Cristaos de Volta A Politica - Phillip Kayser

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Cristãos de volta à

política
Phillip G. Kayser
Introdução
Um pesquisador da Gallup conversou com uma
dona de casa e perguntou se poderia entrevistá-la
sobre suas inclinações para as próximas primárias.
Ela imediatamente respondeu: “Ó, eu nunca voto.
Não quero me sentir responsável por nada que se
passa em Washington”. Ela não tinha ideia que
negligenciar a política nos torna responsáveis. Uma
pessoa disse: “A diferença política é saudável. É a
indiferença política que nos prejudica”. O que
mantém tantos cristãos fora do envolvimento
político, e como podemos superar isso?
Questões que nos
impedem de estar
envolvidos na política
Temor de homem Um dos grandes obstáculos ao
envolvimento é o temor. Alguns têm medo de falar
com pessoas ao telefone, ou de conversar com um
candidato. Eles podem pensar: “O que eu diria?”. A
educação sobre essas questões poderia aliviar tais
temores. Outros são temerosos da pressão dos pares.
Certamente vários políticos têm testificado sobre a
enorme pressão de companheiros para que façam
concessões. Na Bíblia, Pedro achou difícil
confrontar os judaizantes porque queria agradá-los.
Pouquíssimas pessoas gostam de confrontar os
outros. Mas deixe-me lhe dizer algo — se você fizer
qualquer tentativa de trazer reforma à família, igreja
ou cultura, em algum momento haverá
confrontação. E se o seu objetivo é agradar ao
homem, você nunca confrontará. Paulo disse em
Gálatas 1.10: “Porventura, procuro eu, agora, o
favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro
agradar a homens? Se agradasse ainda a homens,
não seria servo de Cristo”. Romanos 13 diz que os
magistrados devem ser servos de Cristo. Deveríamos
orar para que Deus lhes retire o temor dos homens e
os capacite a agir assim. A Escritura diz que o temor
de homens é um laço, e até que seja substituído pelo
temor de Deus, seremos incapazes de mudar a maré
em nosso país. De fato, Carl F. Henry disse que é
necessário coragem para concorrer a um cargo
público, e é necessário coragem para que os
cidadãos estejam envolvidos no processo político em
vez de serem passivos. Mas ele afirmou: “O dever
cristão requer participação corajosa nas fronteiras do
interesse público” (TGC, 44). Portanto, existe o
temor de homem.

Política é suja Em segundo lugar, uma das objeções


estranhas que tenho ouvido com relação ao
envolvimento dos cristãos é que a política é suja.
Deixe-me dar apresenta um exemplo de citação.
Wayne House disse: “Qualquer tentativa de
estabelecer uma mudança em longo prazo nas
instituições resultará somente no fermento do
humanismo permeando o cristianismo” (Wayne
House & Tommy Ice). Bem, você pode ver que esse
temor nos manteria fora não somente da política,
mas também dos negócios e da maioria de outros
aspectos da cultura.
Deveriam os cristãos evitar a indústria de caminhões
simplesmente porque reconhecemos que existe um
monte de caminhoneiros com bocas sujas? Penso
que reconheceríamos que esse não é um argumento
legítimo. Em seu maravilhoso livro, Myths, Lies &
Half Truths, Gary DeMar cita um adesivo que
citava: “Políticos são como fraldas. É necessário
trocá-los com frequência”. Ele não estava
advogando limites de mandato. Mas estava
reconhecendo que a política pode ficar suja, e não
veremos nenhuma fralda sendo trocada em
Washington DC se os cristãos não se envolverem.
Na verdade, uma boa parte do Antigo Testamento é
devotada a política. Mesmo alguns dos heróis do
Novo Testamento se envolveram em política. Lucas
3:14 mostra João Batista abordando várias questões
éticas com Herodes. Ele estava buscando limpar a
política. O centurião, Zaqueu, o coletor de impostos,
Sérgio Paulo e outros estavam envolvidos como
cristãos em buscar serem sal e luz na sociedade. E,
aliás, Mateus 5 diz que se não formos sal e luz, não
serviremos para nada senão para sermos jogados no
chão e pisados pelos homens. Essa era uma imagem
dizendo que se a igreja não sair e fizer algo, os
humanistas dominarão. Estaremos debaixo dos seus
pés; sob a autoridade deles. Sem dúvida a política é
suja — porque os cristãos fugiram dela.

