Apostila de Celulas de Carga PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 26

ÍNDICE

Material providenciado por : Péricles Fernando – 2010 – Vale

Ítem Descrição Pg
1 INTRODUÇÃO 3
2 PRINÇIPIO DE FUNCIONAMENTO 4
2.1 Ponte de Wheatstone 4
2.2 Segunda Lei de Ohm 6
3 STRAIN GAUGE 8
3.1 Breve Histórico 10
3.2 Extensômetros Comerciais 11
3.3 Classificação 12
3.3.1 Strain Gauge Matálico 12
3.3.2 Strain Gauge Semi Condutor 14
3.4 Preparação da Superfície e Colagem dos Strain Gauges 15
4 Strain Gauge na Célula de Carga 16
4.1 Funcionamento da Célula de Carga 18
4.2 Sensibilidade da Célula de Carga 19
4.3 Precisão 19
5 CUIDADOS GERAIS 20
6 CONEXÕES DAS CÉLULAS DE CARGA 22
7 DETERMINAÇÃO DE UMA CÉLULA DE CARGA 25

1 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


2 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga
1. INTRODUÇÃO

A célula de carga é um transdutor mecânico/elétrico que transforma um


esforço mecânico em um sinal elétrico. É um elemento muito sensível e que
requer uma série de cuidados para seu manuseio.

O uso de células de carga como medição de força abrange uma vasta gama de
aplicações, desde balanças comerciais até balanças de controle em processos
industriais.

Associa-se, no caso particular do Brasil, a circunstância que a tecnologia de


sua fabricação, que antes era restrita a nações mais desenvolvidas, é hoje
amplamente dominada pelo nosso país.

Esta transformação de sinal mecânico em elétrico pode ocorrer baseada em


vários conceitos da eletrônica, sendo os as mais comuns o Resistivo, Capacitivo
e Indutivo.

Iremos abordar aqui somente as células de carga Resistivas que são as células
de carga que a Schenck utiliza.

Nosso objetivo aqui não é abordarmos fundamentos teóricos, e sim a utilização


de cada conceito dentro de nossa aplicação.

3 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

A célula de carga resistiva trabalha baseada em dois conceitos da eletrônica


básica que são a Ponte de Wheatstone e a Segunda Lei de Ohm.

A seguir recapitularemos estes dois conceitos para posteriormente aplicarmos e


conceituarmos uma célula de carga.

2.1. Ponte de Wheatstone

A figura a seguir nos mostra a configuração de uma Ponte de Wheatstone, que


é composta por quatro resistências elétricas alimentadas por uma tensão Ee.

R1 R2
Ee

R4 R3

A B

A condição de equilíbrio desta ponte se dá quando temos o potencial no ponto


A igual ao potencial do ponto B.

Para conseguirmos este equilíbrio, precisamos satisfazer a seguinte condição:

R1 x R3 = R2 x R4

4 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Nesta condição como não existe a diferença de potencial, DDP, não teremos
corrente circulando de A para B e nem de B para A.

R1 R2
Ee

R4 R3

A
A B

Se variarmos o valor de uma ou mais resistências, estaremos desequilibrando a


ponte. Neste caso teremos no ponto B um potencial diferente do ponto A,
consequentemente tendo corrente circulando de A para B ou de B para A,
dependendo do valor da variação ocorrida, mas, quanto maior for a variação
maior será a diferença de potencial, consequentemente maior será a corrente
circulante.

Poderíamos desequilibrar a ponte colocando uma resistência variável como


mostra a figura abaixo:

R1 R2
Ee

R4 R3

A
A B

5 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Quanto maior for a variação de R2 maior será a diferença entre os produtos:

R1 x R3 e R2 x R4

Quanto maior for a diferença entre os produtos, R1 x R3 e R2 x R4 maior será


a diferença entre o potencial do ponto B e o potencial do ponto A,
consequentemente maior será a corrente circulante.

