Africa e Antigo Testamento Notas Conceit PDF
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MAURÍCIO WALDMAN 2
“Ai da terra dos insetos zumbidores, que está além dos rios da
Etiópia: que manda embaiaadores pelo mar, em baroos de papiro por
sobre as águas, [dizendo] Partam, mensageiros velozes, até uma de
gente alta e bronzeada, até um povo temido em toda a parte; a um
povo forte e dominador, ouja terra os rios dividem”.
“Nesse tempo, um povo alto e bronzeado trará ofertas para Javé dos
eaéroitos, um povo temido por toda parte, um povo forte e
dominador, ouja terra é oortada por rios; essas ofertas serão levadas
lá onde é invooado Javé dos eaéroitos, sobre o Monte Sion”.
Isto porque para Weber, cabe ao investgador, em últma análise, o papel de enoetar
esoolhas, um protagonismo subjetvo que reservaria também um importante papel,
no fragor do trabalho cientíco, tanto para a paixão quanto para a intuiaão (Vide
WEBER, 1972: 25-27).
Logo, o ponto de partda de uma investgaaão até pode ser subjetvo. Porém, o ponto
de chegada tem que ser obrigatória e rigorosamente objetvo.
De pronto, tem-se quanto ao tema, que este propõe um recorte que em princípio
corresponderia, tal como sugerido pelo ttulo, a um concerto de certo modo inusual:
certícar as conexões entre Judaísmo e Africanidade.
3
Nesta derivaaão, seria permissível registrar que tanto os negros quanto os judeus
foram em comum, incansavelmente estgmatzados no seio do imaginário ocidental
por molduras reconhecidamente discriminatórias, e numa sequência igualmente
secular, enquadrados como bastardos emblemátcos da civilizaaão europeia (SARTRE,
1975).
Em especial, a percepaão deste loous comum - que por sinal não omite consideraaões
relatvas quanto às especiícidades para cada um dos casos - encontrou reforao na
resiliente discriminaaão que repetdamente ensombrou os afrodescendentes no país,
repetdamente apoiada num discurso nacional racialista, sendo uma das notas mais
perniciosas a notória desqualiícaaão da África e da heranaa negra no Brasil (passim
WALDMAN, 2017a; NASCIMENTO, 1978).
Anote-se que a passagem pelo CEDI foi cadenciada por debates e discussões travadas
com muitos teólogos, agentes da Pastoral e no mais, com heterogêneo leque de
atores 4 e parceiros coadjuvantes que transitavam no movimento ecumênico.
4
A mais ver, caberia uma nota especííca ao teólogo gaúcho Milton Schwantes (1946-
2012), biblista notável e professor na área da ciência da religião com o qual o autor
teve o privilégio de travar muitas conversas e encontros, interaaões que resultaram
na absoraão de rica coletânea de matrizes conceituais, ensinamentos e ponderaaões,
marcantes tanto nos tempos do CEDI, quanto nos anos que se sucederam a esta
experiência.
Nestas atuaaões, esteve presente uma tônica comum, demarcada pela preocupaaão
em rever a percepaão e a apresentaaão da África em sala de aula e no imaginário
social, linha de discussão sempre associada à crítca ao racismo e ao colonialismo.
5
Ao mesmo tempo, seria cabível consignar partcipaaão durante dez anos (2004-2014),
como professor colaborador nos Cursos de Difusão Cultural do Centro de Estudos
Africanos da USP (CEA-USP) e como consultor internacional da Câmara de Comércio
Afro-Brasileira, a Afro-Chamber (2012-2014).
Ením, faria sentdo registrar dois trabalhos que por inserirem instruaões indexadas
ao material que segue, seriam, pois, objeto de comentários especíícos.
Este material foi publicado pela primeira vez na revista África, do Centro de Estudos
Africanos da USP (WALDMAN, 2000) e posteriormente por Cultura - Jornal Angolano
de Artes e Letras, de Luanda (Angola), circulando no formato de Encarte Especial (nº.
100, de Janeiro de 2016).
A segunda menaão faria jus ao livro Memiória D'Áfrioa: A temátoa afrioana em sala
de aula, obra em coautoria (Cf. WALDMAN et SERRANO, 2007), atualmente na 5ª
ediaão e indexada à rede da Biblioteca Nacional, publicaaão que revê a imagem da
África nos termos de axiomas afrocentrados e na senda do multculturalismo.
6
Isto sem contar que no frigir das reaaões ao colonialismo ocidental, uma coletânea
heterogênea de releituras da Bíblia por parte das sociedades locais floresceram à
sombra da autoridade europeia, contestando a dominaaão estrangeira no plano do
imaginário ou no da aaão polítca direta, e por esta razão, indexadas à trajetória das
insurgências étnicas e/ou nacionalistas visando a libertaaão nacional dos africanos
(Cf. BALANDIER, 1976).
expõe farta elaboraaão teórica da discussão bíblica desenvolvida por africanos (Vide
Webgraía).
Por outras vias, encetam do mesmo modo uma ressemantzaaão das cosmogonias
religiosas tradicionais a partr de exegeses que lhes emprestam sentdos que não são
objetvamente sancionados pelas culturas externas ao mundo ocidental. Sobretudo,
porque reportam a materialidades sociais especíícas, cujas injunaões imaginárias,
portanto, estão calcadas por diferentes redes de signiícaaões.
Nesta perspectva, certo é que nada obstaria reconstruaões com este períl. Aínal, a
Bíblia é ciosa em aíanaar a unidade absoluta do gênero humano, eximindo-se de
crispaaões raciológicas e de hierarquias raciais. Objetvamente, a mensagem bíblica
está em clara discordância com interpretaaões discriminatórias, tais como a desditosa
tese da “maldiaão camita” 10, sendo que na sua acepaão central, entende o conjunto
da Humanidade como consorciada ao Criador.
Diante deste quadro, que persiste num cenário que solicita novas abordagens do
sagrado (Cf. QUEIROZ, 1996), e que em paralelo tem se mostrado muito resiliente em
manter modelos hegemônicos de percepaão dos textos bíblicos, é que se tornaria
alvissareiro pautar o temário de Áfrioa e Antgo Testamento.
Em segundo lugar, seria pertnente subscritar, com base no que foi colocado, que os
estudos da Bíblia vocacionalmente certícam que enquanto obra religiosa, os livros
bíblicos são assumidos qual um loous olassious, no sentdo de que estas narratvas são
adereaadas da investdura de polo magnetzador dos estudos sapienciais.
Exatamente por estas razões, cabe anotar que enquanto constructo teórico o axioma
central de Áfrioa e Antgo Testamento prende-se a um direcionamento diferente das
amarraduras que via de regra, tpiícam as tpologias de estudos que acabamos de
comentar.
Manifestadamente, por esta proposta pautar não uma leitura do oorpus africano na
ótca do que as escrituras bíblicas consagram, mas antes, uma leitura da Bíblia, e
melhor aquilatando, da Torah, na perspeotva da Afrioanidade. Qual seja: tenciona
enunciar o que existe de africano nos textos bíblicos, e não o que há de bíblico no
cosmos ontológico da África.
11
Daí que este marco fundante de Áfrioa e Antgo Testamento precisamente tornaria
plausível entender a proposta deste texto como portador de uma ótca inédita. E a
saber, reforaando o que foi destacado, a perquiriaão que antecedeu a elaboraaão
deste texto não localizou produaão a referendar apreciaaões dos livros bíblicos
posicionando a Africanidade enquanto modelo de interpretaaão.
