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ATLETISMO
Introdução
Embora seja um esporte bastante versátil e com inúmeras possibilidades
de provas, o atletismo é marcado popularmente pelas corridas. Quando
se fala desse esporte, as primeiras lembranças que vêm à mente são
de corredores que buscam ser os mais rápidos e marcar seu nome na
história com títulos e recordes. No entanto, o que poucos admiradores
do atletismo sabem é que há inúmeros tipos de corridas e que elas
variam em relação à distância percorrida e ao local executado. Essas
provas também podem conter barreiras, desafiando o corredor a saltar
durante a competição, ou ainda ser em equipes, exigindo um alto grau
de treinamento e entrosamento.
Neste capítulo, você vai conhecer as provas de velocidade e vai apren-
der a identificar as provas de revezamento, além de estudar as corridas
com barreiras/obstáculos.
2 Provas de corrida de pista
Provas de velocidade
As provas de pista recebem esse nome por serem disputadas na pista oficial de
atletismo. A pista oficial de atletismo tem distância de 400 m, de 8 a 10 raias
de 1,22 m cada e linhas externas de 5 cm cada (ROJAS, 2017).
Provas de velocidade
As provas de velocidade são caracterizadas por serem de curta distância e de
breve duração, sendo provas que vão exigir da fonte de energia anaeróbica
do atleta (ROJAS, 2017). Nas provas de velocidade, o corpo assume uma
posição inclinada, o que diminui a superfície corporal para romper o ar à
frente. Os braços terão uma movimentação vigorosa para trás e para frente,
com os cotovelos flexionados em torno de 90º. Já o joelho que vai à frente
deve estar alto, para que o pé vá à frente sem a extensão do joelho. O apoio
do pé tende a ser frontal, sem contato do calcanhar. A amplitude da passada
deve ser a maior possível.
Quanto às regras, essas corridas começam ao som de um tiro, disparado
pelo árbitro de largada. Nas provas de velocidade é obrigatória a presença do
bloco de partida. Até 1937, os corredores “construíam” seus próprios blocos ao
realizarem buracos no chão para se apoiar. Para solucionar isso, surgiram os
primeiros blocos, que eram de madeira. Eles eram separados e em formato de T.
Provas de corrida de pista 3
Atualmente, os blocos são feitos de aço leve, sendo peças sólidas que
devem aderir à pista por meio de pregos e pinos. Eles são reguláveis a cada
atleta e têm sensores que identificam se o atleta queimou a largada. O atleta
deve começar a prova da posição agachada e, caso saia antes do disparo do
tiro, é automaticamente desclassificado. O atleta também não pode sair de
sua raia durante à prova.
Para ter uma boa largada, o atleta deve estar concentrado e reagir o mais
rapidamente possível ao estímulo da partida. Além de manter o tronco incli-
nado, na hora da saída do bloco, é importante que o atleta “empurre” o troco
com a perna, não esquecendo de realizar movimentos de braços. A elevação
da inclinação do tronco ocorre, geralmente, após os primeiros 20 m da prova.
100 m rasos
Embora, muitas vezes, os termos prova de velocidade e prova rasa sejam usados
como sinônimos, isso é um equívoco. Provas rasas são todas as provas em que não
há obstáculos ou barreiras, ou seja, em que o atleta não precisa saltar. Já as provas
de velocidade são caracterizadas pela curta distância. Por exemplo, a prova de 110 m
com barreiras é uma prova de velocidade, mas não é uma prova rasa.
200 m rasos
400 m rasos
Esta prova consiste em dar uma volta completa na pista, e sua largada ocorre
no início da primeira curva. Os 400 m também são disputados desde a Anti-
guidade, pois, na Grécia, existia o Diáulos, que beirava essa metragem.
Na Era Moderna, a prova masculina tem seu primeiro recorde registrado
no ano de 1861 e ela faz parte dos Jogos desde a sua primeira edição. O atual
recordista mundial é o sul-africano Wayde van Niekerk (43,03 s). No feminino,
a prova só foi incluída no programa olímpico em 1964, em Tóquio, embora há
registros de recorde ainda nos anos 1910. A atual detentora do melhor tempo é
a alemã Marita Koch (47,6 s) (CBAt, 2019; IAAF, 2019). O Brasil já conquistou
medalha de prata no Mundial da IAAF, em 1999, com Sanderlei Perrela.
Provas de corrida de pista 5
Como as provas de 200 e 400 m saem em curva, os atletas não saem lado a lado,
como na prova de 100 m rasos. O atleta que sai na raia 8 sai mais à frente, por esta
raia apresentar uma curvatura maior na pista. Já o atleta da raia 1 larga mais atrás, por
sua raia ter uma menor curvatura.
