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2 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Ficha Técnica:
Titulo: Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino
Secundário Geral em Moçambique
Autores: Ana Wamir da Conceição, Ana Paula Luciano Camuendo, Armindo Rúben Mon-
jane,
Alexandre Albino, José Gopa e Pita Sitoe
Editora: EDUCAR-UP
Capa e Maquetização: Mélio Tinga
Número de registo: 8655/RLINLD/2016
Ano de publicação: 2016
Maputo
ISBN: 978-989-97081-1-2
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 3
INDICE
PREFÁCIO........................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................11
CONCLUSÕES E SUGESTÕES...................................................................................................................61
4.1. Conclusões................................................................................................................................... 61
4.2. Sugestões.................................................................................................................................... 61
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................64
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................62
DADOS DOS AUTORES.................................................................................................................... 76
4 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
LISTA DE GRÁFICOS
do aluno? --------------------------------------------------------------------------------------------31
11. Houve diversificação das tarefas obedecendo aos níveis cognitivos, psicomotor-
21. Existem materiais didácticos na sua escola para leccionar os conteúdos de EA?--54
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 5
LISTA DE TABELAS
6 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
PREFÁCIO
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 7
AGRADECIMENTOS
Ao Magnífico Reitor da UP, Prof. Doutor Rogério Uthui, à Directora do CEPE, Prof.
Doutora Stela Mithá Duarte e a Prof. Doutora Hildizina Dias pela aceitação do projecto e
pelo apoio prestado;
Às Direcções Provinciais e Distritais de Educação de Nampula, Zambézia e Maputo
Província e Maputo Cidade pela facilitação dos trâmites legais;
Aos Directores, Directores Adjuntos-Pedagógicos e aos professores das Escolas Se-
cundárias de Nampula, Zambézia, Maputo Província e Maputo Cidade pela facilitação na
recolha de dados;
Ao dr. Virgílio, actualmente docente na Delegação de UP-Niassa, pela colaboração no
processamento de dados;
A todos que directa ou indirectamente contribuíram para a concretização deste pro-
jecto, o nosso muito obrigado.
8 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
RESUMO
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 9
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
EA Educação Ambiental
UP Universidade Pedagógica
10 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental (EA) constitui-se numa forma abrangente de educação, que se propõe
atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo e permanente que procu-
ra desenvolver no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. Actualmente,
são comuns a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça
indiscriminada e a redução ou mesmo destruição dos habitats faunísticos, além de muitas outras formas de
agressão ao meio ambiente.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação
à Natureza, no sentido de promover e assegurar uma gestão responsável dos recursos do planeta, de
forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo, atender às necessidades
das gerações actuais. Um programa de EA para ser efectivo deve promover, simultaneamente, o
desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e habilidades necessárias à preservação e melhoria da
qualidade ambiental. Assim, a aprendizagem será mais efectiva se for considerada a situação real do
meio em que o indivíduo vive.
Nesta perspectiva, a EA deve ser considerada como parte integrante da Educação para o De-
senvolvimento Sustentável (EDS), tal como a Educação para a Cidadania, a Educação Inter-cultural
e a Educação para a Paz.
Apesar de se reconhecer a necessidade da implementação de medidas políticas e tecnológicas
que promovam mudanças de comportamentos e atitudes em prol da sustentabilidade, sabemos que
a educação desempenha igualmente um forte contributo na mudança que se deseja. Assim, a EDS
tem de ser vista, essencialmente, como um processo de “aprender para mudar”, uma aprendizagem
sobre como tomar decisões, considerando o futuro da economia, da ecologia e da igualdade de todas
as comunidades a longo prazo (Tilbury & Podger, 2004).
Actualmente, vivemos num era marcada pela competição em várias áreas da vida e por pro-
gressos científicos e tecnológicos característicos da sociedade moderna. Os problemas globais que
hoje enfrentamos implicam que os cidadãos das gerações futuras sejam capazes de estabelecer in-
terligações entre diferentes assuntos, definindo novas exigências para o aluno do ensino secundário,
pois deve-se formar alunos competentes que possam fazer face aos novos desafios. Neste contexto,
a EA como tema transversal, auxilia no desenvolvimento de competências que levam os alunos a
reflectirem, problematizarem, intervirem e a transformarem a sua realidade por forma a contribuir
para a melhoria das condições de vida.
Com esta pesquisa, pretendemos avaliar o processo de implementação da componente Ed-
ucação Ambiental como tema transversal no 1o ciclo do Ensino Secundário Geral, a partir das per-
cepções dos professores, dos alunos e dos directores das escolas, com vista a contribuir para o desen-
volvimento da consciência ambiental dos alunos e professores e consequente melhoria da qualidade
de ensino-aprendizagem.
Justificativa
A Universidade Pedagógica (UP) é uma instituição pública de ensino superior que forma pro-
fessores para todo o ensino (infantil, primário, secundário, especial, técnico, profissional e superior)
e técnicos para as áreas educacionais e outras áreas afins (cultural, social, económica, desportiva,
entre outras). Neste âmbito, estudar a problemática da abordagem de EA como tema transversal no
1º ciclo do ESG é de extrema importância, porque não só contribuirá para a melhoria da qualidade
nesse nível de ensino, como também contribuirá para a melhoria da qualidade de formação de fu-
turos professores na UP, através da reflexão sobre as políticas educativas adoptadas para a imple-
mentação dos diferentes temas transversais nos vários níveis, com especial destaque para o ESG.
Deste modo, o desafio que se coloca a UP e as escolas é de incrementar uma EA que seja crítica
e inovadora, em dois níveis - formal e não-formal. Neste sentido, a EA deve ser, acima de tudo, um
acto político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva de
acção holística que relaciona o homem, a Natureza e o universo, tomando como referência os recur-
sos naturais que se esgotam. Nesta perspectiva, os temas de EA devem desenvolver um conjunto de
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 11
competências que permitam ao aluno identificar os recursos da sua comunidade, promover o uso
sustentável dos recursos disponíveis e propor formas de mitigação dos problemas ambientais da sua
comunidade. Uma pesquisa neste âmbito poderá contribuir para que os alunos aprendam mais sobre
questões ambientais e também, pode ajudar aos professores a melhorarem as suas práticas de ensi-
no, com ênfase nas questões ambientais locais e globais que preocupam as comunidades e o mundo.
Problematização
As políticas ambientais e os programas educacionais relacionados à consciencialização sobre
a crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores que ultrapassam a mera
aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis.
A EA deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas
formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária. Isso pressupõe a for-
mulação de novos objectos de referência que conceituam, principalmente, as mudanças de atitudes.
A EA nas escolas deve sensibilizar o professor e o aluno para que construam colectivamente o
conhecimento por meio de estratégias pedagógicas de mudança de mentalidade. Segundo Libâneo
(1994), o papel do professor no processo educativo deve ser o de buscar os instrumentos pedagógicos
que possibilitem uma prática eficaz e inovadora, sendo o processo de ensino uma actividade conjun-
ta de professores e alunos, com a finalidade de promover as condições e meios pelos quais os alunos
assimilam activamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções.
Deste modo, a participação dos professores em actividades ambientais depende da sua for-
mação profissional e interesse pela temática, sendo um constante desafio a sua actualização ped-
agógica e científica. Neste contexto, a dinâmica e as características da escola, as condições de tra-
balho do professor, bem como a falta de domínio das estratégias de abordagem dos conteúdos de
EA, aliado a fraca articulação entre as diferentes disciplinas afins constituem entraves no desen-
volvimento da consciência ambiental dos alunos. Assim, torna-se não só relevante, mas também
pertinente a criação de estratégias locais para a abordagem da componente EA na escola. Para tal,
os professores necessitam de literatura apropriada ao tema, material didáctico, formação adequada
e grupos de apoio capazes de auxiliarem a implementação das diferentes estratégias plasmadas nos
documentos normativos.
Objectivos
Objectivo Geral:
Avaliar o processo de implementação da componente Educação Ambiental como tema trans-
versal no 1o ciclo do Ensino Secundário Geral, a partir das percepções dos professores, dos alunos e
dos directores das escolas.
Objectivos Específicos:
1. Identificar as formas de abordagem dos conteúdos de EA no ESG;
2. Comparar as formas de abordagem dos conteúdos de EA nas escolas das zonas rurais e ur-
banas;
3. Verificar o nível de conhecimentos dos alunos no que concerne aos aspectos locais de EA;
4. Propor estratégias para ensinar e aprender EA no 1o ciclo do ESG.
Questões Científicas
Como é feita a abordagem da componente EA no 1º ciclo do ESG?
Que diferenças existem em termos de abordagem da componente EA nas escolas das zonas
ruais e das zonas urbanas?
Que conhecimentos sobre os aspectos de EA locais e globais possuem os alunos 1º ciclo do
ESG?
Que estratégias podem ser adoptadas para abordagem da EA como tema transversal na escola
moçambicana?
12 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Hipóteses
1. H2. Não existe nenhuma diferença na abordagem dos conteúdos de EA como tema transver-
sal no 1º ciclo do ESG as zonas urbanas, peri-urbanas e rurais;
2. H3. Os alunos apresentam um fraco domínio dos conteúdos sobre EA nos aspectos locais e
globais;
3. H4. As estratégias da abordagem da EA como tema transversal podem ser: campanhas de
sensibilização e plantio de árvores, palestras, elaboração de projectos, concursos entre escolas, ex-
cursão, debates, exposição, produção de material de divulgação e propaganda.
O trabalho contempla um total de 3 capítulos. No capítulo I é apresentada a revisão de literatura,
no qual é descrito o conceito de EA, sua importância para o desenvolvimento de consciência ambi-
ental dos alunos, bem como as estratégias da sua abordagem no processo de ensino-aprendizagem.
No capítulo II são descritos e justificados os procedimentos metodológicos utilizados na pre-
sente pesquisa. O capítulo III incide sobre as inovações do currículo do ESG e na análise dos progra-
mas das disciplinas de Português, História, Geografia, Física, Química e Biologia. Este capítulo inclui
a apresentação e discussão dos resultados da pesquisa. Na parte final, apresentam-se as conclusões
e sugestões. Por último, é apresentada a bibliografia, os apêndices e os anexos.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 13
CAPITULO I: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo são abordados os seguintes temas: Conceito de EA, Consciência ambiental em
Moçambique, Novos paradigmas da EA, Importância da EA; Estratégias de abordagem da EA nas
escolas, Transversalidade e interdisciplinaridade na abordagem de EA, Constrangimentos e desafios
relativos a EA nas escolas moçambicanas.
14 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
1.2 Consciência ambiental em Moçambique
Desde a revolução industrial, o homem desenvolveu uma noção equivocada de que ele pode
controlar o meio. Mas estamos, enfim, descobrindo a realidade de que vivemos em um sistema fecha-
do, finito e que existem consequências para as nossas acções: o lixo acumulado polui a água e atrai
vectores de doenças, o esgoto despejado nos rios mata peixes e inviabiliza a captação para uso huma-
no, o ar poluído pelos nossos carros afecta o desenvolvimento das crianças, entre outras. A lista das
consequências é infinita e, em geral, maléfica à própria existência do homem (Jacobi, 2005).
A preservação do meio-ambiente é uma atitude responsável na utilização dos recursos naturais
e é um factor preponderante para que possamos coexistir com a Natureza e com a biodiversidade.
A sustentabilidade ambiental não é apenas um factor de diferenciação, mas o único caminho para a
continuidade da humanidade como a conhecemos. Assim, a consciencialização é importante e fun-
damental porque é a partir do conhecimento dos perigos e riscos que podemos tomar atitudes.
Deste modo, a consciencialização ambiental de massa só será possível com a percepção e o en-
tendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. Mas, se nada for feito de forma
rápida e efectiva, as próximas gerações serão prejudicadas duplamente, pelos impactos ambientais
e pela falta de visão da nossa geração em não explorar adequadamente os nossos recursos naturais.
Nesta perspectiva, a escola é fundamental para a formação social do homem e, actualmente, é
de primordial importância que a escola promova informações ambientais que geram maior conheci-
mento às gerações futuras. Então, é fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades
e adopte posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção
de uma sociedade justa, num ambiente saudável (Cassol, 2009).
