Mecanica Dos Solos Universidade Federal PDF
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 3
1980
INTRODUÇÃO
A nova orientação para o ensino da Mecânica dos Solos, defendida por alguns dos
maiores centros de ensino e pesquisa do mundo, estabelece que se devem reforçar, com real
ênfase, os conceitos fundamentais da disciplina, tendo como respaldo uma bibliografia que os
enfoquem de forma simples e objetiva.
Baseados no motivo acima e no fato de que há uma carência enorme de bibliografia de
Mecânica dos Solos de cunho didático, em língua portuguesa, resolvemos compilar uma obra,
que constitui a matéria da disciplina de Mecânica dos Solos I.
Neste trabalho, selecionamos uma sequência de capítulos que entendemos ser a mais
didática possível, procurando agrupar os conceitos universalmente conhecidos, às vezes, com
forma de tratamentos já apresentadas por outros autores.
Agradecemos ao Centro de Estudos Geotécnicos Arthur Casagrande – CEGAC, de
quem procuramos conservar o espírito de trabalho e pesquisa, em favor da Geotecnia, e a seus
membros, particulares amigos, pelo constante apoio.
Os autores.
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ÍNDICE
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BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................162
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CAPÍTULO 1
1. A MECÂNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA
1.1. Introdução
A Engenharia Civil procurou sempre acompanhar a evolução científica. A dificuldade de um
conhecimento profundo e abrangente em todo o seu campo de atuação exigiu sua divisão em
áreas específicas, consoante, principalmente, aos materiais objetos de estudo. Estas áreas não
tiveram um desenvolvimento paralelo, e algumas evoluíram mais cedo que outras.
-Historicamente, os ramos básicos que primeiro se desenvolveram e que foram, por isso mesmo,
os mais estudados e divulgados são a Teoria das Estruturas e a Hidráulica. O primeiro trabalha
com materiais selecionados, cujos comportamentos são bem conhecidos, entre os quais o
concreto, o aço e a madeira. Este campo utiliza, para solução dos seus problemas, modelos
simples, passíveis de tratamento matemático. A área da Hidráulica estuda os fluidos, em
particular a água, principalmente em ambientes naturais. Os fenômenos hidráulicos podem fugir
a um tratamento matemático, mas a utilização de ensaios em modelos reduzidos permite, quase
sempre, uma adequada análise de seus comportamentos.
Um dos campos básicos da Engenharia Civil que por último se desenvolveu foi a Mecânica dos
Solos. Ela estuda o comportamento do solo sob o aspecto da Engenharia Civil. O solo cobre o
substrato rochoso e provém da desintegração e decomposição das rochas, mediante a ação dos
intemperismos físico e químico. Assim, de maneira geral, por causa da sua heterogeneidade e das
suas propriedades bastante complexas, não existe modelo matemático ou um ensaio em modelo
reduzido que caracterize, de forma satisfatória, o seu comportamento. Para o engenheiro civil, a
necessidade do conhecimento das propriedades do solo vai além do seu aproveitamento como
material de construção, pois o solo exerce um papel especial nas obras de engenharia porquanto
cabe a ele absorver as cargas aplicadas na sua superfície, e mesmo interagir com obras
implantadas no seu interior.
De um modo geral, as características mecânicas do solo, em seu estado natural, devem ser
aceitas e só em casos particulares, com o auxílio de técnicas especiais, podem ser melhoradas.
Atualmente, a Mecânica dos Solos situa-se dentro de um campo mais envolvente que congrega
ainda a Engenharia de Solos (Maciços e Obras de Terra e Fundações) e a Mecânica das Rochas.
Esta área denominada Geotecnia tem como objetivo estudar as propriedades físicas dos materiais
geológicos, solos, rochas e suas aplicações em obras de Engenharia Civil, quer como material de
construção, quer como elemento de fundação.
A Mecânica dos Solos pode ser definida como uma aplicação das leis e princípios da Mecânica e
da Hidráulica aos problemas de Engenharia que lidam com o solo, e a Engenharia de Solos,
como uma utilização dos conceitos da Mecânica dos Solos aos problemas práticos de
Engenharia. Assim, a Engenharia de Solos abrange um campo mais amplo, pois é uma ciência
aplicada e não apenas puramente baseada em conceitos de física e matemática. Ela engloba
disciplinas, tais como: mecânica e dinâmica dos solos, geologia de engenharia, mineralogia das
argilas e mecânica dos fluidos, entre outras.
Pode-se dizer também que a Mecânica dos Solos ocupa, em relação aos solos, posição análoga
àquela que a resistência dos materiais ocupa em relação aos outros materiais de construção.
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Na prática usual, entretanto, os termos Mecânica dos Solos e Engenharia dos Solos geralmente
se confundem.
1.2. Histórico
A Mecânica dos Solos surgiu como ciência em 1925, quando Karl Terzaghi publicou a sua
extraordinária obra "Erdbaumechanik Auf Bodenphysikalisher Grundlage", título este que pode
ser traduzido como "Mecânica das Construções de Terra Baseada na Física dos Solos". Nela,
põe-se em evidência o papel desempenhado pela água, que preenche os poros, no
comportamento dos solos, Historicamente, porém, os precursores de Terzaghi remontam ao
período neolítico (idade da pedra polida: 5.000 a 2.000 anos a.C.) quando, então, se formavam
povoações lacustres apoiadas em estacas, as palafitas. Estas povoações possuíam passarelas que
permitiam a circulação das pessoas entre as habitações e faziam contato com a terra firme. As
passarelas tinham também a função de defesa da povoação em face dos inimigos e animais
vindos da terra, pois eram facilmente destruídas.
Durante muitos séculos, entretanto, o aproveitamento dos solos, como elemento de fundação e
materiais de construção, seguiu dentro do empirismo racional, e da observação de métodos
empregados com êxito, em obras similares.
Poncelet (1840) aplicou a teoria clássica de Coulomb a muros de arrimo com paramentos
inclinados.
Alexandre Colin (1846) publicou um livro que continha observações de campo sobre o
deslocamento de camadas de argilas e a descrição de um aparelho capaz de medir a sua
resistência ao cisalhamento.
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A Mecânica dos Solos recebeu também contribuições de outras áreas. Em 1856, Darcy
estabeleceu a lei que define "o movimento da água em meios porosos". Esta lei é de suma
importância no estudo da percolação da água através dos solos. Neste mesmo ano, surge a
contribuição de Rankine. Nela são aplicadas as equações de equilíbrio interno de maciços
terrosos. Atterberg (1908) estabeleceu os limites de consistência dos solos argilosos, com
utilização na Agronomia. Os limites de Attterberg, tais como são conhecidos na Mecânica dos
Solos, foram introduzidos, tempos depois, por Karl Terzaghi.
Otto Mohr (1914) aplicou aos solos a sua teoria de ruptura dos materiais. Esta teoria lança a ideia
das curvas envolventes, que associadas às proposições de Coulomb, segundo as quais a
envoltória é uma reta, estabeleceu o critério de resistência de Moh-Coulomb, sem dúvida, o mais
utilizado, ainda hoje, na Mecânica dos Solos.
No início do século XX, graças ao avanço técnico alcançado pela Engenharia Civil,
principalmente na área da teoria das estruturas, houve a necessidade de se estudar a Mecânica
dos Solos de maneira mais sistemática. As catástrofes ocorridas em obras projetadas com
requinte em cálculo estrutural tiveram, quase sempre, como causa o mal dimensionamento das
fundações. Na Suécia e na Holanda, países que possuíam estradas e cidades situadas sobre
formações geológicas compressíveis, a necessidade e o interesse pela investigação geotécnica do
subsolo aumentou de tal forma que, em 1913, na Suécia, por exemplo, foi criada a famosa
Comissão Geotécnica das Estradas de Ferro da Suécia. Naquela ocasião, foi feita primeira alusão
ao termo "geotécnico".
Entre 1918 e 1926, Fellenius, célebre engenheiro sueco, inventou o método de estudo de
estabilidade de taludes, em que se considera superfície de escorregamento em forma cilíndrica.
Houve, nessa época, na Suécia, um admirável desenvolvimento na Mecânica dos Solos.
Deve-se ressaltar, durante a fase inicial de desenvolvimento da Mecânica dos Solos, o trabalho
incansável de Terzaghi. Este trabalho não foi só intenso, mas também original. Terzaghi
preocupou-se em enfatizar a importância do estudo das tensões e deformações nos solos.
Estabeleceu a diferença entre pressões totais, efetivas e neutras. Criou a teoria do adensamento,
aplicada a solos saturados. Concebeu e esquematizou ensaios e a respectiva aparelhagem e,
sobretudo, fez sugestões para a interpretação dos resultados conseguidos e sua aplicação aos
diferentes problemas práticos enfrentados pela Mecânica dos Solos.
A Mecânica dos Solos apenas se impôs de forma definitiva a partir de 1936, época da realização
da I Conferência de Mecânica dos Solos na Universidade de Harvard. A partir desta época os
fundamentos e diversos aspectos teóricos da disciplina começaram a ser enunciados, porém
deve-se ressaltar que, a despeito do intenso trabalho já desenvolvido por inúmeros
pesquisadores, muito resta a ser explicado adequadamente. Dessa forma, por ser uma ciência
relativamente nova, a Mecânica dos Solos encontra-se em contínuo e intenso desenvolvimento.
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No estudo do comportamento dos solos, duas linhas de conduta têm sido utilizadas. A primeira
preocupa-se com as propriedades físico-químicas, forças intergranulares, efeito dos fluidos
intersticiais, para, a partir de tais fenômenos, explicar o comportamento dos solos. A segunda
apoia-se na hipótese que considera o solo como um meio contínuo, cuja relação tensão-
deformação fornece subsídios para previsão do comportamento do solo. Nos problemas
geotécnicos de ordem prática, o engenheiro civil deve ter consciência das limitações das teorias
utilizadas, e nunca esperar o valor exato nas grandezas obtidas, senão uma ordem de grandeza.
Neste ponto, um recurso utilizado na mecânica dos solos, como em todas as ciências é consultar
as soluções dadas a problemas análogos, como primeira referência à solução de um problema
proposto. Este recurso dá ao engenheiro a liberdade de escolha de soluções que deverão ser
adaptadas ao problema em estudo, pois nunca há repetição de condições anteriores. Os ensaios
de campo e laboratórios serão, portanto, necessários para fornecer as reais propriedades dos solos
e os dados exigidos nos cálculos de dimensionamento e verificação da solução adotada.
O QUADRO 1 fornece uma relação dos principais problemas pertinentes ao campo da Mecânica
dos Solos.
Fundações rasas
Fundações profundas
O solo como fundação
Fundações em solos moles
Estruturas de arrimo
Suporte dos solos
Silos
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CAPÍTULO 2
2. O SOLO PARA O ENGENHEIRO
2.1. Conceituação
A parte mais externa do globo terrestre, denominada crosta, é constituída essencialmente de
rochas que são agregados naturais de um ou diversos minerais, podendo, eventualmente, ocorrer
vidro ou matéria orgânica.
O significado da palavra solo não é o mesmo para todas as ciências que estudam a natureza. Para
fins de Engenharia Civil, admite-se que os solos são misturas naturais de um ou diversos
minerais (às vezes com matéria orgânica) que podem ser separados por processos mecânicos
simples, tais como agitação em água ou manuseio. Numa conceituação mais simplista, o solo
seria todo material que pudesse ser escavado, sem o emprego de técnicas especiais, como, por
exemplo, explosivos.
Esse material forma a fina camada superficial que recobre quase toda a crosta terrestre e no seu
estado natural apresenta-se composto de partículas sólidas (com diferentes formas e tamanhos),
líquidas e gasosas. Os solos normalmente são caracterizados pela sua fase sólida, enquanto as
fases líquida e a gasosa são consideradas conjuntamente como porosidade. Entretanto, na análise
de comportamento real de um solo, há necessidade de se levar em conta as porcentagens das
fases componentes, bem como a distribuição dessas fases através da massa de solo.
No primeiro caso, temos os chamados solos residuais. Estes são bastante comuns no Brasil,
sobretudo no Centro-Sul. Como exemplo, cite-se a decomposição dos basaltos que origina as
chamadas "terras roxas" ou a decomposição de rochas cristalinas que originam espessas camadas
de solo residual, como acontece freqüentemente na Serra do Mar.
A separação entre a rocha matriz e o solo residual não é nítida, mas sim, gradual. Pode-se
distinguir, pelo menos, duas faixas distintas entre o solo e a rocha: a primeira, localizada
imediatamente sobre a rocha matriz, denominada rocha alterada ou rocha decomposta e a
segunda, logo abaixo do solo, chamada de solo de alteração. A Figura 1 ilustra um perfil de
intemperização típico de rochas ígneas intrusivas.
Se, eventualmente, o produto de alteração for removido de sobre a rocha matriz por um agente
qualquer, tem-se os chamados solos transportados. Segundo os agentes de transporte, os solos
transportados podem ser aluviais (água), eólicos (vento), coluviais (gravidade) e glaciais
(geleiras).
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Os chamados solos orgânicos são formados pela mistura de restos de organismos (animais ou
vegetais) com sedimentos preexistentes. A ocorrência de solos orgânicos se dá em locais bem
característicos, tais como as áreas adjacentes aos rios, as baixadas litorâneas e as depressões
continentais.
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de diâmetro menor que 0,001 mm. Solos cuja maior porcentagem esteja constituída de partículas
visíveis a olho nu ( < 0,074 mm) são chamados de solos de grãos grossos ou solos granulares.
As características e o comportamento desses solos ficam determinados, em última análise, pelo
tamanho das partículas, uma vez que as forças gravitacionais prevalecem sobre as outras.
A forma característica dos solos de granulação fina ( < 0,074 mm) é a lamelar, em que duas
dimensões são incomparavelmente maiores que a terceira. Aparece, às vezes, a forma acicular,
em que uma das dimensões prevalece sobre as outras duas. A Figura 2 mostra duas partículas de
solo fino.
Para descrever o tamanho das partículas, é usual citar a sua dimensão ou fazer uso de nomes
conferidos arbitrariamente a certa faixa de variação de tamanhos. Nesse sentido, existem escalas
que apresentam os nomes dos solos juntamente com a dimensão que eles representam. A Figura
3 apresenta duas escalas elaboradas por duas instituições diferentes: a ABNT e o MIT.
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AREIAS: Têm origem semelhante dos pedregulhos, entretanto, as suas dimensões variam entre
2 mm e 0,05 mm. As areias são ásperas ao tacto, e, estando isentas de finos, não se contraem ao
secar, não apresentam plasticidade e comprimem-se, quase instantaneamente, ao serem
carregadas.
SILTES: Os siltes são solos de granulação fina que apresentam pouca ou nenhuma plasticidade.
Um torrão de silte seco ao ar pode ser desfeito com bastante facilidade.
ARGILAS: São solos de granulação muito fina que apresentam características marcantes de
plasticidade e elevada resistência, quando secas. Constituem a fração mais ativa dos solos.
As argilas, quando secas e desagregadas, dão uma sensação de farinha, ao tacto, e, quando
úmidas, são lisas.
Quanto à constituição química das argilas, pode-se dizer que elas se compõem de silicatos de
alumínio hidratados, podendo ocorrer eventualmente silicatos de magnésio, ferro ou outros
metais, também hidratados.
A estrutura desses minerais é bastante complexa, com seus átomos dispostos em forma laminar,
a partir de duas unidades cristalográficas básicas: uma silícica e uma alumínica. A primeira
consiste numa unidade tetraédrica, com um átomo de silício ao centro, rodeado por quatro de
oxigênio, conforme se mostra na Figura 4. Aparece também nessa figura o símbolo utilizado
para representar essa unidade.
De acordo comas associações que essas unidades venham a ter, podem tornar-se vários tipos de
minerais argílicos, dos quais as caulinitas, as montmorilonitas e as ilitas constituem três grupos
básicos.
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As caulinitas estão formadas pela combinação alternada de uma lâmina silícica e de uma
alumínica, que se superpõem indefinidamente e com um vínculo tal entre suas retículas, que não
é possível a entrada de moléculas de água entre elas. A Figura 6 esquematiza esse arranjo.
Diferentemente das caulinitas, a união entre os retículos é frágil, o que permite a penetração de
água com relativa facilidade. Assim, tais argilas, em presença de água, experimentam expansões,
fonte de inúmeros problemas para a engenharia de solos.
seja afetada fortemente pela água. Tais argilas são bem menos expansivas que as
montmorilonitas. A Figura 8 mostra o arranjo estrutural esquemático das ilitas.
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A identificação dos minerais do tipo argila, presentes num solo, e feita por meio de processos
bastante aprimorados, tais como a análise termo diferencial e a microscopia eletrônica.
Além desses quatro tipos fundamentais de solos existem outros com nomes característicos, tais
como: os loess, os saibros e as turfas, contudo, em verdade, nada mais são do que ocorrências
particulares ou combinações dos tipos já citados.
As turfas ou solos turfosos merecem realce, por serem depósitos de solos orgânicos bastante
compressíveis e que trazem problemas para a Engenharia de Solos. Consistem no primeiro
estágio de formação do carvão e iniciam-se pelo acúmulo de detritos vegetais em depressões,
como, por exemplo, num lago. A sua coloração varia, desde amarela até castanho-escura, e
normalmente apresentam-se com alto teor de umidade.
a - Sensação ao tacto: esfrega-se uma porção de solo na mão, buscando sentir a sua
aspereza. As areias são bastante ásperas ao tacto, e as argilas dão uma sensação de
farinha, quando seca ou de sabão, quando úmidas.
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c - Resistência do solo seco: por causa das forças interpartículas que se desenvolvem nos
solos finos, um torrão de solo argiloso apresenta elevada resistência, quando se tenta
desagregá-los com os dedos. Os siltes apresentam alguma resistência, enquanto as areias,
quando puras, sequer formam torrões.
e - Dispersão em água: coloca-se uma amostra de solo seco e desagregado numa proveta
(100 ml) e, em seguida, água. Agita-se a mistura e verifica-se o tempo para deposição das
partículas. As areias depositam-se rapidamente, enquanto as argilas tendem a turvar a
suspensão e demoram bastante tempo para sedimentar.
Turfas e solos turfosos (solos Cor - geralmente cinza, castanho-escura, preta; partículas
orgânicos) fibrosas, cheiro característico de matéria orgânica em
decomposição; inflamáveis, quando secos, e de pouca a média
plasticidade.
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CAPÍTULO III
3. PROPRIEDADES ÍNDICES
3.1. Introdução
Os solos em a natureza apresentam-se compostos por elementos das três fases físicas, em maior
ou menor proporção.
