à Palavra e passa a vivê-la, o
Espírito Santo começa a despertar dons espirituais, para que este discípulo
ativo passe a contribuir para a edificação e o crescimento da Igreja. O
discípulo começa a desenvolver aptidões para o trabalho na igreja, como o
amor e cuidado. Um discípulo inativo não traz vantagem nenhuma a uma
Igreja, exceto ser mais um na contagem de discípulos. Um discípulo ativo
ministerialmente é uma bomba contra o mundo das trevas, pois ele busca se
tornar um exímio soldado de Cristo. Passa a saquear o inferno em busca das
almas perdidas para povoar o céu, pois o seu único propósito é o Reino.
Ter discípulos frutíferos

“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens


fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.”
(2 Timóteo 2:2)

Por fim, todo aquele que se dispõe a exercer os seus dons irá ter frutos a
apresentá-los a Deus. Não qualquer tipo de fruto, mas frutos com qualidade
comprovada. Serão novos discípulos que serão consolidados e discipulados
com a mesma eficiência, e transmitirão a mensagem do evangelho adiante,
através do legado que lhe será transferido para que exerça a paternidade
espiritual sobre os seus filhos espirituais.

Ter sucessores

“Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da


minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé.”
(2 Timóteo 4:6-7)

A preocupação de Paulo em exortar Timóteo era porque ele sabia que o seu
ministério estava chegando ao fim. Alguém deveria substituí-lo, e não
poderia ser qualquer um, o discipulado de Paulo com Timóteo nos deixa claro
que a intenção era que este o substituísse. Um discipulador de excelência não
se preocupa somente com o presente, mas com o futuro. Paulo também
ensinou Timóteo a fazer sucessores (2 Timóteo 2:2). Fazendo sucessores, nós
partiremos, mas a Palavra do evangelho continuará sendo propagada através
dos discípulos que doutrinamos, aqueles filhos espirituais que geramos
mesmo em nossos momentos de atribulações. O próprio Paulo disse: “Meus
filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até Cristo ser formado em
vós” (Gálatas 4:19).

A Paternidade Espiritual é a arte de amar como Jesus nos amou.


Discipulado é investimento pessoal, é amor e cuidado em ação a qualquer
hora e em toda e qualquer situação. Exemplo: Jesus cuidando de Pedro (João
21:15).

A base do discipulado é o amor e o cuidado (1 Coríntios 16:14). Todos os


atos de um discipulador devem ter como base o amor e o cuidado. A
paternidade espiritual tem a linguagem do amor, pois ela só pode ser exercida
por alguém que é capaz de exercer o amor e cuidado sobre a vida dos seus
discípulos.

A maior arte é a de acreditar nas pessoas. Se você não acreditar, vai querer
selecionar e discipular só aquele que você acha que é bonzinho ou que te
convém.

Talmidim. Um menino judeu de 10 anos sabia os cinco primeiros livros da


Bíblia de cor. Com 14 anos, conhecia os livros de Gênesis a Malaquias, e
sabia a genealogia de Abraão até seu pai. O Talmud durava até os 30 anos do
rapaz. O maior prazer de um talmid é que, no final do dia, ele estivesse
coberto com as poeiras das sandálias do seu mestre.

Discipulado é a arte de trazer os improváveis para a mesa! Quer ser bem-


sucedido? Pare de olhar para a aparência, e comece a enxergar pelo coração.
O discipulado tem como alvo influenciar as pessoas para serem como Jesus
(Romanos 8).
O discipulado é a arte de transformar. O discipulado transforma as pessoas
desanimadas em líderes poderosos (Atos 11:24-26). O discipulado é a arte de
proteger! O discipulador tem que estar preocupado em proteger os discípulos.
EXERCENDO O AMOR
INCONDICIONAL
A palavra “amor” tem sido banalizada nos dias atuais. Dizemos que
amamos um sorvete da mesma forma como dizemos que amamos um amigo,
e até Deus. Mas o verdadeiro amor não é simples, como gostar de um sorvete.
Existem vários tipos de amor que podemos perceber na sociedade atual. A
linguagem grega na Bíblia diferencia este sentimento em termos específicos,
e apresenta três tipos de amor:

Amor por afinidade (PHILEO): quando gosta de alguém que é um parente,


amigo ou que faz parte do mesmo time, partido ou grupo social.