Não há esperança de vencer Assim, há os


obstáculos do 1) temor e da 2) ideia que política é
algo sujo e eu posso me contaminar. Mas um
terceiro obstáculo é o senso de desesperança. É uma
falta de fé quanto a podermos fazer alguma
diferença. Em 1977, Salem Kirban disse:
“Chegamos num ponto em que não há retorno.
Estamos num curso irreversível de desastre
mundial”.[1] Uau! Isso sim é pessimismo. Se é
irreversível, porque se importar? Esse tipo de
pessimismo pensa que é inútil sequer tentar. E isso
em 1977. Não é admirar que tenhamos tantos
problemas desde então. E as pessoas de fato se
sentem sem esperança numa tarefa que sabem que
será fútil.
Um erudito de uma denominação totalmente
diferente, Herman Hanko, disse: “Esqueceu-se o
fato de que o pecado e a maldição tornaram para
sempre impossível que o mandato cultural seja
cumprido neste mundo presente”.[2] Em outro lugar
ele disse: “O mundo está repleto de pecado e
tornando-se pior, uma situação além do reparo e
impossível de ser salva”.[3] Mas nunca devemos dizer
impossível para Deus. A mensagem de Jonas de
arrependimento pode ter parecido impossível
quando ele chegou à cidade ímpia de Nínive,
todavia, toda aquela cidade se arrependeu porque ele
fez o que deveria fazer, e Cristo disse que aquele foi
um arrependimento genuíno. Deus pode fazer o
mesmo hoje? Sim, sua mão não se encolheu para
que não possa salvar. Na verdade, Jesus disse: “Eu
edificarei minha igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela”. A questão é: temos fé?
Jeremias 18.7-9 diz que não devemos desistir de
uma nação como se ela estivesse longe mais. Lemos:
“No momento em que eu falar acerca de uma nação
ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir,
se a tal nação se converter da maldade contra a qual
eu falei, também eu me arrependerei do mal que
pensava fazer-lhe”. Ele estava dizendo: “Não desista
de uma nação. Chame-a ao arrependimento. Faça
algo. Mas sempre há esperança se ainda há tempo
para arrependimento”. Esse senso de desesperança
paralisa a igreja, mas uma passagem da Escritura
como essa é um grande antídoto.
Desencorajamento — “Deus não
abençoará nossos melhores esforços”
Às vezes esse senso de desesperança vem do
desencorajamento. Se fracassa diversas vezes você
pode sentir vontade de desistir. Penso que parte da
razão para vitórias de curto prazo e fracassos de
longo prazo é que muitos cristãos estão tão
convencidos que não chegarão muito longe que
adotaram estratégias de curto prazo para vencer uma
batalha política aqui e acolá e abandonaram as
estratégias de longo prazo necessárias para vencer a
guerra. Eles estão aqui apenas para uma ou duas
batalhas. John Walvoord disse: “talvez os cristãos
não estejam tão preocupados com as condições
sociais, políticas e morais no mundo como deveriam
estar; mas, por outro lado, não é o propósito de
Deus, em nossa presente era, exercer justiça
social…”.[4] E minha reação é: “Desculpe, mas Jesus
estava, sim, preocupado com justiça”. A parábola da
viúva persistente em Lucas 18 é acerca de uma
viúva buscando justiça. A conclusão de Cristo é: “…
não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele
clamam dia e noite, embora pareça demorado em
defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará
justiça”. Esse é um antídoto ao desencorajamento.
Isaías 42 é citado pelo Novo Testamento como se
aplicando ao batismo e mistério de Cristo, e diz
acerca de Jesus que ele promulgará o direito, de
fato. Ele não falhará, nem será desencorajado, até
que tenha estabelecido a justiça na terra. O texto
reconhece que haverá um longo tempo de resistência
aos propósitos de Cristo, mas que ele não ficará
desencorajado até que estabeleça a justiça na terra.