800 m rasos
1.500 m rasos
Esta prova começou a ser disputada na França, no final do século XIX, com
a distância correspondente a uma milha (1.609 m). Atualmente, consiste em
três voltas e mais ¾ da pista. A prova masculina faz parte desse a primeira
edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna e a feminina, desde os Jogos de
Munique, em 1972. Os atuais recordistas mundiais são o marroquino Hicham
El Guerrouj (3 min 26 s) e a etíope Genzebe Dibaba (3 min 50 s 07) (CBAt,
2019; IAAF, 2019).
5.000 m rasos
Esta prova de fundo também tem origem na Antiguidade, quando era conhe-
cida como Dolikhos. Ela era uma homenagem aos mensageiros militares, que
corriam longas distâncias para levar mensagens nos períodos de guerra. Na
Era Moderna, seu prestígio começou em meados do século XIX.
A prova de 5.000 m rasos consiste em doze voltas e meia na pista oficial.
A prova masculina entrou nos Jogos em 1912, em Estocolmo, e teve como
grande destaque na história o finlandês Paavo Nurmi. A prova feminina entrou
no programa olímpico em 1996. Seus recordistas mundiais são os etíopes
Kenenisa Bekele, com tempo de 12 min 37 s 35, no masculino, e Tirunesh
Dibaba, com tempo de 14 min 11 s 15, no feminino (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
10 000 m rasos
Esta prova foi criada na Era Moderna, sendo popular na Inglaterra no fim do
século XIX. Consiste em 25 voltas completas na pista. Para os homens, foi
inserida nos Jogos de 1912 em Estocolmo; para as mulheres, em Seul, 1988.
No masculino, o recordista mundial é o mesmo dos 5.000 m, Kenenisa
Bekele, com o tempo de 26 min 17 s 53. Já no feminino, a recordista atual é
sua compatriota Ayana Almaz, com tempo de 29 min 17 s 45 (CBAt, 2019;
IAAF, 2019).
Provas de corrida de pista 7
Provas de revezamento
As provas de revezamento apresentam uma característica peculiar em relação
às demais provas do atletismo: é a única disputada por equipes. Para partici-
par desta modalidade, as equipes precisam ter quatro atletas, que realizam a
distância de 100 m ou 400 m cada um e em sequência (ROJAS, 2017).
As regras desta prova seguem as mesmas da corrida de velocidade, que já
foram explicitadas no tópico anterior. O que a difere é a presença do bastão
e da área de transição, onde o bastão deve ser passado para que o próximo
atleta siga a prova. A área de transição é demarcada na raia e tem 20 m de
comprimento. Ela se localiza no final de cada trecho de cada atleta, para que
ele possa passar o bastão ao seu companheiro de equipe.
O bastão usado nas provas de revezamento é um tubo liso e oco, geralmente feito
de material rígido como madeira ou metal. Seu comprimento gira em torno de 28 cm
e 30 cm, com diâmetro de 4 cm e peso de 50 g. Ele deve ser um instrumento visível
para a equipe de arbitragem (ROJAS, 2017).
e o corredor que recebe com uma mão pode entregá-lo ao colega com a outra,
podendo mudar a posição do bastão na mão na hora em que estiver correndo
— por exemplo, recebe o bastão com a mão direta e entrega com a esquerda.
Duas técnicas têm destaque para que os atletas consigam obter o melhor
desempenho na passagem do bastão. Conforme Rojas (2017), a primeira ocorre
de cima para baixo, também chamada de descendente. Um atleta entrega o
bastão com a mão esquerda de cima para baixo e o colega da frente recebe
o bastão com o braço direito para trás e a palma da mão voltada para cima,
com os dedos voltados para essa mesma posição.
Na passagem de baixo para cima, ou ascendente, o atleta que vai à frente
posiciona o braço direito para trás com a palma da mão voltada para trás e
os dedos apontando para o chão. O colega lhe entrega o bastão com a mão
esquerda encaixa-o de baixo para cima (ROJAS, 2017). Em ambas as técnicas,
essa passagem deve ser realizada na maior velocidade possível.
Acompanhe uma ilustração dessas técnicas na Figura 1.
(a) (b)
Figura 1. Passagem de cima para baixo (a) e de baixo para cima (b).
Fonte: Adaptada de Rojas (2017, p. 95).
de transição, para obter maior velocidade quando for receber o bastão dentro
da área. Mesmo que o atleta já tenha feito seu percurso na prova e já tenha
passado o bastão, deve permanecer em sua raia para evitar que atrapalhe a
equipe adversária. Já na prova de 4 × 400 m, o primeiro atleta deve cumprir
o percurso de 400 m dentro da sua raia, mas os demais podem passar para a
primeira raia após a linha que marca o fim do balizamento (ROJAS, 2017).
Vejamos agora um pouco da história dessas provas.
