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HISTÓRIA
MÓDULO 1
História
Introdução à História
Conteúdos
Acerca deste Módulo 2
Lição 1 5
Lição 2 11
Lição 3 17
Lição 4 25
Lição 5 30
Lição 6 37
Lição 7 43
Lição 8 49
Lição 9 57
Lição 10 65
Lição 11 71
Lição 12 76
Lição 13 83
Lição 14 89
Lição 15 95
Soluções 101
Conteúdo do Módulo
Cada Módulo está subdividido em Lições. Cada Lição inclui:
Título da lição.
Uma introdução aos conteúdos da lição.
Objectivos da lição.
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MÓDULO 1
Habilidades de Aprendizagem
Estudar à distância é muito diferente de ir a escola pois quando vamos a
escola temos uma hora certa para assistir as aulas ou seja para estudar.
Mas no ensino a distância, nós é que devemos planear o nosso tempo de
estudo porque o nosso professor é este módulo e ele está sempre muito
bem-disposto para nos ensinar a qualquer momento. Lembre-se sempre
que “ o livro é o melhor amigo do homem”. Por isso, sempre que achar
que a matéria esta a ser difícil de perceber, não desanime, tente parar um
pouco, reflectir melhor ou mesmo procurar a ajuda de um tutor ou colega
de estudo, que vai ver que irá superar toas as suas dificuldades.
Para estudar a distância é muito importante que planeie o seu tempo de
estudo de acordo com a sua ocupação diária e o meio ambiente em que
vive.
Necessita de Ajuda?
Sempre que tiver dificuldades que mesmo após discutir com colegas ou
amigos achar que não está muito claro, não tenha receio de procurar o seu
tutor no CAA, que ele vai lhe ajudar a supera-las. No CAA também vai
Ajuda dispor de outros meios como livros, gramáticas, mapas, etc., que lhe vão
auxiliar no seu estudo.
MÓDULO 1
Lição 1
O Conceito de História
Introdução
Caro aluno, esta é a primeira lição do seu primeiro módulo de História na
11ª classe.
Nesta lição, você, estudará o conceito de História seu objecto de estudo,
sujeito do conhecimento entre outros. Esperamos que além de
proporcionar esses elementos úteis ao estudo desta disciplina, esta lição
comece já a despertar o seu interesse por esta ciência social, que é a
História.
Bom estudo!
Ao concluir esta lição você será capaz de:
O Conceito de História
O que é a História?
Para uma melhor ideia de o que é a História vejamos algumas definições
mais actuais de História, enunciadas por alguns dos autores mais
conceituados do século XX.
“Social por definição, a História é o estudo feito cientificamente das
diversas actividades e criações dos homens de outros tempos,
considerados numa época determinada e dentro do quadro de sociedades
extremamente variadas, (...)” Luciem Fbvre, Combates pela História.
“A História é a ciência dos homens no tempo.” Marc Bloch.
Se fôssemos para outros autores encontraríamos mais e mais definições,
todas elas diferentes... mas com algo em comum. Portanto um aspecto
que marca os esforços para a definição de História é a variedade de
possibilidades que se colocam.
Portanto, mais do que um enunciado de definição de História imutável,
importa notar que ela pode ser definida das mais variadas maneiras,
porém qualquer das definições deverá fazer referência ao facto de a
mesma ser uma ciência que se ocupa do estudo do homem (melhor dos
homens) no tempo e (também) no espaço.
Caixa do tutor
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6 Conteúdos
conselhos.
Em relação à História ocorreu numa determinada fase de evolução Ora
bem, esta percepção científica sobre o Tempo e Espaço é a que hoje
domina, em geral, o pensamento histórico, mas nem sempre a História foi
assim entendida.
A busca de informações sobre o passado dos homens não teve sempre
carácter científico. A história como ciência, como a entendemos hoje, só
surge no século XIX, após um longo período de aperfeiçoamento a nível
das suas técnicas e meios de trabalho, das metodologias, acompanhando o
desenvolvimento da própria sociedade.
Portanto a cada etapa de desenvolvimento da sociedade correspondeu
uma forma própria de encarar e fazer história, ou seja um tipo de
historiografia. Aliás isto é evidente, pois a maneira de pensar do Homem
na Antiguidade é diferente da forma de pensar no século XXI; igualmente
a ideia de história que se tinha na idade média é diferente daquela que
existia no século XX.
É o mesmo que dizer que a história tem a sua própria história.
O Surgimento da História
Como deve saber, caro aluno, nem tudo o que sabemos e fazemos
aprendemos formalmente, numa acção claramente definida para nos dar
esse ensinamento, mas sim observando os mais velhos, ou ouvindo os
seus processos idênticos. Durante milénios de existência humana,
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MÓDULO 1
As cosmogonias
São os registos das primeiras tentativas, de explicação do universo. Essa
explicação inclui tantos elementos naturais como sobrenaturais.
Leitura
Uma Cosmogonia
"1. Ao princípio era o mar primordial (…)
2. Este mar primordial produziu a montanha cósmica, composta
do céu e da terra ainda unida.
3. Personificados e concebidos como Deus de forma humana, o
céu, ou seja o Deus An , desempenhou o papel de macho e a terra
isto é , Ki, o de fêmea. Da sua união nasceu o Deus do ar Enlil.
4. Enlil, o deus do ar, separou o Céu da terra e, enquanto seu pai
, An , levava o céu, Enlil levava a terra , sua mãe. A união Enlil e
sua mãe, a terra, foi a origem do universo organizado - a criação
do homem, dos animais e das plantas e o estabelecimento da
civilização ".
(Kramer " A história começa na Suméria. In Introdução ao
Pensamento Histórico, R.R.Gomes, Livros Horizonte, 1988, pp32)
O mito de Osíris
O deus Osiris era um grande rei, que sucedera a seu pai, Geb (a terra); de
parceria com a sua mulher, a deusa mágica isis, ensinou os homens a agricultura,
inventou o pão, o vinho e a cerveja (elementos essenciais da alimentação do
povo Egípcio) revelou-lhes a metalurgia. Mas seu irmão tifão ou sete mata-o:
afoga-o no Nilo, corta-o em pedaços, que espalha-os pelo canavial. Então Isis
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8 Conteúdos
O mito de Osíris
O deus Osiris era um grande rei, que sucedera a seu pai, Geb (a terra); de
parceria com a sua mulher, a deusa mágica isis, ensinou os homens a agricultura,
inventou o pão, o vinho e a cerveja (elementos essenciais da alimentação do povo
Egípcio) revelou-lhes a metalurgia. Mas seu irmão tifão ou sete mata-o: afoga-o
no Nilo, corta-o em pedaços, que espalha-os pelo canavial. Então Isis procura-o,
recolhe-o e reúne os membros esparsos refaz o corpo (como múmia), e, usando
da sua ciência mágica ressuscita Osiris, que viverá agora eternamente, mas no
céu. Vingando-o, seu filho, o deus Horus, combate e vence sete, e sucede o seu
pai no trono do Egipto. Dele recebe em herança este reino os reis humanos- os
Faraós- que assim têm caráter divino.
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MÓDULO 1
O que é a Ciência?
Caro aluno, como é que você definiria a Ciência? Feche o Módulo, agora,
e tente elaborar uma definição sua de Ciência. Só depois disso é que vai
conferir como é que nós a definimos.
A Ciência costuma ser definida como. “Conhecimento sistematizado
sobre uma realidade concreta e com um objectivo bem definido”, por
outras palavras só o conhecimento referente a um objecto concreto,
adquirido metodicamente e que visa um fim concreto é que se considera
científico.
Tendo em consideração o conceito de ciência atrás apresentada podemos
concluir que a historiografia oriental não era científica, pois não estuda
um objecto concreto mas a acção de seres sobrenaturais portanto não
concretos. Por outro lado não usa um método próprio.
A partir da definição apresentada, podemos concluir que qualquer ciência
estuda alguma coisa. Pois bem, a matéria que se estuda em ciência é o
objecto de estudo. Portanto qualquer ciência tem um objecto de estudo.
Por outro lado o referido estudo é feito por sempre por alguém a quem se
designa sujeito do conhecimento.
Agora voltemos ao assunto desta aula que é a história oriental.
Valerá então alguma coisa o estudo desta história antiga? Que valor ela
tem no conjunto do conhecimento histórico?
Claro que vale a pena! Apesar de não ser uma verdadeira ciência, a
produção deste tipo de literatura foi importante para o conhecimento da
história do Oriente Antigo, pois nela aparecem informações úteis sobre a
história daquela região, tais como listas de dinastias ou de reis, listas dos
sacerdotes, inscrições comemorativas e biografias de homens
importantes, etc.
Portanto o seu valor não é tanto como conhecimento, mas sobretudo
como fonte de informação sobre o orienta antigo.
