Fundamentos Do Grego Bíblico (Resumo)

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MOUNCE, W. D. Fundamentos do grego bíblico: livro de gramática.

São Paulo: Editora


Vida, 2009.

Capítulo 1 – A Língua Grega

À medida que a língua grega se propagava pelo mundo e entrava em contato com outras
línguas, sofria alterações. Finalmente, essa adaptação resultou naquilo que chamamos de
grego coinê. “Coinê” (koinh,) significa “comum” e descreve o vernáculo comum empregado
no dia a dia das pessoas em geral (p. 1). É esse grego coinê, comum, que é empregado na
Septuaginta, em o NT e nos escritos dos pais apostólicos. Deus empregou a língua comum a
fim de comunicar o evangelho. O evangelho não pertence exclusivamente aos eruditos;
pertence a todas as pessoas. Agora, a nossa tarefa passa a ser a de aprender essa língua
maravilhosa a fim de tornar a graça de Deus conhecida a todas as pessoas (p. 2).

Capítulo 2 – Aprendendo o grego

Compreender melhor a Palavra de Deus e comunicá-la com mais clareza deve ser o propósito
do aluno de grego. Contudo, conhecer o grego é essencial para atingir esse alvo? Seria injusto
alegar que a única maneira de ser bom pregador é saber o grego (p. 3). Porém, sem as
ferramentas apropriadas, a pregação, o ensino, a preparação de estudos bíblicos pessoais e a
aprendizagem do grego, ficam limitados na sua capacidade de lidar com o texto. As únicas
pessoas que dizem que o grego não é importante são aquelas que pessoalmente não o
conhecem. Dizem que João Wesley era mais fluente na citação das Escrituras em grego do
que no inglês, que falava o dia inteiro. As ferramentas que acumular, sendo a língua grega
uma delas, determinarão de modo significativo o sucesso que você terá, do ponto de vista
humano (p. 4).

Para aprender o grego é vital a memorização de vocabulários, terminações e várias outras


coisas (p. 4). Por isso, pronuncie as palavras e as terminações em voz alta, escute-as e
escreva-as em locais visíveis (p. 5). Dedique um período de tempo ao grego todos os dias;
conhecer a língua do NT vale, no mínimo, esse esforço (p. 6). É incomum uma pessoa
aprender grego sem ajuda comunitária. Procure um parceiro, alguém que lhe aplique testes e
provas, que o encoraje e apoie, da mesma forma que você fará com ele. Por último, a
disciplina é essencial. Não existem soluções mágicas! Existe um preço a pagar, mas as
recompensas são tremendas (p. 7).

Capítulo 3 – Alfabeto e Pronúncia

O alfabeto grego contém 24 letras (p. 9). Originalmente, a Bíblia foi escrita inteiramente com
letras maiúsculas, sem nenhuma pontuação, acentos, nem espaços entre as palavras. Esse
estilo foi usado até vários séculos d.C. Nos textos gregos de hoje, as maiúsculas são usadas
somente em nomes próprios, na primeira palavra de uma citação e na primeira palavra de um
parágrafo (p. 10).

Alfabeto grego
Transliteraçã
Nome da letra Letra maiúsc.
o em Pronúncia
(port./grego) e minúsc.
português
Alfa / a;;lfa Aa a “a” como em asa
Beta / bh/ta Bb b “b” como em Bíblia
Gama / ga,mma Gg g “g” como em galo
Delta / de,lta Dd d “d” como em de
Épsilon / e;yilo,n Ee e “e” como em pé
“z” como em zanga (quando não
Dzeta / zh/ta Zz z é a primeira letra, se pronuncia
“dz” para diferenciar do sigma)
Êta / h=ta Hh h “ê” como em pelo
Theta / qh/ta Qq th “th” como think no inglês
Iota / ivw/ta Ii i “i” como em timbre
Kapa / ka,ppa Kk k “k” como em casa
Lambda / la,mbda Ll l “l” como em lar
Mu / mu/ Mm m “m” como em mesa
Nu / nu/ Nn n “n” como em nada
Csi / xi/ Xx ks “cs” como em táxi
Omicron / o;mikro,n Oo o “o” como em pó
Pi / pi/ Pp p “p” como em pá
Rô / r``w/ Rr r “r” como em rádio
Sigma / si,gma S s/j s “s” como em sapo
Tau / tau/ Tt t “t” como em ter
Upsilon / u=yilo,n Uu y “y” como “u” em alemão
Fi / fi/ Ff f (ou ph) “f” como em faca
Qui / ci/ Cc ch “ch” como no alemão ich
Psi / yi/ Yy os “ps” como em psiquiatria
Ômega / w=me,ga Ww ô “ô” com em alô

As letras gregas que correspondem a duas letras quando transliteradas são chamadas de
consoantes duplas. A saber: q( x( f( c( e y. Existem duas formas de sigma em grego. j ocorre
somente no fim da palavra, e s ocorre nos outros lugares: avpo,stoloj. As vogais em grego são
a( e( h( i( o( u( w. Gama (g) usualmente tem som de “g” duro, como em “gol”. No entanto,
quando é seguido imediatamente por g( k( c ou x( é pronunciado como “n”. O gama
pronunciado como “n” é chamado gama nasal (p. 12).