Para efeito dessa apostila, considera-se como propriedades índices, determinadas características,
tanto da fase sólida, como das três fases, em conjunto, passíveis de mensuração, seja mediante
relações entre as fases ou por meio da avaliação do comportamento do solo, ante algum ensaio
convencional
Os Índices Físicos são relações entre as diversas fases, em termos de massas e volumes, os quais
procuram caracterizar as condições físicas em que um solo se encontra.
A Figura 9a, apresenta um elemento de solo, constituído das três fases, tal como poderia ocorrer
em a natureza. Para melhor visualização e para facilitar as deduções referentes às relações entre
os diversos índices, o elemento de solo é mostrado esquematicamente, com divisão das três
fases, na Figura 9b.
No lado esquerdo da Figura 9b, as fases estão separadas em volumes, e no lado direito, em,
massas.
3.2.1 Definições
As três relações de volumes mais utilizadas são: a porosidade, o índice de vazios e o grau de
saturação.
A porosidade (n) á definida pela relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume total da
amostra (V).
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Vv
n
V
O índice de vazios (e) vazios é definido pela relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume
de sólidos (Vs), isto é:
Vv
e
Vs
O grau de saturação (Sr) representa a relação entre o volume água (Vw) e o volume de vazios, ou
seja:
Vw
Sr
Vv
A relação entre as massas mais utilizadas o teor de umidade (w), que á a relação entre a massa de
água (Mw) e a massa de sólidos (Ms) presentes na amostra:
Mw
w
Ms
Esses índices físicos, como se vê, são adimensionais e, com exceção do índice de vazios (e),
todos os demais são expressos em termos de porcentagem.
As relações entre massas e volumes mais usuais são a massa específica natural, a massa
específica dos sólidos e a massa específica da água.
A massa específica natural (s) ó a relação entre a massa do elemento e o volume desse elemento:
M
V
Por sua vez, a massa específica dos sólidos (s) é determina dividindo-se a massa de sólidos pelo
volume ocupado por estes sólidos, ou seja:
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Ms
s
Vs
Mws
w
Vw
Atribuindo ao volume de fase sólida - o valor unitário (Vs = 1) é possível relacionar os diversos
índices físicos com o índice de vazios. Se VS = 1, então, e = Vv e Vw = Sr.e, e dessa forma tem-
se na Figura 10, o elemento esquemático de solo, em que as massas agora são expressas em
termos de produto entre os volumes e as massas específicas das diversas fases.
A partir dos dados da Figura 10, é possível obter as novas expressões para os diversos índices
físicos, conforme as seguintes relações:
Mw S r e w
w
Ms s
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Vv e
n
V 1 e
M s S r e w
V 1 e
Em função da quantidade de água presente no solo, pode-se definir a massa especifica saturada
(sat), que ocorre quando todos os vazios do solo estão preenchidos com água, ou seja, Sr =
100 %.
s e w
sat
1 e
Da mesma forma, quando o solo se encontra completamente seco (Sr = 0%) sem nenhuma água
em seus vazios, temos a massa específica seca (d):
s
d
1 e
É importante notar que essas duas novas relações estão referidas ao volume natural da amostra
(1 + e), isto é, admite-se, quando se faz matematicamente Sr = 0 % ou Sr = 100 %, que o solo
não experimenta variações de volume. Isto não é o que realmente ocorre na natureza, pois os
solos, ao serem secados ou saturados normalmente passam por variações de volume. A massa
específica natural relaciona-se com a massa específica seca por intermédio da seguinte
expressão:
M s S r e w w
s s
V 1 e 1 e 1 e
Dessa forma, é possível colocar a expressão anterior, em termos de massas, o que é bastante útil,
sobretudo em ensaios de laboratório.
M = Ms (1 + w)
Para relacionar os índices com a porosidade, faz-se, para facilidade de cálculo, V = 1. Da mesma
forma que na Figura 10, temos agora na Figura 11 as massas e volumes para a nova situação.
Como V = 1, tem-se n = Vv e Vw = Sr . n.
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Vv n
e ;
Vs 1 n
Mw S n
w r w ;e
M s (1 n) s
M
(1 n) sr S r n w
V
Toma-se um bloco de solo de forma cúbica, tendo cerca de 8 cm de lado e procura-se torneá-lo
de maneira que se transforme num cilindro. Para tanto, utiliza-se um berço para alisar a base e o
topo, e em seguida o corpo de prova é levado a um torno, onde lhe é dada a forma ci1índrica.
As determinações que se fazem são as medidas do diâmetro e da altura do cilindro para cálculo
do volume e a pesagem do corpo de prova.
b) Teor de Umidade
Toma-se uma porção de solo (cerca de 50 g), colocando-a numa cápsula de alumínio com tampa.
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O conjunto: solo úmido mais cápsula, é pesado com precisão de 0,01 g e, em seguida, a cápsula
destampada é levada a uma estufa para secagem até constância de peso. O tempo de permanência
da cápsula varia em função do tipo de solo; como ordem de grandeza, os solos arenosos
necessitam de cerca de 6 h e os solos argilosos, às vezes, até de 24 horas.
Pesa-se o conjunto solo seco mais cápsula e com a tara da cápsula, determinada de início, pode-
se calcular o teor de umidade por meio da seguinte expressão:
M 2 M1
w
M1 M 0
em que M2 é a massa do solo úmido mais cápsula, M1 é a massa do solo seco mais cápsula, e M0
é a tara da cápsula.
M 2 - M 1 M 'w M s M w ou
M w - M 'w M 1 - M 2 M s M w
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M w
Vs
w
Ms Ms Ms
s w ; s w
Vs M w M1 M 2 M s
Deve-se frisar que normalmente são feitas de três a quatro determinações, fazendo-se variar a
temperatura e acertando o nível de água na marca de referência, com vistas à obtenção de um
valor médio consistente.
Embora a determinação da massa específica dos sólidos seja simp1es, muitas vezes adota-se um
valor médio para resolução de problemas, uma vez que a faixa de variação para os solos de
maior ocorrência é pequena. Para solos arenosos, pode-se adotar s= 26,70 kN/m3
(correspondente ao quartzo) e para solos argilosos s= 27,50 – 29,00 kN/m3.
d) Demais Índices
Como já foi salientado, os demais índices são determinados mediante fórmulas de correlação. A
Tabela III mostra algumas destas correlações disponíveis.
s S r e w s e w s s w d (1 e)
1 e 1 e 1 e 1 e
d (1 w) s (1 w) s (e w) S r e w
1 e (1 e) e w
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Sr e n w
w s s e S r e w
1
e w d 1 e s
1 n s n d nS r w
w 1
n w 1 n s (1 n) s
s d w sw sw S r w ( s d )
w ( s d ) Sr w Sr w s w s d
3.3. Granulometria
A medida do tamanho das partículas constituintes de um solo é feita por meio da granulometria e
a representação dessa medida se dá usualmente por intermédio da curva de distribuição
granulométrica.
A Figura 13 apresenta curvas de distribuição granulométrica de alguns solos. Pode-se notar que
as curvas são desenhadas em gráfico com escala semi-logarítmica. Nas abscissas tem-se o
logaritmo do tamanho das partículas e nas ordenadas, à esquerda, a porcentagem retida
acumulada, ou seja, a porcentagem do solo em massa, que é maior que determinado diâmetro: à
direita, tem-se a porcentagem que passa, isto é, a porcentagem do solo, em massa, que e menor
que determinado diâmetro.
O calculo do tamanho das partículas finas e feito utilizando-se a lei de Stokes, que estabelece ser
a velocidade de queda de uma partícula esférica de peso específico s, num fluido de viscosidade
e peso específico w, proporcional ao quadrado do diâmetro dessas partículas, ou seja:
s w 2
v D
18
Como foi salientado, as partículas finas de solo têm formas bastante diferentes de uma esfera.
Assim, quando se utiliza a lei de Stokes, as partículas finas têm suas dimensões representadas
por um diâmetro equivalente.
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Ressalta-se ainda que as partículas coloidais (diâmetro inferior a 0,0002 mm) não sedimentam,
por causa da ação de forças repulsivas entre elas, o que origina o movimento browniano, de
tratamento bastante complexo.
Como, freqüentemente, os solos são uma mistura de partículas dos mais diversos tamanhos,
costuma-se conduzir conjuntamente os ensaios de peneiramento e sedimentação, ou seja, faz-se
uma análise granulométrica conjunta, para determinação dos diâmetros e das respectivas
porcentagens de partículas que ocorrem num solo.
À experiência tem mostrado que a amostra a ser ensaiada deve conter de 40 a 70 g de sólidos,
passando na peneira #l00 (0,15 mm). Como as partículas finas de solo tendem a aglutinar-se, há
necessidade de dispersá-las com o auxílio de um defloculante (silicato de sódio, hexametafosfato
de sódio, etc.), para que o resultado de ensaio seja efetivamente representativo dos tamanhos de
partículas que ocorrem no solo.
O material retido, após secagem em estufa, e passado por uma bateria de peneiras, com o auxílio
de vibração. Determina-se a massa retida em cada peneira e, em seguida, calculam-se as
porcentagens retidas e as acumuladas. Com esses valores pode-se determinar a parte da curva
granulométrica relativa à fração grossa do solo, utilizando o logaritmo de abertura da peneira e a
porcentagem retida acumulada nessa peneira.
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 28
Dessa forma, a velocidade de uma partícula de diâmetro D, que percorreu uma distância z, num
tempo t, pode ser determinada pela lei de Stokes:
s w 2 z
V D
18 t
18 z
D
s w t
Se admitirmos a uniformidade da suspensão, é óbvio que, após o tempo t, todas as partículas com
diâmetro maior que D, dado pela fórmula anterior, deverão estar a uma profundidade abaixo de
"z" ou, em outras palavras, acima de "z" não haverá partículas de diâmetro maior que D.
Chamando de N a porcentagem de partículas de diâmetro menor que D, pode-se demonstrar que:
s V
N ( i w )
s w M
s Lc
N 100 % , em que Lc = 1000 (i. - 1).
s w M
Dado que as partículas finas são as que mais interferem no comportamento do solo, definiu-se o
diâmetro no sentido de dar medida dessa característica do solo. Assim, o diâmetro efetivo é o
diâmetro tal que 10 % do solo, em massa, tem diâmetros menores que ele. A Figura 14 mostra
quatro curvas granulométricas e para o solo representado pela curva 3 pode-se notar que o
diâmetro efetivo (De) é de 0,12 mm. O coeficiente de não uniformidade (Cu) dá uma ideia da
inclinação da curva granulométrica, e é definido como:
D60
Cu
D10
sendo que D60 tem definição análoga ao diâmetro efetivo. Para a curva 2 da Figura 13,
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0,12
Cu 46
0,026
Um solo em que Cu = 1, é composto de partículas de mesmo tamanho (mal graduado). Por outro
lado, valores de Cu maiores do que a unidade indicam uma variedade no tamanho das partículas,
podendo o coeficiente de não uniformidade atingir valores da ordem de 300 ou 400, no caso dos
solos residuais, sem que isso signifique que o solo seja bem graduado. Um solo bem graduado
apresenta uma distribuição proporcional do tamanho de partículas, de forma que os espaços
deixados pelas partículas maiores sejam ocupados pelas menores. Tais solos, quando bem
compactados, normalmente apresentam alta resistência, o que é de bastante interesse para
aplicações práticas em engenharia.
Deve salientar-se que o diâmetro efetivo e o coeficiente de não uniformidade não são suficientes
para representar sozinhos a curva de distribuição granulométrica, uma vez que curvas distintas
podem ter os mesmos De e Cu , como facilmente é possível visualizar pelas curvas 2 e 4 da
Figura 13. Assim, resulta que somente a curva de distribuição granulométrica pode identificar
um solo quanto à sua textura.
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MECÂNICA DOS SOLOS 30
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MECÂNICA DOS SOLOS 32
Desde épocas remotas, sabe-se que alguns solos ao serem trabalhados e fazendo variar a sua
umidade, atingem um estado de consistência característico denominado estado de consistência
plástico. Em cerâmica, tais solos são chamados de argilas palavra que foi incorporada à
Mecânica dos Solos com o mesmo significado.
Sabe-se também que a forma lamelar das partículas é a responsável pelas características de
plasticidade e de compressibilidade dos solos finos. Por sua vez, a forma dessas partículas é
determinada, em ultima análise, pelo mineral argila, presente, ou seja, ela depende da estrutura
cristalina de cada argilo-mineral Como a estrutura cristalina é própria de cada mineral, seria
lícito supor, que, em função do argilo-mineral presente, cada solo apresentasse distintas
características de plasticidade.
Isso é o que realmente ocorre em a natureza, com os argilo-minerais de estrutura cristalina mais
complexa, tais como as montmorilonitas, apresentando maior plasticidade.
A plasticidade pode ser definida em Mecânica dos Solos, como a propriedade que um solo tem
de experimentar deformações rápidas, sem que ocorra variação volumétrica apreciável e ruptura.
Para que essa propriedade possa manifestar-se, compreende-se que a forma característica das
partículas finas permita que elas deslizem uma por sobre as outras, desde que haja quantidade
suficiente de água para atuar como lubrificante. Entretanto, se a quantidade de água for maior
que a necessária para que tal ocorra, é evidente que se formará uma suspensão, com
características de um fluido viscoso. Ocorreu, portanto, uma alteração do estado de consistência
do solo, assunto que será tratado no próximo item.
Em resumo, pode-se dizer que a plasticidade está associada aos solos finos, e depende do argilo-
mineral e da quantidade de água no solo.
Assim, em função da quantidade de água presente no solto, podem-se ter vários estados de
consistência, os quais, em ordem decrescente de teor de umidade, são:
c - estado semi-sólido: o solo tem a aparência de um sólido, entretanto, ainda passa por
variações de volume, ao ser secado;
d - estado sólido: não ocorrem mais variações de volume, pela secagem do solo.
A passagem de um estado para outro não é repentina, mas sim, gradual o que torna difícil
estabelecer um critério, para demarcar os limites entre os diversos estados. De fato, esses limites
são estabelecidos arbitrariamente, a partir de ensaios padronizados. Os limites de consistência
são também conhecidos como limites de Atterberg que foi quem primeiro se preocupou em
estabelecê-los. As idéias iniciais de Atterberg, baseadas em conceitos estritamente empíricos
permaneceram, entretanto, houve necessidade de realizar algumas modificações na técnica de
obtenção dos limites para que se tivesse um resultado padronizado.
A fronteira convencional entre o estado líquido e o estado plástico (teor de umidade - w) foi
chamado por Atterberg de limite de liquidez (LL ou wL) e a sua obtenção foi padronizada por
Casagrande. A Figura l6 mostra o aparelho de Casagrande, com as dimensões-padrão, para
determinação do limite de liquidez.
A técnica do ensaio consiste em colocar na concha do aparelho uma pasta de solo, que passou na
peneira #40. Faz-se com o cinzel uma ranhura e, em seguida, gira-se a manivela, à razão de duas
revoluções, por segundo, fazendo com que a concha caia em queda livre e bata contra a base do
aparelho.
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Conta-se o número de golpes para que a ranhura se feche, numa extensão de 12 mm, e, em
seguida, determina-se o teor de umidade do solo. O processo é repetido, para diferentes teores
de umidade. Os valores obtidos são lançados em um gráfico semilogarítmico em que as
ordenadas representam os teores de umidade e as abscissas o número de golpes.
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Traça-se a reta nédia, que passa por esses pontos, e determina-se o teor de umidade
correspondente a 25 golpes, o qual será o limite de liquidez do solo. A Figura 17 ilustra a forma
de obtenção do limite de liquidez.
O teor de umidade que determina a fronteira entre o estado plástico e o estado semi-sólido é
chamado de Limite de Plasticidade (LP ou wP).
Para sua determinação, faz-se uma pasta com o solo que passa na peneira #40, e em seguida
procura-se rolar essa pasta, com auxilio da palma da mão, sobre uma placa de vidro esmerilhado,
a fim de formar pequenos cilindros. Quando o cilindro assim formado atingir um diâmetro de 3
mm, e começar a apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-se o teor de umidade do
solo formador do cilindro.
Repete-se a operação algumas vezes, para se obter um valor médio do teor de umidade, o qual
será o limite de plasticidade do solo.
Neste ensaio, se o solo estiver com muita água, obtêm-se cilindros com diâmetros inferiores a 3
mm sem que ocorram fissuras. Será necessário então remoldar o solo e rolá-lo novamente, para
que se vá eliminando a água. até que se consiga o resultado desejado. Em caso contrário (solo
muito seco) é necessário acrescentar água e reiniciar o ensaio, até que se consiga "rolinhos" de
solo que fissurem com um diâmetro de 3 mm.
A observação de que a maior parte dos solos não apresenta redução de volume, quando
submetidos a secagem abaixo do limite de contração, permite determinar esse limite mediante
medida de massa e do volume de uma amostra de solo completamente seca. Quando tal ocorre, o
limite de contração corresponde ao teor de umidade, que satura os vazios da amostra de solo. A
Figura 18 esquematiza a determinação do limite de contração, nesse caso:
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Mw M V 1
LC ; M w (V s ) w ; e LC w ( )
Ms s Ms s
É óbvio que para tal determinação é necessário conhecer a massa específica dos sólidos do solo.
A determinação padronizada deste limite em laboratório é feita, partindo-se de uma pasta de solo
(cujo teor de umidade (w) corresponde, geralmente, a 10 golpes no aparelho de Casagrande) que
é colocada num recipiente do qual se conhece o volume (V).
Em seguida, o solo é deixado secar lentamente, à sombra, e depois é levado à estufa até
constância do peso (Ms). Determina-se o volume do solo seco (V1), utilizando o recipiente
esquematizado na Figura 19, em que se obtém o peso de mercúrio deslocado (MHg):
MH g
V1
13,6
V V1
Lc w w
Ms
Como é possível observar, o LC assim determinado depende do teor de umidade inicial (w) do
ensaio.
A partir dos limites de consistência, são calculados vários índices, dentre os quais sobressaem os
índices de plasticidade (IP) e de consistência (IC) por causa de sua maior utilização na prática.
IP LL LP
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Tal índice tenta medir a maior ou menor plasticidade do solo, e fisicamente representaria a
quantidade de água que seria necessário acrescentar a um solo, para que ele passasse do estado
plástico ao líquido.
LL w
IC
LL LP
Esse índice busca situar o teor de unidade do solo no intervalo de interesse para a utilização na
prática, ou seja, entre o limite de liquidez e o de plasticidade. Entretanto, tem-se notado que tal
índice não acompanha, com fidelidade, as variações de consistência de um solo, fazendo com
que esteja gradativamente caindo em desuso.
