Modelagem Tridimencional
Modelagem Tridimencional
Modelagem Tridimencional
TRIDIMENSIONAL
PROFESSORA
Esp. Inês Sarto Soares
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
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2
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este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Inês Sarto Soares.
Bons Estudos!
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
CONCEITO DA TÉCNICA TRIDIMENSIONAL MOLDES BÁSICOS E INTERPRETAÇÃO DE
14 Conceito e Técnica de Modelagem MODELOS SOBRE A PARTE SUPERIOR DO CORPO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Conceito e técnica de modelagem
• Materiais e instrumentos de modelagem tridimensional
• Anatomia do corpo: simetria e assimetria
• Marcações das linhas de construção no manequim técnico
Objetivos de Aprendizagem
• Entender os princípios teóricos da técnica de modelagem
tridimensional.
• Conhecer os instrumentos necessários para o
desenvolvimento da técnica de modelagem tridimensional.
• Entender sobre os princípios dos planos anatômicos do
corpo para aplicação da técnica.
• Compreender como demarcar as linhas de construção em
um manequim técnico, visando a percepção visual.
unidade
I
INTRODUÇÃO
CONCEITO E TÉCNICA
DE MODELAGEM
Caro(a) aluno(a), você já ouviu falar sobre modela- delagem tridimensional saiba que o termo resulta do
gem tridimensional? processo de modelar a peça do vestuário sobre um
Pois bem, será a partir dessa explanação que busto técnico ou humano, levando em consideração
iniciaremos nossa viagem rumo à compreensão de as medidas e dimensões corporais do público-alvo
como manipular e moldar o tecido no busto técnico, escolhido. Essa técnica é muito utilizada para perso-
o manequim. nalizar peças do vestuário em ateliês e, atualmente,
Para que você entenda melhor o conceito de mo- é comumente aplicada nas indústrias de confecção.
14
DESIGN
Para que você possa compreender melhor a produ- 3. Modelagem tridimensional - (moulage ou
ção de moldes por meio da técnica de modelagem draping): produzida a partir de um corpo
tridimensional, é necessário conhecer o processo de humano vivo ou técnico.
modelagem industrial. Essa técnica é desenvolvida Agora vamos nos aprofundar na técnica de modela-
para a construção de moldes de vestuário, por meio gem tridimensional, que significa o processo de tirar
de leituras e interpretação de modelos. Tal procedi- a forma (moldagem), ou seja, criação de moldes sob
mento implica na tradução das formas de vestimen- a forma tridimensional, a partir do tecido em um
ta, estudos da silhueta, materiais e entre outros ele- corpo técnico ou humano. Sabrá (2014, p. 95) de-
mentos da peça a ser produzida. fende a ideia de que a moulage é a técnica desenvol-
No processo de modelagem industrial existem vida na construção de peças do vestuário, por meio
três tipos de métodos de modelagem, todos muito de leituras e interpretação de modelos. Tal procedi-
utilizados no setor do vestuário, são eles: mento implica na tradução das formas de uma vesti-
1. Modelagem plana industrial (bidimensio- menta, estudos da silhueta, materiais e entre outros
nal): pode ser produzido manualmente e/ou elementos da peça a ser produzida.
no sistema digital CAD/CAM (computariza- Para definir este conteúdo são registradas três
do).
nomenclaturas usuais (modelagem tridimensional/
1.1. Modelagem plana manual: transforma
moulage/ draping), acompanhe:
uma forma tridimensional a partir de
desenho de criação ou peça piloto em Técnica de modelagem tridimensional: palavra
desenho plano (bidimensional) utilizan- de origem portuguesa, consiste em moldar o corpo
do os princípios da geometria descritiva, na forma de 3D, utilizando qualquer tipo de mate-
matemática básica, desenhando em uma rial, como tecidos, papel ou materiais alternativos.
superfície plana.
2. Modelagem gráfica (bidimensional / tridi-
mensional) – Sistema CAD: produzida em
REFLITA
um sistema computadorizado.
2.1. Modelagem gráfica bidimensional: téc-
nica desenvolvida diretamente no com- “Modelagem é mais parecido com engenharia
putador, em forma plana através de grá- do que qualquer outra coisa. É encontrar os
ficos e medidas do corpo. limites do que você pode fazer ao envolver
o corpo em tecido. Tudo evolui. Nada está
2.2. Modelagem gráfica tridimensional: téc- rigidamente definido”.
nica desenvolvida diretamente no corpo
de um manequim, com as medidas de um (John Galliano)
público determinado.
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
T
écnica de modelagem Moulage: palavra A modelagem tridimensional é uma ferramen-
de origem francesa (masculina), denomi- ta muito eficaz no processo produtivo da indústria
na o mesmo processo de esculpir o corpo de confecção, pois ela transforma a matéria-prima
com tecidos, criando a forma, mais preci- no produto final, atribuindo novas formas, inovan-
samente a moldagem, muito utilizada por artistas do nas vestimentas, além de proporcionar novas si-
plásticos na escultura. Esse vocábulo é usado so- lhuetas, isso sempre relacionado com o mercado de
mente no setor de moda no Brasil, pois sua fonética moda/vestuário que está em progressão tecnológica
no português é a mais próxima e mais perfeita para e criativa.
o termo. Draping ou Moulage é uma arte tridimensional
Técnica de modelagem Draping: palavra de ori- de modelagem, na qual em uma manequim especí-
gem inglesa, denomina o ato de drapejar. Em moda fica são realizadas as montagens de uma roupa. Essa
também representa o sistema de trabalho de mol- técnica foi introduzida pela estilista Madeleine Vion-
dagem do tecido sobre o corpo humano ou busto net na França, facilitando em suas criações a elasti-
técnico para se obter a forma da forma. cidade e o caimento da roupa ao corpo. Atualmente
a técnica é muito utilizada pelo estilista Jum Nakao,
que produziu um desfile com roupas de papel.
A precursora a utilizar a técnica moulage/dra-
SAIBA MAIS
ping no Brasil foi Jeannine Niepceron, profissional
renomada na área de moda. Ela adquiriu este méto-
Pesquisando um pouco da história da mode- do por meio da prática de forma intuitiva e criativa.
lagem podemos ver que os gregos, romanos e Aqui no Brasil, os designers de moda utilizam-na
egípcios já praticavam está técnica enrolando
retângulos de tecido sobre o corpo. para a mesma finalidade, pois por meio dessa técni-
ca é possível visualizar o corpo, de forma tridimen-
Antes do século XX, o conhecimento técnico
de moulage era empírico e sem muitos es- sional, com clareza e assegurar sua vestibilidade.
tudos. Foram as primeiras estilistas de alta-
-costura Madeleine Vionnet e a Madame Grés MÉTODOS PARA A APLICAÇÃO DA
que começaram a desenvolver estudos sobre
modelagem, dando forma a várias peças do TÉCNICA DE MODELAGEM
vestuário. As duas, durante muitos anos, fo- TRIDIMENSIONAL
ram reconhecidas também por desenvolver • Modelagem tridimensional no manequim
e dominar a produção de moldes, tornando
de prova delimitado com linhas de cons-
possível novos volumes e maneiras de se
construir uma vestimenta. Atualmente, os trução do corpo: o manequim técnico tem
estilistas renomados pelos seus moldes são que estar marcado com as linhas estruturais
John Galliano e Dior.
do corpo humano. Para moldar a peça nes-
Fonte: Sabrá (2014). se corpo utiliza-se um tecido e que este seja
próximo ao da peça original, ou seja, mesma
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DESIGN
composição (100% algodão ou 100% poliés- exemplo: se você quiser moldar uma blusa,
ter). Molda-se o corpo com o tecido, fixando a pessoa que será utilizada como manequim
com alfinetes em cima das linhas demarcadas deve usar uma camiseta bem justa ao cor-
no busto técnico, dando a forma do modelo po enquanto o modelista aplica as técnicas
desejado. Essa técnica é simples, a mais utili- de moulage no tecido desejado, modelando
zada na indústria de confecção e a que vamos a peça conforme foi previamente projetado
utilizar nesta disciplina. ou através da inspiração do momento. Assim
• Modelagem tridimensional direto no corpo que terminar a moldagem da peça, o mol-
humano: é possível moldar uma peça de ves- de é retirado para que a peça seja retraçada
tuário sobre o corpo humano. A estilista Ma- mantendo os detalhes do modelo e inserindo
deleine Vionnet desenvolvia suas modelagens margem de costura as partes dos moldes.
diretamente no corpo de suas clientes. Por
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
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DESIGN
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
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DESIGN
Caro(a) aluno(a), ao finalizar este conteúdo, para sua melhor compreensão, é muito im-
portante que você tenha um conhecimento básico das técnicas possíveis de modelagem
tridimensional. Não que tenha que praticar neste momento todas as técnicas, mas somente
a título de conhecimento, o importante é que possa no decorrer dessa disciplina, praticar a
técnica que iremos apresentar nos módulos seguintes.
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
MATERIAIS E INSTRUMENTOS DE
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Caro(a) aluno(a), agora vamos estudar a importân- controlar a qualidade do produto. Quando pensa-
cia dos instrumentos para executar de forma corre- mos na sobrevivência de uma indústria de confec-
ta as técnicas de modelagem. Para que possa com- ção, o modelista é o profissional essencial, acima até
preender é importante que entenda sobre o espaço do designer de moda, digo isso porque no mercado
físico do setor de modelagem. O departamento de de trabalho não é anormal que além de entender de
modelagem está entre os setores mais importantes modelagem o modelista saiba também criar mode-
da indústria de confecção. Está inserido na área de los, suprindo a necessidade do designer de moda.
atividades fabris, responsáveis pela produção de Neste momento, vou explicar sobre as principais fer-
moldes utilizando equipamentos e componentes ramentas de trabalho para que você consiga desenvolver
disponíveis. Para os modelistas, o maior desafio é com tranquilidade as principais atividades do modelista.
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DESIGN
FERRAMENTAS PERTINENTES
À MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Fita métrica
Uma das principais ferramentas de trabalho do mo- • Giz de alfaiate: cera dura e em forma de giz
delista é a fita métrica, que tem como função men- para marcar tecidos.
surar distâncias. Por mais simples que seja este equi- • Papel carbono: papel contendo em uma das
pamento, tome muito cuidado na sua compra, visto faces cera colorida, que ao ser pressionado no
tecido com carretilha fixa a marcação dese-
que é um dos responsáveis pela precisão do seu mol-
jada.
de. Por isso, sempre que for comprar uma fita métri-
• Lápis ou lapiseira: melhor na numeração 0,9
ca escolha a que cumpra com excelência a função de mm, é utilizada para desenhar a modelagem.
medir e a mantenha em ótimo estado, pois se estiver • Borracha: deve ser bem macia para apagar
rachada e com as bordas dobradas, deixará de exer- riscos no tecido e papel.
cer sua função e precisará ser substituída. Uma dica: • Marcador de furos: para perfurar os ápices
procure comprar uma fita métrica de plástico para das pences.
melhor precisão. • Carretilha ou rolete: utilizado para transpor-
tar os moldes para outro papel.
• Alfinete: muito importante para apoiar os
SAIBA MAIS papeis para cópias.
• Agulha de mão: tenha uma seleção de agu-
lhas para costuras manuais, pois conforme
As ferramentas de medição mais comuns são o tecido se utiliza uma grossura de agulha.
a fita métrica e a trena antropométrica, ambas
Cada tecido exige a espessura ideal de agu-
devem ser utilizadas com muito cuidado. Além
disso, vale pontuar que se diferem bastante
lhas.
das réguas utilizadas para modelagem. • Linhas para alinhavos: procure obter linhas
na composição de 100% algodão.
Fonte: Sabrá (2014).
• Tesouras de papel e para tecidos: tesoura es-
pecífica para cortar papel e tecidos, em tama-
nhos variados.
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DESIGN
ANATOMIA DO CORPO:
SIMETRIA E ASSIMETRIA
Agora que você já conhece um pouco sobre mode- feita, no nosso caso, nos referimos a modelagem 3D.
lagem, busto técnico e materiais necessários para a Embora venhamos a abordar outros aspectos
construção de roupas, você vai ter uma visão geral como: métodos de mapeamento do busto técnico,
das linhas imaginárias e planos do corpo humano, o que você aprenderá agora, irá te oferecer uma vi-
principal instrumento de apoio. são geral dos planos do corpo humano, delimitação
O ser humano é composto por um espaço pró- das linhas imaginárias do corpo. Esse conteúdo é
prio, constituído por sua estrutura morfológica pre- um pré-requisito para que você possa executar com
sente. É por meio das medidas e forma do corpo facilidade suas atividades decorrentes. Para isso, va-
humano que se consegue obter uma modelagem per- mos iniciar conhecendo a definição de anatomia,
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
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DESIGN
efeitos da gravidade de forma harmônica ao corpo, sua medida natural, dentro da posição anatô-
mica (ou posição zero). Para atender uma or-
ou seja, o caimento do tecido corresponderá às in-
dem na execução de um movimento, o cuidado
fluências de quem veste e seus movimentos. É como com o cálculo determina a construção da peça,
imaginar que cada corpo é o tecelão do seu vestuá- pois ela trabalhará simultaneamente com o cor-
rio, mantendo-se dentro de padrões característicos. po (GRAVE, 2004, p. 49).
Para entender melhor observe a seguir, observe que
conforme a modelo muda de posição o caimento do A modelagem da roupa tem que permitir que corpo
tecido é influenciado. movimente-se para frente ou para trás, de um lado
Movimento: nós possuímos algumas articula- para o outro, além dos movimentos proporcionados
ções que permitem liberdade de movimento. Quan- pelas articulações. Ainda segundo Grave (2005), o
do for modelar uma peça, você precisa levar em con- corpo ao se movimentar provoca um estiramento na
sideração que o corpo humano movimenta-se e que roupa, essa ação muitas vezes repuxa e força a mus-
todo o tipo de movimento deve ser respeitado. culatura, pressionando partes do vestuário contra as
regiões mais apertadas do corpo.
