Ambiguidade em Tirinhas PDF
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SOUSA-PB
2016
ANA ODILIA MARQUES ESTRELA DE ABRANTES
SOUSA-PB
2016
ANA ODILIA MARQUES ESTRELA DE ABRANTES
BANCA EXAMINADORA
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Presidente: Sayonara Abrantes de Oliveira Uchoa
Orientador – IFPB
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Examinador (a): Maria Leuziedna Dantas
Docente -IFPB
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Examinador (a): Henrique Miguel da Silva Lima
Docente - UEPB
A minha família, fonte de inspiração. Sem eles
não teria trilhado esse caminho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que permitiu realizar um sonho que fora interrompido e hoje
concretizado, ser professora de Língua Portuguesa com muito orgulho e dedicação.
Enfim, a todo o corpo docente do Curso de Licenciatura em Letras - IFPB, pela brilhante
maestria, competência e disponibilidade de conduzir um curso de alto nível, em pleno sertão
da Paraíba.
The present paper discusses the importance of the study of ambiguity as semantic
phenomenon, mobilized in the construction of the comic genre in schools textbook of the
Portuguese Language. Considering the school challenges in making competent readers and
knowing the difficulties encountered regarding to the various possibilities of interpretation
that may emanate from a word or phrase, we aim to highlight the importance of ambiguity of
study as support for language teaching, in context, with the contribution of strip text gender.
We emphasize that the mobilization of comic strips, in textbooks, can contribute to the
teaching / learning process of students in a pleasant and dynamic way, improving their
reading skills, as well as expanding its interpretive horizon. The corpus of this work consists
of activities involving clippings strips in textbooks of English Language of the 9th grade of
elementary school that are analyzed in the light of Lexical Semantics and reading theories. It
consists, therefore, of an exploratory research, qualitative approach, charcterized primarily as
literature, since analyzes strips constructed from the ambiguity of phenomena and how these
are exploited by textbook in favor of the teaching of reading. To develop the proposed work,
we based our study in theoretical experts as Cançado (2012), Celso (2008), Henriques (2009),
Ilari (2006), among others. Finally, we will reflect on the construction of meaning in comic
strips and their mobilization in the textbook in order to draw the reader's attention and
develop the reading skill. Thus, this study contributes to the establishment of new directions
reflective of the treatment of ambiguity phenomena in textbooks.
FIGURA 1: TIRINHA 1 19
FIGURA 2: TIRINHA 2 21
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12
1.1 Gênero Textual: Tirinha 12
1.2 Ambiguidade: Polissemia X Homonímia X Vagueza 14
1.3 O lugar do Gênero Tirinha no Livro didático de Língua Portuguesa 17
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 24
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25
10
INTRODUÇÃO
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nessa relação, a leitura do gênero tirinha exige uma interação profunda entre
leitor e texto para que seja possível a construção dos sentidos. Requer, pois,
um trabalho linguístico-cognitivo que envolva diferentes habilidades de
leitura. (UCHOA, 2015, p.100)
Pelo exposto, fica evidente que a leitura do gênero tirinha exige do leitor a
capacidade de explorar diversos significados e, estando presente a ambiguidade como
recurso semântico mobilizado em prol da construção dos sentidos, faz da leitura deste
gênero uma atividade complexa. Diante deste aspecto, passaremos a discutir os
fenômenos citados.
1º) Ambiguidade causada pela polissemia de uma palavra: Ex.: “Em rio que
tem piranha, jacaré nada de costas.” A possibilidade de mais de uma
interpretação está no uso de palavras como “piranha” e “jacaré” com sentidos
ou além daqueles que apontam para o peixe e para o réptil, sucessivamente;
2º) Ambiguidade causada por anáforas ou catáforas de múltipla interpretação:
Ex.: “O gavião comeu o pardal em seu ninho.” Bem, ninho de quem? Do
gavião ou do pardal? O problema está no fato de que a palavra “seu”,
anafórica aqui, pode retomar tanto “gavião” como “pardal.”
