Civilização Minoica

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UNIVERSIDADE DOS AÇORES

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, FILOSOFIA E ARTES

CURSO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA DE HISTÓRIA ANTIGA

SEMESTRE 1

DISCENTE: JACINTA CARREIRO

NÚMERO DE ALUNO: 20182755

DOCENTE REGENTE: MÁRIO PAULO MARTINS VIANA

DOCENTES CONVIDADOS: JOÃO ARAÚJO E N´ZINGA OLIVEIRA

“A CIVILIZAÇÃO MINOICA”

Fonte: Biblioteca Nacional Digital.

Representação iconográfica
Ponta Delgada, 4que
de aborda aspetos
novembro religiosos da
de 2019
Civilização Minoica.
Introdução

O presente trabalho está a ser feito no âmbito da disciplina de História Antiga e


aborda uma das civilizações do tempo da Idade do Bronze, que ocorreu entre
3300 a.C. e 1100 a.C., nomeadamente a Civilização Minoica. Irei abordar no
presente trabalho as mais variadas vertentes de ação da Civilização Minoica,
especialmente a vertente da organização político-administrativa, a vertente
social, a vertente económica e a vertente cultural que engloba os aspetos da
religiosidade minoica e da faceta linguística e da escrita minoica. Com este
trabalho pretendo explorar e conhecer de forma mais minuciosa e exímia os
aspetos estruturais desta civilização da Idade do Bronze.

Civilização Minoica (o seu desenvolvimento, apogeu e a sua queda)

A Civilização Minoica é uma civilização que pertence à era da Idade do Bronze,


que se estende desde o Heládio Antigo (3100 a.C.-2000 a.C.), que
corresponde ao período do Minoico antigo em Creta, até ao Heládico Médio
(2000 a.C.-1600 a.C.), este associado ao período do Minoico Médio.

Esta civilização desenvolveu-se na ilha Grega de Creta durante o terceiro


milénio e a segunda metade do segundo milénio. Paralelamente,
desenvolveram-se outras civilizações, especialmente as civilizações do Oriente
e do Antigo Egito. Apesar de não se saber concretamente, o termo “minoicos”
poderá ter origem no nome mítico do rei, cretense, Minos.

Podemos delimitar as três fases que contemplaram o desenvolvimento da


Civilização Minoica. A primeira fase corresponde ao período pré-palaciano
entre 3100 a.C. e aproximadamente entre 2000/2200 a.C., a segunda fase
corresponde ao período dos primeiros palácios entre cerca de 2000/2200 a.C.
e 1600 a.C. e a terceira fase, ao período dos segundos palácios.

Na primeira fase, a fase pré-palaciana, na vertente político-administrativa, o


sistema de ocupação do território era baseado em grandes aldeias rurais. O
ramo da economia era, predominantemente, agrícola e pecuário e como
resultado da base económica ser predominantemente agrícola, principalmente
no cultivo de trigo e cevada e existiam excedentes agrícolas que, muitas vezes
eram usados como produtos de troca
Ponta Delgada, para
4 de adquirir
novembro de joias
2019 e armas para aparato
exuberante das elites dominantes. Com esta procura incessante de metais,
podemos deduzir que em Creta, a escassez de metais preciosos era uma
realidade abundante. Nesta fase ainda não há uma incessante manifestação
cultural. Quanto ao âmago da sociedade, já podemos notar que aqui esta já é
estratificada, dominada por uma elite como podemos ver pelos produtos de
luxo que adquiriam e já havia um povoamento denso ao longo do litoral, apesar
de este ser mais notório na segunda e terceira fases.

