Historiadaeducacaoriodejaneiro
Historiadaeducacaoriodejaneiro
Historiadaeducacaoriodejaneiro
Reitor
Ricardo Vieiralves de Castro
Vice-reitor
Paulo Roberto Volpato Dias
EDITORA DA UNIVERSIDADE DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Conselho Editorial
Antonio Augusto Passos Videira
Erick Felinto de Oliveira
Flora Süssekind
Italo Moriconi (presidente)
Ivo Barbieri
Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves
História da educação no Rio de Janeiro
instituições, saberes e sujeitos
Organização
José Gonçalves Gondra
Maria de Lourdes da Silva
Roni Cleber Dias de Menezes
Rio de Janeiro
2014
Copyright 2014, dos autores.
Todos os direitos desta edição reservados à Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É proibida
a duplicação ou reprodução deste volume, ou de parte do mesmo, em quaisquer meios, sem autorização
expressa da editora.
EdUERJ
Editora da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã
CEP 20550-013 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Tel./Fax.: 55 (21) 2334-0720 / 2334-0721
www.eduerj.uerj.br
[email protected]
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC
ISBN 978-85-7511-326-4
José G. Gondra
Maria de Lourdes da Silva
Roni Menezes
Apresentação
1
Conferir, por exemplo: Warde, 1990; Alves, 1998; Carvalho, 1998; Xavier, 2001; Vidal
e Faria Filho, 2003; Gondra, 2005; Monarcha, 2005; Carvalho e Gatti Jr., 2011 e Mo-
narcha e Gatti Jr., 2013.
10 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
2
A coordenação geral do ciclo ficou sob a responsabilidade do professor José Gondra que, na
ocasião, coordenava a área de História da Educação na graduação e no programa de pós-
-graduação da UERJ.
3
Realizou o trabalho em parceria com Sonia de Castro Lopes, José Cláudio Sooma Silva, Jucina-
to de Sequeira Marques e Fábio Garcez de Carvalho.
4
Realizou o trabalho em parceria com Flavio Anicio Andrade e Patricia Bastos de Azevedo.
5
Realizou o trabalho em parceria com Renata Maldonado.
Ensino de História da Educação no Rio de Janeiro 11
José Gondra6
19 de dezembro UERJ-Maracanã
Washington Dener7
67
6
Realizou o trabalho em parceria com Marta Regina Gimenez Favaro.
7
Realizou o trabalho com Rose Vieira.
12 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Libânia Nacif Xavier, Sonia de Castro Lopes, José Cláudio Sooma Silva, Ju-
cinato de Sequeira Marques e Fábio Garcez de Carvalho, os autores buscaram
focar quatro aspectos dos itinerários da disciplina História da Educação na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Primeiramente, a própria
história da disciplina, desde sua consolidação na Faculdade Nacional de Filo-
sofia (FNFi), da Universidade do Brasil, e o papel que ela exerceu para a ins-
titucionalização do ensino da História da Educação voltado para a formação
de professores entre os anos 1939-68. Em seguida, os autores procuraram es-
miuçar o perfil da disciplina História da Educação na UFRJ a partir dos anos
1990, momento particularmente caracterizado pela historiografia da Educa-
ção brasileira como de progressiva autonomização da área face à Filosofia da
Educação. Por intermédio, inclusive, de entrevistas com um dos professores
de História da Educação do período, o texto visou a problematizar esse qua-
dro, lançando novas luzes acerca da relação e das imbricações entre os campos
disciplinares da História e da Filosofia da Educação. Na sequência, o capítulo
aborda a inserção da História da Educação tanto no ensino – quando é ob-
servada a ocupação de um espaço entre as áreas de Filosofia da Educação e
de Políticas Públicas – quanto na preservação do patrimônio educacional da
UFRJ e na pesquisa em nível de pós-graduação, desde a década de 1970 até
os dias atuais. A contribuição dos professores da UFRJ contempla também
uma apreciação no tocante ao presente e às perspectivas futuras da área na
universidade, a qual se faz, precipuamente, cotejando-se os caminhos trilha-
dos pela História da Educação na própria instituição face aos deslocamentos
realizados nos últimos anos pela área.
O terceiro capítulo deste livro, “O ensino de História da Educação na
UNIRIO: alguns apontamentos iniciais”, de Nailda Marinho, da Universida-
de Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), começa por balizar a pró-
pria História da universidade, desde seus momentos iniciais, com a criação da
Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara (FEFIEG).
A partir desse marco inicial, Marinho passa a delimitar a presença da His-
tória da Educação na universidade, identificando-a com a estruturação do
curso de Pedagogia, em 1987. Alargando a lente, a autora apresenta um qua-
dro bastante elucidativo acerca do modo como o conteúdo de História da
Educação se distribuiu pelas disciplinas do currículo do curso de Pedagogia,
analisando, para isso, as diferentes propostas de reformulação curricular e os
embates travados pelos sujeitos e seus respectivos campos disciplinares em
14 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Reconhecimento do material
8
Benjamin, 1987, p. 14.
Ensino de História da Educação no Rio de Janeiro 19
Montagem do roteiro
A edição
representa plenamente o evento, mas são materiais potentes para dar conti-
nuidade e aprofundamento a um debate extremamente atual, que se refere
aos saberes necessários ao preparo prévio dos professores. O que flagramos,
tomando por base a disciplina de História da Educação nas sete instituições
estudadas, é a existência de soluções heterogêneas, expressão das concep-
ções em curso e das contingências de cada universidade. As diferenças ve-
rificadas mantém em aberto a necessidade de dar seguimento ao debate, de
modo a refinarmos as concepções verificadas e construirmos programas de
formação robustos e ousados, na intenção de testar respostas para os graves
problemas da formação dos professores e da educação escolar de modo mais
geral. Esperamos que o que ora tornamos público possa ser uma ferramenta
que ajude a construir novas possibilidades de reflexão em torno de nosso
ofício e dos compromissos que devemos cultivar, relativos à pesquisa, ao
ensino e à formação docente.
Referências
pelo imediato e pelo novo, a História, identificada com o passado, parece não
ter nenhum interesse prático para a formação de professores.
É fato, como também assinala Nóvoa (1996), que essa perda de
status se fez em função de um progressivo esvaziamento das dimensões
epistemológicas e heurísticas da própria História da Educação. Por essa
mesma razão, é preciso, hoje, recuperar esse espaço, fortalecendo as fun-
ções crítica e teórica que se podem atribuir à História no âmbito desse
processo formativo.
Questões preliminares, portanto, em que se desdobra a pergunta com
a qual se inicia nossa reflexão, são: “O que é a História?”; “Para que serve a
História?”; e “Por que a estudar?”
Três textos vêm nos ajudando, particularmente, nessa empreitada, os
quais abordam tais questões sob pontos de vista diversos, mas, a meu ver,
convergentes (ou que se fazem convergir). O primeiro deles, a introdução
de um verbete de enciclopédia escrito por um historiador tout court, um dos
mais ilustres das gerações pós-guerra da historiografia francesa; o segundo,
extraído da apresentação de um livro de História da Educação, mas cujas
ideias centrais reaparecem em vários outros textos do autor; e, por fim, o
terceiro, de um antropólogo que traz para a reflexão (ou a experiência) sobre
o cotidiano a noção de historicidade.
Em sua brilhante introdução ao verbete “História”, da Enciclopédia
Einaudi, Le Goff (1989) se debruça sobre o que ele chama das “ambigui-
dades da História”. Partindo do significado etimológico do termo, que já
aponta para sua polissemia, Le Goff analisa as questões de fundo presentes
para qualquer historiador que se pretenda minimamente “científico”, mes-
mo afirmando, desde o início, que a História não é uma ciência como as
outras, sonho positivista que o próprio desenvolvimento da ciência histórica
se encarregou de colocar por terra. A História é uma ciência do passado?
O que significa afirmar isso? É possível falar em objetividade na História?
Que relação têm memória e História “científica”? Qual é o objeto da His-
tória, afinal? Da reflexão em torno dessas questões, é possível configurar-se
um lugar, a partir do qual se pode iniciar um diálogo fecundo entre a His-
tória e a Educação.
Para Nóvoa (2004), a História da Educação se situa numa espécie de
encruzilhada entre a História e a Educação e, nesse diálogo, é preciso que
nos coloquemos, nós, professores, em nosso duplo papel de historiadores
O ensino de História da Educação: a experiência da PUC-Rio 27
É por essa razão que, ao responder mais à frente, no texto a que estou me
referindo, à pergunta “para que serve a História da Educação?”, o autor aponta
para pelo menos quatro justificativas para o ensino de tal disciplina nos cursos
de formação de educadores. Em primeiro lugar, “para cultivar um saudável
ceticismo”, que nos permita reagir à tentação de um apego acrítico à novidade,
tão comum em nosso tempo, e que serve, como regra geral, para que tudo
continue na mesma; também, “para compreender a lógica das identidades múl-
tiplas”, por meio da qual se definem memórias e tradições, pertenças e filiações,
crenças e solidariedades, lógica essa fundamental num mundo cada vez mais
plural e diverso como o nosso; “para pensar os indivíduos como produtores de
História”, e assim nos tornarmos capazes de inscrever nosso próprio percurso
pessoal e profissional nessa História; e, finalmente, “para explicar que não há
mudança sem História”, já que a mudança imaginada a partir de um não lugar
sem raízes e sem História é uma vã ilusão (Nóvoa, 1996, pp. 10-1).
Como bem assinala o antropólogo brasileiro Gilberto Velho (1994),
há uma profunda articulação entre a memória, individual e coletiva, a iden-
tidade – pessoal, mas também, de um grupo, uma família, uma geração – e
o projeto.
A identidade se funda na memória. Um desmemoriado não sabe mais
quem é, não mais se reconhece. E, igualmente, não é gratuito que os movi-
mentos contemporâneos de defesa das minorias comecem sempre por recon-
tar sua “História”, ou melhor, (re)construí-la.
E, exatamente porque a memória, matéria-prima da História, não é
fixa, reconstrói-se incessantemente e é seletiva, também a identidade não
é algo fixo. E olha para o futuro.
28 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
É por essa razão que o educador Anísio Teixeira afirmava ser a História
uma das mais úteis ciências-fonte da Educação, pois é ela que permite o apri-
moramento de um patrimônio de ideias e de experiências que são o chão que
nos impulsiona para frente.
De uma forma ou de outra, essas são ideias que tentamos sempre de-
senvolver com os alunos, sejam eles os quase adolescentes da graduação ou os
alunos mais maduros (?) da pós-graduação, que, algumas vezes, chegam até
nós com as ideias já muito cristalizadas e cuja visão frequentemente precon-
ceituosa da História é preciso desconstruir. Processo ainda mais complicado...
Seguindo uma tendência mais ou menos geral, nos anos mais recen-
tes, a História, e não só ela, mas o conjunto das chamadas disciplinas de
fundamentação da Educação, foram progressivamente perdendo espaço no
interior dos cursos de formação de professores. Certo utilitarismo imedia-
tista, aliado à nova voga tecnicista, passou a reivindicar maior espaço para
as disciplinas de caráter mais prático, dentro de uma visão restritiva do tra-
balho docente, que, aliás, é a tônica das políticas públicas que vêm sendo
implementadas no país. No entanto, é preciso, a esse respeito, ter sempre
presente a advertência de Nóvoa (1996), quando este se pergunta se a His-
tória da Educação não teria também alguma responsabilidade nesse seu
declínio, pois, ao adotar com frequência um registro técnico e descritivo,
deixou de exercer sua irrevogável função crítica e teórica e tornou-se, em
certa medida, uma História sem sentido. Talvez esse momento de crise seja
propício para nos indagarmos sobre o significado efetivo da História no
processo formativo dos futuros docentes, para avançarmos no sentido tanto
de superar a dicotomia ensino-pesquisa que ainda afasta os professores-
-pesquisadores das salas de aula da graduação quanto de ensinar uma His-
tória que faça, de fato, sentido para os nossos alunos, futuros professores.
Tais preocupações, a meu ver, devem nortear nossas escolhas quando elabo-
ramos nossos programas de ensino.
No momento atual, na PUC-Rio, três são as disciplinas de História da
Educação oferecidas aos alunos de graduação. Duas delas são oferecidas no
curso de Pedagogia: História das Ideias e Práticas Pedagógicas e História da
Educação no Brasil. A terceira é oferecida aos alunos licenciandos dos varia-
dos cursos: História e Política da Educação Básica.
A primeira delas, herdeira, em certa medida, da antiga História da Pe-
dagogia, busca romper com uma tradição que a vincula à Filosofia, deslocan-
do o foco das ideias pedagógicas, tomadas em si mesmas, para o processo de
construção histórica dessas ideias, e buscando entendê-las como “discursos
produzidos nos diversos contextos educativos” (Id., Ibid). Dentro dessa pers-
pectiva, procura-se não só compreender a construção histórica dos discursos,
mas também a forma como esses discursos influenciaram determinadas reali-
dades educacionais (ou foram por elas influenciados), rompendo com a visão
dicotômica ideias/práticas.
O ensino de História da Educação: a experiência da PUC-Rio 33
Conclusão
Referências
1
Agradecemos a José Gonçalves Gondra e Roni Cleber Dias de Menezes pelo convite para esta
empreitada.
36 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
2
Intitulada “As pequenas comunidades rurais e o ofício de ensinar: de professor leigo a funcioná-
rio municipal (1940-2000)”, a tese de doutoramento foi defendida no PPGE-UFRJ em março
de 2013.
3
As questões analisadas nesta seção estão baseadas na pesquisa em desenvolvimento no PPGE-
-UFRJ, “A formação pedagógica dos professores secundários na Faculdade Nacional de Filoso-
fia (1939-1968)”, sob a coordenação de Sonia de Castro Lopes.
4
Estamos nos referindo às Escolas Normais e aos Institutos de Educação criados entre as décadas
de 1930 e 50 nas principais cidades do país. Especificamente na cidade do Rio de Janeiro, a
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 37
dade do Rio de Janeiro por meio dos cursos de formação docente oferecidos
pela Universidade do Distrito Federal, UDF (1935-1939), e pela Faculdade
Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, FNFi (1939-68).
No caso da primeira, a disciplina constava no currículo do curso de
formação de professores primários, compondo a seção de História e Filosofia da
Educação, mas não aparecia no curso de integração profissional (licenciatu-
ra) para os candidatos ao magistério secundário.5 Na verdade, a História da
Educação não tinha (e por muito tempo não teria) o caráter de disciplina au-
tônoma. Praticamente ignorada pelos historiadores de ofício, teve sua impor-
tância minimizada também no campo educacional, por não possuir caráter
utilitário e pragmático (Warde, 1998; Lopes e Galvão, 2001).
Os trabalhos de Jean Hébrard e André Chervel, ambos publicados
em 1990, têm procurado entender a dinâmica cultural do sistema escolar
a partir do estudo das disciplinas escolares. Enquanto o primeiro trabalha
a História da escolarização dos saberes elementares na época moderna,
mais especificamente a História da leitura, o segundo sugere, como orien-
tação metodológica para o estudo das disciplinas escolares, uma investi-
gação a partir de três aspectos: as finalidades do ensino; o funcionamento
da disciplina – análise de procedimentos didáticos, evolução e transfor-
mação do ensino e sua relação com os objetivos para a instituição – e os
resultados do ensino.
Para Chervel, se os conteúdos de ensino são impostos à escola pela so-
ciedade que a rodeia e pela cultura que lhe serve de modelo, por outro lado, o
estudo das disciplinas escolares põe em evidência o caráter criativo do sistema
disciplina História da Educação foi introduzida no currículo da Escola Normal por ocasião da
reforma de Fernando de Azevedo (1928), que ampliou a duração do curso de formação de pro-
fessores no Distrito Federal. A respeito dessa reforma, em especial no tocante ao curso Normal,
ver, entre outros: Accácio, 1993; Vidal e Paulilo, 2003 e Lopes, 2006.
5
A UDF foi criada em 1935 na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, tendo por
objetivo precípuo formar o magistério secundário. Estruturava-se em cinco unidades: Escola de
Ciências, Escola de Filosofia e Letras, Escola de Economia e Política, Instituto de Artes e Escola
de Educação. Nesta última, formavam-se os professores primários em um curso de dois anos
após a escola secundária e recebiam o curso de Integração Profissional os alunos que realizavam
o curso de conteúdos específicos nas demais escolas. Vale observar que curso de Integração Pro-
fissional não era reservado especificamente ao terceiro ano de estudos, pois algumas disciplinas
podiam ser cursadas simultânea ou sucessivamente ao curso de conteúdos. Ver a respeito em:
Lopes, 2008; 2009; 2012.
38 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
6
Raul Jobim Bittencourt (1902-85). Médico, formado pela Faculdade de Medicina de Porto
Alegre, tornou-se livre docente de Clínica Psiquiátrica e Medicina Legal. Dedicou-se não só
à Medicina, mas também a Economia, Política, História e Filosofia da Educação. Professor
catedrático de História e Filosofia da Educação na FNFi (1939-68), Bittencourt ocupou o
cargo de diretor da Faculdade de Educação da UFRJ entre 1968 e 1972, quando se aposentou
(Granato, 2002, p. 455-60).
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 39
7
A Universidade do Distrito Federal foi extinta pelo Decreto 1.063, de 19 de janeiro de 1939 (Brasil,
1939a). Nessa ocasião, alguns cursos e escolas da UDF foram transferidos para a Universidade
do Brasil, com exceção do Instituto de Artes, do Instituto de Educação, em especial o curso de
Formação dos Professores Primários, Orientadores e Administradores Escolares. Desse modo, a
experiência de formar docentes da escola primária em nível superior foi abandonada, restando-lhes
a formação em nível médio, na modalidade Normal. Ver a respeito em: Lopes, 2006.