Exercício 1:
Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso apresenta altura H = 12,5 cm, diâmetro d =
5,0 cm e massa m = 478,25 g a qual, após secagem, reduz a 418,32 g. Sabendo-se que a massa
específica dos sólidos, , é 26,49 kN/m3, determinar:
a) A massa específica aparente seca ( );
b) O índice de vazios ( );
c) A porosidade ( );
d) O grau de saturação ( );
e) O teor de umidade ( ).
Resolução:
Dados:
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b) índice de vazios ( );
logo,
c) porosidade ( );
d) grau de saturação ( );
e) teor de umidade ( );
Exercício 2:
Calcular a porosidade, n, para um solo que apresenta Sr = 60%, γs = 27,00 kN/m3 e w = 15 %.
Qual é o peso específico desse solo?
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Exercício 3:
Uma amostra de solo apresenta n = 48 %, w = 21 % e γs = 26,19 kN/m3. Calcular os demais
índices físicos.
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Tendo todas essas massas e volumes, podemos calcular o restante dos índices físicos.
Exercício 4:
Um solo apresenta LP = 10%, IP = 15% e γd = 17,17 kN/m3. Determinar a quantidade de água
que 1 tonelada desse solo absorve ao passar do estado plástico para o líquido.
Resolução:
Mw
w ; W=0,10; 0,10 x Ms = Mw.
Ms
Mtotal = Mw + Ms; Mtotal = 1,10 x Ms;
1000 kg = 1,1 x Ms; Ms = 909,09 kg; Mw = 90,91 kg;
Estado plástico para estado líquido absorve 15% da massa de sólidos em água (IP = 15%).
0,15 = Mwabsorvida/Ms; Mwabsorvida = 0,15 x 909,09; Mwabsorvida = 136,36 kg.
Exercício 5:
Uma lama, γ = 11,67 kN/m3, contendo 25 % em massa de sólidos, é colocada em um reservatório
para deposição dos sólidos. Após a sedimentação total, uma amostra indeformada do sedimento é
retirada tendo o volume de 36,0 cm3 e massa de 53,0 g. Após a secagem em estufa a amostra
pesou 23,5 g. Determinar:
a) Massa específica dos sólidos.
b) Índice de vazios e a porosidade da lama.
c) Relação entre o volume do sedimento depositado e o volume inicial da amostra.
Resolução:
Em 1 m³, 11,67 kN respresenta a Mtotal, que é Ms + Mw. Sendo 25% é massa de sólidos,
resulta que:
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Vv 0,8922
b) e 8,276
Vs 0,1078
Vv 0,8922
n 89,22%
V 1
c) O material sedimentado tinha Ms = 23,5 g, teoricamente isso representaria 25 % da Mtotal,
nesse caso Mtotal inicial seria igual a 94 g. Levando em consideração os dados fornecidos:
γ = 11,67 kN/m3 (1,1896 g/cm³).
M inicial 94
Vlama 79,02cm ³
Vlama 1,1896
Vsed 36 Vsed
0,4556;
Vlama 79,02 Vlama
Exercício 6:
Classificar uma areia, quanto à compacidade, sabendo-se que emáx = 1,20 e emin = 0,42. Sabe-se
que uma cápsula com uma amostra da areia saturada cuja massa foi de 68,959 g e que depois de
seco o conjunto (solo e cápsula) passou a ter a massa de 62,011 g. A tara da cápsula é de 35,046
g e o valor da massa específica dos sólidos, γs, é igual a 26,00 kN/m3. Calcular a porosidade, o
teor de umidade e a massa específica seca.
Resolução:
n
,onde e =
1 n .
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Exercício 7:
Uma amostra de areia de praia, saturada com água do mar, tem volume de 87,00 cm3 e uma
massa de 180 g. A massa específica dos grãos, γs, é de 26,39 kN/m3. Admitindo-se γsal = 12,75
kN/m3 (massa específica da água salgada) calcular:
a) ; b) ; c) ;
Onde: Mw = massa da água pura;
M = massa do sal;
Ms = massa dos sólidos.
Resolução:
s = 26,39 kN/m³ (2,69 g/cm³); sal = 12,75 kN/m³ (1,30 g/cm³);
180 = 2,69 x A + 1,30 x B; A + B = 87 cm³; A = 87 – B;
(87 – B) x 2,69 +1,30 x B = 180; 1,39 x B = 54,03; B = 38,87 cm³; A = 48,13 cm³;
Mw + M = 38,87 x 1,30; Mw + M = 50,531 g;
Ms = 48,13 x 2,69; Ms = 129,47 g;
Mw = 50,531/1,30; Mw = 38,87 g;
M = 50,531 – 38,87; M = 11,66 g;
Mw 38,37
a) 0,300 ;
M s 129,47
M w M 50,531
b) 0,390 ;
Ms 129,47
Mw 38,37
c) Mw 0,275
M s M 129,47 11,66 .
Exercício 8:
Um solo cujo γ = 17,17 kN/m3 e w = 45% foi deixado secar até que γ = 14,72 kN/m3. Admitindo
que não houver variação de volume e que o peso específico dos sólidos, γs, é 27,52 kN/m³, pede-
se determinar:
a) O novo teor de umidade do solo (w).
b) Os demais índices físicos (Sr, n, e, γd).
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Resolução:
γantes = 17,17 kN/m3; W = 45%; γdepois = 14,72 kN/m3; γs, = 27,52 kN/m³;
Wantes = Mw/Ms; 0,45 x Ms = Mw;
Mtotal = Mw + Ms; Mtotal = 1,45 x Ms;
Para 1 m³ de solo temos 17,17 kN, logo:
Ms = 17,17/1,45; Ms = 11,8414 g;
Como podemos perceber γ = Ms x (1 + W);
a) γdepois/Ms = (1 + W); (14,72/11,8414) – 1 = W; W = 24,31%;
Exercício 9:
Supondo que um solo com IP = 22% passou do limite de liquidez para o limite de plasticidade,
que quantidade de água foi retirada desse solo (admita que 1 m3 desse solos pese 1520 kgf).
Dado γs = 27,47 kN/m3.
Resolução:
22% da massa de sólido é a quantidade de água que foi retirada desse solo, logo:
Ms = 0,2889 x 2800; Ms = 808,89 kg;
Mw = 808,89 x 0,22; Mwretirada = 177,96 kg;
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Exercício 10:
Calcular a quantidade de solo e de água que devem ser utilizados para moldar um corpo de prova
cilíndrico de 10,0 cm de diâmetro e 20,0 cm de altura, sabendo-se que o solo se encontra com um
teor de umidade de 9% e que o corpo de prova deverá ter γ = 20,11 kN/m3 e W = 18%.
Resolução:
Mw
w M w 0,18 M s M total M w M s M total 1,18 M s
Ms
Ms = Mtotal/1,18; Ms = 3220,05/1,18; Ms = 2728,86;
Agora encontramos a massa total caso o solo estivesse:
W = 0,09; Ms x 0,09 = Mw; Mtotal` = (Mw + Ms) = 1,09 x Ms;
Mtotal` = 1,09 x 2728,86; Mtotal` = 2974,45, essa é a massa total utilizada do solo com 9%;
Com W = 18%, temos Mw = Mtotal – Ms; Mw = 3220,05 – 2728,86; Mw = 491,19;
Com W = 9%, temos Mw` = Mtotal` – Ms; Mw` = 2974,45 – 2728,86; Mw` = 245,59;
A quantidade de água adicionada é a diferença entre Mw – Mw’,
Mw = Mw’ – Mw; Mw = 245,60 g.
Exercício 11:
Deseja-se construir um aterro com volume de 100.000 m3, γ = 17,66 kN/m3, W = 15%. A área de
empréstimo apresenta um solo com γs = 26,49 kN/m3 e n = 58%. Qual o volume a ser escavado
para se construir o citado aterro?
Resolução:
Mw
w M w 0,15 M s M total M w M s M total 1,15 M s
Ms
Msaterro = Mtotal/1,15; Mtotal = 100.00 m³ x 17,66 kN/m³; Mtotal = 1766000 kN;
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12. Uma amostra de solo úmido tem volume de 52,3 cm3 e pesa 74,2 g. Depois de seca em estufa
passa a pesar 63,3 g. Adotar γs = 26,19 kN/m3 e calcular: Sr, w, e e.
Resolução:
M w 10,9
w 0,1721 17,21%
M s 63,3
Vw 10,9
Sr 0,3811 38,11%
Vv 28,6
M M 63,3
Vs Vs 23,70cm³
Vs 2,67
Vv 52,3 23,70
e 1,206
Vs 23,70
13. Uma amostra indeformada de uma argila orgânica saturada tem um volume de 17,4 cm3 e
massa 29,8 g; após secagem em estufa a 105oC o seu volume passou a 10,5 cm3 e a massa a
19,60 g. Calcular:
a) Teor de umidade, w;
M 29,8 19,6 10,2
w w 0,52 52%
Ms 19,6 19,6
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Vw = 10,20-(17,4-10,5) = 3,3cm³
Vs = 10,5-3,3 = 7,2 cm³
V 10,2
e v 1,417
Vs 7, 2
M s 19,60
s 2,722 g/cm³ s = 26,71 kN/m³
Vs 7, 2
M s 19,60
d 1,1264 g/cm³ d = 11,05 kN/m³
Mt 17,4
M t 19,60
1,867 g/cm³ = 18,31 kN/m³
Mt 10,5
M s 29,80
sat 1,713 g / cm³ sat = 16,80 kN/m³
Vs 17,4
Vv 3,3
e 0,46 46%
V s 7, 2
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CAPÍTULO IV
4. ESTRUTURA DOS SOLOS
4.1. Introdução
Define-se a estrutura do solo como a forma pela qual estão dispostas as suas partículas,
formando um agregado. Na verdade a estrutura constituiria a propriedade que proporciona a
integridade do solo, o que torna o conceito mais amplo e abrangente. Dentre os principais
componentes da estrutura do solo, destacam-se então: a mineralogia, o tamanho e arranjo físico,
bem como as proporções relativas das partículas; tamanho dos poros e distribuição das fases
fluidas nesses poros; a química das três fases constituintes do solo, com ênfase nas forças
existentes entre as partículas.
Essas estruturas são chamadas do tipo intergranular e a força que atua (prevalece) quando do
processo da sedimentação, é a de gravidade (peso próprio dos grãos).
emax enat
Dr 100 %
emax emin
Nessa expressão: emax é índice de vazios correspondente ao estado mais fofo possível; emin é o
índice de vazios correspondente ao estado mais compacto possível e; enat é o índice de vazios
natural. A compacidade relativa pode ser obtida em laboratório, se bem que existe uma série de
divergências acerca da forma do executar o ensaio. Um dos mais utilizados métodos atualmente,
é o D 2049-69 da ASTM (ASTM Test for Relative Density of Cohesionless Soils – ref. 01).
Atualização:09/05/2016
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As concepções clássicas acerca da estrutura dos solos finos devem-se a Terzaghi que sugeriu a
estrutura alveolar e a floculenta.
Na estrutura alveolar, característica de solos com partículas da ordem de 0,02 mm, a força da
gravidade e as forças de superfície quase se equivalem. As partículas sedimentando em água ou
em ar podem aderir-se tendendo a formar uma estrutura semelhante a um favo de mel de abelhas,
conforme se mostra na Figura 21.
No caso de partículas menores que 0,02 mm, estas não sedimentam isoladamente por causa do
seu pequeno peso. Entretanto, estas partículas ainda em suspensão podem vir a tocar-se e unir-se,
formando grumos de peso maior que podem vir a sedimentar. Comp1etada a sedimentação, o
diversos grumos formam a chamada estrutura floculenta, semelhante alveolar, nas agora os
alvéolos são com postos por esses grumos, conforme se mostra na Figura 22.
Como em a natureza o processo de sedimentação envolve partículas dos mais diversos tamanhos,
as estruturas anteriormente descritas raramente ocorrem isoladamente.
A estrutura composta formada por grãos grossos e por conjuntos de partículas finas que
proporcionam uma ligação entre as diversas partículas. A estrutura mostrada na Figura 23 ocorre
freqüentemente quando a sedimentação se dá em ambiente marinho ou lacustre, com acentuada
concentração de sais.
Interpretações mais recentes sugerem novas idéias sobre o mecanismo de formação da estrutura
floculada.
Imaginando partículas de solo fino sedimentado em meio aquoso, tem-se que essas partículas
carregadas negativamente podem estar envolvidas por cátions, os quais estarão livres (os mais
distantes) ou adsorvidos. Isso gera potenciais de atração e de repulsão que tendem a variar com a
distância, com a concentração de íons e com a temperatura. Dessa forma, em função desses
potenciais de atração e repulsão, podem originar-se situações distintas, como a que ocorre no
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estado disperso, em que as forças de repulsão fazem com que as partículas se sedimentem
separadamente, e adotem uma disposição paralela.
Como é fácil visualizar, nota-se que as estruturas dos solos finos, dada a forma e a disposição das
partículas que as compõem, são bastante porosas, isto é, possuem um grande volume de vazios, o
que confere a esses solos uma considerável compressibilidade. O aumento de peso graças à
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disposição de novas camadas, faz com que seja reduzido o volume de vazios, com a conseqüente
expulsão da água contida nesses vazios.
Compreende-se intuitivamente, que qualquer acréscimo de cargas (por causa de uma construção,
por exemplo) sobre um solo deste tipo, tenderá a provocar uma diminuição do volume de vazios,
dada a expulsão da água, uma vez que para a faixa de pressões normalmente utilizadas na
prática, as partículas sólidas do solo são praticamente incompressíveis. Tal fenômeno, de
particular interesse para a Engenharia, constitui o fenômeno de adensamento do solo, que será
tratado futuramente (CAPITULO IX).
A maior ou menor perda de resistência de uma argila, que ocorre pelo amolgamento, é medida
pela sensibilidade dessa argila que é definida, como a relação entre resistências à compressão
simples (CAPITULO XIII) do estado indeformado e do estado amolgado, isto é:
Rc
St
Rc'
St 1 sem sensibilidade
2 St 4 pequena a média sensibilidade = 1
St 8 extra sensíveis
Uma amostra amolgada comprime mais que a amostra indeformada, embora o seu índice de
compressão (CAPTTULO IX) seja menor. O que realmente ocorre e que o amolgamento elimina
o pré-adensamento do solo e este passa agora a comprimir-se sob efeito de seu próprio peso.
Outra alteração importante é com referência à permeabilidade, que se torna menor, quando o
solo é amolgado.
4.5. Tixotropia
A recuperação da resistência perdida pelo efeito do amolgamento recebe o nome de tixotropia.
Quando se revolve a argila, desequilibra-se as forças interpartículas, porém, permanecendo a
argila em repouso, gradualmente, os potenciais de atração e repulsão tendem a um estado de
equilíbrio mais estável, de maneira a recompor parte da resistência inicial.
O efeito da tixotropia é mais flagrante nas argilas montmoriloníticas. Tal propriedade encontra
grande utilização na prática como, por exemplo, na estabilização dos furos de paredes diafragma,
dos furos de sondagens e de poços de petróleo por meio do emprego de1amas bentoníticas.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 51
CAPÍTULO V
5.1. Introdução
Tem havido na Mecânica dos Solos um considerável esforço no sentido de criar um sistema de
classificação que, de fato, permita o agrupamento de solos dotados de características similares,
quer sob o aspecto genético, quer de comportamento. A grande variedade de sistemas de
classificação existente procura, quase sempre em bases mais ou menos arbitrárias encontrar um
princípio qualificador universal que possibilite agrupar a grande variedade de solos existentes em
classes, com o objetivo de não só facilitar os estudos de caracterização, senão também antever o
comportamento diante das solicitações, a que serão submetidos.
Diferentemente das outras ciências deve interessar à Mecânica dos Solos um sistema de
classificação que prefira o comportamento dos solos à sua constituição, à origem, à formação etc.
Não se quer, com isso, criar um desinteresse por estes últimos aspectos. Eles terão uma
considerável importância à medida que interferirem de forma significativa no comportamento do
solo.
Sob o aspecto mais prático pode-se dizer que é necessário haver várias classificações, que
possam atender mais especificamente aos vários campos da Geotecnia. Pode-se imaginar que
um sistema de classificação que atenda aos interesses da área de estradas não pode atender com a
mesma eficiência a área de fundações.
Em resumo, devem-se utilizar os sistemas de classificação existentes, com certa reserva, tendo
em conta para que fim o sistema foi proposto e sobre que solos o processo foi elaborado. Ainda
sob este último aspecto pode-se dizer que nós brasileiros devemos ter um cuidado maior, visto
que os países criadores destes sistemas de classificação possuem climas bem diferentes do nosso,
e portanto solos com condições particulares.
Vale ainda lembrar os comentários de Nogami, referentes aos sistemas de classificação. Segundo
este autor, nos países de origem, geralmente do Hemisfério Norte com climas temperados, a
fração areia e silte é quase totalmente composta por quartzo, enquanto nos solos tropicais pode
ocorrer minerais como feldspatos, micas, limonitas, magnetita, ilmenita etc., além de fragmentos
de rochas e concreções lateríticas e que, por vezes, o mineral quartzo pede mesmo estar ausente
da fração areia de muitos destes solos.
De acordo com o que se espera dos sistemas de classificação, eles devem obedecer aos seguintes
quesitos.
a. ser simples, facilmente memorizável e permitir uma rápida determinação do grupo a que
o solo pertence, permitindo a classificação por meio de processos simples de análise
visual e táctil;
b. ser flexível, para tornar-se geral ou particular, quando o caso exigir;
c. ser capaz de permitir uma expansão a "posteriori", permitindo subdivisões.
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 52
Foi proposta com a finalidade de ser usada em problemas de estradas; divide os solos em três
categorias, a saber::
A composição granulométrica do solo, como foi visto no Capítulo III. não só corresponde à sua
aparência visual e sensível, como determina, especialmente para os solos grossos, as
características de seu comportamento.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 53
Esta última afirmação deve ser analisada com maior rigor, pois sabe-se que as definições não
deveriam ser baseadas simplesmente nas frações preponderantes, porquanto nem sempre são elas
que ditam o comportamento de um solo. Neste caso, preferindo-se agrupar os solos quanto ao
comportamento em detrimento da constituição, a classificação deveria denominá-lo de acordo
com a fração mais ativa, no seu comportamento.
Embora hoje recomendada mais para os solos grossos, a classificação granulométrica tornou-se
universalmente empregada. Não existe entretanto uma concordância entre os geotécnicos quanto
ao intervalo de variação dos diâmetros de cada uma das frações que compõem os solos. A Figura
25 dá uma idéia deste fato.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 54
Esta classificação apresentada por Arthur Casagrande, em 1942, visava classificar os solos com
o propósito de utilizá-los na construção de aeroportos, razão pela qual é conhecida também como
classificação para aeroporto. Foi depois adotada pelo U.S. Corps of Engineers que lhe deu o
nome e a divulgou.