Eu sou um ministro do Evangelho; mas o Presidente
dos Estados Unidos, ou um congressista, ou um
prefeito também é chamado de um ministro de Deus
em Romanos 13. É uma profissão honrosa, e não
deveríamos diminuí-la.
Algumas vezes as pessoas ficam desencorajadas não
porque questionem o interesse de Cristo na justiça,
mas porque pensam que ele não nos deu graça
suficiente para obtermos êxito. Num livro, Wayne
House e Tommy declaram explicitamente três vezes:
“Deus não deu à igreja uma dose apropriada de
graça para cristianizar o mundo” (House & Ice).[5]
Mas Lucas 24.49 promete que o Pentecostes nos
concederá poder do alto para cumprir a Grande
Comissão. E a Grande Comissão é um chamado
para discipular as nações. Veja, não teremos fé para
o futuro até que entendamos as promessas de Deus
para o futuro. Continuaremos a ficar desencorajados
se agirmos com base em nossa própria sabedoria e
força. Mas maior é aquele que está conosco do que
aquele que está no mundo. A questão é: “Cremos
realmente nisso?”. Os espias que foram até a terra
de Canaã puderam ver apenas gigantes na terra, e
viram a si mesmos pequenos como gafanhotos. Eles
ficaram tão desencorajados que se recusaram a
conquistar a terra. Ora, Josué e Calebe viram os
mesmos gigantes, mas o foco deles não estava nos
gigantes; estava na grandeza de Deus, e eles
triunfaram. Devemos sobrepujar o pecado do
desencorajamento nos livrando da teologia de
gafanhoto e tendo fé nas promessas de Deus.
Escapismo
Um quinto pecado é o escapismo, e mesmo o
melhor dos santos têm sido tentado por esse pecado.
No Salmo 11, Davi é tentando a fugir como um
pássaro para uma montanha por causa da destruição
dos fundamentos de sua cultura. De fato, nesse
salmo, há uma descrição de vários problemas que
estamos enfrentando em nosso país. Mas ele resistiu
a essa tentação de escapar, e resistiu pela fé. Ele
recusou escapar de suas responsabilidades.

Nossa cidadania está somente no céu Uma forma


de escapismo é encontrada na declaração “nossa
cidadania está no céu e devemos tirar as pessoas da
terra”. Mas Paulo não encontrou nenhuma
contradição em reivindicar uma cidadania celestial
em Filipenses 3.0 e ao mesmo tempo reivindicar e
usar sua cidadania romana em Atos 16.37-39 e em
22.22-29. Nossa cidadania celestial (se entendida
corretamente) impactará profundamente nossa
cidadania terrena. Ela colocará em perspectiva
aquela maravilhosa frase: “Uma nação sob Deus”.
O reino de Deus não é deste mundo Outra forma
de escapismo pode ser encontrada na declaração: “O
reino de Deus não é deste mundo”. Novamente, é
uma declaração verdadeira se entendermos pela
palavra “deste” que o reino de Deus não é derivado
deste mundo. Ele é derivado do céu. Mas o que a
oração do Senhor pede? “Venha o teu reino; faça-se
a tua vontade, assim na terra como no céu.” Essa
não é uma oração escapista. É uma oração que
deseja que o reino celestial influencie e transforme o
terreno.
Devemos buscar apenas aquelas coisas que são
do alto Outra forma de escapismo pode ser
encontrada na expressão: “Devemos buscar apenas
aquelas coisas que são do alto”. Uma vez mais,
trata-se de uma declaração verdadeira, mas retirada
do contexto. O contexto de Colossenses 3 é que
Cristo (que é do alto) é suficiente para tudo o que
precisamos na vida. Não é um chamado para
escapar da vida. E sabemos isso porque Paulo
continua a fim de mostrar, em Colossenses, como
Cristo é suficiente para os nossos relacionamentos:
casamento, filhos, empregados, empregadores e
“tudo o que fizerdes”. Isso não é escapismo. Isso é
pedir que sua vontade seja feita na terra assim como
no céu. Mas é o mundo tangível de terra firme que
está sendo afetado em Colossenses.
