Auditoria em Passivos Ambiental
Auditoria em Passivos Ambiental
Auditoria em Passivos Ambiental
Resumo
Os Passivos Ambientais são todos os investimentos feitos no sentido de preservar o meio ambiente ou prevenir
acidentes que possam lhe causar danos. Nesses investimentos está inserido o quanto a empresa gasta com
adequação de suas máquinas, pessoal, estrutura, compra da matéria-prima, conscientização da população, multas
decorrentes de danos causados pela entidade. Através de pesquisas feitas para a elaboração desse estudo pôde-se
observar que esses passivos estão se tornando cada vez mais importantes e imprescindíveis mediante o número
de acidentes que vêem ocorrendo contra a natureza e cada vez mais as empresas estão se conscientizando com
relação a esse fato e investindo na forma de evitar tais acidentes que acarretem danos à sociedade, mesmo porque
as mesmas serão cobradas, nesse sentido, principalmente diante de transações entre empresas. Neste contexto a
contabilidade como ciência social, responsável por gerar informações sobre o patrimônio das empresas, busca
adequar a forma de evidenciar e controlar as contas do Passivo Ambiental, gerando assim a necessidade de
verificação de sua adequação e procedimentos, como qualquer outra conta patrimonial. Com isso surge a
Auditoria Ambiental com o intuito de orientar as empresas na escrituração, mensuração de valores, evidenciação
de passivos ambientais e prevenção de gastos. A auditoria funciona como uma garantia à sociedade de que a
empresa está recuperando os danos que sua atividade operacional está causando ao meio ambiente.
Introdução
bem estar da sociedade onde estão inseridas, mesmo porque isso pode inclusive demandar sua
continuidade.
Será abordado ainda que com o surgimento de Passivos Ambientais surgem também à
necessidade de verificação das normas de contabilização, de mensuração de valores, de
conformidades de procedimentos contábeis, daí a Auditoria em Passivos Ambientais, para,
exatamente, garantir que estes registros sejam feitos de maneira correta de modo a assegurar
os direitos da população, que não podem arcar com os danos causados pela empresa no seu
processo produtivo e até mesmo com um acidente ecológico. Evidenciasse-a ainda como é
difícil o trabalho do auditor nesse ramo, pois o mesmo para executar sua tarefa tem que partir
para busca de dados fora da empresa, ou seja, não basta apenas conferir contas e identificar
quais empréstimos, por exemplo, foram feitos para pagarem multas de danos causados, é
preciso que ele saia a campo para observar se realmente existem os tais passivos ambientais
na prática, para isso ele se utiliza de fotos e observações.
O objetivo maior desse estudo está no fato de mostrar que as empresas precisam se
conscientizar de que, se elas danificaram o meio ambiente, é seu dever recuperá-lo. A melhor
opção para evitar danos ao meio ambiente, multas, acidentes ecológicos e perda da
credibilidade da empresa, é se prevenir, ou seja, as empresas devem tomar medidas com o
intuito de evitar tais conseqüências danosas decorrentes de suas atividades operacionais. Tem
como objetivo ainda contribuir literariamente com esse assunto que pouco tem sido abordado
mesmo diante de sua importância e relevância nos últimos anos, principalmente quando se
trata de danos ao meio ambiente acarretando conseqüências a sociedade que acaba sofrendo,
muitas vezes, por essa degradação.
Para a elaboração deste estudo foi utilizado pesquisas bibliográficas em livros, artigos
e internet com o intuito de levantar dados para o esclarecimento e maior entendimento desse
assunto que se torna cada vez mais presente nas empresas.
• Justa: comprovado que a empresa causa degradação do meio ambiente, é justo que a
entidade faça a recuperação do mesmo. Ela pode até se antecipar aos danos e evitar tal
destruição, mostrando com isso uma preocupação social e ética com o meio em que
está inserida. Como exemplo podemos citar o caso de uma usina de cana de açúcar,
antes do corte é feita à queimada da plantação o qual exala muita fuligem e faz com
que polua o ar, trazendo consigo problemas respiratórios para os vizinhos da usina,
uma posição justa para esse caso seria a empresa arcar com o tratamento para as
pessoas afetadas.