A modelagem tem função participativa e ativa Observe na figura a seguir que por mais que a
nos movimentos articulares. Nos movimentos,
modelagem da roupa seja justa ao corpo a modelo
alguns músculos encolhem-se cerca de 30% da
consegue se contorcer.
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
PLANOS ANATÔMICOS
LIGADOS À MODELAGEM
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DESIGN
los ao tronco com as palmas das mãos voltadas para 1. Plano sagital: quando o corte do corpo é ver-
frente, membros inferiores estendidos e unidos com tical e passa longitudinalmente através do
os pés voltados para a frente. corpo, dividindo-o em duas metades simé-
tricas à direita e à esquerda. Como na mo-
delagem trabalhamos principalmente com
Planos Seccionais este plano, será com ele que iremos construir
modelos simétricos e assimétricos. A seguir
Por mais que esta não seja uma posição habitual, ela você pode observar duas figuras que mos-
é a referência para o estudo dos planos de represen- tram simetria e assimetria, do lado direito e
tação do corpo, podemos dividir o corpo em 3 (três) esquerdo.
planos: 2. Planos Frontais ou Coronais: o plano é verti-
cal e passa através do corpo em ângulos retos
Plano sagital Plano coronal com o plano mediano, dividindo-o em partes
anterior (frente) e posterior (de trás). Esse
plano é muito importante na execução da
modelagem, pois ele determina nos moldes
a parte frente e costas da peça como molde
frente e molde costas.
3. Planos Transversos (Horizontais): esse plano
Plano é estabelecido quando o corte do corpo faz
Transverso um ângulo reto com os planos coronais e me-
dianos e divide o corpo em partes superior
e inferior. Esse plano divide na modelagem
peças que vestem a parte superior e inferior
do corpo, como blusas e saias.
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Figura 9 - Modelo simétrico, lados direito e esquerdo do modelo iguais Figura 10 - Modelo assimétrico, lados direito diferente do lado esquerdo
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Para que você possa desenvolver a técnica de mode- • Linha de cava: encontro do torso com o bra-
lagem tridimensional, o primeiro passo é entender ço.
e saber trabalhar com as principais linhas de mar- • Linha de cotovelo: encontro do braço com o
cação: antebraço.
• Coluna vertebral: (eixo central) tem a parte • Linha de punho: encontro do antebraço com
direita e esquerda do corpo. a mão.
• Linha de Pescoço: (decote) é a cavidade que • Linha de joelho: encontro da perna e ante
separa o pescoço do corpo. perna.
• Linha de Busto: (altura do mamilo) linha que • Linha de tornozelo: encontro da perna com
passa horizontalmente pela saliência do ma- o pé.
milo. • Linha de ombro: distância entre a linha de
• Linha de Cintura: parte mais fina do encon- pescoço e linha de cava.
tro da parte superior com a parte inferior do • Linha princesa frente e costas: é a linha que
torso. divide o corpo em três partes verticais do
• Linha de Quadril: parte mais saliente do tor- corpo, paralelas ao eixo central.
so inferior.
FRENTE COSTAS
Circunferência do pescoço
Linha de ombro
Linha de cava
Linha de entre cavas
Linha de busto
Linha de recorte princesa
costas
Linha de cintura
Linha de pequeno quadril
Linha de quadril
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DESIGN
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
• Costura lateral: meça a distância entre o linha do busto, divida esse valor por 2, este determi-
centro frente e o centro costas nas linhas do na a altura da linha. Na sequência, passe pelas costas
busto, da cintura e do quadril. No busto, você a linha entre as cavas posicionando em paralelo com
marca a metade e adiciona 1 cm para trás, na a linha do busto. Observe que para encontrar esta
cintura faça a mesma coisa, mas acrescente
linha o processo é semelhante ao da frente.
0.5 cm para as costas. Na marcação do qua-
dril apenas marque na metade sem acrésci-
mo, agora com os 3 pontos marcados passe a LINHAS OPCIONAIS
fita paralela ao eixo central.
• Circunferência do pescoço: Circule a fita de Baixo quadril: meça e marque com giz nas laterais
cetim ao redor do pescoço, na junção do pes- do manequim, da cintura em direção ao quadril, a
coço com o tronco, posicione a fita em toda distância do baixo quadril é na metade da medida
circunferência do pescoço e alfinete. entre a cintura ao quadril. A fita deve passar por es-
• Cava: faça uma leve “concha” com a mão e ses pontos e seguir paralela ao chão durante toda a
mantenha o dedão para frente do manequim
circunferência do baixo quadril.
e o dedinho para as costas do manequim. Na
altura de baixo do braço, marque 3 cm acima Linha princesa – frente/costa: meça a distância
da linha do busto, na axila. Vai contornando entre o ombro e o pescoço, marque com giz a metade
com o giz a sua mão. Com isso, sua mão ser- e divida ao meio. Marque com giz o ápice do busto (a
virá de base, cava tanto no lado direito como parte mais saliente de busto). Pegue esta medida de
no lado esquerdo do corpo. entre seios e desconte 1,5 cm, transfira essa medida
para a cintura, partindo do eixo central em direção
Entre cavas – frente: partindo da intersecção da li- à lateral do corpo. Na altura do quadril, transfira a
nha do busto e centro frente do manequim, meça a mesma medida da diferença de entre seios, em se-
altura da linha que encontrou entre cavas das costas. guida, posicione e alfinete a linha encontrada com
Aplique a linha entre cavas da frente a partir deste fita de cetim.
ponto e, em seguida, posicionado neste ponto seguir Para fazer a linha princesa nas costas, repita as
paralelo a linha do busto. mesmas medidas da frente e procure usar as ima-
Entre cavas – costas: meça, em cima da marcação gens inseridas a seguir, elas vão te ajudar a visualizar
centro costas, a distância entre a linha do pescoço e a o local dessa linha, assim facilita a sua compreensão.
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DESIGN
Figura 14 - Eixo Centro frente Figura 15- Linha do ombro no busto técnico.
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Figura 16 - Linha de busto cintura e quadril no busto técnico Figura 17 - Linha de lateral no busto técnico.
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DESIGN
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MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
CAVA
COSTAS CAVA
FRENTE
40
considerações finais
C
aro(a) aluno(a)! Chegamos ao final desta unidade. O presente estudo não tem a
intenção de acabar com o assunto, mas apresentar as principais convergências
entre os tipos de técnicas de modelagem, que compõe a modelagem industrial,
buscando de alguma forma facilitar a decisão do designer de moda na execução
do produto projetado. Existe dentro do processo de modelagem várias técnicas também
viáveis e todas com o mesmo grau de importância, entretanto, nossos estudos trabalham
com a modelagem tridimensional com técnicas de modelagem dentro do processo, isso é,
executar a modelagem de peças de vestuário utilizando o corpo técnico. Além disso, essa
técnica enriquece o designer com conhecimentos imprescindíveis de anatomia do corpo
humano. Isso é muito importante para os profissionais da moda, pois esse conhecimento
vai facilitar a aplicação da técnica a desenvolver peças com equilíbrio em relação à simetria
e assimetria do mesmo.
Outro ganho importante que você aprendeu nesta unidade é a metodologia na orien-
tação das linhas para a construção do manequim técnico. Tome muito cuidado com esta
etapa, pois será ela que evitará falhas na questão de vestibilidade e na dimensionalidade do
produto. Portanto, é muito importante que você, profissional de moda, construa correta-
mente e conheça seus instrumentos, pois só assim você terá tranquilidade no trabalho e
garantia de qualidade nas suas modelagens.
Sendo assim, podemos dizer que os conhecimentos de modelagem tridimensional se
destacam como método essencial durante o processo de criação. Portanto, é a partir disso
que você estrutura suas ideias predeterminada ou instantânea, o mais próximo da realida-
de do corpo humano.
41
LEITURA
COMPLEMENTAR
Resumo
Apresenta-se um estudo da relação da técnica moula- estudo do corpo. Estruturou-se a fundamentação te-
ge com os conhecimentos sobre o corpo. Foi utiliza- órica, por meio da pesquisa qualitativa e abordagem
da a abordagem qualitativa que permitiu a obtenção descritiva, utilizando a experiência prática, viven-
de dados descritivos do projeto da roupa desenvol- ciada com a modelagem do vestuário tridimensio-
vido sobre o corpo. Os resultados demonstram que nal - Moulage. Para tanto, descreveu-se breve fun-
a técnica moulage além de estimular a criatividade damentação teórica, destacando aspectos da técnica
durante a realização do trabalho, incorpora nesse moulage e conhecimentos sobre o corpo, importan-
processo, os conhecimentos da anatomia do corpo, tes na produção do vestuário. A compreensão da
seus movimentos, posicionamento de suas linhas es- constituição anatômica e posição das linhas estrutu-
truturais e seu significado no contexto de auxílio no rais do corpo é o primeiro passo para se entender a
processo de criação. construção de sua forma e o caimento do modelo.
Palavras-Chave: corpo; vestuário; moulage; cria-
ção. Moulage
42
LEITURA
COMPLEMENTAR
bem como seu caimento e volume, antes da peça No Brasil, somente há alguns anos, a técnica tem
ser confeccionada. O processo de modelagem tridi- despertado o interesse dos profissionais da moda e
mensional facilita o entendimento da montagem das das empresas do vestuário. Sua prática, também, fa-
partes da roupa e suas respectivas funções. A técnica vorece o processo industrial do trabalho dos mode-
permite a produção de peças bem projetados, com listas, que poderão visualizar como o modelo criado
caimento perfeito, favorecendo a percepção da for- no desenho se apresenta em relação à figura humana,
ma estruturais do corpo durante a construção das e concluírem se o modelo ficou conforme o plane-
roupas (SILVEIRA, 2002). jado no setor de criação. Isso permite envolvimento
Na construção de um modelo do vestuário com direto com a criação do modelo e sua forma, pois po-
a técnica moulage, as características físicas de peso e dem ser percebidas as proporções e feitas mudanças
espessura dos tecidos ganham volumes e caimentos enquanto o modelo está no manequim, até obter a
diversas, quando sobrepostos ao corpo, o que exige sua adequação. É possível acompanhar, visualizando
a escolha adequada do tecido. Os tecidos se compor- a sua evolução, fazer mudanças e variações a mode-
tam de maneiras diferentes, de acordo com a tensão e lagem. Na sequência descrevem-se os procedimen-
inclinação com que são manipulados sobre o corpo, tos usados na execução da técnica.
produzindo efeitos, muitas vezes, inesperados. Sur-
gem, assim, formas e contornos que não seriam pos- Fonte: ROSA, COSTA, M. I.; SILVEIRA, I. A relação da téc-
síveis de se atingir, caso não houvesse esse contato nica moulage com o corpo: comunicação apresentada
direto e experimental entre o tecido e o corpo, repre- no 9°Colóquio de Moda. Fortaleza (CE). 2013.
43
atividades de estudo
b. Somente as alternativas II, III, IV e V estão cor- e. Todas as alternativas estão incorretas.
retas.
c. Somente as alternativas III e V. 3. Por meio do desenvolvimento da técnica de
moulage, você pode moldar a peça diretamen-
d. Todas as alternativas estão corretas. te sobre no corpo humano. Conforme afirma-
e. Todas as alternativas estão incorretas. ção, analise e assinale verdadeiro (V) ou falso
(F):
( ). Pode-se desenvolver a técnica de modela-
gem tridimensional sobre um busto técnico
2. A modelagem tridimensional aplicada à con-
ou humano, levando em consideração as
fecção de peças de vestuário consiste em um
medidas do corpo de um público-alvo esco-
trabalho de modelagem totalmente artesanal,
lhido.
no qual o profissional molda a roupa sobre um
boneco. As principais características da mode- ( ). Somente pode desenvolver a modelagem
lagem tridimensional, conforme Grave (2010), tridimensional com tecidos sobre o corpo.
são:
44
atividades de estudo
( ). É possível desenvolver a modelagem tridi- ( ). Este é um elemento que pode ser substituí-
mensional sobre o corpo com materiais al- do pelo corpo humano.
ternativos
( ). O corpo técnico é diferente de manequim
técnico.
a. V, V, V. a. V, V, V.
b. F, F, V. b. F, V,V.
c. V, F, V. c. V, F, V.
d. V, V, F. d. V, V, F.
e. V,V,V. e. F, F, F.
45
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
46
DESIGN
Assista aos vídeos sobre Madeleine Vionnet e conheça sua vida e os trabalhos realizados por
essa estilista tão importante, os quais possuem um conteúdo abrangente que vai desde alta
costura até técnicas de moulage.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SPC-Csgl-bw> e <https://www.youtube.
com/watch?v=dG0oq43r-gI>.
47
referências
48
gabarito
1. D
2. C
3. C
4. D
5. D
49
USOS E APLICAÇÕES DOS MATERIAIS E
TÉCNICA DE COSTURA MANUAL
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Informações técnicas sobre tecidos, bem como sua
preparação
• Etapas de construção da modelagem
• Técnica de costura manual
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os tipos de tecidos adequados na utilização da
tridimensionalidade.
• Identificar as etapas da construção da modelagem.
• Conhecer os equipamentos e técnicas de costura manual
em roupas.
unidade
II
INTRODUÇÃO
Olá aluno(a)!
Nesta unidade, você será introduzido aos estudos de como trabalhar
com os tipos de tecidos existente no mercado e qual é o segmento ade-
quado para cada um. Entender a composição do tecido é primordial para
que você possa modelar as Bases de Roupas, pois as características de
cada tecido influenciam na vestimenta da roupa e, por consequência, no
molde. Após estudar as definições dos tecidos, iniciaremos as etapas de
modelagem propriamente dita, estudando quais são as formas de traba-
lho da modelagem. Você verá que a técnica de modelagem tridimensio-
nal trata-se de revestir o corpo com tecido, que de forma automática você
já estará executando com perfeição a construção de moldes, conforme
deseja. Logo na sequência, será abordado também algumas questões re-
lacionadas com desenvolvimento de moldes como espelhamento, será a
partir destes que representamos o corpo inteiro, lado direito e esquerdo
do corpo.
