Teorias Da Construcao Do Saber Cientifico 2018 Texto
Teorias Da Construcao Do Saber Cientifico 2018 Texto
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POSITIVISMO
Para Popper o conhecimento científico sempre conserva este caráter provisório, deve-se
continuar tentando provar que a teoria é falsa. Por maior que seja a confirmação de uma hipótese, nada
indica que no futuro ela não possa ser refutada.
Uma teoria científica é boa, quanto mais estiver aberta a fatos novos que possam tornar falsos os
princípios e os conceitos em que se baseia. E a maior contribuição que esta pode dar ao progresso do
conhecimento reside na sua capacidade de levantar problemas. Uma teoria científica importante não
apenas soluciona alguns problemas, mas faz aparecer novas questões.
A meta da ciência não deve ser a busca de fundamentos inabaláveis ou de certezas, mas a
construção de hipóteses férteis que ofereçam solução de algum problema humano.
Em relação a verdade Popper afirmaria: “Nesta situação, parece-nos mais interessante representar
o mundo desta maneira”.
Deve-se observar, no entanto, que Popper não rompe com a noção de progresso da ciência
presente no positivismo. A falseabilidade como critério de avaliação das teorias científicas mantém a
idéia de progresso científico, pois é a mesma teoria que vai sendo corrigida por fatos novos que a
falsificam.
Kuhn considera que tanto o positivismo, como a visão de Popper não oferecem uma visão
adequada da ciência. A ciência por ser um fenômeno histórico, só pode ser apreendida por uma teoria que
leve em conta sua dimensão histórica.
Para Kuhn a “ciência normal” não está, em geral, orientada para a descoberta do novo, mas para
submeter a natureza a esquemas conceituais fornecidos pela educação profissional. Mas o que Kuhn
define como ciência normal? É aquela que a maioria dos cientistas se ocupa durante toda sua vida
profissional. Através da instrução e treinamento recebidos, o cientista desenvolve um determinado modo
de enxergar a realidade e o objeto de investigação de sua área. Tal visão está impregnada também de
preconceitos que moldam-lhe a compreensão da realidade.
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Além de absorver uma concepção teórica e de aprender técnicas, o cientista adquire certos
hábitos que envolvem formas sociais de comportamento, postura mental e tomada de consciência sobre
quais temas devem ter abordagem privilegiada, e quais outros devem ser ignorados.
A aceitação de uma construção teórica pela maioria dos cientistas costuma por fim a
controvérsias e polêmicas acerca dos alicerces de um determinado ramo da ciência, isto é, de uma
disciplina. Esta construção passa a oferecer a base teórica e metodológica para o trabalho subseqüente na
disciplina em questão, constituindo-se em um paradigma. O paradigma engloba o conjunto de tudo
aquilo que une os membros de uma comunidade científica, portanto possui uma dimensão social e não
pode ser substituído pelo conceito de teoria.
“É pelo paradigma que uma determinada região da realidade é recortada, delimitada e
transformada em objeto de pesquisa científica. O que transcende os limites dessa região não interessa
normalmente ao cientista ou não precisa interessá-lo. Com isso, o espaço em que se desenvolvem os
problemas se restringe ao âmbito daquilo que é coberto pelo paradigma. Aí estão os problemas
considerados legítimos; o que ultrapassa essas fronteiras é desqualificado como não-científico”
(Carvalho, 1989, p.84).
Esta é fase paradigmática da ciência ou de “ciência normal”. A ciência normal possui, portanto,
um caráter conservador.
Ao mesmo tempo, Kuhn acredita que o rompimento com um paradigma só pode ocorrer através
daqueles pesquisadores fortemente enraizados na tradição científica dominante. O trabalho minucioso,
dirigido ao pormenor, é que propicia a identificação de anomalias (fenômenos desafiantes, proibidos
pelo paradigma) que sinalizam ao cientista que é chegada a hora de buscar um novo paradigma.
Se a discrepância entre paradigma e realidade pode ser vista como um simples quebra-cabeça
(passível de ser resolvido) ou anomalia (não é resolvida com o instrumental disponível), vai depender da
percepção da própria comunidade científica, pois o paradigma não é propriedade individual de um
cientista, mas propriedade coletiva desta mesma comunidade.
Quando considerada uma anomalia, esta conclusão conduz a elaboração de novas teorias
desvinculadas do paradigma.. A nova concepção que vai surgindo, pode incorporar nela os
conhecimentos anteriores (reelaborando-os) ou afastá-los inteiramente. Kuhn denomina revolução
científica estes momentos de ruptura com antigo paradigma e de criação de novas teorias.
Para Kuhn a ciência não caminha numa via linear contínua e progressiva, mas por saltos e
revoluções. Não se trata do aperfeiçoamento da mesma teoria, mas do rompimento com seus
pressupostos, métodos e técnicas e a criação de uma nova teoria qualitativamente diferente da anterior.
Ex.: a idéia de vírus na biologia; enzima na química; fotossíntese na fisiologia vegetal; etc.