Cada solo é representado por duas letras: um prefixo e um sufixo. O prefixo é uma das
subdivisões ligada ao tipo; o sufixo, às características granulométricas e à plasticidade.
Os materiais terrosos são divididos em duas grandes classes: material grosso (solos tendo mais
de 50 % retidos na # 200) e material fino (solos tendo mais de 50 % passando na # 200).
A classe dos materiais grosseiros foi dividida em dois grupos: pedregulhos e areias,
representados pelos prefixos G (gravel) e S (sand) - iniciais de suas classificações em Inglês,
respectivamente.
Cada um destes dois grupos foi dividido em quatro subgrupos, representados pelos seguintes
sufixos:
Os materiais do tipo "W" possuem diferentes coeficientes de não uniformidade, Cu, com valores
até acima de 20 e os materiais do tipo "P", geralmente inferiores a 5.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 55
Podem-se obter por meio da combinação destas letras os seguintes subgrupos: GW; GP; CC; GF;
SW; SP; SC; SF.
A classe dos materiais finos foi dividida em três grupos:silte e areia muito fina, argila inorgânica
e silte e argilas orgânicas, representados pelo prefixo M (Mo); C (Clay) e O (Organic),
respectivamente. Cada um destes grupos é subdividido em dois subgrupos representados pelos
sufixos:
Pode-se obter com a combinação destas letras os seguintes subgrupos: ML; MH: CL; CH: OL; e
OH.
Alem dos subgrupos já citados existe um outro tipo de solo que não se enquadra em nenhum
deles, e são os solos turfosos, contendo elevado teor de matéria orgânica, e tendo alta
compressibilidade. Este subgrupo foi designado pela sua abreviatura em Inglês Pt (Peat).
Para uma visualização mais fácil da classificação dos solos finos, pode-se lançar mão da carta de
plasticidade. Nela, apresenta-se uma variação do limite de liquidez, abscissas, e, em função do
índice de plasticidade, ordenadas, A carta é dividida em regiões limitadas por duas linhas. A
primeira, linha A com a equação: IP - 0,73 (LL-20) separa os solos orgânicos dos inorgânicos. A
segunda, Linha B, paralela ao eixo das ordenadas, tem equação: LL = 50. À sua direita situam-se
os solos de alta compressibilidade; à sua esquerda, os de baixa compressibilidade.
Quando um material cai em uma zona fronteiriça, entre duas regiões pode-se classificá-lo com
letras dobradas (como CL - ML por exemplo), urna vez que ele não possui características
específicas de determinada região. Os Quadros IV, V e VI resumem a classificação U.S. Public
Roads (Unificada) e a Figura 27 mostra a carta de plasticidade.
A classificação HRB provém de uma adaptação da classificação do U.S. Public Roads. Ela
fundamenta-se na granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade dos solos. Tal como
a classificação do Public Roads, ela foi proposta com o objetivo de ser usada na área de estradas.
Algumas modificações foram introduzidas na classificação original, entre as quais a criação do
chamado índice de grupo, número inteiro com intervalo de variação entre 0 e 20.
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O índice de grupo estabelece a ordenação das solos dentro de um grupo, conforme suas aptidões.
sendo pior o solo que apresentar maior índice de grupo, como, por exemplo, o solo A4(7) é
melhor do que o solo Á4(9).
Pode-se determinar o IC por meio da fórmula abaixo ou com o uso dos gráficos da Figura 28.
a - porcentagem do solo que passa na malha 200 (ASTN) menos 35. Se a porcentagem for
menor do que 35, adota-se 33 e se for maior do que 75 adota-se 75. Desta forma. estabelece-
se um número inteiro cujo intervalo de variação é de 0 a 40.
a (% #200) 35
b - porcentagem do solo que passa na malha 200 (ASTM) menos 15. Se a porcentagem for
menor do que 15, adota-se 15, e se for maior do que 35, adota-se 35. Desta forma, cria-se um
número inteiro com intervalo de variação entre O e 40.
b (% 200) 15
c - valor do limite de liquidez do material menos 40. Se o valor de LL for maior que 60,
adota-se 60 e se for menor que 40, adota-se 40. Assim, cria-se um número inteiro, variando
de O a 20.
c LL 40
d - valor do índice de plasticidade do material menos 10. Se este valor for menor do que 10,
adota-se 10 e se for maior do que 30, adota-se 30. Estabelece-se, deste modo, um número
inteiro com intervalo de variação entre O e 20.
d IP 10
Os solos são classificados em 7 grupos, de acordo com a granulometria (# 10, 50, 100, 200) e de
conformidade com os intervalos de variação dos limites de consistência e índice de grupo.
O Quadro VII fornece um resumo das características de cada grupo. A classificação é feita da
esquerda para a direita do quadro, e pode-se notar os seguintes aspectos:
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Grupo AI: Pedregulho e areia grossa bem graduados, com pouca ou nenhuma plasticidade.
Grupo A2: Pedregulho e areia grossa bem graduados, com material cimentante de natureza
friável ou plástica.
Grupo A4: Solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e de argila.
Grupo AS: Solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e de argila, rico cm
mica e diatomita.
Grupo A6: Argilas siltosas medianamente plásticas com pouco ou nenhum material grosso.
Caso o solo se enquadre no grupo A-7, deve-se verificar se ele pertence ao subgrupo A-7-5 ou A-7-6.
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MECÂNICA DOS SOLOS 61
Limites de consistência
Limite de Liquidez (LL)
Determinação nº 1 2 3 4 5
Cápsula nº 80 95 32 100 5
Massa bruta úmida g 18.956 15.134 15.140 16.812 16.271
Massa bruta seca g 15.098 12.391 12.438 13.796 13.386
Tara da cápsula g 9.950 8.565 8.515 9.333 8.896
Teor de umidade %
Número de golpes 15 20 26 30 35
Limite de Plasticidade (LP)
Determinação nº 1 2 3 4 5
Cápsula nº P02 P52 64 23 7
Massa bruta úmida g 13.015 10.717 9.157 8.800 7.813
Massa bruta seca g 12.838 10.506 9.018 8.642 7.683
Tara da cápsula g 12.407 9.998 8.677 8.249 7.360
Teor de umidade %
Calcular o teor de umidade médio para determinar LL, LP e IP e com esses dados, classificar o
solo utilizando os sistemas HRB e USC.
RESULTADOS
LL 69 % LP 41 % IP 28 %
76.0
74.0
Teor de umidade (%)
72.0
70.0
68.0
66.0
64.0
62.0
10 Número de golpes 100
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 64
a (% #200 ) 35 b (% 200) 15 c LL 40 d IP 10
a = 75-35 = 40 b=55-15 = 40 c=60-40 = 20 d=29-10 = 19
IG=0.2*40+0.005*40*20+0.01*40*19 = 19.0 Solo A-7
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CAPÍTULO VI
6.1. Definições
Por outro lado, as tensões normais , que se desenvolvem em qualquer plano, serão suportadas,
parte pelo esqueleto sólido e parte pela fase fluida. Particularmente. no caso dos solos saturados,
teríamos uma parcela da tensão normal atuando nos contactos interpartículas e a outra parcela
atuando como pressão na água existente nos vazios.
A pressão que atua na água intersticial chamada de poropressão (u) e a sua origem pode-se dar
pelas mais variadas razões, algumas delas bastante complexas, como, por exenp1o, pelo
cisalhamento ou adensamento de solo. A situação mais simples é a que ocorre pela submersão do
solo, Figura 29.
Neste caso, como os poros se interligam, a água intersticial está em contato com a água situada
sobre o solo e, portanto, a poropressão em qualquer ponto do plano a - a será igual à pressão
hidrostática.
u w hw w (h1 h2 )
A pressão que atua nos contactos interpartículas é denominada tensão efetiva (') e é a que
responde por todas as características de deformação e resistência do arcabouço sólido do solo.
A seguinte relação constitui um princípio da Mecânica dos Solos e vale para qualquer solo
saturado, independente da área de contacto entre as partíu1as:
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' u
Portanto, a tensão efetiva (') corresponde à diferença entre a tensão total () e a poropressão
(u).
Vale ressaltar ainda que as considerações aqui feitas, se aplicam somente ao caso em que não
haja movimento de água no solo e que a poropressão é hidrostática, i.e., tem a mesma
intensidade em qualquer direção.
6.2. Implicações
Seja o elemento de solo da Figura 30, comprimido por tensões iguais, em todas as faces.
A variação de volume a que o elemento de solo estará sujeito não fica determinada pela tensão
normal total () aplicada, como poderia ser à primeira vista, mas sim pela tensão efetiva. Isso
pode ser exposto por meio da seguinte expressão:
V
C ( u )
V
Como se pode notar, uma variação de volume pode ocorrer sem que haja aumento de tensão total
sabre o solo; basta que haja uma variação da poropressão. Tal conclusão permite explicar os
recalques a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre solos de baixa permeabilidade, e que
ocorrem ao longo do tempo. A tensão total aplicada pelo peso da estrutura é suportada
primeiramente pela água intersticial, e só à medida que esse acréscimo de pressões na água for
dissipado (pela expulsão da água dos vazios.que se dá lentamente) é que o arcabouço sólido
passa a suportar as tensões. Assim, ocorre uma variação na poropressão, o que provoca uma
variação de volume do solo e, conseqüentemente, o recalque da estrutura (Capítulo IX).
No tocante à resistência dos solos (Capítulo XIII), tem-se que ela é diretamente influenciada pelo
atrito que se desenvolve nos contatos interpartículas. Tal atrito, é obviamente função das forças
normais interpartículas em vez de força normal total (que atua também na água intersticial).
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Seja o perfil de solo esquematizado na Figura 29.Á tensão total () no plano a – a se deverá à
contribuição do peso de água e do peso de solo:
w h1 sat h2
u w (h1 h2 )
A massa específica submersa ou efetiva ('), que corresponde à diferença entre a massa efetiva
saturada do solo e a massa específica da água, permite calcular a tensão efetiva, em qualquer
plano de um solo submerso.
O valor de ' pode ser obtido, também, tendo em conta o Princípio de Arquimedes. Veja a Figura
31 em que se fez o volume da amostra igual a 1.
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0_____________________________________________________
Areia siltosa variegada
W = 19%, e = 0,86
3- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - \/ - N.A.
s = 26,18 kN/m³, Sr =100%
5______________________________________________________
Resolução:
Prof. 0-3 m
Ms
s , analisando um volume de 1m³ (Vs), temos 26,18 kN (Ms),
Vs
Vv V
e 0,86 v Vv 0,86m³
Vs 1m³
Vtotal = Vs + Vw + Var; Vtotal = 1m³ + 0,51m³ + 0,35m³; Vtotal = 1,86m³;
Mw
w= 9,81 KN/m³ (1g/cm³); w ; Vw = 4,97/9,81; Vw = 0,51 m³;
V twl
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Mws 4,97
w= 9,81 KN/m³ (1g/cm³); w Vw 0,51m ³
Vw 9,81
M total 31,15
16,75kN / m³
V total 1,86
Prof. 3-5 m
Analisando novamente um volume de 1m³ (Vs), temos Ms = 26,18 kN, e como Sr = 100% temos
que Vv=Vw;
Logo Vw = 0,86 m³,
Mw
w ; Mw = 0,86 x 9,81; Mw = 8,43 kN,
V twl
Prof. 5-11 m
Mw
w ; Vw = 10,8/9,81; Vw = 1,10 kN/m³,
Vw
Novamente Vw=Vv,
Vv + Vs = 1,10 + 1,0; Vtotal = 2,10 m³,
Mtotal = 10,8 + 27,0; Mtotal = 37,8 kN,
M 37,8
3 ; 3= 18,00 KN/m³.
V 2,10
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 70
Cota – 5
= 50,25 + 18,61 x 2 = 87,47 kPa
u = 0 + 10 x 2 = 20 kPa
' = 87,47 – 20 = 67,47 kPa
Cota – 11
= 87,47 + 18,0 x 6 = 195,47 kPa
u = 20 + 10 x 6 = 80 kPa
' = 195,47 - 80 = 115,47 kPa
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 71
CAPÍTULO VII
7.1. Introdução
Os esforços no interior de certa massa de solo são produzidos, genericamente, pelas cargas
externas aplicadas ao solo e pelo peso do próprio solo. As considerações acerca dos esforços
introduzidos por um carregamento externo são bastante complexas e o seu tratamento,
normalmente se dá, a partir das hipóteses formuladas pela teoria da elasticidade.
No caso das tensões ocasionadas pelo peso próprio do solo (tensões geostáticas), é fácil verificar
que, se a superfície do terreno for horizontal, as tensões totais, a uma profundidade qualquer, são
obtidas considerando apenas o peso do solo sobrejacente (Figura 32 a).
Sendo a superfície do terreno horizontal, não existem tensões de cisalhamento nos planos
horizontais, e dessa forma a tensão vertical total gerada pelo solo é uma tensão principal.
v i zi
O valor de i considerar será a massa específica natural ou a saturada, dependendo das condições
em que o solo se encontre.
Estando o solo submerso, pode-se calcular a tensão total (), a poropressão (u) e a tensão efetiva
(') conforme se mostrou no ítem 3 do Capítulo VI.
Vale lembrar que a tensão efetiva (') num plano qualquer. poderá ser calculada diretamente,
utilizando as massas específicas submersas dos solos sobrejacentes ao plano considerado.
É de fundamental importância notar que no elemento de solo (da Figura 32 a), além da tensão
vertical, por causa do peso próprio, também ocorrem tensões horizontais, que sã uma parcela da
tensão vertical atuante, ou seja:
h K v
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 72
Quando não ocorrem deformações na massa de solo, tem-se o coeficiente de repouso (K = K0)
que pode ser determinado pela Teoria da Elasticidade, admitindo o solo como homogêneo e
isótropo. Veja a Figura 32 a.
v h h
x 0
E E E
v K 0 h K 0 v
0 portanto: K0
E E E 1
No caso da superfície do terreno não ser horizontal, considerando o caso de talude infinito, como
mostrado na Figura 33 (a), tem-se que o peso da coluna de solo (P) tem a mesma linha de ação
da resultante R, uma vez que Fe e Fd são iguais por estarem à mesma profundidade e terem a
mesma linha de ação para que haja equilíbrio estático. Disso resulta que R=P.
P=Bh
N= P cos(i) e T = P sen(i)
Tais forças agem numa seção de lado b0 e extensão unitária, portanto (Figura 33b):
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 73
P
v ; v h cos(i)
b0
N
h ; h h cos 2 (i)
b0
T
; h sen(i ) cos(i)
b0
Existem soluções para uma grande variedade de tipos de carregamento, entretanto, serão
considerados apenas os casos mais freqüentes, sem preocupação com o seu desenvolvimento
matemático.
Os esforços induzidos por uma carga concentrada atuando na superfície horizontal de um semi-
espaço infinito homogêneo, isótropo e elástico linear foram calculados primeiramente por
Boussinesq, em 1885.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 74
5
3P r
5 3 2
3P cos 3P z 2
z 1
2 z 2 2 R 5 2z 2 z
P r2z R z
r 3 5 (1 2 )
2
2 R R r
3P r z 2 z
rz ; cos
2 R 5 x2 y2 z2
É fácil verificar pela fórmula de z, que há uma distribuição simétrica de tensões em cada plano
horizontal, no interior da massa de solo. Em determinado plano, a uma profundidade z, a tensão
máxima ocorre na mesma vertical de aplicação de P ( = 0º); por outro lado, à medida que se
distancia horizontalmente do ponto de aplicação de P (aumento de r) diminui a intensidade das
tensões aplicadas, até um ponto em que a carga P, praticamente não exerce mais influência. Esta
situação é esquematizada na Figura 35, para alguns planos horizontais.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 75
Unindo-se os pontos da massa de solo solicitados por igual tensão, conforme esquematizado na
Figura 36, tem-se ar ISÓBARAS. O conjunto de isóbaras representado no espaço 3D forma o
que se chama de bulbo de tensões.
As tensões se propagam até grandes profundidades, entre tanto, para fins práticos, costuma-se
arbitrar que o solo e efetivamente solicitado até a profundidade delimitada, pela isóbara de 10 %
da carga aplicada à superfície.
Além da carga concentrada, soluções para outros tipos de carregamentos, muito freqüentes na
prática, foram obtidas a partir da solução proposta por Boussinesq.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 76
Para o caso de uma área retangular de lados a e b uniformemente carregada (Figura 37), as
tensões em um ponto situado a uma profundidade z, na mesma vertical do vértice O são dadas
pela seguinte formula.
2 2
1
2 2 2 2
1
2mn(m n 1) m n 2 arctg 2 m n (m n 1)
P 2 2
z
4 m2 n2 m2 n2 1 m2 n2 1 m2 n2 m2 n2 1
a b
em que m e n
z z
z
I , sendo I igual ao segundo termo da expressão anterior.
p
Seja calcular a tensão vertical no ponto R produzida pela placa carregada ABDE:
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 77
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 78
A Figura 40 mostra o bulbo de tensões para uma placa quadrado uniformemente carregada.
Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões e muito maior que a outra
(como por exemplo, no caso das sapatas corridas, fundação bastante comum em residências), os
esforços introduzidos na massa de solo podem ser calculados por meio da fórmula desenvolvida
por Carothers e Terzaghi. Veja o esquema da Figura 41, em que a placa tem largura 2 h, e está
carregada uniformemente com uma carga p. As tensões num ponto A situado a uma
profundidade z e distante x do centro da placa são dadas pelas seguintes expressões:
P
z [ sen ( ) cos (2 )]
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 79
P
x [ sen ( ) cos (2 )]
P
xz [ sen ( ) sen (2 )]
Os esforços produzidos por uma placa uniformemente carregada, na vertical que passa pelo
centro da placa, podem ser calculados por meio da integração da equação de Boussinesq, para
toda a área circular.
Tal integração foi realizada por Love, e na Figura 43 tem-se as características geométricas da
área carregada.
À tensão efetiva vertical produzida no ponto A situado a uma profundidade z é dada por:
3
2
z 1
1
2
r
1 z
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r/z 0,10 0,25 0,50 0,75 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
A solução para este tipo de carregamento encontra grande aplicação na avaliação de tensões
produzidas no interior de certa massa de solo por aterros, barragens e etc. Conquanto existam
soluções para diversas formas geométricas de carregamento (triângulos retângulo. escaleno;
trapézios, etc.), serão apontados a solução para o caso de carregamento em forma de um
triângulo isósceles e em forma de um trapézio retângulo.
