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CEI

Círculo de Estudos pela Internet

Magistratura
Federal
RODADA 01 - 18.03.2020

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PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL. Todos os direitos reservados.


Magistratura Federal
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CORPO DOCENTE

Rafael Vasconcellos Porto. Juiz Federal Titular em Poços de Caldas – MG (aprovado no XIII
Concurso para o TRF-1). Foi Defensor Público Federal (2010/2011). Bacharel em Direito
pela UFMG (2005), Mestre em Direito Previdenciário pela PUC-SP e doutorando em Direito
Constitucional pela Universidade de Lisboa - Portugal. Aprovado também para os cargos de
Procurador Federal – AGU (8º lugar) e Advogado da Caixa Econômica Federal (para lotação
no Distrito Federal), dentre outros. Professor de Direito Previdenciário na Universidade
Presbiteriana Mackenzie, na PUC-MG e em diversos cursos preparatórios para concursos
públicos. Autor de diversas obras jurídicas, como “Previdência do Trabalhador Rural” (2019),
publicada pela Ed. Juruá, e “Curso Sistematizado de Direito Previdenciário” (2020), publicada
pela Ed. CEI. Professor de Direito Previdenciário.

Lucas Fernandes Calixto. Juiz Federal Substituto em Pelotas/RS (aprovado no XV concurso do


TRF2). Foi Analista Processual do Ministério Público da União, Técnico Judiciário do Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região e Técnico Administrativo do MPF. Graduado em Direito
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Especialista em Direito
Público pela Escola da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul (UCS/ESMAFE-RS) e em
Direito e Processo do Trabalho pelo IMED. Mestrando em Direito pela Universidade Federal
de Pelotas (UFPEL). Coautor das obras “Mapeando o Edital: magistratura federal” e “Roteiros
de Prova Oral: magistratura federal”, ambos publicados pela Ed. JusPodivm. Professor de
Direito Econômico/Consumidor.

Aline Soares Lucena Carnaúba. Juíza Federal Substituta em Salgueiro - PE (aprovada no XV


Concurso do TRF1). Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Alagoas e mestranda
pelo Instituto Brasiliense de Direito Público - IDP. Foi analista processual do MPAL (2007-2009)
e defensora pública do Estado de Sergipe (2009-2014). Aprovada também para os cargos de
promotora de justiça do MPAL e de analista do MPU e do TSE. Professora de Direito Tributário
e Financeiro.

Carla Cristiane Tomm. Juíza Federal Substituta em Santo Ângelo – RS (aprovada no XVI
Concurso do TRF da 4a Região). Foi servidora do Ministério da Justiça (2007-2015). Bacharel
em Direito pelo Instituto Superior de Santo Ângelo – IESA (2004). Aprovada para o cargo de
Procurador Federal – AGU e analista judiciário do STJ, entre outros. Especialista em Direito e
Jurisdição, Direito Processual e Direito Tributário. Professor a de Direito Internacional.

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Joseano Maciel Cordeiro. Juiz Federal Substituto em Jaraguá do Sul/SC (2° colocado no
XVI Concurso do TRF da 4ª Região). Foi Analista Judiciário da Justiça Federal (2014/2015),
Técnico Judiciário da Justiça Federal (2008/2014) e Técnico Judiciário do Tribunal Regional
Eleitoral do Paraná (2007/2008). Aprovado também no concurso para Analista Processual
do Ministério Público da União. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná –
UFPR. Professor de Direito Civil e Empresarial.

Leonardo Henrique Soares. Juiz Federal Substituto em São Bernardo do Campo – SP (aprovado
no XVIII Concurso para o TRF-3). Foi Defensor Público Federal (2010-2017) e Analista do MPSP
(2006-2010). Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (2005). Aprovado também
para o cargo de Analista do TRE-SP. Professor de Sentença Penal.

Mariana Camargo Contessa. Juíza Federal Substituta da 1ª Vara Federal de Nova Iguaçu
(aprovada no XV Concurso do TRF2). Graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, foi advogada e assessora de Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de
Grande do Sul. Professora de Direito Constitucional.

Marllon Sousa. Juiz Federal Titular em Manaus – AM (aprovado no XIII Concurso para o TRF-
1). Foi Agente da Polícia Civil do Distrito Federal (2006) e Analista Judiciário no TRE-MG
(2006/2011). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto (2003), Mestre em
Direito Processual Penal pela Universidade Federal de Minas Gerais e Doutor em Direito pela
American University, Washington College of Law, Washington D.C. – EUA. Aprovado também
para os cargos de Procurador do Estado de Minas Gerais e Promotor de Justiça do Estado de
Goiás (não fez o curso de formação). Livros Publicados: “Plea Bargaining no Brasil: O processo
penal através do equilíbrio entre o utilitarismo processual e os direitos fundamentais do réu”
(Editora Jus Podivm, 2019) e “Crime Organizado e Infiltração Policial” (Atlas, 2015).Professor
de Direito Penal e Processual Penal e Sentença Penal.

Patrícia de Alencar Teixeira. Juíza Federal Substituta em Juiz de Fora – MG (aprovada no XVI
Concurso para o TRF-3). Foi Advogada da União – AGU em Brasília (2010/2013). Graduada em
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007). Aprovada também para os cargos
de Procurador Federal – AGU (12º lugar), Defensor Público Federal, dentre outros. Professora
de Direito Administrativo e Sentença Cível.

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Guilherme Bacelar Patrício de Assis. Juiz Federal Titular em Montes Claros - MG (aprovado
no XIII Concurso do TRF-1). Foi Procurador Federal (2008) e Procurador da Fazenda Nacional
(2008/2011). Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos (2006). Mestre e
doutorando em Direito Processual Civil pela UFMG. Aprovado para os cargos de Promotor
de Justiça do MPMG, Procurador do Município de Belo Horizonte – MG, analista judiciário do
MPU e analista judiciário do TRF1. Professor de Direito Processual Civil.

Daniel Chiaretti. Juiz Federal Substituto em Corumbá/MS (aprovado no XVII Concurso do


TRF4). Bacharel em Direito e Filosofia pela USP. Mestre e Doutorando em Ética e Filosofia
Política pela USP. Ex-Defensor Público Federal. Coautor da obra “Comentários ao Estatuto
dos Refugiados” (Ed. CEI - 2019).

Patrick Lucca da Ros. Juiz Federal Substituto em Pelotas/RS (aprovado em 1º lugar no XVI
Concurso do TRF4). Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (2004) e Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2006).
Foi aprovado também no XV concurso do TRF2 (1º lugar). Professora de Direito Ambiental.

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APRESENTAÇÃO

Caros Alunos, sejam bem-vindos ao nosso curso,

O CEI – Magistratura Federal, que vem batendo recordes de aprovação nos últimos concursos da
Magistratura Federal (índices de até 75% dos aprovados nos últimos concursos do TRF-4 e do TRF2, por
exemplo), inicia a sétima edição de seu curso regular. Temos em vista - especialmente, mas não só - os
concursos do TRF1 e do TRF3, que se avizinham, já estando em fase de formação de banca examinadora.

A primeira rodada está a ser publicada no dia 18 de março. O curso será composto por 08 rodadas e
oferecerá, a cada rodada, 33 questões de múltipla escolha inéditas com gabarito comentado (totalizando
264 questões), englobando todas as disciplinas do conteúdo programático.

Ademais, serão oferecidas 04 sentenças penais, 03 sentenças cíveis e 09 questões dissertativas para
correção individualizada, propiciando um treinamento inigualável para as provas de segunda fase (P2 e P3).
Dentre as questões dissertativas, 02 versarão sobre Formação Humanística, a cargo do professor Daniel
Chiaretti, bacharel e mestre em Filosofia pela USP e juiz federal no TRF3.

Após a publicação da rodada, o aluno tem prazo de 10 dias para responder às questões dissertativas
e sentenças. Receberá, posteriormente, a sua resposta corrigida individualizadamente, sendo também
publicado um espelho geral de correção.

Ademais, será disponibilizado, aos poucos, material de suporte, como breve roteiro para elaboração
de sentença penal e 12 videoaulas de 30 minutos sobre temas “quentes”.

O CEI é, hoje e há muito, o curso que mais aprova. Não há equivalente no mercado! Não confie em
pirotecnia, acredite em trabalho.

Bons estudos!

Rafael Vasconcellos Porto


Juiz Federal
Coordenador

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SUMÁRIO

CORPO DOCENTE................................................................................................................................... 2
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................................... 5
CRONOGRAMA...................................................................................................................................... 7
QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...................................................................... 8
DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................... 8
DIREITO PREVIDENCIÁRIO........................................................................................................... 9
DIREITO PENAL.......................................................................................................................... 10
DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................... 12
DIREITO ECONÔMICO E DIREITO DO CONSUMIDOR................................................................ 13
DIREITO CIVIL E DIREITO EMPRESARIAL................................................................................... 15
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................... 16
DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO.......................................................................... 18
DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................................ 19
DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................................. 21
DIREITO INTERNACIONAL.......................................................................................................... 23
GABARITO............................................................................................................................................ 25
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO.......................................................................................... 26
DIREITO CONSTITUCIONAL........................................................................................................ 26
DIREITO PREVIDENCIÁRIO......................................................................................................... 38
DIREITO PENAL.......................................................................................................................... 44
DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................... 68
DIREITO ECONÔMICO E DIREITO DO CONSUMIDOR................................................................ 93
DIREITO CIVIL E DIREITO EMPRESARIAL................................................................................. 104
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................... 116
DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO........................................................................ 120
DIREITO ADMINISTRATIVO...................................................................................................... 123
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................ 133
DIREITO INTERNACIONAL........................................................................................................ 151
QUESTÃO DISCURSIVA....................................................................................................................... 155
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO........................................................................................ 155
SENTENÇA CRIMINAL........................................................................................................................ 156

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CRONOGRAMA

Limite para Publicação do


Rodada Publicação Limite p/ resposta
correção espelho

1ª Rodada 18/03/20 28/03/20 07/04/20 15/04/20

2ª Rodada 28/03/20 07/03/20 17/03/20 24/04/20

3ª Rodada 08/04/20 18/04/20 28/04/20 06/05/20

4ª Rodada 17/04/20 27/04/20 07/05/20 14/05/20

5ª Rodada 29/04/20 09/05/20 19/05/20 27/05/20

6ª Rodada 08/05/20 18/05/20 28/05/20 04/06/20

7ª Rodada 20/05/20 30/05/20 09/06/20 17/06/20

8ª Rodada 28/05/20 07/06/20 17/06/20 24/06/20

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

🏳🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 1. Sobre o regime constitucional da Administração Pública é correto afirmar que:

A) A participação de empresa pública e de sociedade de economia mista em empresa privada não


depende de autorização legislativa;

B) É inconstitucional o pagamento de subsídio mensal vitalício à viúva de ex-governador de Estado, de


modo que é devida a devolução ao Erário das verbas recebidas;

C) A Constituição prevê a necessidade de participação das entidades sindicais representativas de


servidores públicos na reformulação de planos de cargos e remuneração que atinjam as categorias
representadas.

D) A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que os servidores públicos não têm direito adquirido
à imutabilidade de regime jurídico ou à opção por manutenção de regime anterior, ainda que ocorra
redução de vencimentos.

E) A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve
empregar as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de excelência à população com
os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela teoria e pela prática internacional, que
a terceirização não importa precarização às condições dos trabalhadores.

QUESTÃO 2. Sobre a competência legislativa dos entes federados, avalie as assertivas e escolha a correta:

A) É inconstitucional lei estadual que dispensa multa por quebra da fidelidade nos contratos com as
empresas de telefonia em caso de desemprego superveniente do cliente.

B) É inconstitucional lei estadual que exija que o pescador, para exercer sua atividade, cadastre-se em
entidade privada (Federação de Pescadores) que cobra taxa por essa fiscalização.

C) A lei Federal n.º 13.060/2014, que trata sobre o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo
pelos agentes de segurança pública, desbordou dos limites da competência legislativa da União em
violação à autonomia dos Estados.

D) É constitucional norma inserida na constituição estadual que repute crime de responsabilidade o


atraso reiterado no pagamento do vencimento de servidores.

E) Compete privativamente à União a regulamentação dos planos de saúde e de assistência suplementar,


inclusive no que toca à obrigação destes fornecerem aos consumidores informações e documentos

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justificando as razões pelas quais houve recusa de algum procedimento, tratamento ou internação.

QUESTÃO 3. No que diz respeito aos requisitos necessários para compatibilidade com a Constituição
Federal da criação de cargos em comissão pela Administração Pública, assinale a resposta INCORRETA:

A) A criação de cargos em comissão justifica-se para o exercício de funções de direção, chefia e


assessoramento.

B) É necessária a presença de relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado.

C) O número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que
eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que
os criar.

D) Demonstrada a excepcionalidade do caso concreto por decisão fundamentada em processo


administrativo, poderá ser destinada ao desempenho de atividades técnicas.

E) As atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria
lei que os instituir.

🏳🏳 DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 4. São objetivos constitucionais expressos da seguridade social, exceto:

A) Irredutibilidade do valor dos benefícios, assegurado o seu reajustamento para preservar-lhes, em


caráter permanente, o valor real.

B) Nenhum benefício ou serviço poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente
fonte de custeio total.

C) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.

D) Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite.

E) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

QUESTÃO 5. Considerando os princípios e objetivos aplicáveis à seguridade social, assinale a alternativa


incorreta:

A) Segundo a doutrina, o princípio da universalidade da cobertura e do atendimento deve ser


compreendido sob duas perspectivas: uma, objetiva (universalidade da cobertura); outra, subjetiva
(universalidade do atendimento).

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B) Segundo a doutrina, a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas


e rurais exige igual sistema de proteção social, é dizer, o mesmo elenco de prestações, com critérios
idênticos de apuração do respectivo valor.

C) Embora não previsto expressamente na CRFB, a doutrina majoritária reconhece a presença implícita
do princípio da solidariedade, a qual, inclusive, é a justificativa elementar para a compulsoriedade do
sistema previdenciário.

D) Segundo a doutrina majoritária, o princípio da equidade na forma de participação no custeio em


estudo expressa exatamente o princípio tributário (genérico) da capacidade contributiva no âmbito da
seguridade social, não tendo dimensões adicionais.

E) Por um lado, a diversidade da base de financiamento é um princípio visto pela doutrina como
expressão da solidariedade; por outro lado, aponta a doutrina que há também uma utilidade prática
– pragmática, financista - na existência de variadas fontes de custeio.

QUESTÃO 6. Considerando o regime de assistência social, assinale a alternativa incorreta:

A) É princípio setorial a supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de


rentabilidade econômica.

B) É diretriz setorial a centralização político-administrativa na União, e comando desconcentrado


nessa esfera de governo.

C) É diretriz setorial a primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência


social em cada esfera de governo.

D) É objetivo setorial a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.

E) É objetivo setorial a promoção da integração ao mercado de trabalho.

🏳🏳 DIREITO PENAL

QUESTÃO 7. Assinale a alternativa incorreta:

A) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

B) A pena-base no crime de furto mediante fraude, cujo ardil seria a subtração de valores de correntistas
pelo “hackeamento” de senhas pela internet, não pode ser aumentada considerando-se como motivos
negativos a obtenção de lucro fácil, pois tal elemento é inerente ao tipo penal.

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C) A causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, par. 4º da Lei n. 11343/2006 não é
aplicável ao crime previsto no art. 28 do referido diploma legal.

D) Segundo o STJ, a pena do crime previsto no art. 273 do Código Penal é inconstitucional por violar do
princípio da proporcionalidade.

E) Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da Federação.

QUESTÃO 8. Acerca da Teoria do Crime, assinale a alternativa correta:

A) A teoria da culpabilidade normativa configurou evolução da chamada culpabilidade normativo-


psicológica e tem como componentes o dolo, a culpa, a consciência da ilicitude e a exigibilidade de
conduta diversa.

B) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da estremada da culpabilidade ao tratar das descriminantes
putativas.

C) Para o causalismo clássico, a ação comportaria qualquer movimento humano voluntário capaz de
causar alteração no mundo exterior.

D) O estado de necessidade exculpante é adotado pelo Código Penal Brasileiro de forma expressa.

E) A teoria da imputação objetiva, consagrada pelos estudos de Claus Roxin e Günther Jakobs,
teve por principal mérito separar o dolo e culpa dos elementos objetivos da culpabilidade, sendo a
autocolocação em perigo uma das formas estudas de exclusão da culpabilidade penal.

QUESTÃO 9. Assinale a alternativa correta:

A) Quanto ao tempo do crime o Código Penal adotou a teoria do resultado, sendo a teoria da atividade
aplicada excepcionalmente para a solução de casos que envolvam crimes plurilocais.

B) No caso da incidência da regra prevista no art. 71 do CP (crime continuado), a aplicação da pena de


multa também seguira o aumento da fração da pena de um dos crimes aumentada de um sexto a dois
terços.

C) Nos crimes de estelionato previdenciário contra o INSS, falecido o beneficiário direito, e sacados os
valores por terceiro, este responderá pelo delito tantas vezes quantas haja o recebimento indevido
das prestações mensais, aplicando-se a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do Código
Penal.

D) A jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que é necessária a demonstração do efetivo


prejuízo nos crimes previstos na Lei de Licitações.

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E) A contumácia em furtos de mercadorias de pequeno valor não obsta a incidência do princípio da


insignificância.

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 10. Sobre o sistema e inclusão e manutenção de presos nos presídios federais, previsto na LEP e
na Lei n. 11671/08, bem como acerca da jurisprudência do STJ sobre o assunto, assinale a opção correta.

A) Compete ao juiz corregedor do presídio federal, com exclusividade, o exame acerca da necessidade
de inclusão e manutenção do preso no sistema penitenciário federal.

B) Não fere o contraditório e o devido processo legal a decisão que, sem a oitiva prévia da defesa,
determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário federal.

C) A legislação sobre a inclusão de presos no sistema penitenciário federal prevê que o período máximo
de permanência do preso transferido da justiça estadual ao sistema federal será de 360 dias, admitida
uma única prorrogação.

D) São legitimados a pedir a inclusão de presos no sistema federal somente o diretor do presídio
estadual, o juiz no qual corre a execução da pena ou a ação penal e o ministério público.

E) Eventual incidente de insanidade mental, cuja instauração seja requerida durante a permanência
do preso no sistema penitenciário federal deverá ser dirimida pelo juiz de origem mesmo que se trate
de doença contemporânea ao período de permanência do detento no sistema federal.

QUESTÃO 11. Examine as afirmativas abaixo e, após, assinale a alternativa correta.

I - Se o magistrado pode recusar, no todo ou em parte, de maneira fundamentada, as conclusões do


laudo pericial e decidir em sentido diverso, de igual modo, pode indeferir a produção de prova pericial
quando a entenda inútil aos fins do processo ou quando já houver nos autos elementos suficientes que se
proponham a comprovar os mesmos fatos a que se propõe o objeto da perícia.

II - O ato judicial de indeferimento de produção de prova pericial tipifica ofensa ao devido processo legal
e constitui cerceamento de defesa, eis que necessária ao esclarecimento da verdade real.

III - O STJ decidiu recentemente que não cabe a realização de audiência de custódia pelo sistema de
videoconferência, constituindo nulidade absoluta sua realização por tal método.

IV - Seis investigados foram presos em determinada operação policial de combate ao compartilhamento


de pornografia infantil pela rede mundial de computadores. Concedida a liberdade provisória, em sede
de Habeas Corpus, a um dos investigados, haverá o direito de extensão aos demais somente se a situação
pessoal de todos forem semelhantes.

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V - O juiz deverá absolver sumariamente o réu sempre que comprovada a excludente de culpabilidade.

A) Estão corretas as alternativas II, III e IV.

B) Estão incorretas as alternativas I, III e V.

C) Estão corretas as alternativas I, III e IV.

D) Estão incorretas as alternativas I, II e III.

E) Estão corretas as alternativas I, II e IV.

QUESTÃO 12. Assinale a alternativa incorreta:

A) O prazo para a conclusão do inquérito policial no caso de réu preso preventivamente por tráfico
internacional de drogas, previsto na Lei 11343/2006, é mais elastecido que o previsto no CPP.

B) Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet


via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

C) O mandado de segurança não se presta a atribuir o efeito suspensivo em recurso criminal interposto
pelo Ministério Público.

D) O princípio da insignificância é aplicável aos crimes contra a administração pública segundo


entendimento consolidado do STJ.

E) A aplicação do princípio da insignificância ao processo penal demanda a análise do caso concreto,


devendo ser preenchidos os requisitos definidos pela jurisprudência solidificada no âmbito do STF.

🏳🏳 DIREITO ECONÔMICO E DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 13. Com relação às assertivas abaixo, é correto, à luz da jurisprudência do STJ, afirmar que:

A) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, é
automática, independendo da constatação da presença ou não da verossimilhança das alegações do
consumidor.

B) O estabelecimento comercial responde, perante o cliente, pelo roubo à mão armada de veículo
ocorrido em estacionamento, ainda quando seja este gratuito, externo e de livre acesso.

C) Há responsabilidade solidária por danos causados de empresa que utiliza marca internacionalmente
reconhecida, mesmo que não tenha sido a fabricante direta do produto defeituoso.

D) Não há ilegalidade em cobrança do consumidor da 2ª via de comprovante de operação bancária,

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uma vez que a instituição financeira não responde por vício do produto originado do desbotamento
de informações contidas na 1ª via impressa em papel termossensível.

E) Não é abusiva a conduta de produtor de espetáculo de cobrança do consumidor de “taxa de


conveniência” pela venda de ingressos em meio virtual (internet).

QUESTÃO 14. Acerca das formas econômicas de Estado, assinale a assertiva incorreta:

A) O Estado Liberal baseia-se na doutrina filosófica e política do liberalismo, o qual se assenta no


respeito ao exercício dos direitos e garantias por parte dos indivíduos, e tem como grande postulado
a livre iniciativa.

B) O Estado Intervencionista Econômico teve como exemplificação o New Deal, concebido e executado
por Franklin Roosevelt, e que consistia em ações governamentais de apropriação de todos os bens de
produção pelo Estado, de modo que este fosse o único produtor, vendedor e empregador, decorrendo
daí a principal característica desta forma de Estado que é a total valorização do coletivo em detrimento
do individual.

C) O Estado Intervencionista Social, também chamado de Estado de Bem Estar Social ou Estado
Providência, tem por fim garantir que sejam efetivadas políticas de caráter assistencialista na sociedade
por meio de uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos da economia
capitalista.

D) O Estado Intervencionista Socialista, forma intervencionista máxima de Estado, adota uma política
econômica planificada, na qual o Poder Público passa a ser o centro exclusivo das deliberações
referentes à economia, o que, no plano jurídico, na total supremacia do interesse público, com
substituição da livre concorrência e livre iniciativa pelo planejamento econômico estatal.

E) O Estado Regulador busca um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem abandonar a
sociabilidade dos bens, caracterizando-se por uma nova concepção do Estado na economia, como
ente garantidor e regulador da atividade econômica.

QUESTÃO 15. NÃO é princípio da ordem econômica:

A) livre concorrência.

B) defesa do consumidor.

C) soberania nacional.

D) tratamento favorecido para todas as empresas brasileiras.

E) defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto

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ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.

🏳🏳 DIREITO CIVIL E DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 16. Acerca do tratamento da desconsideração da personalidade jurídica prescrito pelo Código
Civil, com as modificações efetuadas pela Lei n. 13.874/2019 - “Lei da Liberdade Econômica”, bem como
sua compreensão doutrinária e jurisprudencial, assinale a alternativa incorreta:

A) O teor do art. 50 do Código Civil aponta para a adoção da teoria maior da desconsideração da
personalidade jurídica, a qual se fundamenta no desvio de finalidade ou na confusão patrimonial.

B) A Lei 13.874/2019 delimitou o sentido da expressão “desvio de finalidade”, utilizada no caput,


conceituando-a como a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza.

C) A constatação da formação de grupo econômico entre diversas sociedades também pode servir de
fundamento para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica.

D) Em sintonia com o Código de Processo Civil, o Código Civil passou a disciplinar a chamada
desconsideração inversa.

E) A mera expansão ou alteração da finalidade original da atividade econômica da pessoa jurídica não
constitui desvio de finalidade.

QUESTÃO 17. Sobre a posse e sua respectiva tutela, assinale a alternativa correta:

A) O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação possessória
entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, com exceção do domínio.

B) O possuidor indireto em decorrência de constituto possessório inserido em escritura pública de


compra e venda de imóvel (cláusula constituti) detém legitimidade para ações possessórias, mesmo
que jamais tenha exercido a posse direta do bem.

C) De acordo com enunciado aprovado nas Jornadas de Direito Civil promovidas pelo Conselho da
Justiça Federal, uma coletividade de pessoas pode ser considerada possuidora para todos os efeitos
legais, desde que devidamente representada por pessoa jurídica constituída sob a forma de associação.

D) Ainda que a ocupação irregular de áreas públicas não configure posse, mas apenas detenção, a
jurisprudência reconhece o direito à indenização por benfeitorias quando comprovada a boa-fé.

E) O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias, tem o direito de optar entre o seu valor atual
e o seu custo, independentemente de estar o possuidor de boa ou má-fé.

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QUESTÃO 18. Considerando o regime jurídico aplicável aos contratos empresariais, assinale a alternativa
incorreta:

A) De acordo com o STJ, empresas em processo de recuperação judicial podem celebrar contratos de
factoring sem prévia autorização judicial.

B) O contrato de abertura de crédito bancário não é título executivo extrajudicial, ainda que
acompanhado do extrato pormenorizado do débito.

C) A jurisprudência do STJ reconhece a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor aos contratos


de empréstimos bancários tomados por empresas em suas atividades negociais.

D) As empresas estatais podem figurar como franqueadoras.

E) No contrato de arrendamento mercantil, o arrendante deve pagar pela remoção do veículo


arrendado, em caso de descumprimento contratual.

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 19. Acerca da competência cível da Justiça Federal, assinale a alternativa INCORRETA:

A) As causas de natureza previdenciária intentadas contra o INSS poderão ser aforadas na Seção
Judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem
à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

B) Exceto nas ações de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho, tramitando
o processo perante a Justiça Estadual, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se neles
intervier a União, suas empresas públicas e entidades autárquicas, na qualidade de parte ou de
terceiro, devendo o juízo federal restituí-los ao juízo estadual, sem suscitar conflito, se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.

C) Poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual, as causas de natureza previdenciária e os


executivos fiscais da União e de suas autarquias, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver
localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de Município sede de Vara Federal.

D) Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de segurança quando as consequências de


ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o writ houverem de ser suportadas pela União ou
entidade por ela controlada.

E) Compete à Justiça Federal processar e julgar ações cíveis relacionadas a disputas sobre direitos
indígenas, como ações possessórias, ainda que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal não figurem no processo na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes.

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QUESTÃO 20. Acerca do Direito Intertemporal Processual Civil, e considerando-se a entrada em vigor do
CPC/2015 em 18/03/2016, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973, relativos a decisões publicadas até 17 de
março de 2016, devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

B) A regra geral no Direito Processual Civil brasileiro é ditada pelo princípio tempus regit actum, de
modo que a lei processual nova produz efeitos imediatos, não afetando os atos processuais praticados
em conformidade com a lei revogada.

C) Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do CPC/2015.

D) O CPC/2015 adotou, como regra geral, o sistema do isolamento dos atos processuais, devendo ser
aplicada, para cada ato processual, a lei em vigor no momento de sua prática.

E) A lei nova que altera regra de competência territorial aplica-se de imediato, devendo o juiz remeter
os autos ao novo juízo competente para o processo e julgamento da causa.

QUESTÃO 21. Em matéria de Direito Processual Previdenciário, assinale a alternativa CORRETA:

A) O juiz não pode reafirmar a data da entrada do requerimento administrativo para o momento da
implementação dos requisitos necessários à concessão de benefício previdenciário ocorrida no curso
do processo, considerando, para tanto, o tempo de contribuição do autor posterior ao ajuizamento
da ação, sob pena de extrapolar os limites objetivos da lide deduzidos na petição inicial, proferindo
sentença extra ou ultra petita.

B) Considerando-se que os pedidos devem ser interpretados restritivamente, a concessão judicial de


benefício previdenciário diverso do expressamente requerido na petição inicial viola o princípio da
adstrição do juiz ao pedido, implicando julgamento extra petita.

C) Para fins de ajuizamento de ações visando a concessão de benefícios previdenciários, a caracterização


do interesse de agir depende do exaurimento dos recursos na via administrativa perante o INSS.

D) Nas ações envolvendo pedidos de aposentadoria por idade rural, a ausência nos autos de conteúdo
probatório eficaz configura a falta de interesse de agir e, por conseguinte, deve conduzir à extinção do
processo sem resolução do mérito, não se impedindo, assim, que o autor ajuíze novamente a mesma
ação, caso obtenha posteriormente documentos hábeis a demonstrar o seu tempo de serviço rural.

E) Nas ações previdenciárias em trâmite no Juizado Especial Federal, cujos processos são norteados
pelos princípios da simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, os prazos contam-

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se em dias corridos.

🏳🏳 DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO

QUESTÃO 22. No que se refere ao crédito tributário, de acordo com o Código Tributário Nacional (CTN),
bem como a jurisprudência do STJ, assinale a alternativa correta.

A) Na constituição do crédito tributário, a autoridade fiscal deve observar, tanto no ato de lançar o
tributo, bem como em sua atuação fiscalizatória para a constituição do crédito, a lei então vigente à
época do fato gerador.

B) O crédito tributário, assim como no âmbito do Direito Civil, tem seu nascimento contemporâneo ao
nascimento da obrigação tributária.

C) Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir
o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a
legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa.

D) Segundo entendimento do STJ, a notificação do auto de infração ao sujeito passivo não faz cessar a
contagem da decadência para a constituição do crédito tributário; assim, ainda que exaurida a instância
administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento
definitivo e esgotado o prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, não há
que se falar em abertura de contagem de prazo prescricional, porquanto é necessária a constituição
definitiva do crédito pela autoridade fiscal.

E) A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos


critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento podem ser
efetivadas de imediato.

QUESTÃO 23. Considere a seguinte situação. A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art.
155, I, assim assegurou a competência tributária de Estados e Distrito Federal: “Art. 155. Compete aos
Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
bens ou direitos; ...”. Um determinado Estado membro, ao instituir o referido imposto, no exercício de sua
competência tributária, não o fez sobre bens móveis. Referida hipótese se trata de:

A) Imunidade.

B) Isenção.

C) Anistia.

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D) Não incidência.

E) Alíquota zero.

QUESTÃO 24. No que se refere às causas de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário, assinale
a alternativa correta, com base na legislação e jurisprudência acerca do tema.

A) No que se refere à isenção de Imposto de Renda em caso de doença grave, segundo o STJ, é
desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do
Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a doença grave por
outros meios de prova.

B) As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário previstas no art. 151 do CTN, se


verificadas antes da constituição do crédito tributário, impedem o seu lançamento.

C) A liminar em ação de mandado de segurança só suspende a exigibilidade do crédito tributário se


acompanhada do devido depósito integral do valor devido à Fazenda Pública.

D) O parcelamento do crédito tributário deverá ser regido por lei complementar específica.

E) É constitucional que se exija do contribuinte depósito prévio como requisito de admissibilidade


de ação judicial anulatória de débito fiscal, na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário.

🏳🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 25. Um delegado de polícia federal, no exercício de suas funções, morreu em decorrência de
disparo de arma de fogo efetuado por agente da polícia federal durante uma ação policial.

A viúva do delegado move ação indenizatória por danos morais e materiais em face da União e do
agente da polícia federal que efetuou o disparo.

Com base na situação hipotética, assinale a alternativa correta:

A) A responsabilidade objetiva do Estado pressupõe que o dano seja causado a terceiro, nos termos do
art. 37, §6º, da Constituição, não incidindo quando o dano é suportado por servidor público.

B) A configuração da responsabilidade objetiva do Estado subsiste ainda que se trate de ato lícito e
independe da circunstância de estar o agente no desempenho das atribuições próprias de sua função
pública, ou a pretexto de exercê-la.

C) A responsabilidade da União é objetiva, com base no risco administrativo, de modo que eventual
culpa da vítima não pode ser invocada para o fim de excluir ou atenuar a responsabilidade do Estado.

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D) O agente da polícia federal é parte legítima para figurar, ao lado da União, no polo passivo da ação
indenizatória, mas sua responsabilidade é subjetiva, devendo a parte provar que o agente agiu com
dolo ou culpa.

E) A obrigação de ressarcir a União, em ação regressiva, transmite-se aos sucessores do agente público
que tenha atuado com culpa ou dolo, observado o limite do patrimônio transferido na sucessão.

QUESTÃO 26. Sobre o acesso as funções, cargos e empregos públicos, julgue os itens a seguir, com base no
entendimento do Supremo Tribunal Federal:

I - O edital de concurso público não é instrumento idôneo para o estabelecimento de limite mínimo de
idade para inscrição em concurso público; para que seja legítima tal exigência, é imprescindível a previsão
em lei, devendo a idade ser comprovada no momento da posse no concurso público.

II - Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações
excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.

III - É razoável a exigência de altura mínima para acesso aos cargos da área de saúde, desde que prevista
em lei em sentido formal e material, bem como no edital que regule o concurso.

IV - O candidato em concurso público não tem direito de realizar prova de segunda chamada nos testes de
aptidão física, motivadas por circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou em decorrência
de gravidez, a menos que o edital preveja expressamente esta possibilidade.

V - É inconstitucional a manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não


aprovado que nele tomou posse em decorrência de execução provisória de provimento judicial de natureza
precária, supervenientemente revogado ou modificado.

A) Apenas II e V estão CORRETOS.

B) Apenas IV e V estão CORRETOS.

C) Apenas I, II e III estão CORRETOS.

D) Apenas I, II e V estão CORRETOS.

E) Apenas III e IV estão CORRETOS.

QUESTÃO 27. No que se refere às entidades paraestatais que integram o chamado terceiro setor, assinale
a alternativa CORRETA:

A) A celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações da sociedade civil de


interesse público (OSCIP), para atividade contempladas no termo de parceria, traduz hipótese de

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licitação dispensável.

B) O fomento às organização sociais pode traduzir-se em destinação de recursos orçamentários;


permissão de uso de bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão e cessão
especial de servidor para a Organização Social, com ônus para o órgão de origem do servidor cedido.

C) A organizações sociais são delegatárias de serviço público, ou seja, exercem, por delegação, sob
regime de direito público, atividades de titularidade exclusiva do poder público.

D) A qualificação de uma pessoa jurídica como organização social ou organização da sociedade civil de
interesse público dá-se por meio de ato vinculado, de modo que o pedido só pode ser indeferido se a
pessoa jurídica requerente não atender a algum dos requisitos legais.

E) Admite-se a qualificação de organização social para desenvolvimento de atividades de fornecimento


de instalações, bens, equipamentos ou execução de obra pública em favor da administração pública
federal.

🏳🏳 DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 28. Considere as seguintes assertivas, todas formuladas com base em julgados recentes (últimos
quatro anos) do Supremo Tribunal Federal.

I - O postulado do paralelismo das formas não impede que ato normativo infralegal amplie os limites de
unidade de conservação, desde que sem modificação de seus limites originais, exceto pelo acréscimo
proposto, sem que isso implique violação ao inciso III do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, no que
apregoa que a alteração de espaços territoriais especialmente protegidos é permitida somente por meio
de lei.

II - Medidas provisórias podem ser empregadas para diminuir a proteção conferida a unidades de
conservação, uma vez que ostentam status equivalente ao de leis em sentido formal.

III - Algumas práticas cruéis contra os animais previstas em leis estaduais ou municipais, ainda que arraigadas
na cultura local, são inconstitucionais, ainda que a cultura também seja protegida constitucionalmente,
feita a ponderação entre os direitos de matriz constitucional envolvidos.

IV - Aos Estados da Federação é dado, por legislação própria, vedar amplamente a utilização de amianto
e/ou de asbesto, sem que isso implique desrespeito à Constituição, mesmo que conste de lei federal a
possibilidade de utilização de amianto crisotila.

Diante disso, marque a alternativa correta:

A) Estão corretas apenas as assertivas I e II.

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B) Estão corretas apenas as assertivas I e III.

C) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.

D) Estão corretas apenas as assertivas I, III e IV.

E) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.

QUESTÃO 29. A propósito da conciliação em matéria ambiental, marque a alternativa correta:

A) Por envolver direitos disponíveis, é sempre possível a conciliação.

B) Por envolver direitos indisponíveis, nunca é possível a conciliação.

C) É inviável a conciliação no caso de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, tendo
em vista que ao Parquet não é dado dispor em matéria ambiental.

D) Somente é possível a conciliação no caso de direitos individuais homogêneos e coletivos stricto


sensu.

E) Mesmo no caso de direitos difusos em matéria ambiental, é possível a conciliação.

QUESTÃO 30. Em relação ao Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, é correto afirmar:

A) O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA tem a função de órgão superior, cabendo-
lhe de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.

B) São órgãos seccionais os órgãos ou entidades estaduais e municipais responsáveis pela execução
de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação
ambiental.

C) Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, executar e
fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com
as respectivas competências.

D) A Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República tem a finalidade de assessorar, estudar


e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis
com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.

E) Nenhuma das alternativas está correta.

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🏳🏳 DIREITO INTERNACIONAL

QUESTÃO 31. Marque a assertiva incorreta:

A) O conceito, sob a acepção tradicional, do Direito Internacional Público é entendido como o conjunto
de regras escritas e não escritas que regula o comportamento dos Estados.

B) O que diferencia uma comunidade internacional de uma sociedade nesse âmbito é a aproximação
por vínculos espontâneos decorrentes de laços culturais, religiosos, linguísticos que criam uma
identidade comum, gerando a cumplicidade e a cooperação entre os membros.

C) A regulação dos conflitos de leis no espaço é o escopo do Direito Internacional Privado que se vale
de normas internacionais e internas para indicar o direito aplicável ao caso concreto.

D) O costume internacional forma-se unicamente por meio da reiteração de uma mesma prática pelo
Estado.

E) O desuso, a codificação e um novo costume são formas de extinção de um costume internacional.

QUESTÃO 32. Em relação às fontes do Direito Internacional Público, marque a assertiva incorreta:

A) O jus cogens é a única exceção à inexistência de hierarquia entre as fontes do Direito Internacional
Público.

B) A analogia é uma fonte formal, mas sofre criticas de parcela da doutrina que a compreende como
meio de integração.

C) Para a solução de um conflito internacional entre dois Estados, a Corte Internacional de Justiça pode
aplicar uma convenção internacional que um dos litigantes não a tenha expressamente reconhecido.

D) Os princípios gerais do direito são fontes formais do Direito Internacional Público e emanam do
reconhecimento pelas Nações civilizadas.

E) Três são os requisitos para que um ato unilateral possa vincular o Estado ao seu cumprimento: que
o ato seja público, emanado de agente público competente e com o firme propósito de vincular o
Estado, consubstanciando-se assim em fonte material do Direito Internacional Público.

QUESTÃO 33. Brasil e outros cinco países entabularam um acordo para cooperarem entre si para redução
gradual das emissões de gás carbono. Durante as negociações, foi estabelecido que a entrada em vigor
somente se daria após um ano da assinatura de todos os Estados partes, sendo que hipoteticamente, a
última ratificação teria sido depositada hoje. A partir do caso proposto e tendo em consideração as regras
da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, marque a assertiva incorreta:

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A) Com a ratificação do último Estado parte, nenhum dos Estados pode revogar legislação interna que
permita o aumento do nível de emissão de gás carbono no seu território antes da vigência do acordo.

B) Cabe aplicação provisória de parte de um acordo, antes de sua vigência, se nele contiver cláusula
nesse sentido.

C) Em relação ao Brasil, é vedada a aplicação provisória do acordo.

D) Se os Estados parte acordaram pela aplicação provisória de parte do acordo antes da entrada em
vigor, pode um deles notificar os demais de que não mais quer se tornar parte do acordo.

E) Os acordos, em regra, têm efeitos ex tunc.

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GABARITO

Q. 1 - GABARITO: E 31 Q. 24 - GABARITO: A 123

Q. 2 - GABARITO: B 37 Q. 25 - GABARITO: E 125

Q. 3 - GABARITO: D 38 Q. 26 - GABARITO: A 132

Q. 4 - GABARITO: A 39 Q. 27 - GABARITO: B 133

Q. 5 - GABARITO: D 42 Q. 28 - GABARITO: D 145

Q. 6 - GABARITO: B 44 Q. 29 - GABARITO: E 148

Q. 7 - GABARITO: E 51 Q. 30 - GABARITO: C 150

Q. 8 - GABARITO: C 61 Q. 31 - GABARITO: D 152

Q. 9 - GABARITO: C 68 Q. 32 - GABARITO: C 153

Q. 10 - GABARITO: B 77 Q. 33 - GABARITO: E 154

Q. 11 - GABARITO: C 86

Q. 12 - GABARITO: D 93

Q. 13 - GABARITO: C 100

Q. 14 - GABARITO: B 103

Q. 15 - GABARITO: D 104

Q. 16 - GABARITO: C 107

Q. 17 - GABARITO: B 112

Q. 18 - GABARITO: C 116

Q. 19 - GABARITO: C 117

Q. 20 - GABARITO: E 119

Q. 21 - GABARITO: D 120

Q. 22 - GABARITO: C 121

Q. 23 - GABARITO: D 122

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO

PROFESSORA MARIANA CONTESSA

🏳🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 1. Sobre o regime constitucional da Administração Pública é correto afirmar que:

A) A participação de empresa pública e de sociedade de economia mista em empresa privada não depende
de autorização legislativa;

B) É inconstitucional o pagamento de subsídio mensal vitalício à viúva de ex-governador de Estado, de


modo que é devida a devolução ao Erário das verbas recebidas;

C) A Constituição prevê a necessidade de participação das entidades sindicais representativas de servidores


públicos na reformulação de planos de cargos e remuneração que atinjam as categorias representadas.

D) A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que os servidores públicos não têm direito adquirido
à imutabilidade de regime jurídico ou à opção por manutenção de regime anterior, ainda que ocorra
redução de vencimentos.

E) A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve
empregar as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de excelência à população com
os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela teoria e pela prática internacional, que a
terceirização não importa precarização às condições dos trabalhadores.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A assertiva A vai contra a redação do artigo 37 da Constituição da República:

XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa
privada;

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Ainda sobre esse tema, é importante lembrar do precedente firmado em 2019 na ADI 5624, em que se fixou
exceção à regra geral:

ADI 5624 MC-Ref/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 6.6.2019. Ata de julgamento
publicada no Dje de 11.6.2019.

O Plenário, em voto médio, referendou parcialmente medida cautelar anteriormente concedida


em ação direta de inconstitucionalidade, para conferir ao art. 29, “caput”, XVIII, da Lei 13.303/2016
interpretação conforme à Constituição Federal, nos seguintes termos: i) a alienação do controle
acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização legislativa e
licitação; e ii) a exigência de autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do controle
de suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade
de licitação, desde que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública
inscritos no art. 37 da CF, respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade. O voto
médio reproduziu o entendimento majoritário extraído dos pronunciamentos dos ministros em
juízo de delibação.