Assim, os conteúdos ambientais incorporados nos programas de todas as disciplinas no 1o ciclo
do ESG e contextualizados com o quotidiano da comunidade procuram ajudar os alunos a terem uma
visão integral do mundo em que vivem. Para que a inter relação seja atingida com êxito, a EA deve
ser abordada de forma sistemática e transversal no ESG, assegurando a interdisciplinaridade nos
programas de todas as disciplinas e nas actividades escolares, tanto nas instituições educacionais
públicas como privadas. Desta forma, torna-se de suma importância a conscientização ambiental
dos alunos, dos professores e da comunidade por forma a evitar-se novos prejuízos ao ambiente.
Como vemos, ainda hoje, o exemplo é a melhor maneira de se ensinar e um professor deve ter
consciência da responsabilidade que recebe ao se expor numa sala, diante dos seus alunos. É impor-
tante que as crianças aprendam que a responsabilidade é de todos, que os actos de cada um reflectem
sobre o futuro de toda a humanidade. Isso é importante até mesmo para diminuir o sentimento de
impotência que às vezes atinge aos alunos.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 15
legiam, por um lado, o enfoque biocêntrico e, por outro, a complexidade. É da fusão destes enfoques
que a EA constrói um novo modelo educativo coerente. Esse paradigma considera que a EA assume
uma visão crítica ao retrato que se encontra actualmente, pois privilegia a fragmentação e a superfi-
cialidade, carente de profundidade em conteúdo humano, transcendente e vital. Diante da necessi-
dade complexa de se pensar o mundo, a Geografia, Química, Biologia, etc, como sendo ciências que
se dedicam as compreensões da relação da Natureza com a sociedade, têm sua gama de contribuições
para este novo paradigma de EA.
16 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
ente imediato, relacionado a exemplos de problemas actualizados.
Neste sentido, Monjane et al (2010), afirmam que a EA, como tema transversal, pode ser im-
plementada através de acções concretas tais como:
• Realização de excursões com vista a aliar a teoria e a prática;
• Realização de palestras sobre aspectos ambientais (questões em discussão nos Mídias);
• Elaboração de matérias de divulgação e propaganda de aspectos ambientais;
• Campanha de plantio de árvores para fins energéticos nas zonas rurais;
• Criação de jardins de plantas para fins medicinais;
• Promoção de concursos entre escolas sobre a poupança de energia e uso sustentável da água;
• Promoção de palestras sobre o uso de fruteiras nativas para nutrição do homem e a importân-
cia das mesmas para a conservação da biodiversidade;
• Divulgação, através de posters e exposição da regra de 3R´s;
• Promoção de acções de compostagem nas comunidades.
Deste modo, a escola ao propor o desenvolvimento do currículo escolar voltado para a questão
ambiental, deve proporcionar a participação de todos no processo de sua construção e execução,
tendo os alunos como sujeitos do processo. Os conteúdos precisam ser revistos para que os mesmos
convirjam entre as disciplinas de forma interdisciplinar.
Na perspectiva de Monjane et al. (op. cit.) a EA precisa ser entendida como uma importante
aliada do currículo escolar na busca de um conhecimento integrado que supere a fragmentação, ten-
do em vista o conhecimento e a emancipação.
Implementar a EA nas escolas tem-se mostrado uma tarefa exaustiva. Existem grandes dificul-
dades nas actividades de sensibilização e formação, na implementação de actividades e projectos e,
principalmente, na manutenção e continuidade dos já existentes.
Para Andrade (2000), factores como o tamanho da escola, número de alunos e de professores
predispostos em passar por um processo de treinamento, podem servir como obstáculos à imple-
mentação de EA, dado que esta não se dá por actividades pontuais, mas por toda uma mudança de
paradigmas que exige uma contínua reflexão e apropriação dos valores que remetem a ela.
Segundo Dias (1992) a Conferência de Tbilisi realizada em 1977 já demonstrava as preocu-
pações existentes a esse respeito, mencionando, em um dos pontos da recomendação nº 21, que
deveriam ser efectuadas pesquisas sobre os obstáculos inerentes ao comportamento ambiental, que
se opõem às modificações dos conceitos, valores e atitudes das pessoas.
Diante de tantas pistas para uma implementação efectiva da EA nas escolas, evidentemente,
“posicionamo-nos por um processo de implementação que não seja hierárquico, agressivo, com-
petitivo e exclusivista, mas que seja levado adiante, fundamentado pela cooperação, participação
e pela geração de autonomia dos actores envolvidos” (Andrade, 2000:20).
Assim, projectos impostos por pequenos grupos ou actividades isoladas, geridas por apenas
alguns indivíduos da comunidade escolar – como um projecto de colecta selectiva no qual a única
participação dos discentes seja deitar o lixo em latões separados, envolvendo apenas um professor
coordenador – não são capazes de produzir a mudança de mentalidade necessária para que a atitude
de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resíduos sólidos se estabeleça e transcenda para além do
ambiente escolar.
Portanto, deve-se buscar alternativas que promovam uma contínua reflexão que culmine na
mudança de mentalidade sobre EA, pois apenas dessa forma conseguiremos implementar, nas nos-
sas escolas, a verdadeira EA, como actividades e projectos não meramente ilustrativos, mas fruto da
ânsia de toda a comunidade escolar em construir um futuro no qual possamos viver num ambiente
equilibrado, em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com nossos semelhantes.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 17
da experiência educacional.
Segundo Fazenda (2008), as discussões sobre a interdisciplinaridade surgiram na Europa,
especialmente na França e na Itália, em meados da década de 1960, num período assinalado por
movimentos estudantis que, dentre outras reivindicações, exigiam um ensino mais sintonizado com
as questões de ordem social, política e económica da época. Esta autora refere, ainda, que a interdis-
ciplinaridade teria sido uma resposta a tal reivindicação, na medida em que os grandes problemas da
época não poderiam ser resolvidos por uma única disciplina ou área do saber.
A interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX, pela necessidade de dar resposta à frag-
mentação das Ciências subdivididas em várias disciplinas. Ela foi elaborada visando restabelecer um
diálogo entre as diversas áreas do conhecimento (Klein, 2001).
Neste contexto, a interdisciplinaridade exige uma nova pedagogia, a da comunicação, cabendo
ao professor articular a teoria e a prática de forma integrada. No caso da disciplina de Química, ela
visa interligar os conhecimentos adquiridos nesta disciplina com os conhecimentos de outras disci-
plinas como a Física, a Matemática, a Biologia e outras.
Nesse sentido, Lück (1994) define a interdisciplinaridade como um processo que envolve a
integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do
currículo escolar com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objectivando a for-
mação integral dos alunos para que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão
global do mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos e globais da realidade actual.
No contexto educacional, aumentam os debates em torno da questão da interdisciplinaridade,
pois há uma necessidade emergente de integrar as disciplinas e de contextualizar os conteúdos de
ensino de forma mais significativa. Em virtude disso, o termo interdisciplinaridade está cada vez
mais presente em referênciais teóricos, nos documentos oficiais e no próprio vocabulário dos profis-
sionais da educação.
Contudo, a construção de um trabalho verdadeiramente interdisciplinar no contexto educa-
cional e na prática educativa moçambicana, seja no ESG ou no ensino superior, ainda encontra mui-
tas dificuldades. Assim, do ponto de vista de elaboração do conhecimento, a interdisciplinaridade
corresponde a uma nova consciência da realidade, a um novo modo de pensar, que resulta da recipr-
ocidade e integração entre diferentes áreas de conhecimento, visando a produção de novos saberes
como já foi referido. Nesta perspectiva, integrar conteúdos não é suficiente, é preciso uma atitude de
busca, envolvimento, compromisso e reciprocidade diante do conhecimento.
Para Adams (2006), a interdisciplinaridade significa uma prática que rompe com barreiras
disciplinares, onde cada um possa apontar suas contribuições sobre um determinado assunto que
seja trabalhado em todas as disciplinas, a ponto de possibilitar uma visão global sobre o que estiver
sendo trabalhado e estudado, possibilitando uma aprendizagem significativa e abrangente. No en-
tanto, esta integração não pode ser pensada apenas a nível de conteúdos da disciplina de Química,
mas basicamente a nível de conhecimentos parciais e específicos de cada área, tendo em vista um
conhecimento global.
Neste sentido, os desafios da ciência e da tecnologia contemporâneas exigem, cada dia mais,
um diálogo constante e profundo com os campos do saber. O nosso mundo complexo e interligado
apresenta inúmeros problemas também complexos e interligados. Tanto a Ciência quanto a socie-
dade reclamam uma compreensão e intervenção integradas. Nessa perspectiva, as práticas interdis-
ciplinares já se tornaram uma condição do avanço da Ciência, sendo necessário e urgente encontrar
estratégias que permitam a colaboração em áreas afins.
Neste entendimento, Fazenda (2008) reforça a ideia de que a interdisciplinaridade é uma
questão de atitude do professor frente ao conhecimento e ao processo de ensino. Essa atitude pode
ser expressa em habilidades para exercer trocas com outros professores e integrar as disciplinas em
projetos comuns. Segundo esta autora, um dos preceitos, na prática pedagógica interdisciplinar, é a
parceria, isto é, a relação entre os professores que deve ocorrer no contexto das interações entre as
disciplinas. Actualmente, têm estado a surgir novas ciências resultantes da integração dos diferentes
saberes. Um exemplo de uma ciência interdisciplinar é a oceanografia, que se dedica ao estudo dos
processos biológicos, físicos, geológicos e químicos que se dão nos oceanos e nos mares.
18 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Deste modo, o processo de cooperação entre as disciplinas, que não é necessariamente um pro-
cesso recente, refere-se essencialmente à superação dos obstáculos científicos colocados aos pesqui-
sadores quando confrontam objectos abrangentes que requerem a superação da compartimentação
tradicional das ciências para a sua abordagem. Por outras palavras, a interdisciplinaridade é uma
abordagem metodológica que consiste na busca sistemática de integração das teorias, dos instru-
mentos e das fórmulas de acção científica de diferentes disciplinas, com base numa concepção mul-
tidimensional dos fenómenos.
Assim, a interdisciplinaridade permite a coexistência de sistemas funcionais na heterogenei-
dade, que por sua vez leva a abertura e interacção dialógica das disciplinas como um todo. Esta nova
maneira de encarar o mundo implica uma formação do indivíduo que vá ao encontro destas inter-
acções no quotidiano escolar, o que exige por sua vez professores preparados para a sua consecução.
1.6.2. A transversalidade
Temas transversais são temas cujo estudo exige uma abordagem particularmente ampla e di-
versificada, que tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas co-
munidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São discutidos em diferentes
espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas, confrontando posicionamentos diversos tan-
to em relação a intervenção no âmbito social mais amplo quanto a actuação pessoal.
Segundo Sato (2005) os temas transversais são questões urgentes que interrogam sobre a vida
humana, a realidade que está sendo construída e que demanda transformações macro-sociais e ati-
tudes pessoais
Na abordagem dos temas transversais não se pode ter uma perspectiva disciplinar rígida, pois
eles não constituem disciplinas a incorporar no currículo e não devem também ser considerados el-
ementos “intrusos” que vêm sobrecarregar os conteúdos das disciplinas ou os professores. Os temas
transversais não constituem disciplinas, mas devem premear toda a prática educativa e isso exige um
trabalho sistemático, abrangente e integrado ao longo dos cursos (Gardner et al, 2000).
Porém, devido ao seu caráter inovador ao nível da educação, a introdução destes temas deve
ser cuidadosamente programada em conjunto pelas várias disciplinas dos cursos e deve se ter o cui-
dado de não assumir os temas transversais como algo que é comum a todos, correndo o risco de não
serem assumidos por ninguém.
Deste modo, os temas transversais referem-se às questões contemporâneas de relevante in-
teresse social, que atingem, pela sua complexidade, as várias áreas do conhecimento. Estes exigem
uma planificação colectiva e interdisciplinar, além da identificação dos eixos centrais do processo de
ensino-aprendizagem, para a elaboração de propostas educacionais (Oliveira, 2005). Neste sentido,
o sector de educação assume um papel de relevo na formação do cidadão do amanhã. Por isso, foram seleccionados
alguns temas que, pela sua pertinência e abrangência, constituem questões que preocupam a socie-
dade e que, pela sua natureza, não pertencem a uma área ou disciplina.