À solução para esses casos foi proposta por Carothers, e a disposição geométrica do
carregamento triangular é mostrada na Figura 44.
P x
z 1 2 (1 2 )
b
P x 2 z r1 r 2
x 1 2 (1 2 ) ln
b b r 02
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 82
Baseado na equação de Love, que fornece o acréscimo de tensões geradas por uma placa circular
uniformemente carregada, Newmark desenvolveu um método gráfico que permite obter os
esforços verticais produzidos por qualquer condição de carregamento uniforme, atuando na
superfície do terreno.
À aplicação deste gráfico é bastante útil e simples, sobretudo quando se tem várias placas, de
diferentes formas, as quais aplicam ao terreno diferentes carregamentos. A equação de Love
pode ser escrita da seguinte forma:
3
2
z 1
1 I
p 2
1 r
z
Para construir o gráfico de Newmark atribuem-se valores para I e calcula-se o raio da placa
necessário para produzir o acréscimo de pressões à profundidade z. Exemplificando: ao fazer
I = 0,1 resulta que r/z =0,27, ou seja, tendo-se um círculo de raio r = 0,27 z (Figura 46) este
produziria num ponto A, situado na vertical que passa pelo centro, um acréscimo de tensão:
z 0,1 p
Se o círculo de raio r = 0,27z for dividido em partes iguais (nas cartas de Newmark, geralmente
20 partes), cada uma delas contribuirá com a mesma fração para o esforço final z; no caso de 20
partes, cada uma delas contribuirá com:
0,1 p
z 0,005 p
20
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 83
Fazendo I = 0,2, resultaria r/z = 0,40, ou seja, para que no ponto A haja uma tensão z = 0,2 p é
necessário que a área carregada tenha r = 0.4 z.
Na Figura 46, concêntrico com o círculo anterior pode-se desenhar outro círculo de r = 0,40 z.
Como o primeiro círculo produzia um acréscimo de 0.1 p, é evidente que a coroa circular agora
gerada produz outro acréscimo igual a 0,1 p. Prolongando-se os raios que dividiam o primeiro
círculo em partes iguais, teremos a coroa circular dividida em partes cuja influência é também
0,005 p. A parcela de contribuição de cada uma das partes é chamada de unidade de influência,
e no exemplo dado vale 0,005.
Na Figura 47 apresenta-se um gráfico de Newmark com a respectiva escala (z) a partir do qual
foi construído.
Para calcular o acréscimo de tensões geradas por placa uniformemente carregada, faz-se
coincidir o centro do gráfico de Newmark com o ponto em que se deseja calcular esse acréscimo.
A área carregada é desenhada numa escala tal que a profundidade, em que se deseja conhecer o
acréscimo, fique representada pelo valor de z, a partir do qual foi elaborado o gráfico. Em
seguida, contam-se as unidades de influência englobadas pelo contorno da área, e calcula-se a
tensão vertical,que é dada por:
z pNI
Nos depósitos sedimentares em que aparecem entremeadas camadas de material fino e lentes de
areia, a solução de Boussinesq não se aplica, uma vez que estes depósitos têm capacidade de
oferecer grande resistência à deformações laterais. Para simular esta condição de anisotropia,
Westergaard introduziu um novo modelo matemático, baseado nas mesmas condições de
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P (1 2 ) /(2 2 )
z , em que é o coeficiente de Poisson.
2 z 2 2 33
r
(1 2 ) /( 2 2 )
z
P 1
z 2 32
2 z r
2
1 2
z
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Da mesma forma que ocorreu na solução de Boussinesq, a de Westergaard pode ser estendida
para outros tipos de carregamento. A Figura 49 mostra os bulbos de tensão para placa quadrada e
retangular de comprimento infinito, de acordo com Westergaard.
Figura 49 – Bulbos de tensão para placa quadrada e placa retangular de comprimento infinito,
segundo Westergoord (fonte ref. 5)
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 86
Na comparação das duas soluções, para acréscimo de tensões verticais, pode-se concluir que:
b. para o valor de r/z de cerca de l,8, as duas soluções fornecem valores aproximadamente
iguais;
c. c. para r/z maior que l,8 , a equação de Westergaard fornece valores maiores;
d. para uma placa retangular uniformemente carregada, quando a maior dimensão (l) for
maior que três vezes a menor dimensão (b) (l > 3b), pode-se considerar essa placa como
de comprimento infinito:
e. e. para uma profundidade (z) maior que três vezes a largura da placa uniformemente
carregada (z > 3h), pode-se considerar a carga concentrada atuando no centro de
gravidade da placa e calcular o acréscimo de tensões aplicando a fórmula de Boussinesq
para carga pontual.
Costuma-se arbitrar que essas tensões se propagam segundo uma inclinação de 2:1 ou segundo
algum ângulo (geralmente 30º).
De acordo com a Figura 50, admitindo-se uma distribuição de, 2:1, as tensões seriam:
P P
z q , no caso de placa de forma quadrada: q
( B z )( L z ) (B z) 2
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a. O solo pode ser admitido como elástico somente para pequenas deformações.
Dessa forma não há proporcionalidade exata entre tensão e deformação, sobretudo
quando as deformações são grandes. Nesse caso, necessário dividir o
carregamento que provoca a deformação, em estágios sucessivos e obter para
cada carregamento parâmetros elásticos diferentes. Portanto, para a aplicação da
Teoria da Elasticidade, é necessário que os acréscimos de tensão sejam pequenos
e que o estado final de tensões esteja muito aquém da ruptura.
Encontre os valores para tensão no solo para os pontos dados na figura abaixo:
100 kN
1m
0,5m
1m
1,5m
2m
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Resolução:
Por Boussinesq
5 2
3P r 2
z 1
2 z 2 z
3 x100 1 3 x100 1
2 2
3 x100 1 3 x100 1
2 2
3. z 1 8,46kN / m 4. z 1 6,83kN / m
2 (1,5) 2 1,5 2 ( 2) 2 2
5 2
3 x100 0
2
5. z 1 190,99kN / m
2 (0,5) 2 0,5
5 2 5 2
3 x100 0 3 x100 0
2 2
6. z 1 47,74kN / m 7. z 1 21,22kN / m
2 (1) 2 1 2 (1,5) 2 1,5
5 2
3 x100 0 2
8. z 1 11,94kN / m
2 (2) 2 2
Dados Resultado
Pontos z (m) r (m) z
1 0,5 1 3,42
2 1 1 8,44
3 1,5 1 8,46
4 2 1 6,83
5 0,5 0 190,99
6 1 0 47,74
7 1,5 0 21,22
8 2 0 11,94
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CAPÍTULO VIII
8.1. Introdução
Como já se viu, o solo é constituído de uma fase sólida e de uma fase fluida (água e/ou ar). A
fase fluida ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas que compõem o esqueleto do solo.
Particularmente, em se tratando da água, esta pode estar presente no solo sob as mais variadas
formas.
Nos solos grossos em que as forças de superfície são inexpressivas, essa água se encontra livre
entre as partículas, podendo estar sob equilíbrio hidrostático ou podendo fluir sob ação da
gravidade, desde que haja uma carga hidráulica.
Para os solos finos, a situação se torna mais complexa, uma vez que passam a atuar forças de
superfície de grande intensidade. Assim, nesses solos, existe uma camada de água adsorvida, a
qual pode estar sujeita a pressões muito altas, por causa das forças de atração existentes entre as
partículas. Próximo às partículas, essa água pode se encontrar solidificada, mesmo à temperatura
ambiente, e à medida que vai aumentando a distância, a água tende a tornar-se menos viscosa,
graças ao decréscimo de pressões. Esses filmes de água adsorvida propiciam um vínculo entre as
partículas, de forma que lhes confira uma resistência intrínseca chamada "coesão verdadeira".
O restante de água existente nesses solos finos se encontra livre, podendo fluir por entre as
partículas, desde que haja um potencial hidráulico para tal.
A maior ou menor facilidade que as partículas de água encontram para fluir por entre os vazios
do solo, constitui a propriedade chamada permeabilidade do solo.
No âmbito da Mecânica dos Solos, interessa apenas o escoamento laminar, no qual as partículas
do fluido se movem em camadas segundo trajetórias retas e paralelas. O escoamento laminar fica
determinado por uma velocidade crítica, abaixo da qual toda a tendência à turbulência é
absorvida pela viscosidade do fluido. Verificou-se, experimentalmente, que a velocidade crítica,
para escoamento em tubos, corresponde a um número de Reynolds de cerca de 2000.
A lei de Darcy, válida para escoamento laminar, pode ser expressa da seguinte forma (Figura
51):
v = K . i,
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QKi A
É importante notar que a velocidade (v) da lei de Darcy representa a velocidade de descarga e
não a velocidade de percolação (v) da água através dos poros do solo. Conquanto haja algumas
restrições quanto à sua aplicação, essa lei é utilizada, com muita freqüência, em muitos tópicos
da Mecânica dos Solos, dada a sua simplicidade e razoável precisão.
u v12 u2 v 22
Ht z1 z2 cte
w 2g w 2g
Nesta expressão têm-se uma altura de carga de pressão ; uma carga cinética e uma
carga altimétrica .
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Nos solos, a velocidade de percolação da água é pequena: a parcela de carga cinética é quase
desprazível, assim a carga total existente numa determinada seção é igual à soma das parcelas de
carga de pressão e de carga altimétrica:
u
H z
w
Por outro lado, quando da percolação ocorre uma perda de carga (H) por causa do atrito viscoso
da água com as partículas do solo. Este atrito proporciona o aparecimento das chamadas forças
de percolação, as quais serão ventiladas mais adiante. Assim a equação de Bernouilli se resume
a:
u1 u2
H z1 z 2 H
w w
Dessa forma, entre as duas secções (1) e (2) ocorre uma perda de carga por causa do atrito
viscoso igual a:
u u
H 1 z1 2 z2
w w
O coeficiente de permeabilidade de um solo pode ser obtido por meio, de métodos diretos e
indiretos. Os métodos diretos baseiam-se em ensaios de laboratório sobre amostras
representativas ou ensaios de campo. Os métodos indiretos se utilizam de correlações com
características do solo facilmente determináveis.
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Dentre os métodos diretos destacam-se os permeâmetros que são aparelhos destinados a medir a
permeabilidade dos solos em laboratório, e o ensaio de bombeamento, que é realizado "in situ”.
Ambos utilizam a lei de Darcy, para o cálculo do coeficiente de permeabilidade.
A água percolada pelo corpo de prova é recolhida numa proveta graduada, tomando-se a medida
de tempo.
V H
Q K i A , mas i então
t L
V H V L
K A , donde K
t L Aht
Este tipo de ensaio é empregado para solos de permeabilidade alta (areias e pedregulhos), uma
vez que nos solos pouco permeáveis, o intervalo de tempo necessário para que percole uma
Atualização:09/05/2016
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quantidade apreciável de água é bastante grande. Neste caso, utiliza-se o ensaio, à carga variável,
que está esquematizado na Figura 55.
Anota-se o tempo necessário para o nível de água ir no tubo de área (a), de h0 até h1.
dv a dh d
Pela Lei de Darcy, o volume correspondente à água que percolará pela amostra, será:
h
dv K i A dt onde i
L
Dessa forma:
h
a dh K A dt
L
Assim:
aL h
K ln( 0 )
A t h1
aL h
K 2,3 log( 0 )
A t h1
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Deve-se frisar que tais ensaios são realizados sobre amostras de pequenas dimensões, as quais
não representam as características gerais do solo no campo, com suas descontinuidades e
particularidades. A maneira mais realista de obter o coeficiente de permeabilidade é mediante
ensaios "in situ", tais como o ensaio de perda de água sob pressão (bombeamento), que é
bastante utilizado para o estudo da permeabilidade de maciços rochosos que servirão de
fundação para barragens.
K C De2 (cm / s)
Uma restrição que se impõe para utilização dessa fórmula é a de que o coeficiente de não
uniformidade (Cu) seja menor que 3.
T H d2
K mv w
t
O peso específico e a viscosidade (normalmente a água) são duas propriedades do fluido que
exercem influência significativa. Sabe-se que essas duas propriedades variam, em função da
temperatura, entretanto, a viscosidade é muito mais afetada. Quando se determina o coeficiente
de permeabilidade de um solo, costuma-se apresentá-lo em referência à temperatura de 20ºC,
para padronizar o efeito da variação da viscosidade com a temperatura, por meio da expressão:
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T
K 20 KT
20
As principais características do solo que afetam a permeabilidade são o tamanho das partículas, o
índice de vazios, o grau de saturação e a estrutura. Pode-se notar que qualquer tentativa no
sentido de procurar avaliar o efeito isolado de cada uma das características enumeradas é difícil,
porquanto elas, geralmente são interdependentes.
e3 e2
K a K K e2
1 e 1 e
tem-se notado que a relação e x log K aproxima-se bastante de uma reta, para quase
todos os tipos de solos;
c. grau de saturação: quanto maior o grau de saturação do solo que está sendo ensaiado,
maior será a sua permeabilidade, pois a presença de ar nos vazios tende a impedir a
passagem da água;
A lei de Poiseuille aplica-se ao escoamento através de tubos capilares e foi estendida aos solos
por Taylor, com a fórmula:
e3
K CDs2
1 e
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 96
1 e3
K
ko S 2 1 e
em que: ko é um fator que depende da forma dos poros e da tortuosidade da trajetória da linha de
fluxo; S é a superfície específica.
A Figura 56 permite visualizar como a energia se transmite para as partículas de solo. A amostra
de areia de comprimento (L) e de área (A) está submetida à força P1 graças à carga (h1) do
reservatório da esquerda e à força (P2), em virtude de (h2).
As forças P1 e P2 serão:
P1 w h1 A e P2 w h2 A
F p P1 P2 w A (h1 h2 )
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 97
h1 h2 H
i
L L
Fp w i A L w i v
a qual é aplicada uniformemente num volume (V) igual a A x L. Dessa forma, a força por
unidade de volume corresponderá a:
w i A L
fp ou fp iw
AL
Surge agora uma nova alternativa para o cálculo do equilíbrio estático de massa de solo sujeita à
percolação de água. Assim duas opções podem ser seguidas:
a. utilizar o peso total do elemento de solo combinado com a força da poropressão atuante
na superfície desse elemento;
b. utilizar o peso efetivo combinado com a força efetiva, por causa da percolação, aplicada
ao elemento de solo, no sentido do fluxo.
Essas duas alternativas serão utilizadas no item seguinte, referente às areias movediças.
O fenômeno da areia movediça pode ocorrer sempre que a areia esteja submetida a um fluxo
ascendente de água de forma que a força de percolação gerada venha a igualar ou superar a força
efetiva graças ao solo. A Figura 57 mostra um esquema explicando como isso poderá ocorrer.
Atualização:09/05/2016
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A areia está submetida a um fluxo ascendente de água, ou seja, a água percola do ramo da
esquerda para a direita, em virtude da carga h, que é dissipada por atrito na areia. A tensão total
no ponto A é;
Ora, se a altura da carga (h) for aumentada até que a poropressão se iguale à tensão total,
obviamente a tensão efetiva será zero ( s ( u) tg ( ' ) 0) . A partir daí o solo terá as
propriedades de um líquido, não fornecendo condições de suporte, para qualquer sólido que
venha a se apoiar sobre ele.
O valor da carga h nesse instante, é denominado de altura de carga crítica (h), e para sua
obtenção basta igualar a tensão total e a poropressão:
w h1 sat L w (hc h1 L)
hc ( sat w ) '
ic
L w w
O mesmo valor poderá ser obtido, pensando em termos de tensões efetivas, ou seja, combinando
a força efetiva graças ao solo, com a força de percolação atuando no sentido ascendente:
A ocorrência da areia movediça pode ser evitada pela construção de algum elemento que
proporcione um acréscimo de tensões efetivas, sem que haja aumento das poropressões. Tais
elementos denominados filtros são normalmente compostos por camadas de solos granulares e
devem aumentar a tensão efetiva e manter as partículas da areia em suas posições originais.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 99
Dentre esses problemas, destaca-se a erosão que pode conduzir a situações catastróficas, como
no caso de ruptura de barragens por "piping". Portanto, quando da drenagem de solos passíveis
de erosão, há necessidade de protegê-los construindo camadas de proteção, que permitam a livre
drenagem de água, porém mantenham em suas posições as partículas de solo. Tais camadas,
denominadas filtros de proteção, devem ser construídas com materiais granulares (areia e
pedregulho) e satisfazer duas condições básicas, a saber:
Para atender a essas condições básicas, Terzaghi estipulou duas relações bastante empregadas
para a escolha de um material de filtro.
D15 f 4 a 5 D85 s
D15 f 4 a 5 D15 s
Na Figura 58, tem-se um exemplo de como escolher a curva granulométrica de um filtro, para
proteger um solo, do qual se conhece a curva granulométrica.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 100
É importante notar que o critério de Terzaghi não fornece as dimensões do filtro, mas apenas
uma faixa de variação para a sua composição granulométrica. Para estabelecer as dimensões é
necessário atentar para as condições hidráulicas do problema.
A Figura 59 apresenta dois casos de utilização de filtros. No caso a, temos uma barragem de terra
através da qual há um fluxo de água, graças às diferenças de carga entre montante e jusante. Com
o intuito de proteger a barragem do fenômeno de erosão interna (piping) e para permitir uma
rápida drenagem da águia que percola através da barragem, usa-se construir filtros, como, por
exemplo, o filtro horizontal esquematizado no desenho.
No caso b, a água percola através do solo arenoso da fundação do reservatório. Pelo desenho,
pode-se notar que próximo à face de jusante das estacas-prancha, o fluxo é vertical e ascendente,
o que pode originar o fenômeno de areia movediça. Para combater esse problema, faz-se
construir um filtro de material granular, que tenderá a contrapor-se às forças de percolação, pelo
aumento do peso efetivo, e que permitirá a livre drenagem das águas.
Após o critério de Terzaghi, foram estipulados outros critérios, alguns dos quais são listados a
seguir:
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 101
U.s. Arny
D15 f 5 D85 s
D50 f 25 D50 s
Esse critério presta-se a qualquer tipo de solo, exceto para as argilas médias a altamente
plásticas. Para essas argilas D15f pode chegar até 0.4 mm, e o critério de D50 pode ser desprezado.
Entretanto, o material de filtro deve ser’ bem graduado para evitar segregação e para tanto é
necessário um coeficiente de não uniformidade menor que 20.
Sherard
Quando o material a proteger contiver pedregulhos, o filtro deverá ser projetado com base na
curva correspondente ao material menor que 1" (25,4 mm).