Amor por interesse (ÉROS): quando alguém procura prazer em troca da


afetividade, quando se gosta de alguém por algo que a pessoa tem ou faz.

Amor incondicional (ÁGAPE): um amor espiritual, capaz de fazer


sacrifício sem medir esforços, que se doa em prol do outro, independente de
receber algo em troca, e ainda aceita o próximo como é.

Durante seu ministério terreno, Jesus manteve uma residência em


Cafarnaum, a fim de pousar nos intervalos de suas viagens missionárias
(Marcos 2:1). A casa de Jesus foi o lugar onde um paralítico foi conduzido
por seus amigos para ser curado. Naquele ambiente, o amor estava
impregnado no ar. Certamente não existe exemplo maior de casa cheia de
amor e cuidado do que a casa do próprio Senhor Jesus. Aquela casa tinha
amor porque tinha Jesus, pois “Deus é amor” (1 João 4:8a).
Vamos refletir sobre algumas características do amor presente na casa de
Jesus, narrado no episódio da cura do paralítico.

O amor que atrai as pessoas

A casa de Jesus estava lotada de pessoas, não havia mais espaço para
entrar. As pessoas foram para lá não por causa de conforto ou qualquer
interesse, mas porque sentiam o amor que emanava naquele lugar e de Jesus.
A primeira característica do amor é que ele atrai pessoas. O amor tem uma
química que une corações. A palavra de Deus afirma que “ainda que eu fale
as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze
que soa ou como o címbalo que retine” (1 Coríntios 13:1). Não adianta ter
tudo e fazer muitas coisas, se faltar o amor.
Hoje vemos casas que têm muitos quartos com camas, uma televisão para
cada um, computador individual e até banheiros privativos. O grande
problema é que as pessoas se tornaram individualistas, não querem estar
juntas e muito menos dividir o que tem. Se você tem desejo de assumir uma
paternidade espiritual, você deve primeiro ter certeza de que você quer estar
junto de pessoas e viver cercado de um monte delas. Se você tiver Jesus na
sua vida, essas pessoas serão atraídas até você, pois o verdadeiro amor
aproxima, nunca distância!

O amor que exerce misericórdia

Mesmo quem não conseguia entrar na casa de Jesus dava uma espiada pela
janela ou porta para ver ou ouvir alguma coisa. Havia ali um homem
paralítico que não conseguia se aproximar. Quatro pessoas o ajudaram, em
uma demonstração de extremo amor e cuidado. O carregaram, levando este
paralítico até os pés de Jesus. Aqueles homens podiam ir ver Jesus sozinhos e
sem nenhum transtorno, não havia a necessidade de se preocuparem com
nada e nem ninguém, mas foram extremamente misericordiosos em ajudar
aquele homem impossibilitado, que a Bíblia retrata como paralítico.
Misericórdia significa olhar e se compadecer com a miséria alheia com o
coração (MISER = miséria + CORDIA = coração). Ter misericórdia de
alguém é sentir sua dor e se compadecer de seu sofrimento. É agir com
misericórdia, é ajudar até quem não merece, mas que precisa conhecer o
verdadeiro amor.

Não adianta dizer que ama alguém e não fazer nada. Por isso eu digo que
“o amor de fato requer um ato”, pois a Palavra nos adverte: “Ainda que eu
distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me
aproveitará” (1 Coríntios 13:3). Uma casa cheia de amor tem misericórdia
do próximo, sentindo suas dores. Você tem sentido misericórdia das pessoas?
O verdadeiro amor age através do cuidado ao se manifestar misericórdia.