O mundo não é importante Outra escusa oferecida
é que o mundo não é importante. J. Vernon McGee
uma vez disse: “Você não lustra o bronze de um
navio que está afundando”. A ideia é que quando o
navio está fundando, você não deve se preocupar
com o ele — salve almas. Ele acreditava que o nosso
mundo estava afundando, e a única coisa importante
a se fazer era o envolvimento com evangelismo.
Mas, João Batista estava lustrando bronze quando
tentou trazer reforma à política em Lucas 3:19?
Não. Ele estava agindo como todos os profetas do
Antigo Testamento — confrontando os males na
sociedade e buscando fazer uma diferença. Louvo a
Deus por ele estar levantando candidatos que estão
tentando trazer uma reforma a Washington, DC. E
você sem dúvida verá vários deles entrando por
essas portas. Se o mundo não é importante, por que
o Novo Testamento diz que Deus estava em Cristo
reconciliando o mundo consigo mesmo (2Co 5:19)?
Por que ele prometeria que os mansos herdarão a
terra (Mt 5:5)? Por que Jesus receberia toda a
autoridade no céu e na terra no primeiro século? Por
que Romanos 13 diz que o magistrado civil é servo
de Deus, um ministro de justiça? Por que o Novo
Testamento fala tanto sobre empregadores,
empregados, economia e mordomia da terra?
Obviamente o mundo é bem importante para Deus.
A Bíblia diz que Deus é dono do “gado, aos
milhares nas montanhas” (Sl 50:10, A21), de forma
que obviamente ele está interessado em gados e
montanhas. Amo o hino natalício “Joy to the World”
[“Alegria para o mundo”]. O hino diz que a graça de
Deus está destinada a chegar longe, onde quer que a
maldição seja encontrada. Isso é bem longe. A
maldição impactou negativamente a política? Sim,
sem dúvida, mas a graça de Deus é suficiente para
chegar onde quer que a maldição se encontre.
Teologia truncada
A Bíblia está preocupada apenas com salvação
Outro grande obstáculo à transformação da cultura é
uma teologia truncada. Algumas pessoas creem que
a Bíblia está preocupada apenas com salvação. Hal
Lindsey disse: “Deus nos enviou para sermos
pescadores de homens, não para limpar o aquário”.
Bem, esse é um slogan esperto, mas sua lógica
simplesmente não faz sentido. Quando um coletor
de impostos por nome Zaqueu foi salvo, segundo
registro do Novo Testamento, ele imediatamente
começou a limpar a forma como conduzia o seu
negócio. Isso é limpar a sua parte do aquário (que
passou a ser a Receita Federal). Não seria excelente
se a Receita Federal pudesse ter sua parte do aquário
limpa? Melhor ainda, abolir a Receita Federal de sua
forma injusta de impostos. Tiago 5 não está contente
com meramente a salvação do rico. Ele lhes diz que
precisam mudar suas práticas de negócio. Lucas 3
mostra que a salvação de alguns soldados, e a
admoestação imediata de João Batista é que eles
precisavam limpar seu aquário mudando suas
práticas como soldados. Veja, foi na verdade Hitler
que veio com essa terrível ideia que a Bíblia trata
apenas acerca de salvação. Deixe-me citar Adolf
Hitler. Ele disse: “Eu protegerei o povo alemão.
Vocês tomem conta da igreja. Vossos pastores
devem se preocupar em levar as pessoas para o céu;
deixem este mundo comigo”.[6] Devemos resistir a
essa teologia truncada dizendo: “Ao Senhor pertence
a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os
que nele habitam” (Salmo 24.1). Amém? Posso ter
sua atenção? Não podemos recuar daquilo que Deus
reivindica como seu.