Para completar todo o processo de confecção, iremos estudar tam-
bém os equipamentos e diferentes técnicas de costura manual. Quando
essa prática é analisada, não encontramos muito relatos históricos e não
sabemos quando surgiu, temos conhecimento que seu principal marco
foi a revolução industrial que retirou seu aspecto artesanal e introduziu a
costura industrial, apresentando para a sociedade a profissão de costurei-
ro. Os registros da costura são muito superficiais, mas é certo que sempre
esteve presente na humanidade, desde os pequenos ateliês da idade mé-
dia até a costura industrial da atualidade.
Em geral, esta unidade irá apresentar algumas informações relevan-
tes para um profissional de moda, pois o mercado atual exige que este
saiba produzir uma peça do vestuário, não importando se manualmente,
com máquinas domésticas ou industriais, o importante é fazê-lo.
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
SOBRE TECIDOS, BEM COMO SUA
PREPARAÇÃO
Caro(a) aluno(a) nesta etapa do nosso estudo, va- movimento, sem levar em consideração o caimen-
mos tratar sobre as formas de reconhecer o caimen- to do pano ou com a costura inadequada, iremos
to do tecido para a aplicação da modelagem tridi- impactar na aparência (estética visual) da peça e
mensional. comprometer o produto final. Por isso, é impres-
Sabemos que tangibilidade de qualquer pro- cindível para a formação do profissional - designer
duto vem da matéria-prima, no caso das roupas de moda - que ele conheça o “comportamento” de
seria o tecido. Ou seja, é ele que define e estabele- cada tecido, pois uma peça de roupa pode ser um
ce o formato da peça, quando aplicado incorreta- desastre se você não conhecer com o que está tra-
mente, com modelagem sem precisão ou folga de balhando.
54
DESIGN
Para que entenda melhor, saiba que o uso ade- Tecidos elásticos: atualmente existe alguns te-
quado do tecido é imprescindível para que a roupa cidos como malha e elastano que valorizam o cai-
cause o efeito esperado. Uma confecção pode ser es- mento da roupa, além de proporcionar liberdade de
teticamente apreciada ou não, isso vai depender da movimento e conforto ao vestir.
escolha do tecido. Quando for fazer uma peça é im- Tecidos leves e finos: tecidos finos, leves e deli-
portante analisar o caimento do tecido, vendo se este cados, devido à baixa gramatura a maioria apresen-
é flexível, rígido, encorpado ou transparente. ta transparência. Os principais exemplos de tecidos
leves e finos são musseline, crepe georgete, chiffon,
CAIMENTO: CLASSIFICAÇÃO DOS TECI- gaze, organza, cambraia de linho, cambraia de algo-
DOS POR GRAMATURA dão, tricoline fina, seda pura, lurex, lamê.
Normalmente esses tecidos são aplicados em
Posso afirmar que o caimento do tecido é como vestidos de festa, blusas, écharpes e xales.
comporta-se a queda de uma peça confeccionada. Tecidos médios e finos: esses tecidos são deli-
Tão importante que é a primeira escolha do desig- cados e de gramatura leve, mas não são necessaria-
ner é o tecido e com essa definição que começa o mente transparentes. Os tecidos mais conhecidos
processo criativo de uma nova peça. com essa característica são: seda mista ou sintética,
Segundo Chataignier (2006, p. 66), o sucesso de cetim, viscose, linho, tricoline e microfibra, sendo
uma peça não está no tecido ou se o modelo é atra- utilizados em conjuntos de saia ou calça, camisas,
ente. É justamente o comportamento da peça, ou blusas, saias, vestidos e peças cortadas no sentido
seja, é no caimento da roupa que a equação tecido x enviesado ou godês.
modelo pode tornar ou não um sucesso. Tecidos médios: esse tipo de pano é um pou-
Entendemos que o caimento é relevante no su- co mais grosso, por isso apresentam uma estrutura
cesso de sua peça. São várias as características que mais armada. Nessa categoria, os principais tecidos
influênciam no caimento, porém, a com maior im- são em microfibra, piquê, crepe com peso médio,
pacto é a gramatura do tecido. Esta grandeza física é sarja leve, veludo de peso médio, denim (tecido usa-
estabelecida pela massa por área do tecido e expressa do para jeans e tafetá) e linho com a trama fechada,
em gramas por metro quadrado (g/m²). Utilizando os quais são utilizados em conjuntos, calças, jaque-
a mesma como base, Chataignier (2006), classificou tas, saias, camisas e capas.
os tecidos em: Segundo Pezzolo (2007), algumas aplicações
desse tecido, devido à estrutura, devem ser envie-
sadas ou no sentido do fio urdidura como tailleurs
REFLITA
leves, calças compridas, jaquetas, saia godê, roupas
de criança e masculinas, camisas e capas.
O sucesso de uma roupa depende, em grande Tecidos pesados: apresentam uma alta gramatu-
parte, da escolha do tecido certo.
ra e, por isso, são encorpados e a estrutura é mais ar-
(A bíblia da costura) mada, normalmente são utilizados para a confecção
de tailleurs, ternos, blazers, calças, casacos, mantôs,
55
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
saias, pelerines, jaquetas, xales, vestidos. Os estilos delista deve sempre ter o cuidado de posicio-
de tecidos mais conhecidos desse grupo é o crepe nar o fio reto do molde com o fio urdume do
romano, gabardine, brocado, lã com a trama fecha- tecido, para que a peça tenha um caimento
da, tweed, brim, jeans, gabardine, cetim duchesse, perfeito.
veludo de seda, tafetá encorpado. • Vestibilidade: partindo da influência da mo-
delagem no caimento, no processo de mode-
Você percebeu que os tecidos de cada família
lagem é importante considerar as folga posi-
tem um comportamento específico quando mode-
tivas ou negativas para que a peça possa ser
lado. Agora, algo que é característico de cada pano vestida, respeitando os movimentos do corpo
é como comporta quando cortado no viés. Entender e as características do tecido utilizado.
isso poderá ajudá-lo a produzir efeitos desejados em
cada confecção. CUIDADOS NECESSÁRIOS PARA A COS-
TURABILIDADE DOS TECIDOS
CAIMENTO: DEMAIS CARACTERÍSTICAS
Para uma boa costurabilidade, o tecido é o fator
Conforme você já viu, o designer escolhe primeiro mais importante, pois ele determina o formato da
o tecido para depois criar o modelo, por isso o mo- ponta da agulha que será utilizada, qual a gramatura
delista tem que entender sobre alguns características de linha (linhas grossa ou fina) que deve ser usada
responsáveis pelo caimento do tecido, como: na operação de costura. Por isso, antes de escolher
• Toque: refere-se à textura e à flexibilidade do os equipamentos defina o tecido já adequando as li-
tecido, características que impactam as do- nhas e agulhas aos tipos de acabamentos a ser con-
bras e as pregas da confecção. feccionado.
• Composição do tecido: as fibras utilizadas Dando continuidade ao assunto, apresento al-
no desenvolvimento do tecido influenciam
guns cuidados que devemos tomar na análise de
drasticamente em seu “comportamento”. Por
exemplo, um pano 100 % algodão tem fibras costurabilidade:
mais rígidas, desse modo, é preciso usar essa Linha e agulhas: essas devem ser adequadas a
característica de forma correta no resultado cada tipo de tecido trabalhado. Posso exemplificar
final. que ao costurar um tecido microfibra com linha de
• Gramatura (peso): a gramatura influencia na algodão o que acontecerá é um desastre com im-
estrutura do tecido, quando a gramatura são plicações no caimento da peça, nas costuras e na
leve, mais volume você poderá acrescentar vestibilidade, visto que a composição distinta que o
ao modelo. Já tecidos pesados reduzem o vo-
tecido e a linha tem acabam por proporcionar uma
lume da peça. Além do volume, a gramaturas
interfere no tipo de acabamento que deverá composição diferente.
ser utilizado. Acabamento de costura: dependendo do tipo
• Corte: para cortar uma peça de vestuário é de costura, como chuleado, pesponto e bainhas,
muito importante que se preste atenção nas quando executado com pouco cuidado, pode dei-
características de cada molde, em relação ao xar um modelo com caimento esteticamente inde-
fio de urdume e de trama do tecido. O mo- sejável.
56
DESIGN
Verificamos que são várias as características que tecidos são tramados, entrelaçando os de urdume e
influenciam no caimento de uma peça e a escolha o fio de trama. A classificação cria três categorias:
de um tecido inadequado acarreta em um resultado tecido plano, tecido malha e tecido não tecido.
inesperado. Por isso, não fique alheio(a) à questão Segundo Grave (2010), a principal característi-
do caimento e tenha claro que o universo é muito cas dos tecidos são:
amplo e conhecer a grande gama de opções é uma • O tecido plano: nesse estilo de tecido, os fios
grande aventura que se inova a cada novo tecido ou da trama e do urdume são entrelaçados e
a cada tendência lançada. cruzam de forma perpendicularmente
no tear alternando o movimento for-
mando a trama/ligamento. A prin-
TIPOS DE TECIDOS cipal característica desse tecidos é
que a ordenação de dois sistemas
Antes de estudar os tipos de tecido, precisamos en- de conjunto de fios apresentando
tender o que é definido como tecido. Segundo o di- composições perpendiculares tor-
cionário Michaelis (on-line), tecido é uma trama de nam os tecidos mais resistentes.
fios. Sendo assim, podemos entender que o tecido
têxtil é um material tramado, podendo ser classifi-
cado pelas matérias-primas do fio, como:
• Naturais: quando a fibra é encontrada pronta
na natureza, podendo ser animal, mineral ou
vegetal.
• Artificiais: são fibras produzidas quimica-
mente da matéria-prima
natural. Os tecidos mais
conhecidos são: viscose,
acetato e modal.
• Sintéticos: nesse grupo estão as fi-
bras produzidas pelo homem,
usando produtos químicos da
indústria petroquímica. Os tecidos mais
conhecidos são: poliéster PES, po-
liamida PA, acrílico PAC, poli-
propileno PP e Elastano.
57
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Figura 1 - Tecido elástico com bom caimento, valorizando o estilo Figura 2 - Tecidos com caimento leve e transparente
58
DESIGN
Figura 3 - Tecidos médios com caimento suave Figura 4 - Tecidos com gramatura médio mais estruturados
59
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Q
uando falamos em tecidos planos há três
padrões de ligamento ou trama, sendo:
• Ligamento Tela ou tafetá: é a tecelagem
mais simples, na qual a trama cruza o fio
de urdume passando um fio por cima e um
fio por baixo, respectivamente. Na volta da
trama, o fio de urdume que estava por cima,
fica por baixo. Nesse tipo de ligamento os fios
ficam próximos e o material fica mais firme.
Entre os tecidos com essa tecelagem estão o
chiffon, o mousseline, a organza, o shantung
e o tafetá.
• Ligamento de Sarja: neste tipo a repetição
mínima do urdume na trama é de três fios,
formando uma diagonal bem definida em
forma de S. A diagonal pode ser para a direita
ou para a esquerda.
O tecido formado pelo ligamento sarja é mais
firme do que o tecido em ligamento tela, suja
menos como o caso do tecido denim (para
modelo jeans) e sua lavagem é mais difícil. O
lado direito do tecido quase sempre diferente
do lado avesso, quando apresenta diferença é
formado por dois fios: um tinto e outro não.
Os tecidos com o lado avesso e o direito igual
são formados por fios de cor única, são os te-
cidos brim.
• Ligamento cetim: nesse caso, as repetições
dos fios de urdume com os de trama cruzam-
-se de cinco a doze fios, os ligamentos en-
tre os fios ficam distante e tornando o tecido
com menos resistência. A característica deste
ligamento, proporciona ao tecido, forma lisa
e com brilho. Os principais tecidos que usam
esse ligamento é o cetim, o crepe de seda e o
veludo de seda.
60
DESIGN
SAIBA MAIS
61
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
62
DESIGN
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO
DA MODELAGEM
Quando vamos realizar os traçados dos moldes bási- consideração o cálculo de elasticidade de cada malha.
cos, devemos levar em consideração o tipo de tecido Conforme Heinrich (2005), para que você possa
em que vai ser produzido aquele modelo. Não é pos- desenvolver as bases de roupas, você precisa conhe-
sível desenvolver um único bloco de moldes básicos cer a composição do tecido, para entender o com-
para produção de qualquer roupa. Conforme cada tipo portamento, encolhimento ou elasticidade, mesmo
de tecido deve ser desenvolvido um tipo de base. Por que sejam da mesma categoria. Por exemplo, por
exemplo, se a empresa trabalha apenas com tecido pla- mais que o jeans e o tricoline sejam tecidos planos
no, as bases devem ser para esse tipo de tecido. Quan- com a mesma composição por ter estruturas distin-
do se trabalha com malha essas bases, precisa levar em tas o comportamento dele acaba sendo diferente.
63
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
TRAÇADOS BÁSICOS
Inicialmente para desenvolver a modelagem plana Representação dos moldes básicos em relação
ou tridimensional, é imprescindível definir as me- ao corpo
didas e traçados dos moldes básicos, sendo basea-
das nas medidas do público-alvo estabelecido pela Caro(a) aluno(a), na sequência, você conhecerá
empresa. Os moldes básicos representam a forma exemplos da estrutura básica de alguns moldes. As
do corpo, somente com uma folga necessária para ilustrações não podem ser definidas como moldes,
a vestibilidade e o conforto da peça. Quando cons- pois são apenas estruturas do corpo. Para que possa-
truímos moldes básicos para garantir a qualidade e mos definir como molde é necessário incluir a mar-
a simetria, é feito apenas a metade da frente e das gem de costura, pois só assim será possível a confec-
costas, isso garante que a peça final seja simétrica. ção do protótipo.
Para fazer toda a peça, usamos a técnica de espelha-
mento em que duplicamos a peça de forma idêntica
invertendo a posição das linhas.
SAIBA MAIS
REFLITA
64
DESIGN
65
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Representa a metade (frente e costas), da cintura biológica até a altura do quadril. Depois é prolon-
gado com um retângulo até a altura do joelho. Uso como cintura biológica é a parte mais estreita
do tronco, um pouco acima do umbigo. Esse é o ponto que consideramos para produção do molde
básico.
