A Argumentação, O Orador e o Seu Auditório

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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias – ESGCT

Licenciatura em Ciências da Comunicação

TEMA:
A Argumentação, O Orador e o seu Auditório

Estudante: Margarida Tembe Docente: Dr. Aurélio Cuna

Maputo, Novembro de 2019


UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
A POLITÉCNICA

Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias – ESGCT

Licenciatura em Ciências da Comunicação

A Argumentação, O Orador e o seu Auditório

O presente trabalho é para ser


entregue no Departamento de Gestão,
Ciências e Tecnologias, como
avaliação parcial recomendado pelo
Docente:

Maputo, Novembro de 2019


Índice
Introdução…………………………………………………………………………………..(1)
Teoria da Argumentação……………………………………………………………………(2)
O Orador………………………………………………………………………………….....(3)
O Auditório……………………………………………………………………………….....(4)
Conclusão…………………………………………………………………………...……….(5)
Bibliografia……………………………………………………………………………..……(6)
Introdução
A proposta do presente trabalho é apresentar as Teorias da Argumentação, o orador e o seu
auditório segundo Chaïm Perelman, demonstrando o contexto histórico de quando foi criada,
bem como a sua aplicação, pois é por meio da argumentação que um comunicador interage,
sendo a retórica uma das principais fontes da teoria da argumentação.
Teoria da Argumentação
No campo da argumentação destacam-se os postulados filosóficos de Chaim Perelman e é
importante ressaltar que as suas contribuições, promovem um notável avanço no campo dos
estudos da argumentação, fornecendo ao pesquisador um referencial teórico-metodológico que
permite a realização de uma ampla análise linguístico-discursiva de diversos corpora de natureza
persuasiva.
Os estudos sobre argumentação compõem um campo vasto, complexo e multidisciplinar, já que
o próprio acto de argumentar encontra espaço em todos os lugares onde exista a abertura para a
dúvida e para o conflito, em que não se disponha de uma verdade definitiva a respeito de um
dado.
Assim como Aristóteles (1998), Perelman (1987 ) entende que o campo da argumentação é o
campo do verossímil, do plausível, do provável.
A fim de ressaltar as características particulares da argumentação e os problemas inerentes a seu
estudo, Perelman apresenta uma distinção inicial entre demonstração e argumentação, de onde
resultam consequências sociológicas fundamentais para o pensamento que irá desenvolver ao
longo de toda a sua obra.
A argumentação é essencialmente comunicação, diálogo, discussão. Enquanto a demonstração é
independente de qualquer sujeito, até mesmo do orador, uma vez que um cálculo pode ser
efetuado por uma máquina, a argumentação por sua vez necessita que se estabeleça um contacto
entre o orador que deseja convencer e o auditório disposto a escutar.

Tipos de argumentos
 Argumentos quase-lógicos (construídos à imagem de princípios lógicos).
 Argumentos fundados sobre a estrutura do real (no sentido do que o auditório acredita ser
o real).
 Argumentos que fundam a estrutura do real (operam por indução) modelo, comparação
ou analogia.
Para a eficácia da argumentação, é essencial, portanto, que o orador conheça este conjunto de
técnicas de associação e dissociação, pois, ao contrário do lógico ou do matemático, que agem no
interior de um sistema de elementos fechados, o orador retira seus argumentos de um celeiro
indeterminado, composto por teses do senso comum ou de uma disciplina especializada, que
podem produzir maior ou menor intensidade de adesão. Tais técnicas, fundadas em
procedimentos indutivos e dedutivos, encontram sua razão de ser no jogo interlocutivo e se
desenvolvem em função das finalidades persuasivas da argumentação.
O Orador
Para PERELMAN importa também que o orador, ao selecionar os argumentos para um auditório
específico, busque conferir-lhes uma presença, ou seja, realizar uma escolha acertada dos fatos,
valores, lugares-comuns garante aos argumentos selecionados uma dimensão psicológica
especial no discurso, já que é um pensamento recorrente e atua de forma direta sobre a
sensibilidade do auditório. A elaboração dos argumentos, seja ele falado ou escrito, passa por
duas fases, a saber, a produção dos acordos prévios e a utilização de técnicas argumentativas,
com o intento de convencer/persuadir um auditório específico.
Em suma, aquilo que nos é mais frequente tende a ser mais persuasivo do que aquilo que nos é
estranho ou remoto. Em sua obra Lógica jurídica, PERELMAN apresenta o seguinte exemplo:
“Um rei vê passar um boi que deve ser sacrificado. Sente piedade dele e ordena que o substituam
por um carneiro Confessa que isso aconteceu porque via o boi e não via o carneiro.”
Entretanto, deve-se lembrar que a análise desses argumentos formulados para o escopo da
persuasão necessita ocorrer de forma conjunta, observado principalmente o contexto de cada um
deles.
O auditório é de grande importância ao orador, isso porque “o conceito básico da teoria de
Perelman é o auditório. Este é o conjunto daqueles sobre os quais o orador quer influir por meio
de sua argumentação” (Alexy, 2005, p. 165). Dessa maneira, pode-se perceber melhor a ar-
gumentação de um especialista em determinado assunto quando o mesmo se dirige verbalmente
ao seu auditório, melhor do que editar e escrever um livro, no qual o seu argumento se perderá
do contato com o seu auditório. Isso porque, a qualidade do orador será verificada quando o
mesmo conseguir tomar a palavra e persuadir o seu auditório da sua tese, devendo o orador
influenciar o seu auditório.
Ademais, a argumentação pressupõe a existência de indivíduos, sendo a ligação entre orador e
seu auditório, no qual este adota determinadas argumentações daquele que profere seu discurso.
Perelman analisa três tipos de oratória, ancorado na retórica de Aristóteles, quais sejam, o
deliberativo; o judiciário e o epidítico. O gênero deliberativo é inspirado nos debates políticos e
plenário nas casas legislativas e executivas. O segundo tipo é guiado pelos debates que ocorrem
em todos os tribunais, uma vez que por meio do debate, as partes manifestarão o seu
posicionamento e o Magistrado decidirá o que é mais justo. O último, que é o epidítico,
estabelece a distinção entre educação e propaganda, pois o propagandista deve conciliar os seus
dizeres com o seu público, enquanto o educador é o porta-voz dos valores reconhecidos naquela
sociedade (Monteiro, 2003).
Além do mais, o auditório que deve construir o orador, eis que cada sociedade detém a sua
origem sociológica e psicológica, que delimitará a construção do discurso do orador, pois o
mesmo deve-se utilizar de argumentos múltiplos e variados para persuadir aquele auditório.
Outro ponto de relevância é a adaptação do orador ao seu auditório, tendo em vista que se trata
de pessoas diferentes, que tem pensamentos distintos, e por isso se mostra um auditório
homogêneo.
Dessa forma, o orador deve adaptar-se ao meio, Perelman propõe superar essa dificuldade por
meio de técnicas argumentativas, ou seja, o modo em que o pensamento será desenvolvido e,
assim, persuadir o seu auditório da tese proposta. Tais técnicas argumentativas podem ser utili-
zadas em qualquer auditório, desde que seja composto por indivíduos racionais, que possam
aceitar a tese que está sendo proposta pelo orador.