Pois então, esta seria a contribuiaão deste texto: inquirir a narratologia bíblica numa
ótca que pleiteadamente, pode descortnar novas aferiaões de um texto sem igual, a
Torah, coletânea de livros reconhecidamente primaciais para o conhecimento bíblico.
12
Conforme foi antecipado, Áfrioa e Antgo Testamento: Notas Conoeituais para uma
Abordagem Inédita tem como meta a análise da Torah, a Bíblia Judaica, na ótca da
Africanidade.
Nesta ótca, seria oportuno registrar que no idioma hebraico - עברית, transliterado 11
como yvrit ou então, como propõe o jargão rabínico, לְ שֹּן הַ ק ֶֹדש, Lashon Ha-Kodesh,
língua sagrada - tem-se que o vocábulo Torah congrega dois conceitos primaciais:
תּרה שבעל פה, Torah Sheveal Peh, Torah que é dita ou falada (ou seja: a
Lei Oral), base para uma volumosa exegese rabínica, consignada, por
exemplo, no ולְ מבד,ַ Talmud (signiícando estudo ou instruaão em
hebraico), designaaão que identíca duas sortdas coleaões de escritos,
a mais antga compilada na Palestna por volta do ano 375 (igualmente
conhecido como Talmud Ierushalmi ou Jerosolimita), e a segunda,
compendiada na Babilônia durante o Século VI (Talmud Bavli). Em
tempos mais tardios, surgem os Comentários do Talmud, que vem à luz
na forma de glosas partculares, que a despeito de certa popularidade,
não foram editorialmente coligidas numa única publicaaão.
Desta forma, temos que a palavra Torah adequa-se como designaaão genérica para
duas normatzaaões religiosas, a Esorita e a Oral, ambas carreando amplo respeito e
prestgio no seio dos adeptos da religião judaica.
Retenha-se que desde os tempos mais longínquos, o povo de Israel manteve uma
tradiaão de comentar e interpretar a Lei Escrita, origem de um conhecimento extenso
e metculoso, lentamente decantado e repassado oralmente de geraaão em geraaão.
Entenda-se que a importância da תּרה שבעל פה, a Lei Oral, junto ao corpo principal da
religião judaica, aparte controvérsias entre as diferentes correntes do Judaísmo 12,
íca demonstrada quando as narratvas tradicionais insistem que a Torah Falada
também teria sido entregue, junto com a Torah Escrita, diretamente pelo Deus Único
ao Profeta Moisés durante o interregno do Êxodo no Monte Sinai (Cf. JUDAICA, 1967:
764).
O texto massorétco resultou dos esforaos dos tradicionalistas judeus, os בעלי המסּרה,
Ba'alei ha-Masorah, guardiões da tradiaão ou Massoretas, que no período entre os
Séculos VII e X normatzaram a feitura do Tanaoh, empreendimento que abarcou o
tpo de escrita do texto sagrado, o sistema de pronúncia dos livros da compilaaão e as
diretvas gramatcais.
Com isso buscavam para garantr a confecaão e a divulgaaão de cópias ídedignas dos
rolos da Torah, para deste modo, assegurar a legitmidade dos livros sagrados. Com
efeito, tomando por base o afamado Codea Alepo, a mais antga ediaão conhecida do
texto massorétco da Bíblia Judaica (Século X), comprova que esta codiícaaão, a única
aceita pelo Judaísmo tradicional, persistu como padrão de referência para o texto da
Torah.
Cabe igualmente anotar a ampla utlizaaão do חּמש, transliterado como Ḥumash 17,
cópia impressa da Torah (logo, um códice), habitualmente consultado pelos judeus
para acompanhar a leitura da Torah quando não estão presentes no בימה, Bima, o
púlpito das sinagogas.
Outra notaaão cautelar cabe ao סדּר, Sidur, o Livro de Rezas judaico, que reforaa por
intermédio de preces cotdianas preceitos e indicatvos registrados na Torah, que
independentemente das versões que circulam junto às diversas circunscriaões étnicas
internas ao grupo judeu, se mantém em dueto com os cânones e a hermenêutca
tradicional judaica.
Num plano histórico e cultural, entenda-se numa deíniaão sintétca que o Tanaoh, e
por extensão a Torah, consttuem construaões religiosas que refletem uma profunda
vinculaaão com povos e culturas do antgo Oriente Médio semítoo, e paralelamente,
no que interessa ao mandato cardeal desta análise, com o Egito afrioano, realidade
determinante para todo tpo de intercâmbios culturais e religiosos.
15
Nesta linha de abordagem, esta avaliaaão, que assume como informaaão matricial o
texto massorétco da Torah (TORAH, 2001), secundado por consultas pontuais ao
Tanaoh (TANACH, 2009), assim como ao Sidur (SIDUR, 2015), entende de igual modo,
que pareceres procedentes de outras bases de dados devem ser evocados para
desenvolver análises comparatvas, anuir e/ou contestar linhas de argumentaaão,
alinhar critérios e delimitar questonamentos.
Para nos determos num bom exemplo, veja-se o papel de Jetro na Torah e no
Alcorão. Sacerdote da terra de Madiã ou Midian, rincão árido situado no que hoje
consttui o Noroeste do Reino da Arábia Saudita 18, o personagem Jetro, não obstante
ser reconhecido pela Torah e pelo AT da Bíblia Cristã pela projeaão sacerdotal, é
fundamentalmente o sogro de ּמ ֶֹשה ַרבֵ נ, Moshe Rabbenu, Nosso Mestre Moisés, tal
como é entronizado entre os judeus (Cf. Shemot-Êxodo, 3: 1, 4: 18. 18: 1 e 18: 12).
Todavia, outra bem diferente é a leitura que o Alcorão empresta a este inquietante
protagonista abraâmico. Para o livro máximo muaulmano, Jetro é bem mais que um
sogro. Ele é um excelso profeta, posicionado numa mesma linhagem que inclui Noé,
Abraão, Moisés e Jesus, e como estes, tdo como predecessor de Maomé, o últmo
dos profetas honrados com a transmissão das palavras de Deus à Humanidade.
de Moisés, abrindo caminho por intermédio deste arranjo narratvo, para o realce e
legitmaaão do status do profeta hebreu como propugnador da fé num Deus único
(passim SCHWANTES, 1984), uma nuanaa que indiscutvelmente, seria passível de
inscriaão no rol das tradiaões inventadas 20.
Esta teorizaaão, de importância seminal para os estudos bíblicos, foi estabelecida por
Jean Astruc (1684-1766), médico e escritor francês, o primeiro a fundamentar as
origens da análise textual crítca das Escrituras 23.
O sábio entendeu que na Bíblia, duas das designaaões usuais de Deus, Elohim e Javé,
não eram arbitrárias em nada, reportando, na sua proposiaão, a dois documentos
cerzidos séculos atrás pelos compiladores da Torah, que Astruc deíniu como sendo
dois relatos da criaaão: o documento E (Eloísta) e o documento J (Javista).
Deste modo, assumida como substrato para explanaaões históricas, note-se que já no
Século I o historiador judeu Flávio JOSEFO (1956), autor da minuciosa Antquitates
Iudaioae (Antguidades Judaicas), mesmo se distanciando em diversos momentos da
redaaão da Torah, persistu em paralelismos evidentes com o ideário bíblico.
Ademais, nesta direaão também seria possível catalogar copiosa “literatura popular
bíblica”. Propensa a conotaaões arqueológicas, via de regra estaqueada em noaões
fundamentalistas, esta produaão demonstra írme empenho em comprovar de um
modo apologétco a veracidade literal das narratvas compiladas no AT e NT.