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
História pode ser definida como a ciência dos Homens, e no espaço.
Resumo As primeiras formas de literatura histórica que se conhecem são as
mitografias e as cosmogonias, que surgiram no oriente antigo a partir do
surgimento da escrita. Este tipo de literatura deu corpo a história na sua
fase inicial cujas principais características são a primazia dos deuses e
homens como objecto de estudo, a ausência de análise crítica e de
explicação causal dos fenómenos.
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10 Conteúdos
Actividades
1. Faça corresponder os números às letras de modo a obter as definições
correctas de cada conceito
2. A História oriental antiga não é científica mas tem algum valor.
Concorda com a afirmação justifique a sua resposta.
Actividades
Respondeu correctamente? Confira com base no guia de correcção que te
é apresentado!
Guia de Correcção
1.
I. –D IV. –B VII. –A
II. –G V. –E
III. –C VI. –F
Avaliação
1. Tempo e espaço constituem as dimensões essenciais da História.
Justifique a afirmação.
2. As mitografias e cosmogonias foram as primeiras formas de
Avaliação
literatura histórica que se conhecem.
Qual é a diferença entre estes dois tipos de literatura?
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MÓDULO 1
Lição 2
Historiografia Grego-Romana
Introdução
Como acabamos de ver as origens da História são bastante remotas,
porém é comum destacar-se a Grécia como o berço da História.
À partida isto pode parecer contraditório. Contudo faz sentido se
considerarmos a história como uma ciência. De facto, contrariamente às
primeiras formas de literatura históricas que não apresentavam nenhuma
cientificidade, foram os gregos que durante a época clássica iniciaram
uma abordagem científica da história, o que leva a considerar que a
história como ciência surge apenas nesta época com os gregos.
Ao longo desta lição vai pois estudar o contributo dos gregos para a
História, particularmente, o papel dos precursores desta disciplina
científica.
Leitura
O mito das cinco idades
De ouro foi a primeira raça dos homens dotados de voz que
os imortais criaram, eles que são habitantes de Olimpo (...)
para eles tudo era perfeito: o solo fértil oferecia-lhes por si
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Pois bem, caro aluno, ao olharmos para esta abordagem sobre o passado
e, de acordo com o conceito de ciência, vê que ela não tem carácter
científico. A história como ciência só inicia na Grécia Clássica, quando
Heródoto começou a fazer uma análise científica, definindo claramente
um objecto concreto para a História e propondo-lhe uma metodologia
própria. É o que nos leva a falar do surgimento da história na Grécia.
O progresso registado na História na época clássica não foi causal, mas
inserido em toda a evolução intelectual registada na época, impulsionada
pelo estabelecimento de um regime democrático em Atenas.
Veja então, caro aluno, como é que o surgimento da democracia ateniense
favoreceu o surgimento da História na Grécia.
O Estabelecimento da Democracia e Seu Impacto
A partir do século VII antes da nossa era (a.n.e) a Grécia foi sacudida por
revoltas sociais motivadas pelas crises sociais que se viviam, naquele
país. Para tentar normalizar a situação interna foram propostas algumas
reformas.
As primeiras iniciativas reformadoras couberam a Drácon e a Sólon, mas
estas não foram tão radicais como esperavam as populações. Assim,
novas convulsões populares se verificaram que só foram resolvidas pela
instauração da Tirania com Pisístrato no poder apoiado pelos camponeses
e descontentes.
Após a morte de Pisístrato, seus filhos não conseguiram manter o poder e
Clístenes dirigiu uma nova revolta social que venceu os aristocratas e
expulsou os espartanos.
Como resultado deste processo, no século V a.n.e., passado cerca de três
séculos de reformas, a Grécia era uma sociedade democrática.
Com o estabelecimento da democracia ateniense ficou aberta a
participação de todos os cidadãos na vida nacional, o que permitiu à
Grécia destacar- se em vários domínios da vida e do pensamento. A
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MÓDULO 1
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A época clássica que teve início com a civilização grega, foi marcada nos
últimos séculos pela civilização romana. Agora, caro aluno, vai estudar,
em seguida, a civilização romana.
A Historiografia Romana
A obra historiográfica dos gregos teve seguimento no império romano,
resultante da conquista romana de vários estados na Europa, Ásia e norte
da África.
Os romanos, basearam-se na língua e nos moldes gregos para fazer uma
história tipicamente romana, que embora, apresentando alguns traços
comuns à grega, tem as suas particularidades, por exemplo:
Ligação ao passado, considerado o centro das virtudes
nacionais.
Carácter político uma História feita por homens políticos, que
aborda assuntos políticos e com fins políticos.
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MÓDULO 1
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu que:
Após um período de abordagem mitológica, a História surgiu,
como ciência, na Grécia clássica graças ao contributo de
Resumo Heródoto.
Os primeiros passos para a científica da História foram dados por
Heródoto – o pai da História.
Graças a Heródoto e seus seguidores, a História ganhou carácter
científico ao assumir um objecto de estudo concreto, adoptar uma
metodologia própria e definir-se claramente a nível da sua
finalidade.
Inspirados na historiografia grega, os romanos desenvolveram a
sua própria marcada pelo seu carácter político e pela forte ligação
ao passado, visto com centro das virtudes nacionais.
Além de Heródoto e Tucídides, na Grécia, a historiografia greco-
romana deveu-se as contribuições de Políbio, Tito Lívio, Tácito,
entre outros.
Actividades
1. Explique porque é que tendo sido no oriente antigo que surgiram as
primeiras formas de literatura histórica, se considera que Heródoto
foi o “pai da história”.
2. Fale do contributo de Tucídides para a História.
Actividades 3. Apresente as características da historiografia greco-romana.
Guia de Correcção
1. Heródoto é tido como o “pai da História na medida em que foi o
primeiro a se esforçar em fazer uma história científica, portanto com
um objecto de estudo claro, com método próprio e com uma
finalidade. Estes elementos que tornam o conhecimento científico
estão ausentes nas primeiras formas de literatura histórica.
2. Tucídides trouxe para a História o questionamento das fontes
históricas, para apurar a sua veracidade e credibilidade além de que
tentou distanciar-se do maravilhoso, privilegiando a informação
objectiva e esboçando um sistema explicativo.
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Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
Avaliação
1. Estabeleça a diferença entre a Historiografia oriental e Greco-
romana.
2. Eis a exposição do inquérito empreendido por Heródoto de Thourioi
Avaliação para impedir que as acções cometidas pelos homens se apaguem da
memória com o tempo e que grandes e admiráveis feitos, levados a
cabo, tanto do lado dos gregos como do lado dos bárbaros, cessem de
ser nomeados, finalmente e sobretudo, o que foi causa de entrarem em
guerra uns contra o outro (...)··Heródoto, Histórias.
À luz do extracto acima refira-se as principais ideias
historiográficas de Heródoto.
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Lição 3
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MÓDULO 1
Os Historiadores Cristãos
Eusébio de Cesareia (260 – 339)
Foi o principal obreiro da história cristã.
Produziu uma crónica que consistia de uma cronografia e de cânones
cronológicos. A cronografia resumia a história universal povo por povo,
argumentando a favor da prioridade, no tempo, de Moisés e da Bíblia. Os
cânones eram tábuas cronológicas que assinalavam os sincronismos entre
a história sagrada e profana. A cronologia bíblica começa com a data da
criação, seguindo-se a do povo judeu até ao nascimento de Cristo, com o
qual começava a história cristã. A história eclesiástica de Eusébio, bem
documentada ia de Cristo até a fundação de Constantinopla.
Eusébio trouxe para primeiro plano da história cristã os judeus.
Cassiodoro (487-583) Reuniu e traduziu do grego três historiadores
eclesiásticos, continuadores da história de Eusébio, nomeadamente
Sócrates, Sozômeno e Teodoreto. Escreveu também uma história
gótica e uma crónica da época de Adão até ao ano 519.
Santo Agostinho (354 – 418) Foi o autor da primeira filosofia cristã
de história. O seu livro “De Civitae Dei” (A cidade de Deus) foi uma
tentativa de negar a afirmação dos pagãos segundo a qual a tomada
de Roma por Odoraco e os saques dos vândalos eram motivados pelo
desapego à antiga religião romana.
Paulo Orósio (até 418) Procurou mostrar em “Sete Livros de
História Contra os Pagãos ”que os tempos anteriores a Cristo tinham
sido muito mais tempestuosos do que os posteriores, como forma de
rejeitar a ideia de que as desgraças que se abatiam sobre a sociedade
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MÓDULO 1
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
O Cristianismo surgiu na Palestina no âmbito da expansão Romana. Com
uma mensagem social e ecuménica, o Cristianismo resistiu às tentativas
Resumo de o sufocar e registou, desde o seu surgimento, um crescimento
contínuo.