No PCESG apresentam-se os seguintes temas:
-Cultura de paz, direitos humanos e democracia;
-Género e equidade;
-Saúde reprodutiva (Educação Sexual, ITS, HIV/SIDA);
-Saúde e nutrição;
-Prevenção e combate ao álcoo, tabaco e outras drogas;
-Ambiente e uso sustentável dos recursos naturais;
-Desestres naturais (cheias, seca, ciclone, sismo);
-Segurança rodoviária;
-Preservação do património cultural;
-Identidade cultural e moçambicanidade (INDE, 2007:32).
No que concerne a integração nos programas de ensino, estes temas foram acomodados re-
speitando-se as especificidades das diferentes áreas, de tal maneira que cada disciplina aborda as-
pectos de conhecimento e/ou desenvolvimento de valores. Contudo, alguns temas têm mais afini-
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 19
dades com determinadas disciplinas curriculares do que outras. Deste modo, toda a comunidade é
chamada a elaborar e participar na organização de actividades com vista ao desenvolvimento das
competências previstas para cada um dos temas propostos. Assim, a leccionação destes temas acima
apresentados exige ainda que se faça uma reflexão conjunta dos conteúdos a serem abordados e as
respectivas estratégias.
Nesta sentido, a integração é uma operação pela qual são tornados interdependentes difer-
entes elementos inicialmente dissociados, com vista a fazê-los funcionar de uma maneira articulada
em função de um determinado objectivo. Assim, quando se aborda o termo integração, pensa-se
naturalmente na integração de pessoas de diferentes culturas, raças, idades, etc. Pensa-se também
na integração de pessoas deficientes no ensino comum, no meio profissional. Neste contexto, inter-
essa-nos a integração no sentido pedagógico que consiste no aprendiz articular os diferentes saberes
visando mobilizá-los na prática em uma situação de aprendizagem interdisciplinar.
Constrangimentos e desafios relativos a Educação Ambiental nas escolas moçambicanas.
O principal desafio com relação à EA é a forma como essa educação é pensada e realizada no
nosso país. Desse modo, o maior desafio é rever as estratégias de implementação da EA por esta, na
maioria das vezes, estar desconectada com as realidades sociais, políticas, económicas, ecológicas e
éticas dos alunos.
Em relação às ações, o que vem sendo dito desde 1972 (Conferência de Estocolmo) precisa
continuar sendo dito. Há que se insistir nos processos de mudança de paradigma, não há outra alter-
nativa. As poucas mudanças conseguidas foram estruturadas por esse processo contínuo, insistente
e persistente de sensibilização das pessoas e de suas corporações. São sementes jogadas ao vento,
poucas chegam a germinar, mas germinam.
A EA enfrenta grandes desafios como o de “inserir-se no coração das práticas escolares a
partir de sua condição de transversalidade” (Sato, 2005). Embora a transversalidade venha em
consonância com as propostas elaboradas pelos próprios educadores, ela encontra desafios. Os ed-
ucadores são diariamente desafiados em implantar essa temática em suas aulas, a EA pode tanto
ganhar significado de estar em todo lugar, como também, de não pertencer a lugar nenhum.
Um outro, desafio que a EA enfrenta é a interdisciplinaridade, que procura estabelecer cortes
transversais entre as disciplinas assim como uma interação entre elas.
A formação de professores em EA possui uma grande dimensão que vai muito além dos objec-
tivos programáticos dos cursos e metodologias de capacitação. Essa formação molda a identidade
pessoal e profissional do educador.
Segundo Jacobi (2005) a relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez
mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais cada
vez mais complexos e riscos ambientais que se intensificam. Ele também acrescenta que é necessário
repensar as práticas sociais e o papel dos educadores na formação de um “sujeito ecológico”. Embora
a implantação do debate ambiental encontre alguns obstáculos, vale ressaltar que muito tem sido
feito por parte das políticas públicas como também pelos educadores para a inserção da mesma na
escola e na sociedade em geral.
A EA como um tema transversal desempenha um papel fundamental na consciêncialização dos
indivíduos enquanto cidadãos activos na preservação do meio ambiente. Deste modo, é desejável
que durante o processo de ensino-aprendizagem os professores utilizem estratégias que auxiliem os
alunos a mudar o seu comportamento em relação à natureza, no sentido de promover e assegurar
uma gestão responsável dos recursos do planeta, de forma a preservar os interesses das gerações
futuras e, ao mesmo tempo, atender as necessidades das gerações actuais.
Assim, após a análise dos aspectos relativos a implementação de conteúdos de EA ambiental,
passamos para o capítulo de metodologia, que consiste na apresentação dos procedimentos de recol-
ha e análise de dados.
20 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
CAPÍTULO II: METODOLOGIA
Este capítulo visa apresentar e justificar os procedimentos utilizados na recolha de dados, que
decorreu entre Junho a Julho de 2011, nas províncias Nampula, Zambézia, Maputo- Cidade e Mapu-
to-Província. Assim, neste capítulo é descrita a área de estudo e as aulas observadas, caracterizadas
as escolas onde decorreu a pesquisa e analisados os programas de ensino.
2.1.Área de estudo
O estudo foi realizado nas províncias de Nampula, Zambézia e Maputo Cidade e Maputo
Província. Em cada uma das províncias trabalhou-se com quatro escolas seleccionadas de forma
aleatória, duas da zona urbana e duas escolas da zona rural, totalizando 12 escolas.
Na Província de Maputo foram envolvidas quatro (4) escolas duas das quais na Cidade de
Maputo e duas dos distritos (Moamba e Manhiça). Na Província da Zambézia trabalhou-se com
quatro escolas (4), sendo duas da cidade de Quelimane, e duas dos distritos (Gurué e Namacurra).
Na Província de Nampula foram envolvidas também quatro (4) escolas, sendo duas da Cidade de
Nampula, duas dos distritos (Muecate e Rapale) de acordo com as tabelas que se seguem (tabelas
1, 2 e 3). Com este procedimento pretendia-se verificar as formas de abordagem de EA como tema
transversal e comparar a sua forma de lecionação nos dois meios.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 21
identificar as formas de tratamento dos conteúdos de EA no 1o ciclo do ESG; comparar as formas de
abordagem dos conteúdos de EA nas escolas das zonas rurais e urbanas.
Para atingir os objectivos previstos na pesquisa, foi feita análise de documentos normativos,
Plano Curricular do Ensino Secundário Geral (PCESG) e programas de ensino (PE); realizadas en-
trevistas semi-estruturadas a doze directores e/ou seus adjuntos pedagógicos e efectuada a obser-
vação de duas aulas em cada disciplina, Português, História, Geográfia, Física, Química e Biologia,
totalizando 144 aulas, com o objectivo de identificar as estratégias de abordagem dos conteúdos e
compreender a dinâmica do processo de ensinar e aprender EA no 1o ciclo do ESG. Por questões
éticas só foram observadas aulas de professores que, depois de serem informados dos propósitos da
pesquisa, assim o consentiam.
A abordagem quantitativa baseia-se numa lógia dedutiva, onde os dados são passiveis de ser
transformados em número e sendo a amostra representativa em termos estatísticos, permitindo as-
sim, a generalização dos números (Mcmillan & Schumacher, 2010 e Kumar, 2011). Nesta perspecti-
va, foi aplicado um questionário a 312 alunos da 10ª classe, sendo 26 em cada escola, com a finalida-
de de avaliar o nível de conhecimentos dos alunos no que concerne aos aspectos globais e locais de
EA. Os dados obtidos foram objecto de análise estatística através de programas como SPSS e Excel,
que permitiram apresentar frequências das respostas dadas pelos alunos e professores em tabelas e
gráficos.
Assim, os participantes deste estudo constituem uma amostra não probabilística propositada,
pois a selecção da amostra foi feita de acordo com as necessidades impostas pelos objectivos do es-
tudo (Gall et al., 2003).
22 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RE-
SULTADOS DA PESQUISA
Neste capítulo faz-se a apresentação e discussão dos resultados da pesquisa. Assim, este capí-
tulo apresenta três secções que fazem análise das inovações curriculares no ESG e suas implicações
no processo de ensino-aprendizagem, das aulas observadas, das entrevistas semi-estruturadas aos
directores das escolas e, também analisa os questionários aplicados aos professores.
Com vista a atingir estes propósitos, o novo currículo apresenta algumas inovações, designa-
damente, introdução de disciplinas de carácter profissionalizante, ciclos de aprendizagem, ensino
-aprendizagem integrado, integração de conteúdos de interesse local, introdução de línguas locais
moçambicanas, abordagem dos temas transversais e actividades co-curriculares.
A análise, feita ao PCESG cingiu-se nos temas transversais através da abordagem dos conteú-
dos de EA. Os temas transversais inclusos no plano curricular, foram seleccionados pela sua perti-
nência e abrangência e sua integração no currículo, visando desenvolver um conjunto de competên-
cias dos alunos que lhes permitam reflectir, problematizar, intervir e transformar a realidade em
que se encontram inseridos. O PCESG orienta que o tratamento destes temas deve mobilizar toda a
comunidade escolar, instituições ou organizações a comprometerem-se colectivamente na formação
dos alunos. Neste sentido, a leccionação destes temas exige que se faça uma reflexão conjunta dos
conteúdos a serem abordados e as respectivas estratégias. É neste contexto que a pesquisa procurou
avaliar o nível de implementação dos temas sobre EA nas diferentes áreas de conhecimento, pois o
estudo dos conteúdos dos temas transversais não se esgota no ambiente da sala de aula, devendo ser
extensivo a outros espaços menos formais. Para tal, os professores têm de promover a aprendizagem
integrada através da planificação conjunta na sala de aulas e fora.
Neste estudo fez-se uma análise dos conteúdos sobre a EA, com principal enfoque para suas
estratégias de abordagem.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 23
Assim, todos os programas do 1º ciclo do ESG apresentam uma introdução geral na qual tra-
çam-se as linhas orientadoras do currículo, que se assentam em quatro pilares que são: Saber Ser,
Saber Conhecer, Saber Fazer e Saber viver juntos e com outros. Ainda nesta breve intro-
dução abordam-se os desafios da escola, que consistem em preparar os jovens para vida.
A abordagem transversal das competências gerais e dos temas transversais também é enfatiza-
da e ainda neste item indicam-se as Línguas do ESG, sendo o português a língua oficial, mas também
constam as línguas Moçambicanas e as línguas estrangeiras, Inglês e Francês.
Assim, foram objecto de análise as seguintes disciplinas: Português, História, Geografia, Físi-
ca, Química e Biologia, escolhidas de forma aleatória. Importa referir que, a análise cingiu-se nos ob-
jectivos, a estrutura/organização, as competências, ao plano temático e as sugestões metodológicas
com vista a contribuir para uma melhor compreensão e implementação dos temas sobre EA.
Usar a língua portuguesa para adquirir e divulgar conhecimentos sobre os deveres, direitos
e liberdades;
O Plano Temático apresenta-se sob a forma de uma tabela, constituída por: objectivos especí-
ficos, conteúdos, competências básicas e carga horária. As sugestões metodológicas e os indicadores
de desempenho apresentam-se fora da tabela.
No 1º ciclo (8ª, 9ª e 10ª classes), os programas abordam conteúdos das seguintes tipologias
de textos: Textos Normativos; Textos Administrativos; Textos Jornalísticos; Textos Multiusos; Tex-
tos Literários e Textos de Pesquisa e Organização de Dados. Todas estas tipologias contemplam um
subtema designado funcionamento da língua no qual abordam-se aspectos gramaticais. Estes
contemplam também temas transversais e em relação a este aspecto, importa referir que a tipologia
24 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
de textos multiusos possui temas transversais de EA - desastres naturais: cheias para a 8ª classe;
desastres naturais: cheias e seca para a 9ª classe e desastres naturais: sismos para a 10ª classe.