Nesta linha de interpretaaão, podemos citar o famoso best seller “E a Bíblia tnha
Razão”, do jornalista alemão Werner KELLER (1973), objeto de sucessivas reediaões e
traduzido para mais de vinte idiomas, que aparte a discutvel cientícidade do
material, não deixa de consttuir um exemplo acabado do fascínio exercido no grande
público pela literatura bíblica.
No que tange à África, sendo a raison d'être desta análise o recurso à Africanidade
enquanto modelo axiológico no esquadrinhamento das narratvas da Torah, tal
modus operandi necessariamente implicaria em posicioná-la como sujeito da análise
a ser desenvolvida por este projeto de pesquisa.
Arrazoado mais que suíciente para calaar juízos, comentários e detalhamentos das
variáveis envolvidas num marco teórico que instala a África no centro das atenaões.
19
Por si só, esta asseraão poderia receitar que a África, tal como os demais contnentes,
seria tão apenas uma construaão idealizada, sem maiores implicaaões para qualquer
outra presunaão que não a de trar do anonimato uma territorialidade didatcamente
delimitada na extensão plena das terras emersas da Terra.
A África se impõe explicitamente pela sua vastdão, pela heterogeneidade dos seus
dados naturais, pelo caráter compacto que somente ela, no tocante às terras emersas
do Planeta, pode oferecer à nossa visão.
Além disso, mais adiante surgem na África diversas cepas, como as do Homo Eretus e
Homo Sapiens, que consttuem origem de todos os seres humanos contemporâneos.
20
Contudo, enfatze-se que as pesquisas, não obstante terem lanaado luz na história do
contnente e na do próprio gênero humano, tveram que vencer diversas resistências,
de caráter mais ideológico do que cientíco, relatvamente à origem africana da
Humanidade, bem como objeaões quanto à primogenitura africana na civilizaaão
humana, que também tem início na África 25.
Por outro lado, não há como contestar a propriedade e a comprovaaão dos dados
empíricos. Em concordância com numerosas escavaaões arqueológicas e pesquisas
dos paleoantropólogos, os assentamentos de hominídeos na África são de atestada
ancianidade.
FIGURA 2 - Rnprnsnnnação carnográfca incorporando as mais rncnnnns pnsquisas quanno aos palnorios n
mngalagos qun ané 11.000 anos anrás drnnavam grandn parnn da África ao Nornn da Linha do Equador. Os
nraços azuis rnprnsnnnam grandns .acias hidrográfcas hojn nxtnnas n as árnas nm azul contnuo,
mngalagos hojn dnsaparncidos n/ou nransformados nm nspnlhos d’água mnramnnnn rnsiduais. Em vnrdn
dnsnacam-sn os lnquns aluvionais rnsulnannns da nrosão fuvial, gradatvamnnnn capnados pnlos dnsnrnos.
As variaçõns dn cinza corrnspondnm ao rnlnvo, com as parnns mais alnas nm árnas com nons mais nscuros
(SCERRI et alli, 2014: 212).
Entretanto, em vista do que está exposto por este texto, destaque-se que esta dita é
válida em especial para o espaao formado por Israel, Jordânia e Palestna, primeiros
torrões postados a Leste desta passagem natural (Figura 3). Por isso, uma vez patente
a singularidade desta comunicaaão natural, o passo seguinte seria então, caracterizar
os ajustamentos desta nuanaa geográíca às determinaaões de índole histórica e
cultural.
Nesta ordem de argumentaaão, no que consiste noutra notaaão ímpar, cabe observar
que o espaao africano consttuiu um crisol no qual sortda diversidade de prátcas e
noaões polítcas, sociais, culturais e religiosas foram amalgamadas, cristalizando-se
pouco a pouco num substrato que embora dotado de natureza compósita, tem como
copartcipes centenas de grupos, povos e etnias que habitam o contnente, todos
adscritos ao que conceitualmente tem sido proposto como Afrioanidade (WALDMAN
et SERRANO, 2007).
Nesta acepaão, a África não se confunde com uma acepaão do contnente que o
enquadra meramente na sua explicitaaão espacial-cartográíca. Antes, se refere a um
conjunto de normas, valores, posturas e concepaões que se especiícam em formas
partculares de ser, agir e pensar, um justus oonsoienooi que os antropólogos deínem
23
FIGURA 3 - Fonografa da Nasa pnrmitndo a visualização do Egino n o valn do Nilo a Onsnn (1), Isnmo dn
Sunz (2), a Pnnínsula do Sinai (3), o conjunno formado por Isranl, Palnstna, Jordânia, Lí.ano n Síria (4), o
Mar Mndinnrânno (5) n o Mar Vnrmnlho (6), cujas águas sn comunicam com o Ocnano Índico (Fonnn: NASA,
2013, in: < https://.r.pinnnrnsn.com/pin/449726712770901521/llptnrun >Acnsso: 11-09-2017).
Esta moldura sociocultural encontra guarida na longa história das populaaões negras
e africanas, que transcorreu sob o signo de vigorosas trocas e empréstmos culturais,
ungidas pela essencialidade dos aportes de uma lebensansohauung 28 que fluiu em
parceria perene com uma weltansohauung identcamente africana, se ajustando e
interconectando com esta de modo impartvel.
1992 e 1984; MAZRUI, 1985; MUNANGA, 1984; NIANE, 1982; NIYANG, 1982;
BALANDIER, 1976, 1969 e 1964; KAGAMÉ, 1975 e BASTIDE, 1974.
Cada uma a seu modo, estas contribuiaões expõem uma ísionomia comum para o
contnente, permitndo-lhe reivindicaaão enquanto civilizaaão singular, ou então, para
frisar uma vez mais o conceito que estamos a detalhar, de Africanidade, cujo âmago
foi preservado em especial na África dita subsaariana, espaao que se estende das
franjas do deserto do Saara à inisterra austral do contnente africano.
Espaao que por excelência tpiíca esta investdura civilizatória, também reconhecido
pela literatura especializada como Áfrioa Negra, esta moldura espacial, social, cultural
e histórica, compõe, tal como ponderado pelo geógrafo francês Roland Jules-Louis
BRETON (passim, 1990), uma das seis matrizes civilizacionais que, atravessando o
tempo, magnetzam o universo identtário da Humanidade de hoje 29.
Contudo, nos marcos desta análise, nos deteremos em duas pontuaaões primaciais:
as noaões de força vital e a da oralidade, ambas abrigadas sob manto mais espesso
da Africanidade enquanto um umbrella oonoept, e de igual modo, aptas a uma
introduaão ao debate.
Isto posto, no tocante ao conceito de foraa vital, tal como registrado pelo missionário
belga Placide TEMPELS (1949) 30, o africano tradicional observa o universo enquanto
uma hierarquia de foraas, ocupando os humanos o papel de elo entre as foraas que
26
No âmbito desta teofania, está reservado aos humanos um mandato central, visto
estarem conectados por laaos imorredouros ao que em áreas como o Sudão
Ocidental 31, é autentcado como Maa Ngala: o Grande Nome, Ser Supremo, Criador
de todas as ooisas, epítetos teofóricos que designam o criador do universo, da
Humanidade e de todos os seres vivos (passim WALDMAN, 2017b e 2000; HAMPATÉ-
BÂ, 2010).
Neste esquema, a criaaão divina prescreve aos humanos a funaão tutorial de aíanaar
um soístcado equilíbrio exigido por interatuaaões em todos os níveis, cabendo-lhes
no universo tangível o trato com foraas poderosas que se confundem com o espaao
habitado desde o início dos tempos (Ver entre outros, NIYANG, 1982: 27).
