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UNIVERSIDADE LUEJI A'NKONDE – ULAN

◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊ Malanje ◊

Faculdade de Economia

======================================================================

Título: Proposta de Formação como forma de melhorar o Perfil


Empreendedor dos Vendedores Ambulantes do Município de
Lucapa.

Autoras: Assunção Queque Muxito


- Neusa José Filipe Manzuma

======================================================================

Dundo, Dezembro de 2019


UNIVERSIDADE LUEJI A'NKONDE – ULAN
◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊ Malanje ◊

Faculdade de Economia

======================================================================

Título: Proposta de Formação como forma de melhorar o Perfil


Empreendedor dos Vendedores Ambulantes do Município de
Lucapa.

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, requisito necessário para a obtenção do Título de


Licenciado em Economia, na especialidade de Gestão Empresarial.

Autoras: Assunção Queque Muxito


- Neusa José Filipe Manzuma

Orientador: Prof. Adolfo Caiji Cabeia

Monografia N.º _______

======================================================================

Dundo, Dezembro de 2019


DEDICATÓRIA

Dedicamos esta monografia aos nossos pais, companheiros,


irmãos, filhos e toda família em geral, que com muito carinho nos
apoiaram durante a nossa formação.

I
AGRADECIMENTOS

Ao terminar esta monografia não podemos deixar de agradecer a Deus,


em primeiro lugar, e a todos que contribuíram para a sua realização e cujo contributo
foi essencial, dentro e fora do âmbito académico.

Agradecemos ao Dr. Adolfo Caiji Cabeia, orientador desta monografia,


que muito admiramos e a quem agradecemos todo o apoio e interesse demonstrado
na elaboração deste trabalho. Foi fundamental o seu entusiasmo desde o início, a
disponibilidade, o incentivo, a colaboração e a amizade sempre manifestada, além de
nunca ter duvidado das nossas capacidades para a sua execução.

Aos nossos colegas de curso, pelo companheirismo e apoio moral


durante a elaboração da presente monografia e pelos excelentes anos de convívio.

A minha Família, por tudo.

Á Administração Municipal do Lucapa, pela cooperação e disponibilidade


durante a pesquisa.

A todos os que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a


concretização deste sonho, e que não estão aqui referidos, muito obrigado!

II
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Características do perfil empreendedor ................................................... 7

Figura 1.2 - Vendedores ambulantes em Luanda/Angola ......................................... 13

Figura 2.3 - Mapa da província da Lunda-Norte e localização do Município do Lucapa


.................................................................................................................................. 25

Figura 2.4 - Fluxograma do plano operacional da pesquisa ...................................... 28

III
LISTA DE GRAFICOS

Gráfico 3.1 - Opiniões dos inquiridos sobre o número de dependentes em casa ..... 32

Gráfico 3.2 - Opiniões dos inquiridos sobre a possibilidade de trocar a sua actividade
caso haja oportunidade ............................................................................................. 33

Gráfico 3.3 - Opinião dos inquiridos sobre que lhe levou a optar por este tipo de
trabalho ou actividade ............................................................................................... 33

Gráfico 3.4 - Opiniões dos inquiridos sobre venda diária, controlo de despesas e
planificação das actividades ...................................................................................... 34

Gráfico 3.5 - Opiniões dos inquiridos sobre os factores analisados para fixar o preço
de venda ................................................................................................................... 35

Gráfico 3.6 - Opiniões dos inquiridos sobre as receitas arrecadadas na venda


ambulante.................................................................................................................. 36

IV
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Distribuição dos inquiridos por género, idade, tempo de venda e
habilitações e habilitações......................................................................................... 27

Tabela 3.2 - Opiniões dos inquiridos sobre o tipo de produtos comercializados ....... 35

V
LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 - Características do empreendedor .......................................................... 8

Quadro 1.2 - Perfil de vendedores ambulantes ......................................................... 16

Quadro 1.3 - Tipologias dos vendedores ambulantes ............................................... 17

Quadro 3.4 - Proposta de conteúdo programático para formação dos Vendedores


Ambulantes ............................................................................................................... 37
LISTA DE ABREVIATURAS

GEM – Global Entrepreneurship Monitor

ONU – Organização das Nações Unidas

INE – Instituto Nacional de Estatísticas

SEBRAE – Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de São Paulo


RESUMO

Esta monografia trata de uma proposta de formação como forma de melhorar o perfil
empreendedor dos vendedores ambulantes no município do Lucapa, uma vez que nas
cidades angolanas os vendedores ambulantes através da sua actividade distribuem
rendimentos e asseguram a sobrevivência das respectivas famílias. Para determinar
os fundamentos teóricos que sustentam o tema e averiguar a necessidade de
formação para os vendedores ambulantes do referido município utilizaram-se os
seguintes métodos: Método bibliográfico, método de análise e síntese, método do
inquérito com base no questionário e o método de análise percentual. Os resultados
da pesquisa ressaltam a necessidade de formação para melhorar o perfil
empreendedor dos vendedores ambulantes do município do Lucapa, pois, maior parte
dos inquiridos, isto é 92%, não faz o planeamento dos seus negócios, 83% não faz
controlo das despesas e receitas (caixa) no final do dia. Além disso, muitos deles se
baseia na concorrência para fixar o preço de venda dos produtos, e outros até nem
fazem esta análise; factores estes que dificultam o retorno do investimento e o próprio
crescimento do negócio. Pelo que a grelha de conteúdo proposta constitui um
instrumento indispensável para o melhoramento do perfil empreender dos vendedores
ambulantes do município do Lucapa.

Palavras-chave: Vendedores ambulantes, Perfil Empreendedor, Proposta de


formação.
ABSTRACT

This monograph deals with a training proposal as a way to improve the entrepreneurial
profile of street vendors in the city of Lucapa, since in Angolan cities street vendors
through their activity distribute income and ensure the survival of their families. To
determine the theoretical foundations that support the theme and to ascertain the need
for training for street vendors of the referred municipality, the following methods were
used: Bibliographic method, analysis and synthesis method, questionnaire based
survey method and analysis method. percentage. The survey results underscore the
need for training to improve the entrepreneurial profile of street vendors in the
municipality of Lucapa, as most respondents, ie 92%, do not plan their business, 83%
do not control expenditure and revenue (cash) at the end of the day. Moreover, many
of them rely on competition to fix the selling price of products, and others do not even
do this analysis; These factors hinder the return on investment and the growth of the
business itself. Therefore, the proposed content grid is an indispensable tool for
improving the entrepreneurship profile of street vendors in the city of Lucapa.

Keywords: Street Vendors; Entrepreneurial Profile; Training proposal.


ÍNDICE

DEDICATÓRIA ............................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. II
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. III
LISTA DE GRAFICOS ............................................................................................... IV
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. V
LISTA DE QUADROS ............................................................................................... VI
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................... VII
RESUMO................................................................................................................. VIII
ABSTRACT ............................................................................................................... IX
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
CAPITULO 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 5
1.1. Empreendedorismo como estratégia de negócio ........................................... 5
1.1.1. Conceito de Empreendedorismo e Empreendedor .................................. 5
1.1.2. Perfil Empreendedor ................................................................................ 7
1.2. A venda ambulante enquanto acto de empreendedorismo .......................... 10
1.2.1. Breve história dos vendedores ambulantes ........................................... 10
1.2.2. Caracterização do vendedor ambulante ................................................ 11
1.3. Perfil do vendedor ambulante ...................................................................... 15
1.4. Tipologias dos vendedores ambulantes e suas características ................... 16
1.5. Venda Ambulante: causas, obstáculos e desafios ....................................... 18
1.6. Efeitos e impactos da venda ambulante na economia ................................. 20
1.7. A formação como mecanismo para melhorar o perfil empreendedor dos
vendedores ambulantes ......................................................................................... 22
CAPITULO 2 – METODOLOGIA ............................................................................... 24
2.1. Área de pesquisa ......................................................................................... 24
2.2. Aspectos metodológicos .............................................................................. 25
2.3. População e amostra ................................................................................... 26
2.4. A técnica recolha de dados .......................................................................... 28
2.5. Tipo de métodos utilizados........................................................................... 28
2.6. Descrição do questionário ............................................................................ 30
2.7. Tratamento dos dados ................................................................................. 30
CAPITULO 3 - ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ... 31
3.1. Breve caracterização da venda ambulante no município do Lucapa ........... 31
3.2. Opiniões dos inquiridos ................................................................................ 32
3.3. Diagnóstico do perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do Lucapa
34
3.4. Proposta de conteúdos programáticos necessários para formação dos
vendedores ambulantes do município do Lucapa .................................................. 36
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 38
SUGESTÕES ............................................................................................................ 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 40
ANEXOS ..................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO

A presente monografia trata de uma proposta de formação como forma


de melhorar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes no município do
Lucapa, uma vez que nas cidades angolanas os vendedores ambulantes através da
sua actividade distribuem rendimentos e asseguram a sobrevivência das respectivas
famílias. A existência do comércio ambulante é vista como uma actividade importante
para a diversificação da economia de um país. E esta, é uma actividade que tem vindo
a proliferar, consequência das grandes transformações políticas e económicas que o
país vem sofrendo desde 1992.

De acordo com Pinto (2016), a história do comércio ambulante confunde-


se com a história da humanidade, assim como se confunde com muitas outras
realidades que fazem parte da vida quotidiana das pessoas. O comércio ambulante e
a distribuição estão presentes em quase tudo: no povoamento, na ocupação do tempo
e no combate ao desemprego. A actividade do comércio ambulante que por assim
dizer, constitui a essência do surgimento da actividade comercial, está presente em
todas as partes do mundo nas diferentes populações.