Os programas de História são constituídos por uma introdução onde se declara que os conteú-
dos foram reorientados para uma abordagem centrada em África em geral e Moçambique em parti-
cular em relação aos programas anteriores. Também pode-se encontrar nos programas de História,
as competências gerais, os objectivos gerais do ciclo, a visão geral dos conteúdos do 1º Ciclo do ESG,
os objectivos de aprendizagem da História em cada uma das classes do 1º ciclo, a visão geral dos con-
teúdos da disciplina de História em cada uma das classes do 1º ciclo, a carga horária por trimestre, o
plano temático, as sugestões metodológicas, os indicadores de desempenho e a avaliação.
• Desenvolver nos alunos o amor pela pátria e a consciência de fazer parte de uma so-
ciedade.
Na 8ª classe são abordados conteúdos sobre: A História como Ciência; A Origem e Evolução do
Homem; A Diferenciação Social e a formação de Estados; As Relações Sociopolíticas na Europa e na
África entre os Séculos V e XV.
E por fim, na 10ª classe os conteúdos são sobre: As contradições Imperialistas dos finais do
Século XIX até final da Primeira Guerra Mundial; O Mundo entre as duas Guerras Mundiais; A Se-
gunda Guerra Mundial e o Movimento de Libertação Nacional; e O Mundo entre a Confrontação e o
desanuviamento.
Estes programas de História, tal como outros, abrem espaço para os temas transversais, que
deverão ser integrados ao longo da planificação das unidades temáticas e para complementar a abor-
dagem dos temas transversais recomenda-se os alunos a realizarem actividades co-curriculares.
Os programas de Histórias não abordam directamente aspectos de EA, mas podem aproveitar-
se certos conteúdos para explorar esta temática na abordagem de temas transversais.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 25
3.1.4. Programa de Geografia
Os programas de Geografia no 1º ciclo do ESG foram elaborados com o objectivo fundamental
de ampliar e consolidar os conhecimentos adquiridos no Ensino Básico. Esta disciplina contribui
para o desenvolvimento da consciência nacional, a solidariedade e a compreensão em relação a ou-
tros povos do mundo, combate ao obscurantismo e desenvolve a ética ambiental.
Os programas de Geografia são constituídos por uma introdução na qual afirma-se que o pro-
cesso de ensino- aprendizagem de conteúdos desta disciplina deve ter como centro o aluno, tornan-
do-o parte activa da aula. Depois encontram-se os conteúdos programáticos da respectiva classe,
as competências gerais a desenvolver no ciclo, os objectivos do 1º ciclo, a visão geral do 1º ciclo, os
objectivos da disciplina, a visão dos conteúdos para a respectiva classe, o plano temático no qual en-
contram-se as sugestões metodológicas e os indicadores de desempenho para cada unidade temática
e a bibliografia básica.
Na 8ª classe estuda-se a Geografia Física Geral que versa conteúdos sobre: A Terra no Uni-
verso e A Terra e suas Esferas. Na 9ª classe estuda-se a Geografia Humana Geral onde abordam-
se os conteúdos: População, Agricultura e Pecuária, Indústria e Comércio, Turismo, Transportes e
Comunicações e Cidades. E na 10ª classe aborda-se a Geografia de Moçambique que versa sobre os
conteúdos: Geografia Física de Moçambique, Geografia Económica de Moçambique e Moçambique
e a SADC.
Nas sugestões metodológicas consta que os professores têm que educar os alunos para a ne-
cessidade de participarem em acções concretas com vista a conservação e preservação dos recursos
naturais podendo-se destacar: recolha e reciclagem de material usado como por exemplo, papel,
garrafas, plásticos e latas, plantio de árvores e limpeza do recinto escolar, entre outros.
Em suma todos os programas de Geografia do 1º ciclo abordam conteúdos sobre a EA, propor-
cionando experiências e conhecimentos práticos aos alunos.
No concernente a avaliação recomenda-se aos professores que esta assuma um carácter for-
mativo, acompanhando a evolução do aluno ao longo das aprendizagens, diversificando as formas
da sua realização.
26 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
3.1.5. Programa de Física
O ensino de Física é introduzido na 8ª classe e oferece aos alunos os elementos essenciais do
quadro físico do mundo.
Em relação aos objectivos gerais, pretende-se que a aprendizagem da Física no ESG contribua
para a formação de uma cultura de ciência e tecnologia efectiva, que permita ao aluno:
• Compreender a evolução dos meios tecnológicos e sua relação dinâmica com a evolu-
ção do conhecimento científico;
No que diz respeito aos conteúdos na 8ª classe aborda-se: a Estrutura da Matéria, Cinemá-
tica, Dinâmica (Leis de Newton) e Trabalho e Energia. Na 9ª classe aborda-se sobre: Fenómenos
Térmicos, Estática dos Sólidos, Estática dos Fluidos e Óptica Geométrica. Na 10ª classe aborda-se
sobre: Corrente Eléctrica, Oscilações e Ondas Mecânicas, Electromagnetismo e Movimento Rectilí-
neo Uniformemente Variado.
Nas sugestões metodológicas, para além da abordagem dos conteúdos, recomendam-se algu-
mas experiências para a comprovação de fenómenos e verificação de leis e sugere-se que sejam exe-
cutadas pelos alunos, trabalhando em grupos.
Em relação a avaliação recomenda-se que esta deve ser realizada de forma tal que evite estimu-
lar o estudo memorizado, deve-se estimular conhecimentos sistemáticos, essenciais, transcendentes
bem como o desenvolvimento de competências.
Estes programas não abordam aspectos sobre a EA, mas podiam aproveitar alguns conteúdos
para tal.
Com o ensino de Química no 1ºciclo espera-se que os alunos alcancem os seguintes objectivos:
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 27
Objectivos gerais
Nas sugestões metodológicas orienta-se ao professor que não se limite aos métodos tradicio-
nais de ensino, que traga exemplos concretos aos alunos e que estimule a realização de experiências.
No que diz respeito a avaliação afirma-se que os aspectos a serem avaliados podem ser, traba-
lhos de pesquisa ou de recolha de informações, os relatórios sobre as experiências químicas e visitas
de estudo às instituições e comunidades, os exercícios, os TPC´s. Ainda em relação a este aspecto
preconiza-se a avaliação do caderno escolar visando desenvolver nos alunos o rigor, persistência e
qualidade na apresentação dos trabalhos, assim como a representação gráfica da linguagem química.
Os programas de Química abrem espaço para os aspectos de EA através dos temas geradores,
por exemplo, quando aborda-se os adubos e fertilizantes recomenda-se que se fale sobre a poluição
do solo (prevenção, causas e efeitos).
No que tange aos conteúdos, na 8a classe estuda-se: a Biologia como Ciência, a Posição do
Homem no Reino Animal, o Sistema ósseo muscular no Homem, o Metabolismo no organismo hu-
mano, a Sensibilidade e Regulação, a Pele, a Reprodução e ontogenia. Na 9ª classe estuda-se: a
Introdução ao estudo das plantas, a Morfologia e fisiologia das plantas, a Morfologia e anatomia das
plantas, o Metabolismo das plantas, a Reprodução das plantas, a Regulação da vida das plantas e o
solo. Na 10ª classe, estuda-se: Genética, Evolução e Ecologia.
28 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
• Demonstrar a importância da relação entre os seres vivos e o ambiente;
Em relação a avaliação afirma-se que esta deve cingir-se sobre as competências, grau de assi-
milação da matéria e cumprimento dos objectivos. Ainda em relação a este item são colocadas algu-
mas propostas a serem avaliadas em cada classe.
Os alunos sentam-se em filas, nas carteiras, sendo algumas em estado degradado ou no chão
(por cima de capulanas trazidas de casa). Por vezes, os rapazes como não têm a possibilidade de
trazer uma capulana, sentam-se em cima do seu calçado. Em quase todas as escolas, as paredes das
salas clamam por uma pintura e há deficiência de iluminação. Estas condições, de certa maneira,
influem no PEA e têm repercussões no desenvolvimento cognitivo e afectivo dos alunos. Não vimos
nenhuma sala com armário para material didáctico, o que torna o ambiente das salas pouco alegre e
atractivo e, até certo modo, desmotivador.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 29
3.2.2. Resultados e análise das aulas observadas
Neste estudo foram observadas um total de 144 aulas, em algumas escolas das províncias de
Nampula, Zambézia, Maputo Província e Maputo Cidade, nas disciplinas de Português, História,
Geografia, Física, Química e Biologia do 1º ciclo. De um geral, os professores ao leccionar as suas
aulas usam sempre o mesmo procedimento: iniciam com o controle de presenças, introdução ou
motivação através de correcção de trabalhos de casa ou resumo de aulas anteriores e, por fim, escre-
vem o sumário no quadro. Em seguida, desenvolvem os conteúdos da aula recorrendo geralmente
a métodos expositivos e elaboração conjunta e muito pouco recorrem a outros métodos de ensino
como, por exemplo, trabalho de projecto, trabalho independente do aluno, actividade experimental,
entre outros.
Assim, todas as aulas observadas foram leccionadas pelos professores das disciplinas escolhi-
das, sendo a tarefa do pesquisador a de observação. Durante a observação das aulas, o pesquisador
procurava perceber como o professor enquadrava a componente educação ambiental nas suas aulas,
e se a localização geográfica da escola (zona urbana ou zona rural), tinha alguma influência na forma
de abordagem destes conteúdos. Na apresentação das aulas observadas, usou-se um código, o pri-
meiro nome referente a escola, seguindo-se o código da província e por fim o meio (urbano ou rural),
segundo a tabela que se segue (tabela 5).
30 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
3.2.3. Introdução e motivação
Nesta fase, observou-se que apenas 12% dos professores não usam nenhuma forma de motiva-
ção. Dos restantes, 57% motivam resumindo a aula anterior, 17% fazem a correcção do T.P.C e 14%
usam outras formas de motivação (Gráfico 1).
Ainda, nesta fase, notou-se que 64% dos professores fazem ligação do tema da aula com as
aprendizagens anteriores e com o quotidiano do aluno (Gráfico 2). Este procedimento pode ser um
ponto de partida para a abordagem dos conteúdos de EA, por fazerem parte do quotidiano do aluno.
Gráfico 1 Gráfico 2
No entanto, das aulas observadas apenas 20% tiveram articulação com aspectos de EA (Gráfico 3).
Importa referir que alguns dos aspectos tratados foram:
• Impacto da exploração do carvão mineral em Tete;
• Impacto da chuva para o ambiente;
Gráfico 3
A partir do grafico 3 pode-se constatar que a maior parte dos professores (80%) não incorpo-
ram os conteúdos de EA (como tema transversal) nas suas aulas. Neste sentido, poucas oportuni-
dades surgem para o aluno desenvolver a consciência ambiental, pois a sustentabilidade ambiental
é o único caminho para a continuidade da humanidade como a conhecemos. Para Cassol (2009), a
escola é fundamental para a formação social do homem e actualmente é importantíssimo que ela
promova informações ambientais que geram maior conhecimento para as gerações futuras.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 31
Nesta perspectiva, é fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adopte
posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma so-
ciedade justa, em um ambiente saudável. Isso só será possível com percepção e entendimento do real
valor do meio ambiente natural em nossas vidas. Mas, se nada for feito de forma rápida e efectiva, as
próximas gerações serão prejudicadas duplamente, pelos impactos ambientais e pela falta de visão
da nossa geração em explorar adequadamente os nossos recursos naturais (Jacobi, 2005).
Gráfico 4
O uso do método expositivo com maior predominância, mostra que no decurso das aulas são
criadas poucas oportunidades de interacção de forma activa com os alunos, colocando-os apenas
como receptores da matéria. No entanto, o uso do método de elaboração conjunta de forma significa-
tiva (37%), como mostram os dados acima, evidencia a preocupação dos professores em estabelecer
diálogo com os alunos, pois este método apresenta um grande valor didáctico ao desenvolver nos
alunos habilidades de expressar as suas opiniões, argumentar e interpretar os factos.
No que concerne a activação dos pré-conhecimentos dos alunos em relação aos aspectos de EA
(Gráfico 5), os dados mostram que este facto é muito pouco explorado (16%) nas diferentes discipli-
nas.