8
D. Xavier de Mattos, monge beneditino cujo nome de batismo era Luiz Narcizo Alves de Mat-
tos, tornou-se professor de Filosofia da Educação na UDF a convite de Alceu Amoroso Lima,
quando este era reitor de tal universidade (1938). Pouco tempo depois, abandonou a vida
religiosa e tornou-se catedrático de Didática Geral e Especial no Departamento de Educação
da Faculdade Nacional de Filosofia, cargo que ocupou até 1972. Publicou obras no campo da
História da Educação, entre as quais Primórdios da Educação no Brasil: o período heroico (1958),
mas sua produção mais expressiva concentrou-se na área da Didática. Seu livro Sumário de
Didática Geral (1957) teve várias edições, sendo utilizado por estudantes dos cursos de Licen-
ciatura até os anos 1980. Ver dados biográficos em: Vilarinho, 2002.
9
Theobaldo Miranda Santos (1904-71) graduou-se em Odontologia e Farmácia no Colégio
Granbery (Juiz de Fora, MG). Catedrático de Ortodontia e Odontopediatria na Faculdade
40 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
de Farmácia e Odontologia de Campos (RJ), acabou afastando-se dessa área para se dedicar à
Pedagogia. Consagrou-se como um dos mais importantes autores de livros didáticos no Brasil,
com temas associados à Psicologia, Filosofia e Sociologia da Educação. Foi diretor do Depar-
tamento de Educação primária do Rio de Janeiro e, na década de 1940, tornou-se professor da
PUC, da Faculdade Santa Úrsula e do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, onde, a partir
de 1944, lecionou a disciplina Filosofia da Educação (Vieira, 2011, p. 90-1).
10
Listagem de professores a serem contratados pela FNFi. Arquivo Gustavo Capanema, 36 de
janeiro de 1918 (CPDOC/FGV).
11
Ofício do reitor Leitão da Cunha ao Ministro Capanema relativo à contratação de professores
para a FNFi em 5 de julho de 1941. Arquivo da FNFi/PROEDES/UFRJ.
12
Currículo da Seção de Pedagogia: primeira série) Complementos de Matemática. História da
Filosofia, Sociologia, Fundamentos Biológicos da Educação, Psicologia Educacional; segunda
série: Estatística Educacional, História da Educação, Fundamentos Sociológicos da Educação,
Psicologia Educacional, Administração Escolar; terceira série: História da Educação, Psicologia
Educacional, Administração Escolar, Educação Comparada, Filosofia da Educação (grifos nos-
sos). Artigo 19 do Decreto 1.190 (4 de abril de 1939).
13
Currículo da Seção de Didática: Didática Geral, Didática Especial, Psicologia Educacional,
Administração Escolar, Fundamentos Biológicos da Educação, Fundamentos Sociológicos da
Educação. Ver Artigo 20 do Decreto 1190 (4 de abril de 1939).
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 41
14
Quadros de distribuição de disciplinas pelos cursos de graduação entre os anos de 1939 e 1966.
Arquivo da FNFi/PROEDES/UFRJ.
15
São disciplinas eletivas relacionadas para o curso de História da FNFi, de acordo com o currí-
culo introduzido em 1956: Civilização Greco-Romana, História Ibérica, Formação dos Estados
Modernos, Nacionalismo Asiático, Problemas do Oriente Médio, América Pré-Colombiana,
Pan-Americanismo, O Mundo Eslavo, Evolução do Parlamentarismo Inglês, História Econô-
mica, História Social, História das Doutrinas Econômicas, História da Arte, História da Edu-
cação e História da Igreja (grifos nossos). Fonte: Quadros de Distribuição de Disciplinas pelos
Cursos de Graduação entre os anos de 1939 e 1966. Arquivo da FNFi/PROEDES/UFRJ.
16
Essa tentativa de abolir o “esquema 3+1” consistia na permissão para cursar algumas disciplinas
obrigatórias durante o segundo ou terceiro ano de estudos, no caso Administração Escolar,
Psicologia Educacional I e Didática Geral, reservando-se ao quarto ano as demais matérias.
17
Nos anos de 1960, amplia-se o número de professores da disciplina com a chegada das pro-
fessoras Maria Ângela Vinagre de Almeida e Therezinha Acioli Granato (assistentes), além de
Ailene Contreiras dos Santos e Eda Aparecida Fabrino (contratadas). Fonte: Universidade do
Brasil de 1948 a 1966. Arquivo FNFi/PROEDES/UFRJ.
42 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
18
Júlio Afrânio Peixoto, médico e membro da Academia Brasileira de Letras, dirigiu a Escola
Normal em 1915 e foi diretor da Instrução Pública do DF no ano seguinte. Foi ainda o pri-
meiro reitor da Universidade do Distrito Federal, em 1935, e autor do livro Noções de História
da Educação, publicado pela primeira vez em 1933 pela Companhia Editora Nacional na série
Atualidades Pedagógicas. Sobre a biografia de Afrânio Peixoto, ver: Lopes, 2002.
44 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
19
Peixoto, 1936.
20
O livro Pedagogia, de Lorenzo Luzuriaga, foi traduzido e publicado pela Companhia Editora
Nacional antes do programa elaborado por Bittencourt. O original em espanhol foi publicado
em 1950, na Argentina, pela editora Losada. O ano de 1953 marca a data da tradução para a
língua portuguesa e da primeira edição no Brasil.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 45
22
Pela solicitude, disposição e, finalmente, pela leitura atenta e generosa deste texto, registramos
os nossos mais sinceros agradecimentos a Reuber Gerbassi. Reuber Gerbassi Scofano possui
graduação em Filosofia (1988), mestrado em Educação (1994) e doutorado em Educação
(2002), todos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é terceiro
professor adjunto da UFRJ. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da
Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Rubem Alves, Paulo Freire, Educação,
Filosofia, Literatura, Formação de Professores, Imaginário e Representação Social. (Disponível
em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4782998U1. Acessado em:
11 de março de 2013).
23
A esse respeito, vale ressalvar que, para o desenvolvimento deste estudo, não incursionamos
por todas as especificidades constantes aos trabalhos historiográficos que se ancoram na meto-
dologia da História Oral. Contudo, porque optamos por empregar uma entrevista como fonte
documental, acreditamos ser imprescindível a explicitação de circunstâncias, constrangimentos
e algumas problematizações possíveis que presidiram o emprego desta ferramenta de trabalho.
24
As representações salientadas por Reuber foram anotadas em um diário de campo com o seu
consentimento.
25
1) Qual o período em que você foi o responsável pelas disciplinas de História da Educação no
curso de Pedagogia na UFRJ?; 2) Havia outros professores que ministravam as disciplinas de
História da Educação?; 3) Qual era o período (semestre) das disciplinas de História da Educa-
ção na grade curricular do curso de Pedagogia da UFRJ?; 4) Quais eram as principais ênfases, os
recortes e as abordagens que você procurava explorar nas disciplinas de História da Educação?;
5) Recorda-se de alguns referenciais bibliográficos que empregava para alicerçar as reflexões
construídas em sala de aula?; 6) A partir da sua experiência docente, como percebe a abertura
50 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
versa, mas que sob hipótese alguma se convertesse numa camisa de força
(Id., Ibid., p. 94).
No entanto, ainda que essas preocupações tenham sido orquestradas,
não podemos desconsiderar determinados constrangimentos que, igualmen-
te, estiveram presentes na situação de entrevista, dentre os quais optamos
por destacar principalmente dois: 1) as explicações que foram prestadas
sobre os motivos da entrevista e sobre o circuito de circulação das represen-
tações que ela produziria; 2) a própria posição institucional ocupada pelo
entrevistador na UFRJ: professor adjunto de História da Educação.
A esses constrangimentos devem ser somados, pelo menos, outros dois
aspectos para melhor se precisar aquilo que pôde ser problematizado a par-
tir da entrevista realizada. O primeiro diz respeito às ponderações de que,
ao entrar em contato com relatos que tenham como base, também, as traje-
tórias de vida, não se pode perder a dimensão de que nexos de coerência re-
trospectivos são formulados na ocasião da rememoração, sem que existam,
necessariamente, no passado (Bourdieu, 2003, p. 184). O segundo refere-se
à questão de que é o investigador que seleciona a pessoa a ser entrevistada,
sugere aspectos que deverão ser discorridos, intervém nas respostas forneci-
das e, finalmente, enreda aquele conjunto de representações advindo do de-
poente em uma narrativa escrita (Vidal, 1990, p. 79; Portelli, 1997, p. 37).
Dentro dos recortes conferidos por este texto, esse repertório de aler-
tas concernente a algumas das preocupações teórico-metodológicas que de-
vem anteceder e acompanhar o emprego das entrevistas como ferramentas
de pesquisa nos parece suficiente para iluminar a chave de entrada que
adotamos para estabelecer interlocuções com o que foi enfatizado pelo en-
trevistado. Para falar dessa chave de entrada, o melhor procedimento talvez
seja realçar, de início, o que dela se distancia. Desta feita, importa enfatizar
que sob hipótese alguma delegamos às rememorações costuradas pelo depo-
ente o estatuto de “veracidade”, tampouco as convertemos em alvo de uma
artilharia historiográfica interessada em explicitar as “desatualizações”, as
“deficiências” e “incompletudes” daquela maneira de se problematizar e
ensinar o passado educacional para os alunos de Pedagogia.
26
A este respeito, vale destacar que, em 2006, houve um concurso para professor adjunto de
História da Educação na Faculdade de Educação da UFRJ. A candidata aprovada foi a pesqui-
sadora Irma Rizzini.
Irma Rizzini é mestre em Psicologia Social (1990) e doutora em História (2004) pela Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É terceira professora adjunta da Faculdade de Educação
da UFRJ e do programa de pós-graduação em Educação-PPGE/UFRJ. Tem experiência na área
de História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Infância, Adolescência,
Políticas Públicas, Instituições Educacionais e Assistenciais e Escolarização Indígena. Possui di-
versos livros e artigos publicados sobre História da Educação, História da Assistência, Políticas
Públicas para a Infância e Metodologias de Pesquisa. (Disponível em: http://buscatextual.cnpq.
br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4780875J0. Acessado em: 12 de março de 2013.)
52 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
27
Os professores de Filosofia da Educação, no período, eram: Iris Rodrigues de Oliveira, Renato
José de Oliveira, Reuber Gerbassi Scofano e Tarso Bonilha Mazzotti.
Iris Rodrigues de Oliveira é professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Doutora em Filosofia. Mestre em Educação. Graduada e licenciada em Filosofia. (Dis-
ponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4268139P7. Acessa-
do em: 12 de março de 2013.)
Renato José de Oliveira possui graduação em Engenharia Química (1982) e licenciatura em
Química (1984), ambas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestrado em
Educação (1990) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e doutorado em Educação (1996)
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Atualmente, é terceiro
professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador do grupo
de pesquisas sobre a Ética na Educação (GPEE) e pesquisador do Observatório da Laicidade
do Estado (OLÉ). Suas principais áreas de investigação são: Relações entre Ética, Retórica
e Educação; Análise Retórica dos Discursos Educacionais; Racionalidade Argumentativa em
Pesquisas Educacionais: Questões de Teoria e de Método. (Disponível em: http://buscatextual.
cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4790953D6. Acessado em: 12 de março de 2013.)
Tarso Bonilha Mazzotti é graduado em Pedagogia (1972) pela Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, mestre em Educação (1978) pela Universidade Federal de São Carlos
e doutor em Educação (1987) pela Universidade de São Paulo (USP). Professor titular de
Filosofia da Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é
pesquisador associado da Fundação Carlos Chagas e professor adjunto da Universidade Estácio
de Sá. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando
principalmente nos seguintes temas: Representações Sociais, Retórica, Filosofia da Educação,
Epistemologia e Educação Ambiental. (Disponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatex-
tual/visualizacv.do?id=K4727111H9. Acessado em: 12 de março de 2013.)
28
Essas informações também foram consultadas, posteriormente, nos catálogos do curso de Pe-
dagogia, nos programas e ementários das disciplinas e nas grades curriculares da Faculdade de
Educação.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 53
datas-limite que marcaram uma maior aproximação desse campo com a His-
tória e um relativo afastamento da Filosofia da Educação. No entanto, como
se pode inferir, ao fechar o foco no ensino do curso de Pedagogia da UFRJ
indicia-se que essa relação estabelecida entre a História e a Filosofia da Edu-
cação conheceu matizes específicos. Para falar dessas especificidades, primei-
ramente, torna-se operacional entrar em contato com a biblioteca empregada
por Reuber para alicerçar suas aulas:
29
No que tange à necessidade de que essa ênfase na História das Ideias Pedagógicas fosse com-
plementada por outras especificidades presentes no campo historiográfico da Educação, con-
vém acompanhar outra passagem que foi assinalada por Reuber em seu depoimento. Quando
entrou para o programa de pós-graduação da Faculdade de Educação (2003), a coordenação
solicitou que ele ofertasse uma disciplina de História da Educação. Contudo, frente àquilo que
já vinha percebendo em suas aulas na graduação, ele declinou da oferta.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 55
30
Regulamento da Faculdade de Educação, 1969. Arquivo FNFi/PROEDES/UFRJ.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 57
33
Ementa da Disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino de Primeiro e Segundo Graus –
FE/UFRJ (1999).
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 59
34
Cabe registrar a existência de outras associações de HE, de caráter nacional e regional, tal
como o grupo de estudos e pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR),
que, como coletivo nacional de pesquisa, foi criado em 1986, na Faculdade de Educação da
Unicamp e se institucionalizou nos anos 1990, articulado a outros 24 GTs localizados em treze
estados do Brasil, além de contar com uma revista on-line. Outro exemplo é a Associação Sul-
60 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
35
Trata-se de dois projetos desenvolvidos em sequência, a saber: O Movimento da Reforma Univer-
sitária Brasileira: 1958-1960, realizado entre 1983 e 1986, e Da Faculdade Nacional de Filosofia
à Faculdade de Educação: Resgate de uma História, efetivado entre 1987 e 1990, o qual abarcou
a criação (1939), a constituição e extinção (1968) da FNFi. (Disponível em: http://buscatextual.
cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=E81232. Acessado em: 12 de março de 2013.)
62 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
gueiro Mendes; João Roberto Moreira; Paschoal Lemme; além de coleções de documentos
temáticos, tais como aqueles relativos ao Movimento de Educação de Base (MEB), à UNE e
ao Movimento Estudantil, dentre outros.
38
Atualmente, estão vinculados ao PROEDES os seguintes professores do quadro ativo da UFRJ:
Ana Canen, Armando de Castro Cerqueira Arosa. Fábio Garcez de Carvalho, Irma Rizzini,
José Cláudio Sooma Silva, Jucinato de Sequeira Marques, Libânia Nacif Xavier, Miriam Wai-
denfeld Chaves, Sonia Maria de Castro Nogueria Lopes (coordenadora). Mesmo aposentada,
Maria de Lourdes Fávero permanece como professora honorária.
39
A expressão espaços de memória, tal como nos referimos neste texto, abarca o conjunto de inicia-
tivas de registro dos dados coletados em atividades de pesquisa e no recolhimento de materiais
didáticos, documentos, móveis, utensílios e equipamentos que, percebidos em sua dimensão
histórica, são inventariados em conjuntos coerentes e socializados para a consulta ao público
interessado. Dessa forma, tais documentos e objetos tornam-se depositários da História da
instituição, passando a compor seu patrimônio cultural.
64 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
40
São os seguintes os espaços de memória levantados em 2004: Centro de Pesquisas em
Línguas Indígenas; Núcleo de Pesquisas e Documentação da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo (NPD); Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade
(PROEDES); Memória da Química; Arquivo Memória do Museu Nacional; Memória
da UFRJ (Atas do CONSUNI); Memória da UFRJ – Movimentos Estudantis (Ar-
quivo do Caco); Arquivo de Documentação sobre Trabalho Escravo Contemporâneo;
Arquivo de Cultura Contemporânea (PACC); Arquivo Arquitetônico do ETU; Museu
Virtual da Faculdade de Medicina; Museu da Escola Politécnica; Museu da Escola de
Belas Artes, dentre outros.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 65
41
Disponível em: http://www.educacao.ufrj.br/ppge/cartazes/pdf/lista_doutorado_1986.pdf.
Acessado em: 16 de março de 2013.
66 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
42
Estamos tomando como indícios de pertencimento à abordagem histórica da Educação alguns
aspectos que foram enfatizados nos títulos e nas palavras-chave de cada tese, a saber: a menção
à palavra-chave História da Educação; a presença de expressões como uma perspectiva histórica
ou subsídios para a História e similares; a definição de períodos ou experiências passadas como
elementos de apresentação da temática ou da questão investigada.
Acerca desse ponto, vale sublinhar, ainda, que estamos cientes de que há o comparecimento da
palavra História nos títulos de teses que vêm sendo defendidas no subcampo do currículo. No
entanto, optamos por incluir essas teses por considerarmos que, mesmo se situando em outro
subcampo de conhecimento, esses trabalhos apresentam contribuições e se beneficiam, direta
ou indiretamente, da pesquisa em História da Educação.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 67
43
A esse respeito, ver: as políticas educacionais na imprensa brasileira, coordenadas por Armando
C. Arosa (disponível em: http://arosa-edubras.blogspot.com.br/); e o projeto de documentação
histórica Centro de Memória Ferreira Viana: Documentação, Ensino e Infância Trabalhadora
no Rio de Janeiro (1888-1942), coordenado por Irma Rizzini.
68 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
ter nascido para ser útil e para ter sua eficácia medida não pelo que é capaz
de explicar e interpretar dos processos históricos objetivos da Educação, mas
pelo que oferece de justificativas para o presente (Id., Ibid., p. 9).