2.2. Segunda Lei de Ohm

A segunda lei de Ohm conceitua que um certo trecho de condutor AB tem a


sua resistência diretamente proporcional ao seu comprimento, a seu coeficiente
de resistividade e é inversamente proporcional a sua área, bitola do fio.

A B

Rab = ρ x L Onde:
A Rab = Resistência entre A e B
ρ = Coeficiente de Resistividade ( Tabela )
L = Comprimento do condutor ( m )
A = Área de secção transversal ( m² )

No exemplo acima temos um trecho de condutor em linha reta, mas poderemos


ter o condutor em outras configurações, como por exemplo, uma resistência de
chuveiro elétrico que nada mais é do que um condutor em forma espiral para
poder ser colocado sem ocupar grandes espaços e que resulta em uma certa
resistência suficiente para transforma a energia elétrica em calor.
Então podemos pegar um certo condutor e colocarmos na configuração abaixo:

A B

6 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Dependendo do material e da bitola do fio poderemos conseguir em uma
configuração como esta, uma resistência de 350 Ohms.
Esta configuração recebe o nome de Strain Gage ou extensometros de
resistência elétrica.

7 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


3. STRAIN GAGE

Nas células de carga não encontramos resistores e nem potenciômetros. Quem


faz o papel das resistências são os Strain Gages ou extensômetros.
Como visto anteriormente na segunda lei de Ohm, o Strain Gage nada mais é
do que um condutor de bitola bem reduzida que é confeccionado, em alguns
dos modelos de célula de carga, na seguinte configuração:

Algumas células de carga utilizam Strain Gages de 350 Ohms.

Abaixo mostraremos alguns exemplos de Strain Gages:

Configuração em forma de Roseta Configuração em forma de


Roseta do tipo Delta

A extensometria é uma técnica utilizada para a análise experimental de tensões


e deformações em estruturas mecânicas e de alvenaria.

8 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Estas estruturas apresentam deformações que podem ser monitoradas de
diversas formas, dentre as quais: por relógio comparador, por detetor eletrônico
de deslocamento, por fotoelasticidade, e por strain-gage, dentre outros.

Mas é o strain-gage o alvo das atenções, devido a sua versatilidade de


aplicação.

Uma célula de carga, por exemplo, nada mais é do que uma estrutura
mecânica planejada a deformar-se dentro de certos limites.

O extensômetro elétrico ou strain-gage, é na sua forma mais completa, um


resistor elétrico composto de uma finíssima camada de material condutor,
depositado sobre um composto isolante.

Este é então colado sobre a estrutura em teste. Como o strain-gage é sensível


as deformações oriundas das cargas presentes na estrutura, pode-se então
estudá-las, medindo o comportamento de deformação no corpo.

As tensões mecânicas são calculadas, considerando-se estas deformações e o


estado de orientação geométrica na peça.
Desta forma é possível termos diversos tipos de estruturas que sejam sensíveis
aos muitos parâmetros físicos a estudar, tais como:
Carga ; Pressão ; Torque ; Deslocamento ; Aceleração e Vibração .

Quanto ao tipo e geometria dos strain-gages, igualmente a forma que este é


colado na peça, podemos dizer que são subdivididos quanto a precisão
requerida nas medições, grau de proteção com o ambiente e fidelidade de
medidas a médio / longo prazos, quando então pode-se afirmar que strain-
gages, adesivos utilizados na colagem e procedimentos adotados, estão
relacionados com estes serem utilizáveis para análise de tensões ou para
transdutores.

Para análise experimental de tensões espera-se obter medidas não absolutas, o


qual os strain-gauges são colados de maneira rápida nas estruturas,
dispensando compensações de origem térmica, envelhecimento mecânico,
barométrico e outros.
Já em sensores, células de carga, devemos ter-se o máximo cuidado quanto a
estes itens, já que à um sensor considerado de alta precisão, deve-se guarnecer
de mínima susceptibilidade a variáveis externas.
A razão da unidade de engenharia pelas diversas variáveis externas, expressa
portanto, a precisão global de um dado sensor.
Daí, os tantos tipos e modelos desta ou daquela célula.