Gráfico 5
32 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Portanto, apesar de a maior parte dos professores (85%) não estimular os pré-conhecimentos
dos alunos sobre conteúdos de EA, os poucos que o fazem, constitui de certa forma, um aspecto posi-
tivo no que concerne as estratégias de abordagem dos conteúdos de EA no processo de ensino-apren-
dizagem. O principal desafio em relação à EA é a forma como essa educação é pensada e realizada no
nosso país (Jacobi, 2005). Desse modo, é necessário rever as estratégias de implementação da EA
por esta, na maioria das vezes, se apresentar descontextualizada com as realidades sociais, políticas,
económicas, ecológicas e éticas dos alunos.
O gráfico que se segue mostra que um número significativo de professores (51,4%) coloca ques-
tões individualizadas de 1 a 5 alunos em média por aula (Gráfico 6).
Gráfico 6
Esse procedimento permite que as actividades lectivas estejam centradas nos alunos. Segundo
Santos (2005), cabe aos professores, por intermédio da prática interdisciplinar, promoverem novas
metodologias que favoreçam a implementação de EA, sempre considerando o ambiente imediato,
relacionado a exemplos de problemas do quotidiano dos alunos.
Em relação ao uso de meios didácticos, o quadro e o giz (93%) foram os meios mais usados
pelos professores, comparativamente ao manual do aluno (3%) que só foi usado nas aulas de Portu-
guês, modelos didácticos, usados em apenas 1% das aulas observadas, enquanto que nas restantes
3% das aulas não foi usado nenhum meio didáctico (Gráfico 7).
Gráfico 7
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 33
Neste sentido, o não uso de meios didácticos pode contribuir para a fraca abordagem dos con-
teúdos de EA, pois a utilização dos materiais locais não só encoraja os alunos a usar o conhecimento
local na resolução de problemas quotidianos, como também ajuda a ter um novo olhar sobre os
processos que ocorrem no seu dia-a-dia. A este propósito, Monjane et al (2010), afirmam que a EA
como tema transversal pode ser implementada através de acções concretas tais como: produção de
materiais locais de divulgação e propaganda, projectos ou qualquer outra actividade que conduza os
alunos a serem reconhecidos com agentes activos no processo que norteia a política ambientalista.
Gráfico 8
Estes dados mostram que, apesar da fraca abordagem dos conteúdos de EA, os conteúdos
plasmados nos programas de ensino são abordados de forma adequada no que concerne as formas
de consolidação.
Gráfico 9
34 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Os dados do gráfico 9 mostram que pouco se faz para estimular a consciência ambiental dos
alunos na identificação e busca de soluções para os problemas da sua comunidade. Segundo Morga-
do et al. (2000), a escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu processo de
socialização, iniciado em casa, com seus familiares. Assim, é da responsabilidade da escola mudar
essa cultura, através da EA, mostrando aos alunos que conservar o meio ambiente não é um luxo,
mas uma necessidade urgente, se quisermos continuar a viver neste planeta.
O gráfico que se segue ilustra que, de modo geral, as tarefas de controlo e avaliação que são
apresentados aos alunos são adequadas (97%) aos objectivos da aula (gráfico 10)
Gráfico 10
O gráfico 11, mostra que apenas 20% das tarefas de controlo e avaliação correspondem aos
objectivos do nível psicomotor experimental. Este facto, é um indicativo do fraco envolvimentos dos
alunos na implementação das actividades de EA (gráfico 11).
Gráfico 11
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 35
Em suma, das aulas observadas foram identificados alguns aspectos positivos no que concerne
abordagem de contéudos de EA como, por exemplo:
- os alunos falam sobre o uso sustentável e racional dos recursos naturais. O professor manda
os alunos lerem textos sobre os problemas ambientais;
- os alunos participam activamente na aula. O texto lido na sala possui alguns conceitos abor-
dados nos conteúdos de EA (mangal, recursos pesqueiros). O professor conversa bastante com os
alunos sobre os problemas ambientais que afectam as comunidades.
Gráfico 12
Gráfico 13
36 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
forme alerta Morin (2002) para a necessidade de compreender o mundo como se cada parte inte-
grasse a complexidade.
Gráfico 14
Gráfico 15
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 37
Indagados se já ouviram falar de EA, 96% dos alunos responderam afirmativamente (gráfico 16).
Gráfico 16
No entanto, apesar de os conteúdos de EA não serem abordados com maior incidência duranta
as aulas nas diferentes disciplinas, segundo os dados da observação das aulas, os dados do gráfico 16
mostram que os alunos já ouviram falar de EA fora da escola. Esta constatação obriga-nos a reflectir
sobre o papel dos professores na medição dos saberes.
Sobre o local onde ouviram falar da EA os alunos mencionaram vários, com destaque para,
as comunidades, os bairros, os meios de comunicação, em casa e escola, conforme se pode notar nos
depoimentos:
“Na escola, no Hospital, nas músicas, nas casas, nas rádios e pela televisão” (AEM-
CU1).
“Nós já ouvimos falar de Educação Ambiental na escola, em casa, na rua, etc” (AEM-
PR1).
“Eu ouvi falar da Educação Ambiental na Escola Primária Completa, em muitos ma-
nuais, na cidade de Gurué” (AEZR1).
“Já ouvi na televisão assim como na escola e rádio e também nas comunidades em
geral” (AEZR1).
“Já ouvi falar nas associações não-governamentais como a W.W.F e nas comunida-
des e na escola” (AEZU2).
38 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
“Na sala de aulas, no telejornal, num diálogo com os mais velhos e de alguns estudan-
tes” (AENR2).
“Eu assisto programas de desenhos animados onde ensinam as crianças como cuidar
do meio ambiente” (AENU1).
“Nos meios de comunicação tais como nas rádios, televisões, nas palestras e teatros”
(AENU2).
Procuramos saber quais os problemas ambientais que existem nas comunidades e provín-
cias dos alunos tendo-se notado que as queimadas descontroladas, o abate de árvores, e diversos
tipos de poluição é que foram apontados pelos alunos, conforme indicam os depoimentos:
“Os problemas ambientais que existem na nossa comunidade são: queimadas des-
controladas, poluição, defecação nas margens do rio, lixo deixado de qualquer maneira”
(AEMCU2).
“Os problemas ambientais que existem na nossa comunidade ou província são: quei-
madas descontroladas, desflorestamento, poluição do ar atmosférico” (AEMPR2).
“Os problemas ambientais que existem na minha comunidade ou província são: po-
luição sonora, poluição do ar, poluição da água” (AEZU2).
“Os problemas ambientais que existem na comunidade ou província são: sem vegeta-
ção, a chuva e o vento provocam a erosão do solo. No canal de Moçambique passam muitos
petroleiros e, por isso, o risco de crude no mar é muito grande. Estes derrames provocam a
destruição de muitas espécies marinhas” (AEZR1).
“Os problemas ambientais que existem na comunidade ou província nos dias de hoje
são esgotamento da água, degradação e poluição do solo mudança do clima, desapareci-
mento de espécies animais e vegetais” (AEZU3).
“Os problemas ambientais que existem na minha província são: poluição do meio
ambiente através de gases tóxicos, corte de árvores para a construção de novas infraestru-
turas, desperdício de água, poluição do meio através de lixo deitado nas ruas” (AENU1).
Em contrapartida, alguns alunos mostraram que têm conhecimentos sobre problemas am-
bientais, embora confundidos com materiais didácticos, problemas sanitários, segurança alimen-
tar e outros factores de ordem económica como se pode notar nas declarações:
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 39
“Os problemas ambientais que existem na minha comunidade ou província são: comi-
da, os alimentos são caros, falta de educação ambiental” (AEMPR1).
“Os problemas ambientais que existem na nossa comunidade ou província são: falta
de carteiras para os alunos, falta de água e falta de energia” (AENR1).
“Os problemas ambientais que existem na minha comunidade são: falta de latrinas”
(AENR1).
“Os problemas existentes na minha comunidade são: doenças, como cólera provoca-
da pelo lixo, malária provocada pelos insectos como o mosquito.” (AENU1)
“A cidade toda está cheia de lixo com a erosão nas estradas, não atendimento nos
Hospitais, os motoristas não respeitam os semáforos.” (AEMPR1)
“Os problemas ambientais que existem na província são: a fome, falta de chuva, falta
de carteiras nas escolas” (AENR1).
Pedido aos alunos que dessem quatro exemplos de recursos naturais, estes mencionaram
vários, tendo se destacado o gás natural, petróleo, carvão mineral, como pode-se observar:
“Os 4 recursos naturais existentes no nosso país são: combustíveis fósseis, petróleo,
carvão, gás natural” (AEMPU2).
“Os 4 exemplos de recursos naturais no nosso país são: gás, petróleo, recursos pes-
queiros, recursos faunísticos e outros” (AEMPR1).
“Os recursos naturais existentes no nosso país são: carvão vegetal, petróleo, madeira,
gás natural e pedras preciosas” (AEZU3).
“Os 4 exemplos de recursos naturais existentes no nosso país são: recursos minerais,
petróleo, carvão mineral, ouro e prata” (AEZU2).
“Os 4 exemplos de recursos naturais que existem no nosso país são: petróleo, água,
carvão mineral, pedras semi-preciosas” (AEZR1).
“Os 4 exemplos de recursos naturais existentes no nosso país são: fauna, o gás natu-
ral, as minas, recursos marinhos” (AENU1).
“Os 4 exemplos de recursos naturais existentes no nosso país são: ouro, gás natural,
carvão mineral e a flora” (AENU2).
“Os recursos naturais existentes no nosso país são: pedras preciosas e semi-preciosas,
carvão mineral, mares, rios e montanhas” (AENR2).
Mas alguns mencionaram outros aspectos que são recursos naturais, provavelmente por falta
de conhecimento ou por outras razões:
“Os recursos naturais que existem no nosso país são: poluição, queimadas, danos,
calamidades.”
40 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
“Os 4 exemplos de recursos naturais existentes no nosso país são: calamidades natu-
rais, secas, subida de preços de comida.”
Como se pode notar nos depoimentos acima, os alunos possuem conhecimentos sobre EA e ou-
tros, mas estes precisam de ser orientados para uma melhor distinção entre os problemas ambientais
e outros. Por isso, as estratégias de ensino-aprendizagem devem procurar ir ao encontro dos anseios
dos alunos, colacando-os como sujeitos activos na construção dos novos sabres.
“É importante utilizar os recursos naturais porque sem eles nós não teríamos o que
temos hoje” (AEMPR1).
“É importante utilizar os recursos de forma racional e sustentável para que os nossos descendentes
possam encontrar e utilizar da mesma forma” (AEZR1).
“É importante porque o nosso ambiente fica bem equilibrado de modo que o país de-
senvolve de tal forma como usa os recursos naturais” (AENR2).
Esses depoimentos evidenciam de forma explícita que os alunos possuem consciência am-
biental. No entanto, é fundamental que a escola promova a formação social do homem e actual-
mente é primordial que ela promova informações ambientais que geram maior conhecimento as
gerações futuras.
Quando questionados sobre o que é poluição, os alunos responderam nos seguintes termos:
“Poluição é mesmo que dizer estragar o nosso ambiente dia a dia” (AEMCU2).
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 41
“Poluição é a contaminação do meio ambiente que depois pode prejudicar o Homem,
etc.” (AEMPR1).
“Poluição é a destruição do ambiente por substâncias que são introduzidas pelo ho-
mem” (AENU2).
Alguns mostram não possuírem conhecimentos sólidos sobre a definição do conceito de po-
luição, como se pode ver nas definições seguintes:
Os depoimentos dos alunos clamam por uma abordagem planificada e coerente dos conteú-
dos de EA nas nossas escolas, pois como foi referido anteriormente, é tarefa da escola assegurar
a apreensão de conhecimentos sólidos e duradoiros para as novas gerações por forma a garantir a
continuidade da vida.
“Os tipos de poluição que conheço são: poluição do solo, poluição do ar, poluição so-
nora” (AMCU1).
“Os tipos de poluição que conhecemos são: poluição sonora, poluição do ar, poluição
atmosférica” (AEMPR1).
“Os tipos de poluição que conheço são: poluição da água, poluição do solo, poluição
sonora e poluição do ar” (AEZU1).