E ainda, de acordo com o autor, mesmo com toda investida dos governos
para diminuir o número dos vendedores ambulantes nas ruas, a falta de emprego,
aliada baixa escolaridade torna o esforço quase impossível.

As actividades de venda ambulante tendem a absorver um grande


número de pessoas desempregadas. O seu mercado é constituído pelo um conjunto
de consumidores aos quais agrada a acessibilidade aos bens e serviços que os
vendedores ambulantes podem fornecer. E quando as políticas urbanas permitem aos
vendedores ambulantes exercer a sua actividade de comércio, resultam impactos
positivos em várias frentes, tais como, emprego, empreendedorismo, mobilidade
social entre outros (Kusakabe, 2006).

Caracterizando a população de comerciantes de rua em Angola, verifica-


se que uma maioria significativa dos vendedores não possui formação profissional
para o exercício da prática de actos de comércio, e por isso, não subsistem por muito
tempo, ou pelo menos, não conseguem formalizar os seus negócios, sendo que o

1
município do Lucapa também não foge a regra. E de acordo com Santos et al. (2003),
a formação, sobretudo, empreendedora, apresenta-se como uma ferramenta
importante na adaptação das qualidades profissionais necessárias ao exercício de
actos de comércio.

Pelo que, faz-se necessário formar os vendedores ambulantes em


matérias sobre as características do empreendedor, os riscos enfrentados no mundo
empresarial, as etapas da criação de pequenos negócios, estudo de mercado,
aspectos financeiros de projectos e as potencialidades de recursos humanos de modo
a prepará-los para formalização e um bom desempenho dos seus negócios (Agência
Angola Press - ANGOP, 2019).

Problema de Pesquisa

Como contribuir no melhoramento do perfil empreendedor dos


vendedores ambulantes do Lucapa?

Desta questão principal ressaltam três questões cientificas


consideradas pertinentes, nomeadamente: isto sai.

1. Quais os fundamentos teóricos que sustentam o tema?


2. Qual é o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município do
Lucapa?
3. Quais os conteúdos programáticos são necessários para formação dos
vendedores ambulantes do município do Lucapa?

Objecto de estudo: processo de formação do perfil empreendedor dos vendedores


ambulantes.

Campo de acção: perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município do


Lucapa.

Objectivo Geral

Elaborar uma proposta de formação enquanto mecanismo de


melhoramento do perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município do
Lucapa.

2
Objectivos específicos

 Determinar os fundamentos teóricos que sustentam o tema;


 Diagnosticar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município
do Lucapa;
 Identificar os conteúdos programáticos necessários para formação dos
vendedores ambulantes do município do Lucapa.

Justificativa do tema

Em função do actual sistema político-económico em vigor no nosso país,


sobre os vendedores ambulantes, que visa à organizar o mercado comercial da venda
ambulante (uma vez que eles têm comercializado os produtos arbitrariamente e
sobretudo em sítios impróprios e sem noções básicas de empreendedorismo),
julgamos, nós, ser relevante que os senhores em causa deveriam, inicialmente, aderir
às novas leis do sistema económico do actual governo, e posteriormente, obter
formação adequada que as capacite na gestão dos seus empreendimentos.

Por este motivo, sentimo-nos comovidas a fazer uma abordagem


microeconómica sobre a formação e capacitação dos vendedores ambulantes
residentes no município do Lucapa, província da Lunda Norte.

Com este estudo pretende-se contribuir para o melhoramento do plano


do governo angolano e, nomeadamente dos decisores (Ministério do Comercio e
Industria da Província da Lunda Norte). Os índices motivacionais, quer de natureza
pessoal quer profissional são elevados, uma vez que se anseia conjugar algum
conhecimento adquirido no percurso profissional. Recolher e analisar elementos
técnico-económicos indispensáveis às áreas como: estudos e planeamento, e do
sector de negócio. Também criar um intercâmbio entre a área profissional e a
académica no sentido de se obter uma maior racionalidade, espírito critico e científico
que é necessário para execução de trabalhos de importância estratégica no sector. O
estudo diz respeito a uma amostra de vendedores ambulantes do município de
Lucapa.

3
Estrutura do trabalho

Para além da introdução, conclusões e sugestões, a monografia foi


dividida em três capítulos.

No primeiro capítulo, apresenta-se primeiramente os conceitos de


empreendedorismo e empreendedor e o perfil do empreendedor. De seguida parte-se
para o objecto desta investigação: os vendedores ambulantes, onde aborda-se sobre
a história da venda ambulante, sua caracterização, o perfil e a tipologia dos
vendedores ambulantes, as causas, obstáculos e desafios da venda ambulante, e,
finalmente, apresenta-se a formação como mecanismo para melhorar o perfil
empreendedor dos vendedores ambulantes.

No segundo capítulo apresenta-se a metodologia utilizada durante a


pesquisa, com destaque para os métodos de pesquisa, caracterização do município
do Lucapa, a caracterização dos inquiridos, etc.

E, no último capítulo aborda-se sobre a análise dos dados e


interpretação dos resultados como consequência de um estudo de campo realizado
no município seleccionado, sintetizando as principais conclusões.

4
CAPITULO 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta os conceitos de empreendedorismo e


empreendedor e o perfil do empreendedor. De seguida aborda-se sobre os
vendedores ambulantes, isto é, a história da venda ambulante, sua caracterização, o
perfil e a tipologia dos vendedores ambulantes, as causas, obstáculos e desafios da
venda ambulante, e, finalmente, apresenta a formação como mecanismo para
melhorar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes.

1.1. Empreendedorismo como estratégia de negócio

Em um período em que a duração dos empregos formais está menor e,


os mais diversos sectores industriais e comerciais são caracterizados por expressiva
volatilidade, o empreendedorismo ao ser aplicado diariamente, passa a ser um
importante diferencial para fortalecer a capacidade de superar desafios.

Desde a época primitiva, se considerar a evolução humana, pode-se


dizer que o homem primitivo já tinha atitudes empreendedoras à medida que
precisava, para sobreviver, inovar na construção de diversas ferramentas para agilizar
a caça de animais.

Segundo Dolabela (2008), o empreendedorismo não é um tema novo ou


modismo: existe desde a primeira acção humana inovadora, com o objectivo de
melhorar as relações do homem com os outros e com a natureza.

1.1.1. Conceito de Empreendedorismo e Empreendedor

O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo, e tem sido


utilizado com diferentes significados e actualmente não se pode dizer que exista uma
definição unânime e consensual, contudo, um dos aspectos que à partida é
consensual é a relação do empreendedorismo com a criação de empresas e com
aspectos inovadores (Sarkar, 2007).

Segundo o Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de São


Paulo (SEBRAE, 2007), empreendedorismo é o processo de criar algo novo com
valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros,

5
psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da
satisfação e independência económica e pessoal.

Para Trigo (2003), o empreendedorismo engloba duas vertentes, por um


lado uma atitude, relacionada com a detecção de novas oportunidades, e por outro
lado, um comportamento, na medida em que o empreendedor realiza um conjunto de
acções para transformar essa oportunidade numa actividade empresarial.

Na perspectiva de Dornelas (2003) empreendedorismo significa fazer


algo novo, diferente, mudar a situação actual e buscar, novas oportunidades de
negócio, tendo como foco a inovação e a criação de valor. Dornelas ainda ressalta
que apesar de as definições para empreendedorismo serem várias, a sua essência se
resume em fazer diferente, utilizar os recursos disponíveis de forma criativa, buscar
oportunidades e inovar.

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2008),


empreendedorismo é:

“Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento,


como por exemplo, uma actividade autónoma, uma nova empresa ou a
expansão de um empreendimento existente por um individuo, grupos de
indivíduos ou por empresas já estabelecidas.”

Segundo Sarkar (2007), talvez a definição mais próxima do conceito de


empreendedorismo usada actualmente seja a de Joseph Schumpeter, que refere que
o empreendedor é quem aplica uma inovação no contexto dos negócios, podendo
tomar várias formas, nomeadamente: introdução de um novo produto, introdução de
um novo método de produção, abertura de um novo mercado, a aquisição de uma
nova fonte de oferta de materiais e a criação de uma nova empresa.

Segundo Chiavenato (2008) o termo empreendedor significa aquele que


assume riscos e começa algo novo. O autor salienta que o empreendedor não é
somente aquele que constrói uma empresa ou inicia um novo negócio, mas sim a
pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projecto pessoal
assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente.

6
Para Leite (2002), ser empreendedor significa ter capacidade de
iniciativa, imaginação fértil para conceber as ideias, flexibilidade para adaptá-las,
criatividade para transformá-las em uma oportunidade de negócio, motivação para
pensar conceitualmente e a capacidade para ver, perceber a mudança como uma
oportunidade.

De acordo com Drucker (1986) o empreendedor é uma pessoa capaz de


demonstrar um comportamento inovador, criando uma satisfação para seu cliente. É
considerada uma pessoa que identifica as oportunidades de negócios, nichos de
mercados, estabelece metas, corre riscos calculados, busca novas informações,
realiza um planeamento e monitoramento sistemático, é persistente, comprometido,
persuasivo, exige qualidade, possui independência e autoconfiança.

O empreendedor deve ser capaz de tomar decisões correctas no


momento exacto, estar bem informado, analisar friamente a situação e avaliar as
alternativas para poder escolher a solução mais adequada. Precisa ter iniciativa de
agir objectivamente e confiança em si mesmo.