Araken Silveira
Este critério, baseado numa concepção diferente das tradicionais, utiliza a curva de distribuição
de vazios do filtro, obtida estatisticamente a partir da curva de distribuição granulométrica, para
os estados fofo e compacto.
Atualmente, tem crescido a utilização de mantas sintéticas, como material de filtros, sobretudo
na execução de drenos longitudinais, em estradas, Figura 60. Em que pese não ter havido tempo
suficiente para um teste completo desse material, o comportamento tem sido satisfatório e o seu
uso tende a generalizar-se.
É desnecessário frisar que, havendo necessidade de o filtro ser construído por duas ou mais
camadas de materiais diferentes. deve-se obedecer aos critérios estabelecidos para duas camadas
adjacentes.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 102
8.8. Capilaridade
Denomina-se capilaridade à propriedade que os líquidos apresentam de atingirem, em tubos de
pequeno diâmetro níveis acima do nível freático. O nível freático é a superfície em que atua a
pressão atmosférica e, na Mecânica dos Solos, é tomada como origem do referencial, para as
poropressões, e no nível freático a poropressão é igual a zero.
Um líquido, e no caso a água, por causa da atração existente entre suas moléculas, tende a atrair
qualquer molécula que se encontre à superfície, para o seu interior, originando uma tendência
para diminuir a sua superfície (e isso explica a forma esférica das gotas de líquido).
A energia superficial livre é definida como o trabalho necessário para aumentar a superfície livre
de um líquido em 1 cm2.
Quando em contato com um sólido uma gota de líquido tende a molhar o sólido dependendo da
atração molecular entre o líquido e o sólido.
No caso da água, esta molha o vidro, dando origem a meniscos. Pode-se provar que, por força da
tensão superficial, a pressão no lado côncavo de um menisco é maior que a do lado convexo, e
que a diferença dessas pressões está relacionada com a tensão superficial, de acordo com a
seguinte expressão:
2 Ts
p T
a
Como decorrência dessa diferença de pressões, tem-se a ascensão de água num tubo capilar.
Segundo a Figura 61 a, para que haja equilíbrio, a água tem que se elevar no tubo capilar até uma
altura hc, tal que a pressão hidrostática equilibre a diferença de pressões:
Para o caso de água pura e vidro limpo, o ângulo de contato () é zero e a expressão para a altura
de ascensão capilar fica:
2Ts
hc
w r
A mesma expressão para hc pode ser obtida de outra forma. Considere a Figura 6l c: fazendo o
equilíbrio de forças verticais, e como pa é o referencial para as poropressões vem:
2Ts cos ( )
2 r Ts cos ( ) r 2 u 0 e resolvendo para u: u
r
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 103
Veja o ponto a da Figura 63 c. As pressões têm que ser equilibradas, para que não haja fluxo;
No caso dos solos, pode-se imaginar os seus poros interligados e formando canalículos, que
funcionam como tubos capilares. Assim, pode-se explicar a ocorrência de zonas saturadas dentro
da massa de solo que estão situadas acima do lençol freático.
A água em contato com o solo também tenderá a formar meniscos. Nos pontos de contato dos
meniscos com os grãos (Figura 62) evidentemente, agirão pressões de contato, tendendo a
comprimir os grãos. Essas pressões de contato (poropressões negativas) somam-se às tensões
totais:
' (u) u
fazendo com que a tensão efetiva realmente atuante seja maior que a total. Esse acréscimo de
tensão proporciona um acréscimo de resistência conhecido como coesão aparente, responsável,
por exemplo, pela estabilidade de taludes em areia úmida e pela construção de castelos com areia
úmida nas praias. Uma vez eliminada a ação das forças capilares (por exemplo, pela saturação)
desaparece o efeito da coesão aparente.
Outra decorrência importante refere-se às argilas quando submetidas à secagem. À medida que
se processa a secagem, diminui consideravelmente o raio de curvatura dos meniscos, fazendo
com que as pressões de contato aumentam e tendam a aproximar as partículas, o que provoca
uma contração do solo.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 104
No ponto 1:
H 300
i 2,5
L 120
No ponto1em relação a A:
h
i h i L h 2,5 90 225cm
L
Portanto no ponto A temos
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 105
H = Hpos + Hpiez
75 = 90 + Hpiez
Hpiez = -15 cm. ( posição)
b)
No ponto 1:
H 120
i 1
L 120
No ponto1em relação a A:
h
i h i L h 1 30 30cm
L
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 106
c)
H 120
i 1
L 120
No ponto1em relação a A:
h
i h i L h 1 90 90cm
L
Portanto no ponto A temos
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 107
CAPÍTULO IX
9. COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO
9.1. Introdução
Um esforço de compressão aplicado a um solo fará com que ele varie seu volume, o qual poderá
ser devido a uma compressão da fase sólida, e a uma compressão da fase fluida ou a uma
drenagem da fase fluida dos vazios.
Até a grandeza dos esforços aplicados na prática e admitindo-se o solo saturado, tem-se que
tanto a compressibilidade da fase sólida como a da fase fluida serão quase desprezíveis e a única
razão, para que ocorra uma variação de volume, será uma redução dos vazios do solo com a
consequente expulsão da água intersticial.
Evidentemente, a saída dessa água dependerá da permeabilidade do solo: no caso das areias, em
que a permeabilidade é alta, a água poderá drenar com bastante facilidade e rapidamente; nas
argilas porém, essa expulsão de água dos vazios necessitará de algum tempo, até que se conduza
o solo a um novo estado de equilíbrio, sob as tensões aplicadas. Essas variações volumétricas
que se processam nos solos finos, ao longo de tempo, constituem o fenômeno do adensamento, e
são as responsáveis pelos recalques a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre esses soles.
Na realidade, o recalque final de uma estrutura será composto de outras parcelas, como o
recalque imediato ou elástico, estudado na Teoria da Elasticidade. Como não existe uma relação
tensão-deformação-tempo capaz de englobar todas as particularidades e complexidades do
comportamento real do solo, as parcelas de recalque do solo são estudadas separadamente. Neste
capítulo, serão apresentados os fundamentos das variações volumétricas, que se processam no
decorrer do tempo, e que se devem a uma expulsão de água dos vazios do solo.
Para o cálculo do recalque total, AH, que uma camada de solo compressível de espessura, H, que
passou por uma variação do índice de vazios, e, considere-se o esquema da Figura 63.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 108
Admitindo que a compressão seja unidirecional e que os sólidos sejam incompressíveis, tem-se:
V V V Vv V v
porém,
Vv Vv
ei e ef
Vs Vs
V ei V s e f V f e V s
A H e A H s e segue que: h e H s
contudo,
Vv H H s
ei
Vs Hs
Assim,
e
H H
1 ei
Imaginando o solo saturado, tem-se que a mola representa o esqueleto sólido (que vai suportar as
tensões efetivas); a água, admitida incompressível, representará a água presente nos vazios do
solo (que vai suportar a poropressão) e a torneira representará a permeabilidade do solo (a maior
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 109
ou menor facilidade com que a água sairá dos vazios). O elemento de solo está em equilíbrio sob
um carregamento 0' , e nesse instante a poropressão vale u0, e a tensão efetiva vale ', (Figura
64 a).
Ao aplicar um acréscimo de tensões, ', (Figura 64 b), estando a torneira fechada, todo o
acréscimo será suportado pela água, porém, se a torneira for aberta gradativamente, a água
começará a drenar, e ocorrerá uma variação de volume. Quando isso ocorre, o acréscimo '
será suportado, parte pela água e parte pela mola, que agora é solicitada (Figura 63.c).
A medida que vai se dando o processo, mais agua vai saindo, até um ponto em que toda a sobre
pressão na água é dissipada e o carregamento ' é suportado integralmente pela mola (Figura
64 d). Nesse instante, completa-se o processo de adensamento, e o sistema novamente fica em
equilíbrio, com um volume menor. Portanto, o processo de adensamento corresponde a uma
transferência gradual do acréscimo de poropressão (provocado por um carregamento efetivo)
para tensão efetiva. Tal transferência se dá ao longo do tempo, e envolve um fluxo de água com
correspondente redução de volume do solo.
O andamento do processo de adensamento pode ser acompanhado por meio da seguinte relação,
denominada porcentagem de adensamento:
Vt
Uz
Vt
Nessa expressão, Vt representa a variação de volume após um tempo t; Vt=∞ representa a
variação total de volume, após completado o adensamento . Uz representa a porcentagem de
adensamento de um elemento de solo situado a uma profundidade z num tempo t.
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 110
Vt u t u u
Uz i
Vt u t u i u 0
em que ut e ut=∞ são as poropressões após um tempo t e após t=∞ ; ui a sobrepressão
hidrostática, logo após a aplicação do acréscimo de carga '; u a sobrepressão num tempo t e u0
a poropressão existente na água. Se u0 for igual à zero.
u
U z 1
ui
O estudo teórico do adensamento permite obter uma avaliação da dissipação das sobrepressões
hidrostáticas (e, consequentemente, da variação de volume) ao longo do tempo, a que um
elemento de solo estará sujeito dentro de uma camada compressível. Tal estudo foi feito
inicialmente por Terzaghi, para o caso de compressão unidirecional, e constitui a base pioneira,
para afirmação da Mecânica dos Solos como ciência.
A partir dos princípios da Hidráulica, Terzaghi elaborou a sua teoria, tendo, entretanto, que fazer
algumas simplificações, para o modelo de solo utilizado.
c. adensamento unidirecional;
f. extensão a toda massa de solo das teorias que se aplicam aos elementos infinitesimais;
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 111
a. equilíbrio estático;
v z '
b. relação tensão-deformação:
e
av
v'
e
av
v'
K 2 u dV
w z 2 dt
h
O gradiente hidráulico é: i , e pela Lei de Darcy, a velocidade de fluxo será:
z
h
v k i K
z
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 112
K u
dV
w z
Para obter a variação de vo1ume do elemento de solo, de área unitária, basta considerar a
diferença entre o volume de água que entra e que sai num intervalo de tempo dt:
K u
entra (face inferior): dV1 dt
w z
K u 2 u
sai (face superior): dV2 dz dt
w z z 2
K 2u
dV1 dV2 2 dz dt dV
w z
Por outro lado, admitindo compressão unidirecional, essa mesma variação de volume pode ser
expressa da seguinte forma:
de de a
dV dz , mas como a v , então: dV v d v' dz
1 e d v'
1 e
v' u cte
av
o que permite obter: dV du dz
1 e
av K 2u K (1 e) 2 u u
du dz dz dt , ou:
1 e w z 2 av w z 2 t
K (1 e) K
Cv
av w mv w
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 113
av
em que mv é denominado coeficiente de deformação volumétrica.
1 e
2 u u e 1
cv 2 sendo mv
z t v' 1 e
a. a camada compressível está entre duas camadas de elevada permeabilidade, isto é, será
drenada por ambas as faces. Definindo-se distância de drenagem (Hd) como a máxima
distância que uma partícula de água terá que percorrer, até sair da camada compressível,
tendo-se nesse caso Hd = H/2 (Figura 7.a) .
No caso da Figura 67 b, Hd =H, pois uma partícula de água situada imediatamente sobre a
rocha teria que percorrer toda a espessura da camada de argila até atingir uma face
drenante;
a. para z = 0, u = 0
b. para z = H = 2 Hd, u = 0
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 114
c. para t = 0, u = ui = '
2u M z M 2Tv
u i sen e
m 0 M H d
cv t
Nesta expressão, M ( 2m 1) , m é inteiro, e Tv
2 H d2
é um fator adimensional, chamado de fator tempo. Tal fator exclui da solução todas as
características do solo que interferem no processo de adensamento.
Para se obter a porcentagem de adensamento (Uz) de um elemento situado a uma cota z, após
decorrido um intervalo de tempo t, basta substituir na expressão de Uz o valor de u obtido acima:
ui u u
2 M z M 2Tv
Uz 1 1 sen e
ui ui m0 M H d
Atribuindo valores a z/Hd e a Tv, pode-se construir um gráfico (Figura 68) que ilustra bastante o
processo de adensamento.
Pode-se notar que o processo de adensamento é simétrico com relação ao centro da camada, e
que ele se processa mais rapidamente junto às faces drenadas (topo e base da camada
compressível).
Para se obter a porcentagem média de adensamento de toda a camada de argila, basta integrar a
porcentagem de adensamento, ao longo de toda a camada de solo:
2Hd
1
U
2 Hd U
0
z dz
U , sendo o recalque parcial, após um tempo t, e H o recalque total da camada.
H
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 115
U (%) 0 10 20 30 40 50
Tv 0,000 0,008 0,031 0,071 0,126 0,197
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 116
U (%) 60 70 80 90 95
Tv 0,287 0,403 0,567 0,848 1,127
Vale ressaltar que a equação teórica U=f(Tv) é expressa com bastante aproximação pelas
seguintes re1ações empíricas:
2
U
Tv para U 60%
4 100
Aparecem ainda na Figura 69 outras curvas U = f(Tv) para os casos de sobrepressão inicial
assinalados. A curva 2 representa o caso de sobrepressão inicial de forma senoidal, e a curva 3
pode ser entendida como uma distribuição que combine os casos 1 e 2.
A realização do ensaio consiste basicamente em se instalar dentro de um anel de latão (ou aço)
uma amostra de solo de pequena espessura (geralmente 2,5 cm). O corpo de prova drenado, pelas
faces superior e inferior, com o auxílio de pedras porosas, conforme se mostra na Figura 70.
O conjunto é levado a uma prensa na qual são aplicadas tensões verticais ao corpo de prova, em
vários estágios de carregamento. Cada estágio permanece atuando até que cessem as
deformações originadas pelo carregamento (na prática, normalmente 24 horas). Em seguida,
aumenta-se o carregamento (em geral, aplica-se o dobro do carregamento que estava atuando
anteriormente. Por exemplo: 1º estágio: 0.25 kgf/cm2; 2o: 0,50; 3o: 1,00 e assim sucessivamente).
As medidas que se fazem usualmente são as de deformação do corpo de prova (pela variação de
altura) ao longo do tempo, em cada estágio de carregamento. Pode ser determinado ainda o
coeficiente de permeabilidade do solo diretamente, fazendo percolar água através do corpo de
prova.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 117
Pode-se distinguir nesse gráfico três partes distintas: a primeira, quase horizontal; segunda, reta e
inclinada e a terceira parte ligeiramente curva.
O primeiro trecho representa uma recompressão do solo, até um valor característico de tensão,
correspondente à máxima tensão que o solo já experimentou em a natureza; de fato, ao retirar a
amostra indeformada de solo, para ensaiar em laboratório, estão sendo eliminadas as tensões
devido ao solo sobrejacente, o que permite a amostra um alívio de tensões e, consequentemente,
uma ligeira expansão.
e1 e2 e
Cc
log 2 log 1 2
log
1
O índice de compressão é muito útil para o cálculo de recalque em solos que se estejam
comprimindo, ao longo da reta virgem. O recalque total (H) por causa de uma variação do
índice de vazios (e), numa camada de espessura H, é dado por:
e 'f
H H, porém e C c log
1 ei i'
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 118
C H f '
H c log '
1 ei i
Por último, o terceiro trecho corresponde à parte final do ensaio, quando o corpo de prova é
descarregado gradativamente e pode experimentar ligeiras expansões.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 119
A construção gráfica de Casagrande parte do ponto de maior curvatura (a) da curva e x log ' ;
por a traçam-se uma horizontal (h) e uma tangente (t) e em seguida determina-se a bissetriz (b)
do ângulo formado. A abscissa do ponto c, que é a intersecção entre a bissetriz (b) e a reta
virgem (v) é o valor da tensão de pré-adensamento.
Pelo processo de Pacheco Silva, prolonga-se a reta virgem (v) até encontrar a horizontal que
passa pelo índice de vazios natural do solo (e0), determinando o ponto p. A vertical por p
encontra a curva e x log 'em q; a horizontal por q determina sobre a reta virgem (v) o ponto r
cuja abscissa é a tensão de pré-adensamento.
Pelo gráfico da Figura 74.a, pode-se notar que qualquer acréscimo de tensões fará com que a
argila normalmente adensada recalque ao longo da reta virgem.
A segunda situação corresponde ao caso em que 0' a' , isto é, o peso atual do solo
sobrejacente é menor que o máximo já suportado (Figura 74.b). Neste caso, diz-se que a argila é
pré-adensada e qualquer acréscimo de carga, sobre esse solo, de modo que 0' ' a'
implica recalques insignificantes, por se estar no trecho quase horizontal da curva e x log '.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 120
Muitos fatores podem tornar um solo pré-adensado podendo-se destacar a erosão, que, com a
retirada de solo, diminui a tensão que age atualmente, bem como o seu ressecamento.
Por último, tem-se o caso em que 0' a' , isto é, a argila ainda não terminou de adensar, sob o
efeito de seu próprio peso. Quando isso ocorre, tem-se uma argila parcialmente adensada (Figura
74.c).
Esse coeficiente, admitido constante para cada incremento de tensão, determina a velocidade de
adensamento.
No caso do ensaio de adensamento usual, tem-se duas faces drenantes (pedras porosas no topo e
base do corpo de prova); assim as medidas realizadas durante o ensaio serão comparadas com a
curva 1 da Figura 69, que apresenta essas condições.
Este processo utiliza as medidas de deformação colocadas em função da raiz quadrada do tempo.
Isso deve-se ao fato de que, para porcentagens de adensamento (U) menores que 60 %, a relação
teórica U x Tv é aproximadamente parabólica e, de fato, há a relação empírica: Tv U 2 , para
4
U < 60%, que é uma parábola. Trabalhando com a relação U x Tv , modificam-se as
coordenadas, obtendo-se uma relação linear. Por outro lado, observando-se a curva teórica
U x Tv , nota-se que a reta unindo os pontos de 0 % a 90 % do recalque marcam, ao longo do
eixo Tv, valores 15 % maiores que a reta que marca os pontos de 0 a 60 % U. O processo
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 121
Tem-se nessa Figura o gráfico de deformações versus T em minutos, obtidos para determinado
estágio de carregamento, em que a leitura inicial do extensômetro era l0 e final, após completada
toda a compressão do corpo de prova, foi de lf.
Busca-se o primeiro trecho reto da curva, marcando-se nela a abscissa m de um ponto qualquer.