O grego possui dois sinais de aspiração. Todas as palavras que começam com uma vogal e
todas as palavras que começam com um rô têm um sinal de aspiração. A aspiração áspera é o
sinal ` colocado acima da primeira vogal e acrescenta um som “h” antes da palavra. A
aspiração branda é o sinal v colocado sobre a primeira vogal e não é transcrita (p. 13).

Ditongo consiste em duas vogais que produzem um único som. Sempre terminam em i ou u.
Suas pronúncias são as seguintes (p. 13):

Ditongo Pronúncia Exemplo


ai Como em pai ai;rw
ei Como em lei eiv
oi Como em boi oivki,a
au Como em lauda auvto,j
ou Como em tu ouvde,
ui Como em fluir ui`o,j
eu( hu Como em eu euvqu,j hu;xanen

O ditongo impróprio é composto por uma vogal e um iota subscrito. O iota subscrito é um
iota pequeno escrito embaixo das vogais a( h ou w (a|( h|( w|) e é normalmente a última letra
da palavra. Esse iota não afeta a pronúncia, mas é essencial para a tradução, de modo que
você deve prestar bastante atenção a ele. Ex., w;ra|( grafh/|( lo,gw| (p. 14).

As palavras que começam com um ditongo precisam ter sinais de aspiração. O sinal de
aspiração é colocado acima da segunda vogal do ditongo (aivte,w). Mas, se a palavra tem
duas vogais que não formam ditongo, o sinal da aspiração fica antes da maiúscula ( vIhsou/j).
Em algumas palavras podemos ver vogais que normalmente formariam ditongo, mas que, na
verdade, tem sons separados. Um trema é colocado sobre a segunda vogal para indicar esses
casos. Ex., vHsai?aj – o ai normalmente forma um ditongo, mas nessa palavra o trema indica
que forma dois sons separados (p. 14).

Capítulo 4 – Pontuação e Silabificação

O NT foi originalmente escrito sem pontuação e sem espaço entre as palavras. A pontuação e
a divisão em versículos foram introduzidas posteriormente (p. 17).

Pontuação Grega
Caractere Português Grego
Qeo,s( Vírgula Vírgula
Qeo,s) Ponto final Ponto final
Qeo,s\ Ponto acima da linha Ponto e vírgula
Qeo,s* Ponto e vírgula Ponto de interrogação

Marcas diacríticas

1. Trema: em vogais de som separado (explicado no cap. 3).


2. Apóstrofo: usado quando ocorre elisão (semelhante à “contração” em português) –
quando uma preposição termina com vogal e a palavra seguinte começa com vogal,
sendo a vogal final da primeira palavra omitida e trocada por um apóstrofo (ex., avpo.
evmou/ se torna avpV evmou/).
3. Acentos: são colocados acima de uma vogal e demonstra qual sílaba é acentuada (p.
18): acento agudo (´), grave (`) e circunflexo ( /). Originalmente, o acento era de
diapasão, mas os professores se satisfazem em os alunos apenas enfatizarem a sílaba
acentuada. Ex., aivte,w( qeo.j( a``gnw/j. Os acentos são indispensáveis para a
pronúncia, memorização e identificação (p. 19).
Silabificação: é o processo de dividir a palavra em suas sílabas (o que é importante para a
pronúncia correta) (p. 20). Algumas regras de silabificação são:

1. Só há uma vogal (ou ditongo) por sílaba (ex., av&kh&ko,&a&men*


mar&tu&rou/&men).
2. Duas vogais consecutivas que não formam ditongo ficam separadas (ex.,
ev&qe&a&sa,&me&qa* ``H&sa&i<&aj).
3. Consoantes duplas (quando a mesma consoante ocorre duas vezes em seguida) são
divididas entre si (ex., av&pag&ge,l&lo&men* par&rh&si,&a) (p. 21).

Capítulo 5 – Introdução aos Substantivos em Português

O primeiro obstáculo na aprendizagem do grego é a falta de conhecimento da gramática da


língua portuguesa. Por essa razão é relevante uma breve introdução à gramática (p. 29).