1.1.2. Perfil Empreendedor

Maximiano (2006) apresenta as seguintes características do perfil


empreendedor: criatividade e capacidade de implementação; Disposição para assumir
riscos; Perseverança e Optimismo e Senso de Independência, de acordo com a Figura
1.1:

Figura 1.1 - Características do perfil empreendedor

Fonte: Maximiano (2006).

7
Ainda sobre o perfil empreendedor, de acordo com SEBRAE (2007),
observando o modo como agem, empreendedores podem ainda apresentar as
seguintes características, conforme o quadro 1.1:

Quadro 1.1 - Características do empreendedor

Características Descrição

Iniciativa Agir espontaneamente antes de ser forçado pelas circunstâncias.

Reconhecer e saber aproveitar oportunidades novas e pouco


Busca de oportunidades comuns; precisa estar atento e capaz de perceber, no momento
certo, as oportunidades de negócio que o mercado oferece.

Não desistir diante das dificuldades encontradas, nunca deixar de


Persistência
ter esperança e lutar para ver seus projectos realizados.

Valorizar a informação e buscá-la pessoalmente para elaborar um


Busca de informação plano ou tomar decisões; buscar conhecimentos em livros, cursos
ou até mesmo com pessoas que tenham experiência no sector.

Preocupação com a alta Interesse em manter um alto nível de qualidade nos produtos ou
qualidade do trabalho serviços prestados.

Preocupação em reduzir o custo, os recursos necessários e o


Eficiência
tempo para realizar as tarefas.

Autoconfiança Acreditar na própria habilidade e capacidade.

Persuasão Habilidade de convencimento diante dos demais.

Uso de estratégias de
Tendência a pensar e definir formas para influenciar os demais.
influência

Reconhecimento das próprias


Admitir suas limitações aprendendo com os próprios erros.
limitações

Comprometimento com os
Comprometimento pessoal para cumprir contractos firmados.
contractos de trabalho

Apresentar os problemas aos outros de forma directa e tomar


Assertividade
decisões fortes no papel de oposição.

Acompanhamento do trabalho dos outros para assegurar que o


Monitoramento trabalho satisfaz as expectativas relativas a procedimento,
planeamento e qualidade.
Experiência ou capacitação prévia em áreas relacionadas ao
Perícia próprio negócio, pois quanto mais dominar o ramo em que actua,
maiores serão as chances de êxito.
Uso de análise lógica para desenvolver planos específicos para a
Planeamento sistemático
tomada de decisões.

Habilidade para mudar de estratégia quando se torna necessário


Resolução de problemas
identificar novas soluções para os problemas.

Fonte: SEBRAE (2007).

8
No entanto, na óptica de McClelland (1987), num estudo específico
sobre o caso de empreendedores na Índia, existem nove características que
distinguem os empreendedores com muito sucesso dos empreendedores medianos,
nomeadamente:

 Iniciativa;
 Capacidade de comunicação;
 Entendimento das oportunidades;
 Orientação eficaz;
 Preocupação com a qualidade de trabalho;
 Planeamento sistemático;
 Monitorização;
 Cumprimento de contracto de trabalho;
 Reconhecimento das relações nos negócios.

Por outro lado, o autor encontrou outras seis características que não
fazem diferença entre aqueles dois tipos de empreendedores.

 Autoconfiança;
 Persistência;
 Capacidade de persuasão;
 Uso de estratégias de influência;
 Perícia;
 Procura de informação.

No que concerne a motivação para empreender, de acordo com Sarkar


(2007), existem três tipos de necessidades motivacionais:

 A necessidade de realização: a pessoa é motivada pela realização e procura


essa mesma realização, ao ser realista e com objectivos desafiantes e de
promoção no seu trabalho. Tem uma grande necessidade de feedback para a
sua realização e progressão bem como uma necessidade de se sentir
realizado.
 A necessidade de autoridade e poder: a pessoa é motivada pela autoridade.
Este condutor produz uma necessidade de ser influente, efectivo e ter impacto.

9
Existe uma grande necessidade de liderar e das suas ideias prevalecerem, há
uma grande motivação e necessidade de aumentar o seu estatuto pessoal e o
seu prestigio.
 A necessidade de aflição: a pessoa tem necessidade de realizações de
amizade e é motivada pela interacção com as outras pessoas. A afilhação
produz motivação e necessidade dos outros gostarem da pessoa, tornando-a
popular. Estas pessoas são boas em equipa.

A investigação de McClelland (1987), levou acreditar que a necessidade


de realização é um motivo humano que pode ser distinguindo das outras
necessidades. O motivo de realização pode ser isolado e avaliado em qualquer lucro.

1.2. A venda ambulante enquanto acto de empreendedorismo

1.2.1. Breve história dos vendedores ambulantes

A história da Grécia Antiga revela que a venda estava aí presente como


actividade de troca, e o termo vendedor já era utilizado. A profissão de vendedor como
a conhecemos hoje, foi concebida no contexto da Revolução Industrial, na Inglaterra,
na metade do século XVIII até a metade do século XIX (Cobra, 1994).

Ainda de acordo com autor acima, antes destes períodos o comércio era
utlizado por mercadores e artesãos e outras pessoas que exerciam a actividade de
vendas. Na fase da idade média, os primeiros vendedores que vendiam porta-a-porta,
apareceram sobre forma de vendedores ambulantes. Colectavam produtos de
campos e vendiam na cidade e em contrapartida os produtos manufacturados nas
cidades eram por eles comercializados no campo. O aumento do volume de produção
e da concorrência gerada por essas mudanças, os limites locais deixaram de ser
suficientes para escoar toda produção das industriais e o comércio intermunicipal e
internacional começou a se desenvolver.

Neste período, segundo o Spiro et al. (2009), os vendedores ambulantes


eram a forma dominante da profissão: profissionais autónomos que compravam
produtos variados, de diversas empresas e viajam por todo o país vendendo-os
directamente aos consumidores à pronta entrega.

10
O termo começou a ser utilizado na Espanha, na Idade Média, para
referir-se aos vendedores de rua. Etimologicamente provém do vocábulo Bufón. Hoje
em dia as pessoas que se dedicam ao “top manta” na Espanha são em sua maioria
de origem africana. Um dos grupos que se dedica ao comércio ambulante na Espanha
são os Mercheros. Este grupo é nómada e tem uma forma de vida semelhante aos
ciganos. Sua actividade principal ao longo da história é a venda de produtos de latão
e bijuterias através da venda ambulante.

Em Angola, a abolição do regime dos preços fixados e da margem de


comercialização, a privatização da rede comercial grossista, retalhista e de prestação
de serviços mercantis, a promoção e desenvolvimento do comércio rural permanente
desde o ano de 1997, fez surgir o fenómeno “venda ambulante” ou “zunga”, ademais,
assiste-se a invasão de cidadãos estrangeiros a exercer a actividade comercial em
alguns casos de forma ilegal.

A venda ambulante é uma das características históricas e estruturais do


mercado de trabalho angolano, desenvolveu-se no país, sobretudo após a
independência da República de Angola, em 1975, como uma forma da população mais
pobre, nalguns casos migrantes das zonas rurais, criar negócios e sustentar a família.
Muitos dos negócios ambulantes são dominados pelos congoleses em todo o território
angolano. Contudo, este não é um fenómeno pós-independência. Depois da
descolonização e durante a ocupação e a guerra que se prolongou por cerca de 24
anos, a população angolana abandonou as zonas rurais e veio procurar abrigo, tentar
sobreviver e procurar melhores condições de vida. As actividades dos vendedores
ambulantes traduziam uma expressão estritamente subsidiária do sector formal da
economia, que era o sector dominante e estruturante da sociedade, pois era dotado
de mecanismos de controlo e regulação indispensáveis ao funcionamento das
instituições (Organização das Nações Unidas - ONU, 2013).

1.2.2. Caracterização do vendedor ambulante

Um vendedor ambulante é uma pessoa que oferece bens ou serviços


para venda ao público sem assentar numa estrutura permanente, mas com uma
estrutura estatística temporária. Os vendedores de rua podem ser estacionários e
ocupar espaço nas calçadas ou outras áreas públicas/privadas, ou podem ser móveis

11
e deslocarem-se de um lado para o outro, transportando as suas mercadorias
(Kusakabe, 2006).

Ainda seguindo o levantamento do autor, quando as políticas urbanas


permitem aos vendedores ambulantes exercer a sua actividade de comércio, resultam
impactos positivos em várias frentes, emprego, empreendedorismo, mobilidade social,
paz e ordem, no sentido em que os recursos económicos e sociais são
democratizados e harmonizados entre homens e mulheres. Trata-se de uma
actividade que está associada normalmente a população activa desempregada e que
não podem ou não querem vender seus produtos pelos meios convencionais. O
espaço utilizado para este tipo de venda é bem diversificado: como na linha férrea,
praças, ruas movimentadas, etc.

Em Angola, os vendedores ambulantes são conhecidos popularmente


como “zungueiros”. Sendo a venda ambulante definida como aquela que se realiza
fora do estabelecimento comercial permanente, de forma habitual, ocasional,
periódica ou continuada, em perímetros ou locais devidamente autorizados,
instalações desmontáveis e transportáveis, incluindo roulottes (Lei 1/07, de 14 de Abril
- Lei das actividades comerciais).

Segundo Candanda (2013), o termo «zungueira» derivou da palavra


Quimbundo, “kuzunga”, que significa circular, deambular ou movimentar-se de um
lugar ao outro. Isto quer dizer que, a zunga, no sentido genérico, é a venda ambulante
nas ruas, do comércio informal. Neste respeito, a zungueira é uma mulher vendedora
ambulante, que prática o comércio informal, vendendo os seus produtos ou
mercadorias nas ruas, circulando de um lugar ao outro, sem itinerário predefinido ou
um local de venda fixo. Nas condições actuais de Angola, a zungueira desempenha o
papel muito importante como agente económico, intermediária, que trafica uma
variedade de bens de primeira necessidade, aos consumidores. Na presença da taxa
elevadíssima de desemprego, cerca de 68% dos agregados familiares angolanos
sobrevivem do comércio informal, do qual uma boa parte é feita por circuito da venda
ambulante, que se estende por todos centros urbanos e semiurbanos.