B) INCORRETA: A assertiva B é equivocada porque, conquanto tenha o Supremo Tribunal Federal entendido
pela inconstitucionalidade do pagamento de subsídio vitalício para ex-governador de Estado e cônjuges
supérstites, estabeleceu que, porque recebidos de boa-fé pelos beneficiários, não deveria ocorrer devolução
de verbas percebidas até o julgamento da ação (ADI 4545/PR). Veja-se o informativo 962 de dezembro de
2019:

O Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para declarar a
inconstitucionalidade do art. 85, § 5º, da Constituição do Estado do Paraná, e, por arrastamento,
da Lei 16.656/2010 e do art. 1º da Lei 13.426/2002, ambas do referido Estado-membro.
Por maioria, decidiu que a declaração de inconstitucionalidade não atinge os pagamentos
realizados até o julgamento da ação.
O aludido dispositivo constitucional concede subsídio mensal e vitalício aos ex-governadores
do estado, igual ao recebido por desembargador do tribunal de justiça estadual, desde que
tenham exercido a função em caráter permanente e não tenham sofrido suspensão dos
respectivos direitos políticos. Os dispositivos das leis estaduais regulamentam o subsídio e o
valor de pensão por morte devida às viúvas dos governadores, nos termos do referido art. 85,
§ 5º.
Inicialmente, o Colegiado, por maioria, afastou a preliminar de prejudicialidade da ação, por
perda superveniente de objeto.
Observou que, não obstante a revogação expressa do § 5º do art. 85 da Constituição estadual
(pela Emenda Constitucional paranaense 43, de 29.5.2019), haveria circunstâncias aptas

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a afastar o acolhimento da preliminar. Esclareceu que a ação foi ajuizada em 28.1.2011,


liberada em 2017, e incluída em pauta para julgamento pelo Plenário em 14.2.2019. Além
disso, a revogação do ato normativo ora impugnado não explicitou qualquer regra acerca dos
efeitos produzidos pela norma constitucional no seu período de vigência. Garantiu-se apenas
a mudança do ordenamento jurídico paranaense para as situações futuras, fato jurídico que
pode implicar diversos desdobramentos de atos inconstitucionais pretéritos. Esse quadro
normativo resultado da revogação do ato normativo, em momento posterior à liberação
do feito para julgamento e considerado os precedentes acerca da matéria, justificam a não
aplicação dos precedentes do Tribunal referentes à prejudicialidade da ação.
Vencidos, quanto à preliminar, os Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli (Presidente), que
reconheceram o prejuízo da ação.
Quanto ao mérito, o Plenário aplicou sua reiterada jurisprudência no sentido de que a
instituição de prestação pecuniária mensal e vitalícia a ex-governadores, designada “subsídio”,
corresponde à concessão de benesse que não se compatibiliza com a Constituição Federal
(notadamente com o princípio republicano e o princípio da igualdade, consectário daquele),
por configurar tratamento diferenciado e privilegiado sem fundamento jurídico razoável, em
favor de quem não exerce função pública ou presta qualquer serviço à administração.
Entretanto, por maioria, explicitou a desnecessidade da devolução dos valores percebidos até
o julgamento da ação, considerados, sobretudo, os princípios da boa-fé, da segurança jurídica
e, ainda, da dignidade da pessoa humana. Salientou que os subsídios foram pagos por mais de
trinta anos. Ademais, todas as beneficiárias das respectivas pensões são pessoas de avançada
idade, e, sem essa fonte de renda, poderiam se encontrar, repentinamente, em situação de
miserabilidade.
Vencido, no ponto, o ministro Marco Aurélio que não assentou a desnecessidade de devolução
das quantias recebidas.
C) INCORRETA: A assertiva C fere os precedentes do Supremo Tribunal federal no sentido de que os servidores
públicos não contam com direito adquirido à imutabilidade de regime jurídico nem tampouco de participação
das entidades sindicais e representativas na elaboração e tramitação de projetos de lei que modifiquem seus
respectivos planos de carreira. Veja-se:

Direito Constitucional e Administrativo. Ação direta de inconstitucionalidade. Plano de


cargos, carreira e remuneração da Polícia Civil do Estado do Acre. Conhecimento parcial.
Improcedência do pedido. 1. Ação direta em que se discute a constitucionalidade da Lei nº
2.250/2009 do Estado do Acre, que instituiu plano de cargos, carreira e remuneração da Polícia
Civil. 2. A petição inicial deve indicar “o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e
os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações” (art. 3º, I,

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da Lei nº 9.868/1999). O descumprimento desse dever enseja o não conhecimento da ação


direta de inconstitucionalidade. 3. A jurisprudência do STF é pacífica e reiterada no sentido
de que os servidores públicos não têm direito adquirido à imutabilidade de regime jurídico.
Assim, a garantia prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição não os protege contra leis que
modifiquem as condições que regem a relação jurídica que estabelecem com a administração
pública, desde que não haja redução de seus vencimentos ou subsídios. Precedentes. 4. O
art. 8º, III, da Constituição não trata da necessidade de participação das entidades sindicais
representativas de servidores públicos na reformulação de planos de cargos e remuneração
que atinjam as categorias representadas. De toda sorte, o meio seria inadequado para a
alegação de vício no ato normativo com fundamento na ausência de participação do sindicato,
já que a ação direta não comporta a avaliação de elementos de prova. Precedentes. 6. Ação
direta de inconstitucionalidade conhecida parcialmente e, nessa extensão, pedido que se julga
improcedente, com a declaração de constitucionalidade dos arts. 12, 15, parágrafo único,
22, VI e VII, e 25 da Lei nº 2.250/2009 do Estado do Acre. Tese: “Os princípios constitucionais
da segurança jurídica e da proteção ao direito adquirido não garantem aos servidores
potencialmente afetados por alterações legislativas o direito à manutenção do regime anterior,
desde que não haja ofensa à garantia da irredutibilidade de vencimentos”.
(ADI 4461, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 11/11/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-264 DIVULG 03-12-2019 PUBLIC 04-12-2019)
D) INCORRETA: A assertiva D também é equivocada com base no mesmo precedente já mencionado. Com
efeito, em sede de repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal assegurou que não pode ser afetado o
princípio constitucional da irredutibilidade de subsídios: “não há direito adquirido a regime jurídico, desde
que respeitado o princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos” (RE 563.965, Rel. Min. Cármen
Lúcia, j. em 11.02.2009, paradigma do tema nº 41)

E) CORRETA: A assertiva E é a correta, constituindo excerto de ementa do RE 760.931, em sede de repercussão


geral:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO


GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, §
1º, DA LEI Nº 8.666/93. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO ESSENCIAL PARA A PRESERVAÇÃO
DE POSTOS DE TRABALHO E ATENDIMENTO DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO
CIENTÍFICO. LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PRECARIZAÇÃO
DO TRABALHO HUMANO. RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR. PRECEDENTE:
ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. FIXAÇÃO
DE TESE PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES.

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1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-meio” é imprecisa, artificial e ignora a


dinâmica da economia moderna, caracterizada pela especialização e divisão de tarefas com
vistas à maior eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou serviço final
comercializado por uma entidade comercial é fabricado ou prestado por agente distinto,
sendo também comum a mutação constante do objeto social das empresas para atender
a necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas empresas do mundo. É que a
doutrina no campo econômico é uníssona no sentido de que as “Firmas mudaram o escopo
de suas atividades, tipicamente reconcentrando em seus negócios principais e terceirizando
muitas das atividades que previamente consideravam como centrais” (ROBERTS, John. The
Modern Firm: Organizational Design for Performance and Growth. Oxford: Oxford University
Press, 2007).
2. A cisão de atividades entre pessoas jurídicas distintas não revela qualquer intuito fraudulento,
consubstanciando estratégia, garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira, de
configuração das empresas, incorporada à Administração Pública por imperativo de eficiência
(art. 37, caput, CRFB), para fazer frente às exigências dos consumidores e cidadãos em geral,
justamente porque a perda de eficiência representa ameaça à sobrevivência da empresa e ao
emprego dos trabalhadores.
3. Histórico científico: Ronald H. Coase, “The Nature of The Firm”, Economica (new series), Vol.
4, Issue 16, p. 386-405, 1937. O objetivo de uma organização empresarial é o de reproduzir
a distribuição de fatores sob competição atomística dentro da firma, apenas fazendo sentido
a produção de um bem ou serviço internamente em sua estrutura quando os custos disso
não ultrapassarem os custos de obtenção perante terceiros no mercado, estes denominados
“custos de transação”, método segundo o qual firma e sociedade desfrutam de maior produção
e menor desperdício.
4. A Teoria da Administração qualifica a terceirização (outsourcing) como modelo organizacional
de desintegração vertical, destinado ao alcance de ganhos de performance por meio da
transferência para outros do fornecimento de bens e serviços anteriormente providos pela
própria firma, a fim de que esta se concentre somente naquelas atividades em que pode gerar
o maior valor, adotando a função de “arquiteto vertical” ou “organizador da cadeia de valor”.
5. A terceirização apresenta os seguintes benefícios: (i) aprimoramento de tarefas pelo
aprendizado especializado; (ii) economias de escala e de escopo; (iii) redução da complexidade
organizacional; (iv) redução de problemas de cálculo e atribuição, facilitando a provisão
de incentivos mais fortes a empregados; (v) precificação mais precisa de custos e maior
transparência; (vi) estímulo à competição de fornecedores externos; (vii) maior facilidade
de adaptação a necessidades de modificações estruturais; (viii) eliminação de problemas
de possíveis excessos de produção; (ix) maior eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre

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departamentos com desempenhos diferentes; (x) redução dos custos iniciais de entrada
no mercado, facilitando o surgimento de novos concorrentes; (xi) superação de eventuais
limitações de acesso a tecnologias ou matérias-primas; (xii) menor alavancagem operacional,
diminuindo a exposição da companhia a riscos e oscilações de balanço, pela redução de seus
custos fixos; (xiii) maior flexibilidade para adaptação ao mercado; (xiii) não comprometimento
de recursos que poderiam ser utilizados em setores estratégicos; (xiv) diminuição da
possibilidade de falhas de um setor se comunicarem a outros; e (xv) melhor adaptação a
diferentes requerimentos de administração, know-how e estrutura, para setores e atividades
distintas.
6. A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. 37, caput, da Constituição),
deve empregar as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de excelência
à população com os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela teoria e
pela prática internacional, que a terceirização não importa precarização às condições dos
trabalhadores.
7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplência do contratado, com
referência aos encargos trabalhistas, não transfere à Administração Pública a responsabilidade
por seu pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime porque a Lei nº
9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de não responsabilização com referência a
encargos trabalhistas.
8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já reconhecida por esta Corte em
caráter erga omnes e vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno,
julgado em 24/11/2010.
9. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte admitida, julgado procedente
para fixar a seguinte tese para casos semelhantes: “O inadimplemento dos encargos
trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário,
nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”.
(RE 760931, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal
Pleno, julgado em 26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017)
💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 2. Sobre a competência legislativa dos entes federados, avalie as assertivas e escolha a correta:

A) É inconstitucional lei estadual que dispensa multa por quebra da fidelidade nos contratos com as
empresas de telefonia em caso de desemprego superveniente do cliente.

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B) É inconstitucional lei estadual que exija que o pescador, para exercer sua atividade, cadastre-se em
entidade privada (Federação de Pescadores) que cobra taxa por essa fiscalização.

C) A lei Federal n.º 13.060/2014, que trata sobre o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo pelos
agentes de segurança pública, desbordou dos limites da competência legislativa da União em violação à
autonomia dos Estados.

D) É constitucional norma inserida na constituição estadual que repute crime de responsabilidade o atraso
reiterado no pagamento do vencimento de servidores.

E) Compete privativamente à União a regulamentação dos planos de saúde e de assistência suplementar,


inclusive no que toca à obrigação destes fornecerem aos consumidores informações e documentos
justificando as razões pelas quais houve recusa de algum procedimento, tratamento ou internação.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: As primeiras assertivas desta questão podem ser extraídas pela leitura do Informativo 937 de
maio de 2019 do Supremo Tribunal Federal.

Para a assertiva A, que é incorreta, leia-se o trecho:

Multa contratual de fidelidade telefônica e vínculo empregatício


O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade
ajuizada contra a Lei 6.295/2012, do Estado do Rio de Janeiro, que obriga as concessionárias
de telefonia fixa e celular a cancelarem multa contratual de fidelidade quando o usuário
comprovar que perdeu o vínculo empregatício após a adesão ao contrato.
O colegiado entendeu que se trata de norma de proteção ao consumidor rigorosamente
contida no art. 24, V (1), da Constituição Federal (CF). A norma não interfere na estrutura de
prestação do serviço público nem no equilíbrio dos contratos administrativos, razão pela qual
não há usurpação da competência legislativa privativa da União.
(1) CF/1998: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...) V – produção e consumo;”
ADI 4908/RJ, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 11.4.2019. (ADI-4908)
B) CORRETA: Para a assertiva B, que é a resposta correta, veja-se:

ADI: competência suplementar e pesca semiprofissional ou esportiva -


O Plenário confirmou medida cautelar deferida pelo ministro Alexandre de Moraes (relator)
em decisão monocrática e julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta

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para declarar a inconstitucionalidade do art. 2º, caput e parágrafo único, e do art. 3º, caput e
parágrafo único, da Lei gaúcha 12.557/2006 (1). A legislação impugnada dispõe sobre a pesca
semiprofissional ou esportiva.
O colegiado esclareceu que se trata de hipótese de competência legislativa concorrente e,
portanto, cabem à União as normas gerais; e ao estado-membro, as normas complementares.
No entanto, a unidade federativa desrespeitou a distribuição de competência e usurpou
competência geral.
Em seu art. 2º, o ato normativo determina o cadastro e a habilitação anual para o exercício da
atividade na Federação de Pescadores do Estado do Rio Grande do Sul, sem obrigatoriedade
de filiação. No ponto, a Corte registrou existir legislação federal que regulamenta todo
o procedimento de habilitação de pesca com requisitos nacionais (Lei 10.683/2003). No
diploma federal, entendeu-se necessária a centralização de regras uniformes de habilitação,
licenciamento e credenciamento de pescadores. Cuida-se de norma geral para o controle dos
procedimentos.
Além disso, a Corte reputou inconstitucional a estipulação de cadastramento em federação,
entidade de direito privado, com previsão do recebimento de valor de taxa, a ser criada, de
cadastro e fornecimento da habilitação para o exercício da atividade (art. 3º).
Ao acompanhar o relator, o ministro Marco Aurélio ressalvou que não se examina conflito de
lei estadual com lei federal e que o fato de vir à balha lei geral federal não torna insubsistente
legislação estadual.
(1) Lei 12.557/2006 do Estado do Rio Grande do Sul: “Art. 2º O pescador semiprofissional ou
esportivo deverá, anualmente, cadastrar-se e habilitar-se para o exercício da atividade na
Federação de Pescadores do Estado do Rio Grande do Sul, sem obrigatoriedade de filiação a
esse órgão, na forma definida na regulamentação desta Lei. Parágrafo único. O cadastro a que
se refere o “caput” deverá ser mantido atualizado pela Federação de Pescadores do Estado do
Rio Grande do Sul, bem como remetido, anualmente, aos órgãos federais responsáveis pela
pesca e pelo meio ambiente. Art. 3º A taxa de cadastro e o fornecimento da habilitação para
exercer a atividade de pescador semiprofissional ou esportivo será definida em Assembleia
Geral da Federação de Pescadores do Estado do Rio Grande do Sul. Parágrafo único. Reverterão
ao Batalhão Ambiental da Brigada Militar 15% (quinze por cento) dos valores arrecadados
com as taxas, com a finalidade de auxiliar o custeio das ações de fiscalização da pesca no
Estado.”
ADI 3829/RS, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 11.4.2019. (ADI-3829)
C) INCORRETA: A assertiva C:

Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado

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em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei 13.060/2014, que disciplina o


uso de instrumentos de menor potencial ofensivo por agentes de segurança pública em todo
o território nacional (Informativo 922).
Prevaleceu o voto do ministro Edson Fachin, que assinalou inexistir invasão da autonomia
estadual, porque a União detém competência legislativa sobre a matéria. Esclareceu que a
norma objetiva regular o uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, medida atinente à
garantia do direito à vida, competência comum atribuída à União, aos estados-membros e aos
municípios [Constituição Federal (CF), art. 23, I (1)]. As obrigações dirigidas aos órgãos públicos
apenas explicitam a proteção de direito e expõem o que está no texto constitucional. Por
força da cláusula material de abertura (CF, art. 5º, § 2º), ninguém poderá ser arbitrariamente
privado de sua vida (Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, art. 6º).
Noutro passo, o ministro assentou a improcedência da alegada usurpação da iniciativa do
Poder Executivo. Embora haja, de fato, dever imposto a servidores daquele Poder, a situação
comporta especificidade. Destina-se de forma genérica e abrangente a todos os quadros
integrantes do serviço de segurança pública. Além disso, regulamentar o uso da força não
é atribuição exclusiva do Poder Executivo. Tal como as práticas médicas são autorizadas por
lei, reguladas por conselhos profissionais e se aplicam a todos os médicos, servidores ou não,
a regulação do uso da força destina-se à totalidade dos agentes do Estado, que detém esse
monopólio.
A seu ver, sob a ótica material, não há que se falar em usurpação da competência própria
dos órgãos policiais para definir os melhores padrões de atuação policial. O ato normativo
adversado limita-se a colher obrigações que decorrem da proteção do direito à vida, entre as
quais está a de impedir que qualquer um seja arbitrariamente dela privado. A arbitrariedade
é aferida objetivamente por meio de padrões mínimos de razoabilidade e proporcionalidade
e também de padrões internacionais de referência, como os Princípios Básicos sobre o Uso da
Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados em
congresso das Nações Unidas.
Em seu art. 9º, aquele documento preceitua que os responsáveis pela aplicação da lei não
usarão armas de fogo contra pessoas, exceto se outros meios menos extremados revelem-
se insuficientes em casos de legítima defesa própria ou de outrem contra ameaça iminente
de morte ou ferimento grave; para impedir a perpetração de crime particularmente grave
que envolva séria ameaça à vida; para efetuar a prisão de alguém que represente risco e
resista à autoridade; ou para impedir a fuga de tal indivíduo. Em qualquer hipótese, o uso
letal intencional de armas de fogo somente poderá ser feito quando estritamente inevitável à
proteção da vida.
De acordo com o ministro Edson Fachin, as garantias previstas na Lei 13.060/2014 não

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podem ser suplantadas, porque são substrato à proteção exigida constitucionalmente. Ao ser
regulamentada, a norma poderá ser pormenorizada e detalhada pelo Poder Executivo e pelas
próprias forças policiais.
O ministro Roberto Barroso registrou que a lei apenas estabelece diretrizes gerais para o uso
de armas de fogo em âmbito nacional, de acordo com critérios razoáveis de proporcionalidade.
Segundo ele, cuida-se da competência da União para edição de normas gerais [CF, art. 22, XXI
e XXVIII (2)], que podem até mesmo ser complementadas pelos estados-membros.
Vencidos os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Marco Aurélio, que julgaram procedente
a pretensão veiculada nos autos. Vislumbraram a ocorrência de inconstitucionalidade formal,
por vício de iniciativa parlamentar, e material, por ofensa aos postulados da separação dos
poderes e da autonomia estadual.
(1) CF/1988: “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios: I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e
conservar o patrimônio público;”
(2) CF/1988: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXI – normas gerais
de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
militares e corpos de bombeiros militares; (...) XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial,
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;”
ADI 5243/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento
em 11.4.2019. (ADI-5243)
A ementa do acórdão deixa mais clara a discussão:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL. LEI FEDERAL


13.060/2014. NORMA QUE DISCIPLINA O USO DOS INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO PELOS AGENTES DE SEGURANÇA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À AUTONOMIA
ESTADUAL, À INICIATIVA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO OU À RESERVA DE
ADMINISTRAÇÃO. AÇÃO DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. 1. Lei federal que disciplina o uso
dos instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública e que visa
proteger o direito à vida não ofende a autonomia estadual. 2. A proporcionalidade no uso da
força por parte dos agentes de segurança decorre diretamente do texto constitucional e dos
tratados de direitos humanos que a República Federal do Brasil aderiu. 3. Nenhuma pessoa
pode ser arbitrariamente privada de sua vida. A arbitrariedade é aferida de forma objetiva, por
meio de padrões mínimos de razoabilidade e proporcionalidade, como os estabelecidos pelos
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei, adotados em 7 de setembro de 1990, por ocasião do Oitavo Congresso das
Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes. 4. A Lei Federal

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13.060/2014 dá respaldo aos Princípios Básicos, adotando critérios mínimos de razoabilidade


e objetividade, e, como tal, nada mais faz do que concretizar o direito à vida. 5. Ação direta
julgada improcedente.
(ADI 5243, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON
FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 11/04/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-169 DIVULG 02-
08-2019 PUBLIC 05-08-2019)
D) INCORRETA: A assertiva D vai contra a letra da Súmula Vinculante 46 do Supremo Tribunal Federal,
aprovada em abril de 2015: “definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União”. (Informativo n.º 780).”

E) INCORRETA: A assertiva E também está equivocada. O Supremo Tribunal Federal decidiu que os Estados
da federação podem legislar no que toca à transparência e publicidade dos processos administrativos de
autorização e aprovação de exames e procedimentos, em exercício da competência suplementar de proteção
ao consumidor (art. 24, V, §2º, da CF/88), inexistindo violação à competência privativa da União para dispor
sobre direito civil e política de seguros (artigo 22, I e VII, da CF/88). Para maior esclarecimento, leia-se a
ementa:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 3.885, DE 20/4/2010, DE MATO GROSSO


DO SUL. DIREITO À INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR. OPERADORAS DE PLANO OU SEGURO DE
ASSISTÊNCIA À SAÚDE. OBRIGATORIEDADE DE ENTREGA DE COMPROVANTE ESCRITO EM CASO
DE NEGATIVA, TOTAL OU PARCIAL, DE COBERTURA DE PROCEDIMENTO MÉDICO, CIRÚRGICO OU
DE DIAGNÓSTICO, BEM COMO DE TRATAMENTO E INTERNAÇÃO. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
CONCORRENTE. NORMA ESTADUAL SUPLEMENTAR. ART. 24, INC. V E § 2º, DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. OBRIGAÇÃO EXTRACONTRATUAL. DEFESA DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE
CONTRARIEDADE AOS ARTS. 5º, INC. XXXVI, 22, INCS. I E VII, E 170 DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. 1. A abertura do setor de assistência à saúde
à iniciativa privada não obsta a regulação dessa atividade pelo Estado, indispensável para
resguardar outros direitos garantidos pela Constituição, em especial a dignidade da pessoa
humana, a defesa do consumidor e os direitos à saúde, à integridade física e à vida. 2. Nos
termos do art. 24, inc. V e § 2º, da Constituição da República, os Estados e o Distrito Federal
dispõem de competência legislativa suplementar para editar normas de defesa do consumidor.
3. A Lei n. 3.885/2010, de Mato Grosso do Sul, é ato normativo instrumentalizador do
consumidor com meios necessários para sua defesa, além de densificar o direito à informação,
prefacialmente posto no inc. XIV do art. 5º da Constituição da República e seguido pelo Código
de Defesa do Consumidor (arts. 4º, inc. IV, 6º, inc. III, e 55, § 4º, da Lei n. 8.078/1990). 4. Mais
se revela pertinente a norma de proteção do consumidor quanto maior for a hipossuficiência
ou déficit de informação daquele que, transitória ou permanentemente debilitado, esteja em

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estado de especial vulnerabilidade em face do fornecedor do serviço. 5. O princípio da livre


iniciativa não pode ser invocado para afastar regras de regulamentação do mercado e de
defesa do consumidor. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.
(ADI 4512, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 07/02/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-130 DIVULG 14-06-2019 PUBLIC 17-06-2019)
💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 3. No que diz respeito aos requisitos necessários para compatibilidade com a Constituição
Federal da criação de cargos em comissão pela Administração Pública, assinale a resposta INCORRETA:

A) A criação de cargos em comissão justifica-se para o exercício de funções de direção, chefia e


assessoramento.

B) É necessária a presença de relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado.

C) O número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que eles
visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar.

D) Demonstrada a excepcionalidade do caso concreto por decisão fundamentada em processo


administrativo, poderá ser destinada ao desempenho de atividades técnicas.

E) As atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei
que os instituir.

💡💡 GABARITO COMENTADO

D) INCORRETA (responde as demais alternativas): Primeiramente, deve-se frisar que a resposta a ser
assinalada deveria corresponder àquela que trouxesse assertiva inadequada. Para a resolução do caso, o
aluno deve conhecer o precedente do Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 1041210, em que
fixados por repercussão geral os requisitos para validade e constitucionalidade da criação de cargos em
comissão:

Criação de cargos em comissão. Requisitos estabelecidos pela Constituição Federal. Estrita


observância para que se legitime o regime excepcional de livre nomeação e exoneração.
Repercussão geral reconhecida. Reafirmação da jurisprudência da Corte sobre o tema. 1. A
criação de cargos em comissão é exceção à regra de ingresso no serviço público mediante
concurso público de provas ou provas e títulos e somente se justifica quando presentes os
pressupostos constitucionais para sua instituição. 2. Consoante a jurisprudência da Corte,
a criação de cargos em comissão pressupõe: a) que os cargos se destinem ao exercício

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de funções de direção, chefia ou assessoramento, não se prestando ao desempenho de


atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) necessária relação de confiança entre
a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) que o número de cargos comissionados
criados guarde proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e com o número
de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os institui; e d) que as
atribuições dos cargos em comissão estejam descritas de forma clara e objetiva na própria
lei que os cria. 3. Há repercussão geral da matéria constitucional aventada, ratificando-se a
pacífica jurisprudência do Tribunal sobre o tema. Em consequência disso, nega-se provimento
ao recurso extraordinário. 4. Fixada a seguinte tese:
a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de
direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades
burocráticas, técnicas ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante
e o servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a
necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos
efetivos no ente federativo que os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva,
na própria lei que os instituir.
(RE 1041210 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 27/09/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-107 DIVULG 21-05-2019 PUBLIC 22-05-
2019)
Nota-se que os quatro requisitos fixados pela tese correspondem às assertivas A, B, C e E. A assertiva D, a
seu turno, está equivocada precisamente porque o precedente não admite a criação de cargos em comissão
para atividades técnicas.

💡💡 GABARITO: D

PROFESSOR RAFAEL PORTO

🏳🏳 DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 4. São objetivos constitucionais expressos da seguridade social, exceto:

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A) Irredutibilidade do valor dos benefícios, assegurado o seu reajustamento para preservar-lhes, em


caráter permanente, o valor real.

B) Nenhum benefício ou serviço poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte
de custeio total.

C) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.

D) Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite.

E) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA (responde as demais alternativas): Prezados alunos, as nossas questões, no presente


curso, pretendem propiciar uma revisão – sucinta – de nossa disciplina, razão pela qual avançaremos
paulatinamente na matéria, observando a mesma sequência lógica que empreendemos em nosso Manual
de Direito Previdenciário, recentemente lançado pela Editora CEI. Começamos, assim, pela Teoria Geral da
Seguridade Social, nessa primeira rodada.

Os princípios usualmente citados pela doutrina como aplicáveis à seguridade social são aqueles arrolados no
par. único do art. 194 da CRFB (que, não obstante, os denomina “objetivos”). Nem todos podem ser traduzidos
verdadeiramente como princípios, já que alguns se enquadram melhor como regras. A doutrina comumente
aponta também a existência do princípio da solidariedade, implícito no sistema (embora genericamente
previsto como objetivo fundamental da república, no art. 3º da CRFB).

Todos os objetivos mencionados nas assertivas “c” a “e” estão expressamente mencionados no referido
dispositivo (respectivamente, incisos III, VII e II). O objetivo mencionado na assertiva “b”, por sua vez, consta
no §5º do art. 195.

A irredutibilidade do valor dos benefícios até é mencionada no inciso IV, mas sem o complemento “assegurado
o seu reajustamento para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real “. Isto consta no §4º do
art. 201 da CRFB, que está já na Seção dedicada à Previdência Social. Assim, no que tange aos benefícios
previdenciários, a CRFB fala expressamente em manutenção do valor real e não meramente do nominal, mas
não quanto à seguridade social como um todo.

💡💡 GABARITO: A

QUESTÃO 5. Considerando os princípios e objetivos aplicáveis à seguridade social, assinale a alternativa


incorreta:

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A) Segundo a doutrina, o princípio da universalidade da cobertura e do atendimento deve ser compreendido


sob duas perspectivas: uma, objetiva (universalidade da cobertura); outra, subjetiva (universalidade do
atendimento).

B) Segundo a doutrina, a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e


rurais exige igual sistema de proteção social, é dizer, o mesmo elenco de prestações, com critérios idênticos
de apuração do respectivo valor.

C) Embora não previsto expressamente na CRFB, a doutrina majoritária reconhece a presença implícita do
princípio da solidariedade, a qual, inclusive, é a justificativa elementar para a compulsoriedade do sistema
previdenciário.

D) Segundo a doutrina majoritária, o princípio da equidade na forma de participação no custeio em estudo


expressa exatamente o princípio tributário (genérico) da capacidade contributiva no âmbito da seguridade
social, não tendo dimensões adicionais.

E) Por um lado, a diversidade da base de financiamento é um princípio visto pela doutrina como expressão
da solidariedade; por outro lado, aponta a doutrina que há também uma utilidade prática – pragmática,
financista - na existência de variadas fontes de custeio.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A assertiva “a” está correta. Com efeito, é esta a leitura que faz a doutrina amplamente
majoritária (por todos, Wagner Balera).

B) CORRETA: A assertiva “b” está correta. É também esta a leitura que faz a doutrina amplamente majoritária
(por todos, Wagner Balera).

C) CORRETA: A assertiva “c” está correta. Como já dito na questão anterior, a doutrina majoritária reconhece
a presença implícita do princípio da solidariedade, que é tido como a justificativa elementar para a
compulsoriedade do sistema previdenciário (por todos, Fábio Zambitte Ibrahim).

D) INCORRETA: A assertiva “d” está incorreta. Segundo a doutrina majoritária, o princípio em estudo expressa
parcialmente o princípio tributário (genérico) da capacidade contributiva. Com efeito, tendo em vista a já
apontada ideia de solidariedade e outros princípios (como o da isonomia) e objetivos fundamentais (tal como
“erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, consagrado no art.
3º, III) previstos na CRFB, a seguridade social - e mesmo a previdência - não deixa de desempenhar também
um papel redistributivo. Neste sentido, anota Balera que “a equidade é a dimensão específica da isonomia
no campo do custeio da seguridade social. (...) a equidade no custeio tal como o princípio da capacidade
contributiva acabam adjudicando aos tributos ‘uma função política e colocando o critério fiscal sob a influência

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preponderante de sua repercussão no terreno social, subordinando o seu quantum à capacidade econômica
do contribuinte’.”. Não obstante, tal fator não é o único – e talvez não seja o principal – que deve ser levado
em conta na análise do princípio da equidade (até porque, sendo as contribuições sociais espécies do gênero
“tributo”, não haveria necessidade de se valer aqui de outra – é dizer, diversa - expressão), sendo preciso,
portanto, sopesar também o dispêndio, potencial ou real, que a atividade ou setor tributado pode gerar à
Seguridade. Neste sentido, afirma Balera que “A medida da capacidade econômica de certa empresa, e a
carga fiscal que lhe incumbe suportar, estará relacionada, necessariamente, com o lugar social que a mesma
ocupa e com as repercussões da respectiva atividade no universo da seguridade social” . No subsistema
previdenciário, pautado na teoria geral do seguro - em que o prêmio pago deve guardar relação proporcional
com a magnitude do risco coberto -, tal concepção é até mais vigorosa . Neste sentido, anota Marisa Ferreira
dos Santos: “A nosso ver, a equidade na forma de participação no custeio não corresponde, exatamente,
ao princípio da capacidade contributiva. O conceito de ‘equidade’ está ligado à ideia de ‘justiça’, mas não
à justiça em relação às possibilidades de contribuir, e sim à capacidade de gerar contingências que terão
cobertura pela seguridade social. Então, a equidade na participação no custeio deve considerar, em primeiro
lugar, a atividade exercida pelo sujeito passivo e, em segundo lugar, sua capacidade econômico-financeira.
Quanto maior a probabilidade de a atividade exercida gerar contingências com cobertura, maior deverá ser
a contribuição”. Em suma, além da capacidade contributiva, é preciso levar em conta também outros fatores,
como especialmente o risco gerado pela atividade, já que isto acarreta mais despesas para o subsistema
previdenciário e tende a gerar também para os subsistemas de saúde e assistência.

E) CORRETA: A assertiva “e” está correta. Por um lado, a diversidade da base de financiamento é um princípio
visto pela doutrina como expressão da solidariedade, senão vejamos: “O financiamento da seguridade social
é de responsabilidade de toda a comunidade, na forma do art.195 da CF. Trata-se da aplicação do princípio
da solidariedade, que impõe a todos os segmentos sociais — Poder Público, empresas e trabalhadores — a
contribuição na medida de suas possibilidades. A proteção social é encargo de todos porque a desigualdade
social incomoda a sociedade como um todo.” (Marisa Ferreira dos Santos). Destarte, chama-se toda a
sociedade, por meio da criação de fontes diversificadas, para aportar recursos à seguridade social, espraiando
o ônus e - outra face da moeda - sem sobrecarregar demasiadamente um único setor, embora se deva onerar
mais, por uma razão lógica, aqueles que usufruem, direta (segurados) ou indiretamente (empresários), da
cobertura previdenciária .

Por outro lado, contudo, aponta a doutrina que há também uma utilidade prática – pragmática, financista -
na existência de variadas fontes de custeio, como bem ressalta Zambitte: “Enfim, a ideia da diversidade da
base de financiamento é apontar para um custeio da seguridade social o mais variado possível, de modo
que oscilações setoriais não venham a comprometer a arrecadação de contribuições. Da mesma forma, com
amplo leque de contribuições, a seguridade social tem maior possibilidade de atingir sua principal meta,
que é a universalidade de cobertura e atendimento.”. Em suma, é aquela arraigada ideia de não investir tudo

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numa única fonte, senão diversificar os investimentos de modo a amainar o risco, o que é salutar em se
tratando de um sistema que necessita de solidez e atende continuamente milhões de pessoas em situação
de necessidade social.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 6. Considerando o regime de assistência social, assinale a alternativa incorreta:

A) É princípio setorial a supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de


rentabilidade econômica.

B) É diretriz setorial a centralização político-administrativa na União, e comando desconcentrado nessa


esfera de governo.

C) É diretriz setorial a primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social


em cada esfera de governo.

D) É objetivo setorial a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.

E) É objetivo setorial a promoção da integração ao mercado de trabalho.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Além dos aspectos relacionados ao benefício assistencial de prestação continuada, observamos que o que
tem sido cobrado nas provas das carreiras federais com relação à assistência social são suas diretrizes,
princípios e objetivos, além do conceito, matéria que é coberta pelos arts. 1º, 2º, 4º e 5º da Lei n. 8.742/93.
Assim, o candidato precisa conhecer tais dispositivos. Trabalhamos aqui um pouco com eles. Vejamos tais
dispositivos:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social
não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado
de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades
básicas.
Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência
de riscos, especialmente:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;

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d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à


vida comunitária; e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família;
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva
das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das
provisões socioassistenciais.
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma
integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para
atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais.
Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:
I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade
econômica;
II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial
alcançável pelas demais políticas públicas;
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de
qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação
vexatória de necessidade;
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza,
garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como
dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
e comando único das ações em cada esfera de governo;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações em todos os níveis;
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em
cada esfera de governo.
A) CORRETA: A assertiva “a” está correta. Neste sentido, o disposto no art. 4º, I, da Lei n. 8.742/93, acima
transcrito.

B) INCORRETA: A assertiva “b” está incorreta. Efetivamente, contraria o disposto no art. 5º, I, da Lei n.

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8.742/93, acima transcrito.

C) CORRETA: A assertiva “c” está correta. Neste sentido, o disposto no art. 5º, III, da Lei n. 8.742/93, acima
transcrito.

D) CORRETA: A assertiva “d” está correta. Neste sentido, o disposto no art. 2º, I, a, da Lei n. 8.742/93, acima
transcrito.

E) CORRETA: A assertiva “e” está correta. Neste sentido, o disposto no art. 2º, I, c, da Lei n. 8.742/93, acima
transcrito.

💡💡 GABARITO: B

PROFESSOR MARLLON SOUSA

🏳🏳 DIREITO PENAL

QUESTÃO 7. Assinale a alternativa incorreta:

A) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

B) A pena-base no crime de furto mediante fraude, cujo ardil seria a subtração de valores de correntistas
pelo “hackeamento” de senhas pela internet, não pode ser aumentada considerando-se como motivos
negativos a obtenção de lucro fácil, pois tal elemento é inerente ao tipo penal.

C) A causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, par. 4º da Lei n. 11343/2006 não é aplicável
ao crime previsto no art. 28 do referido diploma legal.

D) Segundo o STJ, a pena do crime previsto no art. 273 do Código Penal é inconstitucional por violar do
princípio da proporcionalidade.

E) Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da Federação.

💡💡 GABARITO COMENTADO

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A) CORRETA: A alternativa “A” está correta. Cuida-se de repetição da Súmula n. 582 do STJ que foi editada
para consagrar posição quanto à desnecessidade de posse mansa e pacífica da coisa, para a consumação do
delito de roubo.

SÚMULA 582
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente
e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Órgão Julgador TERCEIRA SEÇÃO Data da Decisão 14/09/2016 Fonte DJE DATA:19/09/2016 RB
VOL.:00637 PG:00081 RSSTJ VOL.:00046 PG:00489
Referências Legislativas LEG:FED LEI:013105 ANO:2015 ***** CPC-15 CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL DE 2015 ART:01036 LEG:FED DEL:002848 ANO:1940 ***** CP-40 CÓDIGO PENAL
ART:00157 Precedentes AgRg no REsp 1201491 RJ 2010/0120953-7 Decisão:15/03/2016
DJE DATA:12/04/2016 AgRg no AREsp 515834 MG 2014/0113195-9 Decisão:23/02/2016 DJE
DATA:11/03/2016 REsp 1440149 SP 2014/0044962-7 Decisão:03/12/2015 DJE DATA:15/12/2015
REsp 1351255 RJ 2012/0230482-6 Decisão:19/11/2015 DJE DATA:03/12/2015 REsp 1499050
RJ 2014/0319516-0 Decisão:14/10/2015 DJE DATA:09/11/2015 RDTJRJ VOL.:00107 PG:00082
RSSTJ VOL.:00046 PG:00489 AgRg no REsp 1490926 RS 2014/0280309-2 Decisão:10/02/2015
DJE DATA:23/02/2015 AgRg nos EDcl no AREsp 506442 ES 2014/0098429-6 Decisão:18/12/2014
DJE DATA:02/02/2015 HC 202394 RJ 2011/0072743-4 Decisão:25/11/2014 DJE
DATA:03/12/2014 HC 270093 SP 2013/0141212-5 Decisão:06/11/2014 DJE DATA:14/11/2014
EDcl no REsp 1425160 RJ 2013/0410595-2 Decisão:09/09/2014 DJE DATA:25/09/2014 Súmulas
do Superior Tribunal de Justiça Página 774 de 849 AgRg no AREsp 503847 RS 2014/0093428-8
Decisão:18/06/2014 DJE DATA:01/08/2014
B) CORRETA: A alternativa “B” está correta. Sendo o furto um crime contra o patrimônio, o elemento intenção
de lucro é inerente ao tipo penal. Aumentar a pena-base do delito contra o patrimônio ao argumento de que
o agente visa ao lucro fácil no caso de furto configura claro bis in idem.

Confira-se:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. FURTO. DOSIMETRIA.


PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA O
INCREMENTO DA REPRIMENDA PELA CONDUTA SOCIAL E PERSONALIDADE DO RÉU. TÍTULOS
CONDENATÓRIOS TRANSITADOS EM JULGADO. MAUS ANTECEDENTES CONFIGURADOS.
FOLHA DE ANTECEDENTES PRISIONAIS. DOCUMENTO VÁLIDO PARA A COMPROVAÇÃO
DO HISTÓRICO CRIMINAL DO RÉU. MOTIVOS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA
DECLINADA. CULPABILIDADE. ÓBICE AO BIS IN IDEM. CONSEQUÊNCIAS E CIRCUNSTÂNCIAS DO

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CRIME. AUMENTO AFASTADO. PENA REDIMENSIONADA. RÉU PRIMÁRIO. PENA INFERIOR A 4


ANOS DE RECLUSÃO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. DESPROPORCIONALIDADE
DO REGIME PRISIONAL FECHADO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL POR RESTRITIVA DE
DIREITOS. MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DA BENESSE. WRIT NÃO
CONHECIDO E ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal
pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo
quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. A
individualização da pena, como atividade discricionária do julgador, está sujeita à revisão
apenas nas hipóteses de flagrante ilegalidade ou teratologia, quando não observados os
parâmetros legais estabelecidos ou o princípio da proporcionalidade. 3. No que tange
à conduta social e à personalidade do agente, a Quinta Turma deste Superior Tribunal de
Justiça passou a entender que as condenações transitadas em julgado, mesmo que em maior
número, não podem ser utilizadas para majorar a pena-base em mais de uma circunstância
judicial, devendo ser valoradas somente a título de maus antecedentes. Precedentes. 4. Nos
termos da jurisprudência desta Corte, a condenação por crime anterior à prática delitiva,
com trânsito em julgado posterior à data do crime sob apuração, malgrado não configure
reincidência, enseja a valoração negativa da circunstância judicial dos antecedentes,
justificando a exasperação da pena-base. Precedentes. 5. O Superior Tribunal de Justiça firmou
entendimento de que “a folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a
comprovar os maus antecedentes e a reincidência, não sendo necessária a apresentação de
certidão cartorária” (HC 291.414/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 22/9/2016, DJe 30/9/2016). 6. Conquanto a busca de lucro fácil seja
própria aos crimes contra o patrimônio, restou assentado nos autos que o agente pretendia
vender o micro-ônibus a um receptador, o que denota serem os motivos do crime mais
reprováveis do que os normais aos crimes de furto, pois, além do ganho patrimonial, o réu
pretendia praticar um novo delito (CP, art. 180). 7. Quanto à culpabilidade, deve ser avaliado
o menor ou maior grau de censura do comportamento do réu, não se tratando de verificação
da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não
de delito. In casu, foi reconhecido que a conduta o réu “estava a propiciar diversos outros
delitos envolvendo o veículo automotor” (e-STJ, fl. 26). Tal fato, porém, já foi sopesado a título
de motivos co crime, não sendo admissível a valoração de uma mesma circunstância concreta
para exasperar básica por duas vezes. 8. Para fins do art. 59 do Código Penal, as circunstâncias
do crime são os aspectos objetivos e subjetivos de natureza acidental que envolvem o fato
delituoso. Na espécie dos autos, o modus operandi não destoa do próprio ao crime de
furto, não sendo possível, por consectário, exasperar a pena por tal vetor. 9. Em relação às

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consequências do crime, que devem ser entendidas como o resultado da ação do agente, a
avaliação negativa de tal circunstância judicial mostra-se escorreita se o dano material ou
moral causado ao bem jurídico tutelado se revelar superior ao inerente ao tipo penal. In casu,
o prejuízo suportado pela vítima não se mostra mais expressivo do que o ínsito aos crimes
contra o patrimônio. Com efeito, o bem foi recuperado sem maiores danos, tendo a vítima
suportado apenas o prejuízo com a venda do tacógrafo, que fora arrancado e repassado a
terceiros antes da prisão em flagrante do réu. 10. Estabelecida a pena-base acima do mínimo
legal, por ter sido desfavoravelmente valorada circunstância do art. 59 do CP, admite-se a
fixação de regime prisional mais gravoso do que o indicado pelo quantum de reprimenda
imposto ao réu. Precedentes. 11. Tratando-se de réu primário, ao qual foi imposta pena-base
acima do piso legal, tendo sido reduzida a reprimenda ao patamar de 1 ano e 9 meses de
reclusão, deve ser reconhecida a proporcionalidade do meio prisional semiaberto para o
início do desconto da sanção corporal a ele estabelecida pela prática do crime de furto. 12. O
art. 44, III, do Código Penal estabelece que será admitida a substituição da pena corporal por
restritiva de direitos se “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição
seja suficiente”. 13. Cuida-se de réu primário, mas que ostenta maus antecedentes e, por
conseguinte, ainda que a sanção corporal a ele imposta seja inferior a 4 anos de reclusão,
não restam atendidos os pressupostos necessários para a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, nos termos do art. 44 do Código Penal. 14. Habeas corpus
não conhecido. Ordem concedida de oficio para reduzir a pena a 1 ano e 9 meses de reclusão,
a ser cumprida em regime prisional semiaberto, salvo se, por outro motivo, o paciente estiver
descontando reprimenda em meio prisional diverso. ..EMEN: (HC - HABEAS CORPUS - 369322
2016.02.27917-9, RIBEIRO DANTAS, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:26/02/2018

HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESVIRTUAMENTO.


IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. DOSIMETRIA. PENA-BASE. CULPABILIDADE. ELEMENTO
INTEGRANTE DA PRÓPRIA ESTRUTURA DO CRIME. IMPOSSIBILIDADE. REITERAÇÃO
CRIMINOSA. BIS IN IDEM. CIRCUNSTÂNCIA JÁ SOPESADA PARA FINS DE RECONHECIMENTO DA
CONTINUIDADE DELITIVA. TRIBUNAL DE ORIGEM. AFASTAMENTO DA VALORAÇÃO NEGATIVA
DE CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. MANUTENÇÃO DA PENA-BASE. OFENSA AO PRINCÍPIO
DA PROPORCIONALIDADE. MOTIVOS DO CRIME. ELEMENTOS INERENTES AO PRÓPRIO
TIPO PENAL VIOLADO. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO. REFORMATIO IN PEJUS. MANIFESTO
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. SANÇÃO REDIMENSIONADA. 1. É imperiosa a
necessidade de racionalização do habeas corpus, a fim de preservar a coerência do sistema
recursal e a própria função constitucional do writ, de prevenir ou remediar ilegalidade ou
abuso de poder contra a liberdade de locomoção. 2. O remédio constitucional tem suas

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hipóteses de cabimento restritas, não podendo ser utilizado em substituição a recursos


processuais penais, a fim de discutir, na via estreita, temas afetos a apelação criminal, recurso
especial, agravo em execução, tampouco em substituição a revisão criminal, de cognição mais
ampla. A ilegalidade passível de justificar a impetração do habeas corpus deve ser manifesta,
de constatação evidente, restringindo-se a questões de direito que não demandem incursão
no acervo probatório constante de ação penal. 3. Argumentos inerentes à culpabilidade em
sentido estrito - elemento integrante da estrutura do crime, em sua concepção tripartida -
não autorizam a exasperação da pena-base, a pretexto de culpabilidade desfavorável. 4. A
reiteração da investida criminosa, em um mesmo dia, não pode ensejar a valoração negativa
da culpabilidade, quando verificado que tal circunstância já foi devidamente sopesada na
terceira etapa da aplicação da pena para fins de incidência da causa geral de aumento prevista
no art. 71 do Código Penal (continuidade delitiva), sob pena de incorrer-se no inadmissível bis
in idem. 5. Uma vez verificado que o Tribunal de Justiça de origem afastou a valoração negativa
das circunstâncias judiciais da culpabilidade, dos antecedentes e da personalidade, deveria ter
diminuído a pena-base nesse ponto, sob pena de ofensa ao princípio da proporcionalidade.
6. O enriquecimento ilícito e a busca pelo lucro fácil não são hábeis a autorizar o aumento
na pena-base, a título de motivos desfavoráveis do crime, especialmente porque se trata de
crime de furto, delito patrimonial, uma vez que tais circunstâncias são inerentes ao próprio
tipo penal infringido, já tendo sido considerados pelo legislador quando da fixação da pena
abstratamente cominada a esse ilícito. 7. Conforme jurisprudência pacífica deste Superior
Tribunal, não é dado à Corte de origem, em recurso exclusivo da defesa, agregar nova
fundamentação ao decisum condenatório, sopesando, para fins de elevação da pena-base,
fatos desconsiderados pelo Juízo singular para, assim, proceder à valoração negativa das
consequências do crime, sob pena de incidir na inadmissível reformatio in pejus. 8. Ordem
não conhecida. Habeas corpus concedido de ofício, para reduzir a pena-base do paciente
ao mínimo legal, tornando a sua reprimenda definitiva em 2 anos e 11 meses de reclusão
e pagamento de 35 dias-multa. ..EMEN: (HC - HABEAS CORPUS - 252522 2012.01.79377-1,
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:13/05/2013
C) CORRETA: A alternativa “C” está correta. A causa de aumento prevista no art. 33, § 4º da Lei n. 11343/2008
é clara em aferir que o dispositivo somente se aplica aos delitos referidos no caput do art. 33. Além disso, não
haveria lógica de se aplicar tal benesse ao crime do art. 28, pois é inerente ao delito de posse ou transporte
de drogas para uso pessoal que a pessoa não seja parte de organização criminosa, o que já foi sopesado pelo
legislador ao conferir a tal crime somente medidas restritivas de direitos e não penas privativas de liberdade
como sanções.

D) CORRETA: A alternativa “D” está correta. O crime do art. 273 do CP prevê o preceito primário mais
desproporcional que existe no ordenamento jurídico ao colocar como pena mínima do delito de falsificação,

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adulteração ou corrupção de medicamentos e condutas afins a reclusão de 10 anos. Tal pena é maior que
a do homicídio doloso, tráfico, lavagem de dinheiro e roubo, demonstrando a infelicidade do legislador que
se deixou levar pelo momento político à época da edição da lei alteradora do CP, o qual era caracterizado
pela descoberta de escândalo da falsificação de remédios distribuídos no Brasil. Não obstante ao consenso
quanto à inconstitucionalidade da pena do delito, o STF ainda mantém a aplicação do preceito primário,
usando por analogia in bonam partem o preceito secundário do crime de tráfico de dorgas, embora haja
posicionamento pela aplicação do preceito secundário do delito do art. 334 e 334-A do CP.

CP
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as
matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em
diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação
a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; (Incluído pela
Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; (Incluído
pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; (Incluído
pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. (Incluído
pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 273, § 1°-B, DO CP. INCONSTITUCIONALIDADE


RECONHECIDA PELO TRIBUNAL A QUO. APLICAÇÃO DO PRECEITO SECUNDÁRIO DO ART. 33 DA
LEI DE DROGAS. ENTENDIMENTO EM CONFORMIDADE COM OS PRECEDENTES DESTA CORTE

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SUPERIOR. DESCLASSIFICAÇÃO. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO


PROVIDO. 1. O Tribunal de segundo grau reconheceu, no caso concreto, a inconstitucionalidade
do preceito secundário do art. 273, § 1º-B, I, do CP, por ofensa ao princípio da proporcionalidade,
e definiu, por analogia, que a pena a ser aplicada em substituição ao tipo penal seria a do
crime de tráfico de drogas, consideradas a natureza e a quantidade de produtos apreendidos.
O entendimento está em conformidade com a jurisprudência desta Corte Superior, o que
justificou a incidência da Súmula n. 568 do STJ. 2. O recorrente importou medicamentos com
princípio ativo sem registro no órgão competente e anabolizantes com substância prevista
em portaria da Anvisa, sujeita a controle especial. Não há falar em atipicidade dos fatos e,
de acordo com o princípio da especialidade, está correta a incursão no art. 273, §§ 1º, 1º-B,
I, do Código Penal, que contém todas as elementares do art. 334 e mais algumas. 3. Agravo
regimental não provido. (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 1509051
2015.00.10793-0, ROGERIO SCHIETTI CRUZ, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:10/09/2019 

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO,


ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU
MEDICINAIS. DOSIMETRIA. PENA-BASE. QUANTIDADE E VARIEDADE. AUSÊNCIA DE
ILEGALIDADE. CASO CONCRETO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A análise das circunstâncias judiciais
do art. 59 do Código Penal não atribui pesos absolutos para cada uma delas a ponto de ensejar
uma operação aritmética dentro das penas máximas e mínimas cominadas ao delito. Assim,
é possível que “o magistrado fixe a pena-base no máximo legal, ainda que tenha valorado
tão somente uma circunstância judicial, desde que haja fundamentação idônea e bastante
para tanto” (AgRg no REsp N. 143071/AM, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta
Turma, DJe 6/5/2015). 2. Respeitando a discricionariedade vinculada, deve ser mantida a
pena-base aplicada - 7 (sete) anos e 6 (seis) meses de reclusão -, pois proporcional à gravidade
concreta do crime e à variação das penas abstratamente cominadas ao tipo penal violado,
qual seja, 5 a 15 anos de reclusão, conforme entendimento firmado pela Corte Especial deste
Superior Tribunal de Justiça no julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade no Habeas
Corpus n. 239.363/PR, que, declarando a inconstitucionalidade do preceito secundário do
artigo 273, § 1º-B, do Código Penal, autorizou a aplicação analógica das penas previstas para
o crime de tráfico de drogas. 3. No caso, foram apreendidos 1.970 (mil, novecentas e setenta)
caixas, 578 (quinhentos e setenta e oito) cartelas, 997 (novecentos e noventa e sete) ampolas
e 138 (cento e trinta e oito) frascos de medicamentos das mais variadas espécies, conforme
auto de apresentação e apreensão n° 316/2014-4-DPF/AIN/SP. 4. Agravo regimental a que
se nega provimento. (AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
- 1434164 2019.00.23272-9, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ - QUINTA TURMA, DJE
DATA:10/05/2019 

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E) INCORRETA: A alternativa “E” está errada. A súmula n. 587 do STJ consagrou posição no sentido de que
basta a comprovação da intenção do tráfico interestadual, não sendo necessária a transposição física dos
limites.

Órgão Julgador TERCEIRA SEÇÃO Data da Decisão 13/09/2017 Fonte DJE DATA:18/09/2017
RSSTJ VOL.:00046 PG:00593 RSTJ VOL.:00247 PG:01163 Súmulas do Superior Tribunal de
Justiça Página 779 de 849
Referências Legislativas LEG:FED LEI:011343 ANO:2006 ***** LDR-06 LEI DE DROGAS ART:00040
INC:00005 Precedentes AgRg no REsp 1395663 MS 2013/0279298-6 Decisão:03/05/2016 DJE
DATA:12/05/2016 HC 318599 MS 2015/0053224-2 Decisão:07/04/2016 DJE DATA:15/04/2016
HC 326074 PE 2015/0132934-6 Decisão:10/03/2016 DJE DATA:21/03/2016 HC 339333 MS
2015/0266742-0 Decisão:01/03/2016 DJE DATA:09/03/2016 AgRg no AREsp 784321 MS
2015/0244454-3 Decisão:17/12/2015 DJE DATA:02/02/2016 AgRg no AREsp 368971 AC
2013/0258241-9 Decisão:10/11/2015 DJE DATA:18/11/2015 HC 330561 MS 2015/0174147-
7 Decisão:03/11/2015 DJE DATA:25/11/2015 RSSTJ VOL.:00046 PG:00593 REsp 1370391 MS
2013/0073453-5 Decisão:03/11/2015 REPDJE DATA:23/02/2016 DJE DATA:19/11/2015 AgRg
no REsp 1343897 MS 2012/0195268-8 Decisão:14/04/2015 DJE DATA:22/04/2015 AgRg no
REsp 1424848 MS 2013/0408974-3 Decisão:18/12/2014 DJE DATA:12/02/2015 AgRg no AREsp
419167 AC 2013/0360640-3 Decisão:06/05/2014 DJE DATA:15/05/2014 AgRg no REsp 1390977
MS 2013/0229530-9 Decisão:26/11/2013 DJE DATA:04/12/2013 Súmulas do Superior Tribunal
de Justiça Página 780 de 849 AgRg no REsp 1378898 MS 2013/0135116-7 Decisão:27/08/2013
DJE DATA:09/09/2013 HC 219675 MS 2011/0229353-2 Decisão:06/12/2012 DJE
DATA:18/12/2012 HC 230835 SP 2012/0006273-4 Decisão:04/09/2012 DJE DATA: 21/09/2012.
💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 8. Acerca da Teoria do Crime, assinale a alternativa correta:

A) A teoria da culpabilidade normativa configurou evolução da chamada culpabilidade normativo-


psicológica e tem como componentes o dolo, a culpa, a consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta
diversa.

B) O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da estremada da culpabilidade ao tratar das descriminantes
putativas.

C) Para o causalismo clássico, a ação comportaria qualquer movimento humano voluntário capaz de causar
alteração no mundo exterior.

D) O estado de necessidade exculpante é adotado pelo Código Penal Brasileiro de forma expressa.

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E) A teoria da imputação objetiva, consagrada pelos estudos de Claus Roxin e Günther Jakobs, teve por
principal mérito separar o dolo e culpa dos elementos objetivos da culpabilidade, sendo a autocolocação
em perigo uma das formas estudas de exclusão da culpabilidade penal.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A alternativa “A” está incorreta. A teoria da Culpabilidade Normativa promoveu a exclusão
por completo de elementos subjetivos do âmbito da culpabilidade, ficando aqueles direcionados para a
tipicidade penal. Noutro giro a culpabilidade passou a ser integrada por elementos puramente normativos
(imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa). A culpabilidade
normativa parte da ideia de reprobabilidade da conduta do agente imputável que, tendo potencial consciência
da ilicitude de sua conduta, poderia e deveria comportar-se de acordo com o postulado na lei. Vide Manual
de Direito Penal Brasileiro – Zafafoni e Pierangeli 4ª Edição pp. 604/606. Para Nucci:

A conduta, sob a ótica do finalismo, é uma movimentação corpórea, voluntária e consciente,


com uma finalidade. Logo, ao agir, o ser humano possui uma finalidade, que é analisada, desde
logo, sob o prisma doloso ou culposo. Portanto, para tipificar uma conduta – conhecendo-se
de antemão a finalidade da ação ou da omissão –, já se ingressa na análise do dolo ou da
culpa, que se situam, pois, na tipicidade – e não na culpabilidade.
Nessa ótica, culpabilidade é um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato típico e
antijurídico e seu autor, agente esse que precisa ser imputável, ter agido com consciência
potencial da ilicitude (esta não mais está inserida no dolo) e com exigibilidade e possibilidade
de um comportamento conforme o direito.
Há quem sustente, em prisma finalista, a incidência do juízo de reprovação social somente
sobre o autor – e não igualmente sobre o fato –, devendo o agente ser imputável, ter
consciência potencial da ilicitude e por não ter agido de acordo com o direito, quando lhe era
possível e exigível tal conduta.206
Preferimos crer que a censura recai não somente sobre o autor do fato típico e antijurídico, mas
igualmente sobre o fato. A reprovação é inerente ao que foi feito e a quem fez.207 Este, por sua
vez, deverá ser censurado somente se for imputável, tiver atuado com consciência potencial
da ilicitude e com exigibilidade e possibilidade de atuação conforme as regras impostas
pelo direito. Em outras palavras, há roubos (fatos) mais reprováveis que outros, bem como
autores (agentes) mais censuráveis que outros. Sob outro prisma, para a prática do mesmo
roubo (idêntica reprovabilidade), como fato, podem-se censurar diversamente os coautores,
autores do fato, na medida da sua culpabilidade (art. 29, parte final, CP). Aliás, a posição que
sustentamos, quanto ao conceito de culpabilidade no cenário da teoria do crime, incidindo

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a reprovação sobre o fato e seu autor, fortalece, quando tornamos ao tema culpabilidade,


na teoria da pena, a restrição da gradação da censura, para efeito de aplicação de maior ou
menor punição, à culpabilidade de fato – e não simplesmente à culpabilidade de autor.208
(Nucci, Guilherme de Souza Curso de direito penal: volume 1: parte geral – arts.1º a 120
do código penal / Guilherme de Souza Nucci. – 2. ed., rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense, 2018 p 555 )
B) INCORRETA: A alternativa “B” está incorreta. O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da limitada da
culpabilidade ao tratar das descriminantes putativas. Confira-se a exposição de motivos do da Parte Geral
do CP.

(...)
17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sene culpa vai aflorar com
todo o vigor no direito legislativo brasileiro. Com efeito, acolhe o Projeto, nos artigos 20 e
21, as duas formas básicas de erro construídas pela dogmática alemã: erro sobre elementos
do tipo (Tatbestandsirrtum) e erro sobre a ilicitude do fato (Verbotsirrtum). Definiu-se a
evitabilidade do erro em função da consciência potencial da ilicitude (parágrafo único do
artigo 21), mantendo-se no tocante às descriminantes putativas a tradição brasileira, que
admite a forma culposa, em sintonia com a denominada “teoria limitada da culpabilidade”
(Culpabilidade e a Problemática do Erro Jurídico Penal, de Francisco de Assis Toledo, in Rev.
Trib. 517/251).
18. O princípio da culpabilidade estende-se, assim, a todo o Projeto. Aboliu-se a medida de
segurança para o imputável. Diversificou-se o tratamento dos partícipes, no concurso de
pessoas. Admitiu-se a escusabilidade da falta de consciência da ilicitude. Eliminaram-se os
resíduos de responsabilidade objetiva, principalmente nos denominados crimes qualificados
pelo resultado.
19. Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas “descriminantes
putativas”. Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada pela culpabilidade, que distingue o
erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação do que incide sobre
a norma permissiva. Tal como no Código vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo
17, § 1º). Acesso em 02/03/2020. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-1940-412868-exposicaodemotivos-148972-
pe.html
Sobre o tema, Nucci afirma:

Na visão atual do Código Penal, deu-se ao erro quanto aos pressupostos fáticos que compõem
a excludente de ilicitude um tratamento de erro de tipo, adotando-se a teoria limitada da

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culpabilidade. No entanto, segundo nos parece, na essência, cuida-se de um autêntico erro


de proibição. Inserida a hipótese no § 1.º do art. 20 (erro de tipo), bem como se delineando,
claramente, que, havendo erro derivado de culpa, pune-se o agente por delito culposo, é
fatal concluir que se tratou dessa situação tal como se faz no caput do artigo com o erro de
tipo. Assim, naquele exemplo da legítima defesa, o motorista que, crendo defender-se de um
assaltante, usa de força contra o mendigo, está agindo em erro de tipo. Fica excluído o dolo,
mas pode ser punido pelo que causar, de maneira inescusável, a título de culpa. A despeito de
reconhecermos a posição legal, continuamos adotando a teoria extremada da culpabilidade,
ou seja, vemos, nessa hipótese, um autêntico erro de proibição, que foi tratado como erro de
tipo. O motorista que se engana e agride o mendigo certamente o fez com dolo, exatamente o
mesmo dolo que há quando alguém se defende de um marginal, pretendendo lesioná-lo ou até
mesmo matá-lo. O seu engano recai sobre a proibição: ele não estava autorizado a agir contra
o mendigo, porque este não pretendia assaltá-lo, e sim lhe pedir uma ajuda. Logo, dolo houve,
embora possa ter sido afetada a sua consciência de ilicitude. E, se erro houve, pode-se fazer
um juízo de culpabilidade por fato culposo. A desigualdade evidente de tratamento entre as
três modalidades de descriminantes putativas, em nosso entender, não deveria existir e todas
elas mereceriam o mesmo acolhimento no contexto do erro de proibição. Adotar a teoria
limitada da culpabilidade, onde se sustenta a exclusão do dolo, pode trazer consequências
indesejáveis, enumeradas por Cezar Roberto Bitencourt: “a) um fato praticado, com erro
invencível, afasta o injusto típico, não podendo ser considerado como um fato antijurídico.
Nessas circunstâncias, a vítima do erro terá que suportá-lo como se se tratasse de um fato
lícito, sendo inadmissível a legítima defesa; b) não seria punível a participação de alguém que,
mesmo sabendo que o autor principal incorre em erro sobre os pressupostos fáticos de uma
causa de justificação, contribui de alguma forma na sua execução. A punibilidade do partícipe
é afastada pelo princípio da acessoriedade limitada da participação, que exige que a ação
principal seja típica (afastada pela eliminação do dolo) e antijurídica; c) a tentativa não seria
punível, nesses casos, pois sua configuração exige a presença do dolo. Mesmo que o erro
fosse vencível, o fato ficaria impune, pois os crimes culposos não admitem tentativa”. Obra
Citada p. 571.
C) CORRETA: A alternativa “C” está correta. Confiram-se as palavras de NUCCI sobre o conceito causalista de
ação:

A corrente denominada causalista ou causal-naturalista advém de estudos feitos por  Von


Liszt em fins do século XIX, lastreada no jusnaturalismo e no desenvolvimento científico da
época.
Desse modo, analisando o delito, considerado uma conduta punível, apontava-se ser o fato ao
qual a ordem jurídica associa a pena como legítima consequência. O conteúdo desse fato era

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preenchido pela vontade humana, afastando-se, portanto, casos fortuitos, independentes


dessa vontade; o delito era sempre uma conduta contrária ao direito (ilicitude), lesionando
ou colocando em risco um bem jurídico; além disso, é uma conduta culpável, ou seja, um ato
doloso ou culposo, praticado por um indivíduo responsável (leia-se, imputável).34
Estava delineada a teoria causal, demonstrando que a infração penal era uma conduta
culpável, contrária ao direito e sancionada com uma pena. Cuida-se do princípio do conceito
analítico do crime.
Associando-se a lição de Beling – e a teoria do tipo35 –, além dos ensinamentos de Radbruch,
chega-se ao conceito analítico de crime para os clássicos: fato típico, antijurídico e culpável.
Alicerçada em conceitos naturais, o  fato, para se tornar típico, seria formado por uma
ação ou omissão voluntária e consciente, que produzisse movimentos corpóreos. Dessa
movimentação natural do corpo humano chegava-se a um resultado. Caso a junção da conduta
com o resultado fosse lesiva a um bem jurídico penal, encaixar-se-ia no tipo penal (modelo de
conduta proibida). Eis o fato típico.
A partir disso, conferia-se se o fato típico era ilícito; em caso positivo, verificava-se se o agente
atuou com dolo ou culpa (o conteúdo da culpabilidade, denominada psicológica). Preenchidos
os três elementos, emerge o crime e a sua consequência seria a aplicação da pena.
No Brasil, parcela da doutrina era adepta da corrente causalista pura – o que hoje não nos
parece ainda exista quem a defenda na integralidade. Basileu Garcia dizia que a culpabilidade
era exatamente o nexo subjetivo que ligava o crime ao seu autor, revestindo-se apenas de dolo
e culpa.36 Desse modo, ao se deparar com as excludentes de culpabilidade, como a coação
moral irresistível e a obediência hierárquica, não reconhecia nenhum aspecto valorativo
inserido na culpabilidade. Afirmava que, embora fossem dirimentes para a lei penal, deveriam
ter sido consideradas justificativas, ou seja, excludentes de ilicitude. Obra Cita p. 317
D) INCORRETA: A alternativa “D” está incorreta. O estado de necessidade é adotado expressamente como
excludente da tipicidade penal e não da culpabilidade. Em casos excepcionais, a jurisprudência tem admitido
o estado de necessidade exculpante como forma de excluir a culpabilidade pela inexigibilidade de conduta
diversa. Para NUCCI:

4.2.1.Estado de necessidade justificante e exculpante Quanto ao bem sacrificado: a) estado


de necessidade justificante: trata-se do sacrifício de um bem de menor valor para salvar outro
de maior valor ou o sacrifício de bem de igual valor ao preservado. Exemplo: o agente mata
um animal agressivo, porém patrimônio de outrem, para salvar alguém sujeito ao seu ataque
(patrimônio x integridade física). Há quem sustente, como o faz Cezar Roberto Bitencourt,
que o sacrifício de bem de igual valor não é amparado pelo direito, ficando para o contexto
do estado de necessidade exculpante,97 com o que não podemos concordar. Se um ser

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humano mata outro para salvar-se de um incêndio, buscando fugir por uma passagem que
somente uma pessoa consegue atravessar, é natural que estejamos diante de um estado
de necessidade justificante, pois o direito jamais poderá optar entre a vida de um ou de
outro. Assim, é perfeitamente razoável, conforme preceitua o art. 24 do Código Penal, exigir
o sacrifício ocorrido. E, no prisma que defendemos, confira-se a lição de Aníbal Bruno98 e
Ivair Nogueira Itagiba.99 Excelente exemplo de um típico estado de necessidade encontra-se
na literatura pátria, pelas mãos de Álvares de Azevedo, em sua obra Noite na taverna: “Isso
tudo, senhores, para dizer-vos uma coisa muito simples... um fato velho e batido, uma prática
do mar, uma lei do naufrágio – a antropofagia. Dois dias depois de acabados os alimentos
restavam três pessoas: eu, o comandante e ela. Eram três figuras macilentas como o cadáver,
cujos olhares fundos e sombrios se injetavam de sangue como a loucura. O uso do mar – não
quero dizer a voz da natureza física, o brado do egoísmo do homem – manda a morte de um
para a vida de todos. Tiramos a sorte... o comandante teve por lei morrer. Então o instinto
de vida se lhe despertou ainda. Por um dia mais de existência, mais um dia de fome e sede
de leito úmido e varrido pelos ventos frios do norte, mais umas horas mortas de blasfêmia e
de agonia, de esperança e desespero, de orações e descrença, de febre e de ânsia, o homem
ajoelhou-se, chorou, gemeu a meus pés... Olhai, dizia o miserável, esperemos até amanhã...
Deus terá compaixão de nós... Por vossa mãe, pelas entranhas de vossa mãe! por Deus se ele
existe! deixai-me ainda viver! (...) Eu ri-me porque tinha fome. Então o homem ergueu-se. A
fúria se levantou nele com a última agonia. Cambaleava, e um suor frio lhe corria no peito
descarnado. Apertou-me nos seus braços amarelentos, e lutamos ambos corpo a corpo, peito
a peito, pé por pé... por um dia de miséria! A luz amarelada erguia sua face desbotada, como
uma meretriz cansada de uma noite de devassidão, o céu escuro parecia zombar desses dois
moribundos que lutavam por uma hora de agonia... O valente do combate desfalecia... caiu:
pus-lhe o pé na garganta, sufoquei-o e expirou... Não cubrais o rosto com as mãos – faríeis
o mesmo... Aquele cadáver foi nosso alimento dois dias...” (grifamos). Relembrando Asúa,
Ivair Nogueira Itagiba fornece outro exemplo: “Eram xifópagas as duas índias. Radica adoeceu
de tuberculose. Para não contagiar a irmã, cogitou-se de uma operação cirúrgica. Firmou-
se desde logo o diagnóstico de que Radica não resistiria ao choque operatório. Um médico
fez a operação, com intento de salvar as duas moças. Radica morreu, e Doodica sobreviveu.
Trata-se de um caso de necessidade. No conflito de duas vidas, o médico tratou de salvar
uma”;100 b) estado de necessidade exculpante: ocorre quando o agente sacrifica bem de
valor maior para salvar outro de menor valor, não lhe sendo possível exigir, nas circunstâncias,
outro comportamento. Trata-se, pois, da aplicação da teoria da inexigibilidade de conduta
diversa, razão pela qual, uma vez reconhecida, não se exclui a ilicitude, e sim a culpabilidade.
Exemplo: um arqueólogo que há anos buscava uma relíquia valiosa, para salvá-la de um

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naufrágio, deixa perecer um dos passageiros do navio. É natural que o sacrifício de uma vida
humana não pode ser considerado razoável para preservar-se um objeto, por mais valioso
que seja. Entretanto, no caso concreto, seria demais esperar do cientista outra conduta, a não
ser a que ele teve, pois a decisão que tomou foi fruto de uma situação de desespero, quando
não há tranquilidade suficiente para sopesar os bens que estão em disputa. Não poderá ser
absolvido por excludente de ilicitude, visto que o direito estaria reconhecendo a supremacia
do objeto sobre a vida humana, mas poderá não sofrer punição em razão do afastamento da
culpabilidade (juízo de reprovação social). Cremos indispensável fazer um destaque nesse
ponto: embora a doutrina defenda o ponto de vista suprassustentado (proporcionalidade entre
os bens em conflito, não se podendo preservar um bem de valor menor sacrificando um de
maior valor), a Exposição de Motivos da Parte Geral do Código Penal de 1940, nessa parte não
alterada pela atual Exposição de Motivos, mencionou: “No tocante ao estado de necessidade,
é igualmente abolido o critério anti-humano com que o direito atual lhe traça os limites. Não se
exige que o direito sacrificado seja inferior ao direito posto a salvo, nem tampouco se reclama
a ‘falta absoluta de outro meio menos prejudicial’. O critério adotado é outro: identifica-se o
estado de necessidade sempre que, nas circunstâncias em que a ação foi praticada, não era
razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado. O estado de necessidade não é um
conceito absoluto: deve ser reconhecido desde que ao indivíduo era ‘extraordinariamente’
difícil um procedimento diverso do que teve. O crime é um fato ‘reprovável’, por ser a violação
de um dever de conduta, do ponto de vista da disciplina social ou da ordem jurídica. Ora,
essa reprovação deixa de existir e não há crime a punir, quando, em face das circunstâncias
em que se encontrou o agente, uma conduta diversa da que teve não podia ser exigida do
homo medius, do comum dos homens”. Pelo texto mencionado, parece-nos clara a intenção
do legislador, à época, de acenar com a inserção da inexigibilidade de conduta diversa no
contexto do estado de necessidade, tornando possível tanto o reconhecimento do estado de
necessidade justificante quanto do exculpante, embora esta não tenha sido a posição seguida
pela doutrina e pela jurisprudência.
Confiram-se também os seguintes arestos:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. PECULATO. ART. 312 DO CÓDIGO PENAL. PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS.
RECONHECIMENTO DO ALEGADO ESTADO DE NECESSIDADE. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA
ESCORREITA. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. Apelação interposta pelo réu contra sentença que
o condenou pela prática do crime previsto no art. 312, caput, do Código Penal, a uma pena
de 02 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa, além de fixar a reparação de danos
em R$ 4.100,00 (quatro mil e cem reais). 2. Narra a denúncia que, no dia 23/12/2015, o
réu, valendo-se da condição de empregado temporário da Empresa Brasileira de Correios e

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Telégrafos, apropriou-se de 05 (cinco) objetos postais, que continham aparelhos telefônicos


celulares encaminhados por empresas de comércio a seus clientes. 3. Materialidade e
autoria demonstradas pelos documentos produzidos na fase inquisitorial, depoimentos
de testemunhas perante a autoridade policial e em juízo, bem como pela confissão do réu
na fase judicial, quando admitiu a prática da conduta e ele imputada. 4. Não se aplica o
princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública em razão da relevância
do bem jurídico protegido, não se podendo ignorar que, na hipótese, tratando-se do crime
de peculato, por se tratar de delito contra a administração pública, busca-se proteger não
apenas o patrimônio, mas, principalmente a moral administrativa. 5. Não se pode falar na
absolvição do acusado pelo alegado estado de necessidade exculpante, tendo em vista que a
indigência material ou pessoal do acusado não lhe autoriza a prática de ilícito penal. Ademais,
não restou demonstrado o alegado estado de necessidade, tampouco a inexigibilidade de
conduta diversa. 6. A dosimetria da pena também não merece reparos, tendo em vista que a
pena foi fixada no mínimo legal, sendo suficiente e adequada para a reprimenda do delito. 7.
Apelação a que se nega provimento. (ACR 0006028-17.2017.4.01.3300, DESEMBARGADOR
FEDERAL NÉVITON GUEDES, TRF1 - QUARTA TURMA, e-DJF1 04/02/2020 PAG.)

PROCESSO PENAL E PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 317 DO CP. CORRUPÇÃO PASSIVA.
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOLO. ALEGAÇÕES DE CRIME IMPOSSÍVEL,
AUSÊNCIA DE DOLO, INSIGNIFICÂNCIA E ESTADO DE NECESSIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO.
DOSIMETRIA DE PENA ACERTADA. DEVER DE RAPARAR O DANO MANTIDO. PRECEDENTES DO
STJ. APELAÇÃO DA DEFESA A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A materialidade foi comprovada
por meio do Procedimento Administrativo 1394.2009.G.000094, bem como pelos depoimentos
prestados em juízo e pela confissão judicial do próprio acusado. 2. Autoria delitiva ficou
demonstrada, pois o réu, à época empregado da Caixa Econômica Federal, usando do pretexto
de corrigir irregularidades cadastrais inexistentes, solicitou vantagem indevida dos fundistas
que procuraram aquela instituição financeira para efetuar o saque de valores depositados nas
contas de FGTS. 3. O crime de corrupção passiva, na conduta solicitar, é formal, ou seja, a sua
consumação independe do resultado naturalístico, sendo que a conduta de receber, no caso,
se configurou como mero exaurimento do crime que já havia se consumado com a conduta
anterior de solicitar. 4. As testemunhas ouvidas em sede policial e em juízo foram uníssonas
em afirmar que o réu solicitava os valores a pretexto de regularizar a situação dos titulares
de contas de FGTS, relatando o pagamento de valores ao réu (fls. 123, 194, 212 e mídia de fl.
307). 5. Dolo consistente na vontade livre e consciente de solicitar vantagem indevida para
proceder à “regularização” cadastral de fundistas do FGTS que procuravam a CEF para efetuar
saques de suas contas vinculadas. 6. Os delitos de corrupção passiva contra os fundistas
foram consumados no exato momento em que o réu solicitou às vitimas, na condição de

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empregado da CEF, valores para realizar a fictícia “regularização cadastral”. O fato de o réu
ter recebido valores das vítimas, foi mero exaurimento do delito e não etapa necessária à
consumação. 7. Não é aplicável a incidência de princípio da insignificância a crimes contra a
administração pública, como causa supralegal de exclusão da tipicidade. Precedentes desta
Turma 8. Eventuais dificuldades financeiras não podem servir como justificativa aceitável para
o cometimento de crimes, sob pena de estímulo à desordem social. Ademais, a jurisprudência
somente tem aceitado a aplicação do estado de necessidade exculpante em situações
excepcionais e mediante prova robusta da impossibilidade total de agir conforme o direito. 9.
O magistrado corretamente identificou duas circunstâncias desfavoráveis ao examinar o art.
59 do Código Penal e aplicou a pena-base que entendo proporcional. Embora este magistrado
adote o critério de 1/8 para cada circunstância desfavorável do art. 59 do CP, entendo ser o
caso de valer de escusa excepcional do entendimento acima para endossar a correção da
pena aplicada na sentença. Ademais, só houve recurso da defesa, não cabendo reformatio in
pejus. 10. A fixação do quantum mínimo para reparação do dano na sentença, na forma do
inciso IV do art. 387 do CPP (redação dada pela Lei nº 11.719/2008), corresponde à liquidação
prévia e parcial de um dos efeitos inerentes da sentença penal condenatória de tornar certa
a obrigação de indenizar o dano causado pela infração penal (art. 91, I do CP), razão por que
entendo não haver prejuízo ao contraditório e à ampla defesa, prescindindo sua fixação de
iniciativa. Precedentes do STJ. 11. Sentença integralmente mantida. Apelação da defesa a que
se nega provimento. (ACR 0014524-27.2011.4.01.3500, JUIZ FEDERAL MARLLON SOUSA, TRF1
- TERCEIRA TURMA, e-DJF1 03/05/2019 PAG.)
E) INCORRETA: A alternativa “E” esta incorreta. A teoria da imputação objetiva propõe uma revolução na
teoria do crime sobre a ótica da atribuição da responsabilidade penal ao sujeito pelo incremento de um risco
proibido causador de dano a um bem que esteja no âmbito de proteção da norma jurídica. A imputação
objetiva não trabalha, na essência, com a ideia de dolo e culpa atrelados à culpabildade, mas busca a solução
de problema de direito penal por uma relavaloração da análise da parte objetiva do tipo penal. Assim,
situações de não incremento do risco e aucolocação em perigo seriam formas de se excluir a tipicidade
penal. Confira-se a lição abaixo:

Trata-se de uma teoria originária dos trabalhos de Larenz (1927), um civilista, e, posteriormente,
Honig (1930), que a levou para o campo penal, permanecendo adormecida por vários anos,
na Alemanha, até obter seu grande impulso, a partir da década de 1970, pelas mãos de Claus
Roxin – um dos seus principais teóricos da atualidade –, tendo por função, como expõe Chaves
Camargo, “a limitação da responsabilidade penal”.43 Assim, segundo o autor, “a atribuição de
um resultado a uma pessoa não é determinado pela relação de causalidade, mas é necessário
um outro nexo, de modo que esteja presente a realização de um risco proibido pela norma”.
A adoção da teoria da imputação objetiva, segundo seus defensores, transcende o contexto

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do nexo causal, impondo-se como uma alternativa ao finalismo, fazendo parte do contexto
daqueles que aderiram ao funcionalismo – corrente intitulada pós-finalista –, cujas premissas
básicas seriam “a necessidade de legitimação do Direito Penal, com novos conceitos de suas
categorias, com o fim de justificar a intervenção do Estado na sociedade moderna”, bem como
a busca de “transformações radicais nos institutos jurídico-penais, quer quanto ao conteúdo
dogmático, quer quanto às classes e tipos de sanções a serem aplicadas”, em face das constantes
mudanças sociais.44 Possui a imputação objetiva, embora em linha diversa da adotada por
Roxin, outro defensor nos dias de hoje, que é Günther Jakobs. É inequívoco, no entanto, que
seu maior campo de atuação é na análise do nexo causal, gerador da tipicidade, como se pode
notar pelas críticas tecidas às teorias da equivalência dos antecedentes (ou das condições) e
da causalidade adequada, bem como pelos exemplos dados e debatidos pelos adeptos dessa
linha de pensamento. Nesse sentido está a lição de Wolfgang Frisch, mencionando que o
lugar-comum da imputação objetiva está intrinsecamente ligado a um concreto problema
de um determinado grupo de casos, a saber, trata-se da questão relativa ao nexo necessário
entre a atuação do autor e a produção do resultado nos delitos de resultado.45 A imputação
objetiva, em síntese, exige, para que alguém seja penalmente responsabilizado por conduta
que desenvolveu, a criação ou o incremento de um perigo juridicamente intolerável e não
permitido ao bem jurídico protegido, bem como a concretização desse perigo em resultado
típico. Exemplificando: o sujeito que, dirigindo em alta velocidade, em zona habitada, perde
o controle do carro, sobe na calçada e atropela um pedestre, caminhando calmamente em
local permitido, deve responder por homicídio. O motorista gerou um perigo intolerável e não
permitido ao correr pela rua, em área da cidade habitada, sem que a vítima tivesse atuado
de qualquer forma para isso, tampouco tenha ocorrido qualquer outro fator interferindo
na situação de perigo gerada. Nota-se, pois, que a imputação objetiva se vale da teoria da
equivalência dos antecedentes – conditio sine qua non –, que é naturalística, para estabelecer
o vínculo entre conduta e resultado, sobre o qual aplicará seus conceitos. O veículo chocou-se
contra a vítima, provocando-lhe ferimentos, que foram causa determinante de sua morte. Até
esse ponto, utiliza-se o liame causal previsto no art. 13 do Código Penal – “considera-se causa
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” –, mas, a partir daí e antes de
ingressar no contexto do elemento subjetivo – se houve dolo ou culpa, sob o prisma finalista;
ou se houve ilicitude e culpabilidade, sob a ótica causalista –, a imputação objetiva analisa se a
conduta do agente gerou para a vítima um risco de lesão intolerável e não permitido, sem ter
havido qualquer curso causal hipotético a determinar o resultado de qualquer forma, nem ter
o ofendido contribuído, com sua atitude irresponsável ou dando seu consentimento, para a
geração do resultado. Feito isso, imputa a morte ao motorista. Somente em seguida verificar-
se-á o elemento subjetivo. Portanto, interpõe-se, na constatação da tipicidade, entre o nexo

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causal naturalístico e o elemento subjetivo. A teoria da imputação objetiva ainda não se


definiu completamente. Somente para ilustrar, a mesma imputação objetiva é vista de maneira
diversa por Roxin e Jakobs. Ad argumentandum, se um juiz adotar a teoria da imputação
objetiva de Roxin pode condenar o réu pelo mesmo fato que outro magistrado, ao aplicar a
imputação objetiva de Jakobs, absolveria.46 Não bastasse, ela se vincula ao funcionalismo,
cuja crítica já elaboramos no item 2.3 do Capítulo XIV, teoria que busca afastar-se do conceito
ontológico de conduta humana, normatizando-o, fundando-se em grande parte dos temas à
política criminal do Estado.47
(...)
Exemplo 3: alguém resolve acompanhar o motorista prestes a disputar um racha, sabendo
dos riscos que a atividade envolve, colocando-se em posição de perigo voluntariamente. Caso
haja um acidente, morrendo o acompanhante do motorista, não deve este responder por
homicídio, uma vez que a vítima assumiu o risco por sua própria conta.50 Avaliação: outra
solução insustentável diante da legislação penal brasileira seria, para a imputação objetiva,
a autocolocação da vítima em risco. Ocorre que, para se aceitar que a vítima se ponha em
situação de risco, concedendo imunidade para terceiro, é fundamental que se trate de bem
disponível, o que não é o caso da vida humana. Quem disputa um racha, levando consigo um
passageiro, comete, por si só, um crime de perigo, previsto no Código de Trânsito Brasileiro.
Além disso, entende-se, hoje, na jurisprudência nacional, atuar o piloto de racha com dolo
eventual, pois assume o risco de provocar um desastre com morte para outrem. É exatamente
o caso. O motorista deve, sim, ser punido, pois assumiu o risco de matar o passageiro. A
autocolocação deste último em perigo é irrelevante. Fosse simples, como quer a imputação
objetiva, qualquer um poderia pedir a outro que o matasse para facilitar seu suicídio, já que
a vida seria somente sua e o Estado não teria nada a ver com isso. Sob outro ponto de vista,
quando a vítima se põe em situação de risco, para praticar um esporte perigoso qualquer,
sofrendo uma lesão simples, pode-se admitir que o seu consentimento elimina a ilicitude
do fato, caso envolva um terceiro no mesmo cenário. No entanto, não há necessidade da
imputação objetiva para se resolver essa hipótese. E mais um argumento vem à cena. Se
duas pessoas resolvem mergulhar juntas (esporte de risco), caso uma delas morra porque não
conferiu o nível de oxigênio do seu cilindro e resolveu afundar a níveis inadequados, a outra
não será punida, tendo em vista não ser garante do companheiro e não poder controlar seus
atos embaixo d’água. A bem da verdade, o mergulhador sobrevivente nem ingressa no nexo
causal, pois todas as atitudes erradas foram tomadas pelo outro, que terminou morrendo,
colocando a sua própria vida em risco, de maneira solitária. Obra citada p. 439
💡💡 GABARITO: C

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QUESTÃO 9. Assinale a alternativa correta:

A) Quanto ao tempo do crime o Código Penal adotou a teoria do resultado, sendo a teoria da atividade
aplicada excepcionalmente para a solução de casos que envolvam crimes plurilocais.

B) No caso da incidência da regra prevista no art. 71 do CP (crime continuado), a aplicação da pena de


multa também seguira o aumento da fração da pena de um dos crimes aumentada de um sexto a dois
terços.

C) Nos crimes de estelionato previdenciário contra o INSS, falecido o beneficiário direito, e sacados os
valores por terceiro, este responderá pelo delito tantas vezes quantas haja o recebimento indevido das
prestações mensais, aplicando-se a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do Código Penal.

D) A jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que é necessária a demonstração do efetivo prejuízo


nos crimes previstos na Lei de Licitações.

E) A contumácia em furtos de mercadorias de pequeno valor não obsta a incidência do princípio da


insignificância.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A alternativa “A” está incorreta. O CP adotou no art. 4º a teoria da atividade para se determinar
o tempo do crime. Para os chamados crimes plurilocais, adota-se a ocorrência como tempo do crime o
momento do último ato de execução, ainda que o resultado seja produzido posteriormente. Sobre o tema:

Há, basicamente, três teorias a respeito: a) teoria da atividade: reputa-se praticado o delito


no momento  da  conduta, não importando o instante do resultado; b)  teoria  do resultado:
considera-se cometido o crime no momento do resultado; c) teoria mista ou da ubiquidade: o
momento do crime pode ser tanto o da conduta, quanto o do resultado.
O Código Penal, no art. 4º, adota claramente a teoria da atividade. Considera-se praticado
o crime no momento da ação ou omissão, mesmo que o resultado aconteça em instante
diverso.
Optar por uma das teorias, firmando-a em texto legal, evita qualquer discussão doutrinária
em torno do tema, permitindo segurança quanto a esse ponto.
A utilidade da teoria da atividade pode ser apontada nos seguintes aspectos: a) determinar
a imputabilidade do agente; b) fixar as circunstâncias do tipo penal; c) possibilitar eventual
aplicação da anistia; d) dar oportunidade à prescrição.
Adotando-se essa teoria, retornando ao exemplo do homicídio, o mais importante é detectar
o instante da ação (desfecho dos tiros), e não o momento do resultado (ocorrência da morte).

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Assim fazendo, se o autor dos tiros for menor de 18 anos à época dos tiros, ainda que a vítima
morra depois de ter ele completado a maioridade penal, não poderá responder pelo delito.
B) INCORRETA: A alternativa “B” está incorreta. O art. 72 do CP é claro e afirmar que a regra da continuidade
delitiva exclui a aplicação da pena de multa, que deverá ser feita distinta e integralmente.

Multas no concurso de crimes


Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
C) CORRETA: A alternativa “C” está correta. A jurisprudência é majoritária quanto à classificação do
estelionato previdenciário ser crime instantâneo de efeitos permanentes quando praticado por terceiros,
que não o beneficiário direto, cujo erro da instituição previdenciária é renovado a cada mês de recebimento
indevido de valores.

PENAL. PROCESSUAL PENAL. ART. 288 DO CÓDIGO PENAL. FORMAÇÃO DE QUADRILHA.


AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO. ARTIGO 171, § 3º, DO CÓDIGO PENAL. RECEBIMENTO INDEVIDO
DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS
COMPROVADAS NOS AUTOS. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTINUIDADE DELITIVA. MANUTENÇÃO
DA ABSOLVIÇÃO DE UM DOS RÉUS POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. DOSIMETRIA DA PENA.
PERSONALIDADE. SÚMULA 444 DO STJ. 1. Materialidade e autoria do crime de estelionato
previdenciário, previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal, suficientemente demonstradas
nos autos por farta documentação e provas testemunhais colhidas em esfera policial e em
juízo. Dolo específico caracterizado pela intenção de obter vantagem ilícita. 2. Não se pode
considerar na dosimetria da pena, para efeito de elevar a pena-base, o juízo desfavorável da
personalidade baseado na existência de processos ainda em curso, à luz da Súmula 444 do STJ.
3. O delito de estelionato contra a Previdência Social, que se constitui na reiteração mensal
da conduta de receber aposentadoria indevida, caracteriza-se como crime permanente,
onde a ação é contínua e indivisível, o que leva à descaracterização da continuidade delitiva,
considerando que esta exige a realização de mais de uma conduta criminosa, em circunstâncias
semelhantes, e é fixada de acordo com o número das infrações cometidas. Esta a hipótese dos
autos. 4. A exceção se faz quando o estelionato previdenciário for praticado por terceiros, após
a morte do beneficiário. Neste caso, o delito consuma-se a cada levantamento do benefício,
razão pela qual cabe a aplicação da causa de aumento do art. 71 do Código Penal. Da mesma
forma, o crime é continuado quando forem praticadas mais de uma conduta delituosa,
consistentes na obtenção fraudulenta de mais de um benefício em favor de terceiros. 5. Não
caracterizado, no presente caso, o crime continuado - art. 71 do CP -, pois que se trata da
concessão e obtenção de um único benefício fraudulento. 6. A substituição da pena privativa
de liberdade por duas restritivas de direitos mostra-se necessária e suficiente à reprovação

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e prevenção do delito. 7. Necessária a manutenção da absolvição da outra ré, como feito na


sentença, haja vista a fragilidade dos indícios existentes, com base no princípio in dubio pro
reo, que tem fundamentação no princípio constitucional da presunção de inocência, segundo
o qual se impõe a absolvição quando a acusação não lograr provar a participação do réu
no evento criminoso. As provas arregimentadas aos autos não dissipam as dúvidas acerca
da contribuição da acusada para o evento criminoso, não havendo elementos no sentido de
que tenha previamente consentido para a prática ilícita. 8. Apelação do réu Laércio Cotta
não provida. 9. Apelação da ré Ana Maria da Silva parcialmente provida. 10. Apelação do
Ministério Público Federal não provida. (ACR 0014923-34.2008.4.01.3800, DESEMBARGADOR
FEDERAL NEY BELLO, TRF1 - TERCEIRA TURMA, e-DJF1 02/08/2019 PAG.)

EMEN: PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. ART. 171, § 3º, DO CP. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA.
SÚMULA 182/STJ. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS
PERMANENTES. SÚMULA 568/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A agravante não
apresentou argumentos novos capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a decisão
agravada, razão que enseja a negativa de provimento ao agravo regimental. 2. Dissociadas as
razões do agravo regimental do decidido na decisão agravada. 3. É inviável o agravo que deixa
de atacar, especificamente, o fundamento da decisão agravada. Incidência da Súmula 182/
STJ. 4. A jurisprudência desta Corte tem entendido que o crime de estelionato previdenciário
praticado para que terceira pessoa possa se beneficiar indevidamente da fraude tem natureza
de crime instantâneo com efeitos permanentes, devendo ser contado o prazo prescricional a
partir do recebimento da primeira prestação do benefício indevido. 5. Não tendo transcorrido
período superior a 8 anos entre os marcos interruptivos do prazo prescricional, inviável o
reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva, como pretendido na irresignação. 6.
Agravo regimental improvido. (AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL - 1203461 2017.02.92075-9, SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, STJ - SEXTA TURMA, DJE
DATA:12/04/2018 ..DTPB:.)

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


ESTELIONATO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. INDEVIDA
EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. NÃO OCORRÊNCIA. VALORAÇÃO NEGATIVA DO VETOR
CULPABILIDADE DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. CRIME INSTANTÂNEO DE NATUREZA
PERMANENTE. FRAUDE PREVIDENCIÁRIA. TERCEIRO BENEFICIÁRIO. OCORRÊNCIA DE 5
CRIMES. CABIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA. PRECEDENTES. I - As instâncias ordinárias,
apreciando detalhadamente a prova produzida nos autos, concluíram pela caracterização do
delito previsto no art. 171, § 3°, do Código Penal. Na hipótese, entender de modo contrário ao

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estabelecido pelo Tribunal a quo, como pretende a recorrente, demandaria o revolvimento,


no presente recurso, do material fático-probatório dos autos, inviável nesta instância, haja
vista o óbice da Súmula 7/STJ. II - A circunstância judicial da culpabilidade se define a partir
da concepção de que a ré tem liberdade para agir, e poderia ter escolhido o respeito ao
justo e assim não o fez. Sendo assim, a medida da culpabilidade está relacionada ao grau de
censurabilidade da conduta a partir dos elementos concretos disponíveis no caso em apreço.
III - In casu, as instâncias ordinárias, ao valorarem esse vetor, discorreram: «[a] valoração
negativa da culpabilidade deve manter-se na espécie, visto que os delitos foram cometidos
com premeditação e organização. A ré ludibriou o sistema previdenciário utilizando-
se de toda uma técnica e orientações especiais para que a ré Anita obtivesse sucesso na
conduta fraudulenta, motivo pelo qual a conduta da ré merece maior reprovabilidade».
Destarte, a elevação da pena com base na apreciação negativa da culpabilidade, nos moldes
operados pelas instâncias ordinárias, não merece qualquer reparo, porquanto devidamente
fundamentada. IV - Lado outro, o Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, faz
distinção da natureza do estelionato previdenciário a partir de quem o pratica: se o próprio
beneficiário for o autor do fato, a infração penal terá natureza permanente; se a fraude
for implementada por terceiro para que outrem obtenha o benefício, tratar-se-á de crime
instantâneo de efeitos permanentes. V - Na presente hipótese, as instâncias ordinárias,
ao aplicarem a incidência da continuidade delitiva por concluir que o delito praticado pelo
terceiro intermediário ostenta natureza instantânea de efeitos permanentes, andaram no
mesmo sentido da jurisprudência desta Corte Superior de Justiça sobre o tema, haja vista
o reconhecimento da prática de 5 (cinco) crimes pela ora agravante, não merecendo ser
reformando nesse ponto. Agravo regimental desprovido. (AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - 1106508 2017.01.28351-8, FELIX FISCHER, STJ - QUINTA
TURMA, DJE DATA:23/03/2018
D) INCORRETA: A alternativa “D” está incorreta. O STJ entende que nos casos de dispensa indevida de
licitação o prejuízo é presumido pela desobediência à lei (in re ipsa). Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO.


DISPENSA DE LICITAÇÃO. DOLO. INEXISTÊNCIA. PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO.
INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA DO STJ. PENALIDADES. DESPROPORCIONALIDADE.
DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 284/STF. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO. AUSÊNCIA. DEFICIÊNCIA RECURSAL. INCIDÊNCIA
POR ANALOGIA DO ENUNCIADO N. 284 DA SÚMULA DO STF. I - Na origem, trata-se de ação
civil pública por ato de improbidade administrativa proposta contra o prefeito do Município
de Tanque Novo-BA por fraude no procedimento licitatório, consistente no fracionamento
de despesa na contratação de serviços de aluguel de veículos referentes ao Programa de

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Vigilância Epidemiológica com recursos provenientes do Ministério da Saúde, no período de


janeiro de 2006 a setembro de 2007. II - Na sentença, julgou-se procedente o pedido para
condenar o réu a ressarcir à União o valor de R$46.961,27 (quarenta e seis mil, novecentos
e sessenta e um reais e vinte e sete centavos) devidamente corrigido; suspender os direitos
políticos pelo prazo de 5 anos e 6 meses; pagamento de multa equivalente ao valor integral
do dano, além do pagamento das custas e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da
causa. No Tribunal a quo, a sentença foi parcialmente reformada para reduzir o valor da multa
para R$5.000,00 (cinco mil reais), bem como a pena de suspensão dos direitos políticos para
cinco anos, além de condenar o réu a proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios e incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de 5 anos. III - Os argumentos declinados
para sustentar a inexistência de dolo ou a própria inexigibilidade do procedimento licitatório
foram analiticamente enfrentados e rechaçados pelo acórdão recorrido. IV - Após transcrever
alguns excertos do relatório da auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União no
Município de Tanque Novo/BA a propósito do “25º Sorteio do Projeto de Fiscalização a partir
de Sorteios Públicos - Sorteio de Unidades Municipais”, concluiu o voto-condutor, seguido
à unanimidade: “(...) o réu se valia da dispensa indevida de licitação e/ou do parcelamento
dos serviços de locação de veículos, com o claro objetivo de evitar o procedimento licitatório
correspondente” (fl. 299), circunstância que autoriza a incidência, in casu, do disposto no
art. 10, VIII, da Lei n. 8.429/92. V - O STJ firmou entendimento de que o prejuízo causado ao
erário pela dispensa indevida de licitação é in re ipsa, tendo em vista que o Poder público,
devido às condutas do administrador, impediu a contratação na forma mais vantajosa. Tal
conduta violou os princípios da isonomia e da competitividade. VI - O acórdão recorrido
reportou-se à longa passagem da sentença de primeiro grau que reconheceu a incidência do
art. 11, I, da Lei n. 8.429/92 ao caso: “(...) as sucessivas contratações diretas ocorreram em
lapso temporal muito pequeno, tendo sido realizadas contratações com diferenças de apenas
um mês. Percebe-se, dessa forma, que era perfeitamente previsível a realização de tais
contratações, de modo que ao réu cabia a obrigação de programar previamente a forma de
execução das despesas, mediante a realização de um só procedimento licitatório” (fl. 383). VII
- A análise de eventual violação dos arts. 10, VIII, 11, I, e 12 da Lei de Improbidade demandaria
revolvimento do conjunto fático-probatório, esbarrando no óbice da Súmula n. 7/STJ. Afinal,
como concluir, a partir de mera leitura do acórdão, que a recorrente não praticou conduta
ímproba? Os fatos, tais como imobilizados na decisão recorrida, permitem apenas concluir
pela improbidade. Conclusão contrária reclamaria mais que mera revaloração dos fatos, mas
efetiva reagitação. Há vários precedentes do Superior Tribunal de Justiça avalizando esse
entendimento. Cita-se, dentre tantos, o seguinte: REsp n. 1.718.937/SP, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 5/4/2018, DJe 25/5/2018. VIII - Na medida em que o

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acórdão recorrido não lastreou a condenação do recorrente no inciso XI do art. 10 da Lei n.


8.429/92, não há como sindicar possível violação à referida regra. Logo, o recurso carece de
condição de admissibilidade. IX - A alegação de desproporcionalidade das sanções aplicadas
foi suscitada apenas no pedido do recorrente. Ou seja, não esclareceu o recorrente em suas
razões o motivo por que a dosagem das penas deve ser considerada excessiva. Apresentou,
assim, recurso com fundamentação insuficiente ou inadequada, trazendo à incidência o
óbice da Súmula n. 284/STF (“É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência
na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”). X - Ainda que
não incidisse o aludido óbice, é jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça
que rever as penalidades impostas em ações de improbidade administrativa implica reexame
do conjunto fático-probatório, salvo em situações de manifesta desproporcionalidade. XI - A
situação dos autos não é de manifesta desproporcionalidade das sanções aplicadas, de forma
que não é dado ao Superior Tribunal de Justiça proceder à reanálise da dosagem da pena. A
propósito do tema, vejam-se os seguintes precedentes: Aglnt no AREsp n. 458.411/RS, Rei.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 30/11/2017, DJe 19/12/2017 e AgRg no
AREsp n. 120.393/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 18/10/2016,
DJe 29/11/2016. XII - Quanto às alegações fundadas no art. 105, III, c, da Constituição Federal
(dissídio jurisprudencial), verifica-se que o recorrente não efetivou o necessário cotejo
analítico da divergência entre os acórdãos em confronto, o que impede o conhecimento do
recurso com base nessa alínea do permissivo constitucional. XIII - Conforme a previsão do art.
1.029, § 1º, do CPC e do art. 255 do RISTJ, é de rigor a caracterização das circunstâncias que
identifiquem os casos confrontados, cabendo a quem recorre demonstrar tais circunstâncias,
com indicação da similitude fática e jurídica entre os julgados, apontando o dispositivo legal
interpretado nos arestos em cotejo, com a transcrição dos trechos necessários para tal
demonstração. Em face de tal deficiência recursal, aplica-se o constante da Súmula n. 284/
STF.Nesse mesmo sentido, confiram-se: REsp n. 1.656.510/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 27/4/2017, DJe 8/5/2017 e AgInt no AREsp n. 940.174/RS, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 18/4/2017, DJe 27/4/2017. XIV - Quanto
à alegação referente à prerrogativa de foro do réu e, consequentemente, à incompetência do
juízo, o Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência consolidada no sentido de que a ação
de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda
que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado no âmbito penal e nos crimes
de responsabilidade. Nesse sentido: REsp n. 1.528.118 / MG, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, julgado 20/10/2015, Dje em 8/3/2016. XV - Agravo interno improvido. ..EMEN:
(AINTARESP - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - 1361486 2018.02.34528-
0, FRANCISCO FALCÃO, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:11/12/2019 

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E) INCORRETA: A alternativa “E” está errada, pois a reiteração de condutas delituosas afasta a aplicação do
referido princípio. Confira-se:

EMEN: RECURSO EM HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. CABOS DE ENERGIA.


PRISÃO PREVENTIVA. ART. 312 DO CPP. PERICULUM LIBERTATIS. INDICAÇÃO NECESSÁRIA.
FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. TRANCAMENTO DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
NÃO PROVIDO. 1. A prisão preventiva possui natureza excepcional, sempre sujeita a
reavaliação, de modo que a decisão judicial que a impõe ou a mantém, para compatibilizar-
se com a presunção de não culpabilidade e com o Estado Democrático de Direito - o qual se
ocupa de proteger tanto a liberdade individual quanto a segurança e a paz públicas -, deve ser
suficientemente motivada, com indicação concreta das razões fáticas e jurídicas que justificam
a cautela, nos termos dos arts. 312, 313 e 282, I e II, do Código de Processo Penal. 2. O Juiz de
primeira instância apontou a presença dos vetores contidos no art. 312 do Código de Processo
Penal, indicando motivação suficiente para decretar a prisão preventiva, ao salientar que
“Manoel é reincidente [roubo e roubo majorado], ostentando duas condenações”, havendo
“passagem recente pela audiência de custódia”. 3. Em razão das indicadas circunstâncias do
fato, as medidas cautelares alternativas à prisão não se mostram adequadas e suficientes para
evitar a prática de novas infrações penais. 4. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento dos
EREsp n. 221.999/RS, estabeleceu a tese de que a reiteração criminosa inviabiliza a aplicação
do princípio da insignificância, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, o aplicador
do direito verificar que a medida é socialmente recomendável. 5. O recorrente, reincidente
em crime contra o patrimônio, foi condenado pelo crime de roubo majorado em 2016 e
respondia a outro processo por roubo, quando subtraiu cabos de energia. Sua inclinação para
a prática de atos da mesma tipologia impede o reconhecimento da atipicidade material da
conduta, sob pena de fomentar a habitualidade criminosa. 6. Recurso não provido. ..EMEN:
(RHC - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS - 118548 2019.02.93231-9, ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:13/12/2019 ..DTPB:
💡💡 GABARITO: C

PROFESSOR MARLLON SOUSA

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 10. Sobre o sistema e inclusão e manutenção de presos nos presídios federais, previsto na LEP e

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na Lei n. 11671/08, bem como acerca da jurisprudência do STJ sobre o assunto, assinale a opção correta.

A) Compete ao juiz corregedor do presídio federal, com exclusividade, o exame acerca da necessidade de
inclusão e manutenção do preso no sistema penitenciário federal.

B) Não fere o contraditório e o devido processo legal a decisão que, sem a oitiva prévia da defesa, determine
transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário federal.

C) A legislação sobre a inclusão de presos no sistema penitenciário federal prevê que o período máximo de
permanência do preso transferido da justiça estadual ao sistema federal será de 360 dias, admitida uma
única prorrogação.

D) São legitimados a pedir a inclusão de presos no sistema federal somente o diretor do presídio estadual,
o juiz no qual corre a execução da pena ou a ação penal e o ministério público.

E) Eventual incidente de insanidade mental, cuja instauração seja requerida durante a permanência do
preso no sistema penitenciário federal deverá ser dirimida pelo juiz de origem mesmo que se trate de
doença contemporânea ao período de permanência do detento no sistema federal.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A questão tem por objetivo explorar o conhecimento do candidato sobre questões de grande relevância
no dia-a-dia de uma varia federal criminal que possua presídio federal sobre sua jurisdição, bem como o
procedimento a ser adotado pelo juiz solicitante. Enquanto magistrado de vara federal criminal, este
professor já pediu a inclusão de mais de quarenta réus no sistema penitenciário federal, o que demonstra
a necessidade de os candidatos terem profundo conhecimento acerca da Lei n. 11671/2008. Analisemos as
assertivas.

A) INCORRETO: O item “a” está incorreto. Apesar de grande polêmica sobre a competência para o exame
das condições de inclusão de presos no sistema penitenciário federal, a jurisprudência do TRF1 e do STJ tem
se solidificado no sentido de que cabe ao juízo de origem, com exclusidade, a decisão sobre a existência de
motivo que justifique a inclusão de preso no sistema penitenciário federal. Ao juiz federal corregedor do
presídio compete apenas o exame acerca dos requisitos formais e não de fatos relacionados ao mérito da
transferência. Veja-se o art. 4º da Lei n. 11761/2008 e a interpretação jurisprudência sobre o tema:

Art. 4º A admissão do preso, condenado ou provisório, dependerá de decisão prévia e


fundamentada do juízo federal competente, após receber os autos de transferência enviados
pelo juízo responsável pela execução penal ou pela prisão provisória.

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PRESÍDIO FEDERAL DE SEGURANÇA MÁXIMA. RENOVAÇÃO

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DO PRAZO DE PERMANÊNCIA DE PRESO NO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO. JUÍZO DE


VALOR QUE NÃO CABE AO MAGISTRADO FEDERAL RESPONSÁVEL PELO ESTABELECIMENTO
PRISIONAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA AÇÃO PENAL. GRAVIDADE DOS FATOS APRESENTADOS.
ALTA PERICULOSIDADE DO APENADO E RISCO PARA A SEGURANÇA PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. ORDEM DE HABEAS CORPUS DENEGADA. 1. A transferência e inclusão de presos
em estabelecimento penal federal de segurança máxima, bem como a renovação de sua
permanência, justifica-se (i) no interesse da segurança pública ou (ii) do próprio preso, nos
termos do art. 3.º da Lei n.º 11.671/2008, sendo medida de caráter excepcional. 2. Compete ao
Juízo responsável pela ação penal a decisão sobre a manutenção do réu no regime disciplinar
diferenciado quando a inclusão do preso no presídio federal foi justificada em elementos
obtidos nos autos do processo de origem, sendo o Juízo responsável pelo presídio no qual
se encontra atualmente o preso competente para solucionar incidentes ou pedidos relativos
à execução da pena. 3. Existem elementos concretos que justificam a manutenção do Preso
em Regime Disciplinar Diferenciado, pois se tratar de criminoso de alta periculosidade, líder
de organização criminosa responsável pela ocorrência de rebeliões no sistema prisional do
Estado do Amazonas, ocorridas no princípio do ano de 2017, persistindo os fundamentos
que justificaram a transferência para o Presídio Federal com objetivo de assegurar segurança
pública. 4. Ordem de habeas corpus denegada. ..EMEN: (HC - HABEAS CORPUS - 473642
2018.02.67418-2, LAURITA VAZ, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:04/02/2019 ..DTPB:.)

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. LEI N. 11.671/2008. TRANSFERÊNCIA


DE PRESO PARA PRESÍDIO FEDERAL DE SEGURANÇA MÁXIMA. DECISÃO FUNDAMENTADA
NA ALTA PERICULOSIDADE DO APENADO. DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE. RISCO
PARA SEGURANÇA PÚBLICA. RENOVAÇÃO DO PRAZO DE PERMANÊNCIA. POSSIBILIDADE.
COMPETENTE O JUÍZO FEDERAL CORREGEDOR DA PENITENCIÁRIA FEDERAL EM MOSSORÓ -
SJ/RN, O SUSCITADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O art. 3º da Lei n. 11.671/2008
prevê que a inclusão e transferência de presos em estabelecimentos federais de segurança
máxima é medida de caráter excepcional e temporária, justificada no interesse da segurança
pública ou do próprio preso. Outrossim, disciplina que, persistindo as razões e fundamentos
que ensejaram a transferência do preso, por decisão fundamentada pelo Juízo de origem,
pode ser solicitada a renovação do período de permanência no estabelecimento penal federal,
nos termos do § 1º do art. 10 da referida lei. No caso em apreço, o Juízo Federal da 2ª Vara da
Seção Judiciária do Estado do Amazonas demonstrou a real necessidade da prorrogação da
medida, posto que persistem as razões que ensejaram a transferência do preso para o presídio
federal de segurança máxima, sendo a solução a melhor forma de se manter a ordem pública,
o interesse da coletividade e a segurança da população. 2. Agravo regimental desprovido.
(AGRCC - AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - 156359 2018.00.13853-8,

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JOEL ILAN PACIORNIK, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:11/05/2018 ..DTPB:.)

REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO PENAL. PRESÍDIO FEDERAL.


INCLUSÃO OU RENOVAÇÃO DE PRAZO DE PERMANÊNCIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL
DE UNICAMENTE EXAMINAR A LEGALIDADE DA DECISÃO JUDICIAL DE TRANSFERÊNCIA OU
RENOVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXERCER JUÍZO REVISIONAL SOBRE O MÉRITO DO ATO DE
OUTRO JUÍZO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - ‘Persistindo as razões e fundamentos
que ensejaram a transferência do preso para o presídio federal de segurança máxima, como
afirmado pelo Juízo suscitante, notadamente em razão da periculosidade concreta do apenado,
que desempenha função de liderança em facção criminosa, a renovação da permanência é
providência indeclinável, como medida excepcional e adequada para resguardar a ordem
pública (CC n. 120.929/RJ, Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Seção, DJe 16/8/2012).’ II
- Ao Juízo Federal cabe exclusivamente a competência para avaliar a legalidade e a existência
dos requisitos para a implantação ou renovação de preso no sistema penitenciário federal, não
lhe competindo revisar as razões do Juízo de origem, ou valorar os fundamentos concretos da
decisão. AGRAVO REGIMENTAL PARCIALMENTE PROVIDO.
(APETECC - AGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - 152889 2017.01.47501-5, FELIX FISCHER, STJ - TERCEIRA
SEÇÃO, DJE DATA:28/02/2018 ..DTPB:.)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INCLUSÃO DE PRESIDIÁRIO NO SISTEMA


PENITENCIÁRIO FEDERAL. INCLUSÃO NO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO. DECISÃO
FUNDAMENTADA NO INTERESSE DA SEGURANÇA PÚBLICA. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. Busca-se com o presente Habeas Corpus a revogação
do ato judicial que decidiu pela inclusão do paciente em regime disciplinar diferenciado. 2.
A Lei 11.671/2008, em seu artigo 3º, autoriza a inclusão de presos no Sistema Penitenciário
Federal, desde que a medida se mostre imprescindível à preservação da segurança pública ou
da incolumidade física do próprio custodiado. 3. O artigo 3º, do Decreto 6.877/2009, por sua
vez, dispõe que, para a inclusão ou transferência, além da situação de extrema necessidade,
o preso deverá possuir, ao menos, uma das características que elenca em seus incisos,
dentre elas: ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em
organização criminosa. 4. No caso, O Juízo estadual da 5ª Vara das Execuções Criminais da
Comarca de São Paulo, em decisão datada de 5/9/2018, autorizou a inclusão do paciente em
regime disciplinar diferenciado, pelo período de 360 (trezentos e sessenta dias) e, em decisão
posterior, exarada em 9/11/2018, admitiu sua inclusão e transferência para estabelecimento
penitenciário federal de segurança máxima, ante a presença de indícios veementes de seu
envolvimento e liderança na organização criminosa PCC, de forma a caracterizar as situações

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objetivas do art. 3º, I e IV, do Decreto 6877/2009. 5. No âmbito da Justiça Federal, a autoridade
impetrada, por meio da decisão ora impugnada, exarada em 1/2/2019, deferiu a inclusão
definitiva do paciente na Penitenciária Federal de Porto Velho/RO, pelo prazo de 360 dias,
a contar da efetiva inclusão. 6. A transferência e a inclusão de presos em estabelecimento
penal federal de segurança máxima, bem como a renovação de sua permanência, justifica-
se no interesse da segurança pública ou do próprio preso, nos termos do art. 3.º da Lei n.º
11.671/2008, sendo medida de caráter excepcional. 7. No caso, a decisão impugnada apontou
elementos concretos a justificar a inclusão do paciente em penitenciária federal, como, por
exemplo, o seu vasto histórico criminal em crimes de extrema gravidade, a sua participação
em organização criminosa de alta periculosidade e o fato de que, quando cumpria pena no
Estado de origem, continuava atuando pela facção criminosa e cometendo delitos, a denotar
a existência fundamentos que justificam a transferência para o Presídio Federal com objetivo
de assegurar a segurança pública, não se divisando, ilegalidade no ato impugnado. 8. Cabe
destacar ser inviável, na via estreita ora eleita, analisar todo material probatório com base no
qual as autoridades entenderam pela necessidade de inclusão do paciente em presídio federal
para, concluir, tal como defende a impetração, que os fatos que justificariam a transferência
não ocorreram. 9. De outro lado, não prospera a alegação da parte impetrante de que antes
da aceitação do paciente em presídio federal seria necessário conceder-lhe o direito à ampla
defesa e contraditório. Tratando-se de inclusão/transferência para presídio federal, a formação
do contraditório é necessária no procedimento de inclusão/transferência instaurado perante
o Juízo da origem (§2º do artigo 5º da Lei n. 11.671/2008), sendo necessária sua observância,
no âmbito do Juízo Federal, somente quando houver diligências complementares (§4º do
artigo 5º da Lei 11.671/2008). 10. O contraditório, no âmbito Juízo Federal, somente teria
que ser observado caso houvesse necessidade de diligências complementares, o que não é
o caso dos autos. De outra parte, a formação do contraditório no procedimento de inclusão/
transferência instaurado perante o Juízo da origem foi devidamente observado, conforme se
extrai da decisão do Juízo estadual da 5ª Vara das Execuções Criminais da Comarca de São
Paulo. 11. Cabe pontuar que a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado - RDD
foi decida pelo Juízo da origem, após prévio contraditório e, como o juízo estadual deferiu
a transferência do preso para o Sistema Penitenciário Federal, o cumprimento da medida
disciplinar passou a ser na unidade prisional federal. É necessário destacar que, de regra, a
jurisprudência do STJ não consente com a hipótese de a Justiça Federal questionar os motivos
da Justiça Estadual para determinar a permanência de presos estaduais para presídios federais.
12. Coube ao Juízo Federal apenas deliberar se havia a necessidade em manter o RDD ou se
era o caso de revogá-lo, tendo a autoridade impetrada, quanto ao ponto, entendido que as
circunstâncias revelam a altíssima periculosidade e o péssimo comportamento carcerário do

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preso, indicando a necessidade da manutenção do regime disciplinar diferenciado no Sistema


Penitenciário Federal, não se divisando daí flagrante ilegalidade. 13. Ordem de Habeas Corpus
denegada, confirmando o que decidido em sede liminar. (HC 1016843-91.2019.4.01.0000,
DESEMBARGADOR FEDERAL NEVITON DE OLIVEIRA BATISTA GUEDES, TRF1 - QUARTA TURMA,
e-DJF1 06/09/2019 PAG.)

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL. LEI 11.671/2008


E DECRETO 6.877/1009. PERICULOSIDADE DO PACIENTE. PARTICIPAÇÃO RELEVANTE
EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. CHEFE DA ORCRIM “FAMÍLIA DO NORTE”. INCLUSÃO E
RENOVAÇÃO DO DETENTO NO REGIME DISCPLINAR DIFERENCIADO. NECESSIDADE. DECISÃO
COLEGIADA. LEI 12.964/2012. FUNDAMENTOS PRESENTES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL. PRECEDENTES DO STJ E DESTA CORTE. ORDEM DENEGADA. 1. Afasta-se a preliminar
aventada, pois, ao contrário do alegado na presente impetração incompetência do Juízo
Federal de origem para requerer a renovação da permanência do ora paciente no Sistema
Penitenciário Federal , constato que o magistrado a quo, tão somente, expediu o ato atacado,
dando cumprimento a uma decisão exarada pelo colegiado instaurado nos termos da Lei
12.694/2012, que permite a formação de colegiado no primeiro grau pelo juiz do processo e
por outros magistrados escolhidos por sorteio eletrônico. 2. A manutenção do ora paciente no
Sistema Penitenciário Federal, em caráter emergencial, cumpriu os requisitos dos artigos 5º
e 6º, da Lei nº. 11.671/2008: “Cuida-se de um criminoso de alta periculosidade, pertencente
ao alto escalão do crime organizado, sendo membro do ‘Conselho’ da Facção Criminosa
Família do Norte - FDN, sendo peça chave, da liderança das práticas criminosas perpetradas
pela ORCRIM, bem como o fato de este ter ligação direta com atividades nocivas para
desestabilizar o sistema penitenciário e de segurança pública, mesmo enquanto recolhido
em presídio estadual”. 3. O Decreto 6.877, de 2009, estabelece textualmente que o exercício
de liderança ou a participação relevante em organização criminosa fundamentam a inclusão
de presos no Sistema Penitenciário Federal: “Art. 3o Para a inclusão ou transferência, o preso
deverá possuir, ao menos, uma das seguintes características: I - ter desempenhado função
de liderança ou participado de forma relevante em organização criminosa”. 4.”Persistindo as
razões que ensejaram a transferência do preso para o presídio federal de segurança máxima,
como afirmado pelo Juízo Federal da 2ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Amazonas, a
renovação da permanência do apenado é providência indeclinável, como medida excepcional
e adequada para resguardar a ordem pública. Incidência do art. 3º do Decreto 6.877/2009,
que regulamenta a Lei supramencionada” (STJ, AggRg no CC 156.719/AM, Terceira Seção, Rel.
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 07/05/2018). 5. No caso presente, descabe falar
em qualquer constrangimento ilegal a ensejar a nulidade da decisão impetrada, porquanto
devidamente justificada a necessidade de inclusão imediata do detento em estabelecimento

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federal, nos termos da Lei n. 11.671/2008 e do Decreto n. 6.877/2009. 6. Ordem de habeas


corpus denegada. (HC 1016603-39.2018.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL NEY BELLO,
TRF1 - TERCEIRA TURMA, e-DJF1 26/07/2018 PAG.)
B) CORRETA: A alternativa “b” está correta. O tema trata de súmula do STJ que consagrou posicionamento já
adotado com frequência pelos tribunais regionais federais no sentido de que não há que se falar em mácula
à ampla defesa pela inclusão do preso no sistema federal sem a oitiva da defesa, pois há determinadas
situações nas quais a segurança pública demanda maior proteção, sendo o contraditório diferido para
momento seguinte à efetivação da medida. Confira-se:

Súmula 639 - Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia
da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento
penitenciário federal.

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. INCLUSÃO EM CARÁTER PROVISÓRIO DOS


AGRAVANTES EM PRESÍDIO FEDERAL. VIOLAÇÃO À LEGISLAÇÃO FEDERAL NÃO CONFIGURADA.
DECISÃO FUNDAMENTADA. DESEMPENHO DE FUNÇÃO DE LIDERANÇA EM FACÇÃO
CRIMINOSA RESPONSÁVEL POR ATOS VIOLENTOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES. REEXAME
DO CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Entende esta Corte que “Excepcionalmente, permite-se a transferência emergencial
do custodiado, em hipóteses específicas, em que evidenciada a periculosidade concreta
decorrente de participação em organização criminosa, poder de mando, graduada hierarquia,
o que possibilita a atuação em atos criminosos externos; assim como para fins de prevenção
de eventos que venham a colocar em risco a segurança pública, a integridade física e a vida de
autoridades, de internos e da população em geral, exigindo-se que, ato contínuo, seja garantida
a intimação da defesa do custodiado para manifestação, suprindo-se a exigência legal para
a manutenção da medida. Precedente” (HC 389.493/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO,
Sexta Turma, DJe 26/4/2017). 2. A decisão que determinou a transferência provisória dos
agravantes, egressos do Sistema Prisional de Parnamirim/RN, para a Penitenciária Federal
de Mossoró/RN, encontra-se devidamente motivada em fatos concretos, notadamente em
razões de segurança pública, levando em conta a periculosidade concreta dos apenados,
que desempenham funções de liderança em facção criminosa responsável por ataques ao
patrimônio público e privado e com grande poder de influência no estabelecimento penal
em que se encontravam. 3. O fato de ter sido concedido prazo de 30 dias para o envio da
documentação necessária não enseja violação ao art. 9º, § 3º, do Decreto n. 6.877/2009,
revelando-se razoável, em vista da quantidade de apenados e de fatos noticiados. 4. A
ausência de oitiva prévia da defesa da decisão que determina a transferência provisória de

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apenados para estabelecimento penitenciário federal não implica em ofensa aos princípios
do contraditório e da ampla defesa. Precedentes. 5. As considerações a respeito de não
estarem provados os fatos que justificaram a medida é questão que desborda dos limites do
recurso especial, por demandar ampla revisão de matéria fático-probatória (Súmula 7/STJ).
6. Agravo Regimental desprovido. (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
- 1732152 2018.00.71076-3, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ - QUINTA TURMA, DJE
DATA:30/05/2018 ..DTPB:.)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANSFERÊNCIA DE PRESO PARA PRESÍDIO


FEDERAL. TRANSFERÊNCIA DETERMINADA SEM A PRÉVIA OITIVA DA DEFESA. ALEGAÇÃO DE
OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. OITIVA
MOTIVADAMENTE POSTERGADA. POSSIBILIDADE. GRAVIDADE DOS FATOS SUSCITADOS PELO
JUÍZO SOLICITANTE: JUÍZO DE VALOR QUE NÃO CABE AO MAGISTRADO FEDERAL. RECURSO
DESPROVIDO. 1. O § 6.º do art. 5.º da Lei n.º 11.671/2009 possibilita, em caso de extrema
necessidade, a autorização imediata da transferência do preso pelo Juiz Federal para, “após a
instrução dos autos, na forma do § 2o deste artigo, decidir pela manutenção ou revogação da
medida adotada”. 2. Na hipótese, “integrantes de organização criminosa conhecida como PCC
estariam tramando a execução de diretores e servidores do Sistema Prisional”, razão pela qual
foi postergada a oitiva da Defesa, porque poderia colocar em risco a segurança dos agentes
públicos ameaçados. 3. A jurisprudência desta Corte Superior considera que, em casos como
o presente, ao Juízo Federal não compete realizar juízo de valor sobre as razões de fato
emanadas pelo Juízo solicitante, sendo-lhe atribuído pelo art. 4.º da Lei n.º 11.671/2008, tão-
somente, o exame da regularidade formal da solicitação. 4. Recurso desprovido. ..EMEN:(RHC
- RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS - 42184 2013.03.65199-0, LAURITA VAZ, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:26/03/2014 ..DTPB:.)
C) INCORRETA: A alternativa “c” está incorreta. A lei n. 13964/2019 passou a prever o tempo de até três anos
para a manutenção do preso no sistema penitenciário federal, o que acabará com algumas discussões acerca
das prorrogações anuais que eram requeridas. Confira-se:

Art. 10.  A inclusão de preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima será
excepcional e por prazo determinado. 
§ 1º O período de permanência não poderá ser superior a 360 (trezentos e sessenta) dias,
renovável, excepcionalmente, quando solicitado motivadamente pelo juízo de origem,
observados os requisitos da transferência. 
§ 1º O período de permanência será de até 3 (três) anos, renovável por iguais períodos, quando
solicitado motivadamente pelo juízo de origem, observados os requisitos da transferência, e
se persistirem os motivos que a determinaram. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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§ 2º Decorrido o prazo, sem que seja feito, imediatamente após seu decurso, pedido de
renovação da permanência do preso em estabelecimento penal federal de segurança
máxima, ficará o juízo de origem obrigado a receber o preso no estabelecimento penal sob
sua jurisdição. 
§ 3º Tendo havido pedido de renovação, o preso, recolhido no estabelecimento federal em
que estiver, aguardará que o juízo federal profira decisão. 
§ 4º  Aceita a renovação, o preso permanecerá no estabelecimento federal de segurança
máxima em que estiver, retroagindo o termo inicial do prazo ao dia seguinte ao término do
prazo anterior. 
§ 5º Rejeitada a renovação, o juízo de origem poderá suscitar o conflito de competência, que
o tribunal apreciará em caráter prioritário. 
§ 6º  Enquanto não decidido o conflito de competência em caso de renovação, o preso
permanecerá no estabelecimento penal federal. 
D) INCORRETA: A alternativa “d” está errada, pois a defesa também tem legitimidade para pedir a inclusão
do preso, quando se justifique pela manutenção da segurança do próprio detento. Exemplo de tal pedido é
o caso de dissidência interna dentro de uma ORCRIM com juramento de morte dos rebelados. Confira-se o
disposto na Lei 11671/2008:

Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles


para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio preso,
condenado ou provisório.
(...)
Art. 5º  São legitimados para requerer o processo de transferência, cujo início se dá com
a admissibilidade pelo juiz da origem da necessidade da transferência do preso para
estabelecimento penal federal de segurança máxima, a autoridade administrativa, o Ministério
Público e o próprio preso.
E) INCORRETA: A alternativa “e” está incorreta, pois contraria texto expresso da Lei n. 11671/2008, que
confere competência ao juiz corregedor do presídio para dirimir qualquer incidente de execução penal,
sendo o incidente de insanidade mental um deles, desde que verificado no prazo de estadia do detento no
presídio federal. Confira-se:

Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal nos estabelecimentos penais federais será
desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o
estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o preso. 
Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente para as ações de natureza
penal que tenham por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução da pena ou infrações

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penais ocorridas no estabelecimento penal federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)


💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 11. Examine as afirmativas abaixo e, após, assinale a alternativa correta.

I - Se o magistrado pode recusar, no todo ou em parte, de maneira fundamentada, as conclusões do


laudo pericial e decidir em sentido diverso, de igual modo, pode indeferir a produção de prova pericial
quando a entenda inútil aos fins do processo ou quando já houver nos autos elementos suficientes que se
proponham a comprovar os mesmos fatos a que se propõe o objeto da perícia.

II - O ato judicial de indeferimento de produção de prova pericial tipifica ofensa ao devido processo legal
e constitui cerceamento de defesa, eis que necessária ao esclarecimento da verdade real.

III - O STJ decidiu recentemente que não cabe a realização de audiência de custódia pelo sistema de
videoconferência, constituindo nulidade absoluta sua realização por tal método.

IV - Seis investigados foram presos em determinada operação policial de combate ao compartilhamento


de pornografia infantil pela rede mundial de computadores. Concedida a liberdade provisória, em sede
de Habeas Corpus, a um dos investigados, haverá o direito de extensão aos demais somente se a situação
pessoal de todos forem semelhantes.

V - O juiz deverá absolver sumariamente o réu sempre que comprovada a excludente de culpabilidade.

A) Estão corretas as alternativas II, III e IV.

B) Estão incorretas as alternativas I, III e V.

C) Estão corretas as alternativas I, III e IV.

D) Estão incorretas as alternativas I, II e III.

E) Estão corretas as alternativas I, II e IV.

💡💡 GABARITO COMENTADO

I – CORRETO: O item “I” está correto. A assertiva feita na primeira frase está correta, com base no princípio
da livre convicção motivada, segundo o qual o magistrado será livre para examinar as provas, mas deverá
decidir de maneira fundamentada, seja em qual sentido for. Assim, o magistrado não está adstrito ao laudo
pericial e poderá desconsiderá-lo se, do exame de outras provas, entender que a conclusão do perito não está
de acordo com a história exposta pela instrução processual. Para consagrar a importância da independência
do magistrado no exame da prova, o CPP possui o art. 182 em tal sentido.

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Noutro giro, a segunda assertiva, também decorrente no princípio da livre convicção motivada, permite ao
juiz indeferir a produção de provas inúteis aos fins do processo, seja requeridas pelo MP, autoridade policial
ou defesa, bastando que o magistrado, como destinatário final da prova, aponte objetivamente os motivos
pelos quais entende pela irrelevância da prova requerida. Aplica-se o 400, §1º do CPP bem como pode-se
completar a interpretação com a a aplicação, por analogia do art. 77, III c/c art. 370, parágrafo único do CPC

Confira-se:

CPC
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores
e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
(...)
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa
do direito;
(...)
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias
ao julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou
meramente protelatórias.
CPP
Art. 182.  O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em
parte.
(...)
400.  Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste
Código, bem como aos esclarrecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
de 2008).
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
PENAL. PROCESSO PENAL. EVASÃO DE DIVISAS. ART. 22, PAR. ÚNICO DA LEI Nº 7.492/86.
PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. APELAÇÃO DO BACEN PREJUDICADA. NULIDADE
DE TESTEMUNHAS OUVIDAS NO EXTERIOR. INEXISTÊNCIA. NULIDADE POR INDEFERIMENTO
DE PERÍCIA. INOCORRÊNCIA. PECULATO-DESVIO. ART. 312, § 1º, CÓDIGO PENAL. TIPICIDADE,
MATERIALIDADE, AUTORIA E DOLO PRESENTES. CONDENAÇÕES MANTIDAS. CULPABILIDADE

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E CONSEQUENCIAS NEGATIVAS. PENA-BASE DEVIDAMENTE MAJORADA ACIMA DO MÍNIMO


LEGAL. PRESENÇA DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO ART. 327, § 2º DO CP. ERRO NO
CÁLCULO DA PENA. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS.
CRIME CONTINUADO VERIFICADO. PENAS MANTIDAS. APELAÇÕES DAS DEFESAS A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.
(...)
4. Se o magistrado pode recusar, no todo ou em parte, de maneira fundamentada, as
conclusões do laudo pericial e decidir em sentido diverso, de igual modo, pode indeferir a
produção de prova pericial quando a entenda inútil aos fins do processo ou quando já houver
nos autos elementos suficientes que se proponham a comprovar os mesmos fatos a que
se propõe o objeto da perícia. A pretensão em se realizar a perícia tem caráter claramente
procrastinatório, cujas defesas pretendem valer-se da própria inércia e torpeza, o que não é
admitido pelo ordenamento jurídico pátrio. Preliminar afastada.
(...)
16. Apelações das defesas a que se nega provimento.
(ACR 0020326-64.2001.4.01.3400, JUIZ FEDERAL MARLLON SOUSA, TRF1 - TERCEIRA TURMA,
e-DJF1 10/05/2019 PAG.)
(...)
Compulsando os autos, verifico que não há que se cogitar na nulidade do Laudo
de Perícia Criminal Federal, na medida em que na impetração não se logrou demonstrar a
existência de mácula capaz de ensejar a sua invalidação. Impende frisar que o referido laudo não
é a única prova sobre a qual se sustenta o inquérito policial. O ato judicial de indeferimento de
produção de prova pericial, sem demonstração da sua utilidade na instrução processual, não
tipifica ofensa ao devido processo legal, nem cerceamento de defesa, eis que se ela não for
necessária ao esclarecimento da verdade - art. 184 do CPP -, não constitui cerceamento de
defesa. Ademais, não se reconhece o apontado constrangimento ilegal por cerceamento de
defesa, devido ao indeferimento da realização de perícia grafotécnica requestada pela defesa,
se o julgador fundamenta suficientemente a sua desnecessidade para a elucidação dos fatos,
com base em elementos constantes dos autos. Com efeito, o juiz pode, justificadamente,
indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias, sem que haja
qualquer afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, nos exatos termos do §1º
do artigo 400 do CPP. Nesse sentido, por analogia, confiram-se: PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS.  INDEFERIMENTO  DE DILIGÊNCIAS.  PERÍCIA  FINANCEIRA. SUPOSTA VIOLAÇÃO
AO DIREITO DO PACIENTE. NÃO CONFIGURAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. 1. Vige na nossa sistemática processual o princípio do

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livre convencimento, que faculta ao juiz apreciar e valorar livremente a pertinência ou não
da produção das provas requeridas pelas partes, indeferindo, fundamentadamente, aquelas
que considerar infundadas, desnecessárias ou protelatórias. Omissis. (TRF1. HC 0060133-
18.2015.4.01.0000/PA, Terceira Turma, Rel. Des. Federal Mônica Sifuentes, e-DJF1 de
12/02/2016, p. 1158). PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PERÍCIA. INDEFERIMENTO DE
QUESITOS. DECISÃO FUNDAMENTADA. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO.
Omissis. 2. Não há ilegalidade no ato. O juiz, gerente do processo penal e da produção da
prova, não está obrigado a deferir todas as provas requeridas pelas partes, podendo e devendo
indeferir as impertinentes, sem relação com os fatos da causa de pedir, ou relativas a fatos
já comprovados nos autos. 3. O Supremo Tribunal Federal firmou a compreensão de que:
“o indeferimento de diligência probatória, tida por desnecessária, pelo juízo a quo, não viola
os princípios do contraditório e da ampla defesa. (STF - AI 685878 AgR/RJ). (...) (HC 0005211-
90.2016.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL NEY BELLO, TRF1, e-DJF1 11/03/2016 PAG
999.) Grifei.
II – INCORRETO: O item “II” está errado. Somente configuraria ofensa ao devido processo legal e â ampla
defesa se houver indeferimento de prova requerida que for imprescindível ao deslinde da causa ou que não
haja decisão fundamentada do juiz sobre o pedido da parte, com negativa genérica. Portanto, a prova inútil
ou desnecessária não será deferida, e a prova necessária, se indeferida, configurará cerceamento de defesa
ou de acusação, a depender da situação.

