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Keywords:
pallet; storage; handling.
1 Introdução
Paletes são estruturas complexas responsáveis por armazenar e transportar com segurança valores
elevados em produtos da maioria das indústrias e cuja importância nem sempre é considerada, pois o foco
principal está normalmente no material que se carrega sobre ele. Eles exercem funções essenciais como:
• agilizar a movimentação de carga, por meio do uso de garfo girante (paleteira) e empilhadeira;
É importante conhecer o desempenho dos paletes, pois somente um palete de boa qualidade poderá
exercer adequadamente as funções mencionadas. Paletes de baixa qualidade podem causar problemas
de magnitude imprevisível, não só financeiros com a perda de mercadorias e atrasos nas entregas, mas
também devido ao risco de acidentes e ferimentos, causando danos à reputação da empresa.
O comportamento de um palete pode ser determinado por uma série de ensaios em laboratórios. Esses
ensaios podem ser encontrados em normas técnicas. Existem 13 normas brasileiras sobre paletes,
elaboradas pelas comissões de estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR). No
âmbito internacional, merecem destaque as normas da série ISO 8611 (International Organization for
Standardization), por serem normas de consenso internacional, com grande abrangência de utilização
e aceitação, principalmente pelos países da Comunidade Europeia (CE).
Os paletes são submetidos a forças que variam de modo significativo em função do tipo de carga e
das condições de manuseio e armazenamento. Usuários de paletes têm diferentes formas de utilização
2 As Normas Brasileiras
As primeiras normas brasileiras de paletes estavam muito voltadas para os paletes de madeira, uma
realidade do mercado até a década de 1970. Nos anos 1980, observou-se o crescimento do uso de
paletes plásticos, principalmente por questões sanitárias. Pressões ecológicas e logísticas, para
paletes de material reciclado ou paletes mais leves, levaram a utilização de paletes de papelão e de
material plástico compósito. As referências normativas brasileiras referentes a paletes foram então
sistematicamente evoluindo e hoje se aplicam a paletes feitos de qualquer material, inclusive paletes
metálicos e de materiais combinados, mas ainda há normas que mantém a aplicabilidade a materiais
específicos. O Quadro 1 apresenta as normas em vigor atualmente, assim como algumas informações
relativas às mesmas.
NBR 9192: 2010 Paletes de madeira ABNT/CB-23 - ABNT NBR 8254 – Estabelece os requisitos
- Peças de madeira (CE-23:007.01) Paletes – Terminologia das peças de madeira e
e fixadores - ABNT NBR 8255 dos fixadores utilizados na
- Paletes de madeira – fabricação de paletes de
Resistência da fixação madeira.
ao arranchamento
NBR 9193: 2011 Paletes de madeira ABNT/CB-23 - ABNT NBR 8252 – Estabelece os requisitos
serrada - Requisitos (CE-23:007.01) Paletes – Dimensões para aceitação de paletes
para aceitação básicas de madeira serrada.
- ABNT NBR 8254 –
Paletes – Terminologia
- ABNT NBR 8255
- Paletes de madeira –
Resistência da fixação
ao arranchamento
- ABNT NBR
8337 – Paletes –
Determinação da
resistência à flexão
do palete apoiado na
face inferior e na face
superior
- ABNT NBR 8339 –
Paletes – Deformação
em diagonal
- ABNT NBR
8341 – Paletes –
Determinação da
resistência à queda
livre sobre quina
- ABNT NBR 9192 –
Paletes de madeira
- Peças de madeira e
fixadores
NBR 16242:2020 Paletes plásticos ABNT/ONS-51 Não há Especifica os requisitos
- Requisitos e (CE-51:002.06) mínimos e métodos de
métodos de ensaio ensaio para a fabricação de
paletes plásticos.
Fonte: A
BNT/CB-23 – Comitê Brasileiro de Embalagem e Acondicionamento
CE-23:001.01 - Comissão de Estudos de Terminologia de Embalagem
CE-23:001.02 - Comissão de Estudos de Desempenho de Embalagem
CE-23:007.01 – Comissão de Estudos de Paletes
ABNT/ONS-51 – Organismo de Normalização Setorial de Embalagem e Acondicionamento Plásticos
CE-51:002.06 – Comissão de Estudos de Paletes Plásticos
Os procedimentos de ensaios descritos na ISO 8611 são simulações de diferentes condições de uso
do palete. Esses ensaios permitem ao construtor e ao usuário do palete verificar se o desempenho é
satisfatório para as condições de uso previstas e, também é definido o desempenho aceitável, reduzir
o custo do palete.