Ainda seguindo no levantamento do autor, as mulheres zungueiras, na


sua maioria, são provenientes das zonas rurais. Devidas as circunstâncias de vida
dificílima nas cidades, foram obrigadas a enveredaram-se pela venda ambulante,
12
tornando-se, deste modo, semiproletárias, das classes mais pobres da sociedade
angolana. A mulher zungueira sobrevive através do trabalho árduo e arriscado. Na
caracterização social, a mulher zungueira é persistente, resistente, ousada,
sacrificada, excluída, injustiçada e desvalorizada.

Assim, quem vende um produto na rua é um vendedor ambulante; e


como seu próprio nome indica, este tipo de vendedor não tem lugar fixo de venda,
pois se desloca de um lugar para o outro buscando a maior afluência de público (figura
1.2).

Figura 1.2 - Vendedores ambulantes em Luanda/Angola

Fonte: https//www.angop.ao

Portanto, partindo da ideia de Dolabela (2006), o vendedor ambulante


torna-se empreendedor na medida que ao produzir ou vendedor certo bem e/ou
serviço introduz alguma inovação (quer na forma de vender, quer na produção ou
maneira de tratar os clientes).

Ao se avaliar a venda ambulante, várias e diferentes ideias existem na


população, há de um lado uma visão que coloca o comércio ambulante como um
obstáculo ao desenvolvimento das cidades. Prejudicando a limpeza e a ordem do
espaço público, são vistas como pessoas que dificultam fluxo de pedestres e
procurem a todo custo evitar o fisco. Mas também existem opiniões favoráveis a venda
ambulante por se considerar que este serve como alternativa ao desemprego
(Figueiredo, 2016).

13
Actualmente, o comércio ambulante, feito por vendedores ambulantes,
isto é, do infindável número de cidadãos que pratica a economia de subsistência,
popularmente chamados de “zungueiras” ou “zungueiros”, foi recentemente objecto
de consideração pelo Legislador que aprovou a Lei n.º 15/19, de 23 de Maio (Lei Sobre
a Organização e Funcionamento das Actividades de Comércio Ambulante, Feirante e
de Bancada de Mercado. A referida Lei está dividida em três grandes áreas:

a) Comércio Ambulante, previsto e descrito nos artigos 13.º - 23.º;

Na área do Comércio Ambulante, onde surge, precisamente o Vendedor


Ambulante, que é, de acordo com a Lei, todo aquele que realiza vendas ao público
consumidor, mas não dispõe de um local fixo, inclui também o negócio de restauração
em unidades móveis ou amovíveis, previstos na alínea d), do artigo 13.º e regulados
pelo artigo 24.º, ambos da citada Lei. A Lei 15/19 elabora, ainda, uma distinção entre
a venda tradicional e a venda em locais fixos, no artigo 14.º, alíneas a) e b), posto que,
deste modo, a venda ambulante coincide, pelo menos em termos de designação, com
a venda tradicional. Ao Vendedor Ambulante são conferidos determinados direitos,
por exemplo:

 No artigo 16.º, onde se prevê o direito de ser tratado com dignidade;


 Dispor de cartão de identificação e utilizar o espaço que lhe esteja destinado.
Correlativamente, está sujeito aos deveres de manter-se apresentável;
 Comportar-se com civismo nas suas relações com os outros vendedores e
demais entidades;
 Apresentar os produtos alimentares em perfeitas condições de higiene; acatar
as ordens emanadas pelas autoridades competentes; abster-se de promover a
venda exclusiva de bebidas alcoólicas;
 Abster-se de adoptar comportamentos lesivos aos direitos e interesses dos
consumidores.

b) Comércio Feirante, previsto e tratado nos artigos 25.º - 30.º;

Para o comércio Feirante, se prevê a criação de diversos tipos de feiras,


ou seja, populares; livres; temáticas; equipamentos e serviços; decoração, entre
outras descritas no artigo 26.º do diploma.

14
c) Comércio de Bancada de Mercado, previsto e regulado pelos artigos 31.º
- 41.º.

Quanto ao Comércio de Bancada de Mercado, definido como “recinto


fechado e coberto, explorado pela Administração Local ou concessionado a privados
por esta, nos termos gerais, especialmente destinado à venda a retalho de produtos
alimentares, organizado por lugares de venda independentes, dotado de zonas e
serviços comuns, possuindo uma unidade de gestão comum”, nos termos do artigo
32.º. Podem dispor de lojas; bancas e lugares de terrado, ou seja, espaços de venda
sem estrutura própria, como descreve o artigo 35.º, devendo contar com estruturas
necessárias ao seu funcionamento, como instalações sanitárias, água, rede eléctrica,
entre outras.

Face ao exposto, depreende-se da Lei 15/19, de 23 de Maio, e dentro


de um plano totalmente teórico, que (i) a venda ambulante apenas subsistirá dentro
de zonas permitidas pelas Administrações Municipais, ou quando forem levadas a
cabo por roulottes ou outros estabelecimentos móveis; (ii) o Comércio Feirante e o
Comércio de Bancada de Mercado serão, deste modo, as actividades reservadas ao
comércio de produtos agrícolas, produzidos por pequenos agricultores e ao comércio
tendencialmente não profissionalizado. Por esclarecer fica a sorte dos vendedores
ambulantes, os nossos zungueiros ou zungueiras que, nos casos em que não
conseguirem se manter apresentáveis e de se portarem com civismo, poderão perder
as competentes autorizações para continuarem a exercer a sua actividade.

1.3. Perfil do vendedor ambulante

Quando se pretende definir o perfil de um vendedor ambulante, existem


algumas dificuldades, porque não há uma tipologia única de vendedor, podendo este
incluir todas as características de um empreendedor individual. Para Duarte e
Esperança (2014), é possível identificar alguns elementos distintivos dos
empreendedores de sucesso, nos vendedores ambulantes a saber, conforme o
quadro 1.2.

15
Quadro 1.2 - Perfil de vendedores ambulantes

Perfil dos vendedores


Descrição
ambulantes

Visão: Reconhecimento de uma oportunidade de negócio;

Capacidade de tomar decisões e de aproveitar ao máximo as


Decisão
oportunidades;
Para ultrapassar as dificuldades e fazer a diferença, interesse e firmeza
Determinação
em alcançar os seus objectivos;

Dinamismo Com energia e vitalidade no desenvolvimento da actividade;

Dedicação Sacrifício e muitas horas de trabalho, com renúncia a tempos de lazer;

Comprometimento Compromisso e responsabilidade;


Construir o seu próprio destino e posto de trabalho e, assumir riscos de
Independente
negócio, etc.

Fonte: Adaptado de Duarte e Esperança (2014).

A venda ambulante, em Angola, é dominada pelas mulheres, sobretudo


na comercialização dos produtos alimentares. Os preços não obedecem a quaisquer
regras, a não ser a Lei da oferta e da procura, embora comandem a decisão de compra
dos clientes, fazendo com que vendedor e comprador encontrem uma plataforma de
entendimento que efective. No comércio de concorrência perfeita, a escassez de
produtos implica o aumento dos preços praticados contribuindo, assim, para a redução
das vendas. Por outro lado, o excesso de produtos na venda provoca uma descida no
preço, aumentando as intenções de compra.

De acordo com Nunes (2006), a descida no nível dos preços provoca um


aumento das vendas e em simultâneo a um aumento das intenções de compra. É
comum encontrar vendedores ambulantes pelas ruas das cidades angolanas.
Portanto, o exercício da actividade sem licença em local público pode gerar ao
infractor multa, além da apreensão de toda a mercadoria exposta. A prática não é
proibida, só precisa ter licença e seguir as regras impostas pela Lei.

1.4. Tipologias dos vendedores ambulantes e suas características

De acordo com Pinto (2017), existem vários tipos de vendedores com


características claras e bem mapeáveis, em especial quanto ao modo de agir nas
relações, conforme o quadro 1.3.

16
Quadro 1.3 - Tipologias dos vendedores ambulantes

Tipos de vendedores Ambulantes Características

Vendedor ambulante anotador de Esse tipo de vendedor vende para quem quiser comprar,
pedidos sem pressão, mas também sem convencimento.

A abordagem racional tende a ser limitado e somente


Vendedor ambulante posto de
vender aquilo que conhece bem, sem buscar expandir o
racionalidade
mercado.

Agenda e faz muita visita a clientes, em geral tem bom


Vendedor ambulante conformado
conhecimento do produto, mas só fala se for perguntado.

É insistente, faz muitas vendas, sem constituir um


Vendedor ambulante agressivo
sentimento de confiança com clientes

Esse tipo de vendedor conhece bem o produto e trabalha


Vendedor ambulante companheiro para atender as reais necessidades dos clientes,
respeitando os seus valores.

Fonte: Adaptado de Pinto (2017).

Por sua vez, Cobra (1994) afirma que os vendedores ambulantes podem
ser caracterizados no seguinte:

 Vendedores ambulantes que vendem peixes e carnes;

 Vendedores ambulantes que vendem roupas, produtos alimentares como


(omo, óleo, sabão, doces, chaveiros, óculos, etc.). Alguns deles trabalham com
carrocinhas (ou Carro de mão) e são praticamente fixos;

 Vendedores ocasionalmente: desempregados e aposentados que trabalham


em dias festivos e em finais de semana. Há diversos deles pelas ruas das
cidades angolanas.