O amor que vence barreiras

Aqueles homens não conseguiam ver uma passagem para levar o paralítico
até Jesus. Olhavam para um lado e para outro e não acharam caminho. Então
olharam para cima e tiveram a ideia de descobrir o telhado, e assim fizeram.
Com muito esforço descobriram a casa e subiram o paralítico pelo telhado,
descendo-o até onde estava Jesus.

O amor não vê apenas as dificuldades ou obstáculos, mas tem ousadia de


romper as barreiras. Se dissermos que amamos alguém, mas não temos a
disposição incondicional para quebrar as barreiras, então estamos enganando
a nós mesmos, pois está escrito: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e
conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé,
a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei” (I Coríntios
13:2). A melhor forma de vencer obstáculos é com muito amor, tendo o
cuidado para que o amor sempre vença.

Através da tecnologia e da ciência, a humanidade alcançou o espaço e


outros planetas, as profundezas dos oceanos e os quatro cantos da terra, mas
não consegue alcançar o coração de uma pessoa próxima. Conversamos com
pessoas que estão distantes por telefone, e-mail e redes sociais, mas
esquecemos muitas vezes de quem está perto e extremamente acessível a nós.

Amor que crê no impossível

Os amigos daquele paralítico acreditaram que ele poderia ser curado. O


próprio paralítico também acreditou. Todos estavam vendo apenas o
movimento de telhas e madeiras na cobertura. Talvez alguns pensassem:
“Eles vão acabar fazendo uma telha cair na cabeça do mestre”, mas o que
Jesus realmente enxergava era a fé, o amor e o cuidado que aqueles quatro
homens tinham por aquele paralítico. Para muitos aquilo seria impossível,
afinal, quem ousaria desmanchar o telhado da casa de Jesus? Porém, aqueles
homens, movidos de intima compaixão, não olharam para isso. Ficaram
focados na fé de que aquele paralítico seria curado assim que tivesse um
encontro face a face com Cristo.

A fé precisa ser colocada em prática, pois “a fé sem obras é morta” (Tiago


2:26). Ela tem que ser exercitada com amor e cuidado. A Palavra diz que o
verdadeiro amor “tudo crê” (1 Coríntios 13:7). Quando ninguém mais dessa
maneira nos constituímos em e parece não haver mais solução, lembre-se que
com amor você pode crer no impossível.
A Palavra de Deus ensina que “a fé atua pelo amor” (Gálatas 5:6), ou seja,
mesmo se tivermos fé, sem amor não conseguiríamos nada. O próprio Senhor
Jesus, quando curava através dos milagres, obtinha êxito porque sentia
grande amor pelas pessoas. Os apóstolos, quando viam pessoas padecendo,
eram movidos por íntima compaixão por aquelas vidas. O amor atuava
juntamente com sua fé, e milagres aconteciam. A igreja primitiva era cheia de
milagres, porque eles tinham amor pelas pessoas que acreditavam no poder
de Deus.
Se você estiver desacreditado em alguém ou numa situação, saiba que com
amor você pode acreditar no impossível!

O amor misericordioso

Aquele ambiente cheio de amor estava sendo sentido somente por pessoas
que já conheciam o verdadeiro amor, que é Jesus. Por isso os escribas não
conseguiam entender o que acontecia, julgando Jesus e o homem paralítico
(Marcos 2:6-8). Mesmo num ambiente cheio de amor, existem pessoas que
estão com seus corações endurecidos e que não sentem nada. Jesus anunciou
o perdão de Deus, que cura e restaura a alma. A maior dor daquele paralítico
não era nas suas pernas, mas sim na sua alma, por seus pecados.

O verdadeiro amor não julga os outros, porque o amor “não se alegra com
a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1 Coríntios 13:6). Ser julgado é
doloroso e machuca. Julgar é uma forma de odiar.
Lembrar-se dos erros só traz culpa e dor. Por isso, quem ama perdoa
quantas vezes forem necessárias (Mateus 18:2122). A mágoa se torna uma
ferida cancerígena, como uma “raiz de amargura que, brotando, vos
perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hebreus 12:15).
Quando nos aborrecemos com alguém, significa que amamos muito essa
pessoa. Se não amássemos, nem nos importaríamos com suas ações. Se você
precisa perdoar alguém que te ofendeu, saiba que o verdadeiro amor perdoa!