9 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


3.1 Breve Histórico

Thomsom (Lord Kelvin), em 1856, fez experimentos com cobre e ferro e


concluiu que a resistência elétrica de ambos mudava quando os materiais
sofriam deformações. Para realizar as medições, ele fez uso de uma "Ponte de
Wheatstone " e um galvanômetro ( indicador ).Tal descoberta, entretanto ficou
muitos anos sem utilidade prática. O "strain gage " como é conhecido hoje,
certamente passou por inúmeros aperfeiçoamentos , sendo considerados como
principais os seguintes:
1931 (Carlson) – primeiro extensômetro de fio (do tipo não colado);
1938 (Simmons) – strain gauge de fio (costantan ) n 40,"cimentado" às 4 faces
de uma barra de aço;
1938 (Ruge) – montagem do fio dentro de duas folhas de papel.
O extensômetro de resistência elétrica (eletrical bonded strain gage ), ou
simplismente "strain gage", como é comumente chamado vem sendo utilizado
desde a Segunda Guerra Mundial nos mais variados ramos da engenharia, as
aplicações para o strain gage são praticamente ilimitadas.

Em 1.947, numa antiga fábrica de locomotivas nos Estado Unidos (que


completava então 116 anos) surgia a nova tecnologia industrial dos
extensômetros elétricos (strain gages). Coroava-se pesquisas e entendimentos
anteriores envolvendo o Massachusetts Institute of Tecnology e o California
Institute of Tecnology . Suas conseqüências envolveram o desenvolvimento da
Análise de Tensões em peças e estruturas, com expressiva influência nas
indústrias automobilística, aeronáutica e aeroespacial, o desenvolvimento de
Células de Carga (load cells) e suas consequencias, como o surgimento de
balanças e sistemas eletrônicos de pesagem, o desenvolvimento de sensores
eletrônicos de pressão (pressostatos) e outras aplicações.
Passados 3 anos deste início, a nova atividade já se tornara independente
dentro da fábrica de locomotivas e após 9 anos tornara-se uma divisão de
negócios sendo vendida após 25 anos, em 1.973. A fábrica de locomotivas
também já não existe mais.
Nos tempos iniciais, algumas das poucas pessoas envolvidas com esta nova
tecnologia foram se desvinculando uma das outras e formando novas empresas
e associações. Assim surgiu em 1.972, na Califórnia, a J.P.Tecnologie e a Micro
Engeneering II (ME2), ambas fundadas pelo físico Mr. Johnson Hall, que por
sua vez foi absorvendo outras empresas do ramo, em 1.973 a Varac
Corporation, em 1.981 a Magnaflux Corporation, e posteriormente a W.T.Bean,
Incorporated.
Paralelamente, em 1.966, em São Paulo, Brasil, nascia a então Dinamômetros
Kratos, voltada à fabricação de dinamômetros mecânicos destinados à medição
de forças e máquinas de ensaio, equipamento destinado à determinação da
força de escoamento e de ruptura de materiais. Por volta de 1.975,
acompanhando a tendência mundial, passou a incorporar a célula de carga às
suas máquinas de ensaio como sensor da força aplicada. Para tanto, passou a

10 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


produzir as primeiras células de carga no Brasil, utilizando-se de
extensômetros importados dos Estado Unidos. Logo depois passou a fornecer
as células de carga para os fabricantes das primeiras balanças eletrônicas
produzidas no Brasil. De 1.983 a 1.986 trouxe da J.P. Tecnologie e da Micro
Engineering II a tecnologia de fabricação dos extensômetros elétricos.
Em 1.995 foi fundada a EXCEL SENSORES, nome significativo formado pela
junção das palavras extensômetro e célula. A EXCEL adquiriu da Kratos os
equipamentos e a tecnologia de fabricação dos extensômetros elétricos,
apresentando ampla linha de produtos padronizados em estoque, e capaz de
desenvolver novos modelos específicos. Desenvolve novos modelos de suas
próprias células de carga bem como de outros sensores correlatos.