66
DESIGN
Representa a metade (frente e costas), da cintura biológica, estabelecendo a altura do gancho, ini-
ciando na altura da cintura biológica, passando pela linha do quadril e prolongando até a altura do
joelho.
67
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Manga Gola
Contorno do braço, composta de parte frente e cos- O molde básico parte do centro costas até o centro
tas, podem ser curta ou longa, conforme modelo frente, ou seja, ½ gola, podendo ser modificado con-
desejado. forme modelo desejado.
Figura 11 - Molde básico parte da manga Figura 12 - Molde básico parte da manga
Fonte: acervo da autora. Fonte: acervo da autora.
68
DESIGN
Moldes Simétricos
Moldes Assimétricos
SAIBA MAIS
69
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
TÉCNICA
DE COSTURA MANUAL
Caro(a) aluno(a), a seguir, você conhecerá as prin- ra manualmente em toda sua roupa. Smith (2012)
cipais técnicas de costuras manuais. Tenho certeza inclusive defende que a costura à mão definitiva é
que você alguma vez já fez uma costura manual, sem utilizada para dar acabamento a uma peça de roupa,
nenhuma técnica. Pois bem, é muito importante que fixar os fechos e é útil para consertos rápidos. Além
saiba utilizar de forma correta suas linhas e agulhas. desse ponto, você também utiliza essa técnica para
Não estou dizendo que você só deve fazer a costu- alinhavar uma peça antes da costura definitiva.
70
DESIGN
FERRAMENTAS NECESSÁRIAS
Para que faça corretamente a costura manual é im- • Agulhas: esses utensílios, não diferentes dos
portante que tenha sempre uma caixa com os uten- outros, apresentam uma infinidade de for-
sílios de costura. Você encontrará essas ferramentas mas, tamanhos e espessuras. O ideal para
costuras em geral é utilizar as agulhas de pon-
em armarinhos ou lojas de aviamentos. Esse proces-
ta fina e com comprimento mediano.
so visa oferecer qualidade a alguns produtos delica-
• Dedal: segundo Fisher (2010, p. 73), o dedal
dos, conforme Fischer (2010, p. 71):
feito de metal é o mais adequado para prote-
ger a ponta de seu dedo. Tem muitas pessoas
A construção de vestuário pode ser dividida que não se acostuma a trabalhar com dedal,
em diversas áreas de especialização. No topo da
mas em alguns tipos de operação na costura
cadeia de produção está a alta costura e a al-
manual ele é muito importante.
faiataria, que envolve trabalho individualizado
com o cliente. • Fita métrica: no início de nossos estudos já
foi descrito sobre essa ferramenta. Esse ins-
trumento é muito útil para verificar as medi-
Nas figuras a seguir, você verá que são várias as pos-
das durante o processo de costura.
sibilidades de ferramentas para se utilizada na cos-
• Alfinetes e porta alfinetes: os alfinetes tam-
tura manual, apresentaremos as mais importantes:
bém estão disponíveis em diferentes tama-
nhos, forma e espessuras. Procure trabalhar
• Tesoura para tecido e corte de linha: exis-
com alfinetes que sejam compatíveis ao tipo
tem vários tipos desse estilo de tesoura, di-
de material a ser utilizado, pois esses podem
ferenciando-se conforme o tecido. Procure
danificar o material. Quanto ao porta alfine-
escolher uma tesoura média que poderá usar
tes, esse é simplesmente para acomodá-los,
para a maioria dos tecidos e outra para pico-
para que não se percam com facilidade. Você
tar linhas. Quando for comprar, escolha uma
mesmo pode fazer seu próprio porta alfinetes
que se encaixe perfeitamente em sua mão. É
em patchwork, custa mais barato.
importante pontuar que já existe tesoura para
• Linhas para costura, acabamentos ou bor-
canhotos.
dados: existe uma variedade enorme de li-
Para manter o fio de corte da sua tesoura e não aca- nhas, cada uma destinada a uma função ou
bar danificando um tecido delicado, não use sua material, podendo ser em fibras naturais ou
tesoura para cortar papel, pois este material tira o sintéticas. A linha ideal depende do tipo de
corte da mesma e a torna inapropriada para o uso. material, por exemplo, linhas na composição
de algodão são para tecidos de algodão. A
escolha da linha também é influenciada pela
sua empregabilidade, por exemplo, para fazer
alinhavado você precisará de uma linha mais
grossa e resistente ao manuseio.
71
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Figura 15 - Tipos de tesouras para tecido Figura 18 - Modelo padrão de fita métrica
Figura 16 - Modelo ideal de agulha para costura Figura 19 - Modelo de porta alfinetes
72
DESIGN
Para desenvolver o processo de costura do vestuário, sentar em uma cadeira confortável com descanso
pode-se montar a peça com a técnica de costura ma- para os pés, isso evitará que se curve sobre o traba-
nual ou industrial. Vamos agora conhecer a costura lho e dobre demais suas costas. Para que seu traba-
manual, muito utilizada na alta costura. lho fique com uma boa qualidade, procure adaptar
A costura manual serve de apoio para confec- a agulha certa para cada tipo de tecido. Costure
ção de uma peça delicada, necessidade por falta de sempre em sua direção, evite trabalhar com uma
um recurso ou até uma terapia. Tudo isso vai de- linha muito longa para evitar nós e quando for fa-
pender da ocasião, o mais importante é que quando zer o ponto não aperte demais, pois o efeito dis-
for fazê-la use agulha e linhas corretas, além do de- so aparecerá na parte externa da roupa. Agora que
dal para se proteger. Busque trabalhar em um lugar sabe disso, conheça os principais pontos da costura
com boa iluminação para não forçar os olhos e se manual:
73
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
• Ponto de alinhavo: esses pontos são grandes Caro(a) aluno(a), os pontos que você viu
e não é feito nó, para facilitar seu desmanche, são os principais pontos da costura ma-
ele é usado principalmente para unir tecidos nual, é muito importante para você, pro-
temporariamente antes da costura definitiva,
fissionalmente falando, que saiba realizar
para a aplicação de rendas e bordar pedrarias.
todos esses pontos. Para te auxiliar prepa-
• Ponto invisível: utilizado, normalmente, para
ramos um vídeo com o passo a passo de
fazer bainhas ou qualquer tipo de barras, jun-
tar dois tecidos como barras de calças e saias, cada um dos pontos. Confira!
além da junção de pequenos espaços.Com Além desses tipos de pontos, existe uma infini-
esse ponto as costuras ficam invisível no te- dade de outros tipos na costura manual. Isso é uma
cido. pequena demonstração. Espero que tenha percebido
• Ponto atrás: é um tipo de ponto bem resis- a importância da costura manual e que ela nunca
tente, é bem parecido com o ponto de costura perderá sua utilidade na Moda. Muitos dos grandes
reta, pode-se fazer costura de união de dois
estilistas, em seus ateliês não tem máquinas de cos-
tecidos, ficando resistente e durável.
tura e suas peças são costuradas à mão. Já na costu-
• Ponto caseado: é uma sequência de peque-
ra industrial, a peça sai para montagem alinhavado
nos pontos na posição reta e vertical, é sem-
pre costurado em uma borda e não para unir com técnica manual.
tecidos. Esse ponto é empregado para fazer Lembre-se de que quem molda uma roupa tem
acabamentos internos e apliques como ele- que saber montá-la, não importando a técnica, mas
mentos decorativos o resultado final. Para treinar, procure costurar to-
• Ponto de espinha, comumente chamado de dos os tipos de pontos em retalhos. Para garantir
pé-de-galinha: ele fixa dois tecidos como que a peça final ficou boa é muito importante que
barras e proporciona uma elasticidade, este
após a montagem, vista a roupa no manequim ou
ponto é utilizado para fazer barras, bordados
em uma pessoa com as mesmas medidas, visando
e pontos decorativos. É recomendado para
tecido com elasticidade. analisar e arrumar os defeitos, para que se tenha
uma boa vestibilidade.
74
DESIGN
75
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim desta unidade, na qual verificamos
a eficiência da escolha de tecidos e técnicas de costura moulage, como
instrumento de otimização do processo de desenvolvimento do pro-
duto de moda/vestuário. Para tanto, enfocamos as etapas de execução
e a materialização, nas quais a referida técnica encontra-se inserida, constata-
-se a dicotomia entre a escolha de tecidos e as etapas da moldagem do corpo.
Vimos também conceitos básicos sobre como reconhecer e escolher os tecidos
para desenvolver as peças moldadas ou a serem moldadas, ao mesmo tempo em
que nos traz o reconhecimento dos tipos de fios de ligamentos dos tecidos e estes
tem muita influência no momento da execução da peça através da modelagem
tridimensional. Abordamos a questão do espelhamento de molde para constituir
a forma do corpo inteiro no projeto da modelagem do produto, enfatizando os
aspectos de vestibilidade e caimento do tecido ao corpo. É importante estudar
sobre a técnica de costura manual, que são meios de construção das peças, no
âmbito acadêmico, sabendo que existem uma variedade de técnicas de costura,
mas a técnica manual é a mais próxima de você, pois existem vários livros que
auxiliam a reprodução desta técnica. Para a aplicação da técnica de costura ma-
nual, mostrou-se a importância da escolha dos materiais e suas aplicações. Enfim,
podemos dizer que com o conhecimento e aplicação da técnica correta para ob-
tenção dos moldes bases e consumo de matéria-prima ideal para o caimento do
modelo, soluções de montagem – causam aos resultados, uma comparação dos
dados obtidos quando a técnica da modelagem tridimensional encontra-se ou
não inserida no processo de desenvolvimento do produto de moda. É averiguada
a eficiência da técnica no processo.
76
LEITURA
COMPLEMENTAR
Modelagem Tridimensional
Modelagem Tridimensional (Drapping ou Moulage) as marcações corretas com fitas sobre o busto, estas
é a manipulação do tecido sob a forma tridimensio- linhas facilitam a reprodução dos moldes do tecido
nal, ou seja, sobre o corpo (manequim), onde se ob- para o papel, são horizontalmente as linhas de dego-
tém de imediato o resultado da criação, visualizando lo, ombro, busto, cintura e quadril; verticalmente as
o ajuste perfeito da modelagem às curvas do corpo e linhas de centro costas, centro frente, costura lateral
o efeito de cada tecido a ser trabalhado. e linha princesa frente e costas. Além delas, são ne-
O uso dessa técnica trouxe ao criador mais liber- cessárias algumas marcações complementares como
dade, podendo facilmente verificar proporção, ba- a linha de largura de cava, frente e costas, linha de
lanço e as linhas de estilo. A modelagem é trabalhada contorno de cava e linha de separação do busto.
sobre um busto de costura industrial com as medidas O tecido vai sendo modelado sobre o corpo do
padrões do biotipo brasileiro, voltadas para a indús- manequim, com a habilidade das mãos e auxílio dos
tria do vestuário e desenvolvido em parceria com a alfinetes e durante a execução as linhas marcadas
modelagem plana que transforma essa forma tridi- no manequim orientam a modelagem e são trans-
mensional em molde para a produção industrial. portadas para a tela. Neste momento ao executar a
Para o traçado das bases na modelagem tridi- moulage, é possível observar o caimento da peça ao
mensional é utilizado o tecido de algodão cru ou corpo, levando em consideração a leveza e fluidez
morim branco, enquanto que para a interpretação de do tecido.
modelos o trabalho é feito com o tecido definitivo da Concluída a modelagem procede-se a planifica-
peça, dependendo, é claro, da experiência e seguran- ção da peça, transportando o traçado das formas e
ça do modelista. demais marcações da tela para o papel, com o auxílio
Para a roupa ter um bom caimento ao vestir é de ferramentas adequadas.
necessário que o molde esteja cortado no sentido do Fonte: Saggese e Duarte (2013).
fio, por isso na modelagem tridimensional o tecido
deve ser posicionado no busto obedecendo o fio e
77
atividades de estudo
1. Os tecidos estão divididos em três categorias: Analise as alternativas e assinale a alternativa cor-
tecido plano, tecido malha e tecido não tecido. reta:
Conforme Grave (2010), as principais caracte- I. Tecidos com gramatura média.
rísticas tecidos são:
II. Caimento desse tecido é fino e delicado.
a. O tecido plano é formado por três tipos de
ligamentos: tela ou tafetá, sarja e malha. III. O caimento desse tecido é fluido e leve.
b. O processo de malharia é feito com agulhas e IV. A maioria dos tecidos com esse caimento
é bem parecido com o tecido plano. apresenta transparência.
78
atividades de estudo
79
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL
Tecidos e Moda
Jenny Udale
Editora: Bookman Editora
Sinopse: tecidos e Moda apresenta os principais tecidos utilizados na fabricação de peças
de vestuário e suas características. Também são abordados os processos do design têxtil, os
diferentes tratamentos de superfície, a influência das cores e das tendências sobre a moda
e os tecidos, e muito mais. Esta segunda edição inclui propostas de projetos e entrevistas
com talentosos designers têxteis e de moda, que discutem seus processos de produção e o
uso que fazem dos tecidos em seus trabalhos, ajudando você a explorar e aprimorar seus
conhecimentos sobre tecidos e moda. Com esse livro, você vai saber escolher o tecido certo
para as roupas da sua coleção.
Comentário: como já estudamos nas aulas nessa unidade, é muito importante que um de-
signer de moda/vestuário conheça e descubra a forma de se trabalhar com tecidos similares
ao modelo escolhido e planos de simetria do corpo. Esse livro aborda bem estes conteúdos,
portanto, é muito importante que você procure lê-lo, pois ele lhe dará muitas orientações
sobre escolha e caimento dos tecidos ao corpo.
80
referências
Referências On-Line
¹
Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Kette_und_Schu%C3%9F_num_col.png>.
81
gabarito
1. E
2. D
3. V; V; F
4. B
5. D
6. D
7. V; F; F
82
UNIDADE
III
MOLDES BÁSICOS E
INTERPRETAÇÃO DE MODELOS
SOBRE A PARTE INFERIOR DO CORPO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Construção do corpo básico inferior reto e modelado
• Variações de modelos de saias
• Transferência da modelagem tridimensional para
modelagem bidimensional (planificação)
• Processo de acabamentos (limpeza) para parte inferior do
corpo
Objetivos de Aprendizagem
• Desenvolver moldes básicos de saias, utilizando os
princípios da técnica de modelagem tridimensional.