O amor que cura e levanta o caído

Jesus percebeu que estava perdendo tempo com discussões, e que precisava
manifestar seu amor na prática, levantando o homem caído. Nesta hora, Jesus
converteu toda sua ira pela dureza dos escribas, transformando-a em amor
que cura para restaurar aquela vida. Mas a ordem de Jesus parecia incômoda
para um homem que não andava há tanto tempo. Mesmo assim ele se
esforçou, e enfim conseguiu levantar.

Não podemos perder tempo com discussões e julgamentos, a Palavra nos


adverte que “a ira do homem não permite que se opere o poder de Deus”
(Tiago 1:20). Essas coisas acontecem para nos tirar do foco que é resgatar
vidas, pois, enquanto estamos aqui, discutindo sobre quem está certo e quem
está errado ou o que fazer, há vidas lá fora precisando ser curadas e
reerguidas. Existe uma ordem de Jesus que precisa ser obedecida: “IDE”
(Mateus 28:20). Jesus quer que você se levante imediatamente.
Quem ama não abre a ferida, mas traz bálsamo e alívio como remédio para
a dor do outro. Quando amamos, procuramos curar as dores do próximo, pois
“o amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se
ensoberbece” (I Coríntios 13:4). Se uma pessoa diz que te ama, mas não te
desafia a levantar, este não é o verdadeiro amor. Muitas vezes uma pessoa é
usada por Deus para te desafiar a se levantar, e você acha que essa pessoa
está sendo dura com você, mas esta é uma atitude de amor.
O amor que glorifica a Deus

Mais uma vez o clima do amor tomou conta da atmosfera na casa de Jesus.
Todos presenciaram a cura do paralítico. As pessoas começaram a dar glória
a Deus, exaltando o poder do amor. Naquele momento, toda discussão
acabou e começou o louvor ao Senhor. Não exaltaram os amigos que
carregaram o paralítico nem qualquer outra pessoa, mas somente deram
glória a Deus.
O verdadeiro amor sempre glorifica a Deus. As obras do amor trazem os
frutos do Espírito Santo (Gálatas 5:22). Quando alguém faz algo por amor,
não é para mostrar a si mesmo, porque o amor “não se conduz
inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se
ressente do mal” (I Coríntios 13:5).
Hoje vemos pessoas que dizem fazer caridade, mas que estão interessadas
apenas em mostrar sua bondade e até mesmo em receber descontos no
imposto de renda. Este não é o verdadeiro amor, pois o amor que vem de
Deus glorifica somente o Senhor, e não o homem. Se as pessoas não
reconhecerem o que você faz, não se importe, porque Deus reconhece o amor
que não se vangloria ou elogia a si mesmo. “Nada façais por partidarismo ou
vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a
si mesmo” (Filipenses 2:3).

A casa de Jesus é cheia de amor!

O Senhor Jesus quer estar em sua casa, para que ela seja cheia de amor. A
igreja também precisa estar cheia da presença de Jesus, e não do homem
apenas, para que o clima de amor predomine no meio dos irmãos. O amor foi
encarnado numa pessoa, que é o Senhor Jesus, portanto, uma casa ou igreja
só pode estar cheia de amor se estiver na presença de Cristo.
Eu desejo que a sua vida e o seu lar sejam cheios de amor, pois Jesus é o
amor que preenche corações!
COM O AMOR
Capitulo 18

ESFRIANDO, O CUIDADO VAI


SE ACABANDO
Diante de tantos conflitos familiares, da violência e da corrupção com a
qual frequentemente nos deparamos, muitos dizem: “Este mundo é
desumano! Não há mais amor, ninguém se responsabiliza mais por ninguém,
não há mais cuidado”. É sobre essa falta de amor e cuidado que quero falar
agora!