A Bíblia não fornece respostas para questões


sociais Um autor proeminente fez uma declaração
que tirou meu fôlego por sua de sua audácia. Ele
disse: “Os cristãos não têm soluções imediatas para
os problemas dos nossos dias… [a única] solução é
mesmo Jesus Cristo voltando para trazer paz e
descanso ao mundo”.[7] Ele reivindica que não temos
nenhuma solução. Isso é escapismo total. Mas é uma
posição que ignora claramente a declaração de Paulo
que a Bíblia é suficiente para nos equipar para toda
boa obra (2Tm 3.16.17). Ela tem as respostas. 2
Pedro 1 nos diz que a Bíblia nos dá todas as coisas
que pertencem à vida e piedade (2Pe 1.3). Isso
parece uma solução para mim. Temos livros
publicado que delineiam as respostas da Bíblia a
questões familiares complexas, a um sistema
completo de economia, governo civil, lei e ética.[8]
Eu tenho palestrado a funcionários do Estado sobre
a maestria dos princípios de jurisprudência tribunal
da Bíblia (que os Estados Unidos de outrora seguia,
aliás), princípios para resolução de conflito numa
nação e formas de proteger os direitos das minorias.
Ora, você pode não gostar das soluções, mas a
Bíblia de fato fornece as respostas para cada uma
das crises sociais do nosso país.
Passivismo
Os cristãos devem permanecer neutros
Deixe-me abordar rapidamente três formas de
passivismo. A passividade da igreja nos Estados
Unidos é impressionante. Mas se pudéssemos jogar
fora esses três mitos que descreverei, poderíamos ter
uma vez mais o alicerce para fazer uma diferença. E
eu vos digo, a igreja precisa reconquistar o seu
alicerce.
O primeiro mito da passividade é que os cristãos
deveriam permanecer neutros. Mas isso é
impossível. Cristo disse: aquele que não é por mim é
contra mim (Mateus 12.30). Não existe neutralidade
aqui. No livro de Ester, Mordecai disse a Ester que
uma falha em tomar posição não é uma opção. É
automaticamente ficar ao lado do inimigo. A mulher
que mencionei no começo não queria votar pois não
desejava ser responsável pelo que estava
acontecendo em Washington DC. Mas ela falhou em
reconhecer que já era de fato responsável pelo mal
ao se recusar a agir. No dia do julgamento final as
pessoas não serão capazes de reivindicar que eram
neutras. Jesus dirá: “sempre que o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”
(Mt 25.40). Fracassar em agir é tratado como
fracasso.

Há uma separação entre igreja e Estado


Um segundo tipo de passividade surge da ideia de
separação da igreja e Estado. Ora, eu creio que
existe uma separação jurisdicional de governos
(nenhum está debaixo do outro), mas que esse é o
único tipo de separação sobre o qual a Bíblia fala.
Geralmente, aqueles que defendem a separação da
igreja e Estado estão dizendo que os cristãos não
podem influenciar a política e que o próprio Estado
não deveria ser cristão. Mas esse sem dúvida não foi
o intuito de George Washington. Ele disse: “É
impossível governar o mundo corretamente sem
Deus e a Bíblia” (George Washington, 1752) [p.
660]. Em 1821, o Presidente John Quincy Adams
disse: “A glória mais alta da Revolução Americana
foi isso; ela conectou, num laço indissolúvel, os
princípios de governo civil com os princípios do
cristianismo”. Ele disse que a conexão entre
cristianismo e o Estado é indissolúvel. E essa
certamente é a visão da Bíblia. João Batista abordou
os soldados, o rei, os coletores de impostos e os
membros do parlamento. Ele estava longe de ser
passivo.
Temor do futuro & fatalismo
Estamos vivendo nos últimos dias Existem outros
problemas tais como preguiça e prioridades
equivocadas que não abordarei, mas permitam-me
dispender um pouco de tempo lidando com o temor
do futuro e com o fatalismo. Um escritor
proeminente disse: “Deveríamos viver como pessoas
que não esperam estar aqui por muito tempo”.[9] Ele
disse isso em 1973. O que teria acontecido se as
pessoas tivessem seguido o seu alerta? Eles teriam
parado de influenciar a política, educação, artes,
cultura, negócios, etc. Eles deixariam de economizar
dinheiro e entrariam em dívidas. Agora espere a
bomba. Talvez eles o levaram a sério. Talvez esse
seja o motivo do nosso país estar em tamanha
confusão. Sempre houve pessoas que pensaram que
sua geração seria a última, vivendo nos últimos dias,
e isso levou a planejamento pobre e uma abordagem
orientada ao presente que negligenciou as estratégias
para vender em longo prazo. Ninguém conhece o
tempo da segunda vinda de Cristo. Ele nos chama a
ocupar até que ele venha.