Nesta concepaão, que concebe a Humanidade como eixo central da criaaão, esta é
atnada como em interaaão com uma rede de partcipaaões e de exclusões
embebidas por onipresentes foraas vitais, atuantes num espectro que se estende dos
minerais até o Pré-existente, o Ser Supremo, assim como nas vivências e convívios
que os humanos estabelecem em sociedade.
Outrossim, de vez que a noaão de foraa vital incorpore cunho antropocêntrico (como
decerto seria o caso de qualquer outra formulaaão cosmológica tradicional), por
outro lado atente-se que este antropocentrismo discrepa diametralmente daquele
que, no cosmos ocidental, se torna hegemônico com a irrupaão da Modernidade.
Com base nesta premissa, o mundo tradicional africano ergueu uma complexa visão
de mundo formada por princípios metafsicos e epistemológicos sem paralelo com os
propostos pela modernidade.
Neste parecer, o universo e tudo o que a ele pertencente é encarado enquanto uma
dimensão que envolve e insere os humanos na dinâmica geral dos seus processos e
ciclos. Assim sendo, para a mentalidade africana, o tempo, descartando uma duraaão
abstrata, estava saturado de valor afetvo. Dispensando esta carga emocional, a
fruiaão temporal não faz nenhum sentdo.
avesso a visões opondo razão e emoaão, luz e sombra, vida e morte, humanos e
natureza, etc.
Outra ressalva crucial associada à noaão de foraa vital concerne à opaão civilizacional
das sociedades tradicionais africanas em favor da oralidade como veículo primordial
de transmissão de conhecimentos, calao de uma comunicaaão social total (Vide
WALDMAN, 2017b e 2000; HAMPATÉ-BÂ, 2010; LEITE, 1992; MAZRUI, 1985).
Por isso mesmo, os conceitos de força vital e de palavra são, nas culturas da África
Negra, “o elemento primordial da personalidade da sociedade, desdobrando-se desde
as instâncias mais abstratas até as prátcas sociais” (LEITE, 1992: 87-88). Isto quando
ambos os termos não estão soldados, nas culturas africanas, à própria conceituaaão
de um Deus máximo, confundido com a potência vibratória do verbo (NALWAMBA et
BUITENDAG, 2017; SAKUPAPA, 2012; HARRIES, 2009: 284).
“Nas tradiaões africanas (...) a palavra falada se empossava, além de um valor moral
fundamental, de um caráter sagrado vinculado à sua origem divina e às foraas ocultas
nela depositadas. Agente mágico por excelência, grande vetor de foraas etéreas, não
era utlizada sem prudência” (2010: 182).
Justamente por este motvo, a maior parte das culturas tradicionais da África
considera a mentra, em virtude de sua malevolência potencial, uma verdadeira lepra
moral.
O primeiro deles implicaria numa concertaaão inicial quanto ao campo das famílias
linguístcas africanas, fundamental para indexar o debate sobre a oralidade; o
segundo, pontuar aportes crítcos relatvamente às narratvas orais, e por ím, um
terceiro ponto relacionado ao prestgio hodierno da oralidade na sociedade moderna
da África.
Num primeiro sopesamento sobre a África, com base num recorte estatstco,
podemos destacar a prodigiosa diversidade linguístca do contnente, que na entrada
30
da década de 2010 somava 2.110 línguas vivas, atnentes a diversas famílias e troncos
linguístcos absolutamente diferentes entre si.
Para o escopo assumido por este texto, a família linguístca afro-asiátca 32 despertaria
especial atenaão. Este grupo de idiomas possui cinco grandes ramiícaaões: um ramo
especííco, formado pelo egípcio antgo e quatro outros, cada um dos quais reunindo
dezenas de línguas: os idiomas semítcos, berberes, cushítcos e chádicos.
O egípcio antgo, que durante milhares de anos foi uma língua viva no vale do Nilo, é
um ramo afro-asiátco extnto. Mas, sobreviveu numa forma dialetal tardia enquanto
língua litúrgica, o oopta, nas Igrejas Ortodoxa Egípcia e Católica Copta. Note-se que
embora herdeiro da cultura faraônica, o copta abdicou dos hieróglifos em favor de
uma forma modiícada do alfabeto grego, instaurada a partr do domínio macedônio
e da dinasta ptolomaica.
Mas a primazia é detda pelo grupo semítco, que inclui quatro idiomas litúrgicos, a
saber: o hebraioo bíblioo (língua da Torah e do culto sinagogal), o ge’ez (entre os
judeus abissínios e no cristanismo etope e eritreu), o árabe aloorânioo e o aramaioo
(vários dialetos, adotados por denominaaões da cristandade oriental). Todas estas
línguas foram estatuídas, no plano litúrgico e redacional, a partr de modalidades
dialetais insttucionalizadas pela erudiaão sacerdotal.
Evidentemente, esta proeminência das línguas semítcas nos ofcios religiosos por si
só cotejaria as atenaões para uma investgaaão com o períl da que está sendo
31
Ao longo dos últmos vinte anos um bom número de pesquisas tem paulatnamente
sedimentado o entendimento de que o núcleo hipotétco da Urhemait 33 deste
macro-conjunto (Figura 4), plotado pelas primeiras propostas em diferentes sítos da
África Mediterrânica e do Levante, estaria, na realidade, localizado no curso central
do Nilo, em paragens hoje localizadas na Etópia Ocidental e trechos do Sudão do Sul,
Quênia e Uganda (passim BLENCH, 2006).
Este processo repercutu de modo profundo na dinâmica e nos modos de vida das
populaaões, compelindo deslocamentos que geraaão após geraaão, deram a tônica
para o processo de colonizaaão humana do Velho Mundo (GROUCUTT et PETRAGLIA,
2012; BLENCH, 2006; D’AMICO et alli, 1997: 10-11).
Sublinhe-se também, tal como foi colocado, que o Urheimat afro-asiátco refere-se a
um espaço hipotétoo ooupado por falantes de uma língua primordial, em princípio
não conferidos, por molduras conotadas por linhas de identícaaão étnicas ou raciais.
Melhor dizendo, esta noaão deíniria uma oomunidade linguístoa ou então, como
seria antropologicamente mais condizente ao período histórico em questão, a um
variegado oompleao de oomunidades, que matzou-se num mosaico linguístco
dinamizado por lentos processos migratórios do “Homo Edens”, vitaminados pelas
citadas mudanaas climátcas, indutoras da savanizaaão e aridiícaaão desta parte da
África, determinando o reforao da calha do Nilo no papel referente à concentraaão
dos núcleos da populaaão humana de antanho.
Neste sentdo, contar com o pressuposto do Urhemait afro-asiátco sinaliza para uma
série de interesses manifestos para o escopo de Áfrioa e Antgo Testamento.
Substancialmente porque esta conceituaaão poderia respaldar indicatvos passíveis
de arrimar a inseraão de influências africanas arquetpicas no cosmos bíblico, mais
precisamente pela detecaão de regimes de sentdo primigênicos, uma prototpia
32
FIGURA 4 - Mapa do Urheimat proposno para as línguas Afro-siátcas (Cf. BLENCH, 2006: 105-107).
Anote-se que não haveria nenhum exagero em aírmar que a memória oral procede
literalmente na noite dos tempos, registrando fatos e eventos cujas pistas muitas
vezes são encontradas apenas no reino dos mitos. Porém, sem que isso afete sua
credibilidade e concretude.