Ribeiro (2005) exemplifica várias formas que uma empresa poderia adquirir em seus
relatórios um Passivo Ambiental, tais como:
Fornecedores: contas a pagar: poderão ser contraídas a partir da compra a prazo de
insumos e equipamentos antipoluentes;
Salários, encargos trabalhistas: decorrentes de contratação de pessoal qualificado para
desempenhar atividades relacionadas à prevenção ou recuperação ambiental;
Provisões: deverão ser contabilizadas quando há possibilidade de gastos futuros
decorrentes de multas ambientais, os valores deverão ser estimados com base nos
eventos que poderão incorrer.
Ainda de acordo com Ribeiro (2005), os valores dos Passivos deverão ter todos os
gastos possíveis para serem efetuados, e devem ser contabilizados a partir do momento que o
fato gerador ocorrer. No caso de um gasto (custo / despesa) ambiental o fato gerador fica
caracterizado e passível de registro no consumo de recursos econômicos, para o registro como
exigibilidade / obrigação o fato gerador caracteriza-se ao assumir a obrigação seja pôr força
legal ou pelo conservadorismo. No caso das estimativas (provisões) ela poderá ser feita
quando houver dificuldade de avaliar o total do Passivo Ambiental e terá como base as
experiências anteriores da empresa ou conhecimentos sobre técnicas e legislação.
De acordo com Paiva (2003), podem existir dois tipos de passivos ambientais,
classificados por normais e anormais, sendo que os normais são gerados no processo
produtivo, como por exemplo, fábricas que exalam por suas chaminés gases tóxicos e
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poluentes; uma maneira para amenizar essa exalação seria a utilização de filtros nas chaminés
ou trocar os insumos por outros menos poluentes. Os passivos anormais são aqueles que não
são previstos como, por exemplo, a liberação de gases poluentes ou líquidos ocasionados por
um fenômeno natural (terremotos, maremotos, raios, etc.).
Muitas vezes, ao nos referirmos ao Passivo Ambiental, temos a idéia de que o mesmo
deverá ser mensurado dentro do Balanço Patrimonial. Mas segundo a NBC T 15 –
Informações de Natureza Social e Ambiental, aprovada pelo CFC (Conselho Federal de
Contabilidade) e também aceita por diversos outros órgãos como por exemplo: o IBRACON e
a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pela intercessão da Resolução 1.003/04 de 19 de
agosto de 2004 que entrou em vigor desde 1º de janeiro de 2006, eles podem também, ser
representado em outros tipos de demonstrações. Ela deverá ser uma espécie de apêndice das
demonstrações contábeis, não podendo fazer parte das notas explicativas e sim como objeto
de comparação entre exercícios atuais e anteriores. Esta norma estabelece procedimentos para
demonstração de informações ambientais e sociais e salienta que nenhuma organização está
obrigada a elaborar ou divulgar Informações de Natureza Social ou Ambiental, mas as que
optarem, deve seguir as regras estabelecidas pela Norma citada.
De acordo com o item 1.5.1.3. da Resolução CFC nº. 1.003/04:
A Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, ora instituída,
quando elaborada, deve evidenciar os dados e as informações de natureza social e
ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo com os
procedimentos determinados por esta norma.
porquê da não mensuração e a data de quando essa exigibilidade deverá ser quitada. E para os
casos de provisões também deverá ser apresentados em notas explicativas devendo conter em
sua apresentação “a natureza e a estimativa dos gastos ambientais, as incertezas relativas à sua
realização e o momento de possível realização.”.
preocupação em cuidar do meio ambiente. Dessa forma, nota-se que em sua grande maioria a
presença do passivo ambiental no balanço das empresas pode ser algo positivo.
A Petrobrás é uma dessas empresas que investem na preservação do meio ambiente.
Seus investimentos já passaram da marca de 36 milhões em projetos ambientais, conforme
demonstrado no Quadro 1:
Como se pode observar as empresas de um modo geral estão se preocupando cada vez
com a questão de evidenciar seus passivos ambientais, pois os mesmos representam uma
garantia de que a empresa está disposta a evitar e recuperar os danos causados no meio
ambiente em função do seu processo produtivo.
A auditoria contábil tem como objetivo emitir um parecer sobre a adequação ou não de
documentos consoantes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade a as Normas
Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica.
Para COOK (1983, p. 04), a auditoria contábil se define como:
(...) o estudo e avaliação sistemática de transações, procedimentos, operações e das
demonstrações financeiras resultantes. Sua finalidade é determinar o grau de
observância dos critérios estabelecidos e emitir um parecer sobre o assunto.