Não podemos deter a profecia — as coisas
sempre ficarão cada vez piores Talvez uma
variação ainda mais perversa disso é se regozijar por
as coisas estarem ficando cada vez piores. Um
estudioso proeminente que permanecerá
caridosamente anônimo, disse: “Quanto mais
tenebroso o mundo fica, mais luz o meu coração
recebe! Pois isso significa que estamos mais
próximos da Segunda Vinda de Cristo” (R.A.
Torrey). Isso tem levado a uma atitude fatalista e
arrogante para com o mal na cultura. Ela torna as
pessoas em espectadores dos eventos horríficos da
história, em vez de participantes e transformadores
da história. Se você olhar para os autores da
Escritura, verá que eles sofreram com o mal no
mundo e a ele resistiram. Outro autor disse: “Sem a
esperança no retorno do nosso Senhor… que futuro
qualquer um de nós tem?”.[10]
A insistência de Cristo para que viremos a
maré (Mt 28.16-20)
Toda autoridade Bem, quero terminar insistindo
que temos um futuro para o nosso país. Ele está
resumido na Grande Comissão, uma porção da
Escritura na qual todos os ramos do cristianismo
alegam crer, mas poucos tomam seriamente. Há
quatro ocorrências da palavra “todo” em Mateus
28.16-20 que deveriam revolucionar sua vida e te
dar fogo e energia para se envolver não apenas em
política, mas em outras áreas da cultura também.
Esses quatro “todos” te dará uma fé para esperar
grandes coisas de Deus e tentar grandes coisas por
Deus.
O primeiro “todo” negligenciado na Grande
Comissão é “toda a autoridade me foi dada no céu e
na terra”. Muitas pessoas não creem nisso. Elas não
creem que é apropriado aplicar a autoridade de
Cristo ao Estado. Mas não há exceção a essa
reivindicação abrangente. Jesus disse: “toda a
autoridade me foi dada no céu e na terra”. Ele tem
autoridade sobre nossas famílias. Isso significa que
não podemos conduzir nossas famílias da forma que
nos agradar. Devemos perguntar como ele deseja
que a família seja conduzida. E Jesus fala acerta de
questões íntimas como controle de natalidade,
relações sexuais, disciplina, papel de marido e
mulher, herança e muitas outras questões familiares.
Há uma necessidade desesperada de reforma da
família — algo pelo que nosso ministério é
apaixonado. E até que a família seja restaurada ao
seu lugar, teremos dificuldade de restaurar a nossa
nação.
Outra autoridade é a autoridade eclesiástica; e Jesus
reivindica toda autoridade sobre a igreja. Sobre a
membresia da igreja, disciplina, adoração,
evangelismo, etc. Quando uma igreja faz algo novo,
precisamos perguntar: “Jesus autorizou a igreja a
fazer isso?”. Não basta que seja algo bom. Há
muitas coisas boas que Deus não autorizou a igreja
ou o Estado a fazer. Ele deseja que as famílias
façam. E há muitas coisas boas que Deus não
autorizou a família a fazer. Ele delegou essa
autoridade a alguma outra instituição. E quando
qualquer desses governos ultrapassa os seus limites,
eles estão vivendo em rebelião à autoridade de
Cristo. A igreja está em necessidade desesperada de
reforma nos Estados Unidos, e nosso ministério está
tentando fazer o que pode por meio de treinamento,
recursos e mentoria. Ore, pois, por nós.