III – CORRETO: O item “III” está correto. Apesar de dúvida quanto ao acerto ou a constitucionalidade da
decisão, o STJ decidiu que a audiência de custódia não pode ser feita por sistema de videoconferência. O
CNJ, inclusive, suspendeu norma do TJSC que deferia tal possibilidade. Não se entende a razão de tal decisão,
pois o próprio interrogatório de réu preso pode ser feito pelo uso de tal sistema, sendo um retrocesso
procedimental tal posicionamento que se espera não prevalecer se atacado no STF. Confira-se:

CC 168.522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/12/2019,
DJe 17/12/2019. RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL TEMA Mandado de prisão
preventiva. Cumprimento em unidade jurisdicional diversa. Audiência de custódia. Realização
por meio de videoconferência pelo juízo ordenador da prisão. Não cabimento. Ausência de
previsão legal.
O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Dias Toffoli, deferiu medida
cautelar para suspender norma do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) que permite a
realização de audiências de custódia por videoconferência. A decisão tem validade imediata
e suspende parte da Resolução CM n. 9/2019 da corte catarinense, que terá 15 dias para se
manifestar antes que o tema seja liberado para votação em plenário. Clique aqui para acessar
a íntegra da decisão.

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Em sua decisão, o ministro apontou que, embora a videoconferência tenha ganhado espaço
como ferramenta de apoio no Judiciário para uma prestação de serviços efetiva e adequada,
acompanhada de novos marcos normativos, “sua utilização para as audiências de custódia
aparentemente contrasta com os princípios e com as garantias constitucionais que a
institucionalização deste procedimento buscou preservar”.
Ao destacar normativas internacionais internalizadas pelo Brasil que preveem a apresentação
imediata do preso em flagrante à autoridade judicial, assim como decisões do Supremo
Tribunal Federal (STF) que reconheceram a obrigatoriedade das audiências de custódia no
prazo de 24 horas, o ministro Dias Toffoli afirma que o instrumento é “capaz de qualificar a
prisão, otimizar o procedimento persecutório e assegurar direitos às pessoas submetidas à
custódia do Poder Público”.
Em 2015, o CNJ regulamentou a realização de audiências de custódia em todo o país após
decisões do STF que validaram o instituto. Para o ministro Dias Toffoli, qualquer entendimento
contrário à Resolução CNJ n. 213/2015 precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, uma vez
que a matéria é de competência privativa da União. (https://www.cnj.jus.br/toffoli-reafirma-
impedimento-de-audiencia-de-custodia-por-videoconferencia/ - Recl Gar. Dec. 0008866-
60.2019.2.00.0000)
VI – CORRETO: O item “IV” está correto. O efeito extensivo, previsto no art. 580 do CPP, somente poderá
ser concedido se os demais investigados ou réus estiverem em situações semelhantes. Por exemplo, um
dos investigados é primário, portador de bons antecedentes e foram encontradas duas fotos de pornografia
infantil em sua residência. Noutro giro, suponhamos que os demais investigados sejam reincidentes ou
que houve a descoberta de outros delitos concomitantemente cometidos pelo uso da rede mundial de
computadores, ou identificou-se que alguns deles eram os líderes de grande organização de distribuição de
material pornográfico. Portanto, jamais poderá se falar em extensão automática dos efeitos de ordem de
Habeas Corpus sem se examinar cada situação, sob pena de cometer grave erro.

CPP
Art.  580.   No caso de concurso de agentes (Código Penal, art.  25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES.
FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS
TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS. CONDENAÇÃO À PENA DE 7 ANOS E 6 MESES DE RECLUSÃO,
EM REGIME INICIAL FECHADO. INDEFERIMENTO DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE.
RECORRENTE QUE RESPONDEU PRESO A TODA A AÇÃO PENAL. MAUS ANTECEDENTES.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. EXTENSÃO DE BENEFÍCIO DEFERIDO A CORRÉUS. ASSIMETRIA.

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INVIABILIDADE. PRISÃO DOMICILIAR. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE DEPENDÊNCIA


DOS FILHOS. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. INSUFICIÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
1. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de crime reveste-se de caráter
excepcional em nosso ordenamento jurídico (art. 5º, LXI, LXV e LXVI, da CF). Assim, a medida,
embora possível, deve estar embasada em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da
CF) que demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de indícios
suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo 312 do
Código de Processo Penal. Exige-se, ainda, na linha perfilhada pela jurisprudência dominante
deste Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja
pautada em motivação concreta, sendo vedadas considerações abstratas sobre a gravidade
do crime. 2. No caso, o entendimento do magistrado, corroborado pela Corte a quo, encontra-
se em harmonia com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que, tendo o recorrente
permanecido preso durante todo o andamento da ação penal, não faria sentido, ausentes
alterações nas circunstâncias fáticas, que, com a superveniência da condenação, fosse-lhe
deferida a liberdade. 3. Ademais, foi destacada sua periculosidade, bem como a contumácia
delitiva, uma vez que, a despeito de ter sido anteriormente condenado pelo crime de estupro
com violência presumida, voltou a delinquir, sendo flagrado em concurso de pessoas em
posse medicamentos sem registro na ANVISA/Ministério da Saúde ou anabolizantes, ou
ainda substâncias utilizadas como abortivo. 4. O deferimento do pedido de extensão exige
que o corréu esteja na mesma condição fático-processual daquele já beneficiado, a teor do
artigo 580 do Código de Processo Penal. No caso, o recorrente já foi condenado por crime de
estupro, circunstância que torna sua situação diversa da dos demais corréus, inviabilizando a
extensão do beneficio a eles deferido. 5. A hipótese prevista no art. 318, inciso VI, do Código
de Processo Penal requer a efetiva demonstração de que o paciente é o único responsável
pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos, bem como prova
idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. 6. As circunstâncias que envolvem o fato
demonstram que outras medidas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal não
surtiriam o efeito almejado para a proteção da ordem pública. 7. Recurso desprovido. ..EMEN:
(RHC - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS - 118513 2019.02.92501-3, REYNALDO
SOARES DA FONSECA, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:18/10/2019 ..DTPB:.)
PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. ASSOCIAÇÃO
CRIMINOSA, LESÃO CORPORAL, DANO QUALIFICADO E CRIME DO ESTATUTO DE DEFESA
DO TORCEDOR. EXTENSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA DEFERIA A CORRÉUS. IDENTIDADE
FÁTICO-PROCESSUAL PREVISTA NO ART. 580 DO CPP. AUSÊNCIA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PELA CONDIÇÃO DE FORAGIDOS. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA.
HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. Apresentada fundamentação concreta para indeferimento

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de liberdade provisória, deferida a corréus, manutenindo a prisão preventiva em razão da


condição de foragidos dos pacientes, afastando a aplicação do art. 580 do CPP, não há que
falar em ilegalidade da negativa de extensão da liberdade. 2. Também não há que falar em
ilegalidade do decreto prisional, quando este apresenta fundamentação idônea, em face da
forma como o delito foi executado, pois os pacientes, escondidos no interior de um veículo
furgão, não identificado, desceram e de maneira inopinada, sem que tivesse havido anterior
agressão, segundo consta dos autos, agrediram as vítimas. 3. Habeas corpus denegado.
..EMEN: (HC - HABEAS CORPUS - 367732 2016.02.18332-3, NEFI CORDEIRO, STJ - SEXTA
TURMA, DJE DATA:07/12/2016 ..DTPB:.)
V – INCORRETO: O item “V” está incorreto, pois o art. 397 do CPP não autoriza a absolvição sumária com
base em excludente de culpabilidade caracterizada pela inimputabilidade ao tempo dos fatos. Ademais, o
STJ formou-se jurisprudência no sentido de somente ser possível a absolvição sumária por inimputabilidade,
se for esta a única tese de defesa. Assim, havendo outras teses de defesa, além da inimputabilidade, deverá
o processo prosseguir até o final e se aplicar a chamada absolvição imprópria, se o caso, com a imposição de
medida de segurança.

Confira-se:

CPP
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz
deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719,
de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).
IV - extinta a punibilidade do agente.
(...)
Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. (Redação dada pela Lei

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nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no inciso IV do  caput  deste artigo ao caso de
inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no  2.848, de 7 de dezembro
de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. (Incluído pela Lei nº
11.689, de 2008)

EMEN: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. HOMICÍDIO.


DECISÃO DE IMPRONÚNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO
SUMÁRIA COM IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA. DIREITO INTERTEMPORAL.
ALTERAÇÃO DO QUADRO NORMATIVO E JURISPRUDENCIAL. PEDIDO DE RESTABELECIMENTO
DA IMPRONÚNCIA. APLICAÇÃO DO DIREITO À ESPÉCIE. PARTICULARIDADES. VIOLAÇÃO
DO PRINCIPIO TANTUM DEVOLLUTUM QUANTUM APELLATUM. INEXISTÊNCIA. LIMINAR
REVOGADA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal
pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração,
salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. Os pressupostos recursais - cabimento, adequação, tempestividade, inexistência de fato
impeditivo ou extintivo e regularidade formal - devem ser aferidos à luz da norma vigente à
época em que surge o interesse recursal, ou seja, ao tempo da publicação da decisão recorrida.
3. Na hipótese em foco, ao tempo do surgimento do direito de recorrer, o art. 411 do CPP, em
redação anterior à Lei n. 11.689/2008, impunha ao magistrado o dever de absolver desde de
logo o réu, quando houvesse circunstância que excluísse o crime. Além disso, a jurisprudência
do STJ afirmava ser impositiva a absolvição sumária do réu e a aplicação de medida de
segurança, quando o acusado fosse considerado inimputável. 4. Posteriormente, esta Corte
Superior modificou a sua compreensão sobre o tema, de modo a considerar que somente
seria cabível a absolvição sumária pelo Juízo singular se a inimputabilidade fosse a única tese
defensiva. Havendo outras teses defensivas, caberia ao magistrado se abster de proferir juízo
absolutório e, por conseguinte, remeter os autos à apreciação do Conselho de Sentença. O
referido entendimento jurisprudencial foi talhado no art. 415, IV, parágrafo único, do CPP,
por ocasião da Lei n. 11.689/2008. 5. Diante das idas e vindas do processo, principalmente,
em razão da decisão monocrática proferida no REsp 1.343.945/SP, a qual anulou o acórdão
absolutório por estar em descompasso com o art. 415, IV e parágrafo único, do CPP, o Tribunal
de Justiça de São Paulo viu-se às voltas com uma crise de instâncias. Assim, compelido pela
decisão proferida no REsp 1.343.945/SP, já em agosto de 2014 - que determinou a prolação
de outro acórdão, mas impediu a decretação de decisão absolutória imprópria -, o Tribunal de
origem, ao verificar a presença de materialidade e de indícios de autoria delitiva, entendeu
incorreta a impronúncia do réu e acabou por pronunciá-lo (e-STJ, fls. 76-78). Entretanto, o

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pedido do recurso em sentido estrito da acusação cingiu-se à decretação da absolvição sumária


do réu, com a imposição de medida de segurança. 6. No caso em apreço, a impugnação recaiu
sobre o juízo de impronúncia. Assim, cabia ao Tribunal de origem aplicar o direito à espécie,
já que alteração do quadro jurídico lhe impedia determinar a absolvição sumária do réu. 7.
De fato, à época da interposição do recurso, o pedido era plenamente possível. Com o passar
dos anos, a normatividade do caso alterou-se e a Corte local se viu obrigada a decidir situação
processual gestada sob anterior paradigma jurídico, mas que contava com novos influxos de
juridicidade recente. 8. Diante das particularidades do caso - a longa tramitação processual
e as alterações legislativas e jurisprudenciais incidentes -, e levando-se em consideração o
princípio da proporcionalidade (CF, art. 5°, LIV) e da duração razoável do processo (CF, art. 5°,
LXXVIII), afigura-se impertinente a extinção do recurso em sentido estrito. 9. Habeas corpus
não conhecido. (HC - HABEAS CORPUS - 333621 2015.02.04152-0, RIBEIRO DANTAS, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:13/08/2019 ..DTPB:.)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. ABSOLVIÇÃO


SUMÁRIA. INIMPUTABILIDADE. MEDIDA DE SEGURANÇA. TESE DISTINTA DA CAUSA DE ISENÇÃO
DE PENA. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1.
Nos termos do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal, o juiz poderá absolver
desde logo o acusado pela prática de crime doloso contra a vida se restar demonstrada a sua
inimputabilidade, salvo se esta não for a única tese defensiva. 2. A simples menção genérica
de que não haveria nos autos comprovação da culpabilidade e do dolo do réu, sem qualquer
exposição dos fundamentos que sustentariam a tese defensiva, não é apta a caracterizar
ofensa à referida inovação legislativa. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA. IMPOSIÇÃO DE
MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO. APLICABILIDADE. INTERNAÇÃO. MARCO TEMPORAL.
PENA MÁXIMA ABSTRATAMENTE PREVISTA PARA O DELITO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
INOCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no
sentido de que o instituto da prescrição é aplicável na medida de segurança, estipulando
que esta “é espécie do gênero sanção penal e se sujeita, por isso mesmo, à regra contida no
artigo 109 do Código Penal” (RHC n. 86.888/SP, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, DJ de
2/12/2005). 2. Sedimentou-se nesta Corte Superior de Justiça o entendimento no sentido de
que a prescrição nos casos de sentença absolutória imprópria é regulada pela pena máxima
abstratamente prevista para o delito. Precedentes. 3. Na hipótese, não se verifica o transcurso
do prazo prescricional aplicável entre os marcos interruptivos. 4. Recurso improvido. (RHC
- RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS - 39920 2013.02.60552-4, JORGE MUSSI, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:12/02/2014 RDTJRJ VOL.:00098 PG:00117

PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATO CONTRA O INSS. CP, ART. 171, § 3º. RÉU

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INIMPUTÁVEL. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. CPP, ART. 397, II. PROVIMENTO.


SENTENÇA ANULADA. 1. O MPF oferece denúncia contra Carlos Roberto dos Santos,
Geozadak Alves de Souza e Antenor Rodrigues de Oliveira, imputando-lhes a prática do crime
de estelionato contra o INSS (art. 171, § 3º, do CP). Segundo o Parquet, eles atuaram na
chamada fraude da hanseníase, através da qual segurados sadios, valendo-se de atestados
médicos falsos, pleiteavam e obtinham a concessão de benefícios previdenciários como
se fossem portadores da hanseníase. 2. O juízo da 4ª vara federal de Belo Horizonte (MG),
julgando antecipadamente a lide, absolveu sumariamente o réu Geozadak Alves de Souza por
ser inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso dos fatos que lhe são imputados
(inimputabilidade), com fulcro no CPP, art. 397, II, e CP, art. 26, caput. Deixou, ainda, de
aplicar medida de segurança por entender não haver periculosidade por parte do agente.
3. O instituto da absolvição sumária foi incluído no CPP (quanto ao procedimento comum)
pela Lei 11.719/08, prevendo as hipóteses em que o juiz deveria absolver o réu de pronto,
logo após a resposta à acusação, quando fossem verificadas as seguintes situações: existência
manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; existência manifesta de causa excludente
da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; o fato narrado evidentemente não
constitui crime; ou estar extinta a punibilidade do agente (art. 397, I a IV). 4. A redação do art.
397, II, excluiu expressamente do rol de possibilidades de absolvição sumária a situação de
inimputabilidade. Isso porque a sentença que absolve o réu inimputável não é uma sentença
absolutória propriamente dita, mas sim de absolvição imprópria, pois se reconhece a prática,
pelo réu, de um fato típico e antijurídico, mas não culpável, nos casos previstos no CP, arts.
26, caput, e 27: o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento; e os menores de 18
anos. 5. A sentença deixou de decretar medida de segurança sob o argumento de inexistir
periculosidade. Porém, trata-se de uma espécie de sanção penal (a outra é a pena); assim, sua
aplicação decorre de imposição legal (CP, art. 97), não podendo ficar sujeita ao alvedrio do
julgador no caso de inimputabilidade, caso em que a periculosidade é presumida (CP, art. 26,
caput). 6. Há que se completar a instrução processual para então proferir a sentença absolutória
(CPP, art. 386, VI) e decretar a medida de segurança mais adequada às peculiaridades do
acusado. 7. Provimento da apelação do MPF para anular a sentença de absolvição sumária
e determinar o retorno dos autos ao juízo de origem para o prosseguimento da ação penal.
(ACR 0090066-58.2010.4.01.3800, JUIZ FEDERAL JOSÉ ALEXANDRE FRANCO, TRF1 - TERCEIRA
TURMA, e-DJF1 14/09/2018 PA
💡💡 GABARITO: C

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QUESTÃO 12. Assinale a alternativa incorreta:

A) O prazo para a conclusão do inquérito policial no caso de réu preso preventivamente por tráfico
internacional de drogas, previsto na Lei 11343/2006, é mais elastecido que o previsto no CPP.

B) Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

C) O mandado de segurança não se presta a atribuir o efeito suspensivo em recurso criminal interposto
pelo Ministério Público.

D) O princípio da insignificância é aplicável aos crimes contra a administração pública segundo entendimento
consolidado do STJ.

E) A aplicação do princípio da insignificância ao processo penal demanda a análise do caso concreto,


devendo ser preenchidos os requisitos definidos pela jurisprudência solidificada no âmbito do STF.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A alternativa “A” está correta, pois o prazo para conclusão do inquérito policial por réu preso
por delito descrito nos art. 33 a 38 da Lei 11343/2006 é de 30 dias. Diversamente, o CPP prega o prazo
de conclusão de 10 dias do IPL em caso de réu preso. Aqui se aplica o princípio da especialidade. Atente-
se, ainda, para a jurisprudência consolidada de que o excesso de prazo não se analisa de forma isolada,
devendo-se também considerar a complexidade da investigação e gravidade concreta dos crimes.

CPP
Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.
Lei n. 11.343/2006
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver
preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO


PREVENTIVA. QUANTIDADE DE ENTORPECENTE APREENDIDO. NECESSIDADE DE GARANTIA DA
ORDEM PÚBLICA. EXCESSO DE PRAZO. RAZOABILIDADE. INOCORRÊNCIA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Havendo prova da existência
do crime e indícios suficientes de autoria, a prisão preventiva, nos termos do art. 312 do

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Código de Processo Penal, poderá ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.
2. No caso, o decreto de prisão preventiva encontra-se suficientemente fundamentado na
necessidade de garantia da ordem pública, porquanto o recorrente foi preso em flagrante,
com o corréu, enquanto transportava um veículo carregado com 730,8 quilos de maconha.
Tais circunstâncias justificam o encarceramento cautelar, consoante pacífico entendimento
desta Corte no sentido de que a quantidade, a natureza ou a diversidade dos entorpecentes
apreendidos podem servir de fundamento ao decreto de prisão preventiva. 3. Apesar da
garantia constitucional que assegura às partes a razoável duração do processo e a celeridade
na tramitação do feito, esta Corte possui entendimento pacificado no sentido de que a
demora para a conclusão dos atos processuais não pode ser verificada da simples análise dos
prazos previstos em lei, devendo ser examinada de acordo com os princípios da razoabilidade
e conforme as peculiaridades do caso concreto. 4. O fato de ter transcorrido mais de um
ano da prisão em flagrante do recorrente está justificado, não se mostrando desarrazoado,
sobretudo diante da gravidade concreta do crime perpetrado, da necessidade de expedição
de cartas precatórias e da pluralidade de réus. O prolongamento da ação penal deveu-se às
peculiaridades do caso concreto, não havendo falar em desídia por parte do Poder Judiciário,
que vem dando andamento ao feito conforme a sua complexidade. 5. Recurso desprovido.
..EMEN:
(RHC - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS - 116032 2019.02.21294-0, RIBEIRO
DANTAS, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:17/12/2019

HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO, TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO


PARA O MESMO FIM. PRISÃO PREVENTIVA. EXCESSO DE PRAZO. ANDAMENTO PROCESSUAL.
MAIOR COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. PLURALIDADE DE RÉUS. DESPROPORCIONALIDADE.
NÃO CONFIGURAÇÃO. EXTENSÃO DE EFEITOS. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA EM RELAÇÃO
AOS CORRÉUS SOLTOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA. 1. A aferição do excesso
de prazo reclama a observância da garantia da duração razoável do processo, prevista no
art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal. Tal verificação, contudo, não se realiza de forma
puramente matemática. Reclama, ao contrário, um juízo de razoabilidade, no qual devem
ser sopesados não só o tempo da prisão provisória mas também as peculiaridades da causa,
sua complexidade, bem como quaisquer fatores que possam influir na tramitação da ação
penal. 2. No caso em exame, o paciente foi preso em flagrante no dia 11/8/2018, custódia
essa posteriormente convertida em preventiva. Outrossim, verifica-se que “o feito tem tido
desenrolar mais compassado em razão da complexidade dos autos, que envolvem seis réus,
destacando-se a dificuldade para a apresentação de defesas técnicas em razão da inércia de
três deles”. Desse modo, não há se falar, ainda, em constrangimento ilegal a ser sanado na

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espécie, pois não exsurge da análise dos autos uma demora exacerbada ou desídia passível de
ser imputada aos órgãos estatais, o que afasta, por ora, a ocorrência de excesso de prazo para
o encerramento da ação penal, devendo-se ressaltar que a Corte estadual recomendou que
o Juízo de piso tomasse providências para imprimir maior celeridade ao feito em relação ao
ora paciente. 3. Ademais, não se observa manifesta desproporcionalidade no lapso temporal
transcorrido desde a efetivação da custódia cautelar (11/8/2018), mormente se tratando de
imputação pela prática dos delitos previstos no art. 14 da Lei n. 10.826/2003 e nos arts. 33
e 35, c/c o art. 40, VI, todos da Lei n. 11.343/2006, considerando o suposto armazenamento
de 15 pacotes de cocaína, contendo 73,060kg (setenta e três quilos e sessenta gramas), por
parte do agente. 4. Por fim, conclui-se não merecer prosperar o pedido de extensão de efeitos
da decisão que concedeu a liberdade provisória aos corréus. Isso porque a Corte estadual
apresentou motivação suficientemente idônea para afastar a incidência do benefício em
questão, demonstrando não haver similaridade entre a situação do ora paciente e a dos
demais corréus beneficiados com a liberdade provisória, tendo em vista a maior gravidade
da conduta imputada àquele, acarretando, inclusive, ausência de similaridade entre os fatos
pelos quais o paciente é acusado e os imputados aos demais acusados. Portanto, não se fazem
presentes os requisitos legais previstos no art. 580 do Código de Processo Penal. 5. Ordem
denegada. (HC - HABEAS CORPUS - 535584 2019.02.87579-4, ANTONIO SALDANHA PALHEIRO,
STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:06/12/2019 
PJe - PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO TRANSNACIONAL DE DROGAS. ARTIGOS
33 E 40, I, AMBOS DA LEI 11.343/2006. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. DENÚNCIA OFERECIDA
CONTRA 24 (VINTE E QUATRO) INDICIADOS. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. APLICAÇÃO DA LEI PENAL. INSTRUÇÃO CRIMINAL. REQUISITOS LEGAIS DA
SEGREGAÇÃO CAUTELAR. PRESENÇA. MEDIDAS ALTERNATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. EXCESSO
DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. Conquanto a prisão preventiva seja
exceção no ordenamento jurídico, sua decretação é possível como na espécie, para garantia
da ordem pública e de aplicação da lei penal. 2. A quantidade de droga traficada, aliada ao
modus operandi do grupo, do qual fazia parte o custodiado, ora paciente, denotam que a
empreitada não foi algo excepcional, mas um bem planejado esquema para durar muito
tempo. 3. No caso vertente, a decretação da prisão cautelar do paciente foi baseada em
fortes justificativas, somadas aos relatos que indicam a prática contumaz de tráfico de drogas.
Situação fática que atesta, de forma robusta, a periculosidade concreta dos indiciados, hábil a
autorizar a decretação da segregação cautelar, na forma autorizada pelo art. 312 do Código de
Processo Penal. 4. Pela análise da situação do paciente possibilidade concreta de reiteração
criminosa, aliada à quantidade de droga apreendida, mostra-se incabível a aplicação das
medidas alternativas à prisão, nos termos do art. 282 c/c o art. 319, ambos do Código de

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Processo Penal. 5. No caso em tela, não há falar em excesso de prazo a justificar a revogação
da prisão cautelar. Ante a ausência de indicativo concreto de eventual desídia dos órgãos de
persecução penal e da complexidade do caso, prematura e injustificável se mostraria a soltura
do paciente, sob a vazia alegação de excesso de prazo na tramitação do feito. 6. O princípio da
razoabilidade admite a flexibilização dos prazos estabelecidos pela Lei Processual Penal para
a prática de atos em ações penais que envolvam réus presos, quando existente motivo que
justifique. 7. Do bem lançado parecer ministerial, extrai-se: no que pertine aos pressupostos
da prisão preventiva, tem-se que urge ser garantida a ordem pública, mediante a manutenção
do encarceramento do paciente a fim de se evitar a reiteração criminosa, visto o fato de que
a prisão preventiva fundamentada na garantia da ordem pública é válida para desarticular,
interromper ou diminuir a atuação de integrante de organização criminosa. Ademais, deve ser
considerada, no caso concreto, a função desempenhada pelo réu, que, além da venda direta
da substância entorpecente, faz entregas de drogas a usuários/traficantes locais e recolhe
valores, bem como promove cobranças de dívidas, o que demonstra a gravidade concreta do
crime praticado, bem como a periculosidade social do paciente. 8. Ordem de habeas corpus
denegada. (HC 1013384-81.2019.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL NEY DE BARROS
BELLO FILHO, TRF1 - TERCEIRA TURMA, PJe 21/11/2019 
B) CORRETA: A alternativa “b” está correta e consagrada no verbete da Súmula n. 606 do STJ.

SÚMULA 606 STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina
de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da
Lei n. 9.472/1997.

Órgão Julgador TERCEIRA SEÇÃO Data da Decisão 11/04/2018 Fonte DJE DATA:17/04/2018
RSSTJ VOL.:00047 PG:00105 RSTJ VOL.:00250 PG:01005 Súmulas do Superior Tribunal de
Justiça Página 804 de 849 Referências Legislativas LEG:FED CFB:****** ANO:1988 ***** CF-
1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ART:00021 INC:00011 LEG:FED LEI:004117 ANO:1962
***** CBT-62 CÓDIGO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES ART:00070 LEG:FED LEI:009472
ANO:1997 ***** LGT-97 LEI GERAL DE TELECOMUNICAÇÕES ART:00061 ART:00183 Precedentes
AgRg no AREsp 971115 PA 2016/0220018-6 Decisão:27/04/2017 DJE DATA:08/05/2017 AgRg
no AREsp 941989 MS 2016/0168406-2 Decisão:30/03/2017 DJE DATA:07/04/2017 AgRg
no AREsp 682689 MG 2015/0074187-5 Decisão:07/03/2017 DJE DATA:15/03/2017 AgInt
no REsp 1470311 CE 2014/0187219-0 Decisão:18/08/2016 DJE DATA:29/08/2016 AgRg no
REsp 1560335 MG 2015/0256542-8 Decisão:21/06/2016 DJE DATA:29/06/2016 AgRg no
AREsp 852730 SP 2016/0035263-0 Decisão:02/06/2016 DJE DATA:15/06/2016 AgRg no REsp
1566462 SC 2015/0288069-5 Decisão:15/03/2016 DJE DATA:28/03/2016 RSSTJ VOL.:00047
PG:00105 AgRg no RHC 33399 PB 2012/0150932-0 Decisão:04/02/2016 DJE DATA:15/02/2016

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AgRg no REsp 1483107 RN 2014/0246679-1 Decisão:01/12/2015 DJE DATA:17/12/2015 AgRg


no AREsp 685463 SC 2015/0083506-8 Decisão:17/09/2015 DJE DATA:01/10/2015 Súmulas
do Superior Tribunal de Justiça Página 805 de 849 AgRg no AREsp 599005 PR 2014/0272962-
2 Decisão:14/04/2015 DJE DATA:24/04/2015 AgRg no AREsp 383884 PB 2013/0292743-
5 Decisão:07/10/2014 DJE DATA:23/10/2014 AgRg no REsp 1376056 PB 2013/0115707-4
Decisão:26/11/2013 DJE DATA:09/12/2013
C) CORRETA: A alternativa “C” está correta. Cuida-se da Súmula n. 604 do STJ, que firmou posicionamento
quanto à proibição do uso do Mandado de Segurança como para atribuir efeito suspensivo a recurso
interposto pelo MP, admitindo-se tal uso pela defesa.

Súmula 604
O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal
interposto pelo Ministério Público

Órgão Julgador TERCEIRA SEÇÃO Data da Decisão 28/02/2018 Fonte DJE DATA:05/03/2018
RSSTJ VOL.:00047 PG:00079 RSTJ VOL.:00249 PG:01318 Súmulas do Superior Tribunal de
Justiça Página 801 de 849 Ementa O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. Referências Legislativas
LEG:FED CFB:****** ANO:1988 ***** CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ART:00005
INC:00069 LEG:FED DEL:003689 ANO:1941 ***** CPP-41 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
ART:00581 ART:00584 ART:00593 ART:00597 LEG:FED LEI:007210 ANO:1984 ***** LEP-84
LEI DE EXECUÇÃO PENAL ART:00197 Precedentes AgRg no HC 388235 SP 2017/0029944-
3 Decisão:18/05/2017 DJE DATA:30/05/2017 AgRg no HC 377712 SP 2016/0291121-
4 Decisão:02/05/2017 DJE DATA:09/05/2017 AgRg no HC 369841 SP 2016/0232578-3
Decisão:02/02/2017 DJE DATA:10/02/2017 HC 369043 SP 2016/0226102-6 Decisão:15/12/2016
DJE DATA:10/02/2017 AgRg no HC 354095 SP 2016/0103134-2 Decisão:01/09/2016 DJE
DATA:13/09/2016 HC 362604 SP 2016/0183219-9 Decisão:16/08/2016 DJE DATA:26/08/2016
HC 299398 SP 2014/0176299-4 Decisão:28/06/2016 DJE DATA:01/08/2016 HC 354622 SP
2016/0108579-4 Decisão:28/06/2016 DJE DATA:01/08/2016 HC 344698 SP 2015/0312711-0
Decisão:02/06/2016 DJE DATA:10/06/2016 HC 348486 SP 2016/0027818-1 Decisão:17/03/2016
DJE DATA:31/03/2016 AgRg no HC 148623 SP 2009/0187160-6 Decisão:18/06/2013 DJE
DATA:01/07/2013 Súmulas do Superior Tribunal de Justiça Página 802 de 849 HC 228762 SP
2011/0305327-0 Decisão:21/05/2013 DJE DATA:28/05/2013 HC 226043 MT 2011/0281427-5
Decisão:11/04/2013 DJE DATA:23/04/2013 RSSTJ VOL.:00047 PG:00079
D) INCORRETA: A alternativa “D” está incorreta, pois contraria a Súmula n. 599 do STJ, que veda a aplicação
do princípio da insignificância aos crimes contra a administração.

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SÚMULA n. 599: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração


pública.

Órgão Julgador CORTE ESPECIAL Data da Decisão 20/11/2017 Fonte DJE DATA:27/11/2017
RSSTJ VOL.:00046 PG:00825 RSTJ VOL.:00248 PG:00857 Ementa O princípio da insignificância
é inaplicável aos crimes contra a administração pública. Súmulas do Superior Tribunal de
Justiça Página 794 de 849 Referências Legislativas LEG:FED DEL:002848 ANO:1940 *****
CP-40 CÓDIGO PENAL ART:00171 PAR:00003 ART:00312 ART:0359D Precedentes HC 274487
SP 2013/0243890-8 Decisão:05/04/2016 DJE DATA:15/04/2016 RSSTJ VOL.:00046 PG:00825
AgRg no AREsp 572572 PR 2014/0212773-0 Decisão:08/03/2016 DJE DATA:16/03/2016
AgRg no AREsp 648194 SP 2015/0019574-0 Decisão:03/03/2016 DJE DATA:14/03/2016
AgRg no HC 188151 SP 2010/0193359-5 Decisão:23/02/2016 DJE DATA:07/03/2016 AgRg
no REsp 1511985 PR 2015/0014797-7 Decisão:20/08/2015 DJE DATA:01/09/2015 AgRg no
AREsp 487715 CE 2014/0060304-0 Decisão:18/08/2015 DJE DATA:01/09/2015 APn 702
AP 2011/0011824-7 Decisão:03/06/2015 DJE DATA:01/07/2015 AgRg no REsp 1308038 SP
2012/0046856-2 Decisão:19/05/2015 DJE DATA:29/05/2015 AgRg no AREsp 614524 MG
2014/0306488-4 Decisão:14/04/2015 DJE DATA:23/04/2015 RHC 51356 SC 2014/0224467-
3 Decisão:03/02/2015 DJE DATA:18/02/2015 AgRg no AREsp 342908 DF 2013/0167774-
1 Decisão:18/06/2014 DJE DATA:27/06/2014 AgRg no REsp 1382289 PR 2013/0131925-
2 Decisão:05/06/2014 DJE DATA:11/06/2014 AgRg no Ag 1105736 MG 2008/0225756-4
Decisão:07/12/2010 DJE DATA:17/12/2010.
E) CORRETA: A alternativa “E” está correta. O STF definiu os parâmetros para a aplicação do princípio da
insignificância da seguinte forma:

HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.


REPARAÇÃO DO DANO. ATENUAÇÃO DA PENA. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO DISPOSTO
NO ART. 34 DA LEI N. 9.249/95, VISANDO À EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM RELAÇÃO AOS
CRIMES DESCRITOS NA LEI N. 8.137/90. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 1. A aplicação do princípio
da insignificância há de ser criteriosa, cautelosa e casuística. Devem estar presentes em
cada caso, cumulativamente, requisitos de ordem objetiva: ofensividade mínima da conduta
do agente, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento do agente e inexpressividade da lesão ao bem juridicamente tutelado. Hipótese
em que a impetrante se limita a argumentar tão-somente com o valor do bem subtraído, sem
demonstrar a presença dos demais requisitos. 2. A reparação do dano após a consumação do
crime, ainda que antes do recebimento da denúncia, confere ao paciente somente a atenuação
da pena; não a extinção da punibilidade. 3. A pretensão de que seja aplicado, por analogia, o
disposto no art. 34 da Lei n. 9.249/95, visando à extinção da punibilidade em relação aos crimes

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descritos na Lei n. 8.137/90, não pode ser conhecida, porque não examinada pelo Superior
Tribunal de Justiça. Habeas corpus conhecido, em parte, e denegada a ordem nessa extensão.
(HC 92743 - HABEAS CORPUS , EROS GRAU, STF.)

EMENTA: HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. CRIME DE RECEPTAÇÃO.


OBJETO DE VALOR REDUZIDO. DEVOLUÇÃO ESPONTÂNEA À VÍTIMA. REQUISITOS DO CRIME
DE BAGATELA PREENCHIDOS NO CASO CONCRETO. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA.
ORDEM CONCEDIDA. 1. A incidência do princípio da insignificância depende da presença
de quatro requisitos, a serem demonstrados no caso concreto: a) mínima ofensividade da
conduta do paciente; b) ausência de periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau
de reprovabilidade do comportamento; d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 2.
A via estreita do habeas corpus não admite um profundo revolvimento de provas nem o
sopesamento das mesmas. A aplicação do princípio da insignificância só será permitida se os
autos revelarem claramente a presença dos requisitos mencionados. 3. No caso, a receptação
de um walk man, avaliado em R$ 94,00, e o posterior comparecimento do paciente perante à
autoridade policial para devolver o bem ao seu dono, preenchem todos os requisitos do crime
de bagatela, razão pela qual a conduta deve ser considerada materialmente atípica. 4. Ordem
concedida para determinar o trancamento da ação penal de origem. (HC 91920 - HABEAS
CORPUS , JOAQUIM BARBOSA, STF.)
💡💡 GABARITO: D

PROFESSOR LUCAS CALIXTO

🏳🏳 DIREITO ECONÔMICO E DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 13. Com relação às assertivas abaixo, é correto, à luz da jurisprudência do STJ, afirmar que:

A) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, é
automática, independendo da constatação da presença ou não da verossimilhança das alegações do
consumidor.

B) O estabelecimento comercial responde, perante o cliente, pelo roubo à mão armada de veículo ocorrido
em estacionamento, ainda quando seja este gratuito, externo e de livre acesso.

C) Há responsabilidade solidária por danos causados de empresa que utiliza marca internacionalmente
reconhecida, mesmo que não tenha sido a fabricante direta do produto defeituoso.

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D) Não há ilegalidade em cobrança do consumidor da 2ª via de comprovante de operação bancária,


uma vez que a instituição financeira não responde por vício do produto originado do desbotamento de
informações contidas na 1ª via impressa em papel termossensível.

E) Não é abusiva a conduta de produtor de espetáculo de cobrança do consumidor de “taxa de conveniência”


pela venda de ingressos em meio virtual (internet).

💡💡 GABARITO COMENTADO

A questão aborda o Direito do Consumidor à luz da jurisprudência do STJ, fonte da qual são retiradas diversas
questões na matéria.

A) INCORRETA: Assertiva incorreta. A incorreção da assertiva é bastante intuitiva, pois segundo a redação do
artigo 6º, VIII do CDC é direito básico do consumidor “VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. Ora, a própria
redação do artigo já deixa claro que a inversão dependente de um critério judicial, qual seja a presença da
verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência.

O STJ possui, no caso, jurisprudência firme no sentido da impossibilidade de inversão automática do ônus da
prova. Colaciona-se um exemplo:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.


PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE LAVAGEM DE TAPETE. VÍCIO DEMONSTRADO. VALOR DA
INDENIZAÇÃO. MÉDIA DOS ORÇAMENTOS APRESENTADOS PELO PERITO RELATIVOS A
PRODUTOS SIMILARES. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CRITÉRIO DO JUIZ. AGRAVO INTERNO
NÃO PROVIDO.
1. A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor, não é automática, dependendo da constatação, pelas instâncias ordinárias, da
presença ou não da verossimilhança das alegações do consumidor. Precedentes.
2. No caso, a Corte de origem observou que a parte autora não apresentou prova mínima
a respeito do valor do bem danificado, concluindo ser razoável a fixação do montante da
indenização com base na média dos orçamentos apresentados pelo perito judicial relativos a
produtos similares ao objeto dos autos. 3. A reforma do julgado demandaria, necessariamente,
novo exame do acervo fático-probatório dos autos, providência vedada no recurso especial, a
teor do disposto na Súmula 7 do STJ.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1370593/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em

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27/08/2019, DJe 12/09/2019)


Assertiva incorreta, portanto.

B) INCORRETA: A assertiva merece muita atenção do candidato. Veja-se que o STJ sedimentou o entendimento
de que “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu
estacionamento.” (Súmula 130, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 29/03/1995, DJ 04/04/1995 p. 8294).

O primeiro detalhe que merece atenção é que a assertiva refere roubo à mão armada, ao passo que o
entendimento sumulado apenas faz menção a dano ou furto do veículo. Poder-se-ia cogitar da incorreção
por essa via, mas é certo que o STJ tem admitido interpretação extensiva da Súmula 130 para casos de
roubo e latrocínio “quando o crime praticado no estacionamento de empresas destinadas à exploração
econômica direta da referida atividade (hipótese em que configurado o fortuito interno) ou quando esta for
explorada de forma indireta por grandes shoppings centers ou rede de hipermercados (hipótese em que o
dever de reparar resulta da frustração da legítima expectativa de segurança do consumidor)” (inteiro teor do
voto vencedor no EREsp 1431606/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
27/03/2019, DJe 02/05/2019).

Ainda, é importante lembrar que o STJ também estende a proteção da Súmula 130 a estacionamentos ainda
que gratuitos, desde que exista um incremento para a empresa que o explora.

A assertiva refere, contudo, que o estacionamento é “gratuito”, “externo” e de “livre acesso”, conjugação
esta que exclui a responsabilidade do estabelecimento comercial por se tratar de fortuito externo. Nesse
sentido foi o seguinte julgado do STJ, antes mencionado:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL. LANCHONETE. ROUBO EM


ESTACIONAMENTO GRATUITO, EXTERNO E DE LIVRE ACESSO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO.
CASO FORTUITO EXTERNO. SÚMULA Nº 130/STJ. INAPLICABILIDADE. RISCO ESTRANHO À
NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. AUSÊNCIA DE LEGÍTIMA EXPECTATIVA DE SEGURANÇA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, conferindo interpretação extensiva à Súmula n° 130/
STJ, entende que estabelecimentos comerciais, tais como grandes shoppings centers e
hipermercados, ao oferecerem estacionamento, ainda que gratuito, respondem pelos assaltos
à mão armada praticados contra os clientes quando, apesar de o estacionamento não ser
inerente à natureza do serviço prestado, gera legítima expectativa de segurança ao cliente
em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos
consumidores.
2. Nos casos em que o estacionamento representa mera comodidade, sendo área
aberta, gratuita e de livre acesso por todos, o estabelecimento comercial não pode ser
responsabilizado por roubo à mão armada, fato de terceiro que exclui a responsabilidade,
por se tratar de fortuito externo.

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3. Embargos de divergência não providos.


(EREsp 1431606/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
27/03/2019, DJe 02/05/2019).
Assim, a assertiva é incorreta.

C) CORRETA: De fato, há a responsabilização solidária da empresa que se utiliza de marca internacional, ainda
que não tenha sido a fabricante direta do produto defeituoso. Tal empresa, segundo a jurisprudência do
STJ, recebe o nome de “fornecedor aparente”, estando incluída, para fins de responsabilização, no preceito
do artigo 3º do CDC. Confira-se julgado que elucida o conceito de fornecedor aparente e conclui pela sua
responsabilização:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAL E MORAL - RELAÇÃO DE


CONSUMO - DEFEITO DO PRODUTO - FORNECEDOR APARENTE - MARCA DE RENOME GLOBAL
- LEGITIMIDADE PASSIVA - RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. INSURGÊNCIA RECURSAL DA
EMPRESA RÉ.
Hipótese: A presente controvérsia cinge-se a definir o alcance da interpretação do art. 3º
do Código de Defesa do Consumidor, a fim de aferir se na exegese de referido dispositivo
contempla-se a figura do fornecedor aparente - e, consequentemente, sua responsabilidade
-, entendido como aquele que, sem ser o fabricante direto do bem defeituoso, compartilha a
mesma marca de renome mundial para comercialização de seus produtos.
1. A adoção da teoria da aparência pela legislação consumerista conduz à conclusão de que
o conceito legal do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor abrange também a figura do
fornecedor aparente, compreendendo aquele que, embora não tendo participado diretamente
do processo de fabricação, apresenta-se como tal por ostentar nome, marca ou outro sinal de
identificação em comum com o bem que foi fabricado por um terceiro, assumindo a posição
de real fabricante do produto perante o mercado consumidor.
2. O fornecedor aparente em prol das vantagens da utilização de marca internacionalmente
reconhecida, não pode se eximir dos ônus daí decorrentes, em atenção à teoria do risco
da atividade adotada pelo Código de Defesa do Consumidor. Dessa forma, reconhece-se
a responsabilidade solidária do fornecedor aparente para arcar com os danos causados
pelos bens comercializados sob a mesma identificação (nome/marca), de modo que resta
configurada sua legitimidade passiva para a respectiva ação de indenização em razão do fato
ou vício do produto ou serviço.
3. No presente caso, a empresa recorrente deve ser caracterizada como fornecedora aparente
para fins de responsabilização civil pelos danos causados pela comercialização do produto
defeituoso que ostenta a marca TOSHIBA, ainda que não tenha sido sua fabricante direta,

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pois ao utilizar marca de expressão global, inclusive com a inserção da mesma em sua razão
social, beneficia-se da confiança previamente angariada por essa perante os consumidores. É
de rigor, portanto, o reconhecimento da legitimidade passiva da empresa ré para arcar com
os danos pleiteados na exordial.
4. Recurso especial desprovido.
(REsp 1580432/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/12/2018, DJe
04/02/2019).
Assertiva correta.

D) INCORRETA: O caso relatado na assertiva retrata julgado do STJ proferido no bojo de ação civil pública
que buscava impedir que grande instituição financeira que fornecesse, gratuitamente, segunda via de
comprovantes.

A conclusão do STJ foi no sentido de que há efetivamente responsabilidade da instituição financeira por
vício da qualidade do produto quando opta pela impressão de comprovantes em papel termossensível, de
modo que não poderia, por tal razão, cobrar pela segunda via de comprovante que fosse requerido pelo
consumidor para comprovar alguma operação bancária.