• Executar variações de modelos de saias.
• Aplicar a técnica de transferência de moldes tridimensional
em bidimensional.
• Conhecer o processo de limpeza de peças moldadas.
unidade
III
INTRODUÇÃO
88
DESIGN
SAIBA MAIS
Quando você for montar seu atelier tenha espaço suficiente para acomodar um busto técnico, uma
mesa para retraçar e cortar os moldes, uma tábua de passar com ferro. Além de nichos para tesou-
ra de tecido, alfinetes (finos e longos nº 29), e caneta de traço fino (preta ou vermelha), além de fita
métrica, régua de alfaiate, curva francesa e esquadro.
89
21cm
os materiais. Depois que escolheu o tecido que vai FRENTE CF
trabalhar, vamos prepará-lo para que possa produ-
zir os moldes. Comece medindo o comprimento e Linha de quadril + 1cm
60cm
ter 10 cm a mais para eventuais erros e para os aca-
Linha lateral
há a necessidade de preparar dois tecidos com:
1. 40 cm de largura (trama) e 60 cm de compri-
mento (urdume). A ourela do tecido deve fi-
car na vertical paralela ao fio de urdume. Para
entender melhor, o sentido do fio de urdume
do tecido é determinado pelo fio reto do mol-
3cm
de. Sendo este, uma marcação feita ao longo
Tecido 1 para FRENTE
do comprimento do painel, para que o molde
seja encaixado e esquadrado no tecido antes 40cm
do corte da peça.
2. Com o tecido preparado, conforme já vimos
na unidade anterior, vamos marcas as linhas Centro
21cm
90
DESIGN
91
3. Prenda o tecido fazendo uma trava de alfinete ordenando a linha lateral do material com a linha do
quadril do busto. Leve em consideração a folga de vestibilidade assim, conforme a figura 4 a seguir.
92
DESIGN
4. Com o tecido preso para melhor acomodá-lo, passe a mão no sentido do quadril pela linha lateral indo
em direção à cintura, deixe o tecido bem acomodado e trave alfinetes no tecido, especificamente, na linha
da cintura. Caso necessite de alguns piques na sobra de tecido acima da cintura, conforme a figura 5.
93
5. Depois de fixar as linhas lateral e central do tecido e acomodá-lo, perceberá uma folga dele na linha
da cintura, isso significa que é necessário uma pence. Por questões de ergonomia da peça, o melhor
lugar de aplicar a pence é sobre a linha princesa, conforme você pode ver na figura 6. A marcação nor-
malmente é feita com alfinetes deixando a pence em pé, tendo em média 10 cm de comprimento e no
máximo 3 cm de abertura.
Após ter moldado a parte da frente do corpo, vamos limitar o contorno do corpo.
6. Pegue uma caneta e marque com linhas pontilhadas a linha de cintura, desde o eixo central até a linha
da costura lateral - da linha de quadril até a linha de cintura -. Esse tracejado deve ser marcadas no
tecido bem em cima da fita de cetim da costura lateral, conforme a figura 7 a seguir.
7. Depois que todas as marcações foram feitas, você pode retirar o tecido do manequim e na mesa com
um traçado firme para não fazer borrões:
94
DESIGN
Figura 7 - Parte da execução da moulage da base da saia Figura 8 - Retraçado a pence e linha de quadril da saia
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 24). Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 24).
95
Centro da FRENTE
tura incluída, feche a pence com um alfinete
e aplique o molde ao busto técnico (figura 9):
10. Com o molde da frente pronto, vamos mode-
lar a costa da saia. Para desenvolver o modelo,
você irá pegar outro tecido preparado com as
riscas laterais e fazer todas as operações que
foram realizadas na parte da frente. A única
diferença é que nas costas, geralmente, a pen-
ce é maior e com uma abertura maior (mais
ou menos de 12 a 13 cm de comprimento Base saia reta
com no máximo 4 cm de abertura). FRENTE
Linha de barra
96
DESIGN
Linha de cintura
Após marcar e cortar o excesso de tecido, deixando
apenas o contorno da peça frente e costas com as pen-
Pence ces fechadas. Retire as peças e com os alfinetes una os
dois moldes pela lateral, conforme a figura 11.
Em seguida, comece a analisar a questão de ves-
tibilidade, vendo se peça não ficou apertada ou com
rugas, isso é, se a peça está perfeitamente adequada
e confortável no busto técnico. Faça uma análise de
vestibilidade da peça, verificando os defeitos e acer-
tos da peça.
Linha de quadril
Agora que conseguiu desenvolver a base da saia
reta básica, observe que você conseguiu moldar o
corpo inferior, além de usar esta base como referên-
cia para outros modelos, como evasê e afunilada,
Linha lateral COSTAS
Linha de barra
97
Variações de
Modelos de Saias
98
DESIGN
Vamos aprofundar nosso estudos sobre modelagem. SAIA LEVEMENTE EVASÊ SEM PENCE
Com seu modelo base de saia, você poderá agora
executar alguns outros modelos previamente elabo- A palavra Evasê é de origem francesa e significa
rados. Para que possamos dar segmento no estudos, “largo”, sendo assim, as saias em modelo evasê tem
o primeiro passo é aplicar o molde de saia reta bási- uma modelagem mais aberta na parte inferior, fi-
ca no seu manequim técnico. cando solta no quadril. Foi dividido a produção
Segundo Abling (2014, p. 42), o desenho de uma prática desse modelo em algumas etapas. Veja a
saia ajustada pode ser utilizado como modelo para figura 12 (a;b):
desenhar uma saia mais ampla e solta. Partindo des-
sa abordagem, é possível utilizar a mesma base para
criar uma saia afunilada, também conhecida como
Não reprima sua inspiração
saia lápis.
e sua imaginação; não se
torne escravo do seu modelo.
Vincent Van Gogh
FRENTE COSTAS
99
Figura 12b - Modelo de saia evasê sem pence
100
DESIGN
Figura 13 - Modelo tridimensional da base da saia reta. Figura 14 - Molde bidimensional da base da saia reta
Fonte: acervo da autora. Fonte: acervo da autora.
101
m’
nha da cintura e da barra ficaram curvilíneas. Quan-
m
do perceber isso não se assuste, trata-se de uma ca-
racterística do molde. Não tente alinhar ou cortar
reto nesse local, pois afetará no efeito da saia.
6. Para fazer o molde das costas repita a mesma
operação, sem nenhuma alteração.
102
DESIGN
103
Para desenhar a pala no corpo, comece posicionan- O primeiro passo é cortar dois retângulos de tecido
do o tecido sobre o mesmo. No molde base, come- com duas vezes o valor do perímetro desejado do
ce pelo eixo central moldando a cintura e fazendo a molde. Por exemplo, se o perímetro da pala for 23
pence de cintura. Conforme a figura acima, observe cm, corte um tecido com 46 cm de largura por 40 de
que o tecido ficou bem acomodado ao corpo. Dese- comprimento, não esquecendo de acrescentar mais
nhe a pala, dando pontilhadas na linha de cintura e 4 cm para costura. Lembrando sempre que o com-
na linha lateral próximo à linha do quadril. Para de- primento do tecido deve ser cortado no sentido do
terminar o tamanho da pala, risque uma paralela da fio de urdume.
cintura com a medida de 10 cm em direção a linha Em seguida, vamos franzir uma das bordas do
do quadril. Faça esse processo na frente e nas costas. tecido, no sentido da largura do tecido com duas
Retire o tecido do busto e retrace as linhas de costuras. Esse lado será costurado na parte da pala
contorno com o auxílio de réguas curvas e retas. em que está voltada para o quadril.
O molde fora do corpo se torna um molde no Chamamos de franzimento do tecido a técnica
plano bidimensional, ou seja, esse plano ajuda na em que você pega um tecido com dimensões maio-
definição do contorno da peça desenvolvida. res que o perímetro desejado e enrugando o tecido
você conseguirá que ele fique no tamanho desejado.
Por exemplo: se eu quero um molde com franzido e
com perímetro de 60 cm será necessário um tecido
com 20cm a mais que o necessário, totalizando 80
lat ha
lat
l
era
ha
Eixos costura
Eixos costura
Lin
e
COSTAS
FRENTE
104
DESIGN
105
SAIBA MAIS
Saia muito franzida: corte o triplo do valor desejado, por exemplo, = se o perímetro desejado for
70 cm então multiplique por três esse valor ficando: 70 cm, então multiplique 70 por 3 = 2,10 cm de
tecido.
Saia levemente franzida: este caso é igual ao anterior, no qual se soma o valor do perímetro deseja-
do duas vezes, obtendo o dobro do tecido.
Saia com pouco franzido: basta aumentar apenas a metade do perímetro encontrado, por exemplo,
= se o perímetro obtido é de 70 cm então se soma mais 35 cm que representa a metade de 70 cm,
tendo um tecido com 1,05 cm.
Pronto! Mais um molde feito. Para finalizar basta utilizados, esses modelos podem ter muitas varia-
transferir o molde para frente, espelhando a parte ções, conforme desejo do modelista. Eu sei que no
frente. Na parte de trás para que a peça tenha vesti- início de qualquer trabalho prático, tudo é mais di-
bilidade, recomendo que coloque um zíper, poden- fícil, mas tenha certeza que o final é recompensador.
do que seja cortado em tecidos separados. Existem Em caso de dúvidas, volte aos estudos anteriores
vários modelos de saia. Apresentei apenas os mais e relembre pontos importantes.
106
DESIGN
Transferência da Modelagem
Tridimensional para
Modelagem Bidimensional
(Planificação)
Agora que já sabemos como fazer alguns modelos Esse nosso estudo depende e muito do conteúdo
e dar tridimensionalidade ao tecido modelando no estudado anteriormente, por isso, muitas vezes, ire-
busto, vamos aprender como planificar nossas peças. mos lembrar de conteúdos já apresentados, como a
Quais são as técnicas utilizada para transformar uma questão dos planos do corpo e os conceitos de simé-
forma tridimensional para uma modelagem bidi- trico ou assimétrico.
mensional? Isso é planificar o que está na forma 3D.
107
108
DESIGN
109
Processo de Acabamentos
(Limpeza) para Parte
Inferior do Corpo
Agora que você aprendeu como fazer um molde, nha qualidade um dos conhecimentos que deve ter é
iremos trabalhar com a parte final da modelagem o de finalização da peça. Você conhecerá, na sequên-
fazendo o acabamento e a finalização de uma peça. cia, algumas técnicas que proporcionarão uma boa
Conforme Fischer (2010), para que seu produto te- qualidade do produto acabado.
110
DESIGN
FRENTE
ESPELHAMENTO
FRENTE
SAIBA MAIS
Fonte: a autora.
Figura 23 - Modelo de saia simétrica
Fonte: acervo da autora.
111
LIMPEZA DA PARTE
SUPERIOR DA PEÇA (CÓS)
112
DESIGN
Frente 1/2 Costas Limpeza na barra de uma peça são chamadas de bai-
nhas ou barras. Esse é o acabamento que finaliza, a
parte inferior de uma peça.
Existem vário tipos de acabamento na borda in-
ferior, como:
• Barra dobrada: esse um tipo de acaba-
mento simples, no qual a parte final da
peça é dobrada e costurada. Quando for
executar esse tipo de barra em uma peça
afunilada, é muito importante que deixe
o chanfro para que tenha costurabilidade.
Bainha
113
Bainha
Bainha anatômica
114
DESIGN
115
116
considerações finais
117
LEITURA
COMPLEMENTAR
O acabamento é uma forma de finalizar determinadas Bainha é o acabamento que finaliza a borda das saias
partes de uma roupa ou a forma de como será aplicado e de outros peças do vestuário. Em larguras variadas,
alguns aviamentos. Antes de começar a modelagem, faça desde a estreitíssima bainha de lenço até uns 10 cm em
um estudo completo dos acabamentos mais adequados modelos retos ou anatômicos. Muitas vezes, o tipo de
ao modelo de acordo com o tecido com a ergonomia. bainha a ser executada depende do estilo da roupa. Po-
Cós é o acabamento que contorna a cintura. Existem dois de-se fazer a bainha através da técnica de costura manu-
tipos de cós: o reto e o anatômico, o cós reto é simples- al ou em máquina de costura.
mente um retângulo com o valor da cintura mais folga Já o zíper é um dos fechos mais utilizados para dar aca-
para costura e o cós anatômico é moldado a forma ana- bamentos em peças de vestuário e gerar vestibilidade
tômica da cintura. A medida dos cós é a mesma da cin- das peças. Os zíperes podem composto por vários tipos
tura frente e costas sem as pences, mais o transpasse. de materiais e tamanhos. Em se tratando da colocação
O cós fica bem aderente a região da cintura e para isso, de um zíper em uma saia, a parte que se refere para sua
deve-se encaixar perfeitamente e sem apertar. Qualquer colocação é na cintura do corpo, a abertura necessária
que seja o modelo sempre é costurado à roupa e sempre para a colocação do zíper é 20 cm da cintura para baixo.
que possível ou dependendo da gramatura do tecido ele Nos moldes com cintura deslocados para baixo ou para
requer uma estrutura e sustentação, esta é feito através cima, a medida do fecho deve ser diminuída ou aumen-
de entretelas termocolante. tada na mesma proporção. Essa precisão facilita o vestir
Entretelas podem ser aderente ou não aderente, a ade- e despir da roupa.
rente é fixa na peça com o calor do ferro de passar e a não
aderente geralmente por alinhavos provisório fixando-o à
peça e, posteriormente, costurado definitivamente. Fonte: adaptado de Duarte e Saggese (2012).
118
atividades de estudo
1. Pences são princípios de ajustamento da roupa ao corpo e podem ser utilizadas de várias
maneiras, sendo definida pela imaginação de quem cria ou pela necessidade tridimensio-
nal do corpo, conforme Heinrich (2005, p.80). A respeito das pences, analise as alternativas
e assinale a alternativa correta:
I. Podem-se imaginar, de maneira mais prática, que as pences são pequenas pregas em
formato cônico, feita no avesso da peça.