Há uma passagem bíblica que descreve um discurso de Jesus sobre o


futuro, esse que nós vivemos hoje. O Senhor Jesus disse: “A maldade
aumentará de tal maneira que o amor de muitos se esfriará” (Mateus 24:12).
Se olharmos para a sociedade, veremos que realmente não há mais amor. Se
olharmos para as famílias, veremos divórcios e filhos revoltados, se
drogando, se prostituindo, e até mesmo matando. Se olharmos para as
escolas, veremos professores desvalorizados e alunos sem expectativa de
melhora. Onde está o amor? Vemos muita manifestação de maldade e
nenhuma manifestação de amor.
Você sabe o que isso significa?
Significa que a maldade se multiplicou no coração dos homens. Sim, a
maldade cresceu dentro de mim e de você. A cada novo dia os sinais do fim
dos tempos e da volta do Senhor Jesus tornam-se mais intensos. Pais que
matam os seus próprios filhos para não pagarem pensão, autoridades que,
diante de uma epidemia como a da dengue, preocupam-se apenas com
questões burocráticas e encaram um número de mais de 50.000 infectados
com negligência, jovens que negociam suas próprias vidas, etc. Essas são
demonstrações claras do aumento da iniquidade na terra.
A Palavra de Deus afirma que, por aumentar a maldade, o amor de muitos
se esfriará, e esse tem sido o grande inimigo da igreja nos últimos dias. Ser
“gospel” tornou-se a última moda, o “crente” ocupa lugar nas novelas e nos
filmes, e a música evangélica alcança as paradas de sucesso seculares,
rendendo milhões e milhões de reais.
É como se Satanás tivesse percebido que facilitar as coisas surte mais
efeito do que perseguir, fazer com que o evangelho se tornasse algo natural
foi a estratégia adotada pelo inimigo. Não existe mais amor dentro das
igrejas. Os irmãos de igrejas estão matando seus próprios irmãos na fé, tudo
para ganhar lugares “altos” nos púlpitos, para atingir carreira ministerial.
Muitos dos nossos estão embarcando nesta “canoa furada”, e têm sido,
conforme diz a profecia, enganados pelos falsos profetas. Se não nos
atentarmos, cairemos no mesmo erro.

O mundo cria ao nosso redor uma estrutura funcional tão intensa que
acabamos por ignorar aquilo que é realmente importante. Fazemos isso em
prol de uma busca por satisfação pessoal e crescimento financeiro. As nossas
mensagens, que deveriam vir simplesmente repletas de amor, apontando para
o cuidado pelo Senhor e pelas pessoas, estão carregadas de uma enfatização
sobre prosperidade terrena, mundana e carnal. Aquilo que você pode
conquistar é muito mais importante do que aquilo que Cristo já conquistou.
As pregações dos dias de hoje não falam mais do Amor de Jesus, já não
fazem menção ao amor e cuidado ou à salvação. Os apelos depois do culto já
não existem mais dentro das igrejas, pelo menos não com a frequência que
deveriam existir.

Precisamos vigiar e ver se o fogo do primeiro amor ainda está aceso em


nossos corações. Não sabemos mais em quem confiar dentro das igrejas, já
não existe amor da parte de pastores, líderes e missionários. Tudo gira em
torno do interesse próprio de cada um. A palavra divina, através do Espírito
Santo de Deus, fica aonde? Esquecida? Por que não podemos pregar a
verdade? Porque, se os membros ouvirem a verdade, certamente não
frequentariam mais os cultos, não entregariam seus dízimos na casa de Deus.
A sociedade em si, tem se distanciado a cada novo dia da presença de
Deus. Os filhos não conversam mais com os seus pais durante o jantar em
família ou em um passeio, apenas conversam com os pais através de redes de
relacionamentos sociais (WhatsApp, Facebook, Twitter e outras mais). Onde
esperamos chegar com isso? Já estamos neste nível tão elevado com a falta de
amor e cuidado uns com os outros. Não existe mais respeito com Deus, com a
Fé, com o seguimento cristão e com a família.
Precisamos orar mais. Precisamos nos preparar para podermos ganhar essa
guerra entre o bem e o mal. Para isso, é necessário que as pessoas orem mais,
buscando a Deus verdadeiramente e confiando Nele, e não nos homens.
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus
24:12). Temos visto, no meio dos cristãos, várias ações que demostram falta
de amor para com o Senhor e para com o nosso próximo. Temos visto, em
nosso meio, pessoas levantando falso testemunho contra aquele que é seu
irmão, e isso é abominação aos olhos do Senhor, como está escrito em
Provérbios 6:16-19.
Temos visto irmãos praticamente sem olhar para outros irmãos, dizendo
que somente se suportam. A Palavra de Deus jamais apoiou ou apoiará isso,
está escrito: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar
a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Efésios 4:2-3).
“Suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa
contra outro; assim como o Senhor vos perdoou,
assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o
vínculo da perfeição”
(Colossenses 3:13-14)