44
Sobre o balanço dos estudos em História da Educação entre 1970 e 1984 nos cursos de pós-
-graduação, ver: Warde, 1984.
45
A esse respeito, ver: Bontempi Jr., 2002.
70 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
46
Um balanço da produção no respectivo GT da História da Educação foi realizado por Catani e
Faria Filho (2002) para a 24a Reunião Anual da ANPEd.
O ensino e a pesquisa em História da Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 71
Referências
Nailda Marinho
Foi com muita satisfação que aceitei o convite para participar do ciclo
de palestras Ensino de História da Educação no Rio de Janeiro.2 Primei-
ramente, pela necessária e incontestável iniciativa, aqui no Rio de Janeiro,
de se trocar, conhecer, compartilhar e discutir sobre como vem ocorrendo
esse ensino nos cursos de Pedagogia e demais licenciaturas nas diversas
universidades deste estado; em segundo lugar, por dar a oportunidade de
buscar compreender de forma mais sistemática como a História da Educa-
ção vem se viabilizando como componente curricular ao longo do tempo
na UNIRIO e, com isso, fazer emergir a memória de criação do curso de
Pedagogia e da Escola de Educação; e, por fim, pela possibilidade de reali-
zar um balanço e refletir sobre minha experiência como docente do ensino
1
A autora agradece a Angela Maria Souza Martins pela leitura dos originais. Esta professora é
parte significativa desta História, companheira desta grande jornada do ensino e da pesquisa
em História da Educação na UNIRIO.
2
Ao lado de colegas docentes de UFF, UFRJ, UFRRJ, UENF, PUC-Rio, UERJ-FFP, UERJ-
-FEBEF e UERJ-Maracanã.
76 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
3
Ingressei na UNIRIO em 6 de maio de 1997 por meio de concurso público para o quadro
de professores do Departamento de Estudos e Processos Arquivísticos (DEPA) do Centro de
Ciências Humanas e Sociais. A partir de 2001, porém, passei a exercer atividades docentes
para a Escola de Educação, tais como assumir a disciplina História das Instituições Escolares,
em 2003, entre outras. Sendo assim, em março de 2006, transferi-me oficialmente para o
Departamento de Fundamentos da Educação (DFE).
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 77
4
Araújo, 2002.
5
Disponível em: http://www.cbhe6.cm.br/sitelivro.
6
Sendo desse total três comunicações coordenadas. Disponível em: http://gem.ufmt.br/cbhe.
78 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
7
Disponível em: http://www.cch.ufv/copehe/eixo.php
8
O III EHEd-RJ ocorreu em 2013, na PUC-Rio
9
Os documentos consultados estavam dispersos e foram, assim, coletados no Arquivo da Escola
de Educação, no Departamento de Fundamentos da Educação e na Biblioteca Central da UNI-
RIO. Ou seja, não constituíam, em si, uma unidade ou série documental de um arquivo. Além
disso, muitos outros documentos precisam ser encontrados para compor uma análise densa, o
que não foi possível para essa escrita, pelo que utilizo o termo fragmentos. Agradeço a Flávia
Clementino, bolsista permanência, pela coleta de parte dos boletins internos consultados.
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 79
10
A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) é uma entidade pública de
Administração Indireta vinculada ao Ministério da Educação (MEC) de acordo com o Decreto
7.690, de 2 de março de 2012. (Disponível em: http://www.unirio.br.)
11
Ver Atos Acadêmicos IV(1979-2002). UNIRIO, 2003.
12
Os dados que se seguem foram extraídos de documentos que compõem o processo de criação
do curso de Pedagogia (1987).
80 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
13
Posteriormente, tal Conselho passa a se denominar Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.
14
Tomam ciência, no processo dessa resolução, diversos chefes de departamentos do então Cen-
tro de Ciências Humanas (CCH), entre eles as chefes dos recém-criados Departamentos de
Didática, professora Malvina Tania Tuttman Diegues, e do Departamento Fundamentos da
Educação, professora Lucia Maria Bezerra de Paiva Rodrigues, unidades administrativas ligadas
ao Centro de Ciências Humanas. A Resolução 497, de 25 de agosto de 1986, “Dispõe sobre a
Integração do Departamento de Didática e do Departamento de Fundamentos da Educação ao
Centro de Ciências Humanas desta Universidade”. De acordo com outra resolução, 2.245, de
15 de fevereiro de 2001, a qual “Dispõe sobre a aprovação das alterações no Estatuto da Univer-
sidade do Rio de Janeiro (UNIRIO)”, ainda em vigor, cada centro acadêmico constitui-se de:
I – Escolas ou institutos; II – Departamentos acadêmicos; III – Programas de pós-graduação;
e IV – Coordenações acadêmicas (Atos Acadêmicos IV (1979-2002). UNIRIO, 2003, pp.16
e 178). Esta estrutura permanece até os dias atuais. No momento, estamos vivenciando uma
estatuinte, o que pode alterar essa configuração acadêmico-administrativa quando concluída.
15
De 1989 a 1992, a direção da Escola de Educação é de responsabilidade da professora Malvina
Tania Tuttman; de 1992 a 2000, Janete de Oliveira Elias; de 2000 a 2002, Dayse Martins
Hora; de 2002 a 2003, Luiz Eduardo Marques da Silva; de 2003 a 2004 Maria Amélia Go-
mes de Souza Reis; de 2004 a 2005 Maria Elena Viana Souza; em 2005, Nilci da Silva Gui-
marães (pró-tempore); ainda em 2005, Mônica de Almeida Duarte; de 2005 a 2013, Janaína
Specht da Silva Menezes.
16
Essa resolução encontra-se nos atos acadêmicos citados.
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 81
17
Trecho do processo de criação do curso, página 3.
18
A professora Vilma, no momento em que a proposta de criação do curso de Pedagogia foi
apresentada, encontrava-se fora do país. Ao retornar, seu Departamento de origem havia sido
extinto e ela foi transferida para o recém-criado Departamento de Fundamentos da Educação,
no qual permanece até os dias atuais.
82 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
19
Trecho do processo de criação do curso, p. 7.
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 83
cendo a História. Nessa perspectiva, para o sétimo período, além de Ética II,
Estágio Supervisionado e Monografia I, o discente deveria escolher disciplinas
entre três grupos: no primeiro, intitulado Teorias Econômicas da Educação,
entre outras disciplinas estava História Econômica da Educação; no segun-
do, Teorias Sociológicas, História Social da Educação; e, no terceiro grupo,
chamado Teorias Filosóficas, estava História das Ideias Educacionais.20 Não
constava, na proposta, a ementa de nenhuma dessas disciplinas. Entretanto,
em programa de disciplina datado de 1997, a última das disciplinas citadas se
encontrava a cargo do Departamento de História, com carga de trinta horas/
aula e a seguinte ementa: análise das principais concepções acerca da Educa-
ção que orientaram a formação do homem ocidental, desde a experiência da
polis clássica até a contemporaneidade.
Anexa ao processo de criação do curso está a Resolução(CFE) 2/79, a
qual fixava os mínimos de conteúdo e duração do curso de Pedagogia e dis-
punha sobre que tipo de profissional esse curso deveria formar:
20
Trecho do processo de criação do curso, pp. 7-8.
21
Trecho do processo de criação do curso. Informo que terminei minha graduação em Pedagogia
no ano de 1983. O Instituto de Educação Governador Roberto Silveira iniciou-se em 1980 e,
quando concluí meu curso, tal instituto, onde estudei, havia sido incorporado à Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, em 1981, atual Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
(FEBF), unidade da UERJ, não havendo, naquele momento, alteração em seu desenho curricu-
lar. O instituto era organizado de forma seriada e tendo como habilitação obrigatória “Magis-
tério de Disciplinas Pedagógicas do segundo grau” e como escolha uma das especializações (no
meu caso, fiz “Orientação Educacional”). Em seu currículo, constava a disciplina História da
Educação I, oferecida na primeira série do curso, com 120 horas. Dividido em treze unidades,
seu programa de disciplina tinha como conteúdo programático: Educação primitiva; Educação
oriental; Educação grega; Educação romana; Educação cristã primitiva; Educação medieval;
Educação humanista; Educação do século XVII; Educação no século XVIII; Educação no sé-
culo XIX; e Educação no século XX. Uma das unidades estava ilegível. A disciplina História
da Educação Brasileira era oferecida na segunda série, com trinta horas/aula. De seu conteúdo
programático, constava: período colonial brasileiro; período do Império; período republicano;
o ensino de primeiro grau dos jesuítas à república; História da alfabetização de adultos; História
da universidade brasileira; pós-graduação: origem e cursos. Ambas as disciplinas do Departa-
mento de Fundamentos da Educação. (Fonte: acervo da autora.)
84 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
escolar, entre tantos outros motivos que poderiam ser enumerados.22 Currí-
culo é palavra proveniente do termo latino currere, que significa “caminho,
jornada, trajetória, percurso a seguir, e encerra, por isso, duas ideias prin-
cipais: uma sequência ordenada, outra de noção de totalidade de estudos”,
diz Roberto Sidnei Macedo. Nesse sentido, o autor em questão compreende
currículo como
22
Discutimos, sobre o currículo, no trabalho “Educação integral, tempo ampliado e currículo nas
atuais políticas públicas”, apresentado no IV Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curricula-
res, realizado de 2 a 4 de setembro de 2008 na Universidade Federal de Santa Catarina. Elaborado
em parceria com Ligia Coimbra da Costa Coelho e Janaína Specht da Silva Menezes, o trabalho
foi produzido a partir de reflexões teóricas e dados obtidos em pesquisas desenvolvidas no âmbito
do convênio Capes/Inep (Observatório da Educação, 2007) e da Secad/MEC (2008).
86 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
23
Em 1996, o curso sofre alterações em seu currículo conforme a Resolução 1629, de 8 de julho
de 1996, assinada pelo reitor Sérgio Luiz Magarão, que não impacta o ensino de História da
Educação.
24
Neste momento, ainda não protagonizava esta História por ainda trabalhar no DEPA e haver
iniciado o curso de doutoramento em Educação na área de História, Filosofia e Educação, na
Unicamp. A professora Angela Maria de Souza Martins, concursada em 1996 para o Departa-
mento de Fundamentos da Educação da UNIRIO, era figura importante neste movimento.
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 87
25
A responsável por ministrá-la será, então, a professora Angela Maria Souza Martins.
26
Cabe destacar que, no terceiro período do curso, vamos encontrar a disciplina Pensamento Edu-
cacional Brasileiro, ofertada com carga de sessenta horas pelo Departamento de Fundamentos da
Educação e cuja responsabilidade cabe à professora Angela Maria de Souza Martins. Entendida
como componente da Filosofia da Educação, mas dialogando com os conteúdos da História da
Educação, tal disciplina tem como ementa: algumas reflexões sobre o pensamento educacional
brasileiro entre o final do século XIX e o início do século XX; a criação da Associação Brasileira de
Educação (Abe), em 1924; o pensamento pedagógico de Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e
Anísio Teixeira; a Educação política de Pascoal Leme; a pedagogia do oprimido de Paulo Freire;
a escola enquanto prazer de Rubem Alves; a pedagogia crítico social dos conteúdos de Demerval
Saviani; e a pedagogia do conflito de Moacir Gadotti (p. 23). É obrigatória para o curso de Peda-
gogia e optativa para as demais licenciaturas. A mesma professora ministrará a disciplina Educação
e Filosofia. Em 2003, a responsabilidade por ministrar a disciplina História das Instituições Esco-
lares passa para a autora deste artigo, permanecendo até os dias atuais.
88 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
27
Coordenado pela autora e a professora Angela Maria de Souza Martins, aposentada em feverei-
ro de 2013 e que, entretanto, continua atuando no PPGEdu e no núcleo ligado ao Propap.
28
Projeto elaborado pela autora e a professora Angela Maria Souza Martins que, ao ser aprovado,
proporcionou a aquisição de mobiliário para seu funcionamento no espaço integrado ao núcleo,
que já contava com equipamentos proveniente de projetos de pesquisa submetidos por nós à
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
A apresentação do projeto de criação do laboratório foi possibilitada a partir do plano da
UNIRIO para o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (Reuni) do governo federal, estabelecido em 2007.
29
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), em sessão realizada no dia 4
de dezembro de 2007, aprovou a proposta de reformulação o que deu origem à Resolução
2.894/2007, a qual dispõe sobre as alterações curriculares do curso de graduação em Pedagogia.
30
Embora não sejam disciplinas da área de História da Educação, apresentam, em sua ementas,
conteúdos pertinentes à História da Educação, como Dinâmica e Organização Escolar (disci-
plina do terceiro período, cuja carga era de sessenta horas/aula e a ementa apresentava noção
de sistema; estrutura e sistema; organização da Educação nacional: do período jesuítico ao
contexto atual; Educação na Constituição Federal de 1988; Lei 9.394/96; Educação: direitos
e deveres, finalidades e objetivos; responsabilidade dos entes federados para com a Educação;
responsabilidades dos estabelecimentos de ensino, dos docentes e da comunidade para com
a Educação; o Plano Nacional da Educação; e os Parâmetros Curriculares Nacionais). Des-
taco que, nessa versão curricular, é mantida a disciplina Pensamento Educacional Brasileiro,
porém com redução de carga horária para trinta horas/aula e consequente modificação em
sua ementa: pensamento educacional brasileiro no final do século XIX; pensamento educa-
cional brasileiro no período da Primeira República; a influência do pensamento pedagógico
da Escola Nova no contexto educacional brasileiro; e pensamento educacional brasileiro no
período do Nacional Desenvolvimentismo. Outra disciplina que vale destaque é Financia-
mento da Educação, do sétimo período, com carga de trinta horas/aula e a seguinte ementa:
o financiamento da Educação básica pública no Brasil: do contexto histórico ao atual; orça-
mento público e fontes de recursos para a Educação; e mecanismos de distribuição e controle
dos recursos públicos destinados à Educação.
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 89
31
Embora considerada disciplina da Filosofia da Educação, apresentam em suas ementas conte-
údos que dialogam com a História da Educação. Por isso, destaco: Pensamento Educacional
Brasileiro: os Pioneiros da Educação (com carga de trinta horas, dois créditos e a seguinte
ementa: a ABE e as suas conferências educacionais; e o pensamento educacional de: Fernando
de Azevedo, Lourenço Filho, Anísio Teixeira); e Pensamento Educacional Brasileiro na Atu-
alidade (com carga de trinta horas/aula, dois créditos com a seguinte ementa: tendências do
pensamento educacional brasileiro a partir da década de 1960 até os dias atuais: Paulo Freire,
Rubem Alves, Durmeval Trigueiro, Dermeval Saviani, Maurício Tratenberg e outros). Destaco
ainda a disciplina História da Matemática Escolar, com carga de trinta horas/aula e a seguinte
ementa: a construção de conceitos matemáticos na História da humanidade; o desenvolvimen-
to da Matemática da Pré-História aos dias de hoje: os números e suas estruturas operatórias,
o campo da geometria e das medidas; da Matemática como ferramenta ao desenvolvimento
científico; e concepções da Matemática escolar e dos livros didáticos nos séculos XIX e XX e
sua relação com a História das Instituições escolares).
32
Nomeada diretora da Escola de Educação do CCH por meio da Portaria 524, de 12 de dezem-
bro de 2005. (Fonte: Boletim interno da UNIRIO de dezembro de 2005, p. 5.) Tal professora
ficou à frente da Escola de Educação até março de 2013, quando assumiu, então, a Reitoria de
Planejamento. A ela agradeço o acesso aos documentos do acervo da escola. Com sua saída, foi
eleita a professora Sandra Medeiros Albernaz para o período 2013-7.
33
No momento em questão, encontrava-me responsável por ministrar as disciplinas nos dois
turnos, vespertino e noturno, acumulando ainda a coordenação da disciplina História da
90 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
35
Por exemplo as cidades de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Niterói.
36
Vem atuando como monitora da disciplina História da Educação Brasileira por mim ministra-
da no curso de Pedagogia vespertino a aluna do curso de Pedagogia do período noturno Safira
Aquino Gomes Soares.
37
Embora utilize os termos alunos e alunas, 99% são mulheres. Neste sentido, venho investigando,
na perspectiva histórica, a presença feminina nos cursos de ensino superior, sendo um deles o
de Pedagogia, por meio do projeto de pesquisa Mulheres no Ensino Superior: Trajetórias de
Lutas e Conquistas, contemplado, em 2012, pelo Programa Jovem Cientista do Nosso Estado,
da FAPERJ. No momento, o projeto conta com duas bolsistas de iniciação científica: IC/
UNIRIO e IC/PIBIC.
92 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
38
A atividade se articula a outro projeto, intitulado Entre a Memória, a História e a Pesquisa: Pos-
sibilidades de um Novo Fazer na Formação Docente, o qual vem sendo desenvolvido naquele
Instituto de Educação. O projeto foi contemplado, em 2011, pelo programa Apoio à Melhoria
do Ensino em Escolas Públicas Sediadas no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, e conta com
oito bolsas, a saber: quatro de pré-iniciação científica (PIC) (Jovens Talentos), para alunos do
instituto; duas de treinamento e capacitação técnica, para professoras do Instituto; e duas de
iniciação científica (IC), para alunos da UNIRIO, sendo Maraisa uma das bolsistas.
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 93
39
O consórcio CEDERJ congrega as seis universidades públicas do estado do Rio de Janeiro.
Nesse consórcio, a responsabilidade pela oferta do curso de Licenciatura em Pedagogia é da
UNIRIO e da UERJ.
40
Ver: Boletim Interno, de novembro de 2005, p. 3.