3.2 Extensômetros comerciais

Os fabricantes de strain gages são relativamente poucos, dentre os mais


importantes podemos salientar: Kiowa (Japão), Micro Measurements (EUA ),
HBM (Alemanha Ocidental ), BLH (EUA), Phillips (Holanda ).

A sofisticada tecnologia, a variação de tipos de strain gauges (em função das


aplicações) e a quantidade produzida praticamente limitam o número de
fabricantes a um círculo muito restrito.

A seleção do extensômetro adequado depende, obviamente, de uma série de


fatores, dentre os quais:
 Objetivo (tipo) da medição;
 O material onde será colado o strain gauge (alumínio, cobre, aço);
 Dimensões do strain gauge;
 Precisão necessária na medida;
 Potência que o strain gauge pode dissipar (sem que a passagem de corrente
produza aquecimento inconveniente );
 Preço.

Os modelos e tipos de strain gauges oferecidos são os mais diversos, variando


de fabricante para fabricante. A HBM, por exemplo, divide a sua linha de
produtos em quatro classes: Precision Strain Gauges, Universal Strain Gauges,
Standard Strain Gauge e Other Strain Gauges. É claro que a série "Precision" é
mais cara. Entretanto, para se construir uma célula de carga com precisão
0,02%, provavelmente se necessita recorrer a extensômetros desta linha.

Os extensômetros tipo KL, da Kiowa, por exemplo, são extensômetros para uso
com grandes deformações (4 - 8%); trata-se de extensômetros do tipo "fio", o
material da grade é liga Cu-Ni, a faixa de operação é de -10 a +60 °C.

A corrente máxima que pode circular pelo extensômetro é na ordem de

11 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


grandeza de mA, tem baixa resistência à umidade e não é auto-compensado
(em termos de temperatura).

Como se pode observar, a escolha da faixa de deformação em que o


extensômetro irá operar é fundamental; para o extensômetro KFW, da Kiowa, a
máxima deformação permitida é da ordem de 1%; deformações maiores podem,
inclusive, danificar o extensômetro. Assim sendo, uma das características que
o extensômetro possui, é a máxima deformação estática elástica permitida;
entretanto, este valor não deve ser atingido, ao se operar em medições
mecânicas.

Cada fabricante possui um catálogo completo com os diferentes tipos de strain


gauge que produz e suas características. A escolha de um ou outro dependerá,
sobretudo, do material a ser estudado, da faixa de deformação, das condições
de temperatura e umidade, do custo e da disponibilidade no mercado.

3.3 Classificação

Os strain gauges podem ser classificados, entre outros aspectos quanto: - ao


material resistivo, - ao material base;

Quanto ao material resistivo:


Metálico
Semicondutor

Quanto ao material básico:


Papel
Baquelite
Poliester
Poliamida
Epoxi e outros

3.3.1 Strain Gauge Metálico

Nos strain gauges metálicos podem ser usados diferentes tipos de substratos,
tais como, poliamida, papel, poliester, phester e outros. Uma das bases mais
comuns, neste caso, é a phester, composta de fenol tipo epoxi, por ser fina,
flexível e de fácil colagem. Sua faixa de uso está entre -50 °C a +180 °C. Já o
substrato de poliamida possui excelente qualidade de resistência a
temperatura na faixa de -500 °C a +200 °C, garantindo maior durabilidade ao
extensômetro. Os strain gauges metálicos são, basicamente, de três tipos:
grade plana, grade bobinada e grade tipo folha.

12 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Tipos comuns de strain gauges metálicos

O modelo tipo grade plana foi o primeiro a ser produzido em escala comercial; o
extensômetro tipo grade bobinada é o de mais simples fabricação. Entretanto,
devido ao fato de que parte significativa da grade fica afastada da superfície na
qual está colado o strain gauge, este tipo de extensômetro caiu, praticamente,
em desuso.