Por influência do Cristianismo, surgiu na Idade Média uma historiografia
que defende a primazia da providência em toda a evolução da
humanidade.
S. Agostinho e Eusébio de Cesareia são as principais figuras da
historiografia cristã que inclui outros autores como Cassiodoro, Paulo
Orósio, Sozômeno, Sócrates teodoreto, etc.
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22 Conteúdos
Actividades
1. O Cristianismo registou, desde o seu surgimento uma evolução
ascendente, conquistando a cada momento, mais aderentes e mais
aceitação nos meandros do poder.
Apresente os factores da contínua afirmação do Cristianismo
Actividades
Guia de Correcção
1. Os factores da contínua afirmação do Cristianismo foram a sua
mensagem social e ecuménica, ao defender valores como a
justiça social, o amor ao próximo, a igualdade entre os homens,
entre outros.
2. a) Santo Agostinho
b) A evolução da humanidade seguiu sempre um desígnio de
Deus.
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Avaliação
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MÓDULO 1
Lição 4
A Historiografia Medieval
Introdução
No limiar da nossa época o mundo viu emergir uma nova ideologia
religiosa e corrente de pensamento – o Cristianismo. Sob influência desta
corrente implantou – se uma nova forma de pensamento que se repercutiu
também no domínio da História. Como surgiu o cristianismo? Em que
medida o cristianismo influenciou o pensamento historiográfico da época.
Estas são algumas das questões que verá respondidas nesta lição.
Ao concluir esta lição você será capaz de:
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26 Conteúdos
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Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
A desintegração do império romano do ocidente na sequência das
invasões dos bárbaros, abriu espaço para o surgimento do estado e da
Resumo sociedade medieval (feudal, cristão) sob a qual desenvolveu-se uma
historiografia cristã.
Nesta, nova tendência historiográfica predominam como literatura
histórica os anais e os croniões num leque que inclui hagiografias,
histórias, actas de sínodos e concílios, bulas e outros diplomas de origem
papal, obras de clérigos seculars, manuais dos confessores, etc.
Da contribuição dos cristãos para o desenvolvimento da História,
sobressaiem a concepção da primeira filosofia da história e a ideia de
evolução contínua e irreversível da história.
No século XIV, durante a Idade Média Tardia, a progressiva difusão das
ideias burguesas levou ao surgimento de novas tendências
historiográficas, nomeadamente a história palaciana e a burguesa.
Actividades
1. Mencione quatro formas sob as quais se apresenta a Literatura
histórica cristã.
2. Caracterize a historiografia medieval quanto ao objecto e a
metodologia.
Actividades
Guia de Correcção
1. Anais, cronicões, hagiografias; histórias; actas de sínodos e concílios;
bulas e outros diplomas de origem papal; obras de clérigos seculares;
manuais dos confessores.
2. Quanto ao objecto, a história cristã é providencialista na medida em
que estuda a acção humana para nela encontrar os desígnios de Deus;
quanto a metodologia é uma história que privilegia a interpretação
dos dogmas religiosos sobre a explicação dos factos.
Para prosseguir com a sua auto avaliação resolva agora os exercícios
seguintes.
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MÓDULO 1
Avaliação
1. Langlois caracterizava a época medieval como “uma longa noite
durante a qual a história regressou à infância”.
Analise criticamente este ponto de vista.
Avaliação
2. Caracterize a historiografia palaciana.
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30 Conteúdos
Lição 5
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MÓDULO 1
Veja a seguir
Como acabou de ver ainda nesta lição, o Renascimento favoreceu o
surgimento de um pensamento humanista, que defende o livre arbítrio, o
valor da experiência e o desejo de glória individual, e para a história esta
tendência no pensamento conduziu a história humanista, que reduz o
papel de Deus. O homem vai-se sentindo cada vez mais o construtor e
responsável do processo histórico.
O pensamento humanista deu também lugar a ideia da relatividade das
coisas e a experiência passou a ser o critério de verdade. Por influência da
reforma religiosa desenvolve-se a preocupação da crítica de textos,
através da qual os movimentos religiosos dedicam-se à análise dos textos
sagrados para fundamentarem a sua doutrina e se auto proclamarem
legítimos herdeiros das primeiras comunidades cristãs.
Sob influência do Renascimento a história seguiu um novo rumo,
humanista, caracterizado por:
Abordagem crítica do passado nacional ou urbano, por poetas,
literatos, diplomatas retirando assim a tarefa de escrever história
aos monges.
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32 Conteúdos
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MÓDULO 1
Jean Bodin (1530 – 1569) defende que a história deve ser uma
espécie de tábua da verdade e dos acontecimentos; e quem a ela se
dedica não deve começar pela história de Deus, mas pela dos
homens.
Defendia igualmente a influência do clima sobre a natureza física e
psíquica dos homens.
Fernão Lopes escreveu a crónica de D. João I, na qual está patente
a defesa da independência do historiador perante as autoridades e, o
sentido da sua responsabilidade perante o povo. Segundo Fernão
Lopes o motor da história, é a sociedade no seu conjunto, ou mais
propriamente, o povo.
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Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Os séculos XV e XVI foram marcados pelo Renascimento, um
movimento de renovação cultural e artística que critica a sociedade e a
Resumo cultura medieval e defende a revalorização da época clássica.
Tendo como características essenciais o classicismo e Humanismo, o
Renascimento favoreceu o surgimento de um pensamento humanista, que
defende o livre arbítrio, o valor da experiência e o desejo de glória
individual, e para a história esta tendência no pensamento conduziu a
história humanista, que reduz o papel de Deus. O homem vai-se sentindo
cada vez mais o construtor e responsável do processo histórico.
Sob influência do Renascimento iniciou uma nova abordagem, crítica, do
passado nacional ou urbano, a temática histórica alargou-se, embora os
aspectos políticos continuassem com maior expressão e os anais, em
especial a biografia, sobrepuseram-se à crónica como forma de
exposição.
Nicolau Maquiavel, Lourenzo Valla, Francis Bacon, Jean Bodin e Fernão
Lopes, contam-se entre as principais figuras ligadas a historiografia
renascentista.
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MÓDULO 1
Actividades
1. Leia atentamente o extracto a baixo
«Sei bem que alguns autores foram e são da opinião de que as questões deste
mundo são de tal modo governadas por Deus e pela fortuna, que os homens com
toda a sua sabedoria não os podem corrigir, e não têm mesmo para isso
qualquer remédio; por conseguinte, poderiam julgar em vão cansar-se para
Actividades conseguir dominá-los, em vez de se deixar governar pela sorte. Nos nossos dias,
esta opinião voltou a ganhar crédito no que respeita às revoluções que se têm
visto e se vêem todos os dias, ultrapassando toda a conjectura dos homens. E de
tal maneira que pensando nisso, algumas vezes me deixei, em parte, tomar por
essa opinião. Todavia, para que o nosso livre arbítrio não fique anulado, julgo
poder ser verdadeiro que a sorte comande metade dos nossos empreendimentos,
mas que também nos deixe governar mais ou menos a outra metade».
N. Maquiavel, o Príncipe (1514)
- Com base no extracto explique a ideia de Maquiavel sobre os actores do
processo histórico e, portanto, sobre o objecto de estudo da História.
2. Uma das principais conquistas da historiografia renascentista foi o
surgimento da crítica filológica, um dos maiores instrumentos de crítica
histórica.
a) Mencione o autor desta criação historiográfica.
b) Diga em que consiste a filologia humanística.
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
Guia de Correcção
1. A posição de Maquiavel defendida no extracto é a de que a
evolução da humanidade depende, pelo menos em parte, da acção
humana, rejeitando, assim, que se atribua total responsabilidade
da evolução humana a sorte (a Deus). Portanto defende o estudo
da acção humana, ou simplesmente o Homem.
2. a) A crítica filológica foi introduzida por Lorenzo Valla
b) A crítica filológica consiste na comparação de estilos
documentais, erros de tradução, etc
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36 Conteúdos
Avaliação
1. Reflectindo as transformações mentais da época do renascimento,
também o conceito de História se modificou.
a) Refira-se as mudanças operadas na concepção da História sob
Avaliação
influência do Renascimento.
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MÓDULO 1
Lição 6
A Historiografia Racionalista
Introdução
Após cerca de 1000 anos em que vigorou a Idade Média, no século XV, o
Renascimento iniciou um processo de renovação a nível cultural e
intelectual que se prolongou até ao século XVIII, com a emergência do
Iluminismo.
Se o Renascimento revolucionou o pensamento e a historiografia dos
séculos XV e XVI, o Iluminismo foi responsável pelo aparecimento de
uma nova tendência historiográfica no século XVIII.
O que é o Iluminismo? Em que medida o Iluminismo influenciou o
pensamento e a historiografia do século XVIII? Estas são algumas
perguntas que verá respondidas nesta lição. Estude com atenção!