- a carga nominal é o maior valor de carga segura para utilização do palete, sem considerar o tipo de
carga ou de movimentação. A carga nominal é importante na comparação do desempenho de diferentes
modelos de paletes. A carga nominal é utilizada também quando o tipo de carga não é conhecido;
- a carga máxima de trabalho é a maior carga útil que o palete pode suportar nas condições específicas
de carregamento, movimentação e armazenamento previstas.
A avaliação da durabilidade dos paletes estão especificadas na ISO 8611 – Part 1: Test methods.
No anexo A da ISO 8611 - Part 3: Maximum working loads, é fornecido um guia para os efeitos no
desempenho do palete de diferentes tipos de cargas e métodos de estabilização, para orientar quanto
ao provável resultado de ensaios com a carga útil conhecida.
Ainda, existem diferenças conceituais e operacionais entre os procedimentos de ensaios ISO 8611-
1: 2011 e as normas brasileiras, para um mesmo escopo. Para alguns, os ensaios são similares, para
outros, o fundamento é diferente.
Algumas normas brasileiras consideram a unidade de carga completa, ou seja, o conjunto “palete +
carga” nas quais o desempenho do palete é avaliado em função do conjunto.
Impacto no canto ABNT NBR 8341:2011 – Determinação da Item 8.9 – Corner drop test
por queda resistência à queda livre sobre quina
Cisalhamento ao Não há Item 8.10 – Shear impact test
impacto dinâmico do
palete
Impacto do garfo ABNT NBR 9193:2011 item 5.4 – Impacto Item 8.11 – Top deck edge impact test
de empilhadeira na contra garfo de empilhadeira
borda da plataforma
superior do palete
Impacto do garfo ABNT NBR 9462: 2012 Embalagem e Item 8.12 – Block impact test
de empilhadeira nos acondicionamento — Determinação do
blocos do palete desempenho em choque horizontal*
Coeficiente de atrito Não há Item 8.13 – Static coefficient of friction test
estático entre o
palete e o garfo de
empilhadeira
Ângulo de Não há Item 8.14 – Slip angle test
escorregamento da
carga sobre o palete
* o desempenho do palete é avaliado em função do conjunto “palete + carga”.
Fonte: elaborado pelos autores
Para os ensaios de cisalhamento estático, queda de canto, cisalhamento ao impacto, impacto na borda
da plataforma superior, impacto no bloco, coeficiente de atrito estático e ângulo de deslizamento, a
ISO 8611 não define limites de desempenho, sendo os resultados de caráter comparativo.
No ensaio de cisalhamento estático a norma NBR 8339:2011 especifica a aplicação de forças nas
diagonais opostas do palete, medindo-se as deformações sob carga e após o relaxamento, sem a
definição de limites.
No ensaio de impacto no canto por queda a norma NBR 8341:2011 especifica que o palete cai de
uma altura de 100 mm, 6 vezes, sem definir limites de desempenho.
A norma NBR 9193:2011 é exclusiva para paletes de madeira serrada. Estabelece os requisitos para
aceitação dos paletes, considerando os resultados dos ensaios das normas ABNT NBR 8335:2011,
NBR 8337:2011, NBR 8339:2011 e NBR 8341:2011, e os classifica por nível de desempenho (leve,
médio, pesado) conforme o valor das cargas atingidas.
A norma ABNT NBR 16242:2020 é exclusiva para paletes de plástico. Os paletes são classificados
(classe 1, 2 ou 3) conforme as cargas que suportam. Nos ensaios de levantamento por empilhadeira
(carga dinâmica) e de flexão em estrutura porta-palete, a carga é aplicada até o palete atingir uma
deflexão limite e uma deflexão residual, após um período de relaxação da carga, ambas em função
da dimensão lateral do palete. O resultado a ser considerado para fins de classificação é a última
carga aplicada anteriormente ao alcance da deflexão limite ou à fratura. No ensaio de empilhamento
(carga estática), a carga é aplicada até a fratura do palete ou até uma deflexão limite, em função da
dimensão lateral do palete, e o valor a ser considerado para fins de classificação é de 80 % da carga
máxima atingida no ensaio.