Os extensômetros tipo folha são os mais usados e são confeccionados com


técnicas de circuito impresso, normalmente sobre substratos de plástico ou
papel, principalmente, devido ao grande desenvolvimento que sofreram as
técnicas de circuito impresso: o material resistivo (filme) possui alguns micra
de espessura e está depositado num material eletricamente isolado, chamado
base. O desenho final da parte resistiva (filme) é obtido através de um processo
fotográfico, esta operação de fotocorrosão (semelhante ao fotolito gráfico) é
seguida pela operação de soldagem dos "lides" ao strain gauge.

Quando um "filme" metálico é deformado mecanicamente, entre outros


aspectos, ocorre uma variação de comprimento, implicando numa mudança da
resistência elétrica. Usando-se uma cola adequada de modo que a deformação
da peça seja integralmente transmitida para o elemento resistivo
(extensômetro), pode-se "calibrar" a variação relativa de resistência em função
da deformação relativa da peça (no regime elástico).

Os materiais utilizados para a confecção da grade devem ter uma série de


características, entre as quais pode se destacar:
 relação linear;
 baixa sensibilidade à temperatura (coeficiente de variação da resistência);
 facilidade de soldagem;
 facilidade de ser adquirido e baixo custo;

13 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


 resistência elétrica (moderadamente elevada);
 alta tensão de escoamento;
 boa resistência à corrosão;
 baixa histerese mecânica.

A sensibilidade à temperatura é um dos fatores que mais dificulta a medição


correta com strain gauges. Na maioria das aplicações são usados circuitos
elétricos que prevêem a "compensação" dos efeitos da temperatura (que atua
significantemente quando são usados cabos longos, por exemplo). Entretanto,
a compensação de temperatura via circuito elétrico nem sempre é satisfatória.

3.3.2 Strain Gauge Semi Condutor

Estes sensores empregam materiais semicondutores como elemento resistivo.


Eles apresentam maiores vantagens sobre os extensômetros de fio ou folha por
apresentarem alta sensibilidade. Sua operação é baseada no efeito piezoelétrico
e podem ser conectados diretamente a um osciloscópio.
O elemento resistivo mais utilizado, nesse caso, é o silício intrínseco ou
extrínseco. A variação da resistência do silício é linear para deformações até
0,1% e torna-se não linear acima deste valor. Além disso, a resistência elétrica
deste material apresenta uma alta dependência com as variações de
temperatura. Pode-se minimizar esta dependência e aumentar a faixa de
linearidade, adicionando quantidades controladas de impureza. Esta adição, no
entanto, diminui a sensibilidade do extensômetro, devendo-se, portanto,
buscar um equilíbrio entre estes efeitos opostos.

O substrato isolante onde é depositado o semicondutor é normalmente uma


resina "epoxi". Estes extensômetros possuem boa flexibilidade mesmo quando
fletidos em arcos de raios de curvatura da ordem de 1cm. Nas Figuras abaixo
tem-se esquemas de configurações típicas deste tipo de strain gauge.

Strain gauge com elemento tipo-p ou tipo-n aplicável, em geral, para corpos de
prova de aço.

14 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Elemento resistivo silício tipo-n, com baixa flutuação térmica da resistência

3.4 Preparação da Superfície e Colagem dos Strain Gauges

O desempenho satisfatório do strain gauge depende de diversos aspectos, entre


outros: -da escolha da cola adequada (normalmente o fabricante indica), -do
material de base, -da "operação" de colagem do extensômetro no metal-base.
Os adesivos normalmente utilizados na colagem de strain gauges podem ser
divididos nas seguintes categorias:
celulósicas;
fenólicas;
epoxi;
cerâmicas

A tabela abaixo mostra os adesivos recomendados para os tipos de strain gages


e materiais da base:

Material Adesivo Faixa de uso


Grade
da Base Recomendado permitido (°C)

Fio ou folha Papel Nitrocelulose (-180) a 80

Folha Epoxi Cianoacriato (-70) a 90

Fio ou folha papel impregnado Fenólico (-240) a 180

Fios ou folhas livres - Cerâmicos (-240) a 400

Tabela - Adesivos recomendados

Os adesivos usados devem apresentar uma série de características, dentre as


quais pode-se salientar:
 elevada resistência mecânica;
 elevada rigidez dielétrica;
 elevada resistência à fluência;
 boa aderência;
 facilidade de aplicação;
 mínimo de efeito da temperatura sobre o seu desempenho.