Confira-se julgado de 2019 do STJ exatamente nesse sentido, publicado no informativo 650:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPROVANTE DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS.


EMISSÃO EM PAPEL TERMOSSENSÍVEL. BAIXA DURABILIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
DEFICIENTE. OBRIGAÇÃO DE EMISSÃO GRATUITA DE SEGUNDA VIA DO COMPROVANTE.
1. O Código de Defesa do Consumidor, para além da responsabilidade decorrente dos acidentes
de consumo (arts. 12 a 17), cuja preocupação primordial é a segurança física e patrimonial
do consumidor, regulamentou também a responsabilidade pelo vício do produto ou do serviço
(arts. 18 a 25), em que a atenção se voltou à análise da efetiva adequação à finalidade a que
se destina. Previu, assim, que o fornecedor responderá pelos vícios de qualidade que tornem
os serviços impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor ou, ainda, pelos decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da oferta ou da mensagem publicitária (art. 20).
2. A noção de vício passou a ser objetivada, tendo a norma trazido parâmetros a serem
observados, independentemente do que fora disposto no contrato, além de ter estabelecido
um novo dever jurídico ao fornecedor: o dever de qualidade e funcionalidade, a ser analisado
de acordo com as circunstâncias do caso concreto, devendo-se ter em conta ainda a efetiva
adequação à finalidade a que se destina e às expectativas legítimas do consumidor com aquele
serviço, bem como se se trata de obrigação de meio ou de resultado.
3. A instituição financeira, ao emitir comprovantes de suas operações por meio de papel
termossensível, acabou atraindo para si a responsabilidade pelo vício de qualidade do

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produto. Isso porque, por sua própria escolha, em troca do aumento dos lucros - já que a
impressão no papel térmico é mais rápida e bem mais em conta -, passou a ofertar o serviço
de forma inadequada, emitindo comprovantes cuja durabilidade não atendem as exigências e
as necessidades do consumidor, vulnerando o princípio da confiança.
4. É da natureza específica do tipo de serviço prestado emitir documentos de longa vida útil,
a permitir que os consumidores possam, quando lhes for exigido, comprovar as operações
realizadas.
Em verdade, a “fragilidade” dos documentos emitidos em papel termossensível acaba por
ampliar o desequilíbrio na relação de consumo, em vista da dificuldade que o consumidor terá
em comprovar o seu direito pelo desbotamento das informações no comprovante.
5. Condicionar a durabilidade de um comprovante às suas condições de armazenamento, além
de incompatível com a segurança e a qualidade que se exigem da prestação de serviços, torna
a relação excessivamente onerosa para o consumidor, que, além dos custos de emitir um novo
recibo em outra forma de impressão (fotocópia), teria o ônus de arcar, em caso de perda, com
uma nova tarifa pela emissão da 2ª via do recibo, o que se mostra abusivo e desproporcional.
6. O reconhecimento da falha do serviço não pode importar, por outro lado, em repasse pelo
aumento de tarifa ao consumidor nem em prejuízos ao meio ambiente.
7. Na hipótese, o serviço disponibilizado foi inadequado e ineficiente, porquanto incidente na
frustração da legítima expectativa de qualidade e funcionalidade do consumidor-médio em
relação ao esmaecimento prematuro das impressões em papel térmico, concretizando-se o
nexo de imputação na frustração da confiança a que fora induzido o cliente.
8. Recurso especial não provido.
(REsp 1414774/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
16/05/2019, DJe 05/06/2019)
Assertiva incorreta.

E) INCORRETA: Por fim, a última assertiva também se encontra em dissonância com a jurisprudência do
STJ, que assentou que “É abusiva a venda de ingressos em meio virtual (internet) vinculada a uma única
intermediadora e mediante o pagamento de taxa de conveniência.”

A conclusão consta do REsp 1.737.428-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 12/03/2019,
DJe 15/03/2019, divulgado no informativo 644 de 12 de abril de 2019, cujo teor é reproduzido abaixo:

Salienta-se preliminarmente que a venda casada “às avessas”, indireta ou dissimulada consiste
em se admitir uma conduta de consumo intimamente relacionada a um produto ou serviço,
mas cujo exercício, é restringido à única opção oferecida pelo próprio fornecedor, limitando,
assim, a liberdade de escolha do consumidor. A venda pela internet, que alcança interessados

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em número infinitamente superior do que a venda por meio presencial, privilegia os interesses
dos produtores e promotores do espetáculo cultural de terem, no menor prazo possível,
vendidos os espaços destinados ao público e realizado o retorno dos investimentos até então
empregados. Ademais, a fim de preservar a boa-fé e a liberdade contratual dos consumidores,
os produtores e promotores do espetáculo cultural, ao optarem por submeter os ingressos
à venda terceirizada em meio virtual (da internet), devem oferecer ao consumidor diversas
opções de compra em diversos sítios eletrônicos, caso contrário, a liberdade dos consumidores
de escolha da intermediadora da compra é cerceada, de modo a ficar configurada a venda
casada, ainda que em sua modalidade indireta ou “às avessas”, nos termos do art. 39, I e IX,
do CDC. Além disso, é fictícia a liberdade do consumidor em optar pela aquisição virtual ou
pela presencial, ante a uma acentuada diferença de benefícios entre essas duas opções: ou
o consumidor adquire seu ingresso por meio virtual e se submete à cobrança da taxa, tendo
ainda que pagar uma nova taxa para receber o ingresso em seu domicílio; ou, a despeito de
residir ou não na cidade em que será realizado o espetáculo cultural, adquire o ingresso de
forma presencial, correndo o risco de que todos os ingressos já tenham sido vendidos em
meio virtual, enfrentando filas e deslocamentos. Assim, não fosse a restrição da liberdade
contratual bastante para macular a validade da cobrança da taxa de conveniência, por
violação da boa-fé objetiva, esses fatores adicionais agora enumerados também têm o condão
de modificar substancialmente o cálculo da proporcionalidade das prestações envolvidas
no contrato, não sendo mais possível vislumbrar o equilíbrio pretendido pelas partes no
momento da contratação ou eventual vantagem ao consumidor com o oferecimento conjunto
dos serviços. Por fim, o serviço de intermediação apresenta mais uma peculiaridade: a de
que não há declaração clara e destacada de que o consumidor está assumindo um débito
que é de responsabilidade do incumbente – produtor ou promotor do espetáculo cultural –
não se podendo, nesses termos, reconhecer a validade da transferência do encargo (assunção
de dívida pelo consumidor). Verifica-se, portanto, da soma desses fatores, o desequilíbrio
do “contrato, tornando-o desvantajoso ao consumidor enquanto confere vantagem sem
correspectivo (sem “sinalagma”, do grego, câmbio) ao fornecedor”, o que também acaba por
vulnerar o princípio da vedação à lesão enorme, previsto nos arts. 39, V, e 51, IV, do CDC.
Desse modo, deve ser reconhecida a abusividade da prática da venda casada imposta ao
consumidor em prestação manifestamente desproporcional, devendo ser admitido que a
remuneração da intermediadora da venda, mediante a taxa de conveniência, deveria ser
de responsabilidade das promotores e produtores de espetáculos culturais, verdadeiros
beneficiários do modelo de negócio escolhido. (REsp 1.737.428-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por maioria, julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019, Informativo 644 de 12 de abril de 2019).
Assertiva incorreta.

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💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 14. Acerca das formas econômicas de Estado, assinale a assertiva incorreta:

A) O Estado Liberal baseia-se na doutrina filosófica e política do liberalismo, o qual se assenta no respeito ao
exercício dos direitos e garantias por parte dos indivíduos, e tem como grande postulado a livre iniciativa.

B) O Estado Intervencionista Econômico teve como exemplificação o New Deal, concebido e executado
por Franklin Roosevelt, e que consistia em ações governamentais de apropriação de todos os bens de
produção pelo Estado, de modo que este fosse o único produtor, vendedor e empregador, decorrendo daí
a principal característica desta forma de Estado que é a total valorização do coletivo em detrimento do
individual.

C) O Estado Intervencionista Social, também chamado de Estado de Bem Estar Social ou Estado Providência,
tem por fim garantir que sejam efetivadas políticas de caráter assistencialista na sociedade por meio de
uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos da economia capitalista.

D) O Estado Intervencionista Socialista, forma intervencionista máxima de Estado, adota uma política
econômica planificada, na qual o Poder Público passa a ser o centro exclusivo das deliberações referentes
à economia, o que, no plano jurídico, na total supremacia do interesse público, com substituição da livre
concorrência e livre iniciativa pelo planejamento econômico estatal.

E) O Estado Regulador busca um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem abandonar a sociabilidade
dos bens, caracterizando-se por uma nova concepção do Estado na economia, como ente garantidor e
regulador da atividade econômica.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A questão trata sobre tema importante do Direito Econômico que são as formas econômicas de Estado. A
questão ora proposta é essencialmente doutrinária, devendo o aluno CEI atentar-se para o fato de que, em
Direito Econômico, há temas que são objeto de provas objetivas que não raro somente são encontradas em
livros (questões estas que exigem do candidato o conhecimento de conceitos), não bastando a mera leitura
da CF, leis extravagantes e jurisprudência.

Assim, recomendamos ao aluno a eleição de um livro de base para os estudos, focando em conceitos e
classificações, temas estes que podem aparecer em questões de prova objetiva (e mesmo nas discursivas).

Vamos aos comentários.

A) CORRETA: De fato, o Estado Liberal pauta-se no liberalismo, tendo como expressão máxima o postulado

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da livre iniciativa, que é o direito de qualquer cidadão exercer atividade econômica livre de restrições,
condicionamentos ou imposições estatais.

O Estado Liberal ainda se assenta na doutrina da liberdade de mercado, que é basicamente um sistema de
autorregulação da economia, com um verdadeiro absenteísmo do Estado.

No plano econômico, o Estado Liberal bebe da doutrina de Adam Smith, que defendia a plena liberdade de
mercado. As ideias do filósofo escocês foram assim ser resumidas por Leonardo Vizeu:

Por meio do devido processo competitivo, os agentes mais aptos iriam se sobressair sobre os
menos eficientes, sendo estes naturalmente eliminados. Desta feita, em um mercado, cujos
participantes estão em constante disputa para atrair maior número de consumidores, estes
experimentam os benefícios da competição, tendo à disposição produtos e bens qualitativamente
diferenciados, por preços cada vez menores, garantindo, assim, a maximização de seu nível de
bem-estar socioeconômico. Tal teoria econômica é denominada “Mão Invisível”. (FIGUEIREDO,
Leonardo Vizeu. Direito econômico. 10. Rio de Janeiro Forense 2019, e-book)
Assertiva correta, portanto.

B) INCORRETA: A assertiva merece atenção do candidato. Veja-se que, de fato, o Estado Intervencionista
Econômico tem como exemplificação maior o New Deal de Roosevelt. Ocorre que este, ao contrário do que
consta da assertiva, não serviu para centralização dos meios de produção no Estado, mas sim foi um conjunto
de ações com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e auxiliar os prejudicados
pela Grande Depressão. Os pilares do New Deal e a sua forma de implementação foi assim resumida por
Leonardo Vizeu:

O New Deal pode ser dividido em quatro pilares de sustentação: a) as reformas econômicas
e a regulação de setores da economia; b) a implementação de medidas emergenciais; c) as
transformações culturais; e d) uma nova pactuação política entre o Estado e fatores sociais,
o que formou a chamada coalizão do New Deal. Para tanto, operacionalizou-se da seguinte
forma: a) controle sobre bancos e instituições financeiras e econômicas; b) construção de
obras de infraestrutura para a geração de empregos e aumento do mercado consumidor;
c) concessão de subsídios e crédito agrícola a pequenos produtores familiares; d) criação de
empresas privadas de Previdência Social, que estipulou garantias a idosos, desempregados e
inválidos, mediante um sistema de pagamentos contraprestacional, ora de poupança simples,
ora por capitalização; e) diminuição da jornada de trabalho, com o objetivo de abrir novos
postos, além de criação de uma política de renda mínima; f) incentivo à criação de sindicatos
para aumentar o poder de negociação dos trabalhadores e facilitar a defesa dos novos direitos
instituídos. ((FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Direito econômico. 10. Rio de Janeiro Forense
2019, e-book).

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Ao contrário do referido na assertiva (que descreve o Estado Intervencionista Socialista), o Estado


Intervencionista Econômico tem como característica garantir o exercício racional das liberdades individuais,
interferindo o Estado não em tudo, mas de forma a coibir o exercício abusivo do liberalismo. No seio desta
forma econômica de Estado que surge a legislação antitruste.

Assertiva incorreta, devendo ser assinalada para o acerto da questão.

C) CORRETA: Inicialmente cumpre esclarecer que há autores que separam os Estados Intervencionista
Econômico e Social (tal qual referido na questão) e outros que tratam de ambos como sendo Estados
Intervencionistas.

Nesta forma econômica de Estado, tal como assentado na assertiva, a preocupação volta-se ao social,
buscando-se o bem-estar do cidadão. Tal Estado manifesta-se inicialmente na Constituição Mexicana de
1917 e na Alemã de 1919 (Weimar), destacando-se pela garantia de direitos sociais e intervencionismo na
economia. Aqui há a assunção de prestações positivas pelo Estado, como previdência, habitação, saúde,
educação e assistência social. É, como dito na assertiva, o Estado de Bem Estar Social ou Welfare State.

Assertiva correta.

D) CORRETA: A assertiva encontra-se correta, descrevendo o Estado Intervencionista Socialista. De fato, nesta
forma econômica há centralização no Estado das decisões econômicas, tomando este para si, tal qual referido
na assertiva ‘b’ “todos os bens de produção pelo Estado, de modo que este fosse o único produtor, vendedor
e empregador, decorrendo daí a principal característica desta forma de Estado que é a total valorização do
coletivo em detrimento do individual”.

Baseia-se na teoria da planificação, que é justamente a centralização das decisões no Estado. Afasta-
se, destarte, da autonomia do individuo, havendo a coletivização, pelo Estado, dos fatores de produção.
Leonardo Vizeu assim descreve os planos econômico e jurídico do Estado Socialista:

No plano econômico baseia-se na teoria da planificação proposta por Lênin, defendida por
Trotsky, operacionalizada e mantida por Stalin. A planificação se trata de medida de total
intervenção do Estado, no qual o Poder Público se torna o único centro de decisões econômicas.
No plano jurídico, consubstancia-se no princípio da supremacia do interesse público, mitigando
os anseios e expectativas individuais em face da vontade coletiva da sociedade. Preocupa-
se, basicamente, com o bem comum e as necessidades da coletividade, em detrimento do
liberalismo individual. Foi concebido com base nas ideias de filósofos que apontaram os efeitos
excludentes e exploratórios do liberalismo econômico e a necessidade de se efetivar políticas
de justa distribuição de rendas, a saber, Friedrich Hegel e Karl Marx. (FIGUEIREDO, Leonardo
Vizeu. Direito econômico. 10. Rio de Janeiro Forense 2019, e-book)
Assertiva correta.

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E) CORRETA: Por fim, a última assertiva descreve de forma bastante sintética o Estado Regulador. Tal forma
econômica busca o meio termo entre o Estado Liberal e o Intervencionista, de modo a incentivar a livre
iniciativa e liberdade de mercado, sem, contudo, descurar de uma regulação da economia.

Fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, pela qual o Poder Público somente interfere em áreas
em que o privado não consiga atender satisfatoriamente o interesse coletivo. Leonardo Vizeu refere que a
iniciativa de exploração da atividade econômica ”(...) retorna à iniciativa privada, a qual irá realizá-la dentro
de um conjunto de planejamento estatal previamente normatizado para tanto, com o fito de conduzir o
mercado à realização e consecução de metas socialmente desejáveis, que irão garantir o desenvolvimento
socioeconômico da Nação.” (FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Direito econômico. 10. Rio de Janeiro Forense
2019, e-book).

Assertiva correta.

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 15. NÃO é princípio da ordem econômica:

A) livre concorrência.

B) defesa do consumidor.

C) soberania nacional.

D) tratamento favorecido para todas as empresas brasileiras.

E) defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.

💡💡 GABARITO COMENTADO

D) INCORRETA (responde as demais alternativas): Para encerrar a presente rodada, propomos questão que, a
despeito de extremamente simples, é recorrente em provas objetivas que envolvem Direito Econômico. Trata-
se de literalidade da Constituição (artigo 170), o qual deve estar sempre presente ao aluno, especialmente
suas minúcias (troca de palavras) que são frequentemente realizadas pelas bancas organizadoras do concurso
da Magistratura Federal.

No caso, os princípios estão assim descritos:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,

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observados os seguintes princípios:


I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (Vide
Lei nº 13.874, de 2019)
Analisando-se as assertivas percebemos que não é princípio da ordem econômica o “tratamento favorecido
para todas as empresas” (assertiva “d”), já que o artigo refere que apenas as empresas brasileiras de pequeno
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no País possuem tal tratamento.

Note-se que não é incomum as bancas explorarem palavras como “todas”, “nunca”, “sempre” ou exceções
pertinentes. Deve-se sempre ter muita atenção com tais nuances em provas objetivas.

Assim, com esta rodada pretendeu-se exigir do aluno conhecimento de jurisprudência dos Tribunais
Superiores (caso da primeira questão de Direito do Consumidor), doutrina (caso da segunda questão) e
literalidade da lei (caso da presente questão).

💡💡 GABARITO: D

PROFESSOR JOSEANO MACIEL CORDEIRO

🏳🏳 DIREITO CIVIL E DIREITO EMPRESARIAL

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QUESTÃO 16. Acerca do tratamento da desconsideração da personalidade jurídica prescrito pelo Código
Civil, com as modificações efetuadas pela Lei n. 13.874/2019 - “Lei da Liberdade Econômica”, bem como
sua compreensão doutrinária e jurisprudencial, assinale a alternativa incorreta:

A) O teor do art. 50 do Código Civil aponta para a adoção da teoria maior da desconsideração da
personalidade jurídica, a qual se fundamenta no desvio de finalidade ou na confusão patrimonial.

B) A Lei 13.874/2019 delimitou o sentido da expressão “desvio de finalidade”, utilizada no caput,


conceituando-a como a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de
atos ilícitos de qualquer natureza.

C) A constatação da formação de grupo econômico entre diversas sociedades também pode servir de
fundamento para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica.

D) Em sintonia com o Código de Processo Civil, o Código Civil passou a disciplinar a chamada desconsideração
inversa.

E) A mera expansão ou alteração da finalidade original da atividade econômica da pessoa jurídica não
constitui desvio de finalidade.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A questão aborda o tema da desconsideração da personalidade jurídica com o propósito de chamar a atenção
do candidato para as alterações legislativas empreendidas pela Lei 13.874/2019, a qual, com o propósito de
aparentemente trazer mais segurança para a aplicação do instituto, modificou substancialmente a redação
do art. 50 do Código Civil. O assunto é transdisciplinar, com desdobramentos no direito processual civil,
ambiental, tributário e do consumidor. É provável que as modificações recentes no art. 50 do Código Civil
sejam objeto de questionamentos nos próximos concursos.

A) CORRETA: A assertiva “a” está correta. O reconhecimento da consagração pelo Código Civil da teoria
maior é uníssono na jurisprudência e na doutrina civilista:

A partir da intelecção do texto legal, há de se averbar que a nossa Lei Civil abraça a concepção
maior objetiva (apregoada por Fábio Konder Comparato), pela qual a disregard doctrine
lastreia-se no desvio de finalidade ou na confusão patrimonial, independentemente do
uso e da intenção (elemento anímico) que os sócios fazem da pessoa jurídica. Essa linha
ideológica objetivista dispensa perquirições subjetivas, atreladas à intencionalidade da prática
fraudulenta ou abusiva. (FARIAS, Cristiano Chaves. Curso de Direito Civil: Parte Geral e LINDB
/ Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald 14ª edição. Salvador: Editora JusPodivm, 2016,
pág. 477)

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PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE FALÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 50 DO CC/02. APLICAÇÃO DA
TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ALCANCE DO SÓCIO
MAJORITÁRIO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
LEGAIS.
1. Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.
2. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pelo recorrente em suas razões
recursais impede o conhecimento do recurso especial.
3. A regra geral adotada no ordenamento jurídico brasileiro, prevista no art. 50 do CC/02,
consagra a Teoria Maior da Desconsideração, tanto na sua vertente subjetiva quanto na
objetiva.
4. Salvo em situações excepcionais previstas em leis especiais, somente é possível a
desconsideração da personalidade jurídica quando verificado o desvio de finalidade (Teoria
Maior Subjetiva da Desconsideração), caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar
terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica, ou quando evidenciada a confusão
patrimonial (Teoria Maior Objetiva da Desconsideração), demonstrada pela inexistência, no
campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios.
5. Os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica somente alcançam os sócios
participantes da conduta ilícita ou que dela se beneficiaram, ainda que se trate de sócio
majoritário ou controlador.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido.
(REsp 1325663/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/06/2013,
DJe 24/06/2013)
Embora haja certo consenso quanto à adoção da teoria maior, há divergências sobre a consagração das
vertentes objetiva e subjetiva. O cotejo entre o excerto doutrinário e a ementa transcrita demostra a
divergência. Por esse motivo o enunciado da questão não fez referência a esse ponto, ficando limitado
apenas às teorias maior e menor.

B) CORRETA: A assertiva “b” está correta. A Lei 13.874/2019 especificou o conteúdo normativo da expressão
“desvio de finalidade” utilizada no caput do art. 50:

Art. 50 (…).
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica
com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

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C) INCORRETA: A assertiva “c” está incorreta. De acordo com o parágrafo 4º do art. 50 do Código Civil, também
acrescentado pela Lei 13.874/2019, a existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que
trata o caput não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica. Considerando que a alternativa não
fez menção à presença dos requisitos do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial, a assertiva está
incorreta:

Art. 50 (…).
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput
deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
D) CORRETA: A assertiva “d” está correta. A desconsideração inversa ocorre quando se imputa à pessoa
jurídica a responsabilidade por obrigação originariamente assumida pelo sócio ou administrador. O CPC
de 2015 fez menção a essa situação ao regulamentar o incidente para a desconsideração da personalidade
jurídica:

Art. 133 (…).


§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade
jurídica.
Essa possibilidade foi discretamente inserida no art. 50 pela Lei 13.874/2019, sem a utilização da expressão
“desconsideração inversa”:

Art. 50 (…).
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
E) CORRETA: A assertiva “e” está correta, correspondendo ao teor do parágrafo 5º, do artigo 50, também
inserido pela Lei nº 13.874/2019, que segue a linha geral de restringir a aplicação do instituto, fortalecendo
a autonomia patrimonial da pessoa jurídica:

Art. 50 (…).
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original
da atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 17. Sobre a posse e sua respectiva tutela, assinale a alternativa correta:

A) O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação possessória entre
particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, com exceção do domínio.

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B) O possuidor indireto em decorrência de constituto possessório inserido em escritura pública de compra


e venda de imóvel (cláusula constituti) detém legitimidade para ações possessórias, mesmo que jamais
tenha exercido a posse direta do bem.

C) De acordo com enunciado aprovado nas Jornadas de Direito Civil promovidas pelo Conselho da Justiça
Federal, uma coletividade de pessoas pode ser considerada possuidora para todos os efeitos legais, desde
que devidamente representada por pessoa jurídica constituída sob a forma de associação.

D) Ainda que a ocupação irregular de áreas públicas não configure posse, mas apenas detenção, a
jurisprudência reconhece o direito à indenização por benfeitorias quando comprovada a boa-fé.

E) O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o
seu custo, independentemente de estar o possuidor de boa ou má-fé.

💡💡 GABARITO COMENTADO

O tema da posse é bastante explorado nos concursos para a magistratura federal, pois o assunto transcende
as relações civis entre particulares e apresenta constantes desdobramentos no direito administrativo, como,
por exemplo, no caso da não observância das limitações referentes à faixa de domínio e à faixa não edificável
de rodovias e ferrovias federais. Para bem responder as questões geralmente o candidato precisará conhecer
as noções básicas acerca da posse e as implicações que o regime jurídico de direito público terá sobre o
instituto. Na presente questão buscou-se explorar os contornos básicos da posse trazidos pelo direito civil,
sem descurar de detalhes pertinentes à atuação de entes públicos nas ações possessórias.

A) INCORRETA: A assertiva “a” está incorreta. A assertiva contraria o enunciado da recente súmula 637 do
STJ, publicada em 11/11/2019, que admite a alegação por parte do ente público do domínio quando da sua
intervenção incidental em ação possessória entre particulares. Eis o teor da súmula:

O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação


possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for
o caso, o domínio. (Súmula 637, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/11/2019, DJe 11/11/2019)
B) CORRETA: A assertiva “b” está correta. Confira-se a exposição doutrinária acerca do constituto possessório:

É, ao mesmo tempo, modo de aquisição e de perda da posse. Dá-se o constituto possessório


quando o possuidor (geralmente o alienante da coisa) transfere a posse a outrem (geralmente
o adquirente da coisa), mas mantém-se como detentor, passando a ter a coisa em nome
do atual possuidor. Exemplo: o alienante do imóvel transfere a propriedade e a posse por
contrato de compra e venda, mas mantém-se no imóvel como locatário do adquirente, e,
portanto, nessa qualidade, possuidor direto; o adquirente (locador) passa a ser o possuidor

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indireto do imóvel. A cláusula contratual pela qual se convenciona o constituto possessório


denomina-se cláusula constituti. Pelo constituto possessório inverte-se o título da posse: o
alienante perde a posse tout court (direta e indireta) e passa a ser possuidor direto por novo
título e o adquirente torna-se possuidor indireto. No CC não há menção expressa ao constituto
possessório de coisa imóvel, como ocorria no regime revogado (CC/1916 494 IV), mas apenas
de coisa móvel (CC 1267 par.ún.). Contudo, como não há proibição para a cláusula constituti, e
tendo em vista o princípio da atipicidade dos negócios jurídicos no direito privado – as partes
podem celebrar negócios jurídicos atípicos (não previstos expressamente na lei), desde que
não ofendam os bons costumes nem a ordem pública –, é lícita a transferência da posse por
meio do constituto possessório. V. coments. CC 1205 e 1223. (Nery Junior, Nelson Código civil
comentado [livro eletrônico] / Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery. -- 3. ed. rev.,
atual. e ampl. até 03.06.2019. -- São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. Art. 1196.)
O STJ reconhece a legitimidade do possuidor indireto para o ajuizamento de ações possessórias, ainda que o
autor jamais tenha exercido a posse direta do bem:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NEGATIVA


DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS COM PROPÓSITO DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 98 DO STJ. MULTA AFASTADA. CERCEAMENTO DE
DEFESA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS.
INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SUMULA N. 7 DO STJ. CONSTITUTO POSSESSÓRIO.
ESCRITURA PÚBLICA. POSSE INDIRETA. CARACTERIZAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. (…) 6. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, é cabível o ajuizamento
de ação possessória pela posse indireta exercida pelo autor, decorrente da inserção de
cláusula «constituti» na escritura pública de compra e venda de bem imóvel. Precedentes.
7. Recurso especial a que se dá parcial provimento, somente para afastar a multa do art. 538
do CPC/1973. (REsp 1147826/PR, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 17/09/2019, DJe 20/09/2019)
E ainda:

CIVIL. POSSE. CONSTITUTO POSSESSORIO. AQUISIÇÃO FICTICIA (CC, ART. 494-IV).


REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CABIMENTO. COMODATO VERBAL. NOTIFICAÇÃO. ESCOAMENTO
DO PRAZO. ESBULHO. ALUGUEL, TAXAS E IMPOSTOS SOBRE O IMOVEL DEVIDOS. RECURSO
PROVIDO. I - A AQUISIÇÃO DA POSSE SE DA TAMBEM PELA CLAUSULA CONSTITUTI
INSERIDA EM ESCRITURA PUBLICA DE COMPRA-E-VENDA DE IMOVEL, O QUE AUTORIZA O
MANEJO DOS INTERDITOS POSSESSORIOS PELO ADQUIRENTE, MESMO QUE NUNCA TENHA
EXERCIDO ATOS DE POSSE DIRETA SOBRE O BEM. (...) (REsp 143.707/RJ, Rel. Ministro SÁLVIO
DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 25/11/1997, DJ 02/03/1998, p. 102)

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C) INCORRETA: A assertiva “c” está incorreta. Os enunciados aprovados nas Jornadas de Direito Civil
promovidas pelo Conselho da Justiça Federal costumam ser explorados nos concursos para a magistratura
federal, razão pela qual é recomendável estudá-los. A assertiva contraria o entendimento expresso no
enunciado 236, aprovado na III Jornada, sob a coordenação temática do jurista Gustavo Tepedino, que
reconhece a condição de possuidor para coletividades desprovidas de personalidade jurídica:

Enunciado 236: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade
desprovida de personalidade jurídica.
D) INCORRETA: A assertiva “d” está incorreta. A jurisprudência do STJ afasta o direito à indenização por
benfeitorias no caso da ocupação irregular de bem público, não reconhecendo a existência de posse, mas
sim de mera detenção, sem distinção em relação à boa ou à má-fé do detentor:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART. 1.022 DO CPC/2015 NÃO


CONFIGURADA. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA POR PARTICULARES.
CONSTRUÇÃO. BENFEITORIAS. INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. A jurisprudência
do STJ é firme no sentido de que, configurada a ocupação indevida de bem público, não
há falar em posse, mas em mera detenção, de natureza precária, o que afasta o direito
à indenização por benfeitorias. 3. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1701620/RS, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe 19/12/2017)

Embora esse seja o entendimento predominante do STJ, o qual deverá ser considerado como correto na
resolução de questões objetivas, é bom acompanhar a evolução do assunto, pois recentemente foram
proferidas decisões monocráticas por Ministros daquela Corte superior reconhecendo o direito à indenização
por benfeitorias ao detentor de bem público em circunstâncias especias. Eis a fundamentação de uma dessas
decisões:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 839.152 - SP (2016/0000696-5) (...) Cuida-se, na origem,


de ação reivindicatória em que a Fazenda do Estado de São Paulo postulou a retomada de
propriedade e posse de imóvel e consequente cancelamento da matrícula. A sentença foi
favorável e condicionou a imissão na posse do imóvel ao pagamento de indenização em favor
das rés. Após apelo de ambas as partes, o Tribunal de origem manteve a sentença incólume.
No que diz respeito à obrigação de indenizar, a Corte de origem assim se manifestou:
“No que pertine à indenização da posse, há que se considerar que, em rigor técnico, os réus
nunca exerceram posse, mas simples detenção (ocupação). De fato, a ocupação de imóvel
público não gera posse (no sentido técnico do termo).
Contudo, o fato é que os réus sempre agiram de boa-fé (subjetiva), pois acreditavam estar
exercendo uma posse justa, porquanto fundada em títulos advindos daquela ação de divisão
datada dos idos de 1920.

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O Poder Público, de sua parte, mesmo diante da procedência da ação discriminatória, sempre
se comportou como se aceitasse o fato de os réus exercerem posse verdadeiramente.
Com efeito, o Estado (em sentido amplo) sempre recebeu os tributos relativos inclusive à
propriedade; o Estado consentiu com a lavratura de inúmeras escrituras públicas e também
com o registro dos diversos títulos oriundos daquele título primitivo (divisão da Fazenda
Ingazeiro); o Estado consentiu e incentivou atividades agropastoris na região, favorecendo
empréstimos, liberando recursos para fomento agrícola etc.
Todo esse atuar persistente e longevo criou, para os réus, a confiança de que adotavam algum
comportamento lícito e que, por isso mesmo, apto a gerar a crença no sentido da continuidade
desse estado de coisas.
Agora, porém, passados inúmeros anos, o Estado, embora possa adotar comportamento
contraditório em relação à retomada da coisa por força da imutabilidade extraída da coisa
julgada produzida na ação discriminatória, não pode ficar livre da indenização da ocupação
que os réus exerceram por todo esse tempo.
A ocupação, com boa-fé, da área pública, ‘in casu’, tem o mesmo status jurídico de posse, para
o efeito de gerar o direito à indenização pretendida pelos réus, isso em razão dos influxos da
boa-fé objetiva.
Com efeito, o Estado incentivou as atividades agropastoris por aqui desenvolvida cobrou
impostos em razão dessas mesmas atividades;
ficou meio século de braços cruzados, assistindo à expansão e incremento das atividades
rurais na região do Pontal do Paranapanema. Esse comportamento público e notório (dai se
prescindir de prova), especificamente no âmbito da indenização aqui focada, não pode ser,
de maneira inconseqüente, abruptamente contrariado por conduta diametralmente oposta
àquele reconhecimento que durou décadas.
Em palavras diretas, entendo aplicável, para dar sustentação jurídica à indenização reclamada
pelos réus, o princípio da vedação do comportamento contraditório (‘venire contra factum
proprium’), algo que se extrai, como já afirmado alhures, do principio da boa-fé objetiva” (fls.
2.789/2.790e).
Nesse contexto, não se desconhece a existência de precedentes do Superior Tribunal de
Justiça, no sentido de que, “configurada a ocupação indevida de bem público, não há falar em
posse, mas em mera detenção, de natureza precária, o que afasta o direito à indenização por
benfeitorias” (STJ, REsp 1.310.458/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
DJe de 09/05/2013).
Todavia, na hipótese ora em apreciação, o Tribunal de origem ressaltou a existência de
peculiaridades fáticas, de modo a afastar a aplicação do referido entendimento jurisprudencial,

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uma vez que o Estado incentivou as atividades agropastoris desenvolvidas na região do Pontal
do Parapanema, bem como cobrou impostos em razão dessas atividades, compreendendo a
Corte local que os atos procedimentais, praticados pelo Estado, seriam suscetíveis de gerar,
nos particulares, a expectativa de recebimento de indenização, enquadrando-se o caso na
vedação ao venire contra factum propium.
(...)
Brasília (DF), 27 de novembro de 2019.
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES Relatora
(Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, 02/12/2019)
E) INCORRETA: A assertiva “e” está incorreta. O direito de opção entre o custo e o valor atual das benfeitorias
aplica-se apenas ao possuidor de má-fé. A indenização ao possuidor de boa-fé será sempre pelo valor atual.
É o que estabelece o artigo 1222 do Código Civil:

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o


direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo
valor atual.

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 18. Considerando o regime jurídico aplicável aos contratos empresariais, assinale a alternativa
incorreta:

A) De acordo com o STJ, empresas em processo de recuperação judicial podem celebrar contratos de
factoring sem prévia autorização judicial.

B) O contrato de abertura de crédito bancário não é título executivo extrajudicial, ainda que acompanhado
do extrato pormenorizado do débito.

C) A jurisprudência do STJ reconhece a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor aos contratos


de empréstimos bancários tomados por empresas em suas atividades negociais.

D) As empresas estatais podem figurar como franqueadoras.

E) No contrato de arrendamento mercantil, o arrendante deve pagar pela remoção do veículo arrendado,
em caso de descumprimento contratual.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A assertiva “a” está correta. A assertiva está em consonância com decisão proferida pela Terceira

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Turma do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.783.068-SP, divulgado no Informativo de


Jurisprudência nº 641, do qual se extrai as seguintes considerações:

Inicialmente, cumpre salientar que a recuperação judicial não implica, em regra, o afastamento
do devedor ou dos administradores da condução da atividade empresarial, e, ainda, que, nos
termos do art. 66 da Lei n. 11.101/2005, a única restrição imposta ao devedor diz respeito à
impossibilidade, sob determinadas condições, de alienar ou onerar bens ou direitos de seu
ativo permanente. Quando da entrada em vigor da atual Lei de Falência e Recuperação de
Empresas, a rubrica “ativo permanente”, segundo dicção da Lei n. 6.404/1976, consistia num
grupo de contas do balanço patrimonial das empresas que era composto por três subgrupos:
“investimentos”, “ativo imobilizado” e “ativo diferido” (art. 178, § 1º, “c”, da lei citada). Esse
grupo de contas, a partir da edição da Lei n. 11.941/2009, veio a integrar um novo grupo,
denominado “ativo não circulante”, o qual, por sua vez, passou a ser composto pelos subgrupos
“ativo realizável a longo prazo”, “investimentos”, “imobilizado” e “intangível”. Sucede, contudo,
que os bens alienados em decorrência de contratos de factoring (direitos de crédito) não
integram qualquer dos subgrupos que compunham o “ativo permanente” da empresa, pois
não podem ser enquadrados nas categorias “investimentos”, “ativo imobilizado” ou “ativo
diferido”. Assim, sejam os direitos creditórios (a depender de seu vencimento) classificados
como “ativo circulante” ou como “ativo realizável a longo prazo”, o fato é que, como tais
rubricas não podem ser classificadas como “ativo permanente”, a restrição à celebração de
contratos de factoring por empresa em recuperação judicial não integra o comando normativo
do art. 66 da LFRE. Além disso, é importante consignar que os contratos de fomento mercantil,
na medida em que propiciam sensível reforço na obtenção de capital de giro (auxiliando como
fator de liquidez), podem servir como importante aliado das empresas que buscam superar a
situação de crise econômico-financeira pela qual passam.
B) CORRETA: A assertiva “b” está correta. É o que dispõe a já antiga súmula 233 do Superior Tribunal de
Justiça:

233 - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente,


não é título executivo.
C) INCORRETA: A assertiva “c” está incorreta. A jurisprudência do STJ se firmou em sentido contrário ao
preceituado pela assertiva:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO


TOMADO POR EMPRESA PARA AQUISIÇÃO DE MAQUINÁRIO. INAPLICABILIDADE DO CDC.
RECONHECIMENTO DE CERCEAMENTO DE DEFESA E HIPOSSUFICIÊNCIA POR ESTA CORTE.
APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ.

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1. Rever a conclusão a que chegaram as instâncias ordinárias em relação à necessidade de


produção de provas demanda reexame do conjunto fático-probatório dos autos, procedimento
vedado em sede de recurso especial a teor da Súmula 7/STJ. 2. A jurisprudência deste
Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido de que não se aplica o CDC aos contratos
de empréstimo tomados por empresa para aquisição de maquinário a ser utilizado em sua
atividade negocial.
3. A alteração dos fundamentos do acórdão recorrido acerca da hipossuficiência dos
recorrentes encontra óbice no já citado enunciado n. 7 da Súmula do STJ.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1320308/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado
em 05/02/2019, DJe 12/02/2019)
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCÁRIO.
CAPITAL DE GIRO. RELAÇÃO DE INSUMO. FATOS. REEXAME. SÚMULA N. 7/STJ.
INAPLICABILIDADE. CONFISSÃO. REQUALIFICAÇÃO JURÍDICA. CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL.
MULTA MORATÓRIA. 10% (DEZ POR CENTO).
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. NÃO PROVIMENTO.
1. A requalificação jurídica de fatos incontroversos, seja porque constantes no acórdão
recorrido, alegados e não impugnados ou confessados, não demanda reexame, de modo que
não encontra o óbice de que trata o verbete n. 7 da Súmula desta Casa.
2. “A empresa que celebra contrato de mútuo bancário com a finalidade de obtenção de
capital de giro não se enquadra no conceito de consumidor final previsto no art. 2º do CDC.
Precedente.” (AgRg no AREsp 71.538/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA
TURMA, julgado em 28/5/2013, DJe 4/6/2013) 3. Admite-se o pacto de multa de 10% (dez por
cento) em cédulas de crédito comercial. Precedentes.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1257994/CE, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado
em 19/11/2019, DJe 06/12/2019)
D) CORRETA: A assertiva “d” está correta. Em dezembro de 2019 foi publicada a Lei 13.966, que dispõe sobre
o sistema de franquia empresarial, revogando a Lei 8.955/1994. O parágrafo segundo do artigo primeiro
estabelece que as empresas estatais podem adotar o sistema de franquia:

Art. 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual um franqueador
autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de propriedade
intelectual, sempre associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não
exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de métodos e sistemas de

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implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo


franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de consumo
ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante
o período de treinamento.
(...)
§ 2º A franquia pode ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou entidade sem fins
lucrativos, independentemente do segmento em que desenvolva as atividades.
E) CORRETA: A assertiva “e” está correta, tendo sido baseada em notícia publicada pelo STJ com base no
julgamento do Resp 1.828.147. Eis o teor da notícia, que apresenta a devida contextualização do caso, com
a distinção em relação a situações correlatas:

DECISÃO 12/03/2020 06:55


Em caso de descumprimento contratual, arrendante deve pagar pela remoção do veículo
arrendado
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que é da própria arrendante a
responsabilidade pelo pagamento das despesas de remoção e estadia do veículo arrendado
em pátio privado, nos casos em que a apreensão se der por ordem judicial, em razão de
inadimplemento contratual do arrendatário.
O colegiado ressaltou que o arrendatário é responsável pelo pagamento dessas despesas nos
casos em que a apreensão for motivada por infrações de trânsito, segundo entendimento
fixado em recurso repetitivo julgado pela Primeira Seção (Tema 453).
O caso teve origem em ação de cobrança ajuizada pela depositária do veículo apreendido
contra a arrendante, para pagamento de despesas relativas à remoção e estadia do bem –
objeto de busca e apreensão decorrente de ação de reintegração de posse movida contra
o arrendatário. Em primeiro grau, a arrendante foi condenada a pagar pouco mais de R$ 88
mil, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aplicou a tese firmada no repetitivo do STJ,
entendendo que a reponsabilidade, na situação, seria do arrendatário. No recurso especial, o
arrendatário alegou que o TJSP aplicou de forma equivocada a tese do repetitivo, pois esta se
refere às hipóteses de apreensão em decorrência de infrações administrativas de trânsito – o
que não seria a situação dos autos.
Propriedade do bem
A relatora no STJ, ministra Nancy Andrighi, explicou que o arrendamento mercantil é o negócio
realizado entre pessoa jurídica – na qualidade de arrendante – e pessoa física ou jurídica – na
qualidade de arrendatária – que tem por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela
arrendante, nos termos da Lei 6.099/1974. Ela observou que a propriedade do bem objeto

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desse tipo de contrato, enquanto dura o arrendamento mercantil, continua a ser do arrendante,
como decidido em precedente do STJ. Quanto às despesas decorrentes do depósito do veículo
em pátio privado, elas se referem ao próprio bem, ou seja, constituem obrigações propter
rem. “Isso equivale a dizer que as despesas com a remoção e a guarda dos veículos objeto de
contrato de arrendamento mercantil estão vinculadas ao bem e a seu proprietário, isto é, o
arrendante” – disse a ministra, lembrando que esse mesmo entendimento é aplicado quando
se trata de veículo alienado fiduciariamente.
Infrações de trânsito
Nancy Andrighi ressaltou que a situação é diversa quando o veículo objeto de arrendamento
mercantil é apreendido após o cometimento de infrações de trânsito pelo arrendatário, em
razão da Resolução 149/2003 do Conselho Nacional de Trânsito – que regulamenta a aplicação
de penalidade por infração de responsabilidade do proprietário e do condutor. “Em se tratando
de arrendamento mercantil, na hipótese de ter havido o cometimento de infrações de
trânsito pelo arrendatário, as despesas relativas à remoção, guarda e conservação do veículo
arrendado não serão de responsabilidade da empresa arrendante, mas, sim, do arrendatário,
que se equipara ao proprietário enquanto em vigor o contrato de arrendamento”, afirmou.
A relatora lembrou que é nesse sentido o julgamento do repetitivo do STJ, que deve ser
aplicado às hipóteses de apreensão do veículo relacionada a infrações de trânsito. Por não
ser a situação dos autos, a ministra concluiu que a responsabilidade pelo pagamento das
despesas é da empresa arrendante.
💡💡 GABARITO: C

PROFESSOR GUILHERME BACELAR PATRÍCIO DE ASSIS

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 19. Acerca da competência cível da Justiça Federal, assinale a alternativa INCORRETA:

A) As causas de natureza previdenciária intentadas contra o INSS poderão ser aforadas na Seção Judiciária
em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda
ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

B) Exceto nas ações de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho, tramitando
o processo perante a Justiça Estadual, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se neles

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intervier a União, suas empresas públicas e entidades autárquicas, na qualidade de parte ou de terceiro,
devendo o juízo federal restituí-los ao juízo estadual, sem suscitar conflito, se o ente federal cuja presença
ensejou a remessa for excluído do processo.

C) Poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual, as causas de natureza previdenciária e os


executivos fiscais da União e de suas autarquias, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver
localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de Município sede de Vara Federal.

D) Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de segurança quando as consequências de ordem
patrimonial do ato contra o qual se requer o writ houverem de ser suportadas pela União ou entidade por
ela controlada.

E) Compete à Justiça Federal processar e julgar ações cíveis relacionadas a disputas sobre direitos indígenas,
como ações possessórias, ainda que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal não figurem
no processo na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A alternativa A está CORRETA. O STF, no RE 627.709, julgado em 20/08/2014, sob o regime da
repercussão geral, estendeu a regra de competência fixada no art. 109, §2º, da Constituição, para as ações
intentadas em face das autarquias federais em geral, inclusive o INSS.