Acrescenta-se 0,15m ao valor de m, que fornecerão um ponto por onde passa a reta que une os
pontos de 0 a 90 % de U. A intersecção dessa reta com a curva deformação x T dá as
coordenadas l90 e t90, que permitem calcular cv, para este estágio de carregamento.
cv t H d2
Tv cv Tv
H d2 t 90
Assim,
H d2
cv 0,848
t 90
Alguns aspectos devem ainda ser observados na Figura 75. Pode-se notar que a reta de 0 a 60 %
de U, intercepta o eixo das ordenadas num ponto d0 diferente da leitura inicial l0. Por outro lado,
a ordenada que corresponde a 100 % (l100) do recalque teórico pode ser assim determinada:
1
l100 l90 (d 0 l90 )
9
Esta ordenada (l100) não coincide com a leitura final do estágio (lf).
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 122
A rigor, estas parcelas, em determinadas etapas, ocorrem juntamente e não seguindo a separação
que se faz na Figura 75. A compressão inicial, decorre, por exemplo, da má colocação do corpo
de prova no anel, porém acontece normalmente no caso dos solos não saturados, em que ocorre
uma parcela de compressão dos poros sem expulsão de água dos vazios.
1
l50 d 0 ( d 0 l100 ) e, consequentemente, t50.
2
H d2 H d2
cv Tv 50 ou cv 0,197
t 50 t 50
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 123
Pode-se notar também, nessa construção, a presença da compressão inicial (l0 - d0); da
compressão primária de Terzaghi (d0 – l100) e da compressão secundária (l100 - lf).
Esta construção aplica-se ao caso dos solos normalmente adensados. Primeiramente, determina-
se a tensão de pré-adensamento ( a' ) que corresponde ao peso do solo sobrejacente ao ponto
considerado no campo.
Na Figura 77, localiza-se o ponto B que corresponde às características do solo em suas condições
naturais, ou seja, e0 – índice de vazios natural e a' 0' – tensão de pré-adensamento ( a' )
igual à tensão gerada pelo solo sobrejacente ( 0' ).
O ponto C corresponde à intersecção da reta virgem obtida em laboratório com o valor do índice
de vazios igual a 0,42 e0. Desenha-se a curva BC R, que corresponde à curva de adensamento do
solo no campo. Para o caso de solos pré-adensados, essa construção passa por ligeiras
modificações (ver ref. 31).
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 124
Para uma camada de espessura H, uma variação do índice de vazios e provocará um recalque
total: DH, que é dado por;
e Cc H 2'
H H log '
1 ei 1 ei 1
Evidentemente, torna-se necessário calcular o acréscimo ' ao longo de toda a camada de solo,
o que pode ser feito utilizando as fórmulas de propagação de tensões desenvolvidas na Teoria da
Elasticidade (CAPÍTULO VII).
Conhecido o acréscimo ' pode-se calcular o recalque total da canada. Havendo necessidade
de calcular o recalque parcial, após determinado tempo t, deve-se avaliar o fator tempo (Tv)
correspondente.
t
Tv C v
H d2
U , sem o o recalque parcial após um tempo t e H o recalque total da camada.
H
Por último, deve-se frisar que no cálculo do recalque total o valor de H a ser utilizado é a
espessura total da camada, quaisquer que sejam as faces drenantes, e na avaliação dos recalques
parciais emprega-se a distância de drenagem (Hd) que pode ser igual a H drenante), ou a H/2
(duas faces drenantes).
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 125
A rigor, qualquer construção vai carregando o terreno gradativamente. Para levar em conta tal
efeito, existe uma construção gráfica (Gilboy) que permite obter a curva tempo-recalque para o
carregamento lento, a partir da curva de carregamento instantâneo.
A construção é baseada na hipótese de que o recalque, no final da construção (tempo tc) é igual
ao recalque no tempo tc/2, quando se considera o carregamento aplicado instantaneamente.
t
0 em que 0 é a tensão final originada pelo carregamento.
tc
Nesta circunstância, a relação entre os recalques instantâneos e lentos será proporcional a t/tc.
A Figura 78 esquematiza a construção gráfica. Para se obter o recalque num tempo t basta
determinar o recalque instantâneo no tempo t/2, traçar uma horizontal que interceptará e vertical
por t, no ponto A. Unindo-se A à origem O, esse segmento AO intercepta a vertical em t no
ponto B, que será o recalque ocasionado pelo carregamento lento. Pelas hipóteses formuladas:
t t
MN PQ e 0 P' Q ' M 'N '
tc tc
Após o tempo t = tc, os demais pontos são obtidos, deslocando a curva de carregamento lento de
tc/2.
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 126
Uma consideração semi-empírica, para levar em conta tais efeitos, foi proposta por Skempton e
Bjerrum e admite que a despeito dos efeitos tridimensionais o recalque é ainda unidimensional.
u B 3 A( 1 3 )
A Figura 79 apresenta os valores do fator de correção () a serem multiplicados pelos recalques
obtidos quando se considera compressão unidirecional:
H cor H
Ainda que as leis que determinam o processo de compressão secundária sejam bastante
complexas e não totalmente explicadas na atualidade, pode-se atribuir o fenômeno às
acomodações que ocorrem entre as partículas e suas interligações, sob efeito das tensões
impostas ao solo. Admite-se que na compressão secundária, também chamada de “creep”, as
acomodações interpartículas sejam originadas por deformações visco-elásticas da fase sólida. A
Figura 80 mostra um esquema de um modelo reológico visco-elástico.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 127
Na Figura 80, o comportamento elástico representado pela mola, de constante elástica E, a qual é
acoplada em paralelo com um pistão que contém um f1uido incompressível de viscosidade . O
acréscimo de tensão é suportado primeiramente pelo fluido incompressível no pistão e, a
medida que se processa o fluxo (viscosidade ), a mola passa a ser solicitada. A deformação
estabiliza-se, quando todo o acréscimo de tensões () passa a ser absorvido pela mola.
Um pormenor curioso, que ocorre em vastas áreas da região Centro-Sul do País refere-se ao caso
dos solos superficiais porosos. Tais solos, quando estão sujeitos a carregamentos e por uma razão
qualquer (infiltração de águas de chuva, rompimentos de condutos de água ou esgoto, etc.) têm o
seu grau de saturação aumentado, passam por uma repentina variação de volume manifestada por
uma redução do índice de vazios.
O fenômeno deve-se ao fato de a entrada de água na estrutura instável desses solos, tender a
eliminar as causas do equilíbrio (pequena cimentação interpartículas; coesão aparente ocasionada
pela capilaridade) provocando um colapso da estrutura do solo, razão pela qual tais solos são
chamados de colapsíveis.
Residências com fundações diretas, apoiadas sobre esses solos na região de São Carlos -
Araraquara (SP), tem apresentado acentuadas trincas, quando ocorrem infiltrações sob as
fundações.
A Figura 81 mostra ensaios de adensamento com inundação realizados sobre amostras de solo
poroso de São Carlos.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 128
Pode-se notar que a inundação provoca uma redução repentina do índice de vazios sem aumento
de carga, o fenômeno parece desaparecer após determinada tensão, quando então o simples
acréscimo de cargas é suficiente para romper as ligações precárias interpartículas.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 129
CAPITULO X
10.1. Introdução
As obras de maior porte e requinte de projeto exigem um melhor conhecimento dos solos
envolvidos. A história da Engenharia Civil registra casos em que a inobservância de certos
princípios de investigação ou mesmo a negligência diante da obtenção de informações acerca do
subsolo têm conduzido a ruínas totais ou parciais e, neste caso, a prejuízos incalculáveis tanto de
tempo como de recursos para a recuperação das obras.
O custo de um programa de prospecção bem conduzido situa-se entre 0,5 a 1 % do valor da obra.
O engenheiro geotécnico deve ter uma consciência crítica acentuada das limitações e um
conhecimento profundo dos instrumentos disponíveis para a prospecção geotécnica de tal forma
que possa, mediante informações obtidas por seu intermédio, realizar os projetos dentro dos
padrões de segurança e economia exigidos.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 130
Resistividade elétrica
Sísmica de refração
São processos de base geofísica. Não fornecem os tipos de solos prospectados, mas tão somente
correlações entre estes e suas resistividades elétricas ou suas velocidades de propagação de ondas
sonoras.
Fornecem apenas características mecânicas dos solos prospectados. Os valores obtidos por meio
de correlações indiretas possibilitam informações sobre a natureza dos solos.
Poços
Trincheiras
Sondagens e trado
Sondagens de simples reconhecimento
Sondagens rotativas
Sondagens mistas
São perfurações executadas no subsolo. Nestas, pode-se fazer uma observação direta das
camadas em furos de grandes diâmetros ou uma análise por meio de amostras coletadas de furos
de pequenas dimensões.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 131
A área abrangida pelo campo elétrico induzido é função do espaçamento entre os eletrodos.
Quanto maior este espaçamento maior será a área, consequentemente, maior será também a
profundidade atingida. Portanto, o perfil estratigráfico de um subsolo pode ser obtido, variando-
se continuamente o espaçamento L entre os eletrodos, e registrando-se a resistividade elétrica.
Quando uma onda que se propaga com velocidade V1 em um meio a incide na interface entre
este e um meio b, ou esta onda se reflete com a mesma velocidade Vi ou ela se refrata e se
propaga no meio b com uma velocidade e em uma direção que depende do ângulo de incidência
e das velocidades VI e V2, conforme a Figura 83.
Pela lei de Snell, pode-se notar que haverá um ângulo particular, chamado de angulo crítico de
incidência, para o qual 2 = 90º, ou seja, a onda refratada propagar-se-á segundo uma direção
coincidente com a interface.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 132
V1
Para 2 = 90º , crit
V2
Chama-se de onda critica a que se propaga segundo a interface por ter incidido num ângulo igual
a crit. À medida que esta onda crítica se propaga pela interface novas ondas emergirão dela em
direção à superfície fazendo um ângulo crit com a vertical, conforme a Figura 84.
1 1 l V2 V1
t R 2h 2 e h
2
V1 V2 2 V2 V1
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 133
O Vane test ou ensaio de palheta foi originalmente desenvolvido por engenheiros escandinavos,
para medir a resistência ao cisalhamento não drenada de argilas "in situ".
O ensaio consiste na cravação de uma palheta, Figura 86, e em medir o torque necessário para
cisalhar o solo segundo uma superfície cilíndrica de ruptura, que se desenvolve ao redor da
palheta, quando se aplica ao aparelho um torque tal que a velocidade seja constante e igual a 6
graus por minuto.
Algumas hipóteses devem ser feitas, a fim de que o valor medido possa representar a resistência
ao cisalhamento rápida e não drenada do solo:
a. Drenagem impedida.
b. Ausência de amolgamento do solo durante a operação de cravação do equipamento.
c. Coincidência da superfície de ruptura com a geratriz do cilindro formado pela rotação da
palheta.
d. Uniformidade da distribuição de tensão ao longo de toda superfície de ruptura quando o
torque atingir o seu valor máximo;
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 134
e. Isotropia do solo.
O ensaio fornece também uma ideia da sensibilidade da argila. Pode-se lançar em um gráfico
torque x rotação os valores em seus estados indeformado e amolgado, Figura 87. Para este caso,
considera-se o amolgamento do solo, após sua ruptura, quando se dão dez rotações no
equipamento à uma velocidade bem rápida.
O aparelho pode ser cravado diretamente no solo até a profundidade a ser ensaiada, ou em furos
de sondagens. Neste caso, é aconselhável que a sondagem se processe até uma distância de
aproximadamente 0,50 m acima da cota de ensaio.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 135
T M L 2M B
mas
1 2D 3
M L D 2 Hcu e MB cu
2 12
ou,
T
cu ; se H 2 D
H D
D ( )
2
2 6
6 T
cu
7 D3
O Vane test tem mostrado fornecer resultados bem próximos dos reais, embora haja necessidade
de usar fatores corretivos em função das características plásticas do solo. Em argilas médias e
duras, a perturbação causada pela cravação do aparelho afeta sensivelmente a estrutura do solo e
invalida os resultados obtidos.
O aparelho consta de um cone móvel, com um ângulo no vértice de 60º, com área transversal de
10 cm2. O cone é acionado por hastes metálicas. O esforço estático de cravação é transmitido
por cilindros hidráulicos situados à superfície e ancorados no terreno. A Figura 88 mostra a
forma esquemática de aplicação e medição das cargas e um corte transversal do cone.
A resistência lateral é obtida pela diferença entre a resistência total, correspondente ao esforço
estático necessário para penetração do conjunto numa extensão de aproximadamente 25 cm, e a
resistência de ponta, quando se crava somente a ponta móvel do cone num comprimento de
aproximadamente 4 cm.
Atualização:09/05/2016
MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 136
Portanto, a cada 30 cm de profundidade podem-se ter valores das resistências lateral e de ponta,
que lançados em um m gráfico “versus” a profundidade toma o aspecto da Figura 89.
Analisando-se as variações relativas das resistências especificadas de ponta e lateral, pode-se ter
uma ideia da natureza dos solos prospectados. O Quadro X seguinte da uma forma de
interpretação dos solos atravessados pela cravação do penetrômetro.
No ensaio de cone o processo de cravação cria em torno da ponta níveis de tensão muito
elevados e as tensões no cisalhamento estão muito além dos níveis encontrados rotineiramente
nas obras civis. Neste processo, coexistem fenômenos de compressão e de ruptura por
cisalhamento.
Os dados obtidos no ensaio de cone quando usados em correlações fornecem boas indicações das
propriedades do solo como: ângulo de atrito interno de areias, coesão e consistência das argilas.
Tais dados são facilmente utilizáveis no dimensionamento de estacas cravadas.
O ensaio pressiométrico foi desenvolvido pelo engenheiro francês Menard, com o objetivo de
medir o módulo de elasticidade e a resistência ao cisalhamento dos solos e rochas "in situ".
O aparelho compõe-se de uma célula que é introduzida em furos de sondagem e está ligada a um
aparelho de medida de pressões e volume. A Figura 90 representa um esquema do pressiômetro
de Menard.
A célula é constituída de três elementos metálicos vazados, cujas paredes são vedadas por uma
membrana de borracha. Mediante um dispositivo de injeção de água, situado na superfície do
terreno, a membrana é pressurizada e expande-se, podendo atingir até o dobro de seu volume
inicial. Os elementos das extremidades, chamados de células de guarda, são inflados com gás
carbônico a uma pressão igual ao do elemento central, para reduzir o efeito do topo. O elemento
central recebe um volume aproximado de cerca de 700 a 750 cm3 de água. O efeito da aplicação
da água na célula central produz uma pressão radial nas paredes do furo. A carga é aplicada em
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estágios, e para cada um, registra-se a deformação correspondente. O processo desenvolve-se até
a ruptura do solo.
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A partir dos pares de valores pressão aplicada versus variação de volume pode-se traçar um
gráfico tendo o aspecto da Figura 91 em que é possível perceber os seguintes trechos:
1. Intervalo da curva em que há reposição das tensões atuantes (na abertura do furo);
2. Fase pseudo-elástica:
3. Fase plástica;
4. Fase de equilíbrio limite.
dv
EK
dp
em que o quociente dv/dp expressa uma variação do volume da membrana com a pressão
aplicada, e K é uma constante que depende das dimensões da célula.
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Pode-se obter com os processos diretos a delimitação entre as camadas do subsolo, a posição do
nível do lençol freático e informações sobre a consistência das argilas e compacidade das areias.
Nota-se então, que as principais características esperadas de um programa de prospecção são
alcançadas com o uso destes processos. Em todos eles há o inconveniente de oferecer uma visão
pontual do subsolo.
10.6.1. Poços
Os poços são perfurados manualmente, com o auxílio de pás e picaretas. Para que haja facilidade
de escavação, o diâmetro mínimo deve ser da ordem de 60 cm. A profundidade atingida é
limitada pela presença do N.A. ou desmoronamento, quando então se faz necessário revestir o
poço.
10.6.2. Trincheiras
As trincheiras são valas profundas, feitas mecanicamente com o auxílio de escavadeiras. Permite
um exame visual contínuo do subsolo, segundo uma direção e, tal como nos poços, permite a
retirada de amostras indeformadas.
Por ser um processo geralmente manual (existem equipamentos mecânicos) e certos tipos de
solos serem de perfuração difícil, o uso do equipamento tem suas limitações. Para o caso de
areias compactas, argila dura e pedregulho, a profundidade atingida é da ordem dos l0 m.
10.6.4.1 - Introdução
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10.6.4.2 - O equipamento
10.6.4.3. Perfuração
A perfuração é feita com um trado-cavadeira até a profundidade do nível d’ água ou até que seja
necessário o revestimento do furo, por causa da instabilidade de suas paredes. Embora existam
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em diâmetros de 3", 4" e 6", é o de 2 ½" que se usa com mais frequência, pelo fato de ser mais
econômico e de fácil manusei0. A partir do ponto em que se introduz no furo o revestimento, a
perfuração deve prosseguir, com o uso de um trado espiral; a cota do N.A. será a profundidade
limite desta técnica de prospecção. Abaixo deste plano faz-se a perfuração por intermédio do
processo de lavagem com circulação d'água, que permite um avanço rápido do furo, sendo por
isso preferido pelas equipes de perfuração, em detrimento dos processos manuais. Nele, a água é
bombeada para o fundo do furo, através da haste oca e retorna pelo espaço anelar existente entre
a haste e o tubo de revestimento. O trépano de lavagem biselado contém dois orifícios laterais,
para a saída d'água e escava o furo nos movimentos de percussão feitos na haste pelo sondador.
Os detritos da escavação são carregados pela água no seu movimento ascensional.
10.6.4.4. A amostragem
A cada metro de profundidade são coletadas amostras pela cravação dinâmica de amostradores-
padrão. Estas amostras são deformadas e prestam-se a caracterização dos solos. Os amostradores
são tubos metálicos bi-partidos de parede grossa, com ponta biselada, constituídos de duas meia
canas solidarizadas entre as extremidades por conexões rosqueadas, Figura 93.
Deve-se ressaltar que a NBR 6484-86 normaliza a metodologia de execução deste ensaio e
descreve as dimensões do amostrador-padrão tipo Terzaghi (Figura 93). Os amostradores tipo
Mohr-Geotécnica e IPT foram grandemente empregados no Brasil, porém hoje estão quase em
desuso.
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Terzaghi-Peck 2 3 65 75
1
SPT 8
Mohr-Geotécnica 5 1 65 75
1
IRP 8
IPT 13 1 60 75
1 1
16 2
O índice de resistência a penetração, ou número N, como é comumente chamado, ainda que não
seja um ensaio de campo preciso (pois é muitas vezes influenciado por fatores ligados à forma de
execução e pelo equipamento empregado), pode dar uma indicação razoável dos estados de
compacidade e consistência dos dolos. As Tabelas a seguir (Terzaghi e Peck, 1948) fornecem a
consistência, a compacidade para os solos arenosos, e a consistência para os solos argilosos, em
função do número de golpes, NSPT.