Ainda seguindo no levantamento do autor, os vendedores ambulantes


desempenham actividades técnicas e espontâneas para vender o produto e
apresentá-lo ao público. Essas propagandas são adquiridas através do conhecimento
diário de aprendizado espontâneo e de imitação inconsciente. E, para isso, têm como
maior instrumento de trabalho a voz. Gritam durante todo o dia para chamar a atenção
do cliente. Frases do tipo: “carapau, mariongue, fígado, coxa!”, são ditas pelos
vendedores que comercializa bens alimentares. Outra frase famosa no centro da

17
cidade é: “Olha, olha picolé Akz 100,00”, entre outras frases pronunciadas pelos
vendedores ambulantes.

1.5. Venda Ambulante: causas, obstáculos e desafios

Segundo Costa (1989), quando há aumento de desemprego, o mesmo


ocorre com a quantidade de vendedores ambulantes, ao passo que nos momentos de
decréscimo de desemprego, decresce também o percentual desses vendedores.

De acordo com o ABC comercial (2001), o crescimento da venda


ambulante deve-se à conjugação dos factores abaixo elencados:

 A procura de melhores condições de vida por parte das populações que foram
forçadas a sair da sua área de residência devido à guerra, instabilidade, falta
de segurança e de condições mínimas essenciais à sobrevivência humana;

 Remunerações ou salários insuficientes para o sustento das famílias,


direccionando as pessoas para o mercado informal, como fonte complementar
de rendimentos;

 A falta de resposta do sector formal em gerar emprego, isto é, a taxa de


desemprego demasiado elevada;

 A pobreza extrema da população;

 O desequilíbrio acentuado entre a quantidade e a distribuição geográfica de


estabelecimentos comerciais e o crescimento demográfico da população;
 A formação académica, profissional, científica e técnica insuficiente da maioria
dos comerciantes angolanos;

 O crescimento da carga tributária, isto é, impostos, taxas, contribuições sociais,


entre outras;
 A Inflação, isto é, o aumento gradual no nível geral de preços praticados que
origina a diminuição do poder de compra da população;

 O aumento da regulação no mercado formal, ao nível do aumento de normas e


leis, aumentando, assim, a burocracia e os custos relativos à constituição de

18
empresas, por um lado, aos impostos a pagar pelo empregador, por outro, são
factores chaves para o aparecimento e desenvolvimento da economia informal;

 Uma elevada taxa demográfica urbana devido ao aumento da taxa de


fecundidade e, por conseguinte, da taxa de natalidade e de vagas sucessivas
de deslocados provenientes de áreas rurais.

A vida dos vendedores ambulantes não é fácil, pois, segundo Cobra


(1994), quando não estão fugindo dos fiscais estão empurrando seus carrinhos e
gritando, para vender a mercadoria. Tem dia que vende, tem dia que não vende nada
e tem ainda dia que vende bastante. Quando a mercadoria não é vendida, o sofrimento
é maior para aqueles que moram longe das zonas de trabalho. Lutando para
sobreviver e por não ter opção, muita das vezes os vendedores ambulantes percorrem
longas distancias a pé, raramente recorrem a transporte público.

De salientar que existe uma camaradagem grande entre eles, que é de


suma importância, pois impede que sejam multados e que tenham os instrumentos de
trabalho e produtos apreendidos. Quando o carro de fiscalização ou polícia se
aproxima, um avisa ao outro, para que possam sair correndo na direção oposta.
Dificilmente eles são surpreendidos, porque há sempre um ou mais olheiros andando
de um lado para o outro, com o objectivo de alertar os colegas de trabalho sobre a
presença dos fiscais pela redondeza.

De facto, a presença dos fiscais perturba muito e quando os vendedores


ambulantes notam a chegada, procuram sempre alertar a todos, para que eles
possam sair do lado oposto. Aguardando a retirada dos mesmos para, enfim, a venda
continuar. Quando apreendem a mercadoria e os instrumentos de trabalho dos
ambulantes, torna-se um problema muito sério, pois nem sempre o Vendedor
Ambulante consegue recuperá-los ou adquirir outros. Apesar da pressão que
enfrentam diariamente, os vendedores ambulantes apostam em trabalhar e sustentar
as suas famílias.

No contexto angolano é possível conseguir o licenciamento para


trabalhar nas ruas como vendedor ambulante. Trata-se de um documento cedido pela
área económica da Administração Municipal. “Eles devem entrar com um pedido de
legalização, o mesmo deverá ser aprovado pelo órgão sanitário do Município, e,

19
assim, depois de aprovado, eles passam a trabalhar normalmente dentro das
normas”.

De ressaltar que o vendedor ambulante não licenciado ou que tiver a


licença vencida está sujeito à multa, apreensão de mercadorias e equipamentos
encontrados em seu poder, ou seja, os ambulantes não podem estacionar em vias
públicas, impedir ou dificultar o trânsito, vender mercadorias que não pertençam ao
ramo autorizado e transitar pelos passeios com cestos ou volumes grandes.

1.6. Efeitos e impactos da venda ambulante na economia

O comércio ambulante pode ser visto como um fenómeno crescente, não


só nas economias subdesenvolvidas como também nas economias desenvolvidas,
fruto das enormes transformações que ocorrem no mercado de trabalho e na
estruturação das sociedades urbanas (Lopes, 1996).

Alguns estudos sobre a economia informal (constituído em grande


número pelos vendedores ambulantes) referem que as consequências deste tipo
particular de economia apresentam um forte impacto no crescimento económico a dois
níveis distintos:

 Por um lado, a economia informal leva à contração do crescimento do PIB, na


medida em que, o aumento de negócios obtido através da economia informal
leva a uma redução nas receitas fiscais, e por conseguinte, uma retração da
taxa de crescimento económico;

 Existem outros estudos que afirmam que a economia informal é mais


competitiva e eficiente que a oficial, e, por conseguinte, um aumento na
economia informal leva a um aumento no crescimento económico, pois, os
cerca de dois terços do rendimento gerado na economia informal são
rapidamente gastos na economia oficial através do aumento do consumo de
bens e serviços. Nesta linha de pensamento, (Gonçalves, 2014) conclui que
“os efeitos positivos da expansão do consumo privado através de rendimentos
informais potenciam o crescimento económico”.

20
Estes efeitos da economia informal mostram-se correlacionados com o
nível de desenvolvimento económico de cada país, independentemente de serem
considerados como efeitos positivos para uns e efeitos negativos para outros.
Schneider (2005) refere que a relação entre a economia informal e o crescimento
económico tende a ser positiva em economias desenvolvidas e em transição e
negativas em economias em via de desenvolvimento e subdesenvolvidas.

Angola possui uma das maiores economias informais do mundo em


desenvolvimento. Schneider (2005) estima que a participação da informalidade no PIB
oficial do país é de 45,5%. A venda ambulante compreende três vertentes distintas,
embora interconectadas: a produção rural de subsistência, por um lado, as actividades
informais não agrícolas, por outro, e o mercado informal predominantemente urbano,
ainda por outro (ONU 2013).

De salientar ainda que, o sector informal em Angola emprega cerca de


60% da população economicamente activa. De acordo com o Instituto Nacional de
Estatística (INE, 2016), dos 13,6 milhões de habitantes com a idade compreendida
entre os 15 e 64 anos, pelo menos 8,2 milhões estão desempregados e realizam
actividade económica no sector informal. São as mulheres que constituem a principal
força no sector informal. Estima-se que 9 em cada 10 trabalhadores urbanos e rurais
estejam nesta área. A incidência recai, particularmente, sobre o grupo de mulheres e
jovens que não têm alternativa, se não o trabalho informal para garantir a sobre
vivência.

Portanto, a informalidade é um fenómeno sociológico complexo,


presente em vários domínios da vida social e económica. É bem verdade de que este
fenómeno se faz sentir em maior ou menor proporção até em economias
desenvolvidas. A informalidade, quando não controlada pode constituir ameaças
sérias à estabilidade social, por causar distorções ao funcionamento normal dos
mercados podendo comprometer aspectos como a livre concorrência, a justiça
distributiva dos direitos dos consumidores.

21
1.7. A formação como mecanismo para melhorar o perfil empreendedor dos
vendedores ambulantes

Formação designa o conjunto de conhecimentos necessários para o


exercício de determinada função, adquiridos, tanto por formação escolar ou extra-
escolar, orientada para o exercício da actividade profissional, eventualmente por
cursos de aperfeiçoamento ou reciclagem (Santos, 2006).

Caracterizando a população de comerciantes de rua em Angola, verifica-


se que uma maioria significativa dos vendedores não possui formação profissional
para o exercício da prática de actos de comércio, o que faz com que esta actividade
se torne um desperdício de esforços, sem rendimento tangível, que permitisse uma
poupança razoável, capaz de crescer o negócio, ganhar estabilidade e viabilizar a
entrada no sector formal da economia do país. Na maior parte dos casos, a “zunga”
termina em falência por não produzir o rendimento necessário para sustentar a família,
produzir o saldo positivo que se transforme em mais-valia para um novo círculo de
investimento quantitativo e qualitativo.

Daí a necessidade da formação em matérias sobre empreendedorismo,


os riscos enfrentados no mundo empresarial, as etapas da criação de pequenos
negócios, estudo de mercado, aspectos financeiros de projectos e as potencialidades
de recursos humanos de modo a prepará-los para formalização e um bom
desempenho dos seus negócios (Agência Angola Press - ANGOP, 2019).