B) CORRETA: A alternativa B está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o disposto no art. 45,
caput, e §3º, do CPC/2015 e com as súmulas 150 e 224 do STJ.

C) INCORRETA: A alternativa C está ERRADA. A competência delegada para o processamento dos executivos
fiscais da União e de suas autarquias foi extinta pelo art. 114, IX da Lei 13.043/2014, que revogou o inciso
I do art. 15 da Lei 5.010/1966.

D) CORRETA: A alternativa D está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o disposto no art. 109,
VIII, da Constituição c.c. art. 2º da Lei 12.016/2009.

E) CORRETA: A alternativa E está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o disposto no inciso art.
109, XI, da Constituição. Ressalte-se, a propósito, que a competência da Justiça Federal para as disputas
envolvendo direitos indígenas é em razão da matéria (ratione materiae), e não da pessoa (ratione personae),
razão pela qual não é necessário, para a fixação da sua competência a presença de alguns dos entes federais
previstos no art. 109, I, da Constituição.

💡💡 GABARITO: C

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QUESTÃO 20. Acerca do Direito Intertemporal Processual Civil, e considerando-se a entrada em vigor do
CPC/2015 em 18/03/2016, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973, relativos a decisões publicadas até 17 de março
de 2016, devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações
dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

B) A regra geral no Direito Processual Civil brasileiro é ditada pelo princípio tempus regit actum, de modo
que a lei processual nova produz efeitos imediatos, não afetando os atos processuais praticados em
conformidade com a lei revogada.

C) Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do CPC/2015.

D) O CPC/2015 adotou, como regra geral, o sistema do isolamento dos atos processuais, devendo ser
aplicada, para cada ato processual, a lei em vigor no momento de sua prática.

E) A lei nova que altera regra de competência territorial aplica-se de imediato, devendo o juiz remeter os
autos ao novo juízo competente para o processo e julgamento da causa.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A alternativa A está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o Enunciado Administrativo


2 do STJ aprovado por seu Plenário em 09/03/2016.

B) CORRETA: A alternativa B está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o arts. 14 e 1.046, caput,
do CPC/2015.

C) CORRETA: A alternativa C está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o Enunciado Administrativo


7 do STJ aprovado por seu Plenário em 09/03/2016.

D) CORRETA: A alternativa D está CORRETA, encontrando-se em conformidade com os arts. 14 e 1.046,


caput, do CPC/2015, que encerram o sistema de isolamento dos atos processuais.

E) INCORRETA: A alternativa E está ERRADA, pois seu enunciado contraria o disposto no art. 43 do CPC/2015,
que prevê que: “determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial,
sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.”. Trata-se da aplicação do princípio da
perpetuatio jurisdictionis. A lei nova que altera critérios de fixação de competência relativa, como a territorial,
não altera a competência do juízo fixada no momento do registro ou da distribuição da inicial.

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💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 21. Em matéria de Direito Processual Previdenciário, assinale a alternativa CORRETA:

A) O juiz não pode reafirmar a data da entrada do requerimento administrativo para o momento da
implementação dos requisitos necessários à concessão de benefício previdenciário ocorrida no curso do
processo, considerando, para tanto, o tempo de contribuição do autor posterior ao ajuizamento da ação,
sob pena de extrapolar os limites objetivos da lide deduzidos na petição inicial, proferindo sentença extra
ou ultra petita.

B) Considerando-se que os pedidos devem ser interpretados restritivamente, a concessão judicial de


benefício previdenciário diverso do expressamente requerido na petição inicial viola o princípio da
adstrição do juiz ao pedido, implicando julgamento extra petita.

C) Para fins de ajuizamento de ações visando a concessão de benefícios previdenciários, a caracterização


do interesse de agir depende do exaurimento dos recursos na via administrativa perante o INSS.

D) Nas ações envolvendo pedidos de aposentadoria por idade rural, a ausência nos autos de conteúdo
probatório eficaz configura a falta de interesse de agir e, por conseguinte, deve conduzir à extinção do
processo sem resolução do mérito, não se impedindo, assim, que o autor ajuíze novamente a mesma ação,
caso obtenha posteriormente documentos hábeis a demonstrar o seu tempo de serviço rural.

E) Nas ações previdenciárias em trâmite no Juizado Especial Federal, cujos processos são norteados pelos
princípios da simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, os prazos contam-se em dias
corridos.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A alternativa A está ERRADA. O STJ, recentemente, em sede de recurso especial repetitivo,
fixou a seguinte tese representativa de controvérsia: “É possível a reafirmação da DER (Data de Entrada do
Requerimento) para o momento em que implementados os requisitos para a concessão do benefício, mesmo
que isso se dê no interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação jurisdicional nas instâncias
ordinárias, nos termos dos arts. 493 e 933 do CPC/2015, observada a causa de pedir”. (REsp 1727069/SP, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2019, DJe 02/12/2019)

B) INCORRETA: A alternativa B está ERRADA. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que “em
matéria previdenciária deve flexibilizar a análise do pedido contido na petição inicial, não se entendendo
como julgamento extra ou ultra petita a concessão de benefício diverso do requerido na inicial.” (AgInt no
AREsp 1344978/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2019,

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DJe 01/03/2019; AREsp 1578201/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/12/2019, DJe 19/12/2019; REsp 1826186/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 20/08/2019, DJe 13/09/2019).

C) INCORRETA: A alternativa C está ERRADA. O STF, no RE 631240 (Relator(a):  Min. ROBERTO BARROSO,
Tribunal Pleno, julgado em 03/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-220
DIVULG 07-11-2014 PUBLIC 10-11-2014), decidiu que a concessão de benefícios previdenciários depende
de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação
e indeferimento pelo INSS, ressaltando, contudo, que a exigência de prévio requerimento não se confunde
com o exaurimento das vias administrativas.

D) CORRETA: A alternativa D está CORRETA, encontrando-se em conformidade com o entendimento fixado


pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo (REsp 1352721/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/12/2015, DJe 28/04/2016).

E) INCORRETA: A alternativa E está ERRADA. A Lei 13.728/2018 acrescentou o art. 12-A na Lei 9.099/1995,
prevendo a contagem de todos os prazos processuais no Juizado Especial em dias úteis, regra aplicável a
todos os processos em trâmite no Juizado Especial Federal, por força do art. 1º da Lei 10.259/2001, não
importando a natureza da causa (se previdenciária ou não).

💡💡 GABARITO: D

PROFESSORA ALINE SOARES

🏳🏳 DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO

QUESTÃO 22. No que se refere ao crédito tributário, de acordo com o Código Tributário Nacional (CTN),
bem como a jurisprudência do STJ, assinale a alternativa correta.

A) Na constituição do crédito tributário, a autoridade fiscal deve observar, tanto no ato de lançar o tributo,
bem como em sua atuação fiscalizatória para a constituição do crédito, a lei então vigente à época do fato
gerador.

B) O crédito tributário, assim como no âmbito do Direito Civil, tem seu nascimento contemporâneo ao
nascimento da obrigação tributária.

C) Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito

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tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui
ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.

D) Segundo entendimento do STJ, a notificação do auto de infração ao sujeito passivo não faz cessar a
contagem da decadência para a constituição do crédito tributário; assim, ainda que exaurida a instância
administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento
definitivo e esgotado o prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, não há que se
falar em abertura de contagem de prazo prescricional, porquanto é necessária a constituição definitiva do
crédito pela autoridade fiscal.

E) A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos


critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento podem ser
efetivadas de imediato.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Art. 144, caput e § 1º do CTN. No que se refere ao fato gerador da obrigação principal,
sim, conforme art. 144, caput. Entretanto, conforme § 1º do dispositivo, quanto aos poderes fiscalizatórios,
aplica-se a lei vigente ao momento do lançamento.

B) INCORRETA: Diferentemente do âmbito cível, a doutrina tributarista adota a teoria dualista acerca da
constituição do crédito tributário, vez que ele se constitui apenas após o ato de lançamento praticado pela
autoridade fiscal.

C) CORRETA: Súmula de n. 555 do STJ.

D) INCORRETA: Súmula n. 622 do STJ. A notificação associada a qualquer dos eventos, quais sejam,
exaurimento da instância administrativa com decurso do prazo para impugnação, notificação de julgamento
de eventual impugnação ou decurso do prazo para pagamento voluntário, dão o crédito por constituído,
abrindo-se a contagem do prazo prescricional.

E) INCORRETA: Art. 146 do CTN e interpretação do STJ. O STJ entende nos termos do previsto no referido
artigo, que se deve resguardar os princípios da segurança jurídica e da não surpresa, devendo os critérios
jurídicos equivocados e reconhecidos terem sua adoção ex nunc.

💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 23. Considere a seguinte situação. A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art.
155, I, assim assegurou a competência tributária de Estados e Distrito Federal: “Art. 155. Compete aos
Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer

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bens ou direitos; ...”. Um determinado Estado membro, ao instituir o referido imposto, no exercício de sua
competência tributária, não o fez sobre bens móveis. Referida hipótese se trata de:

A) Imunidade.

B) Isenção.

C) Anistia.

D) Não incidência.

E) Alíquota zero.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A imunidade é a não incidência constitucionalmente qualificada; são as situações retiradas


pela Constituição que se não fosse a norma, seriam tributáveis

B) INCORRETA: Nos termos do art. 175, I, do CTN, é hipótese de dispensa de pagamento de tributo instituído,
em face do exercício da competência tributária, o que não houve com relação aos bens móveis do caso.

C) INCORRETA: Nos termos do art. 175, II, do CTN, é o perdão da multa que decorre de infração.

D) CORRETA: Típico caso de não incidência; embora possa fazer, o ente tributante não define determinada
situação como hipótese de incidência tributária

E) INCORRETA: A alíquota zero é a nulificação de um dos aspectos quantitativos da hipótese de incidência e


que leva à quantia zero de pagamento do tributo.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 24. No que se refere às causas de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário, assinale
a alternativa correta, com base na legislação e jurisprudência acerca do tema.

A) No que se refere à isenção de Imposto de Renda em caso de doença grave, segundo o STJ, é desnecessária
a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda,
desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova.

B) As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário previstas no art. 151 do CTN, se


verificadas antes da constituição do crédito tributário, impedem o seu lançamento.

C) A liminar em ação de mandado de segurança só suspende a exigibilidade do crédito tributário se


acompanhada do devido depósito integral do valor devido à Fazenda Pública.

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D) O parcelamento do crédito tributário deverá ser regido por lei complementar específica.

E) É constitucional que se exija do contribuinte depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação
judicial anulatória de débito fiscal, na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Súmula 598 do STJ.

B) INCORRETA: Segundo a doutrina e o STJ, nesses casos o que fica impedido é a exigibilidade do crédito
tributário por meio do ajuizamento da execução fiscal; mas a Fazenda Pública pode lançar o tributo para fins
de evitar a decadência.

C) INCORRETA: O art. 151, V, do CTN, em nenhum momento, exige para suspender a exigibilidade do crédito
tributário, o depósito integral do tributo devido; as hipóteses dos incisos II e V são diversas e autônomas.

D) INCORRETA: Art. 155-A, caput, do CTN. O CTN não exige que a lei que estabeleça as condições de
parcelamento seja de natureza complementar e nem mesmo a Constituição em seu rol contido no art. 146.

E) INCORRETA: Súmula vinculante de n. 28 do STF.

💡💡 GABARITO: A

PROFESSORA PATRÍCIA ALENCAR TEIXEIRA DE CARVALHO

🏳🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 25. Um delegado de polícia federal, no exercício de suas funções, morreu em decorrência de
disparo de arma de fogo efetuado por agente da polícia federal durante uma ação policial.

A viúva do delegado move ação indenizatória por danos morais e materiais em face da União e do agente
da polícia federal que efetuou o disparo.

Com base na situação hipotética, assinale a alternativa correta:

A) A responsabilidade objetiva do Estado pressupõe que o dano seja causado a terceiro, nos termos do art.
37, §6º, da Constituição, não incidindo quando o dano é suportado por servidor público.

B) A configuração da responsabilidade objetiva do Estado subsiste ainda que se trate de ato lícito e

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independe da circunstância de estar o agente no desempenho das atribuições próprias de sua função
pública, ou a pretexto de exercê-la.

C) A responsabilidade da União é objetiva, com base no risco administrativo, de modo que eventual culpa
da vítima não pode ser invocada para o fim de excluir ou atenuar a responsabilidade do Estado.

D) O agente da polícia federal é parte legítima para figurar, ao lado da União, no polo passivo da ação
indenizatória, mas sua responsabilidade é subjetiva, devendo a parte provar que o agente agiu com dolo
ou culpa.

E) A obrigação de ressarcir a União, em ação regressiva, transmite-se aos sucessores do agente público que
tenha atuado com culpa ou dolo, observado o limite do patrimônio transferido na sucessão.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Dispõe o art. 37, §6º da Constituição: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

A responsabilidade do Estado, no caso, será objetiva, uma vez que os “terceiros” a que se reporta o preceito
constitucional podem ser, ou não, servidores públicos, conforme jurisprudência assente no STF:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO.


DANOS CAUSADOS AOS PRÓPRIOS AGENTES PÚBLICOS. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento
no sentido de que excluir da responsabilidade do Estado os danos causados aos próprios agentes públicos
acabaria por esvaziar o preceito do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, estabelecendo distinção nele não
contemplada. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE-AgR 435.444/RS, rel. Min.
Roberto Barroso, 18.03.2014).

B) INCORRETA: Para configuração da responsabilidade objetiva do Estado é imprescindível que, ao praticar


o ato lesivo, o agente estivesse atuando, de forma lícita ou ilícita, na condição de agente público, no
desempenho das atribuições inerentes à sua função ou a pretexto de exercê-las. É necessário, portanto,
verificar se a condição de agente de agente público foi determinante para prática do ato.

C) INCORRETA: A responsabilidade extracontratual objetiva admite excludentes. Assim, a responsabilidade


do Estado será excluída, se comprovada culpa exclusiva do terceiro que sofreu o dano; ou atenuada, se
demonstrada culpa concorrente do terceiro.

D) INCORRETA: O STF tem jurisprudência consolidada no sentido de que a pessoa que suporta o dano não
pode ajuizar ação indenizatória diretamente contra o agente público.

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De acordo com o entendimento da Corte, o §6º do art. 37 da Constituição traz dupla garantia: uma, vem favor
do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica; e outra, em prol do servidor
estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a que estiver vinculado.

E) CORRETA: A ação regressiva é de natureza cível, de modo que, mesmo após a morte do agente público,
podem os seus sucessores ser chamados a responder pelo valor que a pessoa jurídica foi condenada a pagar
na ação indenizatória, observado o limite do patrimônio transmitido, por força do art. 5º, XLV da CR/1988.

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 26. Sobre o acesso as funções, cargos e empregos públicos, julgue os itens a seguir, com base no
entendimento do Supremo Tribunal Federal:

I - O edital de concurso público não é instrumento idôneo para o estabelecimento de limite mínimo de
idade para inscrição em concurso público; para que seja legítima tal exigência, é imprescindível a previsão
em lei, devendo a idade ser comprovada no momento da posse no concurso público.

II - Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações
excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.

III - É razoável a exigência de altura mínima para acesso aos cargos da área de saúde, desde que prevista
em lei em sentido formal e material, bem como no edital que regule o concurso.

IV - O candidato em concurso público não tem direito de realizar prova de segunda chamada nos testes de
aptidão física, motivadas por circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou em decorrência
de gravidez, a menos que o edital preveja expressamente esta possibilidade.

V - É inconstitucional a manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não


aprovado que nele tomou posse em decorrência de execução provisória de provimento judicial de natureza
precária, supervenientemente revogado ou modificado.

A) Apenas II e V estão CORRETOS.

B) Apenas IV e V estão CORRETOS.

C) Apenas I, II e III estão CORRETOS.

D) Apenas I, II e V estão CORRETOS.

E) Apenas III e IV estão CORRETOS.

💡💡 GABARITO COMENTADO

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O item I está INCORRETO: A primeira parte do enunciado (“O edital de concurso público não é instrumento
idôneo para o estabelecimento de limite mínimo de idade para inscrição em concurso público; para que
seja legítima tal exigência, é imprescindível a previsão em lei”) está correta. A acessibilidade aos cargos
públicos assegurada no art. 37, I da Constituição Federal exige, tão somente, o preenchimento dos requisitos
previstos em lei; de modo que a administração pública, na elaboração dos editais, não pode impor condições
para participação no certame com fundamento exclusivo em atos normativos infralegais. Nesse sentido é o
enunciado n. 683 da Súmula do STF, que dispõe: “O limite de idade para inscrição em concurso público só se
legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições
do cargo a ser preenchido”.

A segunda parte (“devendo a idade ser comprovada no momento da posse no concurso público”) está
incorreta, na medida em que a jurisprudência do STF consolidou-se no sentido de que “o limite de idade,
quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no
momento da inscrição do certame”.

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO PÚBLICO. IDADE LIMITE NÃO ALCANÇADA NA
DATA DA INSCRIÇÃO. DEMORA E DESÍDIA DA ADMINISTRAÇÃO PARA O PROSSEGUIMENTO DO
CERTAME. IRRAZOABILIDADE DA EXCLUSÃO DO CANDIDATO. 1. O Supremo Tribunal Federal
possui jurisprudência no sentido de que o limite de idade, quando regularmente fixado em lei
e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição
do certame. Precedente. 2. Hipótese em que o Tribunal de origem assentou que o recorrido,
na data da inscrição preenchia o requisito de idade previsto no edital e, em razão da desídia
da Administração Pública, alcançou a idade limite. Irrazoabilidade da exclusão do candidato,
tendo em conta a impossibilidade de se antever a data em que será realizada a fase fixada
como parâmetro para aferição do requisito da idade. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento. (ARE 840592 AgR, Relator(a):  Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado
em 23/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 07-08-2015 PUBLIC 10-08-2015)
O item II está CORRETO: O STF decidiu sobre o tema do RE 898.450/SP (repercussão geral), relator Min. Luiz
Fux, 17.08.2016.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL


RECONHECIDA. TEMA 838 DO PLENÁRIO VIRTUAL. TATUAGEM. CONCURSO PÚBLICO. EDITAL.
REQUISITOS PARA O DESEMPENHO DE UMA FUNÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO EM
LEI FORMAL ESTADUAL. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO ART. 37, I, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DA CORTE. IMPEDIMENTO DO
PROVIMENTO DE CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA DECORRENTE DA EXISTÊNCIA DE
TATUAGEM NO CORPO DO CANDIDATO. REQUISITO OFENSIVO A DIREITOS FUNDAMENTAIS

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DOS CIDADÃOS. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA IGUALDADE, DA DIGNIDADE


DA PESSOA HUMANA, DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DA PROPORCIONALIDADE E DO LIVRE
ACESSO AOS CARGOS PÚBLICOS. INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA ESTATAL DE QUE A
TATUAGEM ESTEJA DENTRO DE DETERMINADO TAMANHO E PARÂMETROS ESTÉTICOS.
INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 5º, I, E 37, I E II, DA CRFB/88. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS.
RESTRIÇÃO. AS TATUAGENS QUE EXTERIORIZEM VALORES EXCESSIVAMENTE OFENSIVOS À
DIGNIDADE DOS SERES HUMANOS, AO DESEMPENHO DA FUNÇÃO PÚBLICA PRETENDIDA,
INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA IMINENTE, AMEAÇAS REAIS OU REPRESENTEM OBSCENIDADES
IMPEDEM O ACESSO A UMA FUNÇÃO PÚBLICA, SEM PREJUÍZO DO INAFASTÁVEL JUDICIAL
REVIEW. CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPATIBILIDADE COM OS VALORES ÉTICOS E SOCIAIS
DA FUNÇÃO PÚBLICA A SER DESEMPENHADA. DIREITO COMPARADO. IN CASU, A EXCLUSÃO
DO CANDIDATO SE DEU, EXCLUSIVAMENTE, POR MOTIVOS ESTÉTICOS. CONFIRMAÇÃO DA
RESTRIÇÃO PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONTRARIEDADE ÀS TESES ORA DELIMITADAS.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. O princípio da legalidade norteia
os requisitos dos editais de concurso público. 2. O artigo 37, I, da Constituição da República,
ao impor, expressamente, que “os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei”, evidencia a frontal
inconstitucionalidade de toda e qualquer restrição para o desempenho de uma função pública
contida em editais, regulamentos e portarias que não tenham amparo legal. (Precedentes: RE
593198 AgR, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 06/08/2013, DJe 01-10-
2013; ARE 715061 AgR, Relator Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 19-06-2013; RE
558833 AgR, Relatora Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe 25-09-2009; RE 398567 AgR,
Relator Min. Eros Grau, Primeira Turma, DJ 24-03-2006; e MS 20.973, Relator Min. Paulo
Brossard, Plenário, julgado em 06/12/1989, DJ 24-04-1992). 3. O Legislador não pode escudar-
se em uma pretensa discricionariedade para criar barreiras legais arbitrárias e desproporcionais
para o acesso às funções públicas, de modo a ensejar a sensível diminuição do número de
possíveis competidores e a impossibilidade de escolha, pela Administração, daqueles que são
os melhores. 4. Os requisitos legalmente previstos para o desempenho de uma função pública
devem ser compatíveis com a natureza e atribuições do cargo. (No mesmo sentido: ARE
678112 RG, Relator Min. Luiz Fux, julgado em 25/04/2013, DJe 17-05-2013). 5. A tatuagem, no
curso da história da sociedade, se materializou de modo a alcançar os mais diversos e
heterogêneos grupos, com as mais diversas idades, conjurando a pecha de ser identificada
como marca de marginalidade, mas, antes, de obra artística. 6. As pigmentações de caráter
permanente inseridas voluntariamente em partes dos corpos dos cidadãos configuram
instrumentos de exteriorização da liberdade de manifestação do pensamento e de expressão,
valores amplamente tutelados pelo ordenamento jurídico brasileiro (CRFB/88, artigo 5°, IV e

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IX). 7. É direito fundamental do cidadão preservar sua imagem como reflexo de sua identidade,
ressoando indevido o desestímulo estatal à inclusão de tatuagens no corpo. 8. O Estado não
pode desempenhar o papel de adversário da liberdade de expressão, incumbindo-lhe, ao
revés, assegurar que minorias possam se manifestar livremente. 9. O Estado de Direito
republicano e democrático, impõe à Administração Pública que exerça sua discricionariedade
entrincheirada não, apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da conveniência e
oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos direitos fundamentais em um ambiente de
perene diálogo com a sociedade. 10. A democracia funda-se na presunção em favor da
liberdade do cidadão, o que pode ser sintetizado pela expressão germânica “Freiheitsvermutung”
(presunção de liberdade), teoria corroborada pela doutrina norte-americana do primado da
liberdade (preferred freedom doctrine), razão pela qual ao Estado contemporâneo se impõe
o estímulo ao livre intercâmbio de opiniões em um mercado de idéias (free marktplace of
ideas a que se refere John Milton) indispensável para a formação da opinião pública. 11. Os
princípios da liberdade e da igualdade, este último com esteio na doutrina da desigualdade
justificada, fazem exsurgir o reconhecimento da ausência de qualquer justificativa para que a
Administração Pública visualize, em pessoas que possuem tatuagens, marcas de marginalidade
ou de inaptidão física ou mental para o exercício de determinado cargo público. 12. O Estado
não pode considerar aprioristicamente como parâmetro discriminatório para o ingresso em
uma carreira pública o fato de uma pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não. 13. A sociedade
democrática brasileira pós-88, plural e multicultural, não acolhe a idiossincrasia de que uma
pessoa com tatuagens é desprovida de capacidade e idoneidade para o desempenho das
atividades de um cargo público. 14. As restrições estatais para o exercício de funções públicas
originadas do uso de tatuagens devem ser excepcionais, na medida em que implicam uma
interferência incisiva do Poder Público em direitos fundamentais diretamente relacionados ao
modo como o ser humano desenvolve a sua personalidade. 15. A cláusula editalícia que cria
condição ou requisito capaz de restringir o acesso a cargo, emprego ou função pública por
candidatos possuidores de tatuagens, pinturas ou marcas, quaisquer que sejam suas extensões
e localizações, visíveis ou não, desde que não representem símbolos ou inscrições alusivas a
ideologias que exteriorizem valores excessivamente ofensivos à dignidade dos seres humanos,
ao desempenho da função pública pretendida, incitação à violência iminente, ameaças reais
ou representem obscenidades, é inconstitucional. 16. A tatuagem considerada obscena deve
submeter-se ao Miller-Test, que, por seu turno, reclama três requisitos que repugnam essa
forma de pigmentação, a saber: (i) o homem médio, seguindo padrões contemporâneos da
comunidade, considere que a obra, tida como um todo, atrai o interesse lascivo; (ii) quando a
obra retrata ou descreve, de modo ofensivo, conduta sexual, nos termos do que definido na
legislação estadual aplicável, (iii) quando a obra, como um todo, não possua um sério valor

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literário, artístico, político ou científico. 17. A tatuagem que incite a prática de uma violência
iminente pode impedir o desempenho de uma função pública quando ostentar a aptidão de
provocar uma reação violenta imediata naquele que a visualiza, nos termos do que predica a
doutrina norte-americana das “fighting words”, como, v.g., “morte aos delinquentes”. 18. As
teses objetivas fixadas em sede de repercussão geral são: (i) os requisitos do edital para o
ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento lei em sentido
formal e material, (ii) editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas
com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores
constitucionais. 19. In casu, o acórdão recorrido extraordinariamente assentou que “a
tatuagem do ora apelado não atende aos requisitos do edital. Muito embora não cubra todo
o membro inferior direito, está longe de ser de pequenas dimensões. Ocupa quase a totalidade
lateral da panturrilha e, além disso, ficará visível quando utilizados os uniformes referidos no
item 5.4.8.3. É o quanto basta para se verificar que não ocorreu violação a direito líquido e
certo, denegando-se a segurança”. Verifica-se dos autos que a reprovação do candidato se
deu, apenas, por motivos estéticos da tatuagem que o recorrente ostenta. 19.1.
Consectariamente o acórdão recorrido colide com as duas teses firmadas nesta repercussão
geral: (i) a manutenção de inconstitucional restrição elencada em edital de concurso público
sem lei que a estabeleça; (ii) a confirmação de cláusula de edital que restringe a participação,
em concurso público, do candidato, exclusivamente por ostentar tatuagem visível, sem
qualquer simbologia que justificasse, nos termos assentados pela tese objetiva de repercussão
geral, a restrição de participação no concurso público. 19.2. Os parâmetros adotados pelo
edital impugnado, mercê de não possuírem fundamento de validade em lei, revelam-se
preconceituosos, discriminatórios e são desprovidos de razoabilidade, o que afronta um dos
objetivos fundamentais do País consagrado na Constituição da República, qual seja, o de
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação” (art. 3º, IV). 20. Recurso Extraordinário a que se dá provimento.
(RE 898450, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/08/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-114 DIVULG 30-05-2017 PUBLIC 31-05-
2017)
O item III está INCORRETO, uma vez que as funções específicas dos profissionais de saúde podem ser
apropriadamente exercidas independentemente da estatura, sendo inconstitucional a exigência, conforme
decidido na ADI 5.044, de 11/10/2018:

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RAZOABILIDADE DE LIMITES MÍNIMOS DE ALTURA


PARA A MATRÍCULA NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO DE
BOMBEIRO-MILITAR. ADOÇÃO DOS MESMOS CRITÉRIOS NA LEI FEDERAL 12.705/2012 PARA
AS FORÇAS ARMADAS. EXCEÇÃO AOS CARGOS DE MÉDICO E DE CAPELÃO POR AUSÊNCIA

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DE RAZOABILIDADE. ART. 11, § 2º, DA LEI FEDERAL 7.479/1986. NULIDADE PARCIAL SEM
REDUÇÃO DO TEXTO. AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Conforme
a Jurisprudência desta SUPREMA CORTE, a adoção de requisitos de capacidade física para
o acesso a cargos públicos deve observar critérios idôneos e proporcionais de seleção, que
guardem correlação com as atividades a serem desempenhadas pelo servidor. 2. A norma
contida no § 2º do art. 11 da Lei Federal 7.479/1986, no que se refere aos médicos e aos
capelães, é incompatível com a Constituição Federal. 3. Com relação ao restante da carreira
de bombeiro-militar, não há ofensa aos princípios constitucionais da impessoalidade, da
moralidade, da eficiência ou da proporcionalidade. Os limites de estatura estabelecidos pela
norma impugnada, que reproduzem a mesma exigência imposta aos militares das Forças
Armadas (1,60m para homens e 1,55m para mulheres), mostram-se razoáveis. 4. Ação Direta
de Inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente, para declarar a nulidade parcial
sem redução do texto do art. 11 da Lei Federal 7.479/1986 (na redação conferida pela Lei
Federal 12.086/2009), excluindo-se da sua incidência os médicos e os capelães. (ADI 5044,
Relator(a):  Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-139 DIVULG 26-06-2019 PUBLIC 27-06-2019).
O item IV está INCORRETO: O STF já decidiu, com repercussão geral (RE 630.733), que o candidato em
concurso público não tem direito de que seja remarcada prova de aptidão física, ainda que esteja incapacitado
de realizar o teste na data designada por razões de saúde, a menos que o edital contemple previsão específica
para tal situação.

Todavia, tal restrição não se aplica à gestante, vez que tal condição goza de proteção constitucional específica,
não podendo a gravidez causar prejuízo às candidatas, sob pena de malferir os princípios da isonomia e
da razoabilidade. Nesse sentido, o RE 1.058.333/PR (repercussão geral), rel. Min. Luiz Fux, 21.11.2018
(informativo 924):

É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua
realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. Com base nessa
orientação, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 973 da repercussão geral, negou provimento a
recurso extraordinário em que discutida a possibilidade de remarcação de data de aplicação de teste de
aptidão física a candidata gestante à época de sua realização. A Corte entendeu que o interesse de que
a grávida leve a gestação a termo com êxito exorbita os limites individuais da genitora, a alcançar outros
indivíduos e a própria coletividade. Enquanto a saúde pessoal do candidato em concurso público configura
motivo exclusivamente individual e particular, a maternidade e a família constituem direitos fundamentais
do homem social e do homem solidário. Por ter o Poder Constituinte estabelecido expressamente a proteção
à maternidade, à família e ao planejamento familiar, a condição de gestante goza de proteção constitucional
reforçada. Em razão desse amparo constitucional específico, a gravidez não pode causar prejuízo às

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candidatas, sob pena de ofender os princípios da isonomia e da razoabilidade. Além disso, o direito ao
planejamento familiar é livre decisão do casal. A liberdade decisória tutelada pelo planejamento familiar
vincula-se estreitamente à privacidade e à intimidade do projeto de vida individual e parental dos envolvidos.
Tendo em vista a prolongada duração dos concursos públicos e sua tendente escassez, muitas vezes inexiste
planejamento familiar capaz de conciliar os interesses em jogo. Por tais razões, as escolhas tomadas muitas
vezes impõem às mulheres o sacrifício de sua carreira, traduzindo-se em direta perpetuação da desigualdade
de gênero. De todo modo, o direito de concorrer em condições de igualdade ao ingresso no serviço público,
além de previsto em todas as Constituições brasileiras, foi reconhecido pelo Pacto de São José da Costa Rica
e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ademais, os princípios em jogo devem ser analisados à
luz da moderna concepção de administração pública gestora. Ao realizar o certame seletivo, o administrador
público deve organizar suas ações e decisões de modo a otimizar a gestão pública, entendida esta como o
exercício responsável do arbítrio administrativo na forma de decisões, ações e resultado esperado. O gestor,
assim, precisa saber avaliar por qual razão o concurso é necessário e quais são os resultados esperados,
impondo-se a necessidade de planejamento do processo de contratação. No caso em comento, a melhor
alternativa para o resguardo dos interesses envolvidos corresponde à continuidade do concurso público, com
a realização de teste físico em data posterior, reservado o número de vagas necessário. Se, após o teste de
aptidão física remarcado, a candidata lograr aprovação e classificação, deve ser empossada. Caso contrário,
será empossado o candidato ou candidata remanescente na lista de classificação em posição imediatamente
subsequente. Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso ante o reconhecimento
da impossibilidade, prevista no edital do certame, de remarcação do teste, na linha do que decidido no RE
630.733. RE 1058333/PR, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 23.11.2018. (RE-1058333).

O item V está CORRETO: Nesse sentido, decidiu o STF no RE 608.482/RN (repercussão geral), rel. Min. Teori
Zavascki, 07/08/2014:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO REPROVADO QUE


ASSUMIU O CARGO POR FORÇA DE LIMINAR. SUPERVENIENTE REVOGAÇÃO DA MEDIDA.
RETORNO AO STATUS QUO ANTE. “TEORIA DO FATO CONSUMADO”, DA PROTEÇÃO DA
CONFIANÇA LEGÍTIMA E DA SEGURANÇA JURÍDICA. INAPLICABILIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção
no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou
posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial
de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado. 2. Igualmente incabível,
em casos tais, invocar o princípio da segurança jurídica ou o da proteção da confiança legítima.
É que, por imposição do sistema normativo, a execução provisória das decisões judiciais,
fundadas que são em títulos de natureza precária e revogável, se dá, invariavelmente, sob a
inteira responsabilidade de quem a requer, sendo certo que a sua revogação acarreta efeito

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ex tunc, circunstâncias que evidenciam sua inaptidão para conferir segurança ou estabilidade
à situação jurídica a que se refere. 3. Recurso extraordinário provido. (RE 608482, Relator(a): 
Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 07/08/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014).
💡💡 GABARITO: A

QUESTÃO 27. No que se refere às entidades paraestatais que integram o chamado terceiro setor, assinale
a alternativa CORRETA:

A) A celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações da sociedade civil de interesse


público (OSCIP), para atividade contempladas no termo de parceria, traduz hipótese de licitação
dispensável.

B) O fomento às organização sociais pode traduzir-se em destinação de recursos orçamentários; permissão


de uso de bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão e cessão especial de servidor
para a Organização Social, com ônus para o órgão de origem do servidor cedido.

C) A organizações sociais são delegatárias de serviço público, ou seja, exercem, por delegação, sob regime
de direito público, atividades de titularidade exclusiva do poder público.

D) A qualificação de uma pessoa jurídica como organização social ou organização da sociedade civil de
interesse público dá-se por meio de ato vinculado, de modo que o pedido só pode ser indeferido se a
pessoa jurídica requerente não atender a algum dos requisitos legais.

E) Admite-se a qualificação de organização social para desenvolvimento de atividades de fornecimento de


instalações, bens, equipamentos ou execução de obra pública em favor da administração pública federal.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Não existe hipótese legal genérica de licitação dispensável para contratação de OSCIP pelo
Poder Público.

Nos termos do art. 24, XXIV da Lei 8.666/1993, é dispensável a licitação “para a celebração de contratos
de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
governo, para atividades contempladas no contrato de gestão”.  

B) CORRETA: A alternativa “b” está correta, conforme previsão expressa nos artigos 12 e 14 da Lei
9.637/1998:

Art. 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários

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ao cumprimento do contrato de gestão.

Art. 14. É facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as organizações sociais, com ônus
para a origem.

💡💡 GABARITO COMENTADO

C) INCORRETA: As organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que
recebem uma qualificação especial concedida discricionariamente pelo poder público. Exercem atividades
privadas de utilidade pública ou interesse social, em seu próprio nome, com incentivo (fomento) do
Estado. As Organizações Sociais foram idealizadas para “substituir” a administração pública, absorvendo
atividades exercidas por órgãos ou entidades administrativas a serem extintos. Logo, não se confundem
com as delegatárias de serviço público.

D) INCORRETA: Trata-se de uma diferença relevante entre as OCIP e as Organizações sociais.

Se, por um lado, a qualificação de uma pessoa jurídica como OSCIP é ato vinculado (do art. 1, §2º e art. 6º,
§3º da Lei 9.790/1999), por outro, a qualificação como Organização Social é ato amplamente discricionário,
cabendo ao Ministro de Estado ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente
ao objeto social da organização social decidir quanto a conveniência e oportunidade de sua qualificação (art.
2º, II da Lei 9.637/1998).

E) INCORRETA: Há vedação expressa no art. 3º, III do Decreto 9.190/2017:

Art. 3º É vedada a qualificação de organizações sociais para desenvolvimento de atividades:

I - exclusivas de Estado;

II - de apoio técnico e administrativo à administração pública federal; e

III - de fornecimento de instalação, bens, equipamentos ou execução de obra pública em favor da administração
pública federal.

💡💡 GABARITO: B

PROFESSOR PATRICK DA ROS

🏳🏳 DIREITO AMBIENTAL

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QUESTÃO 28. Considere as seguintes assertivas, todas formuladas com base em julgados recentes (últimos
quatro anos) do Supremo Tribunal Federal.

I - O postulado do paralelismo das formas não impede que ato normativo infralegal amplie os limites de
unidade de conservação, desde que sem modificação de seus limites originais, exceto pelo acréscimo
proposto, sem que isso implique violação ao inciso III do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, no que
apregoa que a alteração de espaços territoriais especialmente protegidos é permitida somente por meio
de lei.

II - Medidas provisórias podem ser empregadas para diminuir a proteção conferida a unidades de
conservação, uma vez que ostentam status equivalente ao de leis em sentido formal.

III - Algumas práticas cruéis contra os animais previstas em leis estaduais ou municipais, ainda que arraigadas
na cultura local, são inconstitucionais, ainda que a cultura também seja protegida constitucionalmente,
feita a ponderação entre os direitos de matriz constitucional envolvidos.

IV - Aos Estados da Federação é dado, por legislação própria, vedar amplamente a utilização de amianto
e/ou de asbesto, sem que isso implique desrespeito à Constituição, mesmo que conste de lei federal a
possibilidade de utilização de amianto crisotila.

Diante disso, marque a alternativa correta:

A) Estão corretas apenas as assertivas I e II.

B) Estão corretas apenas as assertivas I e III.

C) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.

D) Estão corretas apenas as assertivas I, III e IV.

E) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Trata-se de questão fundada na jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal, de conhecimento


necessário pelos alunos. Teve como base as anotações à Constituição Federal disponíveis no site
do STF (com atualizações diárias, pode ser consultada em http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.
asp?servico=publicacaoLegislacaoAnotada), o que é de leitura necessária pelos concursandos – visto que, a
par de os colocar em contato com entendimentos recentes da Corte (da mesma forma que o faz a leitura dos
Informativos), também fornece um panorama do que vem decidindo o STF ao passar do tempo.

I - CORRETA: Em relação à assertiva I, é de se salientar que o art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal conta

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com esta redação:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção;
Como se vê, a disposição constitucional estabelece dever do Poder Público de estabelecer espaços territoriais
especialmente protegidos, determinando a existência de necessidade de lei quanto à alteração e à supressão
de tais espaços. Regulamentando esse dispositivo quanto às unidades de conservação, a Lei n. 9.985/2000
estipulou o seguinte:

Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público.
§ 1º (VETADO)
§ 2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e
de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.
§ 3º No processo de consulta de que trata o § 2º, o Poder Público é obrigado a fornecer
informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.
§ 4º Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta de que
trata o § 2º deste artigo.
§ 5º As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas total
ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do
mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de
consulta estabelecidos no § 2º deste artigo.
§ 6º A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus
limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do
mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de
consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.
§ 7º A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita
mediante lei específica.
Veja-se que a Constituição fala em reserva de lei para alterar ou suprimir espaços territoriais com proteção
especial, ao passo em que a lei transcrita prevê, para a criação, ato do Poder Público. Ou seja, o arcabouço

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normativo permite a criação de unidade de conservação por norma de hierarquia inferior à lei, ao passo em
que exige norma de status legal para a supressão/extinção e para a alteração.

E se se tratar de alteração para ampliar limites?

Considerando que o propósito do Constituinte era assegurar ampla proteção a aludidos espaços – interpretação
que guarda consonância com as demais normas constitucionais de proteção ao meio ambiente –, o Supremo
Tribunal Federal entendeu que é desnecessária a reserva de lei para a ampliação dos limites originais da
unidade em relação ao acréscimo proposto, julgando constitucionais os §§ 5º e 6º supratranscritos.

Confira-se a ementa do julgado:

Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 22, caput e §§ 5º e 6º, da Lei nº 9.985/2000.


Criação e modificação de unidades de conservação por meio de ato normativo diverso de lei.
Ofensa ao art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal. Não ocorrência. Improcedência da ação.
1. A proteção do meio ambiente e a preservação dos biomas é obrigação constitucional
comum a todos os entes da Federação (art. 23, VI e VII, CF/88). Para tanto, a Lei Fundamental
dota o Poder Público dos meios necessários à consecução de tais fins, incumbindo-o, inclusive,
da atribuição de definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, conforme estabelece o art. 225, § 1º, inciso
III, da Constituição.
2. Constitucionalidade do art. 22, caput, da Lei nº 9.985/2000. A dicção do texto constitucional
não provoca maiores problemas quanto à definição de ato normativo apto à instituição/
criação de espaços territorialmente protegidos, dentre os quais se pode destacar as unidades
de conservação regulamentadas pela Lei nº 9.985/2000. Tendo a Carta se referido à reserva de
legislação somente como requisito de modificação ou supressão de unidade de conservação,
abriu margem para que outros atos do Poder Público, além de lei em sentido estrito, pudessem
ser utilizados como mecanismos de instituição de espaços ambientais protegidos. Precedentes.
3. A teor do art. 225, § 1º, inciso III, da Constituição Federal, a alteração e a supressão de
espaços territoriais especialmente protegidos somente são permitidas por intermédio de lei.
A finalidade da Carta Magna, ao fixar a reserva de legalidade, deve ser compreendida dentro
do espírito de proteção ao meio ambiente nela insculpido. Somente a partir da teleologia do
dispositivo constitucional é que se pode apreender seu conteúdo normativo. Nesse sentido,
a exigência de lei faz-se presente quando referida modificação implicar prejudicialidade ou
retrocesso ao status de proteção já constituído naquela unidade de conservação, com o fito
de coibir a prática de atos restritivos que não tenham a aquiescência do Poder Legislativo. Se,
para inovar no campo concreto e efetuar limitação ao direito à propriedade, a Constituição
não requisitou do Poder Público a edição de lei, tanto mais não o faria para simples ampliação

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territorial ou modificação do regime de uso aplicável à unidade de conservação, a fim de


conferir a ela superior salvaguarda (de proteção parcial para proteção integral). Por essa
razão, não incidem em inconstitucionalidade as hipóteses mencionadas nos §§ 5º e 6º do art.
22 da Lei nº 9.985/2000, as quais dispensam a observância da reserva legal para os casos
de alteração das unidades de conservação, seja mediante transformação da unidade de
conservação do grupo de Uso Sustentável para o grupo de Proteção Integral, seja mediante
a ampliação dos limites territoriais da unidade, desde que sem modificação de seus limites
originais, exceto pelo acréscimo proposto.
4. Ação direta julgada improcedente.
(ADI 3.646/DF, Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli, sessão virtual do Plenário de 13 a 19/9/2019).
Portanto, a assertiva está correta.