Temos sido conduzidos e condicionados pela mídia a viver de uma forma


em que apenas a nossa vida e as nossas dificuldades são as mais importantes.
O que aprendemos é que devemos ser felizes, mas temos deixado de lado o
amor e o cuidado para com o nosso próximo. Não é regra, graças a Deus, mas
a maioria dos cristãos já não sofrem mais por uma alma perdida. Quando
vemos imagens de pessoas subnutridas, sofrendo perseguição, morando em
locais sem nenhuma condição de higiene, etc., nos emocionamos e até
prometemos ajudar de alguma forma, mas os dias passam e voltamos a cuidar
apenas das nossas vidas, nos esquecemos das nossas promessas.

Chegamos ao absurdo de ouvir “cristãos” apoiando a pena de morte em


nosso país. Vemos outros “cristãos” apoiando o aborto. Vemos pais
“cristãos” que não educam seus filhos sob luz da Palavra, e os deixam
entregues à própria sorte, e permitem todo o tipo de rebeldia. Esses pais não
sabem falar “não” aos exageros e absurdos dos filhos, e com isso vemos uma
geração individualista e de difícil convívio. Isso é falta de amor. Um dia,
nossos filhos crescerão e ouvirão muitos “nãos” em sua caminhada, e
sofrerão com isso. A Palavra de Deus nos diz o seguinte: “Aquele que poupa
a vara aborrece a seu filho; mas quem o ama, a seu tempo o castiga.”
(Provérbios 13: 24).
Ainda na questão familiar, quantos casamentos de “cristãos” estão
acabando em separação, com o motivo de “não haver mais amor”?
Precisamos entender que amor é prática. Quanto mais amamos, mais
desejaremos amar, e o contrário também é verdadeiro. O amor não é um dom
de Deus, o amor em nossas vidas é uma consequência, um dos frutos do
Espírito Santo, conforme está escrito em Gálatas 5:22.
Infelizmente, existem muitas outras ações que nós praticamos e que
indicam falta de amor e cuidado, ou que mostram que nosso amor está
esfriando, fazendo com que o cuidado se acabe e, com isso, corramos sérios
riscos. Está escrito: “Se possível for, enganariam até os escolhidos” (Mateus
24:24).

Creia que somos os escolhidos do Senhor para fazer a diferença nesta terra.
Somos chamados de luz do mundo e sal da terra, embaixadores do Reino,
filhos de Deus, mais que vencedores e tantos outros adjetivos, que cabem
para aqueles que receberam Jesus Cristo em suas vidas como único Senhor e
suficiente Salvador. Vamos tomar posse das nossas responsabilidades no
Senhor e fazer discípulos, amando e cuidando bem um do outro, tratando uns
aos outros bem e fazendo com que o amor de Deus seja visto e sentido por
todos aqueles que nos cercam. Devemos fazer isso começando por nós
mesmos, nos disciplinando sob a luz da Palavra, mudando o nosso interior
para que possamos estar aptos para toda a boa obra.
Tudo o que vemos fora é resultado do que há dentro de nós. Por isso é
tolice realizar muitas obras externas na tentativa de melhorar as pessoas e
situações se não cuidarmos de nós primeiro. Devemos entender que Deus é
amor, mas, se somos filhos, também temos esse amor para dar! Somente
Deus é capaz de destruir a maldade, mas, se somos filhos legítimos, também
seremos capazes de destruir o que é mal. Somente Deus transforma o coração
do homem, mas, se somos verdadeiros discípulos ativados pelo amor e
cuidado pelo próximo, também temos essa condição de promover
transformação através do nosso testemunho de amor e cuidado. Devemos
cooperar com Ele, dizendo “eis-me aqui!”.