A este respeito, atente-se sobre o que é relatado pelo etnólogo maliano Amadou
HAMPATÉ-BÂ a respeito da íabilidade da tradiaão oral africana:
“Tomemos o exemplo de Thianaba, a serpente mítca dos Peul, cuja lenda narra as
aventuras e a migraaão do ofdio pela savana africana, a partr do Atlântco. Por volta
de 1921, o engenheiro Belime, encarregado de construir a barragem de Sansanding,
teve a curiosidade de seguir passo a passo as indicaaões geográícas da lenda, que ele
havia aprendido com Hammadi Djenngoudo, grande conhecedor peul. Para sua
surpresa, descobriu o antgo leito do Níger” (1993: 216).
Admite-se pois, enquanto uma cláusula pétrea das dinâmicas sociais, o reparo de que
“mesmo a relatva estabilidade que as sociedades tradicionais possuíam, pelo menos
durante períodos bastante longos, não deve ser interpretada em termos estátcos”
(MERCIER, 1986: 168).
A ilustrar este ponto, recorde-se que o antropólogo britânico Edward Evan Evans-
Pritchard, autor de célebre estudo sobre os Nuer do atual Sudão do Sul, anotou que
membros do grupo Dinka, etnia vizinha aos Nuer, quando capturados por estes em
guerras pela posse do gado, foram enxertados nas linhagens Nuer de tal modo que se
tornava extremamente difcil rastrear quem tnha ou não ancestrais Dinkas no grupo
receptor.
Na realidade, o africano, por mais imerso na ocidentalizaaão que possa estar, segue
umbilicalmente atado, em maior ou menor grau, a um mundo tradicional de valores,
suscetvel é claro de novas ressigniícaaões, mas sem que isso induza sua desapariaão
ou efetvidade (Cf. WALDMAN et SERRANO, 2007; BALANDIER, 1976 e 1964).
Diz ele: “Com efeito, a tradiaão não pode ser totalmente eliminada e alguns de seus
elementos subsistem, mudando de aspecto”, daí resultando que “a astúcia do
tradicionalismo torna-se então, mais diícilmente desvelável” (Cf. BALANDIER, 1969:
167).
Entretanto, nada disto obsta que o conceito de Africanidade seja posicionado como
uma demarcaaão válida para a análise proposta, podendo autorizar comentários
iniciais sobre as derivaaões da Africanidade na inculturaaão bíblica.
Resgatando aguaado comentário do ílósofo judeu francês André Neher, o verbo בָ ָרא,
Barah, que designa o ato criador, está em toda a Torah exclusivamente reservado ao
Altssimo (NEHER, 1975: 176-177).
Na narratva do AT, somente Deus pode criar, ou dito hebraicamente, fazer jorrar de
maneira súbita, poderosa e soberana, o tempo e o conjunto da criaaão, uma obra
oonstruída por intermédio da fala 35, uma narratva que em nada seria estranha aos
atores imersos na Africanidade (WALDMAN, 1995 e 1994b; CAMPOS, 1984).
Outro ponto digno de menaão é a noaão de que tanto o Deus hebraico quanto o Maa
Ngala, no caso do Sudão Ocidental, e do mesmo modo numa multtude de teofanias
africanas, se estabelece a criaaão do universo a partr de um sopro divino, ַרבח, Ruah
em hebraico 36, terminologia à qual se ília à concepaão de um רבחַ הַ ק ֶֹדש, Ruah
Kodesh, que igualmente declina em pontes com a Africanidade (Vide SAKUPAPA,
2012: 427).
Ressalve-se que a expressão Ruah Kodesh, transladada com certa regularidade como
“espírito santo”, traduaão que expressa claramente uma visão de mundo cristã,
remete com maior acerto para “inspiraaão divina”, visto referir-se ao alento através
do qual indivíduos, grupos e comunidades, deste modo sintonizados com o Altssimo,
absorvem e canalizam a dimensão do divino por intermédio da aaão, da escrita ou
dos discursos (Ver BEREZIN, 1995: 597).
Relatvamente aos disoursos, sinalize-se para o fato cabal de que tal como nas
acepaões africanas, que na consciência judaica a noaão de palavra está profunda e
perpetuamente empapada de anuência sagrada.
Este fato tem assento na própria Torah, pela fluidez entre oralidade e textualidade no
contexto das narratvas bíblicas, mesmo porque mutats mutandis, a estrutura textual
da Torah desvela-se enfatcamente enquanto uma narração, uma insigne gesta oral
de outrora, proferida para grupos tradicionais, para os quais, a palavra dada e a
entonaaão da voz eram a suprema íadora da veracidade e autentcidade do que
estava sendo externalizado.
Relatvamente a este ponto, não se permite desconsiderar que muitos textos da Bíblia
são provenientes de um repertório que provavelmente, tal como para a maioria das
sociedades tradicionais, era resguardado por contadores de histórias e memorialistas,
fenômeno por sinal recorrente no mundo tradicional africano.
De mais a mais, atenha-se como regra que todos os ensinamentos sagrados têm
início primeiramente na forma oral, para somente depois serem vertdos em livros
e/ou em outros formatos de informaaão escrita.
Por ím, não é fortuito que o hebraico seja digniícado como לְ שֹּן הַ ק ֶֹד, Lashon Ha-
Kodesh, língua sagrada, pois neste idioma é que Deus teria pronunciado a criaaão.
37
Disto decorria o recurso a epítetos, formas alegóricas de menaão a Deus, como seria
o caso sintomátco do epíteto השם, Ha-Shem, O Nome, forma codiícada de designar
o Criador fora do contexto cultual e/ou da leitura pública da Torah.
Daí que D'us condiz neste senso, a uma forma obliterada de referir-se ao Criador
entre os judeus de língua portuguesa, que repetem o paradigma pelo qual o nome
divino primordial, ao ser portador de foraa e potência, é inefável e impronunciável ao
comum dos mortais.
Fatos que por si só advém a partr de dinamismos históricos e sociais análogos, que
potencializaram e induziram um processo gerador de similaridades.
V. HIPÓTESE E DESDOBRAMENTOS
Com efeito, a Torah, no afã em descrever o entorno espacial das terras edênicas ou
pré-adâmicas, cita o Éden como localizado a montante de quatro rios paradigmátcos:
Pishon, drenando a terra de חֲ ִּ ילָה, Havilah 39; Gihon, a envolver o país de כּש, Kush; o
rio Tigre, fluindo a Oeste de אשּר, Assur ou Assíria; e o quarto, o curso do Eufrates
(Vide Bereshit-Gênesis, 2: 10-14).
Reclama nossa atenaão a menaão ao rio גיחּן, Gihon, nome bíblico para o Nilo, assim
como ao país de Kush, ambos relacionados diretamente à geograía e história da
África. Acerca do Gihon, apesar da associaaão deste rio ao curso do Nilo ser
ocasionalmente contestada, o traaado deste geônimo bíblico, que circundaria as
terras de Kush, é sem dúvida alguma geograícamente condizente com o traaado do
grande rio africano.
A mais antga destas remonta ao reino de D’mt, Estado tradicional que dominou o
Norte dos planaltos e partes da Eritreia durante o I Milênio a.C.. Posteriormente foi
sucedido pelo reino de Aksum, entre os Séculos I a.C. e X; pela Abissínia entre os
Séculos XI e XIX; pelo Império da Etiópia, nos Séculos XIX e XX; e ínalmente, desde
1974, pela República da Etópia.