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Actividade
Imagine que um ancião, merecedor de grande respeito e confiança na sua
comunidade dê uma informação a um seu amigo. Tanto o ancião que dá a
informação, como o seu amigo, não sabe que a informação prestada não é
verdadeira. Entretanto o seu amigo vem lhe contar o que ouviu e você diz
a ele que não é verdade e explica – lhe porque é que não é verdade e qual
é a verdade. Em quem é que acha que o seu amiga vai acreditar? Em si ou
no ancião?
Certamente que existe alguma possibilidade de o seu amigo aceitar a voz
da razão e concordar consigo, mas em muitas ocasiões aceita-se a ideia
do mais velho, só porque a informação foi dada por alguém mais
respeitável e não porque seja realmente verdadeira.
Pois é, caro aluno, o homem do iluminismo ou seja o Homem iluminado,
como se designavam, recusa é contra esta dependência. Portanto os
iluministas rejeitam a ideia de menoridade e procuram acreditar naquilo
que lhe é dado a entender, no seu próprio raciocínio.
Os homens iluminados já não acreditam em ideias preconcebidas, como
por exemplo naquilo que está no livro de um autor famoso, ou num livro
sagrado, ou ainda o que foi dito por alguém mais velho. Para eles as
ideias são aceites apenas quando são convincentes, ou seja, racionalmente
válidas, portanto quando a pessoa percebe e aceita que são verdadeiras.
No lugar do direito divino crêem no direito natural e consideram a razão
como o maior critério do valor para a religião, a filosofia, as ciências, o
estado, o direito e a economia.
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MÓDULO 1
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Resumo da Lição
No século XVIII, emerge, então, um pensamento novo, oposto a
ideologia medieval dominante e que pretende tomar como critério de
verdade apenas a razão - o Iluminismo.
Resumo A hitsoriografia Racionalista surgiu no século XVII, quando as
metodologias da História se aperfeiçoam com a introdução de novos
instrumentos de crítica histórica – a Diplomática, Paleografia, e de novos
procedimentos metodológicos envolvendo a investigação dos factos, sua
classificação por temática e épocas, crítica e organização em dicionários
ou reportórios.
Já no século XVIII a história beneficia do surgimento do método crítico
de investigação e de uma redifinição que a leva ao alargamento do
Objecto de Estudo, passando a uma história global das sociedades,
debruçando sobre todos os aspectos da vida, ao Aprofundamento do
campo metodológico - através da crítica minuciosa, da afirmação da
dúvida metódica, bem como da reformulação da função da História.
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MÓDULO 1
Actividades
1. Distingue a historiografia do século XVII da do século XVIII quanto
ao objecto de estudo.
Terminou o estudo de mais uma lição. Passe para outra! Mas antes
realize a avaliação.
41
42 Conteúdos
Avaliação
1. Leia com atenção o extracto a baixo.
(...). Eu queria descobrir qual era a sociedade dos homens, como se vivia no
interior das famílias, que artes eram cultivadas, em vez de repetir tantas
Avaliação desgraças e tantos combates (...). Voltaire
Analise à luz do extracto acima a ideia de Voltaire e da
Historiografia Racionalista sobre o objecto de estudo da História.
42
MÓDULO 1
Lição 7
A Historiografia na primeira
metade do século XIX
Introdução
A evolução da História no século XIX foi particularmente influenciada
pela dinâmica resultante dos acontecimentos do final do século XVIII, em
especial a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Com efeito
tratou-se de dois acontecimentos com enormes repercussões na vida
política económica, política social e também intelectual.
Vamos então ao estudo da evolução da História no século XIX.
Ao concluir esta lição você será capaz de:
43
44 Conteúdos
O Romantismo
A revolução francesa (1879), também influenciou bastante o pensamento
do século XIX. O principal resultado da Revolução Francesa foi acabar
com o regime absolutista e implantar o liberalismo. Ora bem, essa
mudança abriu espaço para um ambiente mais livre em que as pessoas
podiam se expressar livremente. Neste contexto tornou-se possível a
expressão de sentimentos que durante séculos foram reprimidos e criou-
se um clima emotivo que favoreceu a implantação e expansão do
Romantismo.
Portanto o Romantismo pressupõe liberdade. Victor Hugo, por exemplo,
que era um artista de renome, definia Romantismo como a “liberdade na
Arte”.
Características do Romantismo
Liberdade política;
Nacionalismo/patriotismo;
Arte e o progresso da imprensa;
Moral;
Exaltação do excepcional;
Defesa da natureza;
Defesa da sensibilidade e imaginação
O Romantismo reflectiu em si as ideias das várias camadas sociais
envolvidas na revolução francesa, destacando por isso três tendências
distintas a saber: Romantismo Conservador, Romantismo Liberal e
Romantismo Liberal.
44
MÓDULO 1
Romantismo Conservador
Das velhas classes privilegiadas, a nobreza e o clero que desejavam repôr
a velha ordem aristocrática, isto é o poder do rei e a supremacia da igreja.
Romantismo Liberal
Da burguesia vencedora na revolução francesa e que julgava
efectivamente realizados os ideais da revolução. Aspirava a implantação
de um novo regime, burguês, assente nos ideais defendidos aquando da
revolução francesa.
Romantismo Socialista
Defendido pelos sans-culottes, o proletariado, que passa a ser oprimido
pela burguesia.
A Historiografia Romântica
Sob influência do romantismo, na primeira metade do século XIX, a
História registou progressos que podem se resumir no seguinte:
Alargamento da investigação histórica, onde o passado passa a
ser o fulcro das atenções e, na busca das origens, descobre-se a
Idade Média. O gosto pelo passado redescobre, também, a ideia
de mudança e progresso histórico
Alteração do objecto da História que para além dos factos
políticos e individuais, consideram-se os factos mentais e
ideológicos, o conhecimento do global das sociedades e das suas
instituições. O interesse dos historiadores debruça-se também por
outros povos e civilizações e pelo exotismo dos seus costumes.
Veja, caro aluno, o que dizia O historiador Alexandre Herculano
a cerca do objecto de estudo da História:
Leitura
(...) No estdo actual das ciencias históricas, não é lícito aos historiadores limitarem-
se à narrativa dos sucessos políticos, no meio dos quais os povos se constituíram,
desenvolveram e progrediram no caminho indefinido da civilização. Cumpre-lhes
colocar ao lado dos fenómenos da vida externa das nações os que formam a sua vida
interna, a sua autonomia. São duas ordens de factos que mutuamente se explicam, e
sem cuja aproximação a philosophia histórica seria impossível
Alexandre Herculano, em carta a José Machado de Abreu (1853)
45
46 Conteúdos
Leitura
46
MÓDULO 1
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Influenciada pelas revoluções industrial e Francesa do final do século
XVIII, a Europa assiste no início do século XIX, à emergência do
Resumo Romantismo. Um novo ambiente social no qual se tornou possível a
expressão de sentimentos que durante séculos foram reprimidos e criou-
se um clima, emotivo, no qual reina a Liberdade política, o
Nacionalismo/patriotismo, o progresso da arte e da imprensa, a moral, a
exaltação do excepcional, bem como a defesa da natureza, da
sensibilidade e da imaginação.
Diante da nova realidade surge uma história que alarga o horizonte da
investigação histórica, primando por uma abordagem global da evolução
da sociedade e assente no método científico.
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48 Conteúdos
Actividades
1. Jules Michelet é tido como o precursor da concepção da actual
História, total e global.
Concorda esta qualificação? Justifique a sua resposta.
Actividades
2. Uma das principais realizações do Romantismo foi ter trazido,
por Guizot, o método científico.
Refira-se a essência do método científico.
Guia de Correcção
1. Concordo com esta qualificação pois Michelet foi o primeiro a
tentar dar uma explicação integral do passado abordando factos
económico-sociais, culturais, religiosos e psicológicos.
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo
Avaliação
1. Apresente três características do Romantismo.
2. Analise a evolução no âmbito da investigação histórica durante a
época do Romantismo.
Avaliação
48
MÓDULO 1
Lição 8
A Historiografia na Segunda
Metade do Século XIX
Introdução
Na segunda metade do século XIX o ambiente de euforia resultante das
revoluções dos finais do século XVIII, e que infuenciaram o pensamento,
e a História, na primeira metade do século XIX, tinha chegado ao fim.
Nesta altura a explicação dos diferentes fenómenos é feita com mais
serenidade e racionalidade. Neste contexto novas correntes de
pensamento (Positivismo, Historicismo e do Socialismo Científico) com
um suporte mais científico tornam-se no embrião das ideologias
científicas, cujo efeito irá atingir o domínio específico da História.
Ao concluir esta lição você será capaz de:
O Positivismo
O positivismo surgiu em reacção ao Romantismo graças à contribuição
de Auguste Comte que, na tentativa de explicar a evolução intelectual da
humanidade, formulou a sua teoria com base na lei dos três estados.