Segundo essas definições pode-se dizer que a auditoria trata da vistoria que é feita
dentro de uma empresa, sendo ela na parte contábil onde visa manter a continuidade da
mesma, verificando se suas praticas contábeis estão de acordo com parâmetros estabelecidos
pelos órgãos reguladores e, na parte ambiental propõe verificar e orientar as empresas na
implementação e equipação correta seguindo as orientações da legislação ambiental.
Ribeiro (2005, p. 154) define essas auditorias como:
Enquanto a auditoria contábil se preocupa com a adequação das práticas e
procedimentos a luz dos princípios fundamentais da contabilidade, visando a
continuidade da empresa, a auditoria ambiental volta-se para as práticas e
procedimentos utilizados na operacionalização do controle e conservação
ambientais, comparativamente aos parâmetros estabelecidos no sistema de
gerenciamento adotado, com vistas à continuidade da empresa sem agressão ao meio
ambiente.
Sendo classificada desta forma ou não, o Ibracon (NPA 11 art. 23) determina que o
auditor independente deve examinar e certificar que todos os Passivos Ambientais estão
evidenciados nas demonstrações contábeis e em suas notas explicativas.
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O projeto de lei 1254/2003 criado pelo deputado César Medeiros do PT/MG que ainda
está em tramitação na câmara, obriga que as empresas realizem periodicamente auditorias
ambientais. De acordo com o Artigo 11, § 5 desse projeto de lei: ”O passivo e o ativo
ambiental verificados na forma do § 4º devem constar dos sistemas, balanços e registros de
controle contábil da empresa ou entidade, sob pena de nulidade dos mesmos.”.
Se esse projeto de lei for aprovado, fica obrigatório, então, as auditorias ambientais.
Isso ajudará a qualificar e quantificar o passivo ambiental das empresas. Com a obrigação de
contabilização desse passivo, todos terão acesso a essas informações e não só algumas
pessoas da empresa.
Embora muitas empresas pequenas acreditem que não haja necessidade da realização
dos processos de auditoria, o que deve determinar essa necessidade ou não, é o seu potencial
de poluição e não o tamanho da empresa. Além do mais, esses processos não são úteis apenas
para evitar multas, mas sim para evitar que danos sejam causados ao meio ambiente.
Alguns estados como Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná já possuem leis sobre
auditoria ambiental para regulamentar o cumprimento das leis ambientais.
Conclusão
Observou-se através deste estudo, que o reconhecimento dos passivos ambientais pelas
empresas se torna cada vez mais importante, pois asseguram os direitos da população em
relação à destruição da natureza e a própria continuidade da empresa. Esse elemento merece
tal importância por causa dos problemas que surgiram a respeito de efeitos danosos e poluição
decorrente do processo produtivo das empresas, fazendo com que as entidades se preocupem
com esse elemento tanto na sua gestão estratégica quanto para sua situação patrimonial, que
poderá ser afetada no caso de multas decorrentes de acidentes ecológicos ou a não aprovação
de financiamentos junto aos Bancos Internacionais.
A Auditoria Ambiental surge com o objetivo de checar se o reconhecimento foi feito
corretamente pelas empresas e orientar os registros dos Passivos Ambientais, dando às
entidades meios para as mesmas mensurarem valores, desenvolverem seus procedimentos,
elaborarem relatórios e orientando a não agressão ambiental, mostrando que essa atividade
não é fácil de se desenvolver, mas que se torna cada vez mais imprescindível principalmente
em transações entre empresas.
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As empresas que em suas atividades tem ligação com o meio ambiente, precisam se
adequar a este novo cenário que é a inserção nos seus relatórios de sua contribuição junto ao
meio ambiente, mensurando nestes os seus Passivos Ambientais, pois isso irá demandar sua
continuidade.
Referências
COOK, John W. et al. Auditoria Filosofia e Técnica. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1983.
PAIVA, Paulo Roberto de. Contabilidade Ambiental: Evidenciação dos Gastos Ambientais
com Transparência e Focada na Prevenção. São Paulo: Atlas, 2003.
Projeto de lei que dispõe sobre passivos e ativos ambientais estagna na Câmara dos
Deputados. [online] Disponível na internet via
www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=19766. Visitado em 02 de
Junho de 2006.