Este maciao montanhoso, desde cedo empoderado dos atributos de fortaleza natural
inexpugnável, é repleto de obstáculos, protegendo as gentes da Etópia e dissuadindo
as intrusões de invasores estrangeiros.
Nesta perspectva, embora a naaão de referência do Nilo seja por deíniaão o Egito,
seria mais acertado recordar que este rio associa-se também a Kush e à Abissínia,
soldando numa única bacia hidrográíca três grandes civilizaaões africanas, que desde
tempos recuados mantveram trocas culturais entre si.
40
No mais das vezes, povos e países africanos são notabilizados na Torah. Menaões
diretas ou indiretas aparecem em episódios celebrizados como o alusivo à visita de
כַת ְשבָ א, ְ מַ לa Rainha de Sabá (Reis I, 10: 2 e Crônicas 9: 1-9), Estado que as tradiaões
judaica e africana vinculam à Etópia, ao Rei Salomão.
No que reforaa esta assertva, o Egito e a Abissínia foram durante séculos a pátria de
vibrantes comunidades judaicas. A cidade de Alexandria foi, no passado helenístco,
pratcamente uma metrópole judaica e Elefantna, um prestgiado núcleo judaico.
Quanto à Abissínia, esta conceituada naaão abrigou um vigoroso polo judaico antes
da adoaão do cristanismo, que neste país, manteve fortes vinculaaões e associaaões
simbólicas com princípios doutrinários judaicos, extntos ou expurgados em outras
vertentes da fé cristã. Prova inconteste de contatos com a Palestna e a fé israelita.
Não por acaso, estes versículos foram reivindicados como epígrafe da obra modelar
do renomado antropólogo inglês Edward Evan Evans-Pritchard dedicada aos Nuer 41,
etnia boiadeira habitante das savanas do Sudão meridional, famosa pelo seu espírito
41
FIGURA 5 - Três Civilizaçõns Nilótcas: Egino, Kush (Nú.ia) n Etópia. Nonar na Nú.ia n na Etópia, as grandns
curvas Nilo, nnglo.ando nsnas nnrras. Cnrtfqun-sn nam.ém o papnl do Nilo como uma grandn nsnrada
líquida anando o Egino ao innnrior do contnnnnn africano.
42
Dentre estas, podemos citar as encontradas nos Livros de Reis I, 10: 1-13; Gênesis, 2:
13; Números 12: 1; Reis II, 19: 9; Crônicas II, 12: 3; Crônicas II, 14: 9-13; Crônicas II,
16: 8; Crônicas II, 21: 16; Ester, 1: 1; Ester, 8: 9; Jó, 28: 19; Salmos, 68: 31; Salmos, 87:
4; Isaías, 18: 1-2; Isaías, 20: 3, 4 e 5; Isaías, 37: 9; Isaías, 43: 3; Isaías, 45: 14; Jeremias,
13: 23; Jeremias, 38: 7, 10 e 12; Jeremias, 39: 16; Jeremias, 46: 9; Ezequiel, 29: 10;
Ezequiel, 30: 4, 5 e 9; Ezequiel, 38: 5; Daniel, 11: 43; Amós, 9: 7; Naum, 3: 9; Sofonias,
2: 12; Sofonias, 3: 10; Esdras, 3: 2; Judite, 1: 10; Ester (Adiaões), 4: 1; Ester (Adiaões),
7: 1 e Atos, 8: 26 (Cf. BÍBLIA 1, 1990).
Nesta linha de abordagem, Áfrioa e Antgo Testamento entende que estes registros
não são fortuitos. Pelo contrário, demonstram, ainda que o conceito da existência de
um contnente africano não fosse aventada pelo imaginário espacial bíblico, que as
naaões, povos e o hinterland da África eram conhecidos pelos antgos hebreus, e do
mesmo modo, pelos demais povos que habitavam o Fértl Crescente.
Não sem razão, estes contatos são mencionados versículos da Torah e da Bíblia Cristã.
Um claro sinal disso consta na Bíblia Judaica, quando por exemplo, o Profeta Sofonias
(צפַ נְ יָה,
ְ transliterado como Tsefaniah), é anunciado com credenciais legitmamente
africanas. Para tanto, basta conferir: “A palavra de Javé foi dirigia a Sofonias, ilho de
Kush” 42 (Livro de Sofonias, 1: 1).
A este respeito, aprecie-se o registro de uma narratva de livre curso entre os Dinka,
etnia vizinha aos Nuer, comentada pelo antropólogo norte-americano Clifford GEERTZ
(1989: 192), que em poucas palavras seria extraordinariamente familiar ao texto de
Bereshit-Gênesis.
A narratva, cujo teor deixaria plenamente à vontade tanto judeus quanto cristãos,
sintetcamente informa que o céu, morada de uma respeitada divindade, e a terra,
ocupada por um casal de humanos, eram numa época remota, contguos entre si. A
morte e as doenaas inexistam, garantndo ao primeiro homem e à primeira mulher,
então desvincilhados de quaisquer preocupaaões mundanas, o gozo da vida eterna
num ambiente idílico.
Certamente, não poderia ser de outro modo. No ínal das contas, a naaão do Nilo,
sendo detentora de soístcados conhecimentos cientícos, postada no comando de
uma economia próspera e possuindo sólida organizaaão estatal, necessariamente
conígurava uma oore área 43 do ecúmeno na antguidade (Cf. WALDMAN, 2017a).
Não admira então que a sociedade hebraica tenha mantdo interaaão contnua com o
Egito, o mesmo ocorrendo com a nascente comunidade cristã. Prova disso são as 45
menaões ao país e outras doze relacionadas ao Faraó, encontradas nas escrituras
judaicas e cristãs (BÍBLIA 4, 2010).
Nos termos colocados por Áfrioa e Antgo Testamento, destaque-se que o Egito é a
porta de entrada para o interior da África e simultaneamente, único país africano
com fronteira terrestre com a Ásia. Logo, tudo conspirou para um relacionamento
dos povos do mundo bíblico com este país, contatos objetvamente inevitáveis diante
de vários condicionamentos, dentre os quais, aqueles de matriz geográíca e
espacial.
Outro ponto é que as levas de migrantes que lentamente foram se acercando do vale
do grande rio, escapando do ressecamento paulatno do naco setentrional da África,
reforaaram contnuamente os vínculos do Estado e da cultura egípcia com o universo
negro-africano. Em resumo: o Egito é o que sempre foi: um amálgama e um crisol de
45
FIGURA 6 - Os famosos murais do nomarca Khnumhonnp II, da 12ª Dinasta (1919-1783 a.C.). Esna imagnm
rnnrana um grupo dn pasnorns snminas chngando ao Egino. Nonar a difnrnnça dn pigmnnnação qun
connrasna o grupo dn rncém-chngados com funcionários ngípcios, clara nvidência da insnrção dos ngípcios
com a África Nngra (Fonnn: Pinnnrnsn: < https://.r.pinnnrnsn.com/ >. Acnsso: 11-09-2017).
Retenha-se que estes vínculos do Egito com a África Negra sempre consttuíram um
estorvo para a historiograía europeia. Se o país do Nilo já transparecia como um
incômodo aos olhos europeus por ser uma antga e grande civilizaaão situada fora da
Europa, tratava-se paradoxalmente de uma naaão localizada na África e para piorar
ainda mais, apresentava fortes conexões com o mundo negro.
Para elaborar o mito da supremacia inata dos europeus, urgia, pois encontrar uma
forma de reverter, mesmo que mascarando e falseando para com a verdade, o que
simplesmente, numa ótca racialista, não tnha como ser aceita. À vista disso, o Egito
Faraônico passou a ser desde o Século XVIII apropriado pela historiograía ocidental
através da negaaão pura e simples dos elos mantdos com a Africanidade.