O que é que dizia a Lei dos três estados de A. Comte? Leia o texto a
seguir
Leitura
Partindo da lei dos três estados e, sobretudo, reconhecendo no estado
positivo do espírito humano a era do desenvolvimento industrial e
científico, Auguste Comte defende que a evolução da sociedade rege-se
pelas mesmas leis da evolução da natureza e por isso as ciências humanas
deviam seguir os mesmos métodos das ciências exactas.
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50 Conteúdos
Ao estudar deste modo o desenvolvimento total da inteligência humana, (...), julgo ter descoberto uma grande
lei fundamental (...). Esta lei consiste em que cada uma das nossas principais concepções, cada ramo dos
nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados teóricos diferentes: o estado teológico ou
fictício; o estado metafísico ou abstracto; o estado científico ou positivo.
No Estado teológico, o espírito humano, (…), imagina que os fenómenos são produzidos pela acção directa e
contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as
aparentes anomalias do universo.
No Estado Metafísico que, no fundo, não é mais do que uma simples modificação geral do primeiro, os
agentes sobrenaturais são substituídos por formas abstractas, verdadeiras entidades (abstracções
personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo e concebidas como capazes de engendrar por si
próprias todos os fenómenos observados, cuja explicação consiste então em atribuir a cada um a
correspondente entidade.
Enfim, no Estado Positivo, tendo o espírito humano reconhecido a impossibilidade de obter noções absolutas,
renuncia a procurar a origem e o destino do universo e a conhecer as causas íntimas dos fenómenos, para
unicamente se ater e descobrir, pelo uso bem combinado do raciocínio e da observação, as suas leis efectivas,
isto é, as suas relações invariáveis de sucessão e de semelhança.
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MÓDULO 1
Os Historiadores Positivistas
Ernest Renan - usando as bases historiográficas dos positivistas tenta
explicar racionalmente os milagres descritos na Bíblia.
Hipolite Taine - teve o mérito de reservar, nos seus escritos, um lugar de
destaque aos factos económicos. Sua obra é ensombrada pela sua
parcialidade política e pelo uso de fontes suspeitas.
Fustel de Coulanges - defende o estudo minucioso e imparcial dos
documentos escritos porque, segundo diz, "a história não é uma arte, é
ciência pura" embora seja pouco rigoroso na investigação da
credibilidade e proveniência dos mesmos.
O Historicismo
Para começar leia o seguinte extracto para ter uma ideia do que é História
para os historicistas.
Leitura
A História não é um mundo de acontecimentos objectivos que o
historiador exuma do passado, transformando-o em objecto dum
conhecimento presente. É o mundo de ideias do historiador.
Além de contemporâneo do positivismo, o historicismo até herdou as
ideias positivistas, porém distancia-se daquele ao defender que as
ciências exactas, que formulam leis gerais e abstractas, são diferentes da
ciência histórica que descreve factos individuais, particulares e únicos e
que, por isso opõe-se à generalização da lei.
Para os historicistas não basta o estabelecimento de relações causais entre
os factos históricos, é preciso compreender os factos históricos, como
dizem "os factos devem vibrar na mente do historiador".
Como principais representantes do historicismo podem se mencionar os
nomes de Dilthey, Benedetto Croce e Collingwood, para quem “não
basta o estabelecimento rigoroso das relações causais entre os factos
históricos (...). Mais do que descrever, era preciso intuir, compreender os
factos históricos”.
O Materialismo Histórico
O Materialismo Histórico surgiu em meados do século XIX, numa época
em que a Europa enfrentava uma nova realidade marcada pela difusão da
Revolução Industrial e do Capitalismo, pelo triunfo dos movimentos
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52 Conteúdos
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MÓDULO 1
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Na segunda metade do século XIX a História evoluiu sob influência de
novas correntes de pensamento nomeadamente o Positivismo o
Resumo Historicismo e o Materialismo Histórico.
Para os positivistas a evolução da sociedade rege-se pelas mesmas leis da
evolução da natureza e por isso as ciências humanas deviam seguir os
mesmos métodos das ciências exactas. Deste pressuposto resulta que sob
influência do positivismo surgiu uma história que privilegia, na
construção histórica, a determinação dos factos e o estabelecimento de
leis, minimizando o papel interpretativo do sujeito.
O Historicismo, embora considere importante a determinação dos factos
defende que o historiador deve entender e explicar esses factos.
Para o Materialismo Histórico os factos económicos são primordiais na
explicação do processo histórico, por isso a história da humanidade é,
antes de mais a sucessão dos modos de produção. Ao Materialismo
Histórico, esteve também ligado o início da história problemática e
interdisciplinar.
Actividades
1. "A história não é uma arte, é ciência pura" Fustel de Coulanges
Analise a frase transcrita à luz da concepção positivista da
História.
2. Indique uma diferença e uma semelhança entre a Historiografia
Actividades positivista e o Historicismo.
3. Os marxistas atribuem à realidade material, particularmente à
realidade económica, o papel motor da História.
Explique em que medida a ideia da primazia da economia na
evolução da sociedade se reflecte na concepção da história.
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
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54 Conteúdos
Guia de Correcção
1. A frase de Coulanges mostra bem a ideia de história dos
positivistas que é a de que deve haver um procedimento
metodológico idêntico ao das ciências naturais.
2. Semelhança – tanto os positivistas como os historicistas defende
uma crítica rigorosa às fontes
Diferença – enquanto os positivistas defendem que o historiador
não deve emitir qualquer sobre os factos os historicistas
defendem o contrário.
3. A primazia da realidade material na evolução das sociedades leva
os marxistas a uma concepção da história que considera que a
história é a sucessão de modos de produção.
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MÓDULO 1
Avaliação
1. A corrente que rejeita o papel interpretativo do historiador,
afirmando que "os factos falam por si" é o:
a) Romantismo b) Positivismo
Avaliação c) Historicismo d) Marxismo
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56 Conteúdos
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MÓDULO 1
Lição 9
A História no século XX
Introdução
O século XX foi particularmente dinâmico no que refere à evolução da
historiografia. Este século iniciou com um momento de crise a nível da
História no entanto que ciência e, que se prolongou pelas primeiras três
décadas do século. Nos anos 30 e 40 através da revista dos Annales
desenvolvem-se acções com vista a resgatar a história, resultando desse
esforço o surgimento da História Nova.
Nos anos 40/50 com a institucionalização da História Nova assume-se
definitivamente a nova tendência historiográfica do século XX. Já no
final da década de 1950 assiste-se ao aprimoramento da História nova
com o surgimento da História Estrutural.
A presente lição levará a si, caro aluno, a um giro por este percurso da
História no século XX.
Siga atentamente a lição!
A História no século XX
A Crise da História no Início do Século XX
Na lição 8, você, estudou a evolução da História no final do século XIX.
Pois bem antes de passar ao estudo de nova matéria resolva a seguinte
actividade.
Porquê a Crise da História?
Entre os factores que conduziram a História à crise podemos apontar os
seguintes:
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58 Conteúdos
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MÓDULO 1
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60 Conteúdos
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MÓDULO 1
O Novo Estruturalismo
Os críticos da História nova trazem a partir dos 1970, novas propostas
que podem ser designadas Novo Estruturalismo, que tem como principais
características:
Retorno à narrativa e à visão linear, cronológica da História;
Revalorização do facto histórico;
Retorno à história política.
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62 Conteúdos
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Como resultado da conjugação de vários factores, no início do século XX
a história entrou numa fase de crise caracterizada por uma indefinição
Resumo quanto ao objecto de estudo, aos métodos e função deste campo de
conhecimento.
A reconquista do estatuto de ciência para a história iniciou no início da
década de 1930 graças ao contributo da revista dos annales que se
implantou como uma verdadeira escola historiográfica.
Além de criticar a História tradicional positivista, os Annales
apresentaram novas propostas em relação ao objecto, a metodologia e a
concepção da História que indicavam para uma História total ou global,
problemática, baseada na longa duração e que alarga o campo do
documento e o território do historiador.
Estas mudanças operaram-se de forma gradual entre 1929 e 1946, de
1946 a 1958 e de 1958 aos anos 70 do século XX.
Muito bem, agora que terminou mais uma lição resolva a actividade que
te propomos para sua auto avaliação.
62
MÓDULO 1
Actividades
1. Assinale com um X três dos factores que estiveram na origem da
crise da história no início do século XX.
a) A crítica feita por novas correntes historiográficas à História
tradicional
Actividades b) A perca do estatuto de ciência privilegiada de que a História
gozava
c) A indefinição da História quanto ao seu conteúdo específico, a
sua função e métodos.
d) A emergência das ciências humanas e sociais
e) O surgimento de novas correntes de pensamento, como os
estudos filosóficos e o Estruturalismo
Guia de Correcção
1. a) V, b) F, c) F, d) V, e) V
2. Para os annales documento histórico não é apenas o escrito, mas
todo o material escrito, figurado, arqueológico, oral, etc., que nos
permite obter informações sobre o passado. Por outro lado esta
escola historiográfica defende o papel activo do historiador.