Na segunda fase, a era dos primeiros palácios, há uma transformação político-


administrativa, as aldeias rurais transformam-se em pousados urbanos
planificados, nos quais destacavam-se o Palácio, que era visto como um centro
de poder centralizado. Estes palácios eram feitos de pedra, possuíam um
arquitetura robusta, planificada e uma organização pragmática das suas
secções, havendo áreas de receção, arquivo, cobrança de impostos, entre
muitas outras áreas funcionais. Em relação à componente político-
administrativa, não se sabe concretamente se havia um rei, uma amálgama de
vários reis ou uma governação baseada na Teocracia, isto é: uma
administração baseada num rei sacerdote, o que se sabe é que os minoicos
dividiam o seu território em várias regiões e cada região correspondia ao/s
palácio/s respetivo/s que, muito possivelmente, era a grande autoridade. Era
uma sociedade estratificada, dominada e centralizada por uma forte elite
devido à existência dos exuberantes palácios. Apesar de a mulher apresentar
um papel simbólico, não se sabe ao certo o seu relevo na sociedade. É
também, nesta fase, que há uma maior densidade populacional ao longo do
litoral e isto deve-se, sobretudo, à parte económica que irei abordar a seguir.
Na parte económica, podemos subentender pelas diversas áreas de arquivo
que a economia era centralizada e burocratizada e havia um recenseamento
sistemático de bens e pessoas através de um sistema de selos próprios desta
civilização. Continua a existir nesta fase uma forte componente agrícola e a
ausência de metais, contudo, passa a existir também uma maior hegemonia da
componente comercial marítima, a chamada Talassocracia (o que não havia na
fase anterior), o que contribuiu a abundância dos recursos hídricos. É neste
período que há uma intensificação das relações comerciais com várias regiões
e ilhas próximas: Peloponeso, Ática,4Beócia,
Ponta Delgada, Palestina,
de novembro de 2019Mesopotâmia e Egito e
a partir daí, o comércio tem um papel importante na difusão e fomentação
cultural. Na vertente linguística e da escrita, não foram descobertos os vários
tipos de escrita concreta desta civilização, mas sabe-se, pelos estudos
arqueológicos de Arthur Evans, que a escrita dividiu-se em duas: a primeira
escrita que era constituída por signos hieroglíficos específicos da civilização
que pode ter sido uma consequência da difusão cultural, resultantes das
relações comerciais estreitas com o Egipto e a segunda escrita que é
constituída por signos silábicos que correspondem à escrita linear A e no seu
período final corresponde à linear B. A língua minoica parece não corresponder
a nenhuma das conhecidas famílias linguísticas, sendo difícil decifrá-la
completamente. Esta segunda fase termina com uma destruição massiva dos
palácios, não se sabendo o motivo concreto deste flagelo.

Na terceira fase, a era dos segundos palácios, há uma reocupação dos


palácios, mas existindo, nesta fase, só quatro palácios dominantes: Cnossos,
Festo, Mália e Zacra. Nesta fase há um clima de paz, sem tensões internas
como podem indicar a arquitetura aberta do palácio e a ausência de
representações dos valores guerreiros na arte. Isto contribuiu para um período
de expansão que conduziu os minoicos ao seu apogeu. Quanto à organização
político-administrativa concreta desta fase, continua-se sem saber o regime
vigente, mas podemos deduzir que há uma maior autonomia e
descentralização administrativa como resultado da proliferação intensa de ricas
residências urbanas e rurais, uma proliferação muito mais intensiva do que na
segunda fase. Pode-se também dar a hipótese de ser o Palácio de Cnossos, o
palácio dominante sobre o território grego, já que o seu hinterland era muito
forte na zona da Ática e do Peloponeso. Há nesta fase um apogeu cultural, ou
seja, há uma maior manifestação cultural neste período, do que nos anteriores
e esta expressiva manifestação cultural é evidente, principalmente, na forma
como retratam a religião e como constroem os seus locais de culto. Embora
não se saiba o papel de relevo da religião dos minoicos e não haja uma cisão
clara entre o lado profano e religioso, é verdade que há enormes
manifestações religiosas. Há grandes representações iconográficas e artísticas
que contribuem para uma maior perceção da religião, usando abundantemente
a cerâmica, predominam também
Ponta Delgada,nesta altura os
4 de novembro vários rituais usados para
de 2019
exprimir a conceção religiosa dos minoicos como as justas, as danças, as
procissões, os sacrifícios de animais e homens, entre muitos outros rituais.
Para além disto, havia uma grande diversidade de lugares de culto,
especialmente lugares de culto naturais, semicirculares para privilegiar o
património natural e paisagístico, contribuindo para um bom campo visual (caso
sejam construídos ao ar livre), eram feitos de pedra e podiam estar situados em
vários ambientes: ambientes paisagísticos, palacianos e domésticos. Quanto à
identificação das divindades ou divindade, não se tem a certeza se os minoicos
cultivavam uma religião politeísta, prestando culto a vários Deuses, ou uma
religião monoteísta, prestando culto a um só Deus. O que se pode deduzir é
que exista uma Deusa principal e não um Deus devido à predominância de
elementos femininos na parte iconográfica da religião e da identificação da
Deusa das serpentes.