4 × 100 m rasos
O revezamento tem origem na Grécia Antiga. Os gregos realizam uma prova
chamada Lampadodromia ou “Corrida das Tochas”, que consistia em cinco
equipes compostas por 40 atletas cada. A tocha tinha que passar pelos membros
da equipe e não podia se apagar. O prêmio era concedido à equipe cuja tocha
acendesse a fogueira colocada no Altar de Prometeu, localizado no marco
da chegada.
Na Era Moderna, o primeiro registro da prova masculina de revezamento
ocorreu nos Estados Unidos, em 1883. Nas Olimpíadas, o revezamento entrou
para o programa em 1908, a partir da prova de 1.600 m, dividida em 800, 200,
200, 400 m. Quatro anos, depois entrou no programa a prova de 4 × 100 m. Já
no feminino, o primeiro registo dessa prova é de 1910, na Finlândia. A prova
entrou na programação olímpica em 1928.
Nesta prova é necessário que o primeiro corredor seja exímio na saída de
bloco e também um bom corredor de curvas, já que sairá a partir dessa posição.
O segundo e terceiro corredores precisa ser bons na passagem de bloco (visto
que irão passar e receber o bastão). O segundo corredor irá correr em reta,
enquanto o terceiro irá fazer seu percurso em curva. Por último, geralmente,
deixa-se o mais veloz, que deve ser um exímio corredor de retas.
O atual recorde mundial masculino é da seleção jamaicana, que, em 2012,
marcou o tempo de 36,84 s. No feminino, o recorde é da equipe americana,
que, também em 2012, marcou 40,82 s (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
O Brasil foi um país destaque nessa prova no final dos anos 1990 e início
dos anos 2000. Em 1996, levou bronze nos Jogos de Atlanta, com Robson
Caetano, André Domingos, Arnaldo Oliveira e Edson Luciano. No Mundial
de 1999, faturou o bronze com Raphael Oliveira, Claudinei Quirino, Edson
Luciano e André Domingos. Um ano depois, foi prata nos Jogos de Sidney,
com praticamente o mesmo time, mas com Vicente Lenílson de Lima na vaga
de Raphael Oliveira. Em 2003, nova prata no Mundial com André Domingos,
Edson Luciano, Vicente de Lima e Claudio Souza.
10 Provas de corrida de pista
4 × 400 m rasos
Assim como os 4 × 100 m, a origem do revezamento 4 × 400 m está na prova
grega de revezamento das tochas olímpicas. Também vem dos Estados Unidos
os primeiros registros desta prova na Era Moderna. Sua inserção nos Jogos
Olímpicos se deu em 1912 para os homens. Já para as mulheres esta prova é
um pouco mais recente, tendo sido criada em 1954, na Inglaterra, e entrado
no quadro esportivo das Olimpíadas na edição de 1972, em Munique.
A escalação dos atletas segue a mesma linha dos 4 × 100 m, porém, cada
atleta faz uma volta completa na pista. O atual recorde mundial masculino
perdura desde 1998 e foi realizado pelos americanos, com tempo de 2 min 54
s 20. No feminino, o recorde mundial é anterior ao dos homens: em 1988, a
equipe da União Soviética registrou o tempo de 3 min 15 s 17 (CBAt, 2019;
IAAF, 2019).
Esta prova tem origem na Inglaterra, ainda no século XIX. Começou a ganhar
maior repercussão nos Jogos Femininos de 1922, quando fez parte do quadro.
Como modalidade olímpica, estreou em 1968, na Cidade do México. Esta
prova tem 13 m de distância da largada até a primeira barreira, com distância
de 8,5 entre cada uma delas (o que, geralmente, dá três passos entre elas).
A altura da barreira deve ser 0,838 m. O atual recorde mundial é da americana
Kendra Harrison, com 12 s 20 (CBAt, 2019; IAAF, 2019).
Confira um pouco mais sobre a corrida de obstáculos em matéria realizada pelo Jornal
Hoje, acessando o link a seguir.
https://qrgo.page.link/wyZ9
Leituras recomendadas
ALMEIDA, B.; MARCHI JUNIOR, W. Das “origens” do esporte na Inglaterra aos jogos
olímpicos idealizados por Coubertin: um olhar da produção acadêmica em língua
inglesa. Revista da Educação Física/UEM, v. 26, nº. 3, p. 495–504, 3. trim. 2015. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/refuem/v26n3/1983-3083-refuem-26-03-00495.pdf.
Acesso em: 5 abr. 2019.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2017.
SILVA, A. (org.). Atletismo. Brasil, [S. l.], [2016]. Disponível em: http://md.intaead.com.br/
geral/atletismo/pdf/Atletismo.pdf. Acesso em: 5 abr. 2019.
SILVA, J. F.; CAMARGO, R. J. Atletismo: corridas. Rio de Janeiro: Tecnoprint Ltda.,1978.