3. a) V, b) F, c) F, d) V
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64 Conteúdos
Avaliação
1. Atente à afirmação: "não só descrever, senão resolver, mas, pelo
menos, colocar problemas".
a) Quais eram as propostas metodológicas da escola dos Annales
Avaliação
para a História.
2. Explique o sentido e a importância da interdisciplinaridade no
contexto da História nova.
64
MÓDULO 1
Lição 10
A Historiografia Africana
Introdução
Até aqui esteve a estudar a evolução da Historiografia a nível do mundo,
mas terá certamente notado que a abordagem feita cingia-se quase
exclusivamente a Europa.
Nesta lição pretendemos, pois, abrir espaço para um estudo específico do
que foi a evolução no nosso continente. Nela vamos estudar as diferentes
etapas da evolução da historiografia africana, o que vai nos permitir
identificar as diferentes correntes historiográficas. Faremos, igualmente,
uma incursão pelos problemas, tarefas e métodos da historiografia
africana.
Preste atenção!
Ao concluir esta lição você será capaz de:
Objectivos
A Historiografia Africana
As Fases de Evolução da Historiografia Africana
A evolução histórica do continente africano, que afinal influenciou a
evolução historiográfica, não ocorreu de forma homogénea em todo o
continente. Com efeito registaram-se ao longo dos tempos grandes
disparidades na evolução do continente.
Existem diferenças entre o norte, que por razões geográficas tem
ligações seculares a Europa e Ásia e o sul do Saara, mais isolado
daqueles continentes. Também há entre a costa, ponto de chegada dos
europeus e o interior, bem como entre o oriente e o ocidente, etc. Todas
estas particularidades vão se fazer sentir no curso da historiografia
africana.
Os primeiros trabalhos sobre a história da África datam da época do
surgimento da escrita (IV milénio a.n.e). Nessa altura surgiram no Egipto
(e, de forma geral, em toda a África do norte), tal como em todo o
oriente, as mais antigas formas de literatura histórica – as cosmogonias e
as mitografias.
A expansão do islão e do comércio proporcionaram, tanto na antiguidade
como na época medieval, um contexto favorável para a difusão de ideias
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66 Conteúdos
incluindo ao nível da história. O Egipto foi uma referência nas obras dos
autores clássicos como Heródoto e outros
O resto do continente, que ainda desconhecia a escrita e tinha escassos
contactos com outras civilizações não produziu muito neste domínio. O
saber era, via de regra, conservado e transmitido por via da oralidade e da
experiência.
Durante este período o estudo da África tropical foi bastante limitado e as
informações eram raras e pouco credíveis. Apenas existiam as fontes
clássicas sobre o mar Vermelho e o oceano Indico produzidas por
mercadores, como Al-Masudi (? – 950), Al – Bakri (1029-1094), Al –
Idrisi (? – 1154), Ibn Batuta (1304-1369), Hassan Ibn Muhamad al
Wazza’n (leão o africano- 1494-1552), etc.
Embora pareça ter havido nesta época algum dinamismo no processo de
elaboração, não existia um estudo sistemático sobre as mudanças
ocorridas ao longo do tempo e as informações eram, em geral, duvidosas.
Um dos primeiros e mais importantes historiadores da África foi Ibn
Khaldun (1332-1406). Estudou a África e suas relações com o
Mediterrâneo e o Próximo oriente, introduziu na história de África o
modelo de ciclo e tentou chegar à verdade histórica através da crítica e da
comparação. Estudou igualmente o Mali com base na tradição oral da
época.
Quando o islão, e com ele a escrita, chegaram à África oriental, os negros
africanos começaram a conservar a sua história através de textos escritos.
Foi assim que surgiram os ta’rikh al-Sudan, ta’rikh al-Fattash, a crónica
de Kano, a crónica de Kilwa, etc.
Caixa do tutor
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MÓDULO 1
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68 Conteúdos
Caixa do Tutor
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
A evolução da historiografia africana ocorreu de acordo a evolução das
sociedades africanas no tempo e no espaço. Enquanto em algumas
Resumo regiões, como o Egipto, a escrita e a historiografia surgiu na Antiguidade
e foi evoluindo ao longo dos tempos, em algumas regiões do continente,
mesmo quando a escrita era generalizada continuava com um
conhecimento muito fraco neste domínio.
Ao longo da evolução da historiografia africana revelaram-se três
tendências ou correntes historiográficas – Eurocentrismo, Afrocentrismo
e corrente progressista.
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MÓDULO 1
Actividades
1. Eurocentrismo e Afrocentrismo são duas correntes da
historiografia africana diferentes, e até antagónicas, mas
equiparam-se pelo seu radicalismo e uma certa dose de racismo.
Concorda com a afirmação? Justifique a sua resposta.
Actividades
Guia de Correcção
1. Eurocentrismo e Afrocentrismo são duas correntes antagónicas
na medida em que enquanto o eurocentrismo defende a
supremacia europeia o afrocentrismo minimiza a influência
europeia em África. Apesar dessa diferença ambas são racistas
pois o eurocentrismo defende a superioridade da raça branca
enquanto o afrocentrismo nega aos africanos a capacidade de se
adaptar a novas realidades ao considerar que o contacto com os
europeus não mudou nada entre os africanos.
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
Avaliação
1. Das diferentes correntes da historiografia Africana, a progressista
é que é a que reveste de maior sentido de cientifidade e
objectividade rumo a busca de uma verdadeira história da África.
Avaliação
Fundamente a afirmação.
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MÓDULO 1
Lição 11
As Fontes
Nas sociedades africanas a maioria da população e a aristocracia, tal
como na Europa, era analfabeta, pelo que ler e escrever era do domínio
dos escribas e monges.
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72 Conteúdos
Cronologia
Uma das grandezas básicas para a reconstituição da História é o tempo.
Entretanto para o caso de África são muito poucos os registos de datas
referentes ao período anterior à nossa época.
Os africanos sempre consideraram o tempo e tentaram contá-lo, daí que
certos reis, uma vez chegados ao poder depositavam anualmente num
vaso, pepitas de ouro até a morte, o que permite contabilizar os anos de
reinado.
Ora, este procedimento é insuficiente para uma correcta datação, pois
apenas permite saber quanto tempo o rei esteve no poder ou quantas
dinastias governaram um certo império. Entretanto não permite saber
com precisão o momento em que os acontecimentos tiveram lugar.
Portanto, qualquer um que se lance na tarefa de reconstituir a história de
África terá como obstáculo a deficiente datação dos acontecimentos.
Os Mitos
Outro grande problema da história africana é o dos mitos, ou seja, as
diferentes ideias que influenciaram a evolução da historiografia africana.
Os diferentes povos que estiveram em África e as diferentes
transformações sócio-políticas económicas e culturais levaram ao
aparecimento de diferentes interpretações do passado africano, com
repercussões na historiografia africana.
Um dos mitos foi a ideia defendida por Hegel em 1830 e que se
popularizou na época, defendendo que além da parte norte, a África não
tem movimento histórico, é a-histórica. É uma corrente que acredita na
passividade histórica dos povos africanos e dos povos negros em
particular.
Esta forma de pensar influenciou sobremaneira a elaboração da história
africana nos séculos XIX e XX falseando as perspectivas em favor duma
concepção eurocêntrica da história, que se difundiu por todo o lado
mesmo nos países que nunca tinham sido colonizados.
Hoje essa visão tende a desaparecer, contudo prevalece ainda em muitos
historiadores tanto no ocidente como fora dele.
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MÓDULO 1
Caixa do tutor
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74 Conteúdos
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Apesar dos notáveis esforços na produção da História da África, os
historiadores africanos, deparam-se quase sempre com entraves
Resumo relacionados com a escassez e irregular distribuição das fontes escritas, o
que conduz a outro problema, o da cronologia, bem como a influência dos
mitos ou ideias preconcebidas que estorvam qualquer esforço de produzir
um conhecimento isento e objectivo sobre a evolução do continente.
Diante desta realidade, aos historiadores africanos colocam-se desafios
como a desmistificação da História recorrendo a exploração de fontes
arqueológicas, e orais.
Actividades
1. Um dos problemas que se colocam para a reconstrução da
história africana é a influência dos mitos.
Analise a influência dos mitos na historiografia africana.