De acordo com Mariano (2008) existem vários mitos sobre


empreendedores e empreendedorismo, que surgiram devido à ausência de pesquisas
cientificas mais aprofundadas sobre o tema. Dentre eles o autor apresenta um citado
por Kuratko e Hoodgestss, onde diz que “empreendedores nascem feitos, não são
feitos”, sendo que na verdade algumas características podem ser associadas aos
empreendedores, como iniciativa, capacidade de correr riscos, etc. Porém, com o
entendimento de empreendedorismo como uma disciplina, este mito vem se
desfazendo, pois, o empreendedor se desenvolve por meio de acumulo de
habilidades, know-how, experiências e contactos, podendo qualquer pessoa
apreender as competências necessárias para se tornar um empreendedor, sendo
possível a capacitação e o aprendizado desta disciplina.

22
Dornelas (2005) atenta para o fato de que alguns anos atrás pessoas
que não possuíam o perfil empreendedor eram desencorajadas a empreender, pois
estavam fadadas ao fracasso. Porém com a popularização do tema e os diversos
estudos realizados nesta área, hoje se percebe que isso não passa de mais um mito
sobre empreendedorismo. Ainda segundo o autor:

“(...) o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por qualquer


pessoa e que o sucesso é decorrente de uma gama de factores internos e
externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como ele administra as
adversidades que encontra no dia-a-dia de seu empreendimento”.

Para Baumol (1993) empreendedores de sucesso nunca param de


apreender. O autor cita Collins e Moore com uns dos primeiros que identificaram isto
como uma das características mais marcantes dos empreendedores bem-sucedidos.
Baumol diz que:

“A aprendizagem, a aquisição e a expressão de know-how de gestão e


técnico tornam-se o modo de vida dos empreendedores de sucesso. Trata-
se de uma forma continua de monitoração-reflexão-gestão do que está
acontecendo. Isso conduz à correcção, ao ajuste e à melhoria do que é feito
e de como é feito. Os empreendedores são incentivados a aprender por sua
visão, o que também lhes ajuda a estabelecer directrizes para aquilo que
precisam apreender. Enquanto continuam a apreender, os empreendedores
continuam a ter sucesso”.

Diferente do aprendizado em outras áreas em que se busca a resposta


certa, a grande virtude do empreendedor é a capacidade de formular as perguntas
pertinentes, que geralmente não apontam para uma só verdade, para uma única
“reposta certa”, mas para vários caminhos e diferentes alternativas. (Dolabela, 2006).

23
CAPITULO 2 – METODOLOGIA

Na metodologia apresenta-se e fundamenta-se o itinerário seguido na


preparação do processo de pesquisa, desenhado de acordo com o tema e os
objectivos formulados. Nele estabelecem-se as técnicas para a recolha dos dados, a
selecção da amostra, bem como o processo de análise de dados. Inclui o método de
pesquisa, o instrumento e forma de recolha dos dados, e de validade e confiabilidade
dos resultados.

2.1. Área de pesquisa

Como já foi referido na introdução, esta monografia tem o propósito de


elaborar uma estratégia que visa de melhorar o perfil empreendedor dos vendedores
ambulantes no município do Lucapa. Trata-se de um município da província da Lunda
Norte, em Angola. Antiga capital da província. O município tem cerca de 85 mil
habitantes, e, é limitado a norte pelo município de Chitato, a leste pelo município de
Cambulo, a sul pela província da Lunda-Sul, e a oeste pelos municípios de Lubalo e
Cuilo.

O município em abordagem situa-se na zona sudeste da província da


Lunda Norte entre as cidades do Dundo (150 Km) e Saurimo (150 Km). Lucapa foi a
primeira capital da Lunda Norte, logo depois da divisão da Província da Lunda em
1978, como Lunda Norte e Lunda Sul, substituída mais tarde pela cidade do Dundo
por apresentar melhor aspecto arquitectónico, situada numa zona potencialmente rica
em diamante nas bacias do rio Luachimo.

O nome foi tirado do rio Luachimo (“Lu”), e “Capa”, de Chicapa, formando


assim o nome Lucapa (segundo os aldeões). Situa-se numa zona planáltica com um
relevo relativamente plano e um pouco ondulado a uma altitude média de 950 m. Seu
clima é tropical de savana ou tropical húmido, apresentando uma estação chuvosa
durante grande parte do ano com uma precipitação média de 1400 mm, com céu
nublado e tempestades durante grande parte do dia. Nas suas manhãs, Lucapa
apresenta outros tipos de precipitações como neblina, ou orvalho da madrugada. Sua
estação é seca, que vai de Maio a Agosto. A figura 2.3 mostra o mapa da província
da Lunda-Norte e localização do município do Lucapa.

24
Figura 2.3 - Mapa da província da Lunda-Norte e localização do Município do
Lucapa

Fonte: www.mapnall.com

Lucapa possui três comunas: Calonda, Camissombo e Lucapa (sua


sede). Grande parte dos jovens vivem essencialmente do garimpo de diamantes, os
idosos e mulheres da agricultura. Apresenta uma fronteira no noroeste da província,
com o município do Cuilo, situada perto da Lagoa Carumbo, uma lagoa intacta que
apresenta lendas desde a sua formação até à actualidade, com uma fauna e flora
únicas contendo muitas espécies tais como: palanca-vermelha, chacal-listrado, leão,
leopardo, chita, pacaça, cabras-do-mato, javalis e muitas outras espécies. A zona está
localizada entre a floresta guineo-congolesa e a savana do Zambeze. A escolha dos
indivíduos para a aplicação do questionário foi feita por conveniência.

2.2. Aspectos metodológicos

O estudo iniciou com uma pesquisa secundária através de uma ampla


revisão da literatura, envolvendo componentes teóricos e estudos empíricos,
estatísticos e outros documentos julgados relevantes para a caracterização da
situação em estudo, tais como: estatísticas oficiais, estudos e boletins institucionais e,
de livros, pesquisas, estudos e artigos científicos sobre a temática em estudo.

Concluída as etapas anteriores, ou seja, após a pesquisa no referencial


teórico e o estabelecimento dos procedimentos metodológicos, partiu-se para a

25
realização da pesquisa de campo com o objectivo de identificar e descrever o perfil
dos vendedores ambulantes do município do Lucapa, como também a necessidade
da estratégia de formação para melhorar este perfil.

2.3. População e amostra

Segundo Kauark et al. (2010), a população é um conjunto de elementos


sobre os quais interessa obter informação e aplicar os resultados, isto é, o objecto da
investigação. A população esta constituído pelos vendedores ambulantes do
município do Lucapa, num total de 319, no entanto, o instrumento escolhido para a
recolha de dados primários foi um questionário aplicado a 100 vendedores ambulantes
do município escolhido, dos quais, 57% do género feminino e 43% do género
masculino.

Em relação a idade 21% dos inquiridos tem idade compreendida entre


18 e 23 anos, 11% com idade entre 24 e 28 anos, 17% com idade compreendido 29
e 34 anos, 19% com idade entre 35 e 39 anos e 32% com idade de 40 ou mais anos.

De igual modo, 27% do total dos inquiridos tem tempo situado no


intervalo de 1 a 3 anos como vendedores ambulantes, 27% de 4 a 6 anos, 29% de 7
a 9 anos, 17% mais de 9 anos. Quanto a habilitação, 24% dos inquiridos são técnicos
médios, 44% tem ensino primário concluído e 32% alegam não possuir nenhuma
habilitação literária.

O que significa que maior parte dos vendedores ambulantes possuem


formação de base, que bem pode ser aproveitado para capacitação em gestão de
pequenos negócios (empreendedorismo). A tabela 2.1 mostra a distribuição dos
inquiridos por género, idade, habilitações, tempo de serviço e bairro (local de
residência).

26
Tabela 2.1 - Distribuição dos inquiridos por género, idade, tempo de venda e
habilitações e habilitações
Vendedores ambulantes (n= 100)
Bairro
Total % Centro Urbano e
Veiga e Bairro Roque
Outros
Chiluata
Fr. % Fr % Fr. %

Masculino 43 43% 23 23% 14 14% 6 6%


Género
Feminino 57 57% 28 28% 15 15% 14 14%

<18-23 anos 21 21% 11 11% 7 7% 3 3%


24-28 11 11% 5 5% 4 4% 2 2%
Idade 29-34 17 17% 8 8% 5 5% 4 4%
> 35-39 19 19% 7 7% 7 7% 5 5%
40 ou mais 32 32% 20 20% 6 6% 6 6%

1-3 anos 27 27% 17 17% 5 5% 5 5%


Tempo de 4-6 anos 27 27% 12 12% 8 8% 7 7%
Venda 7-9 anos 29 29% 18 18% 7 7% 4 4%
Mais de 9 anos 17 17% 4 4% 9 9% 4 4%

Técnico superior - -- -- -- -- -- -- --
Médio
concluído/em 24 24% 6 6% 11 11% 7 7%
Habilitações
curso
44 44% 28 28% 8 8% 8 8%
Ensino primário
Nenhum 32 32% 17 17% 10 10% 5 5%

Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa (2019).

De salientar que a escolha da amostra obedeceu aos critérios


previamente definidos, ou seja:

 Critério de inclusão: somente as vendedoras ambulantes do Lucapa, com mais


de um ano como Vendedor Ambulante, dentre elas, adolescentes maiores ou
igual 17 anos de idade, géneros masculino e feminino.
 Critérios de exclusão: nenhum elemento da população em estudo tem idade
menor a 17 anos.