41
A coordenação e a escrita do caderno didático dessas disciplinas ficaram a cargo de professores
dos departamentos de Fundamentos da Educação e de Filosofia e Ciências Sociais, bem como
do curso de Licenciatura da Escola de Teatro. Observa-se, nos cadernos, que os conteúdos de
História da Educação foram majoritariamente escritos pela professora Angela Maria de Souza
Martins. Para essa versão curricular, escrevi, em parceira com colegas da UERJ, os cadernos
didáticos de Pesquisa em Educação e Projeto Político-Pedagógico 1, disciplina que passei a
coordenar até sua extinção, com a reforma curricular de 2008.
42
Informações retiradas do projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Pedagogia (moda-
lidade a distância/semipresencial) de 2008. Em tal projeto, consta a Comissão de Alteração/
Reforma Curricular, composta pelos professores Adilson Florentino (então coordenador do
curso), Dayse Martins Hora (professora do Departamento de Fundamentos da Educação),
Ligia Martha Coimbra da Costa Coelho e Guaracira Gouveia (ambas professoras do Departa-
mento de Didática).
43
Assumo a coordenação dessa disciplina, além de posteriormente a escrita do material didático
impresso. Permaneço na função de coordenadora até o segundo semestre de 2011.
94 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
44
No momento, estamos realizando concurso para uma vaga para a área de História e Filosofia
da Educação.
45
No sumário, constam: aula 1 – situando o campo: História da Educação e Historiografia da
Educação; aula 2 – Educação na Antiguidade: a formação no mundo grego; aula 3 – Educação
na Antiguidade: a formação no mundo romano; aula 4 – Educação no Ocidente medieval; aula
5 – Educação no mundo moderno; aula 6 – Educação no Século das Luzes; aula 7 – Educação
O ensino de História da Educação na Unirio: alguns apontamentos iniciais 95
no século XIX; aula 8 – Educação no século XX; aula 9 – Educação no período dos jesuítas;
aula 10 – Educação na Era Pombalina; aula 11 – Educação no período joanino; aula 12 – Edu-
cação no período imperial; aula 13 – Educação no período republicano: da República Velha a
Era Vargas; aula 14 – Educação no período nacional-desenvolvimentista (1946-1964); aula 15
– Educação no período da Ditadura Militar (1964-1984); aula 16 – Educação no período da
transição democrática aos dias atuais. Em 2010, a elaboração da escrita desse caderno didático
é proposta por um grupo de professores formado pela autora deste artigo e pelos professores
Dirceu de Castilho Pacheco e Júlio Augusto da F. C. Farias. A proposta inicial de elaboração
do caderno consta de trinta aulas. Entretanto, por motivos contrários à nossa vontade, essa
parceria não se efetiva em virtude de outros compromissos assumidos pelos professores citados.
46
Entre as disciplinas obrigatórias para todos os alunos do curso, no primeiro período, é ofertada a
disciplina Pensamento Educacional no Brasil, com carga de sessenta horas/aula. Assim como na
graduação em Pedagogia, tal disciplina é entendida como parte da Filosofia da Educação, mas
vale a pena citá-la aqui por dialogar com os conteúdos de História da Educação. Sua ementa
consta de: as ideias pedagógicas no Brasil no final do século XIX; o pensamento educacional
brasileiro entre as décadas de 1920 a 1940; e as novas tendências pedagógicas no contexto
educacional brasileiro na segunda metade do século XX.
47
Contando com seis professores inicialmente, a linha Subjetividade, Cultura e História da Edu-
cação foi, com o tempo, reduzida a apenas três, a saber: a autora desse texto, Angela Maria
96 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Referências
Clarice Nunes
Introdução
nossas salas de aula ou de pesquisa, de uma famosa pergunta, para a qual po-
demos ter diversas respostas e que ainda reverbera em nosso métier: para que
serve a História da Educação?
Em meados da década de 1990, uma investigação que fiz, denominada
Visões da História da Educação (1997), mostrava que os programas existen-
tes da disciplina de História da Educação no curso de Pedagogia da UFF
apresentavam uma perspectiva eurocêntrica, sem marca alguma da América
Latina, com uma abordagem tradicional e fragmentada e, em decorrência,
com as desvantagens apontadas por Chaffer e Taylor (1984): a rigidez crono-
lógica e a enfática preocupação com a continuidade. As perguntas que então
nos colocamos foram: “O que queríamos conhecer do passado?”; “Por que
motivos?”; “Que diferença faria se não conhecêssemos?”; e “Até que ponto a
cronologia é importante?”
Os programas até então existentes pareciam feitos à revelia do aluno.
Enquanto, para o professor de História da Educação, era mais importante
focar no que desejava ensinar, para o aluno era mais importante de que
formas o professor o faria. Os programas mantinham uma estrutura linear
de tempo, em vez de seu entendimento relativo, em que a cronologia esti-
vesse assentada na capacidade de ordenar e reordenar datas em função dos
problemas estudados. Verifiquei, na ocasião, que o fracasso das tentativas
de explicação aos alunos da graduação estava ligado à dificuldade de o
aluno conceitualizar, o que, por sua vez, derivava de sua dificuldade em
pensar logicamente e utilizar o vocabulário especializado, usado tanto pelo
professor quanto pelos livros existentes. Percebi, então, que o elo entre o
entendimento do aluno e a seleção do conteúdo seria dado pela clareza com
que o docente definisse e apresentasse os conceitos-chave que organizariam
o programa de ensino. Elegi os conceitos de continuidade e mudança com o
intuito de que funcionassem como uma espiral organizadora das informa-
ções históricas existentes em muitos níveis. Esses conceitos poderiam atuar
como determinantes da seleção e organização do conteúdo e englobariam
conhecimentos considerados fundamentais. Casos particulares funciona-
riam como exemplos por meio dos quais os alunos poderiam concretizar o
alcance dessas categorias.
Na ocasião, cheguei a apresentar, com o apoio de outros docentes,
proposta para um currículo em que a História da Educação era oferecida em
Paradigma do Sensível: alternativa teórico-prática para o ensino de História da Educação... 101
1
Nessa oportunidade, víamos com bons olhos o caso da USP, que, com uma larga tradição em
História e Filosofia da Educação, trabalhava a História da Educação em oito semestres.
102 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
2
O conceito de reciprocidade atuante, como veremos a frente, foi cunhado por Danis Bois e sua
equipe, no movimento de criar uma epistemologia do Sensível.
104 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
3
Destaco uma exceção: o livro de Cynthia Veiga, História da educação, publicado em 2007 pela
Ática.
106 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
das memórias relativas aos hábitos de classe social, de gênero e/ou etnia em
algumas das trajetórias de intelectuais e/ou educadores, por contraste com a
memória, discutir os silenciamentos constitutivos da linguagem e as políticas
de silenciamento, apresentar o silêncio como constitutivo da experiência da
consciência do conhecimento e da memória.
A disciplina, frequentada por alunos de mestrado e doutorado, foi
apresentada em dezesseis encontros, e seu conteúdo foi repartido em quatro
unidades (ver anexo 4). Para criar o quadro da experiência extracotidiana,
vivenciamos o encontro da aula como um ateliê no qual, a partir das expe-
riências vividas com a memória e sua narrativa, fomos problematizando os
conceitos-chaves. Propusemos quatro oficinas: com objetos; com álbuns de
família; com fotografias; e com cartas. Cada oficina tinha o suporte de uma
leitura básica e a indicação, a partir da discussão do grupo, de referências
bibliográficas complementares. Nelas, o objetivo era que os estudantes de-
senvolvessem instrumentos internos para a elaboração de uma escuta e uma
palavra Sensível por meio de um processo de introspecção conduzido, o qual
explicarei adiante. Exercitamos também, em relação ao conteúdo proposto, a
flexibilidade concernente ao ordenamento e ao aprofundamento dos temas.
Todas as aulas foram gravadas, mas, neste texto, não incorporo esse material,
cuja análise está em andamento. Ressaltarei aqui apenas alguns aspectos que
considero importantes em relação à experiência vivida, fazendo referência de
modo direto apenas à primeira oficina, com a duração de quatro encontros.
[...] Assim é que vemos a relação entre a palavra e o silêncio: a palavra impri-
me-se no contínuo significante do silêncio e ela o marca, segmenta, distingue
em sentidos discretos, constituindo um tempo (tempus) no movimento contí-
6
Sobre essa prática, ver Humpich e Lefloch-Humpich, 2008.
7
Yunes, s/d, p. 2.
114 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
nuo (aevum) dos sentidos do silêncio. Podemos enfim dizer que há um ritmo
no significar, que supõe o movimento entre silêncio e linguagem (Orlandi,
1997, pp. 24-5).8
8
Orlandi, 1997.
9
Pollak, 1989.
Paradigma do Sensível: alternativa teórico-prática para o ensino de História da Educação... 115
Referências
ANEXO 1
História da Educação I
Objetivos:
Descrição da ementa:
Conteúdo programático:
Referências
ANEXO 2
História da Educação II
Objetivos:
Descrição da ementa:
Conteúdo programático:
Referências
BOMENY, H. (org.). Constelação Capanema: intelectuais e políticas. Rio de Janeiro: Ed. FGV,
2001.
——. Os intelectuais da Educação. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
CUNHA, L. A. C. R. Política educacional no Brasil: a profissionalização no ensino médio. 2 ed.
Rio de Janeiro: Eldorado, 1977.
—— e GOÉS, M. de. O golpe na Educação. 7 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
DÁVILA, J. Diploma de brancura: política social e racial no Brasil (1917-1945). São Paulo:
UNESP, 2006.
GONDRA, J. G. e SCHUELER, A. Educação, poder e sociedade no Império brasileiro. São
Paulo: Cortez, 2008.
LOPES, E. M. T.; FARIA FILHO, L. M. de e VEIGA, C. G. (orgs.). Quinhentos anos de
Educação no Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
MAGALDI, A. M.; ALVES, C. e GONDRA, J. G. (orgs.). Educação no Brasil: História,
cultura e política. Bragança Paulista: EdUSF, 2003.
NAGLE, J. Educação e sociedade na Primeira República. São Paulo: EPU/EdUSP, 1974.
SAVIANI, D. et al.. O legado educacional do século XIX. 2 ed., Campinas: Autores Associados,
2006.
——. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.
SOUZA, R. F. de. História da organização do trabalho escolar e do currículo no século XX (ensino
primário e secundário no Brasil). São Paulo: Cortez, 2008.
STEPHANOU, M. e BASTOS, M. H. C. (orgs.). Histórias e memórias da Educação no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 2005, v. III: Século XX.
VIDAL, D. G. (org.). Grupos escolares: cultura escolar primária e escolarização da infância no
Brasil (1893-1971). Campinas: Mercado de Letras, 2006.
126 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
ANEXO 3
Objetivos:
Descrição da ementa:
Conteúdo programático:
Referências
ALMEIDA, J. Mulher e Educação: a paixão pelo possível. São Paulo: UNESP, 1998.
——. Profissão docente e cultura escolar. São Paulo: Intersubjetiva, 2004.
CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: UNESP, 1999.
CARDOSO, L. “Formação de professores: mapeando alguns modos de ser-professor ensi-
nados por meio do discurso científico-pedagógico”. In PAIVA, Edil (org.). Pesquisando a
formação de professores. Rio de janeiro: DP&A, 2003.
CATANI, D. e SOUZA, C. (orgs.). Práticas educativas, culturas escolares, profissão docente.
São Paulo: Escrituras, 1997.
SOUZA, M. C. C. C. de. “Professores e professoras: retratos feitos de memória”. In GON-
DRA, José (org.). Dos arquivos à escrita da História: a Educação brasileira entre o Império
e a República. Bragança Paulista: EdUSF, 2001.
ENGUITA, M. “A ambiguidade da docência: entre o profissionalismo e a proletarização”.
Teoria e Educação, 1991, n. 4, pp. 41-61.
FERNANDES, R. “Ofício de professor: o fim e o começo dos paradigmas”. In CATANI, D.
e SOUZA, C. (orgs.). Práticas educativas, culturas escolares, profissão docente. São Paulo:
Escrituras, 1997.
GARCIA, I. Recrutamento e profissionalização. Ampliando o conceito de formação de professores.
Monografia. Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2003.
GIROUX, H. “Pedagogia crítica, política cultural e o discurso da experiência”. Os professores
como intelectuais. Rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: ArtMed,
1997.
128 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
GONDRA, J. (org.). Dos arquivos à escrita da História: a Educação brasileira entre o Império
e a República no século XIX. Bragança Paulista: EdUSF, 2001.
——. “Concursos e provas de professores como estratégias de profissionalização docente na
Corte Imperial”. II Seminário de Fontes para a História da Educação Brasileira no Séc. XIX.
São Paulo: USP/Centro de Memória, nov. 1998.
——. “O dia do professor: a ordem, as leis e as regras”. In Coletânea VI. Rio de Janeiro:
EdUERJ, 1997.
——. A emergência da escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
GOUVÊA, M. C. “Profissão professor(a): processo de profissionalização docente na província
mineira no período imperial”. In Revista Brasileira de Educação, 2001, n. 1.
NÓVOA, A. “Para o estudo sócio-histórico da profissão docente”. Teoria e Educação, n. 4,
pp. 109-39.
——. “Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas”.
Educação e Pesquisa [on-line], jan.-jun. 1999, v .25, n. 1, pp.11-20. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022006000200008. Acessado
em: 14 de fevereiro de 2006.
VILLELA, H. “O mestre e a professora”. In TEIXEIRA, Eliane e FARIA FILHO, Luciano
(orgs.). Quinhentos anos de Educação brasileira. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, pp.
95-134.
——. “Do artesanato à profissão. Representações sobre a institucionalização da formação
docente no século XIX”. In STEPHANOU, Maria e BASTOS, Maria. H. Câmara (orgs.).
Histórias e memórias da Educação no Brasil. Petrópolis, Vozes, 2005, pp. 104-15.
Paradigma do Sensível: alternativa teórico-prática para o ensino de História da Educação... 129
ANEXO 4
Memórias e Narrativas
Descrição da ementa:
Unidade 1:
O Paradigma do Sensível
Unidade 2:
Memórias e Identidade
Unidade 3:
Unidade 4:
Metodologia:
Cronograma:
Referências1
1
Como a bibliografia sobre a temática é ampla, estão elencadas apenas indicações básicas. Uma
bibliografia complementar será indicada de acordo com a necessidade e o interesse.
132 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
1
Universidade criada em abril de 2002, durante o governo Anthony Garotinho, inaugurada
em 2006, no governo Rosinha Garotinho, e constituída, a partir de janeiro de 2009, em fun-
dação de direito público.
2
Não devemos esquecer que, em Campos, já funcionavam as Faculdades de Filosofia, Odontolo-
gia, Medicina e Direito de Campos, as quais, à frente da mobilização em prol da universidade,
aspiravam à sua incorporação por ela, procedimento, aliás, que não era inédito no Brasil.
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 135
[...] para fazer-se herdeira das tradições regionais do saber popular e erudito,
mas comprometida a conquistar o que lá precisa florescer para que toda a
região se integre na Civilização Emergente, fundada na ciência e na técnica.
Sua missão é adonar-se, cultivar e ensinar a ciência e as tecnologias de ponta,
que constituem o patrimônio cultural maior da humanidade, para colocá-las
3
As terras escolhidas por Darcy Ribeiro eram de propriedade de Layse Cardoso e não estavam à
venda. A prefeitura de Campos arcou com os custos de desapropriação. (Lima e Alves, 2003.)
4
Essa exclusão veio ocasionar tensões entre a sociedade campista e a universidade, tensões essas
que, ao longo dos últimos anos, vêm sendo dirimidas, principalmente pela consolidação na área
da extensão universitária e pelas gerações de campistas formadas pela instituição, alguns dos
quais fazem parte do atual corpo docente e técnico.
5
Pela Lei 2.043, de 10 de dezembro de 1992, foi criada a Fundação Estadual Norte Fluminense
(Fenorte), com a finalidade de ser a mantenedora da UENF. A fundação deveria, ainda, como
previsto no Artigo 3o de tal lei, “implantar e incrementar o Parque de Alta Tecnologia do Norte
Fluminense, instituição de desenvolvimento tecnológico e industrial, responsável pela transfe-
rência, absorção de novas tecnologias de processo ou produto” (Ribeiro, 1993, p. 62), o que,
até o presente ano, não aconteceu. No ano de 2001, depois de várias lutas, a UENF recebeu
sua autonomia, separando-se da Fenorte e assumindo a administração da universidade (Lei
complementar 99, de 23 de outubro de 2001).
136 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
6
Com um Laboratório ligado ao Centro de Ciência e Tecnologia, o Laboratório de Engenharia
de Exploração de Petróleo (Lenep) foca sua pesquisa e seu ensino na exploração de petróleo, em
íntima vinculação com a principal atividade econômica local.
7
Um dos centros projetados era o de Experimentação Educacional, com escola de cinema, escola
normal superior, escola de professores, entre outros setores.
8
Este foi o último centro a ser criado na UENF, no ano de 1995, implantado pelo antropólogo
peruano Guillermo Lumbreras Salcedo.
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 137
Graduada em Ciências da Educação (Mar del Plata, 1986), mestre e doutora em Educação pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1993; 2000). Fez estágio de pós-doutora-
mento na Universidade de Lisboa.
12
Professor associado e chefe do Laboratório de Estudos da Educação e Linguagem do Centro de
Ciências do Homem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF-
-RJ) e do curso de mestrado do programa de pós-graduação em Políticas Sociais (UENF-RJ).
Possui doutorado em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2006),
mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2002) e graduação em Histó-
ria pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1998).
13
Diversas tentativas de ampliação da carga horária dos Fundamentos da Educação e/ou des-
membramento em três disciplinas não tiveram sucesso até o momento.