2. Tendo em conta os problemas da Historiografia Africana refira-se
Actividades aos principais desafios que se colocam aos historiadores africanos
Guia de Correcção
1. Os mitos exercem grande influência na reconstrução histórica,
falseando as perspectivas em favor duma concepção
preconcebida da história da História. Em muitos casos os
historiadores começam o seu trabalho convencidos de uma certa
ideia e por isso têm a tendência de pensar sempre naquela
perspectiva e quando aparecem dados que sugerem algo diferente
da sua ideia, já fixa, a tendência é desvalorizá-los. Por outro lado
os dados que conduzem as suas ideias são sobrevalorizados.
Assim surge sempre uma história deturpada.
2. Os principais desafios que se colocam à historiografia africana
são os relacionados com a desmistificação da História,
particularmente a sua descolonização, pois a História da África é
quase sempre vista na perspectiva de apoio ou de contestação ao
colonialismo. A grande referência para a história da África é a
presença e a dominação colónial; isto deve ser combatido.
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MÓDULO 1
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
Avaliação
1. Continente africano é bastante carente de fontes escritas
a) Explique como é que a exiguidade das fontes escritas influencia a
reconstrução da história da África.
Avaliação
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76 Conteúdos
Lição 12
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MÓDULO 1
As Fontes Históricas
A história, como conhecimento do passado humano, não pode atingir
directamente o passado, mas apenas através de vestígios que esse passado
deixou e que servem de base ao trabalho do historiador.
Os materiais de que o historiador se serve para revisitar o passado
recebem as mais variadas designações tais como vestígios, monumentos,
testemunhos, documentos, fontes.
A seguir vamos ver o conceito de documento, segundo dois autores.
Primeiro vamos ver na acepção de Lucien Febvre:
"... Este diz respeito a tudo aquilo que, pertencendo ao homem, depende
do homem, está ao serviço do homem, exprime o homem, significa a
presença, a actividade, os gostos, as maneiras do ser do homem" (Lucien
Febvre).
Por sua vez Pierre Salmon diz:
"o documento hitsórico é o intermediário entre o passado e o historiador,
é o espelho da verdade histórica... mas quantas vezes um espelho
deformador"
Partindo destas duas definições, você, pode perceber que documento ou
fonte histórica refere-se a tudo quanto nos possa informar sobre o
passado. Não existe forma definida sob a qual se apresenta o documento.
Tudo aquilo que exprime o homem, um indício que revela a presença,
actividade, sentimentos, mentalidade do homem.
Os Tipos de Fontes
É muito difícil determinar onde começa e onde acaba o documento, pois a
sua noção alarga-se progressivamente e acaba por abarcar textos,
monumentos, observações de toda a ordem, sinais, palavras, paisagens,
etc.
"Tudo o que nos pode informar sobre o passado dos homens pode ser
fonte histórica".
Portanto podem se identificar diferentes tipos de fontes históricas:
escritas, figuradas, orais e gravados ou audiovisuais.
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78 Conteúdos
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MÓDULO 1
As Fontes Orais
De um modo geral, fontes orais podem ser definidas como o conjunto de
informações transmitidas de geração em geração sob a forma de conto,
lenda e outras formas. O seu objectivo fundamental é transmitir a
memória dos antepassados.
As fontes orais têm particular importância para o estudo da História da
África. Senão vejamos...
Durante toda a antiguidade e idade média até ao século XV, a África não
conhece a escrita, exceptuando algumas regiões do norte do continente.
Mesmo para períodos mais recentes uma grande percentagem da
população é ainda analfabeta. O recurso à arqueologia também não pode
ainda resolver o problema da falta de fontes pois é ainda muito fraca a
capacidade financeira e técnica para explorar este tipos de fontes.
Um dos incovenientes deste tipo de fontes é a perigo de deturpação da
informação quer por esquecimento quer intencionalmente. Por outro lado,
elas pecam por carecerem de um suporte material.
Documentos gravados ou audiovisuais - Transmitido por sons ou
imagens (fita magnética, disco, cilindro, desenho, pintura, mapa
fotografia, filme, microfilme, etc).
Além da classificação baseada na forma em que as fontes se apresentam,
estas podem também ser classificadas de com a intencionalidade, em:
Conscientes - Quando redigidos por homens que dizem ter assistido ou
participado nos factos relatados ou que se julgam capazes de os narrar
com exactidão.
Inconscientes - Vestígios deixados pelos factos independentemente da
vontade dos homens que neles intervieram.
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80 Conteúdos
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Definir objecto e sujeito de estudo da História. Segundo a História nova o
objecto de estudo da História pode ser definido como “os Homens no
Resumo tempo”. O historiador, o autor do conhecimento histórico é designado,
segundo a teoria do conhecimento, sujeito do conhecimento.
As fontes históricas revestem-se de grande importância na reconstrução
da História na medida em que são elas que ligam o historiador ao
passado. Sem elas não pode o historiador atingir o passado, objecto do
seu estudo.
De acordo com a forma sob a qual se apresentam, podem se distinguir
diferentes tipos de fontes, nomeadamente escritas, arqueológicas,
audiovisuais e orais.
A escassez de fontes escritas aliada as dificuldades de explorar
plenamente a arqueologia torna as fontes orais particularmente
importantes na História da África por serem as únicas existentes em
quantidades consideráveis para vários períodos da História do
continente.
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MÓDULO 1
Actividades
1. Define o objecto do estudo da História segundo Marc Bloch.
Guia de Correcção
1. Segundo Marc Bloch o objecto de estudo da História é “os
homens no tempo”
2. b)
a) F c) F e) F g) V
b) V d) V f) F h) F
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
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82 Conteúdos
Avaliação
1. A História faz-se, sem dúvida, com documentos
escritos, quando os há. Mas pode fazer-se sem
documentos escritos, se estes não existirem”(...) Lucien
Avaliação Febvre
- Justifica a afirmação
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MÓDULO 1
Lição 13
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84 Conteúdos
O Tempo histórico
Como poderíamos definir este novo conceito que nos aparece?
Comecemos por ver algumas ideias a respeito desta noção:
De acordo com a Dicionário “ Editora "da língua portuguesa
"...é o meio indefinido e homogéneo no qual se desenvolvem os
acontecimentos sucessivos; parte da duração ocupada por
acontecimentos;(...)"
Marc Bloch, em Introdução à história debruçou-se sobre o tempo nos
seguintes termos:
“ (...) É certo ser difícil imaginar uma ciência seja ela qual for, que
possa abstrair do tempo. Contudo, para muitas delas que, por
convenção, o fragmentam em partes artificialmente homogéneas, o tempo
não é mais do que uma medida (...) o tempo da história é (...) o próprio
plasma em que banham os fenómenos, é como que o lugar da sua
inteligibilidade".
O que pensam os autores, não fica por aqui. Filipe Rocha deu também a
sua ideia e foi mais expressivo ao afirmar:
"Atrevo-me a declarar sem receio de contestação, que, se nada
sobrevivesse, não haveria tempo futuro e, se agora nada existisse, não
teríamos tempo presente". e observa: "os corpos só se podem mover no
tempo (...) "
Observando o conteúdo dos extractos pode perceber, caro aluno, que “ a
palavra tempo” designa um determinado espaço indefinido e homogéneo
no qual decorrem os fenómenos. Ele é parte intríseca dos fenómenos. É
nele que se enriquecem os fenómenos tornando-se inteligíveis.
A seguir você vai ver como é que é medido o tempo histórico.
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MÓDULO 1
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86 Conteúdos
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
Para a reconstrução do passado é primordial retirar das fontes os
chamados factos históricos. Estes são acontecimentos únicos,
Resumo irreversíveis e localizáveis no espaço e no tempo.
Por outro lado o conhecimento histórico, é indissociaável do tempo. É o
tempo que dá ao acontecimento o sentido histórico, o sentido de
evolução.
Segundo Braudel, mais do que o tempo cronológico, o tempo histórico é
nos dados pela sequência mudança ou permanência dos acontecimentos.
Daqui resulta que o tempo histórico tem uma dimensão tripla – o tempo
curto, o tempo médio e o tempo longo.
Para a leitura dos acontecimentos na sua dimensão social é
imprescindível o recurso a Diacronia e Sincronia.
Actividades
1. Define facto histórico.
2. Distingue as três dimensões de tempo histórico
Actividades
Guia de Correcção
1. Facto histórico é todo o acontecimento que deixa marcas no
pensamento do homem, na sociedade, e na humanidade em geral.
2. As três dimensões de tempo histórico são o tempo curto, o tempo
médio e o tempo longo.
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
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MÓDULO 1
Avaliação
1. Diferencie a Sincronia da Diacronia
2. Porque é que é sempre importante que o historiador insira o seu
estudo numa certa duração?
Avaliação
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MÓDULO 1
Lição 14
Os métodos da História
Introdução
O estudo da História, como de qualquer outra ciência, obedece a um
conjunto de regras, procedimentos e meios, ou seja, obedece a um
método. No caso da História quais são os métodos? Em que consiste cada
um desses métodos?