Termos

1. Inflexão: mudanças na forma de uma palavra para indicar funções distintas em uma
frase ou significado (ex., “ele” quando se refere a um homem, e “ela” quando se refere
a uma mulher – ambos são pronomes pessoais). A língua grega é bastante flexionada
(p. 30).
2. Caso: são as funções desempenhadas pelas palavras em uma oração. Em português,
temos 3 casos: o subjetivo (se for o sujeito da frase – quem realiza a ação do verbo), o
objetivo (quando indica o objeto direto – o que é diretamente afetado pela ação do
verbo) e o possessivo (geralmente uma preposição que indica posse) (p. 30-31).
3. Número: indica se uma palavra está no singular ou plural, para saber se se refere a
um ou mais de um (p. 31).
4. Gênero: substantivos, adjetivos e pronomes mudam suas formas, de acordo com sua
referência a um objeto masculino, feminino ou neutro (uma palavra neutra raramente
ocorre em português) (p. 31).
5. Forma lexical: léxico é um dicionário. A forma como a palavra se encontra no léxico
é chamada “forma lexical” (p. 32).
6. Artigo indefinido: em português é a palavra “um/uma”, quando não indica algo
específico. O grego não possui o artigo indefinido, embora, em algumas
circunstâncias, é necessário acrescentar “um” à sua tradução em português (p. 32).
7. Artigo definido: em português é a palavra “o/a”, quando indica algo especificamente
(p. 32).
8. Predicativo do sujeito: é o que revela algo a respeito do sujeito. Eles complementam
verbos de ligação (verbos que não expressam ação) (p. 32-33).
9. Declinação: padrões flexionais fundamentais que um substantivo, no grego, pode
seguir. Em grego, existem 3 padrões. Cada um desses padrões é chamado de
“declinação”. O padrão não afeta o significado da palavra, somente a sua forma (p.
33).

Classes de palavras e funções sintáticas

1. Substantivo: palavra que representa uma pessoa ou coisa (p. 33).


2. Adjetivo: palavra que qualifica um substantivo ou outro adjetivo (p. 33).
3. Preposição: palavra que indica relacionamento entre duas outras. A palavra ou
locução que segue a preposição é o objeto da preposição (p. 34).
4. Sujeito e predicado: toda oração pode ser dividida em duas partes. O sujeito descreve
qual é o sujeito do verbo. Predicado descreve o restante da frase (inclusive o verbo, o
objeto direto, etc.) (p. 34).

Introdução aos verbos

Para dar sentido aos estudos até o estudo formal dos verbos, é necessário aprender uma só
nota gramatical: a terminação do verbo indica pessoa e número. A terminação eij indica que
o sujeito está na 2ª pessoa; a terminação ei mostra o sujeito na 3ª pessoa. Uma consequência
importante disso é que uma frase grega não precisa ter um sujeito explícito; o sujeito pode ser
subentendido pelo verbo (ex., tanto “ou. gra,feij” quanto “gra,feij” significam “Tu escreves”)
(p. 34).

Capítulo 6 – Nominativo e Acusativo Artigo Definido

O caso nominativo indica o sujeito. Quando o sujeito rege um verbo de ligação tal como “é”
(i. é, um verbo que liga o sujeito a outra coisa), outro substantivo também aparece (o
predicativo do sujeito). Para distinguir o sujeito do predicativo, no grego, deve-se observar
qual deles tem o artigo definido; este será o sujeito (p. 35).
No grego a ordem das palavras é empregada especialmente visando o propósito de ênfase.
Quando uma palavra é colocada no início da oração, ou quando o predicativo é transportado
para antes do verbo, é para enfatizar. Ex., Jo 1.1c – kai. Qeo.j h=n o`` lo,goj (p. 35).