O final desta era dos segundos palácios é marcado pela destruição massiva
dos palácios, exceto o de Cnossos, sendo depois ocupado pela civilização
micénica. A teoria que envolve esta destruição massiva, é a teoria da erupção
do vulcão de Tera, mas alguns cientistas atribuem a destruição massiva não só
à intensa atividade vulcanológica deste vulcão, como também apresentam uma
relação simbiótica entre a erupção e os maremotos causados devido a este
vulcão e que assolaram, principalmente a parte litoral de Creta. Contudo,
segundo Claude Mossé e Annie Goubeillon na sua obra a Síntese de História
Grega, estudos arqueológicos recentes dizem que a data da catástrofe situa-se
entre o século XVI e século XVII. Dada esta informação teremos que deixar a
hipótese do vulcão e do maremoto de parte.

Com o findo desta civilização, inicia-se o período Micénico na Grécia


continental e insular, bem como o domínio Micénico sobre Creta e a ocupação
de Cnossos. A civilização Micénica irá ser influenciada, nomeadamente a nível
cultural, pela civilização Minoica.

Fazendo uma síntese geral e impondo uma linha cronológica, podemos


delimitar os três períodos que englobaram o desenvolvimento da Civilização
Minoica e a progressão das vertentes estruturais desta civilização ao longo das
três fases, sendo ilustrada nas transformações políticas, administrativas,
Ponta Delgada, 4 de novembro de 2019
económicas e culturais. Podemos verificar que a base económica tornou-se
mais diversificada ao longo das fases, havendo na segunda e terceira fases
uma forte componente comercial marítima. A organização político-
administrativa também evoluiu, havendo no início o predomínio das aldeias
rurais que depois deram lugar a povoados urbanos e a palácios e depois, na
terceira fase, houve uma forte proliferação de ricas residências urbanas e rurais
que podem indicar que o poder também se foi descentralizando. Quanto à
evolução da expressão cultural, podemos ver ao longo das fases, que esta
manifestação cresce gradualmente e na terceira fase há o apogeu cultural, mas
a língua e escrita minoica não são concretas nem se sabe a que família
linguística pertence. Ainda é importante reforçar o papel primacial do clima de
apaziguamento e um ambiente salutar no âmago da sociedade e as suas
inovações técnicas, ainda que um pouco primitivas em relação às civilizações
seguintes, como o saneamento básico, que contribuíram imenso para o avanço
civilizacional dos minoicos e para a sua prosperidade, apesar de depois, a
civilização minoica tenha visto as suas estruturas espaciais e as luzes da sua
civilização a apagarem-se.

Conclusão

Em suma, não tive grandes enclaves que não me permitissem a concretização


deste trabalho. Apesar de já ter lecionado esta parte da matéria, este trabalho
ajudou-me a interiorizar as idiossincrasias da civilização minoica e criar,
mentalmente, uma linha cronológica entre o desenvolvimento da civilização, a
composição das suas bases estruturais e depois a sua queda, a posteriori, do
seu apogeu e, consequentemente, a transição para a civilização micénica.

Bibliografia

MOSSÉ, Claude e SCHNAPP-GOURBEILLON, Annie, Síntese de História


Grega, Edições Asa, 1994.

PEREIRA, Maria Helena da Rocha, Estudos de História da Cultura Clássica,


vol.1, Fundação Calouste Gulbenkain, 2017.

Ponta Delgada, 4 de novembro de 2019


Ponta Delgada, 4 de novembro de 2019

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