II. As pences servem para ajustar ou amoldar a peça no corpo.
III. O comprimento da pence deve ser variável conforme o corpo.
IV. A pence da frente é diferente da pence das costas, quanto no comprimento com a
abertura.
V. O objetivo da pence é de fazer pregas para dar efeito de modelo.
119
atividades de estudo
120
atividades de estudo
( ) Para fazer uma saia pouco franzida, basta aumentar o,5 cm o valor do perímetro encontrado.
( ) Para fazer uma saia muito franzida, basta aumentar 3 vezes o valor do perímetro encontrado.
( ) Para fazer uma saia médio franzida, basta aumentar 2 vezes o valor do perímetro encontrado.
a. V, V, V.
b. F, V, V.
c. V, F, V.
d. V, V, F.
e. F, F, F.
7. Acabamento é a forma de finalizar determinadas partes da roupa ou a forma como será
aplicado algum aviamento. Antes de começar a modelagem, faça um estudo completo dos
acabamentos mais adequados ao modelo, de acordo com o tecido e a ergonomia. Segun-
do Duarte e Saggese (2012), quanto aos tipos de acabamentos podemos dizer que são:
a. Limpeza através de revel (cintura).
b. Limpeza através do cós (cintura).
c. Limpeza nas barras.
d. Limpeza através de revel (decote).
8. Tipos de acabamentos para vestibilidade. A pala é um tipo de recorte utilizado abaixo da cintura,
geralmente forma alguns detalhes em modelo ou ajuda a eliminar as pences e também facilita o
processo inserção de franzidos, pregas, godês etc. Analise e assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
Abordando os acabamentos por meio das palas, podemos dizer que:
( ) Para dar um bom acabamento na cintura por meio da pala, basta duplicar o molde da mesma
no tecido, a limpeza já fica pronta.
( ) Para dar acabamento por meio do recorte pala, é preciso muitos moldes para obter a quali-
dade desejada.
( ) Para dar acabamento em uma cintura de uma saia em que pregar o zíper para abertura em
um modelo de saia, na qual o modelo tem pala e não tem cós.
a. V, V, V.
b. F, V, V.
c. V, F, V.
d. V, V, F.
121
Modelagem Tridmensional ergonômica
Maria de Fátima Grave
Editora: Escrituras
Ano: 2010
Sinopse: a Modelagem Tridimensional aplicada à confecção
de peças de vestuário consiste em um trabalho de mode-
lagem totalmente artesanal, no qual o profissional modela
sobre um boneco, levando em consideração as dimensões
antropométricas do usuário correspondentes ao corpo que
a peça se destina. É sobre esse tema que trata o livro ‘Mode-
lagem Tridimensional Ergonômica’. A Modelagem Tridimen-
sional personaliza o vestuário e é utilizada em ateliês, sendo
uma técnica de aplicação comum dada a diversidade de tecidos disponíveis no mercado. Este
obra dedica-se ao esclarecimento da Modelagem Tridimensional, capacitando o estudante e
atualizando os profissionais da moda na tarefa de atender à demanda do mercado. Abrange
conhecimento básicos de tecidos, além de tipos, caimentos e cuidados ao cortá-lo, como tirar
medidas, modelagem tridimensional aplicada à saia reta básica, à manga básica, à base de
uma blusa, camisa e blazer, os diferentes tipos de golas (gola bebê assentada e semi assen-
tada, gola xale, gola esporte), confecção de um vestido com recortes, entre outros temas.
Este vídeo em inglês, intitulado “Stephani Miller Offers a Lesson on Draping on It’s Sew Easy”,
apresenta como desenvolver a pala da saia e as variações de modelos, conforme vimos no
decorrer das atividades. Embora seja em língua estrangeira, você consegue compreender,
pois há um passo a passo.
122
referências
123
gabarito
1. A
2. D
3. D
4. B
5. E
6. B
7. D
8. C
124
UNIDADE
IV
MOLDES BÁSICOS E INTERPRETAÇÃO
DE MODELOS SOBRE A PARTE
SUPERIOR DO CORPO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Modelagem tridimensional da blusa com pence
fundamental
• Variações de pences e seus efeitos na construção de
produtos
• Tipos de golas, mangas e decotes
• Processo de acabamentos (limpeza) para parte superior do
corpo
Objetivos de Aprendizagem
• Desenvolver moldes básicos de blusas com pences
fundamental, utilizando os princípios da técnica de
modelagem tridimensional.
• Entender sobre as variações de modelos de blusas através
de transferência de pences com ou sem recortes.
• Proporcionar sugestões de alguns tipos de mangas e golas.
• Conhecer o processo de limpeza de peças moldadas.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
130
DESIGN
132
DESIGN
133
134
DESIGN
135
136
DESIGN
Variações de Pences e
Seus Efeitos na
Construção de Produtos
Agora que você já sabe produzir um molde base da principalmente em tecido plano, ou seja, as pences até
parte superior, vamos desenvolver modelos distintos, podem ser transportadas, mas jamais eliminadas.
transpondo a pence de posição. Isso quer dizer que não Vamos começar entendendo como fechar a pen-
há como eliminá-la, principalmente em tecidos planos, ce de um local da peça para abrir em outro. Para fa-
da peça. O máximo possível é mudar de local, pois são zer isso, os principais meios utilizados é por recorte,
elas, as pences, que dão tridimensionalidade ao tecido, franzido e pregas.
137
138
DESIGN
140
DESIGN
141
142
DESIGN
143
A modelagem começa igual a da base superior. O do o tecido indo da linha lateral do corpo em
que muda é que, na etapa das pences, em vez de fazer sentido ao ombro.
busto e cintura, o volume adicional é todo transferi- 3. Você perceberá que a sobra de tecido da pen-
ce da cintura se unificará à pence do busto.
do para o decote, ou seja, o molde final dessa peça
Depois disso, continue acomodando todo o
não tem pences. Vamos às etapas de construção do tecido acumulando a sobra no decote.
molde:
4. Distribua o tecido no decote, frente do cor-
1. Para fazer a parte da frente, posicione o teci- po, e vá alfinetando para que este não saia do
do no centro do corpo e comece a moldar a lugar.
peça, assim como faz no modelo base.
5. Nas costas, faça o mesmo processo, transfe-
2. Agora, quando modelar as pences, ao invés rindo todo o excesso de tecido das pences
de unir na linha princesa, transfira toda a so- para o decote, para ficar firme vá alfinetando
bra de tecido da linha da cintura, acomodan- o molde.
144
DESIGN
145
10. Acomode o tecido na volta do pescoço, dan- A partir dessa modelagem finalizada, você poderá
do piques e prendendo com alfinetes. Dese- fazer outros modelos, com pala, sem pala, com cava
nhe a forma da pala, deixando a largura da normal etc.
mesma com 3 cm.
Foram apenas alguns modos de mudar a pence
11. Retire o tecido da pala do copo e, na mesa, re-
de posição que eu apresentei. É bom lembrar que
trace as marcações de moldagem. Acrescente
você pode e deve ter liberdade de criar outros mo-
1 cm de margem de costura e corte o excesso
de tecido. delos, dessa forma estudando as possibilidades de
12. Com os alfinetes, costure os moldes no de- mudança.
cote e vista a peça no boneco para analisar a
vestibilidade.
146
DESIGN
147
Tipos de Golas,
Mangas e Decotes
Agora que você conhece como produzir a maior parte da modelagem do tronco,
vamos tratar dos detalhes e complementos que enriquecem uma peça de vestu-
ário. Nas peças superiores, pensando em modelos, posso dizer que existe uma
diversidade imensa de golas, decotes e mangas que podem ser aplicadas de for-
ma distinta. Vou, primeiramente, apresentar alguns modelos de gola e decotes.
148
DESIGN
GOLAS
Quando falamos de gola, a primeira coisa que você E, segundo Aldrich (2014), os termos utilizados para
precisa ter em mente é que ela não tem lugar ou for- definir os elementos que constroem uma gola são:
ma específica. Podendo estar junto ou mais afastada • Linha de estilo: borda externa da gola ou da
do pescoço, ser arredondada, reta, franzida, bicuda, lapela.
drapeada e fluindo em qualquer direção. Conforme • Pontos de dobra: as linhas nas quais a gola
Duarte (2010), a gola é a parte da roupa que circun- dobra, formando a lapela da frente ou das
costas.
da o pescoço e o colo, emoldurando o rosto e ofere-
• Pé de gola: altura do decote na dobra da linha
cendo grandes oportunidades de criação.
da gola.
Este detalhe é moldado e costurado no pesco-
• Dobra da gola: profundidade da gola do pon-
ço da peça, de uma maneira que beneficia a diver-
to de dobra até a linha de estilo, conforme Fi-
sificação, pois possibilita uma infinidade de tipos. gura 21.
PÉ DE GOLA
PONTO DE DOBRA
DOBRA DA GOLA
DECOTE
LINHA DE ESTILO
PONTO DE DOBRA
PONTO DE DOBRA
LINHA CENTRAL
CARCELA
149
Variações de golas
SAIBA MAIS
150
DESIGN
151
Figura 25 - Exemplos de Gola xale Figura 26 - Exemplo de gola Simples ou com lapela
152
DESIGN
153
Preparação do tecido
Moldando a gola
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DESIGN
REFLITA
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MANGAS
Variações de mangas
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DESIGN
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GUIA DE MANGAS
158
DESIGN
Preparando o tecido
159
Moldando a Manga
Com o tecido preparado, posicione ele no ponto formando um círculo. E, para ajudar na vestibilida-
mais alto do braço, verificando se o fio reto ficou de na altura do bíceps, faça duas pregas com mais ou
bem vertical, ou seja, perpendicular ao chão. Obser- menos 1 cm, uma para cada lado da linha de centro,
ve se a altura da cabeça da manga ficou na região das conforme mostra a Figura 354.
axilas. Veja na Figura 34. Comece a alfinetar o tecido ao busto na altura do
Em seguida, faça uma marcação nos dois lados ombro e vá contornando a parte mais alta do braço,
da linha central com a medida de 18 cm - total 36 distribuindo o tecido na cabeça da manga com uma
cm - e faça, também, uma marcação na altura do co- forma de embebimento, ou seja, como se estivesse
tovelo com 14,5 cm – total 29 cm. Prenda essas duas franzindo o tecido, sem fazer pregas, assim como
marcações com alfinetes nos pontos do cotovelo, mostra a Figura 36 a seguir.
Figura 34 - Posição do tecido no braço Figura 35 - Acrescentando folga na circunferência no bíceps da manga
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 138). Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 138).
160
DESIGN
SAIBA MAIS
Embeber significa que, quando você for encaixar as mangas no corpo, podem ser feitas duas costu-
ras com pontos mais frouxos e largos, numa distância de 1 cm, puxando as duas linhas, formando o
ajuste dos tecidos de corpo com a cava.
161
Para acomodar o tecido na região da curva na la- Finalize essa etapa prendendo as marcações na
teral do braço e da axila, dê pequenos piques, toman- altura do bíceps, até formar um círculo em volta do
do muito cuidado para que o corte não fique muito braço e junte toda a lateral com alfinetes, formando
perto da cabeça da manga, assim como na Figura 38. o corpo da manga.
Agora vamos dar mais forma final a nossa manga. É importante que, quando for conferir outro
Com um lápis copie o contorno da cava, em seguida encaixe, é recomendado que, na circunferência da
faça uma linha pontilhada, partindo do pulso, que cava da manga, fique sobrando entre 1 a 2 cm para o
passe pelo cotovelo até axila. embebimento da cava, esta pequena folga serve para
Feito isso, retire o tecido do braço e retrace com proporcionar um bom caimento e permite movi-
linhas contínuas. Marcando os valores de margem mento ao braço.
de costura e valor da barra, corte as sobras de te- Finalize montando seu molde e costurando com
cidos e costure com alfinetes, montando a manga. alfinetinhos o resto do molde, para analisar o cai-
Em seguida, prove-a e verifique se a cava da manga mento e verificar possíveis defeitos. Faça tudo com
encaixou bem na peça do corpo. muita calma e procure solucionar com tranquilida-
de qualquer imperfeição.
162
DESIGN
DECOTES
PREPARO
SAIBA MAIS
Você também pode criar modelos de decotes com moulage, alfinetando a fita sobre o molde básico
no corpo. Procure desenhar os modelos de decotes com fita, é uma maneira de explorar as nuances
do design e retratar os detalhes.
163
Traçando o contorno
164
DESIGN
CO
STA
S
1cm
1,5cm
15cm
FRENTE
Figura 42 - Modelo do decote redondo, desenho decote frente, desenho decote costas.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 112-113).
165
Figura 43 - Desenhando a forma do decote
Fonte: acervo da autora.
Figura 44 - Modelo do decote canoa, desenho decote frente, desenho decote costas.
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 114-115).
166
DESIGN
Decote canoa
167
CO CO CO CO
ST ST ST ST
AS AS AS AS
4cm 4cm
4cm 4cm
FRENTE
FRENTE FRENTE
FRENTE
168
DESIGN
Processo de Acabamentos
(Limpeza) para Parte
Superior do Corpo
Embora pareça um assunto repetido, aqui propor- Em se tratando da parte superior do corpo, o
cionarei algo diferente no sentido de limpeza e aca- acabamento ou limpeza é necessário para estética,
bamento. Como acabamentos em revel ou guarnição durabilidade, além disso, temos que nos preocupar
nos decotes ou cavas. Também conhecerá a técnica com o abotoamento para garantir vestibilidade à
de entretelar uma peça, para proporcionar estrutura. peça.