II - INCORRETA: Quanto à assertiva II, é de se perceber que normalmente as medidas provisórias podem
atuar como se leis em sentido formal fossem; ou seja, acatariam a exigência constitucional de edição de lei,
observadas as ressalvas existentes no ordenamento jurídico. Todavia, em precedente recente, o Supremo
Tribunal Federal assim se pronunciou:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA N. 558/2012. CONVERSÃO


NA LEI N. 12.678/2012. INÉPCIA DA INICIAL E PREJUÍZO DA AÇÃO QUANTO AOS ARTS. 6º E 11
DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 558/2012 E AO ART. 20 DA LEI N. 12.678/2012. POSSIBILIDADE
DE EXAME DOS REQUISITOS CONSTITUCIONAIS PARA O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA
EXTRAORDINÁRIA NORMATIVA DO CHEFE DO EXECUTIVO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DE
RELEVÂNCIA E URGÊNCIA. ALTERAÇÃO DA ÁREA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO POR MEDIDA
PROVISÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. CONFIGURADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE
RETROCESSO SOCIOAMBIENTAL. AÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA PARTE, JULGADA
PROCEDENTE, SEM PRONÚNCIA DE NULIDADE.
1. Este Supremo Tribunal manifestou-se pela possibilidade e análise dos requisitos
constitucionais para a edição de medida provisória após a sua conversão em lei.
2. A jurisprudência deste Supremo Tribunal admite, em caráter excepcional, a declaração
de inconstitucionalidade de medida provisória quando se comprove abuso da competência
normativa do Chefe do Executivo, pela ausência dos requisitos constitucionais de relevância e
urgência. Na espécie, na exposição de motivos da medida provisória não se demonstrou, de
forma suficiente, os requisitos constitucionais de urgência do caso.
3. As medidas provisórias não podem veicular norma que altere espaços territoriais
especialmente protegidos, sob pena de ofensa ao art. 225, inc. III, da Constituição da República.
4. As alterações promovidas pela Lei n. 12.678/2012 importaram diminuição da proteção dos

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ecossistemas abrangidos pelas unidades de conservação por ela atingidas, acarretando ofensa
ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental, pois atingiram o núcleo essencial do
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da
Constituição da República.
5. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nessa parte, julgada
procedente, sem pronúncia de nulidade.
(ADI 4.717/DF, Pleno, Relatora Ministra Cármen Lúcia, julgado em 05/04/2018).
No voto condutor do acórdão, leem-se os seguintes trechos:

A melhor exegese do art. 225, § 1º, inc. III, da Constituição da República, portanto, impõe
que a alteração ou supressão de espaços territoriais especialmente protegidos somente pode
ser feita por lei formal, com amplo debate parlamentar e participação da sociedade civil e
dos órgãos e instituições de proteção ao meio ambiente, em observância à finalidade do
dispositivo constitucional, que é assegurar o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
(…)
19. Ademais, medida provisória que importe diminuição da proteção ao meio ambiente,
como é a presente, dispõe de evidente potencial de acarretar prejuízos irreversíveis ao meio
ambiente na eventualidade de não ser convertida em lei.
(…)
20. No mérito, é de assentar a contrariedade da Medida Provisória n. 558/2012 e a Lei n.
12.678/2012, ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental.
O princípio da proibição de retrocesso socioambiental decorre diretamente do princípio da
proibição de retrocesso social, o qual, segundo Canotilho, impede que o núcleo essencial dos
direitos sociais já realizado e efetivado por medidas legislativas seja simplesmente aniquilado
por medidas estatais:
(…)
As alterações promovidas pela Lei n. 12.678/2012, à exceção do acréscimo à área do Parque
Nacional dos Campos Amazônicos, importaram em gravosa diminuição da proteção dos
ecossistemas abrangidos pelas unidades de conservação acima referidas, acarretando ofensa
ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental, ao atingirem o núcleo essencial do
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da
Constituição da
República1.

1 Em esclarecimento quanto aos efeitos da decisão (porque houve declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de

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O Supremo Tribunal Federal, portanto, entendeu pela impossibilidade de diminuição da proteção ambiental
à míngua de um processo legislativo amplo, de maior participação da sociedade, situação que não é a da
tramitação das medidas provisórias quando de sua conversão em lei.

Logo, a assertiva II está errada, porque a medida provisória, na visão do Supremo Tribunal Federal, não pode
ser usada como instrumento de diminuição da proteção ambiental quando exigida lei em sentido formal.
Mas uma observação deve ser feita: é admitida a edição de medida provisória que aumente a proteção ao
meio ambiente.

III - CORRETA: Em relação à assertiva III, o STF pronunciou-se, no final de 2016, acerca da chamada
“vaquejada”, da seguinte forma:

(…) VAQUEJADA – MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANIMAIS – CRUELDADE MANIFESTA –


PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA – INCONSTITUCIONALIDADE. A obrigação de o Estado
garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão
das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso VII do artigo 225 da
Carta Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Discrepa
da norma constitucional a denominada vaquejada. (ADI 4.983, Pleno, rel. Min. Marco Aurélio,
j. 6-10-2016).
No voto condutor do acórdão lê-se o seguinte:

O Tribunal enfrentou a problemática, pela primeira vez, no Recurso Extraordinário nº 153.531/


SC, Segunda Turma, relator ministro Francisco Rezek, apreciado em 3 de junho de 1997,
acórdão por mim redigido, julgado que ficou conhecido como “caso farra do boi”. Pretendia-
se a proibição, no Estado de Santa Catarina, da denominada “Festa da Farra do Boi”. Aqueles
que defenderam a manutenção afirmaram ser uma manifestação popular, de caráter cultural,
entranhada na sociedade daquela região. Os que a impugnaram anotaram a crueldade
intrínseca exercida contra os animais bovinos, que eram tratados “sob vara” durante o
“espetáculo”. O relator assentou a inconstitucionalidade da prática, destacando a maldade a
que eram submetidos os animais. Também assim votei, asseverando não se cuidar “de uma
manifestação cultural que mereça o agasalho da Carta da República”, mas de crueldade ímpar,
onde pessoas buscam, a todo custo, “o próprio sacrifício do animal”, ensejando a aplicação do
inciso VII do artigo 225.
Da mesma maneira, foram declaradas inconstitucionais leis estaduais porque favoreciam

nulidade), a Ministra Cármen afirmou o seguinte: “Para deixar claro isso, porque é irreversível a situação de fato criada, e, por
isso, não declarei a nulidade dos atos praticados, tal como fizemos naquele caso Chico Mendes. Já havia aqui usinas que estão em
funcionamento. Então, estou reconhecendo que essas providências haverão de ser feitas por lei, e que, daqui para frente, qualquer
outra medida no sentido de desafetação ou de diminuição de áreas de proteção ambiental haverá de cumprir o que a Constituição
exige, tanto de assumir o devido processo legislativo, quanto de permitir a participação, com as audiências”.

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o costume popular denominado “briga de galos”. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade


nº 2.514/SC, relator ministro Eros Grau, julgada em 29 de junho de 2005, foi declarada
inconstitucional lei do Estado de Santa Catarina por autorizar “práticas que submetam os
animais à crueldade”. (…)
Os precedentes apontam a óptica adotada pelo Tribunal considerado o conflito entre normas de
direitos fundamentais – mesmo presente manifestação cultural, verificada situação a implicar
inequívoca crueldade contra animais, há de se interpretar, no âmbito da ponderação de
direitos, normas e fatos de forma mais favorável à proteção ao meio ambiente, demostrando-
se preocupação maior com a manutenção, em prol dos cidadãos de hoje e de amanhã, das
condições ecologicamente equilibradas para uma vida mais saudável e segura.
(…)
A par de questões morais relacionadas ao entretenimento às custas do sofrimento dos animais,
bem mais sérias se comparadas às que envolvem experiências científicas e médicas, a crueldade
intrínseca à vaquejada não permite a prevalência do valor cultural como resultado desejado
pelo sistema de direitos fundamentais da Carta de 1988. O sentido da expressão “crueldade”
constante da parte final do inciso VII do § 1º do artigo 225 do Diploma Maior alcança, sem
sombra de dúvida, a tortura e os maus-tratos infringidos aos bovinos durante a prática
impugnada, revelando-se intolerável, a mais não poder, a conduta humana autorizada pela
norma estadual atacada. No âmbito de composição dos interesses fundamentais envolvidos
neste processo, há de sobressair a pretensão de proteção ao meio ambiente.
Cuida-se, assim, do confronto entre o art. 225, § 1º, VI (“Para assegurar a efetividade desse direito [meio
ambiente ecologicamente equilibrado], incumbe ao Poder Público (…) proteger a fauna e a flora, vedadas, na
forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.”), e o teor do art. 215, ambos da Constituição Federal, no caso resolvido/
ponderado favoravelmente à natureza.

Mas atenção: o STF entendeu, em outra oportunidade, que “é constitucional a lei de proteção animal que, a
fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz
africana” (recurso extraordinário com repercussão geral n. 494.601, Pleno, Rel. do acórdão Min. Edson
Fachin, j. 28-3-2019). Confira-se a ementa do acórdão:

DIREITO CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL.


PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. LIBERDADE RELIGIOSA. LEI 11.915/2003 DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL. NORMA QUE DISPÕE SOBRE O SACRIFÍCIO RITUAL EM CULTOS E LITURGIAS
DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA. COMPETÊNCIA CONCORRENTE DOS ESTADOS PARA
LEGISLAR SOBRE FLORESTAS, CAÇA, PESCA, FAUNA, CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, DEFESA DO
SOLO E DOS RECURSOS NATURAIS, PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E CONTROLE DA POLUIÇÃO.

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SACRIFÍCIO DE ANIMAIS DE ACORDO COM PRECEITOS RELIGIOSOS. CONSTITUCIONALIDADE.


1. Norma estadual que institui Código de Proteção aos Animais sem dispor sobre hipóteses
de exclusão de crime amoldam-se à competência concorrente dos Estados para legislar sobre
florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição (art. 24, VI, da CRFB).
2. A prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são patrimônio cultural imaterial e
constituem os modos de criar, fazer e viver de diversas comunidades religiosas, particularmente
das que vivenciam a liberdade religiosa a partir de práticas não institucionais.
3. A dimensão comunitária da liberdade religiosa é digna de proteção constitucional e não
atenta contra o princípio da laicidade.
4. O sentido de laicidade empregado no texto constitucional destina-se a afastar a invocação
de motivos religiosos no espaço público como justificativa para a imposição de obrigações. A
validade de justificações públicas não é compatível com dogmas religiosos.
5. A proteção específica dos cultos de religiões de matriz africana é compatível com o princípio
da igualdade, uma vez que sua estigmatização, fruto de um preconceito estrutural, está a
merecer especial atenção do Estado.
6. Tese fixada: “É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade
religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”.
7. Recurso extraordinário a que se nega provimento
E mais uma observação: em 2017, foi incluído, via Emenda Constitucional n. 96, o § 7º ao art. 225 da
Constituição da República, com este teor:

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Ou seja, possibilitou-se que, por meio de lei específica, práticas desportivas culturais, integrantes do
patrimônio imaterial brasileiro, sejam reputadas constitucionais, ainda que utilizem animais, sem que
sejam consideradas cruéis. Conforme noticiado no site do Senado, aludida norma implicaria liberação da
vaquejada. Confira-se (https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/06/06/promulgada-emenda-
constitucional-que-libera-pratica-da-vaquejada):

Promulgada Emenda Constitucional que libera prática da vaquejada


Sergio Vieira | 06/06/2017, 13h44 - ATUALIZADO EM 22/03/2019, 08h49

Em sessão realizada nesta terça-feira (6), a Mesa do Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional

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96, que libera práticas como as vaquejadas e os rodeios em todo o território brasileiro. A solenidade, realizada
no Plenário do Senado, foi acompanhada por dezenas de parlamentares e vaqueiros.

De acordo com a Emenda, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais,
desde que sejam manifestações culturais, conforme o parágrafo 1º do artigo 215 da Constituição,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro. Essas atividades
devem ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Segundo o artigo 215 da Constituição, cabe ao Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais
e o acesso às fontes da cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização e a difusão dessas
manifestações. No parágrafo 1º desse artigo, afirma-se que o Estado tem a obrigação de proteger a cultura
popular, indígena e afro-brasileira, além de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

A Emenda promulgada resultou de proposta de emenda à Constituição (PEC 50/2016) do senador Otto
Alencar (PSD-BA).

Postos de trabalho

Em pronunciamento após a promulgação, o presidente do Senado e do Congresso, Eunício Oliveira, afirmou


que a constitucionalização de práticas como a vaquejada tornou-se um anseio especialmente na Região
Nordeste, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar a atividade inconstitucional em outubro do
ano passado.

- Digo sem exagero, estamos garantindo aqui cerca de 700 mil empregos só no Nordeste, sem contar as
práticas relativas ao rodeio em outras regiões do país - afirmou o senador, ressaltando que o número refere-
se a projeções de postos diretos e indiretos relacionados ao setor.

Para Eunício, garantir a legalidade dos eventos ligados à vaquejada é ainda mais relevante neste momento,
tendo em vista que uma forte seca castiga regiões nordestinas há cerca de cinco anos, trazendo consequências
negativas para a atividade econômica. Ele ressaltou a relevância cultural que a vaquejada tem para os
nordestinos e disse que o próximo passo do Congresso será regulamentar a prática.

- Vemos os animais como parte desta festa, e damos a eles o tratamento especial que merecem. Para
dirimir qualquer dúvida sobre isso, eu mesmo apresentei um projeto regulamentando a vaquejada.
O projeto de Eunício Oliveira (PLS 378/2016) está em análise na Comissão de Educação, Cultura e Esporte
(CE).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Apesar disso, a assertiva está correta. Perceba a menção, no enunciado, a “algumas práticas cruéis contra
os animais”, o que o blinda de impugnação naqueles casos em que o candidato possa considerar existente

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crueldade, a exemplo dos sacrifícios de animais, reputados legítimos pelo Supremo Tribunal Federal.

Além do mais, não é toda e qualquer prática cultural que poderá ser reputada constitucional. A par de
pender regulamentação por lei específica, o § 7º reclama, ainda, o registro da prática como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro.

IV - CORRETA: A assertiva IV, por seu turno, trata da divisão de competências legislativas entre os entes
da Federação em matéria ambiental, assunto bastante tormentoso. Aliás, a distribuição constitucional de
competências legislativas e de atribuições administrativas, não só no âmbito ambiental, é assunto que deve
ser estudado com afinco, na medida em que traz vários problemas práticos e embates – bastante ver, para
tanto, a existência de vários julgados no âmbito do Supremo Tribunal Federal, sem que exista, aparentemente,
uma lógica na definição de parâmetros seguros de atuação dos entes federados.

Dito isso, observa-se que a questão da proibição de emprego de amianto/asbesto em lei estadual foi objeto
de ação direta de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal, cuja ementa reproduz-se agora:

Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 12.684/2007 do Estado de São Paulo. Proibição do


uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto.
Produção e consumo, proteção do meio ambiente e proteção e defesa da saúde. Competência
legislativa concorrente. Impossibilidade de a legislação estadual disciplinar matéria de
forma contrária à lei geral federal. Lei federal nº 9.055/1995. Autorização de extração,
industrialização, utilização e comercialização do amianto da variedade crisotila. Processo de
inconstitucionalização. Alteração nas relações fáticas subjacentes à norma jurídica. Natureza
cancerígena do amianto crisotila e inviabilidade de seu uso de forma efetivamente segura.
Existência de matérias-primas alternativas. Ausência de revisão da legislação federal, como
determina a Convenção nº 162 da OIT. Inconstitucionalidade superveniente da Lei Federal nº
9.055/1995. Competência legislativa plena dos estados. Constitucionalidade da Lei estadual
nº 12.684/2007. Improcedência da ação.
1. A Lei nº 12.684/2007, do Estado de São Paulo, proíbe a utilização, no âmbito daquele Estado,
de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto,
versando sobre produção e consumo (art. 24, V, CF/88), proteção do meio ambiente (art. 24, VI)
e proteção e defesa da saúde (art. 24, XII, CF/88). Dessa forma, compete, concorrentemente,
à União a edição de normas gerais e aos estados suplementar a legislação federal no que
couber (art. 24, §§ 1º e 2º, CF/88). Somente na hipótese de inexistência de lei federal é que os
estados exercerão a competência legislativa plena (art. 24, § 3º, CF/88).
2. A Constituição de 1988 estabeleceu uma competência concorrente não cumulativa, na
qual há expressa delimitação dos modos de atuação de cada ente federativo, os quais não se
sobrepõem. Compete à União editar as normas gerais (art. 24, § 1º), não cabendo aos estados

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contrariar ou substituir o que definido em norma geral, mas sim o suplementar (art. 24, §
2º). Se, por um lado, a norma geral não pode impedir o exercício da competência estadual de
suplementar as matérias arroladas no art. 24, por outro, não se pode admitir que a legislação
estadual possa adentrar a competência da União e disciplinar a matéria de forma contrária à
norma geral federal, desvirtuando o mínimo de unidade normativa almejado pela Constituição
Federal. A inobservância dos limites constitucionais impostos ao exercício da competência
concorrente implica a inconstitucionalidade formal da lei.
3. O art. 1º da Lei Federal nº 9.055/1995 proibiu a extração, a produção, a industrialização,
a utilização e a comercialização de todos os tipos de amianto, com exceção da crisotila. Em
seu art. 2º, a lei autorizou a extração, a industrialização, a utilização e a comercialização
do amianto da variedade crisotila (asbesto branco) na forma definida na lei. Assim, se a lei
federal admite, de modo restrito, o uso do amianto, em tese, a lei estadual não poderia proibi-
lo totalmente, pois, desse modo, atuaria de forma contrária à prescrição da norma geral
federal. Nesse caso, não há norma suplementar, mas norma contrária/substitutiva à lei geral,
em detrimento da competência legislativa da União.
4. No entanto, o art. 2º da Lei Federal nº 9.055/1995 passou por um processo de
inconstitucionalização, em razão da alteração nas relações fáticas subjacentes à norma
jurídica, e, no momento atual, não mais se compatibiliza com a Constituição de 1988. Se, antes,
tinha-se notícia dos possíveis riscos à saúde e ao meio ambiente ocasionados pela utilização
da crisotila, falando-se, na época da edição da lei, na possibilidade do uso controlado dessa
substância, atualmente, o que se observa é um consenso em torno da natureza altamente
cancerígena do mineral e da inviabilidade de seu uso de forma efetivamente segura, sendo
esse o entendimento oficial dos órgãos nacionais e internacionais que detêm autoridade no
tema da saúde em geral e da saúde do trabalhador.
5. A Convenção nº 162 da Organização Internacional do Trabalho, de junho de 1986, prevê,
dentre seus princípios gerais, a necessidade de revisão da legislação nacional sempre que o
desenvolvimento técnico e o progresso no conhecimento científico o requeiram (art. 3º, § 2).
A convenção também determina a substituição do amianto por material menos danoso, ou
mesmo seu efetivo banimento, sempre que isso se revelar necessário e for tecnicamente viável
(art. 10). Portanto, o Brasil assumiu o compromisso internacional de revisar sua legislação e
de substituir, quando tecnicamente viável, a utilização do amianto crisotila.
6. Quando da edição da lei federal, o país não dispunha de produto qualificado para substituir
o amianto crisotila. No entanto, atualmente, existem materiais alternativos. Com o advento
de materiais recomendados pelo Ministério da Saúde e pela ANVISA e em atendimento aos
compromissos internacionais de revisão periódica da legislação, a Lei Federal nº 9.055/1995 –
que, desde sua edição, não sofreu nenhuma atualização -, deveria ter sido revista para banir

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progressivamente a utilização do asbesto na variedade crisotila, ajustando-se ao estágio atual


do consenso em torno dos riscos envolvidos na utilização desse mineral.
7. (i) O consenso dos órgãos oficiais de saúde geral e de saúde do trabalhador em torno
da natureza altamente cancerígena do amianto crisotila, (ii) a existência de materiais
alternativos à fibra de amianto e (iii) a ausência de revisão da legislação federal revelam
a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei Federal nº 9.055/1995,
por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88), ao dever estatal de redução dos riscos
inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII,
CF/88), e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88).
8. Diante da invalidade da norma geral federal, os estados-membros passam a ter competência
legislativa plena sobre a matéria, nos termos do art. 24, § 3º, da CF/88. Tendo em vista que
a Lei nº 12.684/2007 do Estado de São Paulo proíbe a utilização do amianto crisotila nas
atividades que menciona, em consonância com os preceitos constitucionais (em especial, os
arts. 6º, 7º, inciso XXII; 196 e 225 da CF/88) e com os compromissos internacionais subscritos
pelo Estado brasileiro, não incide ela no mesmo vício de inconstitucionalidade material da
legislação federal.
9. Ação direta julgada improcedente, com a declaração incidental de inconstitucionalidade do
art. 2º da Lei 9.055/1995, com efeito erga omnes e vinculante.
(ADI 3.937, Pleno, Rel. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, j. 24-8-2017)
Portanto, a assertiva está correta.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 29. A propósito da conciliação em matéria ambiental, marque a alternativa correta:

A) Por envolver direitos disponíveis, é sempre possível a conciliação.

B) Por envolver direitos indisponíveis, nunca é possível a conciliação.

C) É inviável a conciliação no caso de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, tendo em
vista que ao Parquet não é dado dispor em matéria ambiental.

D) Somente é possível a conciliação no caso de direitos individuais homogêneos e coletivos stricto sensu.

E) Mesmo no caso de direitos difusos em matéria ambiental, é possível a conciliação.

💡💡 GABARITO COMENTADO

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E) CORRETA (responde as demais alternativas): Em que pese no passado tenha ocorrido certa recalcitrância
na possibilidade de se submeterem questões ambientais à autocomposição – sob o fundamento de que se
trataria de direitos difusos indisponíveis e, por conseguinte, não passíveis de serem objeto de concessões –,
fato é que, atualmente, é cada vez mais aceita a possibilidade de resolver conflitos dessa natureza pela via
conciliatória.

Como observam Vladimir Passos de Freitas e Silvana Raquel Brendler Colombo, quando falam sobre
arbitragem em matéria ambiental – sem prejuízo de se estenderem as conclusões à conciliação de forma
ampla –,

em decorrência dessa indisponibilidade dos direitos difusos, em princípio, não seria possível
uma transação judicial ou extrajudicial nos conflitos que envolvem matéria ambiental. Dito
de outra forma, a indisponibilidade dos direitos difusos não permitiria a renúncia nem a
transação em matéria ambiental, motivos pelos quais os conflitos ambientais só deveriam ser
resolvidos pela via estatal.
A transação é um ato jurídico bilateral que implica renúncias e concessões recíprocas, em
geral, só quem tem o poder de alienação dos direitos pode transacionar. Interessa, portanto,
verificar se os direitos difusos podem ser objetos de transação, especialmente, porque não
pertencem a um sujeito determinado.
E conforme o art. 841 do Novo Código Civil (CC), “só quanto a direitos patrimoniais de caráter
privado se permite a transação”. Em outras palavras, a transação só é possível sobre aquilo
de que se pode dispor, excluem-se, portanto, os direitos que são irrenunciáveis, como, por
exemplo, as relações decorrentes do Direito Ambiental.
Sob esse prisma, parece evidente que os direitos difusos, especificamente, o direito fundamental
do ambiente, não pode ser objeto de transação, eis que “tais direitos são socialmente
relevantes e, por isso, indisponíveis, de maneira que sua proteção está acima da vontade das
partes interessadas”.
Assim, não obstante a natureza difusa do direito fundamental do ambiente, alguns autores,
entre eles, Mazzilli, entendem que a transação é possível no campo dos direitos difusos,
especialmente, no bojo da Ação Civil Pública e do inquérito civil, consoante o que prescreve o
art. 5º da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/1985).
Nesses termos, Mancuso, ao tratar da tutela jurisdicional dos direitos difusos, reconhece a
indisponibilidade do objeto, mas entende que “o acordo é presumivelmente firmado com
o propósito de resguardar o interesse difuso, se, v.g., no decorrer do processo, a atividade
nociva, que poderia ser paralisada por meio de acordo, continuar sendo pactuada”.
Importante é lembrar, nesta ocasião, que a legislação brasileira permite o uso de instrumentos

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como a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (previsto na Lei da Ação Civil Pública)
e de transação penal às infrações de menor potencial ofensivo para a solução de conflitos
ambientais. Nesses casos, os assuntos ambientais estão desvinculados de “uma necessária
apreciação estatal em fase não homologatória”, razão pela qual se poderia argumentar,
favoravelmente, à utilização de arbitragem em matéria ambiental, respeitadas certas
condições.2
A esse respeito ainda, Paulo de Bessa Antunes assinala:

Fundamenta-se essa assertiva no fato de que tais interesses, por pertencerem à coletividade,
não poderiam ser transacionados ou abdicados. Ao mesmo tempo, a doutrina jurídica
reconhece unanimemente a lentidão das ações judiciais referentes à proteção ambiental.
Igualmente, reconhece-se que são questões complexas, envolvendo matéria técnica de alta
indagação, dificuldade na produção de prova e muitas outras questões.
No mundo real, a indisponibilidade de direitos difusos tem levado à criação do conceito
de obrigatoriedade da ação civil pública (ACP), a menos que um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) capaz de antecipar os resultados de uma provável procedência seja firmado
entre as partes. Como se sabe, nas ACPs ambientais o ponto crucial é a concessão, ou não, de
uma medida liminar ou de uma tutela antecipada, dependendo daí o êxito da demanda. O fato
objetivo é que a “indisponibilidade” funda-se no ingênuo pressuposto de que tais direitos são
mais bem protegidos se não forem “disponíveis”. Na prática, tal doutrina leva ao perecimento
dos direitos difusos (indisponíveis), pois justiça ambiental que não se faça célere, injustiça é.
É importante observar que a existência de «direitos indisponíveis» em matéria ambiental é
um elemento com validade apenas para a ordem jurídica interna, pois no plano internacional
o Brasil aceita tranqüilamente a existência de arbitragens -- e outros meios pacíficos -- para
diferentes questões ambientais. Aliás, a incorporação de diferentes convenções ambientais ao
direito brasileiro faz com que a matéria ambiental não seja considerada «indisponível» para
fins de arbitragem.
(…)
(…) Na prática, os TACs ou Termos de Compromisso (TC) têm sido celebrados entre órgãos
ambientais, empreendedores e o próprio Ministério Público, assim como em transações
judiciais. Trata-se de um direito costumeiro cuja importância na proteção ambiental é cada
vez maior. De fato, há uma tendência crescente nos órgãos ambientais e no próprio Ministério
Público de evitar soluções judiciais para os problemas ambientais, dando-se preferência aos

2 Arbitragem ambiental, condições e limitações para sua utilização no âmbito do Direito brasileiro. Revista Direito Ambiental e
sociedade. V. 7, n. 2, 2017, pp. 7-27. Pág. 15-16.

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entendimentos extra-judiciais.3
Veja-se que, além de a Lei n. 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública, admitir a celebração de Termo de
Ajustamento de Conduta em matéria ambiental, o art. 3º da Lei n. 13.140/2015 prevê que “pode ser objeto
de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam
transação”. Mais recentemente, o Decreto n. 9.760, de 11-4-2019, alterou o Decreto n. 6.514/2008 (que
aborda as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente), estipulando, dentre outras novidades,
o estímulo à conciliação administrativa em matéria ambiental (art. 95-A); a realização de audiência
administrativa de conciliação ambiental (art. 97-A e 98-B); e a sujeição de auto de infração, os eventuais
termos de aplicação de medidas administrativas, o relatório de fiscalização e a notificação a um Núcleo de
Conciliação Ambiental, que promoverá a conciliação em matéria ambiental (artigos 98, 98-A, 98-B e 98-C).

Diante disso, verifica-se a possibilidade de conciliação em matéria ambiental, inclusive no âmbito


administrativo. Mas atenção: a Rede Sustentabilidade protocolou a arguição de descumprimento de preceito
fundamental n. 592, impugnando os artigos 95-A, 96, §4º, 97-A, 98-A, 98-B, 98-C, 98-D, 140-A, 142-A e 150-A
do Decreto n. 6.514/2008, inseridos pelo Decreto n. 9.760/2019, distribuído à Ministra Rosa Weber, ainda
sem análise de pedido liminar4.

Quanto às assertivas propostas, verifica-se que a assertiva “a” está incorreta, porque direitos ambientais
não são disponíveis, além de que é temerário afirmar que algo sempre é possível (cuidado com vocábulos
como “sempre”, “nunca”, “jamais”, etc.); igualmente equivocada está a assertiva “b”, pois, como se viu, a
conciliação é, sim, possível, em matéria ambiental; quanto às assertivas “c” e “d”, é de se destacar que em
lugar algum há vedação à conciliação pelo Parquet ou sua limitação a direitos individuais homogêneos e
coletivos stricto sensu, ao que estão errados os enunciados. Por fim, a assertiva “e” está correta, conforme
explicado.

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 30. Em relação ao Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, é correto afirmar:

A) O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA tem a função de órgão superior, cabendo-lhe de
assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais
para o meio ambiente e os recursos ambientais.

B) São órgãos seccionais os órgãos ou entidades estaduais e municipais responsáveis pela execução
de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação
ambiental.

3 Matéria ambiental não é indisponível para fins de arbitragem. Disponível em https://www.conjur.com.br/2003-nov-15/


materia_ambiental_nao_indisponivel_fins_arbitragem. Acesso em 23-1-2020.
4 Andamento consultado, em 7-3-2020, em https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5718836.

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C) Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e ao
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, executar e fazer
executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as
respectivas competências.

D) A Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República tem a finalidade de assessorar, estudar e


propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.

E) Nenhuma das alternativas está correta.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A questão aborda a literalidade da Lei n. 6.938/1981, cobrando conhecimento acerca de cada um dos órgãos/
entes integrantes do SISNAMA. Na redação atual, o art. 6º da lei prevê o seguinte:

Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção
e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da
República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio
ambiente e os recursos ambientais;
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com
a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade
de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto
Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências;
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de

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programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a


degradação ambiental;
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização
dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão
normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados
os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão
elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão
fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por
pessoa legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação
de apoio técnico científico às atividades do IBAMA.
A) INCORRETA: Portanto, a alternativa “a” está incorreta porque atribui ao CONAMA função que cabe ao
Conselho de Governo, conforme inciso I do artigo.

B) INCORRETA: A alternativa “b” está incorreta porque inclui, dentre os órgão seccionais, aqueles municipais
– os quais, conforme inciso VI do art. 6º, são órgãos locais do SISNAMA.

C) CORRETA: Correta está a alternativa “c”, que reproduz o inciso IV do art. 6º supratranscrito.

D) INCORRETA: A alternativa “d” está incorreta porque atribuiu à Secretaria do Meio Ambiente da Presidência
da República função que, segundo o inciso II, é do Conselho Nacional do Meio Ambiente - assessorar, estudar
e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Aliás, não se esqueça: no âmbito
do SISNAMA, o poder normativo, em âmbito federal, é normalmente exercido pelo CONAMA.

E) INCORRETA: Por fim, a alternativa “e” exclui-se porque contradiz a alternativa “c”, que está correta, como
visto. Destaca-se que era uma questão que cobrava, na realidade, quase que uma decoreba pura e simples
do texto da lei, o que, apesar de maçante, é necessário. No entanto, o entendimento acerca das funções de
cada um dos órgãos integrantes do SISNAMA facilitaria a resolução sem a necessidade de ter, na ponta da
língua, o texto legal.

💡💡 GABARITO: C

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PROFESSORA CARLA TOMM

🏳🏳 DIREITO INTERNACIONAL

QUESTÃO 31. Marque a assertiva incorreta:

A) O conceito, sob a acepção tradicional, do Direito Internacional Público é entendido como o conjunto de
regras escritas e não escritas que regula o comportamento dos Estados.

B) O que diferencia uma comunidade internacional de uma sociedade nesse âmbito é a aproximação por
vínculos espontâneos decorrentes de laços culturais, religiosos, linguísticos que criam uma identidade
comum, gerando a cumplicidade e a cooperação entre os membros.

C) A regulação dos conflitos de leis no espaço é o escopo do Direito Internacional Privado que se vale de
normas internacionais e internas para indicar o direito aplicável ao caso concreto.

D) O costume internacional forma-se unicamente por meio da reiteração de uma mesma prática pelo
Estado.

E) O desuso, a codificação e um novo costume são formas de extinção de um costume internacional.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Assertiva A está correta. Segundo o Prof. Alberto do Amaral Júnior o conceito de Direito
Internacional Público é o ramo do Direito que tem sido tradicionalmente entendido o conjunto de regras
escritas e não escritas que regula o comportamento dos Estados.

B) CORRETA: Assertiva B está correta porque são essas as características distintivas da sociedade internacional
que tem aproximação por vínculos intencionais, com objetivos e interesses comuns e possibilidade de
dominação.

C) CORRETA: Assertiva C está correta. O Direito Internacional Privado trata justamente da regulação dos
conflitos de leis no espaço e para tanto visa a indicação da norma nacional aplicável que pode estabelecer a
subsunção a norma nacional ou internacional para sua solução. Difere assim do Direito Internacional Público
que regula a sociedade internacional com aplicação das regras estabelecidas em normas internacionais.

D) INCORRETA: A assertiva D está errada porque para a formação de um costume internacional necessita-
se além do elemento material/objetivo da reiteração, também o elemento subjetivo que é a opinio iuris,

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entendida como uma prática aceita e admitida como justa e necessária por outros Estados.

E) CORRETA: A assertiva E está correta, pois o desuso, a codificação ou a formação de um novo costume
diverso do anterior extinguem o costume internacional que é formado pela reiteração e pela opinio iuris.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 32. Em relação às fontes do Direito Internacional Público, marque a assertiva incorreta:

A) O jus cogens é a única exceção à inexistência de hierarquia entre as fontes do Direito Internacional
Público.

B) A analogia é uma fonte formal, mas sofre criticas de parcela da doutrina que a compreende como meio
de integração.

C) Para a solução de um conflito internacional entre dois Estados, a Corte Internacional de Justiça pode
aplicar uma convenção internacional que um dos litigantes não a tenha expressamente reconhecido.

D) Os princípios gerais do direito são fontes formais do Direito Internacional Público e emanam do
reconhecimento pelas Nações civilizadas.

E) Três são os requisitos para que um ato unilateral possa vincular o Estado ao seu cumprimento: que o
ato seja público, emanado de agente público competente e com o firme propósito de vincular o Estado,
consubstanciando-se assim em fonte material do Direito Internacional Público.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A assertiva A está correta. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, no art.
53, estabelece essa distinção hierárquica ao reger: É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão,
conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção,
uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só
pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

B) CORRETA: A assertiva B está correta. A analogia não está prevista no rol taxativo do art. 38 do Estatuto
da CIJ e portanto, é uma fonte material. De fato, há dissenso doutrinário acerca de ser aplicada como fonte
efetiva (corrente prevalente no Direito Internacional) ou como meio de integração, viável apenas quando
houver lacuna na lei (corrente adotada no direito nacional brasileiro).

C) INCORRETA: A assertiva C está incorreta porque a alínea “a” do item 1 do art. 38 do Estatuto da CIJ
expressamente exige: 1. A Corte, cuja função é decidir de acôrdo com o direito internacional as controvérsias

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que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes.

D) CORRETA: A assertiva D está correta. Exato, é uma fonte formal porque prevista expressamente na alínea
“c” do item 1 do art. 38 do Estatuto da CIJ, que dispõe: 1. 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com
o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: (...) c) os princípios gerais de
direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;

E) CORRETA: A assertiva E está correta pois são esses os elementos essenciais para que uma manifestação
unilateral vincule o Estado, segundo entendimento doutrinário, cito Paulo Portela e Valério Mazzuoli.

💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 33. Brasil e outros cinco países entabularam um acordo para cooperarem entre si para redução
gradual das emissões de gás carbono. Durante as negociações, foi estabelecido que a entrada em vigor
somente se daria após um ano da assinatura de todos os Estados partes, sendo que hipoteticamente, a
última ratificação teria sido depositada hoje. A partir do caso proposto e tendo em consideração as regras
da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, marque a assertiva incorreta:

A) Com a ratificação do último Estado parte, nenhum dos Estados pode revogar legislação interna que
permita o aumento do nível de emissão de gás carbono no seu território antes da vigência do acordo.

B) Cabe aplicação provisória de parte de um acordo, antes de sua vigência, se nele contiver cláusula nesse
sentido.

C) Em relação ao Brasil, é vedada a aplicação provisória do acordo.

D) Se os Estados parte acordaram pela aplicação provisória de parte do acordo antes da entrada em vigor,
pode um deles notificar os demais de que não mais quer se tornar parte do acordo.

E) Os acordos, em regra, têm efeitos ex tunc.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A assertiva A está correta à luz do art. 18 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
de 1969 que inviabiliza a frustração do caráter principal do acordo estabelecido.

Artigo 18- Obrigação de NÃO FRUSTRAR O OBJETO E FINALIDADE de um Tratado antes de sua
Entrada em Vigor
Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de
um tratado, quando: a) tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob

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reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção
de não se tornar parte no tratado; ou b) tiver expressado seu consentimento em obrigar-se
pelo tratado no período que precede a entrada em vigor do tratado e com a condição de esta
não ser indevidamente retardada.
B) CORRETA: A assertiva B está correta porque a menos que haja expressa reserva por parte do Estado pelo
teor do art. 25 da CVDT/69 cabe a aplicação provisória do acordo desde a sua assinatura.

Art. 25 - Aplicação Provisória


1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em
vigor, se: a) o próprio tratado assim dispuser; ou b) os Estados negociadores assim acordarem
por outra forma.
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a
aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se
esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente,
sua intenção de não se tornar parte no tratado.
C) CORRETA: A assertiva C está correta porque o Brasil ao incorporar a aludida Convenção fez ressalva
expressa ao art. 25, supratranscrito, a ele portanto não se subsumindo a aplicação provisória de tratados.

D) CORRETA: A assertiva D está correta porque justamente se amolda a hipótese disciplinada no item 2 do
art. 25 da CVDT/69 supramencionado.

E) INCORRETA: A assertiva E está errada porque o art. 28 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
de 1969 prevê que a regra é o efeito ex nunc. Confira: Artigo 28. Irretroatividade de Tratados - A não ser que
uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, SUAS DISPOSIÇÕES
NÃO OBRIGAM uma parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação que deixou de existir
ANTES da entrada em vigor do tratado, em relação a essa parte.

💡💡 GABARITO: E

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QUESTÃO DISCURSIVA

PROFESSORA CARLA TOMM

🏳🏳 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

QUESTÃO 1. O Secretário de Estado americano, Michael Pompeo, em 4 de novembro de 2019, afirmou:


“Hoje os Estados Unidos deram início ao processo para deixar o Acordo de Paris. De acordo com os termos
do compromisso, os Estados Unidos notificam formalmente a sua saída à Organização das Nações Unidas. A
retirada terá efeito dentro de um ano a partir da entrega da documentação”.

Em 30 de janeiro de 2020, publicou a BBC, em seu sítio na internet: “Após três anos e meio e muitas idas
e vindas, o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, será finalmente oficializado às 23h (20h no
horário de Brasília) desta sexta-feira, 31 de janeiro”.

Considerando a atualidade do tema relativo à denúncia de tratados que é regulado pelo Direito Internacional
Público, produza texto dissertativo, de no máximo 30 linhas, em que aborde os seguintes pontos:

a) O conceito de tratado e suas vertentes.


b) Qual(is) o(s) instrumento(s) que regula(m) os tratados. Houve ratificação pelo Brasil.
c) Indique as modalidades de suspensão e/ou extinção dos tratados.
d) A denúncia pode ser parcial e admite retratação?
e) Explique as razões de, em regra, ser avençado prazo para retirada, tal como nos casos concretos
acima citados.

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SENTENÇA CRIMINAL

PROFESSOR LEONARDO SOARES

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de JOÃO PAULO, JOÃO PEDRO e PEDRO PAULO, já
qualificados nos autos, pela prática dos crimes de organização criminosa, roubo e corrupção de menores.
Nos termos da denúncia, no dia 13 de janeiro de 2020, por volta das 12h, na agência da Caixa Econômica
Federal - CEF do bairro dos Jardins, São Paulo/SP, os denunciados JOÃO PAULO, JOÃO PEDRO e PEDRO
PAULO, de maneira livre e consciente, e agindo com unidade de desígnios com o menor PEDRO HENRIQUE,
subtraíram para si coisa alheia móvel, mediante grave ameaça. Além disso, em data incerta, antes de 13
de janeiro de 2020, os denunciados, também de maneira livre e consciente, e agindo com unidade de
desígnios com o menor e PEDRO HENRIQUE, constituíram organização criminosa com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem patrimonial decorrente da prática de crimes de roubo. Nesse sentido,
conforme constou do inquérito policial, na data dos fatos, os denunciados se dirigiram à agência da CEF e,
adentrando o local, anunciaram o assalto. Conforme adredemente organizados, coube a PEDRO PAULO a
tarefa de permanecer do lado de fora da agência, do outro lado da rua, a fim de vigiar a eventual chegada
de policiais, enquanto JOÃO PAULO, portando arma de fogo, rendeu o vigia e anunciou o assalto, exigindo
que as vítimas colaborassem, caso contrário seriam alvejadas. Cumprindo sua parte no plano traçado pelos
réus, JOÃO PEDRO dirigiu-se aos caixas e subtraiu toda a quantia em dinheiro então disponível, enquanto
PEDRO HENRIQUE subtraiu os telefones celulares dos consumidores ali presentes mediante grave ameaça
consistente no emprego de um canivete. Durante toda a ação criminosa, houve restrição da liberdade das
vítimas. Enquanto se preparavam para deixar o local, os denunciados foram avisados pelo comparsa PEDRO
PAULO de que uma viatura policial se aproximava da agência, momento em que tentaram empreender fuga.
Ao perceberem essa movimentação, os policiais militares saíram no encalço e capturaram os denunciados,
alguns quarteirões depois. Após revista pessoal, foram apreendidos 1 (uma) arma de fogo, R$ 2.000,00
(dois mil reais) em cédulas de dinheiro, e 3 (três) aparelhos de telefone celular, além de 1 (um) canivete.
Os denunciados foram levados à presença da autoridade policial e, após a lavratura do auto de prisão em
flagrante, em que formalizada a apreensão dos bens, foram conduzidos à presença de juiz federal para a
realização de audiência de custódia, quando então foi decretada a prisão preventiva dos agentes. Após,
no prazo legal, o Ministério Público Federal denunciou JOÃO PAULO, JOÃO PEDRO e PEDRO PAULO como
incursos nas penas dos artigos 2º, da Lei 12.850/13, 157, §2º, II, V e VII e §2º-A, I, do Código Penal, por 4
(quatro) vezes, na forma do artigo 69, CP e artigo 244-B, da Lei 8.069/90. Recebida a denúncia, os acusados
foram citados pessoalmente, e apresentaram resposta à acusação, através da Defensoria Pública da União,
arrolando as mesmas testemunhas indicadas na denúncia, e requerendo a aplicação do artigo 226, do

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Código de Processo Penal em audiência e a concessão dos benefícios da justiça gratuita. A fase do artigo
397 do CPP foi superada sem absolvição sumária, designando-se audiência de instrução e julgamento.
Seguiu-se a juntada aos autos de laudo relativo à arma de fogo, de uso permitido, atestando sua aptidão
para efetuar disparos, ao canivete, e de laudo de avaliação dos telefones celulares, aos quais se atribuiu o
valor individual de R$ 300,00 (trezentos reais), além da ficha de identificação civil de PEDRO HENRIQUE,
nascido em 27/07/2006. Na audiência de instrução e julgamento, realizada no dia 13/02/2020, por meio
de gravação audiovisual, foram ouvidos os policiais militares que efetuaram a prisão dos réus, o gerente da
agência bancária e as 3 (três) vítimas, bem como foram os réus interrogados. O vigilante não foi localizado
e, assim, o MPF desistiu de sua oitiva. Os policiais confirmaram o relato da denúncia sobre a prisão dos réus,
esclarecendo que ouviram um deles gritar “a casa caiu” e correr logo em seguida, enquanto os demais, que
saíam da agência da CEF, correram na direção oposta, sendo todos eles capturados. Acrescentaram, ainda,
que segundo um dos réus afirmou após a prisão, costumavam praticar roubos a agências bancárias com
frequência. O gerente da CEF afirmou que estava próximo a um dos caixas na ocasião e confirmou a subtração
de dinheiro e o emprego de arma de fogo. Disse que toda a ação foi muito rápida e que, inclusive em razão
disso, não tinha condições de reconhecer os réus. Os três consumidores reconheceram os réus JOÃO PAULO
e JOÃO PEDRO, sem observância das formalidades do artigo 226, CPP, confirmaram terem sido ameaçados
por um dos agentes que portava um canivete, que parecia uma criança, e afirmaram que os acusados agiram
como criminosos profissionais. Em seus interrogatórios, JOÃO PAULO exerceu o direito ao silêncio; JOÃO
PEDRO confessou sua participação no crime, em coautoria com os demais réus, e com o menor PEDRO
HENRIQUE; e PEDRO PAULO negou seu envolvimento no delito. Na fase do artigo 402 do CPP, nada foi
requerido (fl. 262). O Parquet Federal ofertou memoriais escritos (fls. 267/283), pugnando pela condenação
dos acusados nos exatos termos da denúncia. Em sede de alegações finais, a DPU requereu a absolvição dos
réus do delito do artigo 244-B, da Lei 8.069/90, em razão da ausência de prova de efetiva corrupção, inclusive
porque o menor já teria praticado outras infrações penais; em relação aos crimes de roubo, defendeu a
incidência do princípio da insignificância em razão do valor dos aparelhos celulares, e suscitou a ilegalidade
do reconhecimento realizado em juízo, em razão da inobservância das formalidades do artigo 226, CPP e,
por conseguinte, a absolvição dos réus. Sublinhou, ainda, a ausência de prova de autoria para a condenação
de PEDRO PAULO. No tocante à aplicação da pena, em caso de eventual condenação, pediu o afastamento
do concurso material. Além disso, requereu o afastamento da causa de aumento do artigo 157, §2º, V, CP,
em razão da ausência de restrição da liberdade das vítimas por período de tempo juridicamente relevante,
bem como do artigo 157, §2º, VII, CP. Por fim, sustentou genericamente a absolvição dos réus da imputação
da prática do crime de organização criminosa. É o relato do essencial. Com base nas informações constantes
do enunciado, elabore a sentença penal correspondente, na data de 13/03/2020, dispensado o relatório.

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