O Auditório
A noção de auditório em Perelman Para Perelman, não há dúvidas de que “A argumentação visa
obter a adesão daqueles a quem se dirige” (1996, p. 21), sendo, assim, inteiramente relativa ao
auditório que possa influenciar. O autor destaca ainda o fato de que, para que um orador consiga
reter a atenção de seus ouvintes, de forma a poder ser ouvido e, consequentemente, desenvolver a
argumentação, é necessária alguma qualidade (PERELMAN, 1996). Ou seja, o orador deve
conseguir exprimir suas ideias com certa habilidade, visando sempre o auditório e sua resposta.
Por esse motivo, o auditório encontra papel nuclear em sua teoria.
O auditório é constituído por todos aqueles a quem o orador se dirige directamente. É isso que
normalmente faz um advogado no tribunal ou, para usar um exemplo que nos é muito familiar, o
professor numa aula. Mas nem sempre o auditório é constituído por aqueles a quem o orador se
dirige directamente. Por exemplo, um político que discursa no parlamento não dirige-se apenas a
quem o ouve presencialmente ou também àqueles que o possam estar a ver pela televisão, dirige-
se a todos os que o podem ouvir.

Auditório particular e auditório universal


Para Perelman, o auditório é constituído pelo “conjunto daqueles que o orador quer influenciar
pela sua argumentação” (Chaïm Perelman, O Império Retórico, p. 33). Este conjunto pode ir do
o orador, numa deliberação íntima, à totalidade da humanidade e, por isso, pode ser de dois tipos:
 auditório particular, cuja variedade é infinita e tanto pode ser constituído por um único
indivíduo como por qualquer grupo restrito de pessoas;
 auditório universal, que é constituído por todos aqueles que são capazes de seguir uma
argumentação, competentes e razoáveis, e cujo acordo determina o que é verdade
objectiva.

Discurso persuasivo e discurso convincente


A distinção entre auditório universal e auditório particular está na base da distinção entre
discurso persuasivo e discurso convincente:
 O discurso persuasivo é aquele que visa persuadir os auditórios particulares por
intermédio de argumentos que lhes são adequados.
 O discurso convincente é o que se dirige ao auditório universal e cujas premissas e
argumentos são universalizáveis, isto é, podem ser aceites por todos os membros do
auditório universal, tendo assim este auditório o papel de decidir do carácter convincente
da argumentação.
Conclusão
Para Perelman há, portanto, uma relação estreita entre filosofia e retórica. Claro que as teorias da
argumentação, o orador e o seu auditório não encontra aplicação apenas na filosofia. O que
distingue a argumentação filosófica das outras formas de argumentação retórica é o facto de esta
ter como seu auditório específico o auditório universal, por outro lado, pretende-se demonstrar
neste trabalho a teoria da argumentação de Chaïm Perelman, com suas características e a
importância da argumentação para que haja a persuasão do ouvinte e passe a aderir ao discurso
proferido pelo orador.
Bibliografia
Chaïm Perelman, O Império Retórico (Porto: Asa, 1993)

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