46
Assim, uma série iníndável de textos e imagens passou a deínir os antgos egípcios e
suas esplêndidas conquistas culturais como obra de povos de tez clara. Levada às
últmas consequências, tal ideaaão arianizou no plano imaginário uma civilizaaão que
do ponto de vista geográíco, histórico e cultural foi determinadamente africana,
implicando em fabulaaões realizadas a partr da construaão de imagens mítcas de
fundo racial, propaladas por uma série de produtos culturais.
Isto apenas ocorre muitos séculos após o surgimento do Estado Faraônico, com as
invasões e a dominaaão dos hicsos, persas, gregos, romanos, bizantnos e árabes, e
igualmente pela gravitaaão cada vez mais intensa mantda com a bacia do Mar
Mediterrâneo, a pivot area da antguidade clássica (Vide DIOP, 1983; WALDMAN et
SERRANO, 2007, WALDMAN, 2009).
Assim sendo, não faltaram arrazoados para impulsionar, a partr dos anos 1950, e
com mais foraa a partr da década de 1970, uma coleaão de investgaaões
patrocinadas por entdades como a UNESCO 44, postas em aaão por ampla gama de
pesquisadores, tais como historiadores, arqueólogos, geógrafos, linguistas e
47
Nos termos frisados por Diop e vários outros especialistas, é importante rubricar que
o caráter africano do Egito Faraônico é inseparável de um largo baokground de cunho
ecológico e territorial. Isto porque nos contextos pré-históricos, a partr dos quais
irrompeu a civilizaaão egípcia, o cenário do viria a ser o País do Nilo foi imantado por
premissas ainda mais africanas do que uma visualizaaão sumária aos mapas poderia
ensejar.
Antgamente, como seria factvel averbar, no limiar dos aluviões anuais, os coníns
das cheias eram o domínio de charcos cobertos de altos juncos ondulantes, povoados
por dezenas de espécies de aves, répteis aquátcos, peixes e por uma numerosa fauna
de pequenos carnívoros (SAUNERON, 1970: 51).
A aaão antropogênica também foraou o recuo dos pântanos, com sua fauna e flora, e
a transformaaão de franjas do deserto em terrenos agricultáveis, com isso abrindo
espaao para a criaaão de assentamentos humanos. Tal como sentenciou o egiptólogo
francês Jean VERCOUTTER, temos que “o milagre egípcio, o único, é que o Nilo
fornece simultaneamente, a água e a terra arável, tudo o mais é devido ao homem”
(Vide VERCOUTTER, 1974: 17).
Assim, a territorializaaão do vale do Nilo foi decisiva para alterar de modo irreversível
a paisagem, expurgando-a da naturalidade original, trabalho que determinou uma
autêntca metamorfose ambiental.
Esta aaão transformadora é que terminou por inaugurar o espaao habitado dos
antgos egípcios, que irrompe com respaldo em prátcas agrícolas e pastoris, espécies
domestcadas, organizaaão do trabalho e tecnologias - tais como a roda, o uso do
fogo, trabalhos em pedra, técnicas de irrigaaão, aradura, silagem e a cerâmica -, todas
engendradas pelo gênio africano 45.
Num olhar adicional, recuando ainda mais no tempo, temos que os influxos do meio
natural também suscitaram alteraaões com impactos decisivos para a história das
populaaões de todo o contnente, proporcionais a uma dimensão que ultrapassa em
muito o que poderia ser imaginado pelo senso comum, uma vez mais recolocando a
soberba africanidade do Egito.
Assim, noutros tempos drenando extensa savana que entreta luxuriante megafauna,
colônias de pássaros, carnívoros predadores e pequenos animais que deambulavam
49
por espesso tapete herbáceo, este extnto afluente do Nilo não passa, nos dias de
hoje, de uma dentre inúmeras calhas áridas encontradas no deserto do Saara, que do
mesmo modo, são vestgios de caudais desaparecidos.
Subsidiado por estes antecedentes ambientais, durante milênios o vale do Nilo foi o
espaao de deslocamentos e destno de migrantes que acudiam de todo o contnente,
processo que se intensiícou com a elevaaão das temperaturas médias da Terra.
Assim sendo, foi a partr do vale do Nilo que segmentos dos grupos sedentarizados,
somados a grupos de pastores nômades, ignorando que estvessem passando de um
“contnente” para outro, cruzaram o Istmo de Suez, iniciaram então a colonizaaão da
orla levantna e alhures, cujo dínamo, em últma palavra, decorreu de dinâmicas
inerentes aos imensos espaaos do interior da África (Cf. CONNAH, 2013; M’BOKOLO,
2012; UNESCO, 2010).
Porém, retenha-se que dinamismos deste tpo não são de molde a apagar os nexos
oriundos de modelos culturais ancestrais. Mesmo adotando novos símbolos, sentdos
e signiícaaões, noaões calcadas nos mitos primordiais perduram em maior ou menor
grau, assegurando-lhes a presenaa, ou inclusive proeminência, no imaginário social e
cultural dos grupos que pouco a pouco, diferenciam-se a partr do tronco original.
Isto se deve, tal como sufragado pelo conhecimento antropológico e pelos estudos da
memória coletva, à diligência peculiar aos mecanismos culturais em preservar
noaões, prátcas e modelos ancestrais.
Frise-se que o acervo da memória dos grupos, amparado por inflexões intrínsecas ao
modo de funcionamento da mentalidade tradicional, a despeito de certa flexibilidade
em conjunturas disruptvas, sendo portanto mais aberta à incorporaaão do inédito do
que pressupõe a noaão de mundo tradicional construída pela inculturaaão ocidental,
nunca deixa de demonstrar clara predileaão pela repetaão, fórmula que justíca sem
número de construaões imaginárias nos povos antgos (HALBWACHS, 1990; MERCIER,
1986; ELIADE, 1976; BALANDIER, 1976 e 1969).
Mas que se mantém atvas, a despeito das molduras culturais não se darem conta
disso, atuando na gestaaão de padrões axiológicos com inseraão na esfera religiosa,
nos cultos, rituais e nas formas de honrar as divindades 47.
51
Contguamente a esta lógica, Áfrioa e Antgo Testamento: Notas Conoeituais para uma
Abordagem Inédita sugere como intertexto a tenacidade de um modelo ontológico
imanente, de compleiaão prototpica e axial, habilitado a influenciar a padronagem de
sistemas religiosos criados externamente à África, mas cujas origens necessariamente
remontariam ao contnente em termos das suas matrizes profundas e nodais.
Nesta sequência, as populaaões que cruzaram a ponte formada por Suez e pelo Sinai
na direaão das terras do Levante, que com base no que foi alinhavado, não permitria
qualquer entendimento destas como desvinculadas de substratos históricos e
culturais que não fossem africanos, poderia respaldar, em eras remotas, a ocorrência
de uma transposiaão de concepaões arquetpicas passíveis de detecaão nos textos
bíblicos.
Sendo esta a sentenaa central deste texto, paralelamente, claro está que pautar a
hipótese de uma inculturaaão africana presente na Bíblia, dada sua capilaridade em
angariar complexo conjunto de variáveis e declinaaões, não permitria simpliícaaões
apriorístcas, análises mecânicas, ideaaões esquemátcas e tão-pouco, a evocaaão das
desgastadas teses difusionistas, que de há muito foram colocadas sub judioe.