Foi efectuada uma entrevista individual ao Director Municipal dos


Assuntos Económicos do Lucapa, que permitiu recolher as informações sobre o
número total de vendedores ambulantes, documentos legais (cartão de ambulante e
licenciamento), bem como a necessidade de formação destes. Segundo Kotler (2006),
não se deve esquecer as questões prévias a colocar no início das entrevistas, tais
como a explicitação do objecto de trabalho, a valorização do papel do entrevistado no
fornecimento de informações considerando o seu estatuo de informador privilegiado.

27
2.4. A técnica recolha de dados

A técnica utilizada para a colecta de dados foi um questionário


preenchido de forma anónima pelos inquiridos, com questões abertas e fechadas,
baseadas na identificação do inquirido do perfil empreendedor. O plano operacional
da pesquisa decorreu conforme o modelo teórico atempadamente proposto na
pesquisa, buscando as opções de caminhos que apresentassem facilidade no acesso
aos dados necessitados e com menor custo. As actividades desenvolvidas estão
descritas no fluxograma da figura 2.4.

Figura 2.4 - Fluxograma do plano operacional da pesquisa

Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa (2019).

2.5. Tipo de métodos utilizados

Para responder aos objectivos propostos, optou-se pela metodologia de


pesquisa seguinte:

28
 Métodos do nível teórico

a) Método bibliográfico: utilizou-se com objectivo de estudar os antecedentes


históricos sobre a venda ambulante; a citação de outros autores permitiu
evidenciar a contribuição da pesquisa realizada;

b) Método de análise e síntese: foi utilizado para fazer reflexões teóricas sobre a
venda ambulante e o seu perfil e as acções a empreender de modo a melhorar
o seu perfil empreendedor.

 Método do nível empírico

a) Método do inquérito com base no questionário: teve como principal objectivo, a


colecta de opiniões para confrontar com a base teórica visando a verificação
da necessidade da formação dos vendedores ambulantes do município do
Lucapa em gestão de pequenos negócios.

De acordo com Garrido e Prada (2016), o inquérito por questionário é


uma forma de “colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativos de
uma população, uma série de questões relativas à sua situação social, profissional
(…) ou sobre outros pontos que interesse aos investigadores”.

 Método do nível estatístico-matemático

Método de análise percentual: utilizou-se para realizar o processamento


de todas as informações obtidas a partir da aplicação de instrumentos e técnicas
durante a investigação.

No que respeita ao procedimento, a entrevista foi ensaiada com


antecedência a oito vendedores ambulantes com objectivo de se detectar possíveis
erros. Ressalta-se que os dados foram apresentados através da representação escrita
realizando comparativos entre os percentuais apurados, visando facilitar o
entendimento do leitor. Trata-se de uma pesquisa que foi realizada de Maio até
Outubro de 2019. Deste modo, encontram-se detalhadas as respostas escolhidas
pelos inquiridos em relação às questões. O estudo foi iniciado levando em
consideração o percentual de respostas em cada questão, visando apurar a incidência
de cada uma delas.

29
2.6. Descrição do questionário

O questionário é composto por perguntas fechadas para facilitar o


apuramento dos resultados, é constituído por duas partes:

 Parte (A) com perguntas sobre as características gerais dos inquiridos (3


perguntas). Esta parte inclui questões sobre idade, escolaridade, estado civil,
local de habitação, dependentes e actividades desenvolvidas;

 Parte (B) questões sobre características da venda (3 perguntas), ou seja,


refere-se a actividades de comércio ambulante, incluindo questões do
diagnóstico sobre o perfil empreendedor, os produtos que vende, local de
aquisição, local de venda, periodicidade das vendas, horários, preços, etc.

No que respeita ao procedimento, a entrevista foi ensaiada com um mês


de antecedência a dez vendedores ambulantes. No início da entrevista foi referido e
reforçado sobre os objectivos da investigação, assim como o papel do inquirido no
fornecimento das informações.

2.7. Tratamento dos dados

Após a realização dos questionários, o trabalho de tratamento dos


mesmos efectuara-se com recurso ao programa Microsoft Word e Microsoft Excel para
o ambiente Windows. Portanto, a análise foi concretizada através da elaboração de
tabelas e figuras e indicadores que se consideraram adequados. Esta análise
descreve a amostra e procura representar de uma forma concisa, sintética e
compreensível a informação recolhida.

30
CAPITULO 3 - ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS

E, no último capítulo aborda-se sobre a análise de dados e interpretação


dos resultados como consequência de um estudo de campo realizado no município
seleccionado.

3.1. Breve caracterização da venda ambulante no município do Lucapa

A venda ambulante de Lucapa restringe-se às actividades tradicionais,


aos serviços domésticos, ao comércio ambulante, ao comércio porta-a-porta, aos
mercados dos musseques e às actividades relacionadas com a construção e
alojamento da população autóctone que vivia na periferia da capital. Trata se de uma
actividade que começou no ano de 1985, nas mediações da actual residência dos
senhores Muana Muata Sidiki e Huassa, na rua do BFA. Na altura as vendas eram
feitas de forma de troca de produto, o bombom e peixe seco, mais tarde foi retirada
dalí e passou para rua do armazém de material, na zona de Alcides até a igreja do
Belém isso no ano de 1994 que actualmente é chamado de Bairro Comercial, aí as
vendas deixaram de ser troca de produto por produto e passaram a ser por moeda e
produto, apareceram novos vendedores de diversos produtos como roupa, carnes,
peixes que eram comprados nos camiões que traziam os produtos de fora do
município, então houve a necessidade de mudarem o mercado novamente.

Em 1994 á 1998 o mercado passou para o bairro B, ao pé do campo que


vai para o Calonda, e dali com o aumento de vendedores e produtos, o mercado ficou
pequeno, então mudou-se novamente para o centro da cidade, nas mediações da
sondagem, e aí continuou durante muito tempo.

Em 1998 á 2015 o mercado foi transferido por detrás dos Bombeiros, ao


lado do Comando da Polícia. Em 2015 á 2018 o mercado passou ao lado da ravina
no bairro Chiluta, e de 2018 até a data actual o mercado está no Cambimbi, Bairro
Roque. De salientar que mediante as entrevistas, a observação do quotidiano dos
vendedores ambulantes e dos recursos a literatura histórica, procuramos analisar o
dia-a-dia desses empreendedores, bem como as suas experiências e trajectórias de
vida. Procuramos ainda examinar o perfil empreendedor de cada um dos vendedores

31
ambulante do Lucapa, e a partir daí identificar a necessidade da formação como forma
de melhorar o seu perfil empreendedor.

3.2. Opiniões dos inquiridos

Questionados sobre o número de dependentes suportados em casa,


26% dos inquiridos (n=100) afirmam ter entre 1 e 2 dependentes, 28% suportam entre
3 e 4 dependentes, 25% tem entre 5 e 6 dependentes e 21% com 7 ou mais
dependentes, conforme o gráfico 3.1.

Gráfico 3.1 - Opiniões dos inquiridos sobre o número de dependentes em casa

21%
26%
[1-2]
[3-4]
25%
28% [5-6]
[7 ou mais]

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019).

De ressaltar que, 57% dos vendedores ambulantes inquiridos afirmaram


que estão dispostos a trocar de actividades casos haja uma outra oportunidade,
destes, 46% do género masculino e 11% do género feminino. Ao passo que 43%
alegam que não trocariam de actividade porque gostam do que fazem, dos quais 11%
do género masculino e restante do género feminino. O que significa que, existem
pessoas que acreditam que a venda ambulante pode assegura a sua vida. O gráfico
3.2 mostra as opiniões dos inquiridos sobre a possibilidade de trocar de actividade
caso haja oportunidade.

32
Gráfico 3.2 - Opiniões dos inquiridos sobre a possibilidade de trocar a sua
actividade caso haja oportunidade

43%
Total 57%

32%
Feminino 46%

11%
Masculino 11%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Não Sim

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019).

Em relação aos motivos que lhes levou a optar por este tipo de trabalho
ou actividade, 36% indicou a falta de outras oportunidades de emprego, 24% apontou
a vontade de ter o próprio negócio, 40% para auxiliar na renda familiar, conforme o
gráfico 3.3.

Gráfico 3.3 - Opinião dos inquiridos sobre que lhe levou a optar por este tipo de
trabalho ou actividade

36% Falta de outras


40% oportunidades de emprego

24% Vontade de ter o próprio


negócio

Para auxiliar na renda


familiar

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019).

33
3.3. Diagnóstico do perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do
Lucapa

No que concerne ao perfil empreendedor dos vendedores ambulantes


do Lucapa, questionados sobre a venda, 73% afirmaram que vendem todos os dias,
constatou-se que 83% não têm feito qualquer planeamento para as suas actividades,
de igual modo, 92% dos vendedores ambulantes inquiridos não fazem no final do dia,
o controlo das vendas e das despesas suportados durante as suas actividades.
Entretanto, os inquiridos na sua maioria alegam desconhecer o processo básico de
planeamento, nem tão os mapas de controlo de receitas e despesas (Caixa), conforme
o gráfico 3.4.

Gráfico 3.4 - Opiniões dos inquiridos sobre venda diária, controlo de despesas
e planificação das actividades

92%
No final do dia, faz-se o controlo das
vendas e das despesas 8%

Tem feito algum planeamento para seu 83%


negócio 17%

27%
Vende todos os dias 73%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Não Sim

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019).