Capitulo 19
DEMONSTRANDO UM AMOR
PERSISTENTE
A persistência pode ser tanto uma virtude (quando se fala de alguém que é
perseverante, firme, constante) quanto um defeito (quando se refere a alguém
teimoso, que persiste no erro). Quando falamos que Deus ama de modo
persistente, queremos dizer que, apesar dos nossos pecados, o Senhor Deus
nos ama incondicionalmente. Ele persiste em nos amar, pois Ele é fiel e, para
comprovar isto, gostaria de mencionar um exemplo.
JESUS AMOU SEUS DISCÍPULOS ATÉ O FIM

Esse foi o testemunho de João, o evangelista. João menciona que, antes da


festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de deixar a
convivência com os discípulos, amou-os até o fim. (João 13:1). O
interessante é que não é Jesus quem diz que amou seus discípulos até o fim,
mas alguém que provou desse amor, e que dá testemunho do amor
perseverante de Jesus pelos seus.

A palavra fim, do grego “tel-os”, na sua origem significava “o ponto


culminante, onde termina uma etapa e começa outra”. Depois, a palavra veio
a significar “o alvo, o fim, maduro, completo, perfeito”. No nosso contexto,
entendo essa palavra de duas formas.

Jesus amar seus discípulos até o fim significa que Jesus os amou enquanto
esteve com eles, até a etapa final do seu ministério terreno, antes de sua
ascensão. Pois é isto que João enfatiza no primeiro verso. Sabendo Jesus que
era chegada a sua hora de passar deste mundo para viver com o Pai, tendo
amado seus discípulos que estavam no mundo, amou-os até o fim.

Amar até o fim também significa que Jesus os amou com um propósito
aperfeiçoador. Em João 17:23, Jesus ora para que seus discípulos fossem
aperfeiçoados em unidade, pois Jesus esperava que eles atingissem o alvo,
que chegassem até o fim, permanecendo em unidade, não apenas consigo
mesmos, mas principalmente Nele.
Amar até o fim, em João 13, significa que Jesus queria que eles fossem
aperfeiçoados em humildade, pois é isto que os versos seguintes indicam.
Jesus vai lavar os pés dos seus discípulos, dando-lhes um grande exemplo de
humildade. A humildade está ligada a servir aos outros, e era uma virtude
ainda difícil de ser cultivada na mente dos discípulos. Nos outros evangelhos
há relatos de brigas entre eles para saber quem era o maior. Jesus, mais uma
vez, tenta corrigir essa falha no caráter dos seus discípulos, como prova do
seu amor persistente por eles.

“Qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu
discípulo.”
(Lucas 14:33)
Não tenho escondido isso de ninguém. Ao contrário, tenho deixado bem
claro que o discipulado não é para qualquer um. Ele custa um preço muito
alto, e o seu preço é alto porque você está mergulhado em pecado, porque a
cultura que o rodeia e exerce pressão sobre você é maligna, e também porque
as potestades do ar têm certo poder e encobrem a verdade. Deixe-me falar
com toda franqueza: se você ama os seus familiares e a si mesmo mais do que
ao Senhor, não poderá ser Seu discípulo. Se você não estiver pronto para
morrer como eu morri, não pode ser discípulo do Senhor. Se você não quiser
deixar tudo o que tem, não pode ser discípulo.