14
O CEDERJ é um consórcio criado no ano de 2000, formado por seis universidades públicas
do estado do Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (UNIRIO); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal
Fluminense (UFF), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A elas somou-se o
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), em parceria
com a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, por inter-
médio da Fundação CECIERJ, com o objetivo de oferecer cursos de graduação a distância, na
modalidade semipresencial, para todo o estado, contribuindo para a interiorização do ensino
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 139
16
Segundo consta em outro documento, o histórico do curso de Ciências Sociais, no edital de
vestibular da UENF dos anos de 1997, 1998 e 1999, o número de vagas não era discriminado
por cursos. Assim, em 1997, “as 120 vagas oferecidas contemplavam, de modo geral, todos os
cursos da universidade. Nos anos de 1998 e 1999, foram oferecidas 170 vagas, sendo que trinta
destinadas ao Centro de Ciências do Homem, não havendo número específico de vagas para
os cursos de Ciências Sociais e Ciência da Educação. Os alunos optavam por um deles após
cursarem o Ciclo Básico Comum”. (Disponível em: http: //www.uenf.br/graduacao/ciências-
-sociais/historia-do-curso/. Acessado em: 25 de abril de 2013.)
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 141
O curso foi planejado para possibilitar ao aluno optar por uma ênfase
das duas oferecidas: a) Política e Gestão da Educação; e b) Ciências Cognitivas
– sendo esta última ênfase desativada alguns anos depois, com a permanência
apenas da primeira.
Com uma carga horária de 2.533 horas e já focando na área de discipli-
nas que aqui nos ocupa, constavam da proposta três disciplinas obrigatórias:
LES 4.105: História I, no segundo período, oferecida para os cursos de
bacharelado em Ciência da Educação e Ciências Sociais (tronco comum); 68
horas, quatro créditos teóricos;
LES 4.418: História Contemporânea do Brasil, no terceiro período
(tronco comum); 68 horas, quatro créditos teóricos; e
LEL 4.204: História da Educação, no quarto período; 68 horas, quatro
créditos teóricos.
A disciplina História da Educação Brasileira, que não constava do pro-
jeto inicial, foi oferecida no quinto período, como optativa, embora, pela
omissão de outras ofertas no horário, acabasse sendo frequentada por todos
os alunos.
Nos anos que se seguiram à implementação do curso, tanto por des-
contentamento do corpo docente quanto pela mobilização estudantil como
em atendimento ao Parecer (CEE) 136/2001 – que reconheceu o curso, mas
recomendava reconsiderar a proposta do bacharelado em Ciência da Educa-
ção, basicamente no que dizia respeito à docência, como base de formação do
pedagogo –, e em função de novas resoluções e discussões da área, uma nova
proposta foi elaborada pelo grupo de professores e aprovada pelo Conselho
Universitário, em 30 de outubro de 2006.
A oficialização do curso de licenciatura em Pedagogia, em funciona-
mento a partir do ano de 2007, foi concretizada com a publicação no DOERJ
de 13 de abril de 2007 como curso diurno.17 Nessa proposta, acabou-se a
oferta de disciplinas como tronco comum junto ao curso de Ciências Sociais.
Já no ano de 2009, no primeiro semestre, o curso de Pedagogia passou a fun-
cionar apenas no turno da noite.
A proposta do curso de Pedagogia seguiu os Pareceres (CNE-CP)
05/2005, modificado posteriormente pelo Parecer (CNE-CP) 03/2006, por
17
Após a aprovação da licenciatura em Pedagogia, a maioria dos alunos do curso de bacharelado
em Ciência da Educação optou por migrar de curso.
142 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
18
A ementa desta disciplina da licenciatura em Pedagogia é similar à da disciplina de mesmo
nome do curso de bacharelado em Ciência da Educação, com apenas uma diferença: um último
ponto que constava no bacharelado foi retirado desta ementa (a Escola Nova no Brasil).
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 143
19
A disciplina História da Educação Brasileira não consta no projeto do curso de Ciência da
Educação do ano 2000, que foi o documento consultado, razão pela qual não foi possível
avaliar semelhanças ou diferenças com a ementa do curso de Pedagogia.
20
Acerca da última disciplina elencada, voltaremos mais adiante.
144 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Los enseñantes de nuestra época, desorientados a menudo por las crisis y por
los desafíos de la sociedad performativa y posmoderna, y abrumados también
por los tecnicismos que postulan e imponen las burocracias escolares, fuentes
a menudo de conflicto y malestar, han de afrontar las anteriores complejida-
des en que se ven envueltos mediante estrategias que no sólo se apoyen en los
reductivos enfoques de la racionalidad instrumental, sino que conjuguen con
inteligencia y audacia la gramática de su oficio, cuyos códigos son una cons-
trucción cultural, y por lo tanto histórica, con los sueños y deseos en que se
proyecta la narratividad y la esperanza (Escolano Benito, 2002, p. 15).
23
Esses também foram objetos de estudo em pesquisas de mestrado, mas, como citado, optamos
por focar na graduação.
148 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
25
Projetos esses nos quais o professor Leandro Pinho vem participando desde 2011.
26
Com público composto por docentes em exercício no primeiro segmento da Educação básica
ou Educação infantil, que, por não possuírem diploma de ensino superior ou serem portadores
de diploma de ES em área alheia à de Pedagogia, ingressaram na universidade por meio da
Plataforma Freire, sem exame vestibular. Este programa “visa induzir e fomentar a oferta emer-
gencial de vagas em cursos de Educação superior, gratuitos e de qualidade, nas modalidades
presencial e a distância, para professores em exercício na rede pública de Educação básica, a
fim de que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN) e contribuir para a melhoria da qualidade da Educação básica”.
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 153
27
Vinculada ao grupo de pesquisa Educação, Sociedade e Região, do Diretório de Grupos do
CNPq, sob liderança de S. Martínez. Apoiado pelo CNPq por meio do programa PIBIC, de
iniciação científica.
28
Para um maior conhecimento deste projeto ver: Martínez et al., 2012.
154 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
29
Um texto fundador, pela ampla aceitação gerada entre os historiadores da Educação, foi, sem
dúvida, a proposta de Dominique Julia, de 1995, ao considerar a cultura escolar um objeto
histórico. Tal texto foi publicado na revista Paedagogica Historica e, no mesmo ano, também no
Brasil, no primeiro número da Revista Brasileira de História da Educação. Por sua parte, Marc De-
paepe e Frank Simon, também em 1995 e no mesmo veículo, destacavam as potencialidades do
novo enfoque historiográfico para ajudar a desvendar a “caixa preta” da realidade cotidiana
dos centros escolares.
A História da Educação na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 155
Considerações finais
Referências
Disciplina Conteúdo
Psicologia A Psicologia no contexto educativo
a realidade, conhecimento esse do qual se parte para superá-lo, mas que nem
por isso deixa de ser qualitativamente um saber sobre a realidade concreta do
mundo, vivenciada por sujeitos históricos concretos.
Por outro lado, na intenção de aproximar a discussão, realizada no
âmbito da disciplina, do contexto histórico e social do próprio lugar em que
estamos situados, isso é, o município de Nova Iguaçu e, mais propriamente
falando, o ponto central de uma área que abrange das zonas norte e oeste do
município do Rio de Janeiro aos municípios de Queimados, Japeri e Para-
cambi (passando, no caminho, pelos municípios de São João de Meriti, Ni-
lópolis, Belford Roxo, Mesquita e Duque de Caxias), iniciamos um trabalho
de fomentar o interesse das alunas e alunos do curso pela pesquisa na área de
História da Educação, tendo como objeto mais amplo, a partir do qual os
temas monográficos específicos seriam eleitos, o processo histórico de esco-
larização da população da Baixada Fluminense, em particular no município
de Nova Iguaçu (do qual a maior parte dos municípios que compõem a face
oriental do entorno da Baía de Guanabara se desmembrou a partir dos anos
1930). Para tanto, foi criada, dentro do grupo de pesquisa Educação, Socie-
dade do Conhecimento e Conexões Culturais (de caráter interdisciplinar e
composto por docentes e discentes de três universidades distintas), uma linha
de pesquisa sob minha coordenação e, dentro dela, um projeto de pesquisa
norteador do trabalho de investigação relativo ao tema de que já tratamos.
A linha de pesquisa tem como campo de investigação o papel repre-
sentado pelas implantação e expansão da Educação pública na região que se
tornou historicamente definida como “Baixada Fluminense”. Tal território
é entendido aqui como um espaço social no qual a experiência do desen-
raizamento, ou seja, da perda de reconhecimento como membros de suas
comunidades de origem – compartilhada pela maior parte da população dos
municípios de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, Ni-
lópolis, Queimados, Japeri e São João de Meriti –, pudesse ser superada por
meio de um esforço de produção de novas formas de reconhecimento por
aquela mesma população. Parte-se aqui da hipótese de que a presença real
ou desejada da escola pública na paisagem dos municípios citados constitui
elemento de fundamental importância para a compreensão do processo por
meio do qual foi sendo produzida uma nova identidade social por e para a
população da Baixada. Trata-se, portanto, de investigar tanto os aspectos his-
tóricos envolvidos no movimento de expansão da escolarização de massa, im-
O curso de Pedagogia do IM-UFRRJ: uma percepção historiocêntrica? 169
pulsionado mais fortemente a partir dos anos 1960, incluindo a memória dos
sujeitos que dele participaram ativamente das mais variadas formas, quanto
aspectos contemporâneos dos processos educativos presentes no território da
Baixada Fluminense.
Já o projeto de pesquisa intitulado Memórias da Expansão da Fron-
teira Escolar no Brasil: a Presença da Educação Pública em Nova Iguaçu-RJ
tem como objetivo investigar, no presente estudo, a História do processo de
expansão da escolarização destinada à maioria da população do município
de Nova Iguaçu-RJ, bem como os efeitos da presença da escola pública na
paisagem social da região da Baixada Fluminense a partir da segunda metade
do século XX.
Entendo que tal proposta se justifique pois, em que pese o aparecimen-
to, nos últimos anos, de uma significativa produção de estudos e pesquisas
voltadas para o tema das práticas pedagógicas e formas de organização carac-
terísticas das unidades escolares existentes no Brasil já desde o século XIX,
ainda são muito escassos, ou mesmo inexistentes para determinados períodos
históricos particulares, trabalhos de investigação que procurem ir além de
aspectos específicos da vida de uma instituição escolar qualquer, procurando,
outrossim, dar conta dos efeitos produzidos pela escola nos territórios em que
ela se implantou, bem como analisar o próprio movimento de ocupação do
espaço social de dada instituição no quadro de um projeto de transformação
da escola em lugar de irradiação dos valores, hábitos e formas de comporta-
mento conformadores de uma determinada “civilização” assentada nos prin-
cípios da racionalidade do trabalho industrial.
Por outro lado, ainda é relativamente incipiente, no campo da Educa-
ção, o uso da História oral como recurso privilegiado de pesquisa no que se
refere ao tema da importância e do impacto da atividade particular realizada
pela escola, tanto na visão de seus docentes, gestores e discentes quanto na
das famílias que, a partir de um dado momento histórico, passaram a deman-
dar o acesso à Educação para seus filhos e filhas.
No que se refere especificamente à Baixada Fluminense (não exclusi-
vamente, aliás), ocorre uma quase total falta de fontes primárias e secundá-
rias relativas à História das escolas e das políticas de Educação aí existentes.
Sendo assim, o foco no município de Nova Iguaçu, historicamente o mais
importante da região, significa tentar entender os avanços e os limites do
processo de expansão da cultura escolar em um território social que passou
170 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Considerações finais
Referências
Sônia Camara
Introdução
1
Este texto surgiu do convite do professor doutor José Gondra para a participação no ciclo de pa-
lestras Ensino de História da Educação no Rio de Janeiro. Para a realização deste texto, eu gosta-
ria de agradecer a colaboração da monitora de História da Educação, à época Thais Garcia, que
contribuiu, no primeiro momento, com o levantamento de ementas e programas da disciplina.
Gostaria de agradecer, também, aos colegas da Faculdade de Formação de Professores, os quais,
diante das dificuldades para localizar materiais, disponibilizaram documentos, informações e
textos que me auxiliaram na elaboração deste trabalho. Por fim, agradeço a Inês Bragança,
Marta Hees, nossa colega já aposentada, Tania Marta Nhary, Ana Cléa Ayres e Geanine Pierro.
174 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
3
Quanto à História relativa à instituição, conferir os trabalhos de Nhary (2006); Ayres (2006);
Figueiredo (2010); Assis e Silva (2001), entre outros (referências constantes na lista final
deste texto).
O ensino de História da Educação na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo... 179
4
No que se refere à data de implantação da licenciatura plena, localizamos, no trabalho de Nhary
(2006), a indicação dessa passagem no ano de 1985, mas, no trabalho de Nascimento (2012),
a referência é ao ano de 1987 (referências constantes na lista final deste texto).
5
A Faculdade de Formação de Professores oferece licenciaturas em História, Geografia, Biologia,
Matemática, Letras (Português/Literatura; Português/Inglês) e Pedagogia.
180 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
6
O Departamento de Educação passou a oferecer um curso de Pedagogia – Habilitação em
Magistério das Séries Iniciais do Primeiro Grau, no Município de Araruama, por meio de con-
vênio com a prefeitura em 1995. Para Assis e Silva, a partir dessa iniciativa, a discussão sobre
a formação de professores assume um quadro mais amplo, ou seja, o de se pensar a Educação
básica no estado (Assis e Silva, 2001, p. 96, referência constante na lista final deste texto).
7
A comissão foi coordenada pela professora Marilena Tiengo Freitas, do Departamento de Edu-
cação, e constituída pelos professores Manoel Leslle P. Aranda, do Departamento de Ciências,
Floriano José G. Oliveira, do Departamento de Geografia, Paulo Roberto Voss Gen Rudolphi,
do IBGE, e Flávio Terra de Oliveira, estagiário.
O ensino de História da Educação na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo... 181
8
O parecer do CNE 5/2005, que tratava das diretrizes curriculares nacionais para o curso de
Pedagogia, aprovado em 2006, já deliberava que a formação de profissionais da Educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação para a Educação básica seria
oferecida nos cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação (p. 2).
O ensino de História da Educação na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo... 183
9
A professora ingressou na docência superior da Faculdade de Formação de Professores em
1982, atuando como professora de Prática de Ensino nas licenciaturas de Matemática, Ciências
Biológicas e História (Figueiredo, 2010, p. 26).
10
A situação de disciplina eletiva para a História da Educação é uma realidade até os dias atuais.
Interessante indicar que, sempre que oferecida, a disciplina tem um grande número de inscri-
ções, especialmente entre os alunos dos cursos de Letras e Geografia.
186 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
11
Embora faça referência aos autores e à existência de suas obras na biblioteca da instituição, a
autora não apresenta os títulos de tais obras nem indicações acerca do número de acesso pelos
leitores.
O ensino de História da Educação na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo... 187
a) História e historiografia;
b) História da História da Educação;
c) Estudo do Pensamento Educacional Brasileiro (ementa de 1990).
12
A ementa não apresenta bibliografia.
188 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
13
Em 1987, a professora ingressou no mestrado em Educação da PUC-Rio, segundo dados loca-
lizados em seu memorial.
14
A professora Haydée Figueiredo, juntamente com as professoras Maria Tereza Goudard Tavares
e Martha Pereira das Neves Hees, criou, em 1996, o Núcleo de Pesquisa e Extensão Vozes da
Educação, primeiro grupo de pesquisa do Departamento de Educação.
O ensino de História da Educação na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo... 189
15
Nessa direção, destaca-se o clássico texto produzido por Nunes e Carvalho e apresentado
originalmente na 15a reunião da ANPEd, em 1992, no âmbito do GT de História da Educação.
190 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Educação, Artes Educação, Artes Educação, Artes Educação Es- Tempo e Espaço: Tempo e Espaço: Gestão Educa-
Psicologia Social
e Ludicidade I e Ludicidade II e Ludicidade III pecial História I História II cional II
Filosofia e Edu- Filosofia e Edu- Cultura Brasilei- Currículo e Gestão Educa- Seminário de
Alfabetização III Alfabetização IV
cação I cação II ra e Educação Escola cional I Monografia II
Psicologia e Psicologia e Sociologia e Edu- Sociologia e Edu- Pesquisa em Pesquisa em Seminário de Estágio Supervi-
Educação I Educação II cação I cação II Educação III Educação IV Monografia I sionado IV
História da História da Educação Infan- Sociologia e Edu- Estágio Supervi- Estágio Supervi- Estágio Supervi-
Educação I Educação II til I cação II sionado I sionado II sionado III
16
Realizamos, na época, o primeiro trabalho de campo do curso de Pedagogia. O trabalho
envolveu uma viagem a Belo Horizonte, em que visitamos o Centro de Referência do Professor,
a escola Três de Outubro, além de uma ida a Pampulha, a realização de um grupo de discussão
com professores e uma visita à cidade de Sabará. Como sistematização das atividades, foi
organizada, na FFP, exposição com as fotografias e materiais levantados pelas alunas.
17
Nessa ocasião, a professora Haydée encontrava-se em licença parcial para realizar seu doutora-
mento na Universidade Federal Fluminense, sob a orientação da professora Clarice Nunes.
194 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
18
Encontra-se em produção o terceiro documentário, que será lançado até o fim do primeiro
semestre de 2014.
O ensino de História da Educação na Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo... 197
(Cartaz da primeira Mostra de História da Educação elaborado pelo aluno de iniciação científica da
FAPERJ Raoni Roque – bolsista de iniciação cientifica do NIPHEI-FAPERJ, 2011.)