Na presente lição você verá respondidas estas e outras questões
relacionadas com os métodos específicos da História.
Os Métodos da História
O Método
Qualquer ciência só se afirma como tal por possuir um método próprio,
que a distingue das demais áreas de conhecimento. Mas o que é o
método?
Método pode ser definido como um conjunto de regras e normas que
dizem respeito ao próprio desenrolar da cognição científica e que o
cientista aplica conscientemente em conformidade com as variedades das
tarefas da pesquisa. Os passos que se deve seguir para chegar ao
conhecimento.
Importância do Método
O estudo metodológico de uma disciplina permite que o estudante não
assimile mecanicamente o conteúdo da disciplina, mas desenvolva nele a
iniciativa e a actividade criadora, aliadas com o desejo de aprender cada
vez mais os fenómenos da natureza, da sociedade e do próprio homem.
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90 Conteúdos
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MÓDULO 1
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92 Conteúdos
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
92
MÓDULO 1
Actividades
1. Faça corresponder as colunas A e B de modo a obter a
Correspondência correcta entre os métodos e respectiva definição
3. Crítica
D. Procura de documentos,
externa
Guia de Correcção
1. D 3. A.; E
2. B 4. C
Avaliação
1. No âmbito da Crítica Histórica que nome se dá a selecção das
fontes?
2. Em que fase da crítica histórica o historiador se preocupa em
Avaliação verificar a veracidade da mensagem contida no documento?
3. “Apoiadas umas nas outras, as ciências podem constituir
não só um precioso instrumento de interpretação dos
processos, como também de previsão dos acontecimentos, da
troca de ideias e de experiências”.
a) Indica cinco ciências auxiliares da história
Muito bem, chegados a esta fase, nada melhor que você sozinho medir o
seu grau de assimilação dos conteúdos aprendidos, respondendo as
questões abaixo.
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MÓDULO 1
Lição 15
Noções de Epistemologia da
História
Introdução
Em História como em outras ciências levantam – se questões que
alimentam discussões entre os profissionais da área e não só.
Hoje em dia, discute-se a questão da científicidade da disciplina de
História, a questão da verdade em História, entre outras.
Ora bem, esta última lição do módulo vai se debruçar sobre estas
questões para você ter uma idéia geral das discussões à volta desta
matéria.
Assim, espera-se que no fim do estudo desta lição, você tenha a sua
própria ideia em torno das matérias em estudo.
Acompanhe atentamente a lição.
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MÓDULO 1
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MÓDULO 1
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MÓDULO 1
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MÓDULO 1
Resumo da Lição
Nesta lição você aprendeu
O conhecimento é a expressão da realidade no cérebro humano. Produz –
se através de um longo processo que compreende três fases, que são a
Resumo fase do conhecimento concreto ou sensorial, a fase do conhecimento
lógico ou abstracto e da compreensão e representação.
O conhecimento no geral e o conhecimento histórico em particular é
sempre relativo e em constante aprofundamento.
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MÓDULO 1
Actividades
1. A produção do conhecimento é um processo longo envolvendo
diferentes etapas.
Distinga Conhecimento Sensorial do conhecimento lógico.
2. O historiador (...) é um homem como qualquer outro e não pode
Actividades libertar-se das suas características humanas (...)
a) Relaciona o exposto acima com a relatividade do
conhecimento histórico.
Guia de Correcção
1. Enquanto o conhecimento sensorial resulta da retenção da
imagem da realidade no cérebro através da memória, por isso é o
reflexo directo dessa realidade, o conhecimento lógico resulta da
elaboração a que as informações observadas e retidas na memória
são sujeitas e por isso é abstracto.
2. O facto exposto acima é um dos factores da relatividade do
conhecimento pois se cada pessoa tem as suas particularidades e
destas não se pode dissociar, fica claro que cada historiador terá
sempre algo que lhe diferencia dos outros.
Avaliação
1. Dê o sentido da expressão: “ a prática é a base do conhecimento”.
2. Todo o conhecimento é relativo é relativo; o conhecimento
histórico é mais relativo ainda.
Avaliação
Explique em que medida a problemática das fontes concorre para
a relatividade do conhecimento histórico.
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0
MÓDULO 1
Soluções
Lição 1
1. Tempo e espaço são as dimensões essenciais da história porque a
noção de história pressupõe sempre uma referência ao tempo e ao
espaço.
2. Enquanto as cosmog onias são os registos das primeiras tentativas, de
explicação do universo, incluindo tanto elementos naturais como
sobrenaturais, as mitografias são narrações de factos com recurso a
seres sobrenaturais.
Lição 2
1. Enquanto a historiografia oriental tem como objectivo de estudo os
deuses e os grandes homens e limita-se à compilação da tradição sem
qualquer tipo de análise crítica, a historiografia greco-romana tem um
carácter científico debruçando-se sobre o homem e baseando-se na
recolha e análise crítica dos factos.
2. De acordo com o extracto pode se ver que Heródoto faz um inquérito,
sobre as acções dos homens de todos os homens e procura as causas
dos fenómenos. Portanto Heródoto é defensor de uma História
Humanista, universalista, baseada na análise crítica e na explicação
dos factos.
Lição 3
1. Segundo o cristianismo a história é um combate constante entre o
bem e o mal e a sua trajectória, irreversível que começa com o
pecado original, e termina com o juízo final
2. a)
3. a)
Lição 4
1. Esta ideia não é totalmente correcta porque mesmo aceitando que na
idade média a história retrocedeu no que concerne ao objecto de
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MÓDULO 1
Lição 5
1. Sob influência do renascimento surgiu uma nova história,
humanista, que reduz o papel de Deus e em que o homem vai-se
sentindo cada vez mais o construtor e responsável do processo
histórico.
2. a)
3. b)
4. b)
Lição 6
1. Voltaire era um defensor de uma história humana, ou total,
que procurava abarcar todos os aspectos da evolução da
sociedade.
2. d)
3. c)
4. c)
Lição 7
1. As características do romantismo (escolher três)
Liberdade política;
Nacionalismo/patriotismo;
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2
MÓDULO 1
Lição 8
1.a) 2. C) 3. C)
4.. A) 5. D)
Lição 9
1. As propostas dos annales para a História eram:
A luta contra a historiografia positivista tradicional
Alargamento do território do historiador
Alargamento do campo do documento –
Revalorização do papel activo do historiador
A História – problema
4. A interdisciplinaridade é o contacto entre as ciências e reveste-se
de grande importância na medida em que permite à História
debruçar-se sobre todos os aspectos ligados a vida da
humanidade. Assim, e só assim, pode ser de facto total e global.
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MÓDULO 1
Lição 10
1. A corrente progressista reveste-se de maior sentido de cientificadas e
objectividade na medida em que faz uma abordagem isenta de
preconceitos, debruçando objectivamente sobre a evolução do
continente antes, durante e após a dominação colonial do continente.
Lição 11
1. A exiguidade de fontes escritas faz com que esta fonte não seja
privilegiada no estudo da história da África o que se reflecte em
imprecisões na história da África.
2. Tendo em conta os problemas da historiografia africana em especial
os decorrentes da exiguidade de fontes escritas os historiadores
africanos são obrigados a recorrer a história analítica (história de
campo que não depende apenas dos arquivos) em especial para o
estudo da história colonial e pré-colonial.
Lição 12
1. A história pode fazer-se sem documentos escritos, se estes
não existirem, recorrendo a outro tipo de fontes como as
orais, arqueológicas ou audiovisuais.
a)
Lição 13
1. Enquanto a Sincronia consiste em verificar numa mesma época a
conjugação dos diversos fenómenos sociais, económicos,
políticos, mentais, etc., que dêem a compreensão dessa época, a
Diacronia analisa a evolução dos fenómenos num período mais
ou menos longo, numa perspectiva mais dinâmica.
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4
MÓDULO 1
Lição 14
1. A selecção das fontes é designada Heurística
2. Na fase da crítica interna
3. Geografia, Antropologia, Etnografia, Paleografia,
Estatística e outras
Lição 15
1. A prática é a base do conhecimento porque pois é o conhecimento
surge sob impulso das necessidades da vida prática e visa em última
instância dar resposta a questões da vida prática, por isso se diz que a
prática é a base do conhecimento.
2. O conhecimento histórico é sempre relativo em parte devido a
problemática das fontes. O historiador alcança o passado através das
fontes, mas como nem todas as fontes chegam até a ele por diferentes
razões ele só trabalha com as fontes que lhe chegam às mãos e por
isso só produz parte do conhecimento do passado, aquela que as
fontes a que ele consegue aceder lhe permitem produzir
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MÓDULO 1
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MÓDULO 1
13. "A história não é uma arte, é ciência pura" esta é uma posição
positivista defendida por:
i. François Guizot
j. Jules Michelet
k. Fustel de Coulanges
l. Hipolite Taine
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