169
Vamos iniciar pela guarnição, composto por revel Normalmente esse tipo de revel é costurado no
ou limpeza no decote e cavas. Cada região ou biblio- interior da peça, não aparecendo no lado de fora,
grafia acaba utilizando uma nomenclatura diferente, entretanto pode ocorrer que alguns modelos requer
mas todas têm o mesmo significado. Aqui em nos- que esses revéis fiquem aparentes como efeito deco-
sos estudos definiremos como guarnições de revel. rativo. Sendo que esse tipo de acabamentos pode ser
Segundo Smith (2012, p. 170), esta é a maneira mais moldado em partes ou inteiro.
simples de acabamento em decote ou à cava de uma • Revel moldado inteiro: são reproduções das
peça de roupa, independente da forma. O proces- partes do molde. Embora o molde tenha cos-
so de execução deste revel para limpeza é o mesmo, tura nos ombros, o revel é uma única peça,
costurado parte frente e costas. Caso deseje,
bastando desenhar o contorno do pescoço e/ou do
pode fazer o acabamento através de forros. A
contorno do braço nos moldes, tanto frente como figura 48 mostra o revel que cobre o ombro
costas, em seguida faz-se uma paralela. Copie este inteiro, ou seja, faz-se uma cópia da parte su-
contorno para outro tecido ou papel, reproduzindo perior do corpo, englobando o decote, cava e
a forma anatômica. centro, conforme figura 48:
C. C. C.
C. C. F.
C.
F.
C. C.
C. F.
170
DESIGN
C.
C.
C.
F.
171
C
C. .
C.
F.
Entretanto, esse sistema de acabamento proporciona Os dois modelos de revel, no quesito qualidade,
à peça velocidade na execução, por ter menos costu- fazem o acabamento das peças de forma funcional,
ras e no sentido da produção da mesma, diminuin- eficiente e esteticamente agradável, basta que tenha
do a quantidade de operações na execução. o tecido suficiente para aplicação escolhida.
172
DESIGN
Dobra
Dobra
Dobra
C.F.
C.F.
C.F.
C.F.
O dobro O
dadobro da
Lado do LadoOdo
dobro O
dadobro da Medida do
MedidaLado
do do Lado do
Transpasse
Transpasse
Medida do
Medida do Transpasse
Transpasse Transpasse
Transpasse
FemininoFeminino
Transpasse
Transpasse Masculino
Masculino
Figura 51 - Exemplo de transpasse na peça
Fonte: Duarte (2012, p. 53).
173
Caseado tecido
Em peças masculinas, o transpasse sobre o corpo Já o transpasse feminino deve ser voltado para o
deve ser voltado para o lado direito. lado esquerdo.
174
DESIGN
Quando for desenvolver o acabamento das mangas, A diversidade de possibilidades é imensa, assim,
é preciso levar em consideração o modelo da peça mostrarei algumas delas:
que irá produzir. Algumas peças têm acabamentos
mais justos, enquanto outras precisam de algo mais
largo, além disso, muitos acabamentos nas mangas
são decorativos.
Pode-se acrescentar
uma tira de viés,
reforçada, podendo
ser da largura que
desejar.
175
Pode-se fazer com
uma borda de
elástico, ajustando a
manga ao punho da
pessoa. Pode-se fazer, tam-
bém, algumas tiras
em formato de ba-
bados, podendo ser
franzidos ou não.
Figura 56 - Manga com acabamento com elástico na borda do punho Figura 57 - Manga com acabamento com tiras de babados
176
DESIGN
Figura 58 - Manga com acabamento com barra Figura 59 - Manga com acabamento com punho
177
Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade foi abordada a téc- detalhes como golas e mangas ou até adequando o
nica de moldar bases de blusas e também as varia- decote ou criando efeitos com técnicas de acaba-
ções de modelos mais comum, orientando e condu- mento e limpeza.
zindo todos os passos que você deve transpor, indo Como você pode ter percebido, durante toda a
da preparação do tecido de modelagem até a sua unidade, tudo que foi apresentado é muito introdu-
peça acabada. tório. As possibilidades de modelos e acabamentos
Por agora você conheceu todos os passos da mo- possíveis com a modelagem tridimensional são inú-
delagem de uma peça superior, podendo, com tran- meras. Inclusive destaco que esta unidade pode ter
quilidade, aplicar o que aprendeu e, no processo de ser vista por várias perspectivas, levando em consi-
praticar, pensar em novas possibilidades, de trans- deração que o estudo vem para cobrir o seu objetivo
posição de pences ou, até mesmo, organizar o tecido formal de ensino, e também serve para dar recursos
com recortes ao corpo, possibilitando a formação de de técnicas e capacidades de execução.
outros modelos. Por fim, tenho certeza de que os conhecimen-
Perceba como foi promissor o conhecimento tos aqui contribuirão na sua vida profissional, seja
que você teve nesta unidade. Agora você tem base no momento da execução da técnica ou mesmo na
sobre a modelagem tridimensional e isso aumenta compreensão de possibilidades. Acredito que, por
sua percepção de viabilidade de modelos. Assim, meio da interpretação dos modelos, você cultivará e
quando for criar uma peça ou até mesmo uma co- aperfeiçoará seu olhar, especialmente em projetos de
leção, muito mais do que inovar, você agora tem co- construção de moldes e transformação de modelos
nhecimento para desenvolver peças distintas. Além sobre a técnica tridimensional, apropriando-se das
disso, a unidade também apresentou para você for- proporções da forma do corpo para torná-lo atra-
mas de fazer grandes diferenciais na peça, mudando ente.
178
LEITURA
COMPLEMENTAR
Uma roupa pode ser acabada com debruns, viéses ou (em roupas sem mangas), aberturas frontais e traseiras
corte a fio. A estética e o toque do acabamento podem ou em bainhas. Em geral, a limpeza é cortada no mesmo
fazer da roupa uma obra-prima ou acabar com a peça. tecido da roupa e aplicada com entretela; contudo, tam-
É sempre necessário ter um bom conhecimento sobre bém pode ser feita em um tecido ou cor contrastante à
fechamento, forros, comportamento de tecidos, técnicas peça.
para tecidos específicos. Alguns estilistas criaram seus Fechamento são itens funcionais que mantêm a roupa
próprios acabamentos para dar uma aparência exclusiva fechada. Eles podem ser ocultos ou transformados em
às criações. A Levi`s, por exemplo, utiliza as costuras nos um detalhe na roupa. Há uma grande variedade, de bo-
botões traseiros como marca registrada. tões, metais de pressão, velcro e botões magnéticos até
A limpeza é utilizada para fazer o acabamento das bor- fivelas, colchetes e zíperes. A escolha do fechamento
das de uma roupa. É mais usada quando as bordas são influenciará diretamente no design de uma peça. Evite
desenhadas, com o decote. A limpeza é cortada com o decidir pela primeira ideia e pesquise o que o mercado
mesmo formato da linha que se quer acabar e, então, é tem para oferecer.
costurada a dobra para o lado interno da peça. Apare-
cem com mais frequência em áreas como decotes, cavas Fonte: Fischer A. (2010).
179
atividades de estudo
1. Antes de começar a moulage, é fundamental analisar bem o manequim com o qual se está
trabalhando. As principais características para iniciar a modelagem tridimensional, confor-
me Fischer, (2010, p. 123) são:
a. Tire as medidas e analise o formato para verificar se ele enquadra no percentual e no
tamanho que você procura.
b. Existe uma gama de manequins disponível no mercado, o importante é tê-los.
c. É preciso que se pegue o busto técnico no tamanho desejado.
d. Pegar o busto técnico com as marcações das linhas de construção ainda para definir.
e. Escolha um busto técnico ser na cor clara.
2. Para traçar a cava do corpo, pode-se utilizar a mão como ferramenta de apoio para fazer
o desenho, não esquecendo que o dedo polegar deve estar voltado para a parte frente do
corpo, segundo Grave (2010, p. 44). Analise as alternativas abaixo:
I. Primeiramente traçar a cava com linhas pontilhadas.
II. Existem réguas próprias para se traçar a cava sem a ajuda da mão.
III. Após desenhar a cava, corte o excesso de tecido.
IV. O contorno da cava fica entre a junção do corpo e a cabeça.
V. Sempre, a cava frente é mais cavada que das costas.
180
atividades de estudo
4. Para desenvolver qualquer tipo de transferência das pences, basta você desenvolver a
mesma técnica da moulage da base da blusa, apenas mudando a posição das pences. So-
bre a transferência das pences, analise e assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
181
Modelagem 3D Para Vestuário: Conceitos e Téc-
nicas de Criação de Peças - Série Eixos
Renata Nogueira Lobo, Érica Thalita Navas Pires Limeira,
Roseane de Nascimento Marques
Editora: Érica
Sinopse: voltado aos profissionais que desejam aprimo-
rar o conhecimento sobre técnicas de moulage (modela-
gem 3D) para o vestuário, o livro traz um breve relato da
história da moulage na indústria têxtil. Explica as etapas
percorridas até a finalização do produto e apresenta os
principais materiais usados para realizá-la. Ensina o pas-
so a passo de como marcar o manequim para desenvol-
ver as peças de roupa e quais os significados das linhas
marcadas. Introduz alguns dos tecidos mais utilizados e demonstra a confecção de decotes,
golas, blusas, vestidos e saias em tecido plano e em malha.
O conteúdo pode ser aplicado para os cursos técnicos em Modelagem de Vestuário, Produ-
ção de Moda, Vestuário, Têxtil, entre outros.
La Belle et La Bête
Ano: 2014
Sinopse: no ano de 1810 um naufrágio leva à falência um co-
merciante (André Dussollier), pai de três filhos e três filhas.
A família se muda para o campo e Bela (Léa Seydoux), a filha
mais jovem, parece ser a única entusiasmada com a vida ru-
ral. Certo dia o pai de Bela arranca uma rosa do jardim de um
palácio encantado e acaba condenado à morte pelo dono do
castelo, um monstro (Vincent Cassel). Para salvar a vida do pai,
Bela vai viver com o estranho ser. Lá ela encontra uma vida cheia de luxo, magia e tristeza, e
aos poucos descobre mais sobre o passado da Fera, que se sente cada vez mais atraída pela
jovem moça.
Comentário: o filme não é recomendado para menores de 12 anos. Ao assistir este filme você
observará os tipos de decotes golas e mangas utilizadas na época, até hoje. Poderá observar,
também, a respeito dos tipos de acabamentos e tecidos empregados nas peças e qualidade
em sua execução.
182
referências
ABLING, B.; MAGGIO, K. Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Porto Ale-
gre: Bookman, 2014.
ALDRICH, W.; BUCHWEITZ, C.; MARTINS, L.; SILVA, P. Modelagem plana para moda fe-
minina. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
DUBURG, A.; VAN DER TOL, R. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
DUARTE, S. MIB - Modelagem Industrial Brasileira: tabelas de medidas. Rio de Janeiro:
Guarda Roupa, 2012.
FISCHER, A. Fundamentos do design de moda: construção do vestuário. Porto Alegre:
Bookman, 2010.
GRAVE, F. M. Modelagem tridimensional ergonômica. Escrituras: São Paulo, 2012.
JONES, S. J. Fashion design. 2 ed. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
HEINRICH, D. P. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial.
Novo Hamburgo: Feevale, 2005.
SMITH, A. Costura passo a passo: mais de 200 técnicas essenciais para iniciantes. São
Paulo: PubliFolha, 2012.
183
gabarito
1. C
2. C
3. D
4. D
5. C
184
UNIDADE
V
PRODUÇÃO PROTÓTIPO/
PEÇAS-PILOTO E ORIGINAL
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Análise do modelo e escolha de materiais
• Modelagem tridimensional peça piloto
• Análise e aprovação dos modelos de acordo com a
proposta
• Montagem e acabamento da peça no tecido original
Objetivos de Aprendizagem
• Analisar o desenho para desenvolvimento da peça piloto.
• Executar a modelagem da peça piloto.
• Analisar a vestibilidade da peça no corpo.
• Aplicar a técnica estética de acabamentos à montagem da
peça.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Análise do Modelo e
Escolha de Materiais
Antes de tudo, para que você compreenda o assun- uma forma de aplicar os conhecimentos e atividades
to, começaremos definindo que "peça piloto" é o estudados anteriormente, para confecção de uma
primeiro modelo produzido de uma peça que será peça. E, para que seu estudo fique mais rico de con-
aplicada em série depois. Para Duarte (2012, p. 28) teúdo, escolhi alguns modelos com vários detalhes,
“é através da peça piloto que fica definido todos os para que possamos testar aplicabilidades distintas
acabamentos. É muito importante que se faça esta durante o seu desenvolvimento. Portanto, caro(a)
primeira peça, pois, é através desta que de define to- aluno(a), vamos entender o passo a passo do desen-
dos os acabamentos e reajustes.” volvimento de uma peça, indo da análise do dese-
Com esse termo esclarecido, seguiremos nos- nho ao produto final. Dessa maneira, recomendo
sos estudos. Levando em conta que você já tem o que faça tudo com calma, utilizando as técnicas ex-
conhecimento básico da modelagem tridimensio- plicadas no livro, não pulando nenhuma etapa, pois
nal, vamos para a prática. Nesta unidade, você verá isso é muito importante para o seu aprendizado.
190
DESIGN
ANALISANDO O DESENHO
• Vamos começar nosso estudo analisando cui-
dadosamente o desenho, observando detalhes
e características para que possamos pensar,
desenvolver os moldes e definir os aviamen-
tos necessários. Neste momento, é muito im-
portante que você saiba analisar o modelo de
forma entender cada pequeno detalhe do de-
senho e pensar nos aviamentos e tecidos ne-
cessários ao sucesso da peça. Começando pela
frente, conforme a Figura 1, você percebe que:
• Recorte vertical: a parte central do vestido
apresenta um recorte vertical. Isso só é pos-
sível a partir da transposição de pences, do
busto e da cintura.
• Recorte entre cavas: na parte superior do bus-
to, para que possa ser colocada a renda trans-
parente, foi inserido outro recorte.
• Decote e cavas: o decote tem o formato de ca-
noa e as cavas são afastadas do braço, ou seja,
blusa cavada.
• Lateral: na altura da cintura tem um buraco
que mostra o corpo.
Figura 1 - Modelo de vestido curto com detalhes em renda
• Parte inferior: molde evasê com média roda.
Fonte: acervo da autora.