15 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


4 STRAIN GAUGES NAS CÉLULAS DE CARGA

A disposição dos Strain Gauges em um dos tipos de célula de carga é


demonstrada na figura abaixo.

Strain Gauge

Strain
Gauge

Strain Gauge

O esquema acima nos mostra a disposição dos Strain Gauges em uma célula e
o esquema elétrico desta configuração, com 04 fios.
Mas alguns circuitos eletrônicos dos módulos indicadores necessitam saber
qual a real tensão de alimentação da célula de carga para compara-la com a
tensão de saída da célula e nos fornecer a indicação correta. Para este tipo de
aplicação são colocados mais dois sinais nas células de carga, (+) Sense e (-)
Sense, como representado na figura a seguir:

16 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


(+) Sense

(+) Excitação

(+) Sinal

(-) Excitação

(-) Sense (-) Sinal

As cores dos fios de ligação variam de modelo e de fabricante. Nos modelos Z6


da HBM temos:

(+) Excitação - Azul


(+) Sense - Verde
(-) Excitação - Preto
(-) Sense - Cinza
(+) Sinal - Branco
(-) Sinal - Vermelho

Nos modelos RTN temos:

(+) Excitação - Preto


(-) Excitação - Azul
(+) Sinal - Vermelho
(-) Sinal - Branco

As resistências das células podem ser medidas através dos cabos de ligações.
A resistência de entrada deverá ser medida entre os cabos (+) Excitação e (-)
Excitação, e a resistência de saída deverá ser medida entre os cabos (+) Sinal e
(-) Sinal.

Em algumas células da HBM temos os seguntes valores:


Resistência de entrada 350 – 480 ohms
Resistência de saída 356 + 0,2 ohms

17 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Nas células RTN termos os seguintes valores:
Resistência de entrada 4480 + 50 ohms
Resistência de saída 4010 + 0,5ohms

4.1 Funcionamento da Célula

Quando o peso é aplicado, a força exercida tenderá a deformar a célula de


carga no sentido indicado abaixo pela força Fp.

Fe

Fp

Fc

A parte superior da célula de carga, quando submetida ao esforço Fp, tenderá


a “esticar” aumentando o seu comprimento, como representado pela força Fe,
inversamente ocorrerá com a parte inferior da célula que tenderá a se
comprimir, diminuindo o seu comprimento, como representado pela força Fc.
Como o Strain Gauge está colado na célula no sentido longitudinal, quando a
parte superior aumentar seu comprimento, o Strain Gauge também
aumentará. Pela segunda lei de Ohm, aumentando o comprimento, a
resistência também aumenta.

Na parte inferior os Strain Gauges tenderão a diminuir de comprimento


diminuindo suas resistências.

Quanto maior o peso aplicado, maior será a deformação, conseqüentemente os


Strain Gauges da parte superior aumentarão a sua resistência e os Strain
Gauges da parte inferior diminuirão, desequilibrando cada vez mais a Ponte de
Wheatstone.

Consequentemente quanto maior for o desequilíbrio da ponte maior será a


corrente circulante. Podemos medir esta variação através da tensão de saída da
célula que é da ordem de grandeza de milivolts.

Existem vários modelos de células de carga, e dentro destes modelos várias


capacidades.
O que varia de uma capacidade para outra em um mesmo modelo não é o
Strain Gauge mas sim a capacidade mecânica de suportar o peso.
Por exemplo, uma célula de carga de 10Kg, deverá deformar 0,3mm quando
colocado 10 quilos sobre ela, e uma célula de carga de 100Kg, deverá deformar

18 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


0,3mm quando colocado 100 quilos sobre ela. O Strain Gauge utilizado na
célula de 10Kg é o mesmo utilizado na célula de 100Kg.
Para cada modelo a deformação quando submetida a carga máxima varia. Por
isso quando quizermos saber os valores máximos de deformação, devemos
consultar o catálogo do fabricante da célula de carga..