“Os tipos de poluição que conheço são: poluição sonora, poluição atmosférica e polui-
ção ambiental” (AEZR2).
“Os tipos de poluição que conhecemos são: poluição sonora, poluição da água, dos
mares, lagos e rios, poluição do meio ambiente, e poluição do ar atmosférico” (AENU1).
“Os tipos de poluição que conheço são: poluição sonora pelo homem e poluição criada
pelas indústrias” (AENR1).
42 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
“Os tipos de poluição que conheço são: poluição através de substâncias químicas
como lixo das grandes fábricas, fumos e poluição sonora” (AENR2).
Sobre como deve ser tratado o lixo para evitar a poluição do meio ambiente, os alunos
explicaram que este deve ser enterrado, colocado em contentores, alguns vão mais além afirmando
que este deve ser reciclado, como se pode ver nos depoimentos:
“O lixo deve ser: enterrando, queimando, depositar nos contentores públicos” (AEM-
CU2).
“Para evitarmos que o lixo provoque a poluição do meio ambiente devemos: queimar
, enterrar, usar as latas do lixo nas ruas, não deixarmos lixo perto dos rios e lagos” (AEM-
PR1).
“Nem tudo o que deitamos fora deve ser totalmente desperdiçado nós podemos se-
parar o lixo colocando em sacos diferentes o que pode e o que não pode ser reaproveitado,
reciclado” (AEZU1).
“O lixo deve ser tratado, deitando em locais próprios e quando o lixo enche devemos
queimar ou enterrar num buraco. Não deitar o lixo nas ruas públicas, reciclar cada lixo na
sua caixa de reciclagem” (AZNU1).
“Deve ser enterrado numa cova para não provocar a poluição do meio ambiente e
queimar o lixo e limpar ou varrer a casa, rua ou estrada. Se nós contribuirmos assim tere-
mos nossas casas e comunidades limpas e sem ouvir dizer da poluição” (AZNR2).
No que tange as medidas que devem ser tomadas para se evitar a poluição do ar at-
mosférico, os alunos traçam as seguintes:
“As medidas que devem ser tomadas para evitar a poluição do ar atmosférico, deve-
mos evitar o abate das árvores, não fazer queimadas descontroladas” (AEMPR1).
“As medidas que devem ser tomadas são: evitar o abate de árvores, evitar o desflores-
tamento, evitar a poluição e criação de parques e reservas naturais” (AEZU2).
“As medidas que devem ser tomadas para se evitar a poluição do ar atmosférico, os
automóveis devem estar sempre em boas condições mecânicas de modo a não lançarem
fumo para o ambiente e as chaminés das fábricas devem ser muito altas” (AEZR1).
“O lixo deve ser tratado da seguinte maneira: lixo bem depositado nos baldes de plás-
tico ou latas com tampa e despejá-lo nos contentores de lixo. Evitar a contaminação do
ambiente” (AENU2).
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 43
“Para evitar a poluição do meio ambiente o lixo deve se manter num local próprio e
tapado, onde os vermes não cheguem em contacto e onde o cheiro não ataque aos animais
e o Homem. Não se deve deitar o lixo no rio nem queimar, para tal é melhor cavar-se um
aterro para despeja-lo” (AENR2).
“As consequências das queimadas descontroladas são: destruição das árvores, desa-
parecimento dos animais, etc.” (AEMCU1).
“As consequências das queimadas são: pode destruir casas, os bens das nossas mães,
pode destruir a floresta, destrói os nossos animais” (AEMCU2).
“As queimadas descontroladas com já frisado percorre quilómetros com a ligação das
matas e destrói as plantas e abate os insectos e animais acabando assim com a biodiversi-
dade” (AEZU2).
“As consequências das queimadas descontroladas são: quando o fumo abrange toda
cidade através da queimada, também provoca intoxicação nas pessoas, e faz com que nas
machambas fiquem queimados os produtos” (AENU2).
“As consequências das queimadas são: destroem espécies de plantas, animais que
desaparecendo definitivamente, reduzem a fertilidade do solo, fazendo a terra produzir
pouco” (AENR2).
“Porque nos faz compreender e entendermos sobre como devemos cuidar ou tratar do
nosso meio ambiente, que nos oferece” (AEMCU1).
“Para o nosso bem-estar, para não fazer queimadas descontroladas, e para não des-
44 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
truir as árvores nas florestas” (AEMPR1).
Os depoimentos dos alunos mostram que estes possuem muitos conhecimentos sobre as for-
mas de preservação do meio ambiente, os problemas ambientas da sua comunidade, bem com a
importância de ensinar às novas gerações os conteúdos de EA nas escolas. O conhecimento é obtido
das várias fontes destacando, as comunidades, rádio, televisão, bairros e escola, com destaque para
o ensino primário. Este facto reforça os dados da observação de aulas, que destacam a fraca aborda-
gens destes conteúdos no ESG.
Indagados sobre as actividades que são realizadas na sua comunidade que podem
prejudicar o meio ambiente, os alunos destacaram as queimadas descontroladas, o abate de
árvores e o lixo, conforme se podem ver nos depoimentos:
“As actividades que são realizadas na minha comunidade que podem prejudicar o
meio ambiente são: deixam o lixo espalhado no chão, não varrem as ruas” (AEMCU2).
“As actividades que são realizadas na comunidade que podem prejudicar o meio am-
biente são: queimadas, a pastorícia, abate das árvores” (AEMPR1).
“As actividades são: fazer necessidades maiores na estrada, no mato e não enterram, deixam
assim mesmo e queimadas descontroladas e desflorestamento” (AEZR2).
“As actividades que são realizadas na minha comunidade que podem prejudicar o
meio ambiente são: queimadas descontroladas, abate de plantas, abandonam o lixo nas
estradas e ruas” (AEZU2).
“As actividades que são realizadas na minha comunidade que podem prejudicar o
meio ambiente são: queimadas descontroladas, acumulação de lixo na rua e a poluição
atmosférica” (AEZR1).
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 45
floresta pelos homens na sociedade” (AENR1).
“As actividades realizadas na minha comunidade que podem prejudicar o meio am-
biente são: deitar lixo em locais impróprios, isso quer dizer no caminho ou na estrada, tirar
areia na estrada nos tempos de chuva” (AENU1).
“As actividades que são realizadas na minha comunidade são: acumulam o lixo e não
queimam, a torneira do povo do meu bairro está perto de uma lixeira e isso é prejudicial a
saúde” (AENU2).
“As actividades que são realizadas na nossa comunidade e que prejudicam o meio
ambiente são: acumulação de lixo na rua, lixeira a céu aberto, automóveis que não estão
em boas condições mecânicas e lançam o fumo para o ambiente” (AENR2).
“Eu gostaria que os professores ensinassem sobre como devemos tratar o meio am-
biente e como devemos evitar a poluição do ar e a erosão” (AEMCU1).
“Gostaria que os professores ensinassem mais sobre educação ambiental: como man-
ter a minha comunidade limpa, cuidar bem dos lixos, manter a sala limpa, etc.” (AEMCU2).
“Eu gostaria que os professores ensinassem sobre tudo que podemos fazer para evitar
as queimadas descontroladas, evitar a poluição do meio ambiente, a poluição do ar, evitar
deitar o lixo em qualquer lugar e de qualquer maneira e mais” (AEMPR1).
“Eu gostaria que os nossos professores nos ensinassem mais coisas que ainda não
sabemos que não podem prejudicar o ambiente” (AEMR2).
“Eu gostaria que os meus professores ensinassem o que cada um pode fazer para di-
minuir a poluição do planeta porque a ajuda de cada um faz sempre a diferença” (AEZU2).
“Eu gostaria que os meus professores ensinassem mais sobre Educação Ambiental
no caso da limpeza na escola assim como na comunidade e conservação de bens comuns”
(AEZU3).
“Gostaria que o meu professor nos ensinasse como devemos lidar com o lixo, também
como devemos evitar a poluição sonora para que nós possamos ensinar na comunidade”
(AEZR1).
“Eu gostaria que dessem mais contributo, apertarem mais sobre este tema. Acho que
tudo está no livro só falta o empenho dos professores” (AEZR2).
“Gostaria que ensinassem mais a conservação das florestas e dos animais e preserva-
ção do meio ambiente” (AENU1).
“Eu gostaria que os meus professores nos ensinassem acerca da Educação Ambiental,
abordar mais as mudanças climáticas” (AENU2).
“Gostaria que os meus professores fizessem palestras nas comunidades, nas zonas
rurais, aconselhassem as pessoas a não deitarem lixo nos sítios impróprios, aconselhassem
também as pessoas a não fazerem fezes nos lugares impróprios. Para a prevenção do nosso
país” (AENR1).
“Eu gostaria que os professores praticassem juntos com os alunos, dando palestras
nas comunidades, fazerem debates sobre o meio ambiente nas comunidades” (AENR2).
Pela lista dos conteúdos sobre EA que os alunos, tanto da escola urbana comos os da esco-
46 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
la rural, gostariam de aprender mostram que durante o processo de ensino-aprendizagem não são
explorados de foram adequada os conhecimentos prévios dos alunos. Segundo o PCESG, a apren-
dizagem deve estar centrada no aluno e não no professor. Nesta perspectiva, o conhecimento deve
ser construído na base das experiências individuais dos alunos. Neste caso, o professor deve usar o
contexto sócio-cultural do aluno para explicar os conteúdos de EA.
(Gráfico 18)
Gráfico 19
48 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Referente aos exemplos de conteúdos de EA que abordam nas suas aulas, os professores apontam vá-
rios, porém os mais frequentes são: as queimadas descontroladas, o saneamento do meio, a poluição
do ar e o plantio de árvores (Tabela 2).
No que diz respeito a forma como abordam dos conteúdos de EA, os professores deram
vários depoimentos que passamos a apresentar:
“Selecciono os textos que muitas vezes têm a ver com o ambiente, políticas de desenvolvi-
mento sustentáveis, turismo, etc.” (PEMCU1).
“Introduzindo a matéria faço uma relação do tema em discussão com a EA” (PEMCU1).
“Conversação ou diálogo com os alunos acerca do tema a tratar com base nas experiên-
cias dos alunos do seu dia-a-dia” (PEMCU1).
“Tendo em conta que é um tema transversal tenho falado das causas que destroem o meio
ambiente” (PEMCU2).
“Como prevenir os males causados por doenças hídricas, poluição do ar, queimadas des-
controladas, aquecimento global” (PEMPR1).
“Falando da necessidade do não derrube dos mangais que resultam na erosão do solo,
queimadas descontroladas” (PEZU3).
“A abordagem dos conteúdos é muito restrita, porque há falta de material embora se fale
bastante. Os professores só falam de plantio de árvores para os seus alunos como o lema cada
aluno uma árvore” (PEZR2).
“No tratamento dos ecossistemas falo como tratar ou fazer o saneamento do meio am-
biente (tratamento de esgotos, do lixo) como consciencializar as pessoas no uso sustentável dos
recursos” (PENU1).
“Tendo em conta a realidade que vivemos, mostrando aos alunos a Natureza e dando
exemplos práticos para que saibam que só e possível viver bem na Natureza se a preservar-
mos” (PENU2).
“Abordo no sentido geral, como uma Educação cívica, explicando os alunos a ter higiene
e a tratar bem o nosso meio” (PENR1).
“A redução da carga horária leva-nos muitas vezes a suprimir ou a evitar abordar estes
temas com profundidade” (PEMCU1).
“Falta a prática por parte dos alunos, isto é, agir com eficácia segundo os conhecimentos
50 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
adquiridos” (PEMCU1).
“Dificuldades em relação aos exemplos, uma vez que nem todos problemas ambientais
são visíveis e/ou palpáveis” (PEMPR1).
“Falta de motivação dos alunos para com a matéria relacionada com EA, falta de mate-
rial didáctico” (PEMPR1).
“Bom, a falta de material didáctico cria dificuldades sérias para abordagem desses as-
pectos de Educação Ambiental” (PEMPR2).
“Falta de manuais, com temas específicos para o nosso país, problemas reais de cada
região seria muito útil, seminários relativos a EA” (PEMPR2).