Não pretendo desanimá-lo, só quero lhe dizer a verdade. Não se esqueça de


tantos outros, ontem e hoje, que deixaram isso e aquilo para segui-lo.
Lembre-se de Tiago e João, de Pedro e André, de Mateus e Paulo. Todos
deixaram tudo para serem seus discípulos, assim como Ele também deixou
tudo em benefício de nós.

Se Jesus deixou tudo por amor a mim, o que me resta se não deixar tudo
por amor a Ele?
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar
boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos
presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e
proclamar o ano da graça do Senhor.”
(Lucas 4:18-19)
O Espírito do Senhor estava sobre Jesus para que se cumprisse a profecia
descrita no livro de Isaías. Toda a autoridade foi dada a Ele para que três
pontos importantes fossem executados:

01) Anunciar as boas novas do evangelho a todas as criaturas;

02) Libertar os cativos e oprimidos, e fazer deles discípulos do Senhor;


03) Dar vista aos cegos, físicos e espirituais.

É claro que Jesus também curou muitos cegos físicos, libertou cativos e
alimentou pobres, mas essa Palavra se refere a algo mais profundo. Refere-se
a uma cegueira espiritual, a uma prisão exercida pelo reino das trevas na vida
daqueles que não conhecem a Cristo, e fala de uma pobreza de espírito que
faz separação entre o homem e o Pai celestial.

“Então, Jesus aproximou-se deles e disse; Foi-me dada toda a autoridade


no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os
a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até
o fim dos tempos.”
(Mateus 28:16-20)

Toda essa autoridade que Jesus recebeu diretamente do


Pai, foi repartida com todos nós antes da sua ascensão aos céus, quando
claramente deixou-nos esta ordem: “Vão e façam discípulos!”
(Mateus 28:16-20)

Essa grande comissão que nos foi dada foi uma palavra de ordem, dita no
imperativo, e é a missão de todo verdadeiro cristão, pois todos nós somos
frutos desta palavra. Alguém, um dia, cumpriu essa ordem em nossas vidas,
pregando, orando, jejuando e exercendo essa autoridade deixada por Jesus,
para que fôssemos amados, bem cuidados e salvos.

Um verdadeiro cristão não é simplesmente aquele que frequenta uma


instituição, mas sim aquele que se permite ser discipulado, ou seja,
disciplinado pela Palavra. Isso dói, pois nos expõe diante de nossos próprios
erros e defeitos de caráter moral, e é assim que o Senhor exerce o seu amor e
cuidado sobre nós: nos exortando e nos repreendendo segundo os princípios
da sua Palavra.

Nos prestamos a apenas aquilo que queremos ou gostamos de ouvir ou


fazer, mas ser discipulado exige muito mais que apenas ouvir a Palavra. Ser
discipulado é se submeter à disciplina do amor e do cuidado, segundo os
princípios da Palavra.

“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,


bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”
(Gálatas 5:22)

Somente aqueles que receberam os frutos do Espírito Santo são capazes de


viver a plena alegria, amor e paz. Somente esses são capazes de se deixar
discipular por Cristo através do amor e cuidado.

Para exercer o ministério do amor e cuidado, é preciso empenho e


persistência no doar-se. O amor deve ser exercido de maneira incondicional,
de forma que as pessoas sejam impactadas com o amor com o qual você as
trata.

O tratamento no qual se envolve o amor e o cuidado é muito forte, vai na


contramão da orfandade imperadora, confrontando-a e destronando-a da vida
das pessoas. O amor expulsa a orfandade e coloca-se em seu lugar, deixando
nítida a garantia convicta de que o Pai das luzes o convocou para se tornar
filho autêntico através de Jesus Cristo, a Palavra da salvação.
Devemos assumir as nossas posições de homens e mulheres de Deus e
exercer o legado que Ele atribuiu a nós. Devemos executar o discipulado
ativo através da arte da paternidade espiritual, que é amar e cuidar. Mesmo
sabendo que o amor de muitos já esfriou, não deixemos que o nosso se esfrie
também! Sejamos fiéis até o fim.
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