Em paralelo, seria imperioso registrar que a forte aceitaaão das teses difusionistas no
Século XIX foi escorada por dados concretos, a comeaar pelas recorrentes simetrias
culturais encontradas em teatros históricos e civilizacionais distantes entre si, o que
pelo mínimo motvaria especulaaão sobre o alastramento de modelos que de algum
modo, eram efetvamente compartlhados.
Neste sentdo, a crítca aos móveis difusionistas não omite o ajuizado de que existem
de fato um rol de analogias incrustadas na circunscriaão cultural de diferentes povos e
culturas, o que exige, pois aclaramentos e diagnóstcos. Colocando a questão neste
patamar, teria lugar aqui um apelo ao instrumental das vertentes do materialismo
cultural 48, quando não do próprio materialismo histórico.
São ponderaaões deste tpo que contribuem para a compreensão, por exemplo, de
manifestaaões de alternância espacial detectáveis nas formas de apropriaaão do
espaao pelas populaaões pré-modernas.
Estas primavam pela flexibilidade e variabilidade dos usos dos recursos do meio
natural, o que igualmente imprimia ritmos lentos aos deslocamentos externos aos
espaaos conhecidos, preferencialmente detendo-se nas fronteiras naturais de um
compartmento territorial (WALDMAN, 1997).
Este cadenciamento geoespacial das sociedades antgas era replicado na esfera dos
modelos culturais, ambos em interaaão contnua com a dinâmica das sociedades,
ofertando com isso, uma materialidade determinante para a moldura cultural ínal.
Neste ponto, tem destaque uma diretva importante que sustenta a hipótese deste
texto: o conflito potencial entre estruturas vertcais, estratícadas no surgimento das
sociedades estatais, com estruturas horizontais, tpicas do mundo da tradiaão, que
seguidamente sustentaram crispaaões com as estruturas centralizadas de mando.
Este dado operatvo adota como base conceitual a noaão de sociedade segmentária,
conotando comunidades que por deíniaão se postam em oposiaão ao Estado e às
exigências requeridas pela engrenagem do poder (Vide WALDMAN, 2006 e 1997;
BALANDIER, 1976 e 1969). Trata-se de proposiaão preígurada, no campo da ciência
da religião, na obra de Milton SCHWANTES (Cf. 1992, 1989, 1984 e 1982), que retrata
no antgo Oriente Médio a aaão de coletvidades postadas num decidido confronto
antestatsta.
A julgar pelo que o intertexto bíblico revela ou então, informa implicitamente, este
acontecimento consttui traduaão direta de uma rebeldia que se opôs ao mando
horizontal, fez uso de leis orais não-insttucionalizadas, e também costurando neste
processo, soldou acervos cosmológicos de múltplos grupos, todos posicionados
contra a estrutura dessimétrica tpica do Estado teocrátco.
É assim que na ótca das ciências das sociedades, seria lícito observar um fluxo
contnuo de intercâmbios que através dos séculos, transitou com apoio na oralidade
através de redes alheias ao controle estatal, passando ao largo do autoritarismo das
formaaões polítcas imperiais do antgo Oriente Médio, contestando-as radicalmente
no tocante a afetaaões polítcas, sociais, econômicas, ideológicas, étnicas, raciais 51 e
cosmológicas.
É o que nos mostra a Tradiaão do Sinai, onde a fórmula de um Deus que está por
toda a parte e que sendo universal não tem como propor-se enquanto imagem
consagrada, e tampouco aceita ser nominado ou admite culto a outros deuses,
consubstancia-se no aforismo אֲ ֶשר אֶ ְהיֶה, אֶ ְהיֶהEhyeh Asher Ehyeh: Eu sou o que Sou.
Isto é: o Deus Únioo, que ao não estar identícado com um espaao partcular, pode
tanto ser levantno quanto mesopotâmico ou africano, mas que histórica, geográíca,
teológica e antropologicamente, tem na hipótese ora discutda, a África enquanto
ator privilegiado, sujeito manifesto desta análise.
Mesmo porque, o afazer de Áfrioa e Antgo Testamento: Notas Conoeituais para uma
Abordagem Inédita é também, claramente, um modo de pavimentar, com base na
narratologia bíblica, uma releitura da própria África.
57
No tocante a este ponto, nota o ílósofo austríaco Ludwig Von Mises na obra Kleines
Lehrbuoh des Positvismus (Pequeno Manual do Positvismo), que a clássica divisão e
subdivisão das ciências problematza a própria operacionalidade do afazer cientíco.
Nas suas consideraaões, temos que:
“Toda divisão e subdivisão das Ciências tem somente uma importância prátca e
provisória. Não é sistematcamente necessária e deínitva: ou seja, ela depende de
situaaões externas nas quais cumpre o trabalho cientíco e a fase atual de
desenvolvimento das disciplinas em partcular. Os progressos mais decisivos tem
amiúde origem num esclarecimento de problemas que encontram suas fronteiras em
setores até agora tratados separadamente” (Cf. ABBAGNANO, 2010: 169).
Seria, pois neste sentdo, correto também mencionar outro antropólogo, o francês
Paul Mercier, que pondera de modo semelhante. Avaliando a temátca dos “pontos
fortes” e dos “pontos fracos” dos sistemas culturais, o antropólogo enfatza a
necessidade de detectar aquilo que, em toda sociedade seria uma zona de
resistênoia, na qual as mudanaas somente podem ser lentas, do que consttui uma
zona de mobilidade, na qual a mudanaa é possível sem repercussões graves
(MERCIER, 1986: 177).
Por ora, atenhamo-nos à tarefa de pontuar, com base no que foi colocado, um
anteparo geral sublinhando que o mundo tradicional, no qual se inserem a questão a
ser discutda, ao lado da permanência e da estabilidade, estava possuído por um
senso próprio de evoluaão, materializado numa ampla gama de manifestaaões
artstcas, culturais e históricas.
Retenha-se que o trânsito desta acepaão na obra de Milton Santos não é casual. A
saber, a terminologia instânoia de pronto expurga a esfera espacial de propensões
calcadas no determinismo geográíco, de vez que enquadrada terminologicamente
nesta delimitaaão, o espaao dispõe autonomia relatva. Deste modo, declina-se da
pretensão de posicioná-lo como referencial par eaoellenoe e por tabela, de atribuir-
lhe o comando e o regramento das prátcas sociais.
60
Desta máxima se conclui que a dinâmica espacial nos termos colocados por esta
proposta, nunca se distancia dos referenciais temporais e culturais, com os quais
interage e se interconecta:
Ponto a ponto, estas três vertentes são aquelas que em princípio, demonstram
adequaaão para esmiuaar um tema complexo e desaíador. Não importa que sejam
procedentes de campos diferentes do saber ou corresponderem a posiaões teóricas
diferentes, ainda que não contrastantes entre si.
Isso posto, a análise tem por pressuposto avaliar o texto massorétco da Torah, tal
como pode ser consultado no códice Humash, lanaando mão, de igual modo, de
outros materiais do campo abraâmico, tais como a Bíblia Cristã e o Alcorão, e
adicionalmente, literatura extrabíblica condizente a este temário.
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Os debates sobre a temática das CIÊNCIAS DA RELIGIÃO são um pilar central de atuação da
EDITORA KOTEV, publicadora digital que entrou em atividades no ano de 2016. Também
trabalhamos com temas relacionados com RELAÇÕES INTERNACIONAIS, MEIO AMBIENTE,
RESÍDUOS SÓLIDOS, CARTOGRAFIA, AFRICANIDADES E EDUCAÇÃO AMBIENTAL.