No entanto, questionados sobre os factores analisados para fixar o preço


de venda dos produtos, 46% apontam o preço de compra, 25% citaram o preço dos
concorrentes, 11% dos inquiridos citaram os clientes como base para fixação de
preço, 18% não fazem esta análise. De recordar que a fixação de preço depende de
vários factores, partindo dos custos de aquisição até as despesas de distribuição,
tanto é que, o Estado, por intermédio dos Gabinetes Províncias do Comercio exige a
elaboração da folha de cálculo, para facilitar o processo de fixação de preço,
envolvendo todos encargos incorridos, um processo que bem pode ser aprendido na

34
formação. O gráfico 3.5 mostra as opiniões dos inquiridos sobre os factores analisados
para fixar o preço de venda.

Gráfico 3.5 - Opiniões dos inquiridos sobre os factores analisados para fixar o
preço de venda

18%
Não faço esta análise

11%
Clientes

25%
Preço de concorrente

46%
Preço de compra

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019)

Quanto ao tipo de produtos, 28% dos vendedores ambulantes vendem


bens alimentares (produtos nacionalizados e outros), 17% vende vestuários, 24%
comercializa os produtos de campo, 16% vende produtos de beleza, 15% vende
outros produtos, tais como saldos, brinquedos, utensílios domésticos, entre outros. A
tabela 3.2 mostra as opiniões dos inquiridos sobre o tipo de produtos comercializados.

Tabela 3.2 - Opiniões dos inquiridos sobre o tipo de produtos comercializados

Bairros Centro
Bairros Veiga Bairro
Urbano e Total
Variáveis e Chiluata Roque
Outros
Bens alimentares (produtos
15% 11% 2% 28%
nacionalizados e outros)
Vestuários 5% 8% 4% 17%
Produtos de campo 16% 6% 2% 24%
Produtos de beleza 10% 3% 3% 16%
Outros (saldos, brinquedos, utensílios
5% 1% 9% 15%
domésticos, etc. )

Total 51% 29% 20% 100%

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019)

35
De igual modo 87% dos vendedores dizem que as receitas arrecadadas
nas vendas não são suficientes para sustentar as suas famílias. Mas que reconhecem
a importância desta actividade nas suas vidas, conforme o gráfico 3.6.

Gráfico 3.6 - Opiniões dos inquiridos sobre as receitas arrecadadas na venda


ambulante

13%

87%

Sim, é suficiente Não é suficiente

Fonte: Elaboração própria com base as opiniões dos inquiridos (2019).

3.4. Proposta de conteúdos programáticos necessários para formação dos


vendedores ambulantes do município do Lucapa

Partindo da ideia de que, cada vez mais, as pessoas estão a valorizar os


produtos locais, o que de certa forma tem garantido o sucesso de vendedores
ambulantes. A actividade realmente assegura o sustento de muitas famílias do
município estudado. O trabalho como Vendedor Ambulante, além de ser histórica,
também é lucrativo. De salientar que, com base na pesquisa ora apresentada,
elaborou-se uma grelha de conteúdo programático que poderão ser aplicados na
formação dos vendedores ambulantes, com vista melhorar o seu perfil empreendedor,
conforme o quadro 3.4.

36
Quadro 3.4 - Proposta de conteúdo programático para formação dos
Vendedores Ambulantes

Carga
N/O Conteúdos Objectivos Gerais
Horária

Iº – Modulo
 Conhecer as características do
1.1. Noções de Empreendedorismo; empreendedor;
1.2. Características do Empreender;  Reconhecer a importância do Estudo 2 Horas
01
1.3. Estudo de Mercado; de Mercado, etc.

 Reconhecer a Importância do
IIº – Criação de Pequenos Negócios
Planeamento Financeiro;
1.1. A Importância do Planeamento  Enumerar as principais funções do
de negócio; planeamento financeiro, etc;
1.2. Os intervenientes no negócio;  Conhecer os factores importantes a
02 1.3. O preço como factor analisar na fixação do preço de 3 Horas
fundamental para o sucesso de venda dos produtos;
negócio;  Ter o domínio dos passos para
1.4. Passos para constituir uma constituir uma empresa, etc.
empresa, etc.
 Reconhecer as principais noções
IIIº- Aspecto financeiro do negócio
básicas de gestão financeira;
1.1. Noções básicas de gestão  Elaborar o diário de caixa;
financeira;  Validar formas de gestão financeiro
03 1.2. Diário de caixa; quotidiano; 5 Horas
1.3. Aspectos a considerar na  Ter o domínio dos aspectos a
gestão financeira quotidiana; considerar na gestão financeira
quotidiana, etc.
 Conhecer melhor a postura de um
IVº- Atendimento ao cliente;
bom atendimento;
1.1 Conhecer o seu papel;  Conhecer a melhor forma de
1.2 Conhecer habilidades de lidar recuperar um cliente descontente,
com pessoas; descobrir as suas necessidades,
04 1.3 Entender a necessidade de atender e superar expectativas; 5 Horas
manter um estado de espírito  Ter noções básicas de como manter
positivo; a higiene e segurança no local de
1.4 Higiene e segurança no local de trabalho, etc.
trabalho
Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa sobre os vendedores ambulantes do Lucapa (2019).

37
CONCLUSÕES

Findo o trabalho, tira-se as seguintes:

1. A venda ambulante é uma ocupação importante nas províncias em


desenvolvimento, embora as condições macroeconómicas em cada província
tenham impactos diferentes sobre os vendedores ambulantes. Caracterizando
a população de comerciantes de rua em Angola, verifica-se que uma maioria
significativa dos vendedores não possui formação profissional para o exercício
da prática de actos de comércio e existe falta de fiscalização pelas entidades
competentes;

2. Os resultados da pesquisa ressaltam a necessidade de formação para


melhorar o perfil empreendedor dos vendedores ambulantes do município do
Lucapa, pois, maior parte dos inquiridos, isto é 92%, não faz o planeamento
dos seus negócios, 83% não faz controlo das despesas e receitas (caixa) no
final do dia. Além disso, muitos deles se baseiam na concorrência para fixar o
preço de venda dos produtos, e outros até nem fazem esta análise; factores
estes que dificultam o retorno do investimento e o próprio crescimento do
negócio;

3. A grelha de conteúdo proposta constitui um instrumento indispensável para o


melhoramento do perfil empreender dos vendedores ambulantes do município
do Lucapa.

38
SUGESTÕES

Sugere-se a implementação da grelha proposta de conteúdos


programáticos necessários para formação dos vendedores ambulantes, e, no devido
tempo, que este estudo leve à estudos posteriores sobre os vendedores ambulantes
de outras cidades para aumentar o conhecimento sobre esta actividade, bem como
contribuir para a formulação da grelha de conteúdo para formação dos vendedores
ambulantes, objectivando melhorar o perfil empreendedor destes.

39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SERVIÇO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE SÃO PAULO –


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Maio – Lei Sobre Organização, Exercício e Funcionamento das Actividades de
Comércio Ambulante, Feirante e de Bancada de Mercado.

REPÚBLICA DE ANGOLA, Diário da República, I Série – nº 58, Lei nº 1/07, de 14 de


maio – Lei sobre a Actividade Comercial.

42
Sites consultados

www.angop.ao

www.mapnall.co

43
ANEXOS
ANEXO 1 – Questionário dirigido as vendedoras ambulante do Lucapa

O objectivo do questionário é para facilitar a pesquisa na recolha dos dados, que são
necessários no presente estudo. O alvo principal do questionário são os vendedores
ambulantes, com a finalidade de identificar o perfil empreendedor das vendedoras
ambulantes do Lucapa.

A. Informação pessoal

A1. Qual é a sua idade…………anos?


A2. Nível de escolaridade:
(a) Nenhum___ (b) Primário___ (c) Pré-Secundário___ (d) Secundário__
(e) Superior ___
A3. Estado civil: (a) Solteira__ (b) Casada__ (c) Viúva__ (d) Divorciada__
A4. Local de habitação: Bairro Veiga__; Centro Urbano___; Bairro Chiluata; Bairro Primeiro
de Maio__; Outro:____________________________________
A5. Quantos dependentes que você tem em sua casa:
[1-2]__ [3-4]__ [5-6]__ [7 ou Mais ]__

A6. O que lhe levou a optar por este tipo de trabalho?

a) Falta de outras oportunidades de emprego__


b) Vontade de ter o próprio negócio__
c) Para auxiliar na renda familiar___
d) Desemprego___
e) Por gostar da actividade__
f) Baixa qualificação___

A6. Qual é outra actividade que fazia para ter dinheiro, antes de ser vendedora? (a)
nenhuma__________________b)____________________________________

A7. O que lhe levou a optar por este tipo de trabalho ou actividade?

g) Falta de outras oportunidades de emprego__


h) Vontade de ter o próprio negócio__
i) Para auxiliar na renda familiar___
j) Desemprego___
k) Por gostar da actividade__
l) Baixa qualificação___

A12. Tem patrão ou trabalha por conta própria (individual)? (a) Patrão____ (b)
Individual______
B. Caracterização da venda
B1. Vende todos os dias? (a) sim (b) não
B2. Tem feito algum planeamento para seu negócio? Sim___; Não_____ e
porque__________________________________________________________
B3. No final do dia, faz-se o controlo das vendas e das despesas? Sim__; Não___; Porque?
:________________________________________________
B5. Quais os factores analisas para fixar o preço de venda dos produtos?
a) O preço dos outros vendedores__; a) O preço de compra__; b) Os clientes__; c)
Não faço esta análise___
B4. Quais são os produtos que vendem?
B4a. Bens alimentares____
B4b. Vestuários___
B4c. Produtos de campo____
B4d. Produtos de beleza___
B4e. Outros (saldos, brinquedos, utensílios domésticos, etc) ___
B5 A sua receita de vendas é suficiente para atender as necessidades da família? (a)
sim____;(b) não______
Obrigada pela contribuição‼

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