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Segundo Bertoni & Lombardi Neto (1999, p.68) a erosão constitui-se: “[...] no
processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo causado pela
água e pelo vento”. No caso da erosão provocada pela chuva, tem-se que a água que
não fica retida sobre a superfície ou mesmo que não infiltra, transporta tanto as
partículas do solo em suspensão como também importantes nutrientes.
Segundo Zoccal (2007) estima-se que cerca de 80% da área cultivada no
estado de São Paulo esteja sofrendo processo erosivo, sendo responsável por uma
perda de mais de 200 milhões de toneladas de solo por ano, sendo que 70% destes
chegam aos mananciais na forma de sedimentos transportados pela água, provocando
assoreamento e poluição dos mesmos.
No que tange as dinâmicas de cunho natural, a erosão é provocada tanto por
forças ativas (chuva, declividade e comprimento do declive do terreno e a capacidade
de absorção de água pelo solo) como também por forças passivas (resistência do solo
à ação erosiva da chuva e características da cobertura vegetal) (BERTONI;
LOMBARDI NETO, 1999).
A erosão do solo também promove a diminuição da produtividade agrícola
estando esta relacionada com um manejo inadequado que resulta no desgaste do
perfil do solo, no processo de compactação do mesmo, na diminuição da capacidade
de infiltração e retenção de água, na diminuição da matéria orgânica, no aumento do
escoamento superficial e do transporte de sedimentos etc.
Por fim, a degradação do solo, em especial por meio dos processos erosivos
é um dos principais fatores que afetam tanto a quantidade como a qualidade da água
nos corpos hídricos, representado, principalmente, pelo processo de assoreamento
dos cursos d’água (GUERRA, 1994; BERTONI; LOMBARDI NETO, 1999).
Em prol de uma análise integrada dos fatores que condicionam a degradação
tanto do solo como da água a bacia hidrográfica se apresenta como uma unidade de
planejamento e ação que busca incorporar a dinamicidade dos fatores que compõem o
espaço geográfico.
Neste sentido, por se constituir tanto por elementos naturais como
socioeconômicos que apresentam-se em constante interação, a bacia hidrográfica
também incorpora e expressa as resultantes da relação dialética entre a sociedade e a
natureza, mediada por interesses e intencionalidades, pela apropriação dos recursos
naturais em prol do imediatismo econômico etc. (CASSETI, 1991, PORTO-
GONÇALVES, 2006).
A história do processo de ocupação do território brasileiro tem
demonstrado que a terra sempre foi utilizada de modo intensivo e
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região expostas por Coelho et al (2002), sendo que na área onde localiza-se o
processo erosivo em questão predomina-se o Argissolo Vermelho-Amarelo (tratado
pelo autor como Podzólico) Eutrófico arênico ou não arênico ou espessoarênico ou
não espessoarênico, com mudança textural de caráter abrupto.
Com o objetivo de localizar o compartimento pedológico exposto por Coelho
et al (2002) elaborou-se a figura 5 que apresenta do lado esquerdo o mapa de solos
da microbacia, onde foi inserido a localização da erosão abrangida no presente
trabalho, e a direita apresenta-se a localização da erosão no GoogleEarth
respeitando, genericamente, os limites da microbacia.
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em períodos chuvosos.
Com relação ao processo erosivo em questão a falta de manutenção das
curvas de nível e a necessidade de roçar as áreas de cultivo de café, com a retirada
de grande parte da cobertura vegetal que protege o solo, também são elementos
relevantes no desencadeamento da erosão, juntamente com o uso constante de
maquinários agrícolas que intensificam a compactação do solo com a consequente
diminuição da infiltração e aumento do escoamento superficial.
Após a identificação dos fatores relevantes no desencadeamento dos
processos erosivos realizou-se a construção dos barramentos de bambus no interior
das erosões, com o intuito de diminuir a velocidade do escoamento superficial, reter
sedimentos e favorecer a disseminação de vegetação no entorno das barreiras. As
bases dos barramentos foram impermeabilizadas com o uso de sacos de ráfia
preenchidos com restos vegetais, oriundos do roçado das próprias áreas de
implantação das estruturas, e com solo (Figura 6).
Esta técnica foi aplicada por ser acessível e de baixo custo, já que os
materiais podem ser adquiridos em stands locais (ARAUJO, 2010). Este fator é
relevante quando se considera que além da ausência de informações de cunho mais
específico de como se aplicar as técnicas de conservação e recuperação de áreas
degradadas por erosão, a aplicação da grande maioria destas técnicas depende da
disponibilidade de capital para sua efetivação. Neste sentido, a presente metodologia
se apresenta como uma alternativa financeiramente acessível.
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Considerações finais
Enfatizou-se neste trabalho alguns dos elementos relacionados à degradação
do solo, seus condicionantes naturais e as formas de intervenção da sociedade que
aceleram os processos erosivos que, por sua vez, afetam os recursos hídricos. Esta
intervenção relaciona-se a um processo de apropriação e uso da terra condicionado
por um sistema econômico que incorpora a natureza como recurso a ser explorado,
sendo que esta relação fica evidente quando se observa as dinâmicas de exploração
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Referências
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áreas degradadas. 6 ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2010. 322 p.
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Disponível em:<Azevedohttp://www.abrh.org.br/novo/i_simp_rec_hidric_norte_centro
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355p.
SÃO PAULO. Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe. Relatório
de situação dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios Aguapeí e Peixe. 2012.
Disponível em: < http://cbhap.org/publicacoes/relatorio-de-situacao.html >. Acesso
em: 01 de agosto de 2013.
SÃO PAULO. Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe. Plano das
Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe. 2008. Disponível em: <
http://cbhap.org/publicacoes/plano-de-bacia-hidrografica.html>. Acesso em: 01 de
agosto de 2013.
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