“São várias. Porque normalmente quem tem acesso a essa informação são os educandos
e, por sua vez, não fazem chegar aos encarregados e sendo assim fica um assunto limitado”
(PEZR2).
“Poucos, como o caso de falta de ilustrações e aparelhos, manuais que ajudem a demons-
trar os perigos” (PENU1).
“São várias as dificuldades que tenho encontrado, por um lado porque não temos ma-
nuais e, por outro lado, desconhecimento por parte dos próprios alunos” (PENR1).
No que diz respeito a importância de ensinar conteúdos de EA, os professores são unâ-
nimes afirmando que esta permite a preservação e a conservação do meio ambiente como indicam
os depoimentos:
“Porque pode ajudar aos nossos alunos, assim como a sociedade no geral a preservar o
meio ambiente” (PEMPR1).
“Torna-se muito importante o ensino de Educação Ambiental porque desta forma a po-
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 51
pulação saberá cuidar do meio ambiente” (PEMPR2).
“Porque os alunos são agentes activos do ambiente. Os efeitos de uma má Educação Am-
biental vai ter consequências futuras para este mesmo aluno” (PEMPR2).
“Para a geração posterior não sofrer as mesmas consequências e não só, mas também
para proteger o nosso planeta que está ameaçado” (PEZR2).
“Para salvaguardar o ambiente que está sendo desgastado pelo próprio homem, criando
assim o aquecimento global” (PEZR1).
“Porque um Homem deve saber viver bem com o seu meio ambiente para ter vida saudá-
vel, garantir boa vida para as gerações futuras” (PENU2).
“Porque no local onde habitamos existe um conjunto de acções sobre nós exercidas pelos
outros seres vivos e pelos factores físico-químicos existente no nosso habitat” (PENR1).
Questionados sobre as propostas de como abordar a EA, os professores defendem que esta
deve ser prática e de acordo com a realidade dos alunos, conforme se pode verificar nos depoimentos:
“Em cada aula ou por semana os professores tinham que explicar e chamar atenção aos
alunos sobre como tratar o meio que lhes rodeia, evitar a erosão, a poluição, as queimadas,
como tratar a água” (PEMPR1).
“Fazendo excursões com efeitos visíveis e notáveis de uma Educação Ambiental, ou seja,
benefícios e, outra visão, com efeitos negativos da ausência de Educação Ambiental, mostrando
imagens positivas e negativas sobre ambiente” (PEMPR2).
“Devia aprofundar mais os conteúdos da Educação Ambiental, visto que parte da nossa
vida quotidiana dia após dia, isto é, de como devemos preservar o meio ambiente no nosso país,
em geral, e em particular para cada região” (PEZU3).
“Deviam abordar como temas transversais na turma ou mesmo dando como palestras
nos sábados para melhor aderência” (PEZU1).
“Abordagem dos conteúdos muito restrita, porque há falta de material embora se fale
52 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
bastante. Os professores só falam de plantio de árvores para os seus alunos como o lema cada
aluno uma árvore” (PEZR2).
“De forma aberta e concreta, mostrando a importância desta Educação através de práti-
cas concretas que ajudem a um bom progresso da vida social” (PENU1).
“Devem abordar sempre em cada aula num espaço rápido, falar da importância de pre-
servarmos a Natureza e o meio ambiente porque só assim garantimos a existência da vida na
terra” (PENU2).
“Na minha opinião seria conveniente abordar a partir das experiências vividas pelos alu-
nos no seu dia-a-dia, como incentivar no raciocínio da prevenção do meio ambiente” (PENR2).
“Os professores deviam abordar não só como tema transversal, como também deviam vir
planificar nos programas centralmente” (PENR1).
Quando questionados se têm tido encontros com outros professores de outras disciplinas, a
maioria dos professores (53%) respondeu negativamente (Gráfico 20).
Gráfico 20
Entretanto, quando esses encontros acontecem os professores tratam de vários aspectos rela-
cionados com a preservação e conservação ambiental:
“Como possuir uma boa qualidade de vida, como tratar dos solos, como evitar o desflora-
mento, uso de recursos alternativos” (PEMCU1).
“Vários, o desmatamento, a erosão, a poluição da água, dos solos, do ar. O uso não sus-
tentável dos recursos” (PEMCU1).
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 53
“Limpeza do meio que nos rodeia, plantio de árvores” (PEZU3).
“Como proteger o meio ambiente, fazer uso racional dos recursos da vegetação e fauna,
hídricos e outros” (PENU1).
“Nos nossos encontros falamos de aspectos relacionados com a desmatação como forma
de preparar terrenos para a prática de agricultura e outros aspectos” (PENU1).
Sobre quantas vezes os professores se encontram por mês, a maioria (54,7%) não teve opinião
e os restantes 45,3% afirmaram que estes encontram-se poucas vezes, existindo alguns que disseram
que é uma vez, outros duas vezes e, ainda, outros ocasionalmente.
Relativamente a existência de materiais didácticos nas escolas para leccionar EA, notou-se que
este não existe (69%) (Gráfico 21). Os manuais, mapas e cartazes ilustrativos são os mais predomi-
nantes.
Gráfico 21
“Lendo, em seguida fazer um debate com os alunos ou com os colegas no grupo” (PEMCU1).
54 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
“Estabelecer uma relação entre estes meios disponíveis e a realidade em que vivemos”
(PENU2).
Entretanto, os professores que não dispõem de materiais recorrem a outros meios, como se
pode verificar:
“Os alunos desenham cartazes e fazem redacções sobre o meio ambiente” (PEMPR2).
“Mandando alunos a pegar na enxada plantando árvores nas escolas, fazendo perguntas”
(PEZU1).
“Partimos da realidade e discute-se no seio dos alunos as formas de evitar os aspectos nega-
tivos em relação a Educação Ambiental” (PENR2).
Em caso de não existência de meios para um determinado tópico, nota-se que alguns profes-
sores optam pelo método expositivo, outros promovem actividades práticas, como se pode obser-
var nos depoimentos:
“Recorremos a exposição oral, focando exemplos que os alunos vivem no dia-a-dia” (PEM-
CU1).
“Uso exemplos relacionados com o tópico e que têm a ver com o nosso dia-a-dia” (PEMPR1).
“Planifica-se uma aula prática, com vista a levar os alunos para o local onde haja condições/
aspectos relacionados com a aulas” (PEMPR1).
“Apenas fazer oralmente referência de factos relacionados com falta de observância dos
princípios de Educação Ambiental” (PEZU3).
“Pede-se aos alunos para poderem trazer de casa alguns meios necessários a aula” (PEZR2).
Alguns professores , infelizmente, não fazem nada e outros afirmam que nunca usaram ma-
teriais para leccionar EA:
“Nada” (PEZU3).
Indagados se têm participado em Seminários, a maioria dos professores (76%) afirmou que
não participam (Gráfico 22).
Gráfico 22
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 55
Os professores que já participaram, afirmam que o fizeram poucas vezes e as instituições que
organizam foram: o MICOA, o BIM, a UEM, as ONGs, o MITUR, a UNESCO, a JADE as direcções
das escolas e por vezes os delegados de disciplina. Os temas debatidos são: os problemas ambientais,
as mudanças do clima, as calamidades, o aquecimento global, a erosão, os ciclones, a poluição am-
biental, as queimadas descontroladas, a conservação do meio, o saneamento do meio e o uso racional
dos recursos naturais.
“Transmitir os conhecimentos aos alunos e apelar para que esses ensinem a socieda-
de” (PENR2).
“Apetrechar as escolas com os materiais, tais como cassetes HVS em conteúdos rela-
cionados com o meio ambiente (National Geografic) por exemplo” (PEMCU1).
“Alocar os materiais didácticos ligados a área do ambiente para que os alunos te-
nham um bom proveito” (PEMCU1).
“Deve existir uma disciplina que fala da Educação Ambiental a partir da 8ª classe”
(PEMCU1).
56 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
“Proporcionar livros que abordam esses conteúdos, proporcionar palestras, Seminá-
rios entre professores, alunos sobre a Educação Ambiental” (PEMPR2).
“Que este tema seja introduzido nas disciplinas curriculares e que tenha manuais,
programa” (PEZU3).
“A escola deve recomendar aos alunos para incentivar a sociedade para o bem estar
do meio ambiente” (PEZU1).
“Para que o MINED crie condições de enviar especialistas para ministrar palestras e
se implemente uma disciplina de Educação Ambiental” (PEZR1).
3.3.3. Análise dos resultados das entrevistas com os directores de escola e/ directores
adjuntos
As entrevistas foram realizadas aos directores e/ou aos directores adjuntos pedagógicos, nos
casos em que o director da escola se encontrava de férias ou ausente por outros motivos. Na apresen-
tação dos depoimentos dos directores usou-se um código, onde a letra D, corresponde ao director,
por exemplo, DENU1 significa Director de uma Escola urbana de Nampula.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 57
fessores beneficiaram de formação nas respectivas escolas organizadas pelo MICOA, pela UNESCO
e pela DPECZ, outros directores afirmaram que os seus professores nunca se beneficiaram de for-
mação em exercício sobre questões ambientais, mas acreditam que os professores de Geografia que
passaram pela UP já tiveram formação em EA como se pode ver nos depoimentos:
“O professores não tiveram essa oportunidade, mas no seio deles, alguns formados no Curso
de Geografia-Delegação de Nampula” (DENR2).
“Não. Mas ao longo da leccionação das aulas os professores assim como a direcção
nas concentrações têm abordado sobre Educação Ambiental, em particular, queimadas
descontroladas” (DENR2).
Os restantes directores (10) afirmaram que têm promovido programas de EA, tais programas
são: a importância do saneamento do meio ambiente, a abertura de aterros, jornadas de limpeza,
palestras sobre cuidados de plantas e o plantio de árvores de fruta e sombra. Participam destes
programas os professores, alunos e, por vezes, a comunidade local e os encarregados de educação.
Sobre os benefícios que esses programas trazem para a escola e para os alunos ob-
tivemos os seguintes depoimentos:
“Não temos programas. São informações adversas. Mas tem vantagens porque a
prática de queimadas descontroladas reduziu consideravelmente” (DENR2).
58 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
se verifica nos seus depoimentos:
“O facto de a comunidade escolar ser de convivência social diferente, o que cria di-
ficuldades no comportamento perante o ambiente, sobretudo no uso das casas-de-banho”
(DEMCU1).
“Núcleo existente não possui dados para a sustentabilidade dos programas” (DENU2).
Se as escolas têm regras/normas ambientais, três directores não tiveram opinião, dois
responderam que não têm e um deles afirmou:
“Todos os sábados pelo menos uma turma participa na limpeza da escola” (DEMCU1).
“Limpeza do recinto escolar e salas de aulas, casas de banho, plantio de árvores, etc”
(DEMPR2).
Sobre a existência de um Clube Ambiental nas escolas, seis directores responderam que
não. Os restantes responderam que sim, porém um deles enfatizou que o da sua escola não é funcio-
nal e outros responderam nos seguintes modos:
“Tem ajudado uma vez que sendo o aluno participante na limpeza este ajuda na con-
servação do ambiente limpo” (DEMCU1).
“É pouco notável o seu efeito dado que o programa está na sua fase inicial” (DEM-
PR2).
“Não, consideramos uma grande perca a inexistência desse material, podia surtir
efeitos positivos dado que a escola possui grande universo de alunos e os pais/ encarrega-
dos de educação quando solicitados aparecem” (DENR2).
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 59
escolas” (DEMCU1).
“Que seja alocado equipamento (camisetas e bonés) aos jovens ligados ao ambiente
como forma de os estimular nas práticas diárias” (DEZR2).
“Na minha opinião deve-se introduzir uma disciplina com paralelismo a Geografia
que só fala de Educação Ambiental” (DENU2).
“Que nos programas de ensino, haja um capítulo ou unidade temática que fale sobre
a matéria ambiental” (DENR1).
Os depoimentos dos directores das escolas, de certo modo, confirmam as nossas percepções
sobre as dificuldades que existe no ESG na implementação dos conteúdos de EA como temas trans-
versal. Essas dificuldades vão desde a formação dos professores até a falta de materiais.
É importante salientar que a EA é necessária em todos os níveis sociais, onde cada indivíduo tem que
ser responsável pelas suas acções em prol da preservação do meio ambiente.