Um exemplo:
I. Objetivos:
Com a disciplina, objetivamos colaborar para a compreensão da im-
portância dos conhecimentos em História da Educação para a formação do
pedagogo, contribuindo para a realização de reflexões acerca da Educação
brasileira na perspectiva da História. Desse modo, esperamos fornecer sub-
sídios que possam auxiliar na compreensão do papel da disciplina em um
movimento de articulação, aproximação e distanciamento entre o passado e
o presente na formação do educador.
II. Ementa:
História da Educação como campo de pesquisa e disciplina escolar;
operação historiográfica e trabalho com fontes documentais; a vertente cris-
tã do Renascimento europeu e suas repercussões pedagógicas no Brasil; o
Iluminismo europeu e suas repercussões pedagógicas no Brasil; as reformas
pombalinas da cultura e da instrução pública; a instrução pública na constru-
ção do Estado imperial: modelos pedagógicos estrangeiros e apropriações no
debate e na prática pedagógica; questões e desafios da Educação brasileira na
Colônia e no Império.
III. Avaliação:
A avaliação será realizada ao longo de todo o processo, em que levare-
mos em consideração a frequência, o envolvimento e a participação dos alunos
nas discussões, debates, atividades realizadas em aula, no desempenho apre-
sentado nos trabalhos individuais ou em grupo, bem como na prova escrita.
200 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
IV. Programa:
Unidade I – História e Historiografia da Educação brasileira.
- A constituição do campo da História da Educação e seus objetos de
investigação.
- Questões introdutórias da historiografia da Educação.
- As fontes e a História da Educação: “Jesuítas, escrita e missão no
século XVI”.
Referências
—— (org.). Arquivos, fontes e novas tecnologias: questões para a História da Educação. Campinas:
Autores Associados, 2000.
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História da Educação. Disponível em: www.sbhe.org.br.
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corte. Brasília: Editora Plano, 2000.
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VIDAL, D. G. e HILSDORF, M. L. S. (orgs.). Tópicos em História da Educação. São Paulo:
EdUSP, 2001.
Trabalho final
Possíveis Temas:
Para concluir
Referências
Introdução
A FEBF hoje
1
Disponível em: http://www.revoluti.com.br/113/a-sala-de-aula-do-futuro. Acessado em: 13 de
novembro de 2012.
2
Atualmente, o diretor da instituição é o professor Jorge Máximo de Souza e a vice-diretora, a
professora Marize Peixoto da Silva Figueiredo.
O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 211
3
O censo de graduação da UERJ é realizado pelos estudantes no momento da inscrição de dis-
ciplinas on-line (a partir do segundo período). O preenchimento das informações relacionadas
ao censo é de caráter facultativo.
4
Dedicamos um especial agradecimento aos funcionários Horácio dos Santos Ribeiro Filho e
Rejane de Oliveira Freitas, que disponibilizaram os documentos do Departamento de Orienta-
ção e Supervisão pedagógica (DEP),fundamentais na elaboração do perfil do aluno da FEBF.
5
O censo de graduação da UERJ é realizado pelos estudantes no momento da inscrição de disci-
plinas on-line (a partir do segundo período). O preenchimento das informações relacionadas ao
censo é de caráter facultativo.
212 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
6
Dados divulgados pela Secretaria de Graduação da FEBF.
7
Vagas reservadas para pessoas com deficiência e filhos de policiais civis e militares, bombeiros
militares e inspetores de segurança e administração penitenciária, mortos ou incapacitados em
razão do serviço.
8
Disponível em: http://www.febf.uerj.br/especializa/especializa.html. Acessado em: 14 de no-
vembro de 2012.
O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 213
9
Disponível em: http://www.febf.uerj.br/mestrado/apresenta.html. Acessado em: 15 de novem-
bro de 2012.
10
Disponível em: http://necfebf.blogspot.com.br/2011/11/febf-e-o-nec.html. Acessado em: 15
de novembro de 2012.
214 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
11
A Baixada Fluminense organiza-se a partir de treze municípios: Belford Roxo, Duque de Ca-
xias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Quei-
mados, São João de Meriti e Seropédica.
12
Dedicamos um especial agradecimento à coordenadora do PINBA, professora Icléa Lages
Melo, e ao bolsista Hugo Moreira Lima pelas informações disponibilizadas para a elaboração
deste artigo.
O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 215
Vale realçar que um elemento motivador da reforma era romper com a ló-
gica taylorista, presente no curso de Pedagogia oferecido pela FEBF, por conta do
parecer, de 1969, do conselheiro Valnir Chagas, o qual regulava as habilitações
do pedagogo. No bojo da redemocratização, não mais se sustentava tal proposta.
Assim, entre os princípios que deveriam sustentar a reforma, destaca-se o em-
penho por um olhar interdisciplinar, buscando compor um processo integral
de Educação do educador. Intentava-se com a reforma elaborar um curso de
Pedagogia que formasse o educador “enquanto professor, multi-habilitado,
capaz de compreender o cotidiano pedagógico e de atuar sobre o fazer da
escola e da sala de aula” (Id., Ibid., p.5). Para tanto, a reforma deveria se as-
sentar em alguns parâmetros teóricos, tais como: em uma “nova concepção
ou novo paradigma da ciência e do pensamento – substituindo o paradig-
ma clássico da objetividade e neutralidade do conhecimento científico”; na
“compreensão das relações interpessoais que estão no centro da função de
formação – ou da produção de subjetividade – que é parte de todo processo
educativo”; no “respeito e valorização da diversidade de identidades culturais
em nossa sociedade”; no novo papel das artes na escola, tanto estimulando
a dimensão estética e criadora que está no centro do fazer das ciências e das
artes quanto compreendendo as transformações das ciências e das técnicas;
numa articulação crítica dos egressos com o mundo do trabalho.
A proposta para a nova grade curricular foi alicerçada em cinco eixos:
Educação, linguagem e conhecimento; Escola: espaço político e pedagógico;
Cultura: o global e o local; Perspectiva histórica das ideias e práticas peda-
gógicas; e Ensino básico: prática e modalidades de atuação/intervenção. Tal
reforma foi aprovada, em 30 de março de 2001, pelo Conselho Superior de
Ensino, Pesquisa e Extensão, e promulgada pela reitoria, em 11 de abril
de 2001, por meio da Deliberação 012/01 (Id., Ibid.).
Ainda que as intenções prescritas na reforma curricular possam traduzir
um rico movimento teórico e prático, sabemos que a ação docente é um ele-
mento fundamental para o êxito de qualquer reforma. Nesse aspecto, as condi-
ções infraestruturais da FEBF não devem ser minimizadas. Hoje, os docentes
efetivos se desdobram pelos diferentes cursos que a FEBF oferece, contando a
instituição com um número bastante expressivo de contratados, o que implica
rotatividade e dificuldade para se construir um trabalho coletivo, tendo em
vista a inserção precária, do ponto de vista profissional, dos docentes.
218 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
13
Atualmente, vêm sendo ministradas disciplinas com base nas ementas acima expostas. Entre-
tanto, ainda estão vigentes ementas dessas mesmas disciplinas com um perfil marcadamente
filosófico, enfatizando a contribuição dos principais pensadores da Antiguidade até o século
XX. Assim sendo, há duas propostas diferenciadas: uma intitulada Perspectivas Históricas
das Ideias e Práticas Pedagógicas e outra chamada Perspectivas Históricas das Ideias e Práticas
Pedagógicas A.
O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 219
Vale ressaltar que tais propostas não são fixas e estáticas, tampouco se
consolidam no vazio, pois dependem do contexto maior em que se encon-
tram. Tais práticas ganham tessitura e forma em função de muitos elementos
que fogem à pretensão do nosso controle. Há pouco, saímos de uma greve
que, sem dúvida, perpassa, queiramos ou não, questões de ordem objetiva,
mas também subjetiva. Recuperar, por exemplo, o ritmo de trabalho não é
222 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
uma tarefa simples. Há outras situações do nosso cotidiano que podem re-
percutir em nossas práticas. Trabalhar na FEBF em Pedagogia, no turno da
manhã, pode significar ter uma turma muito menor se comparada ao turno
da noite, o que traz implicações para a dinâmica das aulas. Há turmas que
expressam um interesse que nos mobiliza de forma mais intensa. Outras,
nem tanto. Certos grupos vêm com uma bagagem que nos possibilita alçar
voos mais ousados.
A presença muito expressiva de alunos trabalhadores no curso de Pe-
dagogia também é um elemento relevante. Alguns tentam destacar a nega-
tividade de ser aluno trabalhador, isto é, a falta de tempo, um salário que
mal assegura suas necessidades básicas, dificultando, por exemplo, compra de
livros indicados, ou mesmo a reprodução de textos. No entanto, esforçamo-
-nos por enfatizar a positividade contida no aluno trabalhador: a maturidade
e os saberes adquiridos em suas lutas cotidianas. Tal quadro expressa, por
um lado, a importância das condições infraestruturais numa área marcada
por grandes desigualdades, o que torna, por exemplo, ainda mais relevante a
conquista de bolsas para os discentes, a ampliação do quadro de professores
efetivos, o acervo da biblioteca e/ou a disponibilidade de laboratórios para
acessar textos e teses disponíveis no mundo virtual. Por outro lado, a questão
da autoestima no processo ensino-aprendizagem não deve ser desprezada,
tampouco minimizada. São questões de natureza distinta, porém igualmente
significativas.
Ainda que cada turma tenha suas singularidades, defrontamo-nos com
velhos e novos desafios, de forma recorrente. As práticas aqui compartilha-
das foram desenhadas, portanto, num dado contexto. Afinal, dependem das
condições de trabalho, mas também, traduzem, é bom frisar, uma visão de
sociedade, nossa própria formação docente, evidenciando, assim, nossos sa-
beres e limites.
Dentro dessa perspectiva, destacamos alguns aspectos das práticas vi-
venciadas que consideramos relevante compartilhar. Duas questões têm sido
desafios constantes: a primeira se relaciona à disposição em incentivar e criar
situações para que o aluno possa romper com uma postura passiva diante do
curso. O aluno deve se perceber como protagonista, sujeito atuante, criador e
criativo, tanto na construção dos saberes postos pelas disciplinas, quanto nas
questões mais amplas que perpassam o curso, como a busca por um orienta-
dor para o trabalho monográfico, por exemplo. Outra questão desafiante é
O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 223
contribuir para que o aluno venha romper com certas acepções cristalizadas
pelo tempo, como também desnaturalizar práticas escolares e visões históri-
cas, comumente repletas de estereótipos. Nesse sentido, debater, em Perspec-
tiva Histórica I, as memórias das trajetórias escolares discentes e analisar dis-
tintas concepções de História e suas implicações no campo epistemológico,
político e pedagógico tem sido um rico exercício. O aluno passa a perceber
que tanto os seus saberes quanto os seus não saberes, suas lacunas, não são
meros resultados individuais, do maior ou menor esforço de cada um, como
tão fortemente nos apregoa o ideário liberal. Os alunos percebem a dimensão
política expressa no próprio currículo privilegiado em suas vidas escolares.
Igualmente instigante é o debate acerca da periodização, como também das
fontes históricas, pois, de um lado, desnaturalizam-se versões e marcos con-
sagrados, e, de outro, ampliam-se as possibilidades de se reconstituir as práti-
cas educacionais a partir da inclusão de fontes usualmente não consideradas.
Percorrer a paideia grega e identificar alguns dos seus valores veiculados na
formação do homem ocidental possibilita um debate intenso entre perma-
nências e rupturas. Em Perspectiva Histórica II, as reformulações na noção
de infância, família, Educação no período moderno, como a tensão entre
uma liberdade apregoada e os novos aprisionamentos que buscam conformar
o indivíduo são temas que nos ajudam no processo de desnaturalização dos
saberes que os alunos trazem.
Em Perspectiva Histórica III, já utilizamos mais de uma vez a lite-
ratura, em especial O Ateneu e Meus Romanos, para recompor diferentes
aspectos da sociedade oitocentista no Brasil e possibilitar uma ação mais
criativa por parte do discente. Solicitamos, entretanto, como requisito
obrigatório do trabalho, o uso de linguagens alternativas para a apresen-
tação dos trabalhos, ou seja, o conteúdo e a forma seriam uma unidade.
De imediato, alguns grupos reagiram diante de tal pedido. Entretanto,
nossa insatisfação diante dos resultados dos seminários tradicionais e com
base em leituras diversificadas sobre a cognição, em especial os estudos de
Humberto Maturana e Francisco Varela,14 nos fizeram manter a proposta
original. Afinal, se o processo de conhecimento ocorre num patamar mais
elevado quando mobilizamos nossos corpos como um todo, tal premissa
14
Cabe destacar, em especial, a teoria da cognição de Santiago, que aponta a identificação do
processo de conhecimento com o processo de viver, em que a cognição envolve não somente o
cérebro, mas também a percepção, as emoções e o comportamento.
224 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Concluindo
o que é certo, infelizmente, é a falta de interesse dos poderes, das pessoas que
impõem os programas. O que me preocupa é o facto de me parecer que a
História Nova está precisamente a desabrochar no ensino secundário. Mas aí
desabrocha duma maneira bastante perigosa, porque não colocou o problema
O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 227
Referências
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O lugar da História da Educação na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense... 229
Introdução
Espero que os vossos netos hão de viver numa ilha onde já não será necessário
ir à escola como hoje [é] ir à missa (Ivan Illich, 1969).
1
O presente artigo reúne dois polos de reflexão: a apresentação realizada no ciclo de palestras En-
sino de História da Educação no Rio de Janeiro por Washington Dener dos Santos Cunha e a
experiência profissional de Rosemaria J. V. Silva, que atua como tutora, desde 2008, no CEDERJ.
232 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
o lugar social privilegiado que esta instituição possui hoje, foi forjado através
dos tempos, se enquadrando num processo de mudança, num devir contí-
nuo, numa História/percurso e numa construção de vários atores. Este pro-
O ensino de História da Educação e os novos paradigmas de aprendizagem escolar... 233
cesso, que pode ser caracterizado como uma ação contínua, desenvolvendo-se
em direção a um resultado, implicando conceitos de tempo e mudança, afir-
mou lentamente a centralidade do papel da instituição escolar na formação de
novas gerações. O que permite inferir a escola o status de tradição inventada,2
uma vez que, há poucos séculos, esta não tinha um lugar social de destaque,
cuja legitimidade fosse incontestável. Foi sendo edificada através dos tempos,
de acordo com interesses e propósitos determinados pelo espaço e pelo tem-
po nos quais estava inserida, realizada sob diversos olhares e com diferentes
intenções e, que ao tornar-se o locus privilegiado da Educação dos sujeitos,
também consagrou-se como lugar de disciplinarização, coerção e controle fí-
sico, psíquico e social. Instituindo-se como distinta modeladora de compor-
tamentos (2006, p. 126)
2
Hobsbawm, 1987.
234 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
A EAD
3
Atualmente, por meio de mais de vinte polos espalhados por todo o estado do Rio de Janeiro
(Angra dos Reis, Bom Jesus de Itabapoana, Campo Grande, Cantagalo, Duque de Caxias, Ita-
ocara, Itaperuna, Macaé, Maracanã [UERJ], Natividade, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, entre
outros), oferece também cursos de extensão e capacitação on-line para professores. Quanto à
sua estrutura, o CEDERJ é o que podemos chamar de modelo híbrido, pois reúne momentos
virtuais e presenciais. Nas universidades consorciadas, ficam os tutores a distância, junto aos
coordenadores pedagógicos (elaboram e corrigem as avaliações e formulam os cronogramas dos
cursos). No caso dos alunos de pedagogia e das licenciaturas, ainda há o regente-tutor, professor
que ministra aulas nas escolas parceiras (escolas públicas) e se responsabiliza pelo estágio dos
alunos. Nos polos regionais, atuam os tutores presenciais, que auxiliam os alunos por meio de
encontros presenciais.
O ensino de História da Educação e os novos paradigmas de aprendizagem escolar... 241
4
No Brasil, as bases legais para a modalidade de Educação a distância foram estabelecidas
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996).
Em 3 de abril de 2001, a Resolução 1 do Conselho Nacional de Educação estabeleceu as
normas para a pós-graduação lato e stricto sensu. No caso da oferta de cursos de graduação e
Educação profissional em nível tecnológico, a instituição interessada deve credenciar-se junto
ao Ministério da Educação, solicitando a autorização de funcionamento para cada curso que
pretenda oferecer. O processo será analisado na Secretaria de Educação Superior, por uma
Comissão de Especialistas na área do curso e por especialistas em Educação a distância.
O parecer dessa Comissão será encaminhado ao Conselho Nacional de Educação, sendo o
mesmo aplicável aos cursos presenciais.
242 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
[...] se existe, pois, uma função histórica, que especifica a incessante confron-
tação entre passado e um presente, quer dizer, entre aquilo que hoje permite
pensá-los, existe uma série indefinida de sentidos históricos (Id., Ibid., p. 45).
[...] sentido histórico deve ter a acuidade de um olhar que distingue, reparte,
dispersa, deixa operar as separações e as margens – uma espécie de olhar que
dissocia e é capaz ele mesmo de se dissociar e apagar a unidade do ser humano
que supostamente o dirige soberanamente para o passado (1988, p. 27).
5
Certeau, 1994.
O ensino de História da Educação e os novos paradigmas de aprendizagem escolar... 245
-se uma leitura, fornecer uma inteligibilidade aos dados e tomar a realidade
também um postulado. Trata-se, pois, de um esforço presente de instaurar
sentidos, de representar um passado (Gondra, 2001).
No ocupar-se desses sentidos, recomenda-se outro cuidado prévio, pois
se trata, no caso, de estar atento “aos sujeitos e suas ações, cujos vestígios
podem ter sido apagados nas fontes de leitura do passado e para (re)estabe-
lecimento do jogo que se joga nos calmos relatos” (Certeau, 1982, p. 38).