Considerando-se que a temperatura gera deformações em corpos sólidos e que


estas poderiam ser confundidas com a provocada pela açaõ da força a ser
medida, há necessidade de se "compensar" os efeitos de temperatura atravé da
introdução no circuito de Wheatstone de resistências especiais que variem com
o calor de forma inversa a dos extensômetros.

4.2 Sensibilidade da célula de carga

A medicão do desbalanceamento da ponte de Wheatstone é feita através da


variação da tensão de saída em função da tensão de excitação aplicada na
entrada da ponte.
O valor da sensibilidade vem indicado na etiqueta de identificação da célula de
carga.
Uma vez instalada a célula no sistema, o módulo a alimentará com 10Vcc, por
exemplo.

Como a sensibilidade de algumas células de carga Schenck são de 2,85 mv/v,


teremos uma tensão máxima de saída de:

Es (máx) = Ee * Sensibilidade => Es (máx) = 10V * 2,85 mv =>


Es (máx) = 28,5mv
V
O sinal da célula é linear, portanto sabendo-se o valor máximo de saída da
célula que é o sinal para a capacidade máxima, podemos calcular qualquer o
valor de tensão para qualquer valor de peso intermediário.

E(saída) = ( Peso Aplicado x Es (máx) ) / Capacidade da Célula

4.3 Precisão

É o erro máximo admissível relacionado em divisões da capacidade nominal. As


células de carga neste caso podem ser divididas em:
Baixa precisão: até 1.000 divisões (ou 0,1% da capacidade nominal)
Média precisão: de 3.000 a 5.000 divisões (ou 0,03 a 0,02% da capacidade
nominal)
Alta precisão: 10.000 divisões (ou 0,01% da capacidade nominal)

19 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


5 CUIDADOS GERAIS

As células de carga são transdutores de valores medidos de alta precisão. Por


isso, ao serem instaladas, deve-se tomar muito cuidado para evitar danificá-
las.
As células de carga são protegidas contra sobrecarga até um certo limite. Como
a proteção contra sobrecarga depende da capacidade nominal da célula, as
células de baixa capacidade, em particular, correm o risco de serem
sobrecarregadas no momento da instalação. Para proteger as células, você deve
colocar o receptor de carga nos Mancais de montagem auxiliar, ou substituir as
células de carga por células falsas, na hora da instalação.
Além disso, deve-se proteger as células de carga de:
 radiação térmica intensa, especialmente de um lado só,
 variações abruptas de temperatura,
 gotas de solda.
Use, por exemplo, telas refratárias de calor.
Monte o dispositivo do mancal das células de carga de modo a garantir que não
ocorram forças laterais. Isso exige que o dispositivo esteja alinhado antes da
colocação do receptor de carga.
O termo "cabos de medição" abrange todos os cabos que conectam as células
de carga ao sistema de avaliação eletrônica :

 Não se deve torcer o cabo de medição padrão.


 Não danifique a capa do cabo (a Proteção IP 67 deve ser preservada)!
 Um cuidado especial deve ser tomado ao puxar o cabo por tubos ou
dutos.
 Não coloque o cabo diretamente sobre o solo.
 Não deixe o cabo de medição (especialmente suas extremidades) deitado
sobre lama ou umidade.
 Imediatamente depois de colocar o cabo, deve-se introduzi-lo na caixa de
conexões.
 Remova a proteção contra umidade na extremidade do cabo somente
pouco antes de conectar a balança ao sistema elétrico.
 Não submeta o cabo de medição a qualquer tipo de tensão mecânica.
 Se o cabo de medição for muito curto, use uma caixa de passagem
intermediária, para prolonga-lo.
 Quando for conectar várias células de carga, certifique-se de que todos
os cabos de medição tenham o mesmo comprimento para que todas as
resistências de condução sejam iguais. Se os cabos de medição colocados
com comprimentos diferentes, haverá uma diferença na sensibilidade
entre as células de carga.