No passado, décadas de 70 a 90, o IPT teve uma atuação bastante ativa na elaboração de normas
para palete.
Nessa época, surgiu o palete PBR (Palete Padrão Brasileiro) procedente de estudos realizados pelo IPT
para o setor supermercadista, por meio da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados). O palete
PBR ainda existe, tendo evoluído de sua versão original (ABRAS,2020). O palete PBR é um produto
intercambiável, que circula dentro de um sistema aberto de parceiros comerciais, o que possibilita o
seu reuso. Ele segue especificações técnicas rígidas e leva marcações que permitem reconhecer que é
um palete PBR e saber a data de sua fabricação e quem o fabricou. Embora tenha sido desenvolvido
para o setor supermercadista, tem características que permite seu uso para outros setores ou
situações. Ele atende vários sistemas de estocagem e pode ser movimentado por diferentes tipos de
equipamentos, como paleteiras, empilhadeiras e transelevadores.
A dificuldade de união em torno de objetivos técnicos que deveriam ser comuns a quem fabrica
palete, independente do material, vem prejudicando a evolução de normas ABNT referentes a esse
produto e dando espaço para normas estrangeiras, como as da série ISO aqui tratadas, que supram a
demanda por dados que representem mais fielmente a realidade a ser enfrentada. .
A série ISO 8611:2011 foi desenvolvida com base em estudos técnicos mais recentes e, portanto,
passou por aperfeiçoamentos o que a tornou mais completa, com definições claras de requisitos,
aplicações objetivas e critérios de aceitação. Além disso, a série ISO 8611:2011 foi discutida e aprovada
por consenso em âmbito internacional.
Não obstante o interstício temporal entre as atualizações das normas ABNT e ISO, o IPT continuou
a desenvolver e propor métodos de ensaio dos paletes e a preencher as lacunas normativas para o
controle deste equipamento. Assim, foram criados métodos para especificação ou interpretação de
resultados dos ensaios nos quais as normas brasileiras eram omissas.
Para o ensaio de queda contra um vértice, previsto pela ABNT NBR 8341, foi estabelecida uma
deformação máxima admissível das diagonais. Foi criado um método para avaliação do ângulo de
estabilidade da carga sobre o palete. Foi desenvolvido, também um estudo de método de ensaio de
compressão de carga não rígida, substitutivo ao método do colchão de ar da norma ISO.
Estes procedimentos e especificações são sugeridas aos clientes do IPT para melhor avaliação de seus
produtos. Poderão ser disponibilizados para comissões de estudo da ABNT quando houver uma nova
rodada para revisão das normas brasileiras.
7 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8254:2008. Paletes – Terminologia. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2008.
_____. NBR 9192: 2010. Paletes de madeira - Peças de madeira e fixadores. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010.
_____. NBR 8252:2011. Paletes Dimensões básicas. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2011.
_____. NBR 8335: 2011. Paletes - Determinação da resistência à flexão da face superior e da face
inferior. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011.
_____. NBR 8337: 2011. Paletes - Determinação da resistência à flexão do palete apoiado na face
inferior e na face superior. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011.
_____. NBR 8339: 2011. Paletes - Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011.
_____. NBR 8341:2011. Paletes - Determinação da resistência à queda livre sobre quina. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011.
_____. NBR 9193: 2011. Paletes de madeira serrada - Requisitos para aceitação. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2011.
_____. NBR 8334: 2014. Paletes – Classificação. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2014.
_____. NBR 16242:2020. Paletes plásticos - Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2020.
_____. ISO 8611-1: 2011 – Pallets for materials handling – Flat pallets – Part 1: Test methods.
Geneva, Switzerland,:International Organization for Standardization, 2011.
_____. ISO 8611-2: 2011 – Pallets for materials handling – Flat pallets – Part 2: Performance
requirements and selection of tests. Geneva, Switzerland: International Organization for
Standardization, 2011.
_____. ISO 8611-3: 2011 – Pallets for materials handling – Flat pallets – Part 3: Maximum working
loads. Geneva, Switzerland: International Organization for Standardization, 2011.
_____. ISO 8611-4: 2011 – Pallets for materials handling – Flat pallets – Part 4: Procedure for
predicting creep response in stiffness test for plastic pallets using regression analyses. Geneva,
Switzerland: International Organization for Standardization, 2011.
DOI 10.34033/2526-5830-v4n14-7