191
192
DESIGN
193
Modelagem
Tridimensional
Peça Piloto
Vamos, agora, utilizar todo o conhecimento que Com seu manequim pronto, vamos preparar os
você adquiriu na disciplina para produzir nossa tecidos de modelagem que serão utilizados na pro-
peça piloto. Lembrando que toda a modelagem dução da peça. Em seguida, iremos para a etapa de
começa com a escolha do manequim do tamanho moldar a piloto. Nessa peça utilizaremos as bases
desejado. Importante que seu busto já esteja com de um vestido com recortes verticais que, segundo
as linhas de marcações e posicionado na sua al- Duburg e Van Der Tol (2012, p.122-123) é a mesma
tura. base do casaco cinturado.
194
DESIGN
Fio de urdume
Fio de urdume
Fio de urdume
CENTRO COSTAS
Linha de quadril Linha de quadril Linha de quadril
Fio reto
Fio reto
Fio reto
Fio reto
35 cm 35 cm 35 cm 35 cm
195
PRODUZINDO OS MOLDES
ATENÇÃO
196
DESIGN
197
198
DESIGN
199
Lateral da frente
Análise e Aprovação
dos Modelos de Acordo
com a Proposta
A cada tópico, chegamos mais perto da nossa É nesta etapa que você pode executar variações
peça piloto. A partir deste momento, iremos pas- no modelo, por mais que tenhamos escolhido um
sar o molde feito em tecido similar para o tecido modelo simples, nada impede que você crie, em
original. cima desta base, outros conforme seu desejo.
202
DESIGN
Com os moldes prontos, vamos uni-los novamente Agora, vamos vestir a peça no busto técnico. Ao ves-
e montar a peça. Nesse momento costuraremos as ti-lo, faça com cuidado para não se espetar com alfi-
peças com alfinetes, assim como é feito na costura netes. Procure colocar a peça bem na posição correta,
de alinhavo. Comece pela frente, juntando o recorte prendendo com alfinetes no corpo, somente no eixo
lateral com o centro frente, costurando com muito central frente e costas. O restante da peça tem que
cuidado, para que fique bem encaixado. Em segui- ficar solta no corpo, dessa forma facilita a correção.
da, faça a mesma coisa no molde das costas. Com Agora que você precisa analisar como a peça fi-
os moldes encaixados no busto, vamos agora juntar cou no corpo, verificando se ficou larga ou apertada,
a costura com alfinetes às linhas laterais das peças muito comprida ou se tem que fazer alguma altera-
e, finalizando, unindo o ombro. Este processo tem ção. É muito díficil a moulage apresentar defeitos
como objetivo montar a peça com alfinetes, como se nesta etapa, pois foi executada conforme a forma do
estivéssemos costurando-a. corpo.
203
Figuras 10b - Frente e costas costuradas
Fonte: Abling e Maggio (2014, p. 176).
204
DESIGN
Decote
canoa
frente
Decote
em V
costas Blusa
Recorte costas
lateral Decote
blusa canoa
frente frente
Saia
costas
Recorte
lateral
saia
frente
205
Figura 12 - Nomenclatura e marcações identificar cada molde
Fonte: a autora.
Após todas as identificações, vamos para o pró- Para isso, una o molde lateral frente da parte
ximo passo. Junte os moldes da saia frente e cos- inferior com a parte das costas pela linha princesa.
tas, para eliminar a costura lateral. Existe a pos- Veja, na Figura 13, que a linha de quadril ficou bem
sibilidade de deixar essa costura sem problemas, encontrada e unidas, faz uma leve curva da cintura.
entretanto será mais uma operação no processo Veja, também, que a posição do centro costas e
de montagem, além de influenciar na estética do no sentido do fio no tecido, a parte lateral na frente
vestido. fica na diagonal.
206
DESIGN
Margem de costura
Caro(a) aluno(a), observe que as partes dos mol- apenas os locais de corte do desenho do modelo.
des que foram moldados no manequim já têm E é somente nessas partes que terá que ser inseri-
costura, que acrescentamos no retraçado dos da uma margem de costura.
moldes. As partes que ficaram sem costura foram
207
Planificação dos moldes
208
DESIGN
209
Neste momento, observe que todas as partes dos
moldes já têm costura e estão espelhados e, a partir
desta etapa, consideramos os moldes prontos para
serem cortados no tecido original.
E com os modelos prontos, terminamos de cons-
truir e interpretar o desenho escolhido. Você pode
cortar a peça no tecido original. Procure guardar
este molde, mas também gostaria que percebesse
que agora com os moldes pronto, você, em cima des-
ta base, pode criar muitos modelos, conforme a cria-
tividade permitir. Procure treinar outros modelos,
desenhando-os por cima do molde já utilizado, cada
um com uma cor de caneta, ou seja, para cada mo-
delo uma cor diferente, assim você não se confunde
no momento de tirar as partes do molde.
E, para exercer sua criatividade e criar novos
moldes sem danificar o molde de tecido, sempre que
for finalizar um novo molde transfira para o papel o
modelo escolhido, assim você fica com o molde do
modelo desejado e a base fica intacta. Até a próxima!
210
DESIGN
211
Montagem e Acabamento
da Peça no Tecido Original
Vamos finalizar nosso modelo? Bom, agora que ter- CORTE DA PEÇA NOS TECIDOS
minamos o molde, você vai compreender a totali- ORIGINAL
zação do modelo. Digo isso, porque enquanto esta-
mos produzindo etapa por etapa, não conseguimos Agora, pegue os tecidos originais, renda e tecido liso
imaginar como ficará a peça, dando a impressão de escolhido, posicione os moldes e alfinete a peça, to-
que nunca vamos terminá-la. Só que, agora, em cada mando cuidado com o fio reto que, segundo Duarte
etapa da preparação e montagem da peça, você já vai (2012), é um dos facilitadores da costura. Observe a
identificando o modelo. Figura 17 e alfinete os moldes.
212
DESIGN
ACABAMENTOS
213
214
considerações finais
215
LEITURA
COMPLEMENTAR
O labirinto: transição entre bordado e renda e, a seguir, é cheio, isto é, recoberto de bordados fei-
A renda é uma obra na qual um fio, conduzido por uma tos com agulha. Assim, é um artesanato considerado ao
agulha, ou vários fios trançados engendram um tecido mesmo tempo bordado e renda de agulha.
e produzem combinações de linhas análogas às que O aparecimento da renda de agulha data dos fins do sé-
o desenhista obtém com o lápis. O bordado consiste culo XV, na Europa. Maia (1980) explica que ela surgiu
em uma decoração aplicada a um tecido pré-existente da necessidade de quebrar a monotonia do bordado fe-
(MAIA, 1980). A autora especifica duas grandes linhas de chado sobre um fundo compacto. Veio a ideia, então, de
produção de rendas: a renda de bilros e a renda de agu- cortar certos espaços no tecido entre os motivos, o que
lha. O que caracteriza a primeira é o que o próprio nome assinalou a transição entre o bordado e a renda. Suce-
significa, ou seja, é a renda tecida com bilros (pequenas deram-se os desfiados, que é o caso do crivo ou labirin-
hastes de madeira) afixados numa almofada cilíndrica to. A renda chegou a Portugal vinda da Itália, Flandres e
por meio de alfinetes ou espinhos. A renda de agulha França, além de sofrer influência oriental, com as inú-
compreende vários tipos, como a renda irlandesa ou re- meras viagens das frotas portuguesas. Durante muito
nascença, o filé, o rendendê e o labirinto, que é conheci- tempo, só foi feita em conventos e usada para adornos
do também como crivo. em igrejas e paramentos sacerdotais.
O labirinto tem como característica o fio desfiado preli- No século XIX, as rendas portuguesas ficaram conheci-
minarmente de um tecido que depois é trabalhado com das no mundo todo. Em 1747, foram publicados editais
agulha e linha segundo motivos ou desenhos preestabe- nas Ilhas dos Açores, convocando famílias a estabelece-
lecidos. Para Girão (1983), o labirinto, que merece esse rem-se no Brasil, assim, chegaram os comboios, e as fa-
nome pelo emaranhado dos pontos, é o bordado de fio mílias se espalharam pelo litoral e, mais tarde, pelo inte-
cortado, distendido em uma grade ou em um bastidor, rior. Enquanto os homens se dedicavam principalmente
216
LEITURA
COMPLEMENTAR
à pesca e a pequenas lavouras, as mulheres se dedica- a ajuda de uma carretilha que deixa marcas no tecido;
vam aos bordados e rendas. De início, foram as casas em seguida, vai-se desfiar o tecido, com a ajuda de uma
de família e os colégios de religiosas que difundiram a lâmina que corta os fios que são puxados. Depois vem o
renda de agulha no Brasil; mais tarde é que, para as mu- processo de encher o tecido, já preso no bastidor ou na
lheres das classes trabalhadoras, o trabalho com agulha, grade, o que significa bordar os motivos com agulha e li-
longe de representar apenas uma etapa das “prendas nha. Isso requer uma contagem detalhada dos fios. Após
domésticas”, representou uma oportunidade de atender o enchimento, vem a etapa de torcer, que compreende
às necessidades de complementar a renda familiar. o processo de prender os “pauzinhos” do tecido para dar
O local escolhido para este estudo, o Município de Juarez forma e firmeza ao desenho, passando a linha de três a
Távora, situa-se na região agreste do Estado da Paraíba, quatro vezes no mesmo lugar com movimentos de baixo
nordeste do Brasil. Trata-se de um Município pequeno para cima. A etapa seguinte consiste em perfilar, termo
(cerca de 7.000 habitantes), cuja economia se baseia na utilizado para se referir ao caseamento ou acabamento
agricultura de subsistência, no artesanato e no comér- das beiradas. O perfilo é feito fora do bastidor, com o
cio. No artesanato, destaca-se o labirinto, produto mais tecido preso firmemente entre as pernas da labirinteira,
conhecido e tradicional, principalmente na confecção de e requer a realização de movimentos repetitivos e rápi-
colchas, passadeiras, toalhas de mesa e ornamentos de dos. Por último, é necessário lavar e engomar. A peça é
altar para igrejas. engomada e presa, ainda molhada, na grade, de forma
Quanto ao processo de trabalho do labirinto propria- que seque bem esticada.
mente dito, este consiste em uma série de etapas desde
a preparação do tecido até a peça estar pronta e limpa
para ser vendida. Inicia-se com o processo de riscar, com Fonte: Cunha e Vieira (2009, on-line)1.
217
atividades de estudo
218
atividades de estudo
219
Pattern Magic Paperback
Tomoko Nakamichi
Editora: Gustavo Gilli, ltda
Sinopse: padrão Magic é o culto à tomada padrão de li-
vro do Japão. Inspirando-se a natureza, a partir Geometric
Shapes, e da rua , este livro explora a alegria de fazer e
esculpir roupas. O livro tem uma abordagem criativa para
a tomada padrão, com projetos passo a passo para os esti-
listas e costureiros desfrutarem. Cada projeto é belamen-
te ilustrado com diagramas e fotografias que mostram as
fases de construção, as muselinas claras, e as vestes aca-
badas.
Comentário: este livro e outros da série são de origem japonesa, que aponta formas de
modelar a roupa ao busto técnico, por meio de formas e detalhes criativos com volumes e
forma desestruturados.
220
referências
ABLING, B.; MAGGIO, K.; Moulage, modelagem e desenho: prática integrada. Porto Alegre:
Bookman, 2014.
DUARTE, S. MIB - Modelagem Industrial Brasileira: tabelas de medidas. Rio de Janeiro: Guarda
Roupa, 2012.
DUBURG, A.; VAN DER TOL, R. Moulage: arte e técnica no design de moda. Porto Alegre: Bookman,
2012.
FISCHER, A. Construção de vestuário. Porto Alegre: Bookman, 2010.
HEINRICH, D. P. Modelagem e técnicas de interpretação para confecção industrial. Novo Ham-
burgo: Feevale, 2005.
SMITH, A. Costura passo a passo: mais de 200 técnicas essenciais para iniciantes. São Paulo: Pu-
bliFolha, 2012.
Referências On-Line
1
Em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200005>.
Acesso em: 03 ago. 2016.
221
gabarito
1. E
2. C
3. D
4. B
5. A
222
gabarito
Conclusão geral
Caro(a) aluno(a), finalizamos mais um conteúdo, este tratava da montagem de
peças da parte superior do corpo, transferindo e mudando as pences de lugar,
acrescentando efeitos como decotes, cavas, golas e mangas.
Vimos que ao modelar a peça com Tecido Plano, o modelo é justo ao corpo,
assim existe a necessidade de pences, pregas ou recortes, pois, este não possui
elasticidade, sendo um tecido rígido. Algumas vezes o modelo não requer as
pences tradicionais de Busto e Cintura, neste caso é importante fazer algumas
alterações na localização das pences. Além do mais provou-se que a partir desta
técnica é possível transportar as pences fundamentais de busto e de cintura para
outros lugares do corpo, formando um novo modelo.
A partir daí, acrescentou-se a técnica de incluir alguns detalhes no pescoço,
braço, como mangas e golas, estes tem a função de adornos e proteção, as peças
do vestuário pode ter ou não estes detalhes.
Ao finalizar este conteúdo em que a modelagem tridimensional está tão pró-
xima do(a) aluno(a) a ponto de, a princípio, ter convicção de certo domínio do
assunto, nos damos conta de que estes conteúdos são difíceis, mas com a aplica-
ção da técnica tudo se torna fácil e ainda há muito por descobrir. Por um lado,
sugere a ansiedade de imergir nesses conteúdos e ampliar as possibilidades de
conhecimento de novos assuntos, que poderão ser desvendado em outros mo-
mentos.
Para finalizar aprendemos que é muito importante entender a sequência
lógica e o processo de modelagem tridimensional para a construção de toda e
qualquer peça que você irá criar. Acredito que você está apto para construir suas
peças, pois passamos por todos os processos de construção de uma roupa como
modelagem (toile), montagem do protótipo (piloto), costura e acabamento de
finalização.
Agora que você já aprendeu todos os conceitos básicos e primordiais para es-
sas criações me despeço por aqui. Desejo a você ótimos estudos e dedicação para
as próximas disciplinas! Até uma próxima oportunidade.
223