Trata-se, assim, de levar em consideração outras possibilidades de “produção
da História que não apenas aquelas já disponíveis de tornar como elemento
norteador a série indefinida de sentidos históricos” (Id., Ibid., p. 39).
Assim, trata-se de trabalhar com a possibilidade de apropriação dife-
renciada de mecanismos e matrizes doutrinárias em circulação e dos registros
que finalmente tornaram-se vencedores, constituindo um esforço de desenvol-
ver um relato da História (e da História da Educação) que não toma clivagens
macroscópicas (o político e o econômico, por exemplo) como únicas catego-
rias explicativas para o fenômeno educacional. Desse modo, essa opção pode
dar voz a uma História muda, no que se refere aos sujeitos e acontecimentos
tradicionalmente silenciados ou apagados das pesquisas históricas, e que pode
colaborar para instituir outras representações da escola, concorrendo para
indicar os limites daquelas que trafegam de uma ótica positivada (messiânica)
para uma negativada (reprodutora) (Gondra, 2007, passim).
Logo, buscou-se operar em um registro bem-determinado da História
do processo de construção do campo da História da Educação, intentando
praticar uma História efetiva de um marco educacional. É necessário destacar
que entendemos História efetiva tal como descreve Foucault:
esta vinculação não deve ser algo perfunctório, mas sim o amálgama essencial
que conduz a escolha da teoria e da opção metodológica. Está inserida aqui a
ideia de que, em cada investigação, existe um projeto de transformação para a
sociedade. A pesquisa deve responder a algo, e este algo deve ser socialmente
construído. Aqui, aparece novamente o compromisso social do pesquisador e
os valores que lhe são constitutivos (2000, p. 83).
O ensino de História da Educação e os novos paradigmas de aprendizagem escolar... 247
Parece-me que essa é uma situação bem típica da área de pesquisa da His-
tória da Educação. Embora ela rejeite sua situação de “subproduto” da
Historia Geral ou da Pedagogia, ela ainda não conseguiu definir com preci-
são seu efetivo objeto de investigação, e muito menos um peculiar recurso
teórico-metodológico. Entretanto, o risco é que, na ânsia dessa conquista, nos
O ensino de História da Educação e os novos paradigmas de aprendizagem escolar... 249
Trabalha-se nas franjas das outras áreas. Esse aspecto está associado à inserção
de cristãos-novos na investigação histórico-educacional. Muitos provêm de
outras áreas do conhecimento que não da História e da Pedagogia. Nesse sen-
tido, não têm a formação de historiador nem a de pedagogo, o que, em certos
casos é salutar. Mas, de todo jeito, não têm o domínio de determinado proce-
dimento metodológico especifico da História e da Pedagogia, o que acarreta
uma História da Educação muito peculiar. Obviamente, essa problemática é
vista com muito mais intensidade crítica sob o olhar do historiador. Penso di-
ferentemente. Esses novos olhares estão contribuindo para construção de um
caráter híbrido da História da Educação, que, acredito, vai caracterizando um
novo status acadêmico a essa área. Entretanto, parece-me óbvio que os histo-
riadores da Educação precisam delimitar com maior precisão seu território e
fugir do limbo em que se encontram (Demartini, 2000, p. 85).
250 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
O que deve estar sempre presente é que não podemos considerar de-
finitivo qualquer resultado; mais do que isso, deve-se sempre supor um pro-
cesso de reconstrução e valoração provisórias, que decorram de um processo
de investigação sempre composto de fragmentos.
O que deve estar sempre presente é que não podemos considerar defi-
nitivo qualquer resultado e, mais do que isso, devemos sempre supor um pro-
cesso de reconstrução e valoração provisórias, que decorram de um processo
de investigação sempre composto de fragmentos.
lar que, na fixação da duração dos cursos e dos seus respectivos currículos,
ficaram determinados três anos para a formação de bacharéis e, depois de
concluídos os cursos, os alunos poderiam optar por cursar mais um ano
de Didática, o que os habilitaria à docência e ao diploma de licenciatura.
Tal esquema ficou conhecido como 3+1 (Saviani, 1980).
O curso de bacharel em Pedagogia, naquele momento, era constituído
da seguinte forma:
[...] em sua própria gênese o curso de Pedagogia já revela muito dos pro-
blemas que o acompanharam ao longo do tempo. Criou um bacharel em
Pedagogia sem apresentar elementos que pudessem auxiliar na caracteriza-
ção desse novo profissional. Entre as finalidades definidas para a Faculda-
de Nacional de Filosofia, é possível reconhecer a que é dirigida ao bacharel
252 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Vale destacar que a escolha das matérias optativas não era do aluno,
mas da instituição; ou seja, se uma dada instituição incluísse determina-
das matérias como as optativas, ao aluno não caberia outro recurso senão
seguir a determinação. Cumpre também observar que, à lista de maté-
rias obrigatórias citada, deveriam ser acrescentadas Didática e Prática de
Ensino para os alunos interessados na licenciatura. O aluno interessado
apenas no bacharelado – o técnico educacional, que continuou a ficar
sem atribuições definidas – estaria dispensado de cursar tais matérias.
O currículo mínimo para o curso de Pedagogia foi homologado em 1962
pelo então Ministro da Educação e Cultura Darcy Ribeiro, para vigorar
a partir de 1963 (Silva, 1999).
Em 1969, por decorrência da reforma universitária instituída pela Lei
5.540/68, o Conselho Federal de Educação aprovou nova regulamentação
para o curso de Pedagogia, por meio do Parecer 252/69. A nova regulamen-
tação não foi um ato isolado, inserindo-se no contexto de uma reformulação
geral dos currículos mínimos até então vigentes, tendo em vista os princípios
básicos da reforma universitária.
Esses são os três primeiros marcos na construção da História do curso
de Pedagogia no Brasil,6 ou seja, os impactos desses três primeiros momentos
marcam profundamente o que se tornará esse curso no nosso país.
Nos anos que se seguiram, foi implementada uma grande variedade
de pareceres e resoluções para o curso de Pedagogia, perpassando sempre o
6
Diversos foram os dispositivos legais implantados no sentido de regulamentar o curso em ques-
tão. Citamos os três primeiros, pois acreditamos que contemplam as principais mudanças e
permanências vivenciadas desde a década de 1930.
254 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
debate acerca das finalidades, dos saberes e da função desse profissional na es-
cola. O que podemos observar é uma grande indefinição em relação à função,
à identidade e ao lugar que deve ser ocupado pelos pedagogos.
Acreditamos que as tendências que orientam a estrutura curricular
do curso de Pedagogia representam extremos opostos no modo de abordar
a “Educação”: há os que se centram em cada um de seus fundamentos ao
abordá-la e os que se fixam em seus processos, tarefas, recursos, técnicas.
É na intersecção entre esses dois extremos que se encontra o campo de estudo
capaz de levar à compreensão da Educação (Silva, 1999; Saviani, 1980).
Logo, isso significa que, para a formação do pedagogo, único profissio-
nal considerado educador e, ao mesmo tempo, “identificado com o especia-
lista em Educação pelos nossos legisladores, não se garantiu a possibilidade de
que ele compreenda a Educação brasileira” (Silva, 1999, p. 59).
As considerações tecidas até o presente momento, embora, não sejam
referentes diretamente ao nosso objeto, eram necessárias, no sentido de con-
textualizar o curso de Pedagogia e suas natureza, História e constituição.
Para nós, é importante desvelar uma situação muito especifica do cur-
so: sua luta em busca de uma identidade própria e individual. Ou seja, nosso
estudo necessita apontar para as especificidades vivenciadas pelo curso de
Pedagogia, principalmente no tocante à sua formação curricular. Afinal, dis-
cutir o lugar da História da Educação no curso é, em certa medida, debater
a constituição do corpo de saberes necessários aos pedagogos e à pedagogia.
Nessa perspectiva, após a preleção acerca da gênese da criação do curso
de Pedagogia e de sua formação curricular, chegamos a outro ponto importan-
te: Qual é o lugar e as especificidades do ensino de História da Educação no
curso de Pedagogia? Não pretendemos dar aqui resposta para uma indagação
tão profunda e complexa, mas tentaremos tecer alguns apontamentos que po-
dem nos ajudar a pensar o lugar ocupado pelo ensino de História da Educação
no curso de Pedagogia. Sem pretender historiar ou fazer uma cronologia do
surgimento da disciplina em debate, iremos contextualizá-la historicamente.
O objetivo é, portanto, identificar as características que marcam a História da
Educação e o seu aparecimento como disciplina do curso de Pedagogia.
Cabe indicar que a disciplina História da Educação, nascida no final
do século XIX, desenvolve-se principalmente nas Escolas Normais e nos cur-
sos de formação de professores, não, como poderíamos imaginar nos institu-
O ensino de História da Educação e os novos paradigmas de aprendizagem escolar... 255
discussão que assinala sua futura extinção nos cursos de graduação, ficando
ela restrita aos cursos de pós-graduação stricto sensu.
Ao analisar a História da Educação, seu ensino, a construção do corpo
de saberes e as especificidades que ela apresenta, pretendeu-se tratá-la como
um acontecimento agudo, extremamente significativo, ou seja, um marco
para a Educação, que, por sua vez, é permeado por relações de força e signifi-
cados cristalizados e perpetuados, muitas vezes, de maneira acrítica.
Apesar das concepções teóricas, de formação e dos pertencimentos ins-
titucionais de seus autores, a História da Educação difundida entre os futuros
professores da Educação básica tem uma função e um efeito doutrinário que
se prolonga e se atualiza, revelando o peso da influência religiosa apesar de
todo o movimento de secularização da sociedade e do Estado a partir da im-
plantação do regime republicano.
Vale assinalar que a disciplina de História da Educação continua a ocu-
par o mesmo espaço nos últimos setenta anos, ou seja, uma disciplina teórica
e que integra uma parte do campo educacional denominada Fundamentos
da Educação, ministrada geralmente nos primeiros três períodos de curso.
E, na direção da reflexão acerca da EAD, vale apontar a fala do educa-
dor Darcy Ribeiro:
mo. Hoje, somos surpreendidos pela dimensão e pelos desafios postos nesses
últimos anos. Nessa perspectiva, insere-se uma questão: é o fim da escola-
-disciplinadora ou o controle se dissipou além dos muros?
Quando o professor está atuando no formato “a distância”, se vê diante
de um novo modo de ensinar. As tradicionais aulas expositivas e antigos pa-
péis previamente definidos são paulatinamente transformados. Assim, nesse
formato/modalidade, o lugar do professor e da escola é questionado. Se antes
temos rígidos procedimentos de controle da aprendizagem, nos moldes atuais,
o professor e a “escola” se veem em outro espaço na formação de seus alunos.
O processo de aprendizagem está centrado na orientação contínua,
com o investimento na autonomia e na flexibilização da aquisição de novos
conhecimentos, ou seja, na modalidade em debate o objetivo fundamental
é desenvolver no alunado a aprendizagem autônoma. Contudo, conduzir o
processo educativo nesse cenário é uma difícil tarefa, principalmente quando
o antigo modelo de aprendizagem está tão infiltrado em nossas práticas.
O que se propõe é uma mediação entre tradição e modernidade. Um
novo paradigma educacional só se restabelecerá quando participarem na mes-
ma mesa de discussão tecnólogos e professores, pedagogos de “telemarketing”
e pedagogos tradicionais, estudiosos e estudantes dos modelos tradicional-
mente presenciais e dos modelos que utilizam as mais complexas tecnologias
de informação e comunicação (TICs).
Experimentamos um momento de transição na sociedade e no mun-
do em que vivemos, em que novos paradigmas e concepções atravessam as
fronteiras da Educação. Nosso papel de educador, a cada dia, aponta-nos a
necessidade de uma visão holística, a qual valorize todas as dimensões que nos
caracterizam como seres humanos. Os processos de mudança na Educação
exigem uma atenção singular, que priorize e leve em conta o contexto socio-
cultural de nossa sociedade, sendo de fundamental importância aprender a
conviver com a diversidade sem perder o nosso senso crítico.
Em meio à evolução das novas tecnologias de informação, mudanças
de visão, de valores e de percepção e compreensão de mundo, o desafio de
formar futuros docentes para a realidade atual permanece.
260 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Referências
José Gondra
Marta Favaro
Introdução
1
Esse estudo contou com a colaboração de Rômulo Valentim e Fátima Nascimento, bolsistas
de iniciação científica do CNPq e da FAPERJ, respectivamente. Contamos, igualmente, com a
colaboração da bibliotecária da UERJ, Emilia Sandrinelli. A todos, deixamos registrado nosso
agradecimento.
264 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
2
O original pode ser conferido em http://ife.ens-lyon.fr/publications/edition-electronique/
histoire-education/RH038.pdf. Acessado em: 14 de novembro de 2012.
3
Há quase uma década, por diversos modos, o Serviço de História da Educação se comprometeu
a dar impulso à pesquisa sobre a História das disciplinas escolares. Um ambicioso programa foi
definido, que dava conta do campo de todas as disciplinas. Alguns instrumentos de pesquisa
já foram publicados, outros estão em processo de publicação e há ainda alguns em construção:
eles se referem aos textos oficiais que definem programas e conteúdos, bem como aos inter-
mediários pedagógicos (livros, imprensa etc.) e ao que permite uma aproximação com o que é
realmente ensinado na sala de aula ou ainda aos traços do desempenho escolar dos alunos (ca-
dernos e cópias ou trabalhos de todos os tipos). A prioridade atribuída a esses instrumentos de
pesquisa é baseada tanto no grau de conhecimento das questões levantadas como pelo caráter
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 265
massivo e disperso das fontes e origem disciplinar dos pesquisadores envolvidos, que, em sua
maioria, não são historiadores de formação (tradução livre).
266 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
6
Gatti Jr. e Inácio Filho, 2005.Educação
268 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
7
Todas as sessões contaram com a participação de um professor brasileiro e um português. A
primeira foi composta por Áurea Adão (Universidade Lusófona) e José G. Gondra (UERJ).
A segunda, por Maria Teresa Santos (Universidade de Évora) e Décio Gatti Junior (UFU) e a
última, por Luís Miguel de Carvalho (Universidade de Lisboa) e Denice Barbara Catani (USP).
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 269
8
Trata-se de textos assinados por autores do Brasil, Chile, Espanha, Portugal e EUA: Manuel Ferraz
Lorenzo (Espanha), Eliane Marta Teixeira Lopes, Maria Helena Câmara Bastos, Clarice Nunes,
Maria Cristina Soares de Gouvea, Karl Lorenz (EUA), Diana Gonçalves Vidal, Maria Juraci Maia
Cavalcante, Joaquim Pintassilgo (Portugal), Wenceslau Gonçalves Neto, Lilian Anna Wachowicz,
Jaime Caiceo Escudero (Chile), Vera Teresa Valdemarin e Nicanor Palhares de Sá.
270 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
9
Esse livro tem uma espécie de continuidade no volume organizado por Monarcha e Gatti
Jr. (2013). Esta edição conta com a participação dos professores Carlos Roberto Jamil Cury,
José Silvério Bahia Horta, Maria Helena Câmara Bastos, Maria Juraci Maia Cavalcanti, Marta
Maria Chagas de Carvalho, Marta Maria de Araújo, Mirian Jorge Warde, Paolo Nosella e
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 271
Zaia Brandão. Mais recentemente, registramos algumas iniciativas semelhantes, como os livros
organizados por Beatriz Daudt Fischer em 2011 e a série de DVDs História(s) da História da
Educação, coordenada por Sonia Câmara, José Gondra, Adir Almeida e Jorge Rangel, da UERJ
(2011).
10
Então professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, falecido em março de
2010.
272 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
11
Carvalho e Gatti Jr., 2011.
12
Participaram da coletânea os professores: Claudemir de Quadros, da Universidade Federal de
Santa Maria (“Ensino com pesquisa, Educação digital e formação de professores: possibilidades
de ensinar e aprender acerca da História da Educação”); Décio Gatti Júnior, da Universida-
de Federal de Uberlândia (“Intelectuais e circulação internacional de ideias na construção da
disciplina História da Educação no Brasil (1955-2008)”); José Carlos Souza Araújo, Betânia
de Oliveira Laterza Ribeiro e Sauloéber Társio de Souza, também da Universidade Federal de
Uberlândia (“Haveria uma historiografia educacional brasileira expressa pelos manuais didá-
ticos publicados entre 1914 e 1972?”); José Roberto Gomes Rodrigues, da Universidade do
Estado da Bahia, Campus Juazeiro (“O ensino de História da Educação: um olhar reflexivo a
partir da análise de planos e programas curriculares”); Justino Magalhães, da Universidade de
Lisboa, Portugal (“O ensino da História da Educação”); Luiz Carlos Barreira, da Universidade
Católica de Santos (“Ensino de História da Educação na pós-graduação em Educação, no Bra-
sil, na década de 1980: uma experiência revisitada”); Maria Rita de Almeida Toledo, da Univer-
sidade Federal de São Paulo, Campus Guarulhos (“Internacionalização de cânones de leitura:
as atualidades pedagógicas na biblioteca Museu do Ensino Primário e o ensino de História da
Educação”); Marta Maria Chagas de Carvalho, da Universidade de São Paulo (“Por entre res-
tos de memória: um relato sobre o ensino de História da Educação no curso de Pedagogia da
Faculdade de Educação da USP (1971-1997)”); Mirian Jorge Warde, da Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Araraquara (“Brincando nos campos do senhor: ano-
tações para uma História da formação dos professores e do ensino da História da Educação no
Brasil”); Norberto Dallabrida, da Universidade do Estado de Santa Catarina (“Qual História da
Educação ensinar?”); Thais Nivia de Lima Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais
(“O período colonial nos manuais de História da Educação brasileira”); Zuleide Fernandes de
Queiroz, da Universidade Regional do Cariri (Urca) (“Ensinando História da Educação, for-
mando professores-pesquisadores: o ensino da História da Educação no curso de Pedagogia da
Universidade Regional do Cariri”).