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Tal como no processo, à percussão, quando as paredes do furo mostrarem-se instáveis, pondo em
risco a coluna de perfuração, que poderia ficar presa, usa-se um tubo de revestimento metálico,
com diâmetro nominal superior ao das hastes. Em outras ocasiões, emprega-se o revestimento do
furo, quando, atravessando camadas permeáveis ou bastante fraturadas, houver grande perda de
água de circulação.
As coroas são peças de aço especial, com incrustações de diamante ou vídia nas suas
extremidades. O efeito abrasivo da coroa desgasta a rocha e permite a descida do furo de
revestimento e o alojamento do testemunho, no interior do amostrador.
Quando, por exemplo, nas sondagens à percussão, os processos manuais forem incapazes de
perfurar solos de alta resistência, matacões ou blocos de natureza rochosa, usa-se o processo
rotativo como instrumento complementar. As sondagens mistas são, pois, associações dos dois
métodos, não importando a ordem de execução.
10.7. Amostragem
10.7.1. Introdução
No final da década de 50, entre os congressos de Mecânica dos Solos de Londres (1957) e o de
Paris (1961), um grupo de pesquisadores começou a atuar no sentido de dar uma nova dimensão
ao problema da amostragem. Este grupo, o IGOSS - Internacional Group on Soil Sampling,
surgiu do esforço de alguns pesquisadores que notaram um progresso acentuado nos métodos de
cálculo e nas técnicas experimentais da Mecânica dos Solos, sem ter havido um progresso
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paralelo das técnicas de amostragem. Aliás, este fato vem ressaltar uma importante conclusão a
que deve chegar o principiante: De que adianta possuir processos de cálculo e técnicas
laboratoriais de alto requinte, se não é possível contar com boas amostras? Toda a potencialidade
dos métodos e das técnicas perdem-se diante de amostras pouco representativas.
CLASSE 1: Amostras que não passaram por distorção nem alteração de volume e que,
portanto, apresentam compressibilidade e características de cisalhamento inalteradas.
No decorrer do texto, podem-se notar quais características dos solos são mais bem obtidas com
as diversas classes de amostra. Desde já, pode-se observar que amostras da classe 5 prestam-se
apenas, para dar uma ideia de sequência das camadas.
Houve, em seguida, por parte dos investigadores, preocupação de conceber tipos diferentes de
amostradores, de fato capazes de permitir amostras indeformadas. Está claro que além do tipo
do amestrador ut1izado, a obtenção de amostras, dentro de determinada classe, é função de
outros parâmetros tais como: tipo do solo e de seus estados de compacidade e consistência,
posição do lençol freático, em relação à cota de coleta da amostra e dos fatores já citados,
relativos à execução da sondagem.
Folque afirma que a amostra indeformada não está sujeita ao mesmo estado de tensão que a
solicitava "in situ" e sugere um procedimento para quantificar esta alteração, o qual pode ser
visto na ref. 9.
a. Blocos
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metálicas. As superfícies expostas das amostras são parafinadas, e transferidas com cuidado, para
os laboratórios e ali armazenadas em câmara úmidas, até o instante de serem ensaiadas.
Para as amostras superficiais, usa-se a forma de amostragem apresentada a seguir, Figura 94.
b. Amostras especiais
Em solos coesivos e de consistência de mole a média o amostrador de paredes finas, tipo Shelby,
é grandemente empregado. É composto de um tubo de latão ou de aço inoxidável de espessura
reduzida. Preferem-se os de 1atão aos de aço, por serem mais resistentes à corrosão. Quanto mais
finas as paredes do amostrador, menor será o amolgamento da amostra, entretanto, deverá haver,
em função do diâmetro, uma espessura mínima, para que o amostrador não flambe ou amasse
durante a amostragem. Este inconveniente é evitado, quando se tem amostradores com relação de
área inferior a l0 %, Figura 95.
Para que haja uma redução do atrito entre a amostra o as paredes do tubo, projetam-se os
amostradores com uma folga interna de 1 %, Figura 95.
Uma folga maior facilitaria a entrada da amostra no amostrador, mas aumentaria o risco desta
cair, quando da operação de retirada da amostra do furo de sondagem. Uma quantificação do
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amolgamento poderia ser dada pela porcentagem de recuperação da amostra: relação entre o
comprimento cravado da amostra e o comprimento cravado do amostrador, dado em
porcentagem. Quando esta re1ação for maior do que 100 % significam um deslocamento do solo,
por causa da espessura das paredes do amostrador ou do desenvolvimento de atrito lateral
interno, insuficiente para resistir à tendência de inchamento da amostra, resultado do alívio de
tensões experimentadas por ela. Por outro lado, para porcentagens menores que 100 %, a causa
pode ser o atrito lateral interno excessivo. Uma porcentagem ideal seria um pequeno intervalo
de variação em torno de 100 %.
Apesar de serem bastante empregados no Brasil, os amostradores de parede fina, tipo Shelby,
não permite um controle da porcentagem de recuperação. Dentre os tipos usuais mais
empregados nos processos de amostragem pode-se enumerar:
- Amostradores de Pistão
- Amostrador Sueco
O amostrador sueco permite uma sondagem contínua do subsolo, não sendo preciso retirar o
amostrador, aproximadamente a cada meio metro de avanço do furo. Possui um pistão que
permanece fixo durante o processo de amostragem. Nele se fixam as pontas de tiras de papel de
alumínio que são montadas em carretéis dentro de uma peça especial, e que se distribuem ao
longo de todo o perímetro do amostrador. A presença do papel alumínio reduz o atrito entre a
amostra e as paredes do tubo, e permite a obtenção de amostras com vários metros de
comprimento. Figura 97.
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- Amostrador Deninson
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CAPÍTULO XI
11. COMPACTAÇÃO
A compactação é entendida como ação mecânica por meio da qual se impõe ao solo uma redução
de seu índice de vazios. Embora seja um fenômeno similar ao adensamento, no uso diário dos
termos, têm sido dadas conotações diferentes. Enquanto no adensamento a redução de vazios é
obtida pela expulsão da água intersticial, num processo natural ou artificial, que ocorre ao longo
do tempo, e que podem durar centenas de anos; na compactação esta redução ocorre, em geral,
pela expulsão do ar dos poros, num processo artificial de pequena duração.
O índice final de vazios do solo é decorrente do tipo e estado do solo, antes da compactação e da
energia aplicada durante o processo.
Os tipos de compactação usuais podem ser manuais ou mecânicos. Nos processos manuais,
utilizam-se soquetes, em que a energia é aplicada mediante golpes sobre a camada. Nos
processos mecânicos, empregam-se soquetes mecânicos, rolos estáticos (lisos ou dentados) ou
vibratórios, em que a energia aplicada depende da tensão aplicada e do número de passadas que
se dá sobre a camada. Historicamente, as técnicas de compactação evoluíram em face dos
problemas de estabilidade e estanqueidade de maciços de barragens e pela imposição da ausência
de recalque em pavimentos rodoviários. Nos dias atuais, é também usada como método de
melhoria da capacidade de suporte dos solos superficiais.
A primeira contribuição significativa ao estudo da compactação foi dada por Ralph Proctor, em
1933. Ele descobriu a re1ação existente entre a massa específica seca, o teor de umidade e a
energia de compactação. Para uma energia fixa, a massa específica seca aumenta com o teor de
umidade até atingir um valor máximo e decresce daí em diante, Figura 99.
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 151
O teor de umidade que proporciona massa específica máxima é denominado teor ótimo.
Pode-se, de uma forma geral, explicar o fenômeno da compactação levando em conta a grande
influência que a água intersticial exerce, principalmente sobre o comportamento dos solos finos.
No ramo seco da curva de Proctor (à esquerda do teor ótimo de umidade) tendo o solo baixo teor
de umidade, a água de seus vazios está sob o efeito capilar. As tensões de capilaridade tendem a
aglutinar o solo mediante a coesão aparente entre suas partículas constituintes. Isto impede a sua
desintegração e o movimento relativo das partículas para um novo rearranjo. Este efeito é
reduzido à medida que se adiciona água ao solo, uma vez que ela destrói os benefícios da
capilaridade, tornando este rearranjo mais fácil. No ramo úmido da curva de Proctor, sendo
elevado o teor de água em forma de água livre, esta absorve parte considerável da energia de
compactação aplicada. Como a água é incompressível, parte desta energia é dissipada.
A aplicação de energias de compactação maiores produz uma redução do teor ótimo de umidade
e uma elevação do valor da massa específica seca máxima, A Figura 100 dá uma ideia deste fato.
Os solos siltosos ocupam uma posição intermediária. A Figura 101 dá uma ideia deste fato.
O ensaio de compactação desenvolvido por Proctor foi normalizado pela associação dos
departamentos rodoviários americanos, AASHO. (American Association of State Highway
Officials) e conhecido como Ensaio de Proctor Normal ou como AASHO Standard. (Entre nós,
ele foi normalizado pela ABNT por meio da NBR 7182 e tomou o nome de Ensaio Normal de
Compactação).
O ensaio consiste em compactar uma porção de solo em um cilindro de 1000 cm3 de volume com
um soquete de 2,5 kg caindo em queda livre de uma altura d 30 cm, Figura 102.
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O solo é colocado dentro do cilindro, em três camadas. Sobre cada uma se aplicam 26 golpes do
soquete, distribuídos uniformemente sobre a superfície do solo. As espessuras finais das três
camadas devem ser quase iguais. Após a compactação de cada uma delas, a superfície é
escarificada com o propósito de dar uma continuidade entre as camadas. O topo da terceira
camada, após a compactação, deverá estar rasante com as bordas do cilindro.
pl n N
E
V
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em que: E = energia aplicada ao solo, por unidade de volume; p = peso do soquete; l = altura de
queda do soquete; n = número de camadas; N = número de golpes aplicados a cada camada e; V
é o volume do cilindro
O solo a ser ensaiado deverá apresentar um teor de umidade cerca de 5 % inferior ao ótimo
previsto. Após a compactação, deve-se anotar a massa do corpo de prova para determinação da
massa específica e retirar três porções do solo, colocá-las em cápsulas e levá-las para secagem
em estufa para determinação do teor de unidade. Em seguida, adiciona-se uma quantidade de
água ao solo, suficiente para elevar o seu teor de umidade em cerca de 2 % em relação ao ponto
anterior, Toda a técnica descrita neste parágrafo deve ser repetida para os demais pontos da
curva de compactação.
O ideal será tomar de 4 a 5 pontos de forma que se possam ter dois pontos abaixo e dois acima
do teor ótimo. De posse dos pares de valores, massa específica do solo e teor de umidade, pode-
se calcular a massa específica seca mediante a conhecida relação:
d
1 w
s Sr w
d
Sr w s w
Além da técnica de compactação com reuso do material, em que se utiliza apenas uma porção de
solo, que é destorroado e homogeneizado, após cada operação de compactação, pode-se também
realizar o ensaio, tomando amostras iguais com o mesmo teor de umidade inicial, para a
determinação de cada ponto da curva. Pode haver uma pequena variação no resultado obtido
com os dois processos, sendo que os solos mais argilosos são mais sensíveis ao fenômeno.
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Soquetes
Manuais
Mecânicos
b. Equipamentos estáticos
Rolos dentados
Rolos pneumáticos
Lisos
c. Equipamentos vibratórios
Placas
Rolos
I)escreve-se a seguir os principais tipos de equipamentos e suas utilizações, tendo como base as
recomendações do NAVDOCKS DM-7 (Departament of the Navy, Bureau of Yards Docks).
h. Rolos estáticos
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Solos grossos 04 a 90 10 a 17
Para maior eficiência na compactação dos solos com teor de umidade situado acima do teor
ótimo a pressão de contaco deve ser menor do que se estes solos estivessem situados abaixo do
teor ótimo.
Compõe-se de um cilindro de aço oco, podendo ser preenchido com areia ou pedregulho, para
aumento da pressão aplicada. São apresentados com uma roda, duas rodas em tandem ou três
rodas.
Por causa de sua pequena superfície de contato são utilizados na compactação do capeamento e
em base de estradas. São indicados também para compactar camadas finas de 5 a 15 cm de
espessura.
Os rolos tipo tandem são indicados para a compactação de bases e subleitos de estradas em que
as espessuras a serem compactadas variam de 20 a 30 cm, sendo que 4 passadas são geralmente
suficientes. São apresentados nos pesos de 1 a 20 toneladas.
Os rolos com três rodas são utilizados para a compactação de solos finos. Os pesos
recomendados são de 6 a 7 ton. para materiais de baixa plasticidade e de 10 ton. para materiais
de alta plasticidade. Em geral, 8 passadas são suficientes para compactar uma camada de 15 a 20
cm de espessura.
São eficientes para a compactação de capas asfálticas, e têm grande aplicabilidade em bases e
sub-bases de estradas. Aplicam-se também em solos grossos sem coesão, com 4 a 8 % passando
na malha 200, cuja espessura de camada deve estar em torno de 25 cm, dando-se de 3 a 5
passadas. Podem também ser utilizados em solos finos ou em solos grossos bem graduados que
tenham mais de 8 % passando ria malha 200, em camadas de 15 a 20 cm de espessura, e
aplicando-se de 4 a 6 passadas. O uso de rolos com cargas elevadas proporciona bons resultados,
entretanto, são capazes de considerável penetração no solo, e isto gera grande deslocamento do
solo superficial que pode causar o aparecimento de fendas e ruptura da camada.
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São utilizados para compactar solos grossos com menos de 12 % passando na malha 200. São,
no entanto, mais adequados para solos com 4 a 8 % passando na malha 200. A espessura da
camada compactada deve situar-se em torno de 20 a 25 cm, e com cerca de três coberturas
atinge-se uma boa compactação.
De modo geral podem ser empregados na compactação de solos granulares, uma vez que atuam
no sentido de destruir temporariamente a resistência ocasionada pelo ângulo de atrito interno do
solo.
O solo trazido das áreas de empréstimos deve ser espalhado uniformemente sobre a área a ser
aterrada, em espessuras tais que, após a operação de compactação, atinjam as especificadas.
Geralmente, quanto mais finas, haverá melhoria não só da compactação como também do
controle, uma faixa ideal de espessura deve situar-se entre 20 a 30 cm, chegando a um máximo
de 45 cm. A escolha do tipo de equipamento e do número de passadas pode ser feita em aterros
experimentais, os quais podem mesmo ser as primeiras camadas da obra a ser construída.
d
GC 100 e w w wot
d max
O coeficiente GC, chamado de grau de compactação, é a relação entre a massa específica seca do
aterro compactado e a massa específica seca máxima obtida no ensaio de compactação realizado
em laboratório.
O valor w, conhecido como desvio de umidade, e a diferença entre o teor de umidade do aterro
compactado e o teor de umidade ótimo de laboratório.
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Normal e w = ± 2% em torno da umidade ótima, por exemplo) que devem ser conseguidos no
campo.
Outro método de controle rápido aproximado foi desenvolvido por Jack Hilf. Permite obter
informações do grau de compactação e do desvio de umidade, sem a necessidade de secar o
material. O teor de umidade é calculado apenas como verificação posterior.
Para efeito ilustrativo do método, imagine-se uma camada de um aterro com massa específica
seca da e teor de umidade wa. Se se tomar uma porção deste solo, compactando-se no cilindro
de Proctor, obtém-se o valor de dc que pode ser diferente do valor de da uma vez que as energias
empregadas não são, em geral, iguais.
a da (1 wa ) e c dc (1 wa )
da (1 wa ) da
GC E
dc (1 wa ) dc
O grau de compactação do solo pode ser encontrado de forma análoga, a partir das massas
específicas úmidas, se se conhecer o valor de dmax (1+wa) pois, de fato:
da (1 wa ) da
GC
d max (1 wa ) d max
Pode-se converter o valor da massa específica seca máxima dmax(1+wa) em uma expressão que
incorpore o teor de umidade do aterro dmax (l + wa), dividindo-se essa expressão por :
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d max (1 wot )
d max (1 wa )
1 wot
1 wa
1 wot w wa
A expressão 1 ot 1 z
1 wa 1 wa
wot wa
em que z
1 wa
representa uma quantidade de água adicionada amostra, em relação ao seu peso, quando seu teor
de umidade era wa. Para dar-se conta deste fato, basta multiplicar ambos os membros de z pelo
valor do peso seco da amostra.
O gráfico da Figura 104 apresenta duas curvas. A superior, a das massas específicas úmidas,
representa o resultado de compactar-se, no cilindro de Proctor, amostras retiradas do aterro, com
valores crescentes do teor de umidade. A curva inferior resulta de uma conversão das massas
específicas de campo, colocadas em função do teor de umidade do aterro.
Figura 104 - Massa específica úmida e convertida em função da variação do teor de umidade.
Sendo o valor de (1 + wa) uma constante, o ponto de máximo da curva inferior será o valor de
dmax, uma vez que a única variável é d. Portanto,
da (1 wa ) d
GC
d max (1 wa ) d max
Para a obtenção do grau de compactação pelo método de Hilf, determina-se em primeiro lugar, a
massa específica do aterro. Em seguida. Compactam-se, no cilindro de Proctor, amostras com
valores crescentes ou decrescentes de z, sendo z uma quantia fixa de água tomada em relação ao
peso do solo inicial. De posse de vários valores de z e das massas específicas convertidas,
obtém-se o valor de dmáx (1 + wa).
wot wa z m (1 wa ) mas,
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wot wa
1 zm 1 , portanto,
1 wa
1 wot
wot wa z m
1 wa
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Dada a curva de compactação da Figura $,$, traçar as linhas de saturação de 100%, 90% e 80%
para valores de umidade localizados no ramo úmido da curva de comapctação.
Interessado Thiago Pinto Trindade Massa do soquete 2500 g Amostra Solo A-7-5 (20)
Obra Tese de Doutorado Número de camadas 3 Data da amostragem 22/11/2002
Energia de Energia Normal – Cilindro Golpes por camada 26 Operador Tiago P. Trindade
Compactação Pequeno
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MECÂNICA DOS SOLOS, Benedito Bueno & Orêncio Vilar 161
Sugere-se elaborar uma tabela com os pares de valores (W, γd), que poderão ser
calculados a partir da seguinte relação:
s Sr w
d
Sr w s W
Dados: γs = 27,5 kN/m³ e γw = 10 kN/m³
Resolução:
W (%)
30,0 31,5 33,0 34,5 36
Sr (%) γd (kN/m³)
100 15,07 14,74 14,42 14,11 13,82
90 14,35 14,01 13,69 13,39 13,10
80 13,53 13,20 12,88 12,58 12,29
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BIBLIOGRAFIA
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