3º) Ambiguidade pela possibilidade de múltipla interpretação estrutural: Ex.:
“Meu avô cuidou da planta doente.” A pergunta é: quem está doente? O avô
enquanto cuidava da planta ou a planta cuidada pelo avô? O problema está no
fato de que a palavra “doente”, numa estrutura como esta, pode funcionar
tanto em relação a “planta” como em relação a “avô.” (FERRAREZI
JÚNIOR, 2008, p. 180)
Com relação à homonímia, Cançado (2012) expressa que este fenômeno ocorre
quando os sentidos da palavra ambígua não são relacionados, como no item lexical
“manga” que pode designar uma fruta, parte do vestuário, terceira pessoa do presente do
indicativo do verbo mangar, entre outros sentidos.
Outro fenômeno, que também apresenta indeterminação semântica, é a vagueza,
que pode ser definida como aquele que “ocorre quando o uso de uma palavra gera casos
duvidosos de aplicação a certos seres ou situações” ( MOURA, 2001, p. 113).
Sobre esse fenômeno, Ferraz (2014) apud Uchoa (2015) esclarece que ocorre a
vagueza quando o emprego de um termo gera sentidos cuja aplicação é duvidosa, por
não haver um limite preciso de sua aplicabilidade. Como exemplo, podemos citar o
caso do adjetivo “bom” que denota uma propriedade que não se pode medir, pois não
existe um padrão que caracterize algo ou alguém como bom.
Vale salientar que o estudo da ambiguidade como ferramenta para o ensino de
leitura é de fundamental importância, pois direciona a abordagem da língua para algo
mais palpável e dinâmico voltada para o seu uso real. Ou seja, a compreensão e o
funcionamento da língua à luz da Semântica Lexical e das teorias de leitura permitem
por parte dos interlocutores uma interpretação que esteja relacionada em sentenças que
foram propositadamente, ou não, construídas para permitir horizontes interpretativos
relacionados aos muitos sentidos das palavras ou expressões de uma língua.
É, pois, dentro desse escopo sobre as diversas possibilidades de interpretação
que podem emanar de uma palavra ou expressão que analisaremos, a partir do livro
didático de Língua Portuguesa, as propostas de atividades organizadas a partir de
fenômenos de ambiguidade.
17
TIRINHA 1
TIRINHA 2
A este respeito, Cançado (2012, p. 71) nos relata que “a homonímia ocorre
quando os sentidos da palavra ambígua não são relacionados”. Consiste, pois, em um
fenômeno muito significativo que ressalta a complexidade da língua quando
encontramos uma palavra que tem significados diferentes.
Pelo exposto, encontramos um mesmo item lexical “ponta”, porém cada item
com sentidos diferentes. No 1º quadrinho, ao fazer essa afirmação, o personagem dá um
tapa na nave. Com isso, a ponta da nave cai no chão, mostrando que ela não apresenta
condições tão avançadas assim, portanto, ativando o gatilho do humor por meio dos
scripts acionados pelo léxico.
No referido livro didático, a ambiguidade está sendo apresentada no sentido
mais amplo sob o conceito de ser um VÍCIO DE LINGUAGEM, incentivando o aluno a
compreender a ambiguidade como um “erro” linguístico, o que pode ser um equívoco,
tendo em vista que, em tirinhas, a ambiguidade é usada como recurso para enriquecer o
texto e provocar o humor.
Ao passo em que a ambiguidade é mobilizada como recurso humorístico,
também é apresentada como um problema da construção, exemplificado por meio de
atividades que levam o aluno a perceberem um vício da língua, remetendo a um erro e
revelando com isso uma visão prescritiva da língua.
Tal fato demonstra uma fragilidade do livro didático na hora de abordar a
semântica, quase sempre desvalorizada pela maioria dos autores, pois ela pode auxiliar
os alunos a aprimorarem a competência leitora.
A esse respeito, Oliveira (2008, p. 165) afirma que:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES. Irandé. Território das palavras: estudo do léxico em sala de aula. São
Paulo: Parábola Editorial, 2012.
FERRAREZI JR., Celso. Semântica para a educação básica. São Paulo: Parábola
Editorial, 2008.