274 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
13
Destacamos alguns outros importantes investimentos de pesquisa e escrita acerca do ensino e
da pesquisa em História da Educação publicados recentemente: Felgueiras, 2008; Dapaepe,
2012; Faria Filho, 2003; Nunes, 2003; McCulloch, 2012; Revista História da Educação –
RHE; 2006 (a parte II da revista é dedicada à apresentação de estudos que tomam a experiência
com o ensino de História da Educação ou a pesquisa sobre a História da História da Educação
como focos. Alguns dos autores são Nunes, Quadros, Bastos, Tambara, entre outros); Gatti Jr.,
2008; Revista Teias, 2012; Cadernos de História da Educação, 2011. Para um levantamento
mais exaustivo, recomendamos a consulta aos periódicos especializados da área: Revista História
da Educação – RHE (Pelotas: UFPEl. Disponível em: http://fae.ufpel.edu.br/asphe/revista/
index.html); Revista Brasileira de História da Educação (Disponível em: www.sbhe.org.br); Ca-
dernos de História da Educação (UFU. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/);
e Revista HISTEDBR On-Line (Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/
edicoes/39/index.html)
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 275
14
Disponível em: http://www.boluerj.uerj.br/deliberacoes.
15
Disponível em: www.proped.pro.br.
16
Disponível em: http://web.srh.uerj.br/.
17
Disponível em: http://www.rsirius.uerj.br/.
276 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
18
O ingresso do professor José Gondra na UERJ se deu por concurso público, em 1989, para o
Departamento de Ensino Fundamental (DEF) do Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues
da Silveira (CAP). Em 1995, depois da aprovação no concurso para a Faculdade de Educação
e, ao mesmo tempo, para início do doutoramento na USP, o professor obteve licença para es-
tudos por meio do Procad-UERJ e remanejamento da matrícula do CAP para a EDU-UERJ,
o que, à época, resultou na concessão de uma vaga (ocupada pela professora Cláudia Cristina
dos Santos Andrade) e de expansão de carga horária de uma das professoras do DEF-CAP
(Celi Silva G. Freitas).
19
Possui graduação (1969), mestrado em Educação (1981) e doutorado, também em Educação
(1993), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Educação,
com ênfase em Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Edu-
cação Física, Sociologia da Educação Física, Educação Física escolar e formação do profissional
em Educação Física. (Disponível na Plataforma Lattes. Acessado em: 4 de dezembro de 2012.)
20
Possui graduação em História (1981) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado
em História (1990) pela Universidade Federal Fluminense e doutorado em História (2001) pela
Universidade Federal Fluminense. Atualmente, é professora adjunta de História da Educação
da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atuando no programa
de pós-graduação em Educação (ProPEd). Tem experiência nas áreas de História e de Educa-
ção, com ênfase em História da Educação brasileira, produzindo investigações relacionadas,
principalmente, aos seguintes temas: debates educacionais brasileiros, História da família e da
mulher, relações família/Educação, relações família/escola, catolicismo e Educação, e História
da profissão docente. (Disponível na Plataforma Lattes. Acessado em: 4 de dembro do 2012.)
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 277
21
Lia Faria concluiu o pós-doutorado em Ciência Política pelo Iuperj em 2008 e o doutoramento
em Educação pela UFRJ em 1996. Atualmente, realiza novo pós-doutorado em Lisboa, no
Instituto de Educação. Foi diretora da Faculdade de Educação da UERJ de 2008 a 2012, onde
também atua como professora da graduação e da pós-graduação (ProPEd). Publicou diversos
artigos em periódicos especializados, trabalhos em anais de eventos, capítulos de livros e livros
inteiros. Participou de seis projetos de pesquisa e atualmente participa de quatro, sendo coor-
denadora de um deles. Atua na área de Educação, com ênfase em História da Educação, gestão
dos sistemas educacionais e memória fluminense. (Disponível na Plataforma Lattes. Acessado
em: 4 de dezembro de 2012.)
22
Professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com atuação na graduação
e na pós-graduação em Educação. Concluiu o doutorado em Ciências Humanas – Educação
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1997) e o mestrado em Educação na
mesma instituição (1988). Tem publicações no Brasil, na Argentina, em Portugal, na Itália, na
França e na Espanha, especialmente sobre instituições e experiências pedagógicas inovadoras, a
presença das mulheres nas mudanças educacionais, arquivos pessoais e práticas de escrita auto-
biográfica. Foi curadora de exposições sobre a escrita ordinária em importantes espaços cultu-
rais. Integrou a comissão editorial da Revista Teias e o conselho consultivo da Revista Brasileira
de História da Educação. Atualmente, faz parte do conselho editorial dos Cadernos de História
da Educação e da Revista Educação e Contemporaneidade, de editoras e de coleções publicadas
no país e no exterior. Recentemente, no âmbito de sua universidade, exerceu a sub-chefia
(2005-7) e a chefia (2011-2) do Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino. Atualmente
é membro do conselho universitário e do conselho consultivo da Sub-Reitoria de Pesquisa e
278 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
27
Mancebo (1995).
28
A “segunda Universidade do Distrito Federal”, UDF, criada quinze anos depois pela Lei 547, de
1950. Diferentemente da primeira, a instituição não emanou de um planejamento global, mas
do simples agrupamento de quatro escolas particulares de ensino superior, todas em pleno fun-
cionamento, desde a década de 1930. Conforme o Artigo 2o da Lei 547/1950, deveriam compor
tal UDF as seguintes faculdades: a) Faculdade de Ciências Jurídicas; b) Faculdade de Ciências
Econômicas; c) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; e d) Faculdade de Ciências Médicas.
As quatros eram, originalmente, escolas superiores particulares: as três primeiras eram sociedades
civis, e a Faculdade de Ciências Médicas, uma sociedade anônima (Mancebo, 1995, p. 25).
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 281
29
Foi fundada em 4 de dezembro de 1950, por meio da Lei 547, com o nome de Universidade
do Distrito Federal (UDF), a partir da junção de quatro escolas particulares em dificuldades
financeiras. (Id., Ibid., p. 2)
30
A Lei 909/1958 é uma das legislações que consolida tal dinâmica, muda a regulamentação
interna da universidade e passa a denominá-la Universidade do Rio de Janeiro (URJ), nome
mantido por pouco tempo, somente até a criação do estado da Guanabara, em 1961. A criação
do novo estado, em 21 de abril de 1961, foi um marco importante para a universidade, pois,
nesse momento de sua trajetória, é outra vez rebatizada, então como Universidade do Estado da
Guanabara (UEG), por meio do Decreto Federal 51210, de 18 de agosto de 1961 (Id., Ibid., p. 2).
31
Texto do Decreto 7173, de 13 de maio de 1941. Diário Oficial Estados Unidos do Brasil, de
30 de maio de 1941. “Concede autorização para que se organizem e entrem a funcionar os
cursos da Faculdade de Filosofia do Instituto La-Fayette. O presidente da república resolve,
nos termos do Artigo 23 do Decreto-Lei 421, de 11 de maio de 1938, conceder autorização
para se organizem e entrem a funcionar, a partir do ano escolar de 1942, os cursos de Filosofia,
Matemática, Física, Química, História Natural, Geografia e História, ciências Sociais, letras
Clássicas, Neo-Latinas, Anglo-Germânicas, e Pedagogia e Didática, da Faculdade de Filosofia
do Instituto La-Lafayette com sede no Distrito Federal.”
282 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
Secção XI
Do curso de Pedagogia
Art. 19: O curso de pedagogia será de três anos e terá a
seguinte seriação de disciplinas:
Primeira série
1 – Complementos de Matemática
2 – História da Filosofia
3 – Sociologia
4 – Fundamentos Biológicos da Educação
5 – Psicologia Educacional
Segunda série
1 – Estatística Educacional
2 – História da Educação
3 – Fundamentos Sociológicos da Educação
4 – Psicologia Educacional
5 – Administração Escolar
Terceira série
1 – História da Educação
2 – Psicologia Educacional
3 – Administração Escolar
4 – Educação Comparada
5 – Filosofia da Educação
Secção XII
Do curso de Didática
Art. 20: O curso de Didática será de um ano e constituir-
se-á das seguintes disciplinas:
1 – Didática Geral
2 – Didática Especial
3 – Psicologia Educacional
4 – Administração Escolar
5 – Fundamentos Biológicos da Educação
6 – Fundamentos Sociológicos da Educação
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 283
A UDF, ao final URJ [...] fez dez anos incólume às críticas que vinha sofren-
do, desde o final dos anos 1940, como Universidade arcaica: não implementou
qualquer movimento no sentido de modificar seus currículos, a estrutura de seus
cursos, os conteúdos ministrados, bem como não estimulou o desenvolvimento
da pesquisa e da produção científica (Id., Ibid., p. 154, grifos nossos).
284 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
32
Na UEG, a divisão da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras deu origem aos institutos de
Biologia, Ciências Humanas, Física, Geociências, Filosofia e Letras, Matemática e Estatística,
Química, Psicologia e Comunicação Social e à Faculdade de Educação (Id., Ibid., p. 239).
286 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
33
Não estamos considerando a presença de História da Educação no componente curricular
Pesquisa e Prática Pedagógica, oferecido, atualmente, a partir do terceiro período do curso,
durante quatro semestres consecutivos.
296 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
34
Esse elemento foi objeto de análise dos professores Washington Dener e Rose Vieira, integran-
tes do consórcio citado em capítulo específico desta coletânea.
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 297
35
Cumpre observar a existência de duas outras disciplinas que parecem guardar uma relação
próxima com a História da Educação. Trata-se de Cultura Pedagógica Brasileira I e Cultura
Pedagógica Brasileira II. No primeiro caso, a disciplina aparece vinculada tanto a Sociologia
Geral, como pré-requisito, como a História da Educação II, como requisito paralelo. Dividido
em três partes, o conteúdo guarda relação próxima com a História da Educação brasileira, pois
uma parte trata de cultura e desenvolvimento, a segunda aborda a fase colonial e a terceira a fase
reinol. A bibliografia prescrita sustenta a aproximação indicada.
298 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
descontinuidade nas leituras prescritas, o que pode ser atribuído a uma nova
conjuntura nacional, com efeitos nos funcionamentos de diversas institui-
ções, e à renovação do corpo docente, sobretudo com o concurso de 1987,
que possibilitou o ingresso dos professores Thereza Elza Cyrillo Gomes e
Vitor Marinho de Oliveira.
De acordo com os registros encontrados, tivemos os seguintes professo-
res responsáveis pela disciplina de História da Educação na UERJ-Maracanã.
Helena Tavares de Queiroga (informação do progra- Não consta no sistema – provavelmente foi
ma de disciplina História da Educação III, de 1977) professora substituta (contrato temporário)
repetindo, mais de uma vez que não tinha como contribuir para uma pes-
quisa e que “agora é o tempo de vocês”.
37
Durante o tempo dessa pesquisa, só foi possível entrevistar a professora em questão. Dos pro-
fessores contatados, uma não se dispôs a colaborar. No que se refere ao outro, que manifestou
interesse em participar, a equipe não dispôs de condições para realizar a entrevista até o mo-
mento da redação deste artigo.
38
É possível deduzir que se trata de um programa anterior a 1975 pelas marcas do cabeçalho,
o qual consta de Universidade do Estado da Guanabara, Faculdade de Filosofia e Educação,
Cadeira de História da Educação. Nesse caso, faz remissão à presença de História da Educação
em três semestres (II, III e IV).
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 301
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Há um programa manuscrito, assinado pela professora Helena Queiroga. Nos demais, não
consta a identificação do professor responsável. Em um deles, aparece uma disciplina de Histó-
ria da Educação para a segunda série, com carga horária de 94 horas, sem indicação de biblio-
grafia. O programa inicia-se com discussão conceitual de História e de Educação, recobrindo
a Educação dos povos primitivos, orientais até a Educação no período posterior ao movimento
revolucionário de 1930. Divide-se em 38 partes, sendo as seis finais dedicadas ao Brasil.
302 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
40
Pré-requisito para cursar HE II, exige que o aluno tenha cursado HE I. No documento, aparece
a disciplina Cultura Pedagógica Brasileira I (EDU 104/8) como “requisito paralelo”. Há, no
entanto, dois outros programas, um de trinta e outro de 45 horas.
41
A professora Helena Tavares de Queiroga aparece como responsável pela disciplina. No entan-
to, a bibliografia aparece no programa sem identificação do professor responsável.
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A professora Helena Tavares de Queiroga aparece como responsável por ementa e programa
em 1977. Há três outros programas desta disciplina, todos sem identificação do professor
responsável.
304 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
44
Esse título é o volume 66 da série Atualidades Pedagógicas, sendo uma tradução de Histoire
de la Pedagogie, co-editado com o Instituto Nacional do Livro/MEC dentro do programa do
Livro Didático-Ensino Superior, patrocinado pela Secretaria do Planejamento da presidência
da República.
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 307
ROSA, M. da G. de.49 Prefácio de José An- A História da Educação através dos textos. 5
1976
tônio Tobias. ed.
45
Nota-se, no caso, a remissão a dois livros de Visalberghi: Pedagogia e Ciências da Educação e
John Dewey.
46
Há dois títulos que atendem ao critério de busca, mas não foram considerados, pois se en-
contram com identificação de autoria institucional (Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho. 2003; e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1989).
47
Nasceu em São Paulo, em 1926, concluindo o bacharelado e o doutoramento na Faculdade
de Filosofia da PUC-SP, cujo corpo docente integrou. Posteriormente, transferiu-se para a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília (Unesp), no interior de São Paulo, onde
se aposentou. Autor de livros didáticos e de estudos dedicados à estética, radicou-se em Mato
Grosso, onde preside a instituição acadêmica intitulada União das Faculdades de Alta Flores-
ta (Uniflor).
48
Há também exemplares da terceira edição, de 1986.
49
Professora assistente do professor Tobias na UNESP de Marília.
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505152
50
Nasceu em Sorocaba, estado de São Paulo, a 13 de maio de 1928. Realizou seus primeiros
estudos em sua cidade natal, transferindo-se depois para Belém do Pará, onde ingressou no
Seminário Metropolitano Nossa Senhora da Conceição, pois planejava tornar-se sacerdote. Ali,
concluiu Humanidades e Filosofia (fins de 1947). Àquela altura, com 19 anos, entendeu que
não tinha vocação eclesiástica e regressou a São Paulo. Matriculou-se na Universidade de São
Paulo, onde concluiu bacharelado e licenciatura em Filosofia e ingressou em seu corpo docente.
Doutorou-se em Educação na mesma universidade e prestou concurso de livre docência em
Filosofia e História da Educação. Integrou a Faculdade de Educação da USP até se aposentar e
tornou-se respeitado estudioso da História da Educação, a que dedicou diversos livros.
51
Pedagoga com mestrado e doutorado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP). Foi professora do programa de mestrado em Educação na
mesma universidade.
52
Formou-se em Geografia e História na primeira turma da Faculdade de Filosofia da Univer-
sidade Federal da Bahia, e em Museologia no Museu Histórico Nacional. Em 1956, como
representante do estado de Sergipe, cursou a primeira turma do Instituto Superior de Estu-
dos Brasileiros (Iseb), apresentando, no fim do curso, o trabalho “Sílvio Romero e Manoel
Bomfim: pioneiros de uma ideologia nacional”. Permaneceu na instituição durante quatro anos
como assistente da cadeira de História, dedicando-se à pesquisa da História da Educação no
Brasil. Em 1961, foi nomeada pelo Ministério das Relações Exteriores diretora do Centro de
Estudos Brasileiros na Argentina, onde permaneceu quatro anos, tendo lecionado nos cursos
de pós-graduação da Universidade Nacional do Litoral. Regressando a Sergipe, com a criação
da Universidade Federal, em 1968, tornou-se professora titular de História do Brasil, História
Contemporânea e Cultura Brasileira. Na qualidade de decana da UFS, por duas vezes ocupou
a vice-reitoria. Aposentada com 47 anos de magistério, recebeu o título de Professora Emérita.
No acervo, há exemplar da terceira edição, de 2006.
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 309
nância dos livros com perspectiva panorâmica, configuração que se altera a partir
dos anos 1990, em virtude do ingresso de uma maior quantidade de autores bra-
sileiros, com alguns poucos estudos de caráter mais monográfico. Na produção
anterior a 1991, aparecem as primeiras mulheres autoras de História da Educação,
todas com experiência no magistério, formação no campo da Pedagogia, Histó-
ria, Geografia e Museologia. No caso dos homens, permanece o traço da expe-
riência no campo da Teologia e da Filosofia, como é o caso de Ruy Nunes e José
Tobias. Tais elementos permitem compreender algumas marcas da enunciação
53
No acervo, há exemplar da terceira edição, de 2006.
310 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos
54
A título de exemplo, ver os artigos de Saviani e de Carvalho, ambos de 2005.
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 311
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Capítulo II: As regularidades discursivas; III: O enunciado e o arquivo; e IV: A descrição arque-
ológica.
Uma faculdade esquecida: disciplina, instituição e sujeitos na História da Educação... 313
Referências
ANEXO 1
56
Consideramos a formação pós-graduada e/ou exercício profissional para indicar os pertenci-
mentos inicial e atual. Em alguns casos, o exercício profissional se justapõe à instituição de
formação de mestrado e/ou doutoramento.
318 História da educação no Rio de Janeiro – instituições, saberes e sujeitos