 Terminações dos casos: o caso de uma palavra em grego é indicado pela sua
“terminação” (um sufixo acrescentado ao fim da palavra), e não pela ordem das
palavras. Quando se remove a terminação de um substantivo o que ficará será sua
raiz, ela é que de fato transmite o significado da palavra (p. 39).
 Gênero: um substantivo é masculino, feminino ou neutro. Um substantivo tem um
único gênero. Palavras que terminam em oj são masculinas; palavras terminadas em
on são neutras; palavras que terminam em h ou a são femininas, em sua maioria (p.
40).
 Número: o grego indica o singular e o plural por meio de terminações diferentes. A
diferença entre o singular e o plural é indicada pelas terminações j e i. Ex., avpo,stoloj
é “apóstolo”, e avpo,stoloi é “apóstolos” (p. 40).
 Declinações: em grego, são usados três padrões flexivos para criar diferentes
terminações dos casos. Cada padrão desse é chamado de “declinação”. Elas só afetam
a forma, não o significado da palavra (p. 40).
o Substantivos que sua raiz termina em a ou h formam a primeira declinação.
Recebem terminações da primeira declinação e são femininos (p. 41).
o Substantivos que a raiz termina em o são da segunda declinação. Recebem
terminações da segunda declinação e são masculinos e neutros (p. 41).
o Se a raiz termina em consoante, o substantivo é da terceira declinação (p. 41).
Uma vez que a raiz de um substantivo determina a sua declinação, um substantivo
pode pertencer a apenas uma única declinação (p. 41).
 Nominativo: duas funções são exercidas pelo caso nominativo: indicar o sujeito da
frase e o predicativo do sujeito. Ex., Qeo.j evstin ku,rioj – aqui, o contexto deixa
claro que Qeo.j é o sujeito, e ku,rioj é o predicativo, embora ambos tenham
terminações do caso nominativo (p. 41-42).
 Acusativo: se uma palavra é o objeto direto do verbo, fica no caso acusativo. Uma
das terminações para o acusativo singular é n (on) (p. 42).
 Ordem das palavras: a ordem das palavras na oração não determina se ela é sujeito
ou objeto. No grego a única forma de determinar essas funções é apenas mediante as
terminações (p. 42). Procure, dentro do possível, manter em sua tradução a mesma
ordem das palavras gregas. Isso ajuda a compreender a intenção do autor (p. 43).
 Forma lexical: a forma lexical de um substantivo é o nominativo singular. Em artigos
definidos e adjetivos, que podem ter terminações em mais de um gênero, sua forma
lexical é o nominativo singular masculino (p. 43).

Terminações dos Casos

Tome o cuidado de memorizar as terminações, de outra forma, não terá facilidade de


identificar as terminações em outros substantivos. A tradução não requer que você repita os
paradigmas; requer, sim, que você reconheça as terminações quando as vir. Use cartões.
Coloque cada terminação num cartão diferente, leve-os consigo por onde você for, embaralhe-
os e os revise repetidas vezes. Sempre as diga em voz alta e as pronuncie da mesma maneira.
Quanto mais sentidos você empregar na memorização, melhor (p. 44).

Paradigma das terminações dos casos (p. 45)

2ª declinação 1ª declinação 2ª declinação

Masculino Feminino Neutro

Nom. sing. oj - on

Acus. sing. on n on

Nom. pl. oi i a

Acus. pl. ouj j a

No neutro, o nominativo e o acusativo singular são sempre idênticos, e o nominativo e


acusativo plural são sempre idênticos. O contexto geralmente demonstrará se a palavra é o
sujeito ou o objeto direto (p. 45).
Análise morfológica: quando o professor lhe pedir para “analisar” um substantivo, você
deverá dizer-lhe cinco coisas a respeito da palavra.

1. Caso (nominativo, acusativo)


2. Número (singular, plural)
3. Gênero (masculino, feminino, neutro)
4. Significado flexionado

Por exemplo, lo,gouj é acusativo plural masculino, de lo,goj, e significa “palavras” (p. 46).

Artigo Definido

O artigo definido é o único tipo de artigo em grego. Não existe artigo indefinido (“um”). Por
isso, em grego, refere-se simplesmente como “artigo” (p. 47). Artigos possuem caso, número
e gênero que sempre estão em concordância com o caso, número e gênero do substantivo (p.
47-48). Sua forma lexical sempre é o nominativo singular masculino (o`) (p. 48).

Formas dos artigos (p. 48)

2ª declinação 1ª declinação 2ª declinação

Masculino Feminino Neutro

Nom. sing. o` h` to,

Acus. sing. to,n th,n to,

Nom. pl. oi` ai` ta,

Acus. pl. tou,j ta,j ta,

O artigo começa com uma aspiração áspera ou com um t (p. 48). Conhecer as formas do
artigo é a chave para compreender as formas dos substantivos em grego. Quase todos os
substantivos são precedidos pelo artigo. Se você não conseguir declinar um substantivo,
poderá olhar para o artigo e saberá em que caso, gênero e número estará o substantivo (p. 49).
Procedimentos na Tradução

Iniciantes em grego, quando procuram traduzir uma frase, o resultado parece ser várias
palavras sem conexão. As chaves para solucionar esse problema são as terminações dos casos
e o artigo. Também é vantajoso dividir a frase em suas respectivas partes. Ex., Qeo.j sw,wei
yuca,j → Qeo.j / sw,sei / yuca.j (nominativo/adjetivo/dativo) (p. 49). Se houver um artigo,
mantenha-o com o substantivo. Ex., o` lo,goj / sw,sei / yuca.j (p. 50).

O artigo grego é traduzido por “o/a”. O grego sempre o emprega antes de um nome próprio, o
que pode ser omitido na tradução em português. O grego também inclui o artigo,
frequentemente, em substantivos abstratos tais como h` avlhqei,a (p. 50).

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