Assim, no que concerne a abordagem da componente de EA nas escolas é de referir que existe
um “gap” entre a teoria e a prática, pois nem tudo que foi concebido nos planos curriculares é posto
em prática pelos professores, por um lado pela fraca consciência ambiental por parte destes. Por
outro lado, por falta de oportunidades para implementação de acções concretas de EA.
A pesquisa realizada contribuiu grandemente para entender que apesar da fraca implemen-
tação das estratégias de EA na maioria das escolas há aquelas porém, que mostram interessse em
desenvolver a consciência ambiental dos alunos através de algumas acções concretas como é o caso
de criação de espaços verdes, plantio de ávores, recolha selectiva de resíduos sólidos e elaboração de
cartazes para a sensibilização ambiental.
60 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
4.1. Conclusões
Relativamente a abordagem dos conteúdos de EA nas aulas, a maioria dos
professores (93%) afirmou que tem falado, facto que não foi confirmado durante a observa-
ção das aulas, onde se verificou-se que apenas 20% dos professores é que fazem referência
aos aspectos de EA.
4.2. Sugestões
• Reedifinição das estratégias de abordagem dos conteúdos de EA no ESG pois os re-
sultados do estudo revelam que a maioria dos professores não aborda estes contéudos por
vários motivos,
• Ao nível das ZIP´s podem ser organizadas capacitações sobre abordagem dos temas
transversais com enfoque para os conteúdos de EA , pois se não forem tomadas a sério o fu-
turo das novas gerações estará comprometido;
• Os fazedores das políticas educativas devem procurar formas de garantir que os alu-
nos adquiram, na escola, conhecimentos sólidos e duradoiros que lhes permitem agir de for-
ma consciente na preservação do meio ambiente.
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 61
BIBLIOGRAFIA
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___________. Programa de ensino de Química. (8a, 9a e 10a classes). Maputo, INDE, 2008.
___________. Programa de ensino de História. (8a, 9a e 10a classe. Maputo, INDE, 2008.
62 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
crítico , complexo e reflexivo” Educação e Pesquisa. São Paulo, v.31, n.2, maio/agosto.
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KLEIN, J.T. Interdisciplinarity and the prospect of complexity: The tests of a theory. Issues
KUMAR, R. Research methodology: a step by step guide for beginners. 3.ed. Londres, Sage,
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MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 2. ed. São Paulo, Cortez,
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NOVA, E. V. Educar para o ambiente - Projectos para a Área-escola. Lisboa, Texto Editora,
1994.
SATO, Michéle (org.). Educação Ambiental: Pesquisas e Desafios . Porto Alegre: Editora
Artmed, 2005.
Sustainability. 2004
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 63
Apêndice II: Questionários aos alunos
Estimado aluno, o presente questionário tem como objectivo avaliar o seu nível
de conhecimentos em relação aos aspectos de Educação Ambiental.
Assim, agradecemos antecipadamente a sua colaboração.
1. Você já ouviu falar de Educação Ambiental? (assinale com x a sua resposta). Sim -------- Não
---------.
3. Quais são aos problemas ambientais que existem na sua comunidade ou província?
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4. Os recursos naturais existentes no nosso país devem ser utilizados de forma racional e sus-
tentável.
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64 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
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5.3. Explique como deve ser tratado o lixo para evitar a poluição do meio ambiente.
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5.4. Que medidas devem ser tomadas para se evitar a poluição do ar atmosférico?
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7. Diga porque é importante aprender aspectos sobre Educação Ambiental na escola? -----
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8. Mencione as actividades que são realizadas na sua comunidade que podem prejudicar o
meio ambiente. -----------------------------------------------------------------------------------------
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9. O que você gostaria que os teus professores ensinassem mais sobre Educação Ambiental?
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Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 65
Apêndice III: Questionários aos Professores
O presente questionário tem como objectivo recolher dados para pesquisa sobre oportunidades para
aprender e ensinar Educação Ambiental no 1o ciclo do ESG. Pedimos que responda com clareza e
objectividade as questões colocadas. Agradecemos antecipadamente a sua colaboração.
ii. Durante a sua formação quando e onde começa a ouvir falar da Educação Am-
biental? ----------------------------------------------------------------------------------
66 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
VI. Porque é importante ensinar os conteúdos de EA? ------------------------------------
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5. Tem tido encontros com colegas de outras disciplinas para troca de ideias e experiencias
sobre abordagem de aspectos ambientais? ------------------------------------------------------
6. Nesta escola existe meios didácticos para ensinar conteúdos de EA? ------------------------
iii. Em caso de não existência de meios para um determinado tópico o que tem fei-
to? ------------------------------------------------------------------------------------------
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iv. O que fazem com o conhecimento que adquirem nos seminários? ----------------
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Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 67
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8. Que propostas ou recomendações deixaria para a direção da escola e para o MINED? ---
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68 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Apêndice IV: Guião de entrevista aos directores de escola e/ou di-
rector adjunto
5. A escola como uma instituição educadora tem promovido programas de Educação Am-
biental?
a. Quais são?
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 69
Apêndice V: Dados das aulas observadas
70 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
1ZU2 04.07.11 8ª História Mesopotâmia Roma
O impacto da crise econó-
mica Mundial em África e
2ZU2 05.07.11 10ª História Moçambique
3ZU2 04.07.11 8ª Geografia Rede e Bacia hidrográfica
4ZU2 08.07.11 8ª Geografia Hidrosfera
EZU2
5ZU2 08.07.11 10ª Geografia Movimentos migratórios
Momentos de força – conti-
6ZU2 08.07.11 9ª Física nuação
Importância das sementes,
alimentar, económica e me-
7ZU2 04.07.11 9ª Biologia dicinal
Desenvolvimento económi-
co dos EUA (1910 - 1929) no
1ZU3 24.06.11 10ª História campo político e económico
Problemas demográficos ac-
EZU3 2ZU3 24.06.11 10ª Geografia twuais em Moçambique
Di-hibridismo 3ª lei de
Mendel, Problemas de di-hi-
3ZU3 24.06.11 10ª Biologia bridismo
4ZU3 24.06.11 10ª Química Alcinos
1ZR2 22.06.11 8ª Português Frases complexas
2ZR2 22.06.11 8ª História Mesopotâmia
EZR2
Músculos - tipos fundamen-
3ZR2 22.06.11 8ª Biologia tais de tecido muscular
Conjugação de verbos: amar
(presente indicativo, con-
1ZR1 20.06.11 8ª Português juntivo, imperfeito)
2ZR1 21.06.11 Português Correcção de T.P.C
Revolução Socialista - Outu-
3ZR1 21.06.11 10ª História bro de 1917
4ZR1 21.06.11 10ª Geografia Pesca - introdução
5ZR1 21.06.11 8ª Física Gráfico da velocidade
6ZR1 21.06.11 10ª Física Campo Magnético
Alcinos ou alquino - Concei-
EZR1 8ZR1 21.06.11 10ª Química to, geral nomenclatura
Conceito de Pressão - aula
9ZR1 22.06.11 9ª Física introdutória
Ligação química/ tipos de
10ZR1 21.06.11 9ª Química ligação
Grupos sanguíneos / siste-
11ZR1 21.06.11 10ª Biologia ma Rh
Esquema do sistema circu-
latório de sangue (pequena
12ZR1 21.06.11 8ª Biologia e grande circulação
13ZR1 21.06.11 9ª Biologia Classificação da folha
1ZR2 22.06.11 8ª Português Frases complexas
2ZR2 22.06.11 8ª História Mesopotâmia
EZR2
Músculos - tipos fundamen-
3ZR2 22.06.11 8ª Biologia tais de tecido muscular
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 71
Texto expositivo-explicativo
1MPR1 15.06.11 10ª Português - O Guia turístico
2MPR1 15.06.11 9ª Português Currículo vitae
As primeiras manifestações
nacionalistas em África e
3MPR1 17.06.11 10ª História em Moçambique
A Babilónia os fundamentos
do despotismo e o código de
4MPR1 15.06.11 10ª História Hamurábi
Caudal de rio - Regime hi-
5MPR1 15.06.11 8ª Geografia drográfico
Os problemas ambientais
causados pela actividade
6MPR1 15.06.11 8ª Geografia Agro-pecuária e soluções
7MPR1 17.06.11 9ª Física Movimentos variados
Líquidos imiscíveis - correc-
ção do T.P.C. Exercícios de
8MPR1 17.06.11 8ª Física aplicação
Obtenção laboratorial de
Cloro como elemento repre-
9MPR1 17.06.11 9ª Química sentativo. Nox
72 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
Textos Expositivos Argu-
mentativos, correcção do
1MCU1 08.06.11 10ª Português T.P.C
2MCU1 08.06.11 9ª Português Conjugação perifrástica
As tensões internacionais
nas vésperas da II Guerra
3MCU1 06.06.11 10ª História Mundial
A população de Moçambi-
4MCU1 06.06.11 10ª Geografia que
5MCU1 08.06.11 8ª Geografia Tipos de chuva
6MCU1 06.06.11 10ª Física Circuitos eléctricos
Movimento Variado (Intro-
dução), Movimento unifor-
memente acelerado (MUA),
7MCU1 06.06.11 8ª Física Movimento (MUR)
Estrutura Atómica. História
8MCU1 06.06.11 9ª Química da estrutura atómica
Hereditariedade dos grupos
9MCU1 08.06.11 10ª Biologia sanguíneos do sistema ABO
A diferenciação social na
Maputo 14.06.11 8ª História Mesopotâmia
Cidade Textos jornalísticos, publi-
1MCU2 31.05.11 10ª Português cidades
2MCU2 31.05.11 9ª Biologia Estudo da folha
Correcção do T.P.C. Pressão
3MCU2 01.06.11 9ª Física nos sólidos
Hereditariedade Autossó-
4MCU2 01.06.11 10ª Biologia mica
Não houve nenhuma moti-
vação. O professor introdu-
5MCU2 01.06.11 10ª Química ziu logo a matéria
6MCU2 01.06.11 8ª Português Texto expositivo-explicativo
Migrações - causas e conse-
7MCU2 01.06.11 10ª Geografia quências
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 73
DADOS DOS AUTORES
Ana Romão Wamir da Conceição – Professora Auxiliar. Coordenadora do Grupo de Pequisa de Educação e
Gestão Ambiental (GRUPEGA) do Centro de Estudos de Políticas Educativas (CEPE), Docente da Faculdade
de Ciências Naturais e Matemática (FCNM), Departamento de Biologia, – Maputo; Bacharel em Ensino de
Química e Biologia pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Licenciada em Ensino de Química e Biolo-
gia pela Universidade Pedagógica; Mestre em Educação/ Curriculum and Instructional Design & Development
na área de Ciências Ambiente na Universidade de Pretória na África do Sul, Doutoranda em Energias e Meio
Ambiente pela UP-FCNM. Email: [email protected]
Ana Paula Luciano Alichi Camuendo – Professora Auxiliar. Docente da FCNM, Departamento de Química
- Maputo. Licenciada em Ensino de Química e Biologia pela Universidade Pedagógica, Mestre em Educação/
Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo em Convénio com a UP; Doutoranda em Educa-
ção/Currículo pela UP. Email: [email protected]
Armindo Rúben Monjane – Professor Associado. Docente da FCNM, Departamento de Química – Maputo.
Doutorado em Análise Química Ambiental pela Universidade de Dresden na Alemanhã. Email: monjanea@
gmail.com
Pita Sitoe – Professor Auxiliar. Docente da FCNM, Departamento de Biologia - Maputo, Licenciado em En-
sino de Química e Biologia pela UP, Mestre em Meio Ambiente pela The Melbourne University - Austrália.
Doutorando em Energia e Meio Ambiente pela UP-FCNM. Email: [email protected]
74 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
José Gopa – Docente do Departamento de Ciências Sociais – UP Quelimane, Licenciado em Ensino de His-
tória e Geografia pela UP. Email: [email protected]
Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique 75
DE PEDA
IDA GÓ
RS
E
GI
IV
CA
UN
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OC UE
A M B I Qno 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral em Moçambique
76 Oportunidades para ensinar e aprender Educação Ambiental