20 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


 Se for necessário, equilibre a sensibilidade das células de carga.
Instruções resumidas são fornecidas na parte posterior das caixas de
conexão DKK 68/69/70.

A interferência eletromagnética pode adulterar o sinal medido. As fontes de


erro possíveis são:
 Cabos de controle paralelos e cabos de energia com altas correntes
colocados muito próximos uns aos outros.
 Emissores vizinhos muito fortes (como estações de rádio) no caso em que
os cabos de medição percorrem espaços livres.
 Solução: colocar os cabos de medição em um conduíte de aço, ou manter
uma distância mínima de 30 cm dos cabos de energia correndo em
paralelo.
 Coloque os cabos de medição em um tubo flexível de aço para protegê-los
dos roedores.
 Nunca tente remover a plaqueta de identificação da célula de carga para
ter acesso às conexões dos cabos.

21 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


6. CONEXÕES DAS CÉLULAS DE CARGA

Conecte todas as células de carga associadas em paralelo.


Nas balanças de plataforma, como regra geral, esta ligação ocorre na fábrica
(ou seja, por meio da caixa de junção montada na balança).

Caixa de passagem Caixa de junção

Módulo Eletrônico

22 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Esquema de ligação das células em paralelo.

A, Caixa de Passagem

Esquema de ligação da caixa de passagem.

Bornes para conexão

Módulo
Célula

Jumpers utilizados em
células de quatro fios Termo-contrátil

B. Caixa de Junção

Esquema de ligação das Caixas de Junção DKK 69, DKK 70

Módulo

Entrada da célula de carga

23 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


Esquema de ligação das Caixas DKK 68, 68/BS

Entrada da célula de carga

24 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


7. DETERMINAÇÃO DA CÉLULA DE CARGA

Carga
Módulo

Aplicação da Carga Montagem da Célula


de Carga
Plataforma
Célula de Carga

Estrutura do mancal

Cabo de Extensão
Cabo da Célula de Carga Caixa de passagem

Caixa de junção

Determinação da Célula de Carga

Para se determinar a capacidade da célula, basta sabermos alguns dados, tais


como peso da estrutura (plataforma, silo, etc.) que estará apoiada na(s)
célula(s) e capacidade máxima de material a ser pesado.
O cálculo é dado pela fórmula abaixo:

Cb = capacidade da balança (cap. de material) ->

Cb = Vol * Densidade do material

Pm = Peso Morto (Estrutura, plataforma)


Cc = Capacidade da célula => Cc = ( Cb + Pm ) * 1,2

Uma vez instalado o sistema, o módulo alimentará as células de carga com


20Vcc, por exemplo. Como a sensibilidade de um dos modelos utilizados pelas
células de carga Schenck são de 2,85 mv/v, teremos uma tensão máxima de
saída de:

Es (máx) = Ee * sensibilidade => Es (máx) = 20V * 2,85 mv => Es (máx) =


57mv
V
Este sinal retorna para o módulo, onde será amplificado e convertido em sinal
digital.
O sinal da célula é linear, portanto sabendo-se o valor máximo de saída da
célula que é o sinal para a capacidade máxima, podemos calcular qualquer o
valor de tensão para qualquer valor intermediário.

25 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga


E(saída) = ( Peso Aplicado x Es (máx) ) / CC

Podemos representar graficamente esta situação, utilizando os valores abaixo:

Cc Capacidade da Célula 100Kg


Cb Capacidade da Balança 60Kg
Sensibilidade 2,85 mV/V
Tensão de alimentação 10V
Tara (Peso Morto) 20Kg

Es (máx) = Ee x Sensibilidade Es (máx) = 10 V x 2,85 mV/V = 28,5 mV

0mV 5,7mV 22,8mV 28,5mV


Saída em milivolts
0Kg 20Kg 80Kg Cc (100Kg)
Peso na célula de carga

Indicação da balança
0Kg 60Kg

Tara Capacidade
da Balança

26 Manual de Treinamento – Teoria de Células de Carga

Você também pode gostar