Mas penso que é especialmente o governo civil que
muitos cristãos pensam ser isento da autoridade de
Cristo. Mas o que Salmo 2 diz? Ele conclama todas
as nações a beijar o Filho, para que ele não se irrite
e aquela nação não pereça em seu caminho. O texto
diz: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos
advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor
e alegrai-vos nele com tremor”. A propósito, Atos 4
cita esse Salmo e o aplica à nossa era. Não podemos
abraçar o pluralismo. Pluralismo significa um
compartilhamento de autoridade com outras
religiões e pontos de vida. O pluralismo deseja que
os políticos jurem sobre o Alcorão e sobre outros
documentos religiosos (o que aconteceu em 2007
pela primeira vez na história norte-americana). Mas
Jesus recusa compartilhar autoridade. Ele reivindica
toda autoridade no céu e na terra. E desde a
primeira Suprema Corte até meados da década de
1990, tem havido inúmeras declarações que esta era
uma nação cristã, fundada sobre a Bíblia. Andrew
Jackson, disse: “A Bíblia é o Livro sobre o qual esta
República descansa”. Mesmo presidentes em quem
eu não votaria tinham sido a mesma coisa. O
Presidente Truman disse: “Esta é uma nação cristã”.
[11]
Woodrow Wilson declarou enfaticamente: “Os
Estados Unidos nasceram como uma nação cristã”.
[12]
Ora, sem dúvida, temos dado liberdade e regalias
a outros pontos de vida religiosos, mas eles estavam
simplesmente declarando que não temos motivo
para ficarmos embaraçados quanto a aplicar a Bíblia
à cultura. É a lei perfeita de liberdade da Bíblia que
produziu as liberdades que temos nos Estados
Unidos. Caso após caso nos tribunais tem
demonstrado que a lei bíblica está por detrás da lei
americana. Esse é o motivo de termos os Dez
Mandamentos na parede atrás dos juízes da
Suprema Corte. E, todavia, nosso tribunal ignora
essas leis. E os cristãos têm receio de dizer isso, pois
eles são chamados a uma estratégia de vitórias
incrementais (que na verdade termina em perdas
incrementais). Precisamos voltar ao intento original e
votar em candidatos que creem no intento original.
Eles estão jurando sustentar e defender a
Constituição. Assim, o primeiro “todos” é que Cristo
tem toda autoridade.
Todas as nações O segundo “todos” negligenciado é
que Cristo nos ordena a fazer discípulos de todas as
nações. Não apenas fazer discípulos de uns poucos
indivíduos. Lê-se no grego literal: discipular todas as
nações. Não há nenhum genitivo. É o caso acusativo
que significa que todas as nações como nações
devem ser discipuladas. Seu objetivo é uma visão
abrangente de vitória: nações cristãs. Bem, isso faz
perfeito sentido visto que já vimos que ele recebeu
toda autoridade na terra. “Ide, portanto” implica que
a comissão é tão extensa quanto a sua autoridade. O
que significa ser uma nação cristã? Não significa
simplesmente que a política será cristã. A Bíblia fala
de um governo civil muito limitado — não as
enormes burocracias que muitos em Washington DC
estão defendendo. Política é apenas um subconjunto
minúsculo de uma nação. Para uma nação ser cristã,
a arte, ciência, política, esportes, mídia,
entretenimento, educação — tudo deve estar
debaixo do senhorio de Cristo.
Toda a Palavra Ora, isso se relaciona ao próximo
“todos” negligenciado, porque Jesus diz,
“ensinando-os a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado”. Não estamos autorizados a pegar e
escolher o que ensinaremos. Em Mateus 5, Jesus
nos diz o que ensinar — toda a Bíblia. Em Mateus
5.17-19, ele diz: “Não penseis que vim revogar a Lei
ou os Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu
e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará
da Lei, até que tudo se cumpra”. [A última vez que
olhei, o céu e a terra não tinham passado ainda. E
isso para mim significa que cada i e til da Palavra de
Deus continuam sendo relevantes. Conclusão? O
próximo versículo diz.] “Aquele, pois, que violar um
destes mandamentos, posto que dos menores, e
assim ensinar aos homens, será considerado mínimo
no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e
ensinar, esse será considerado grande no reino dos
céus”. Cristo quer que ensinemos cada uma das leis
do Antigo Testamento relativas às nações. A lei do
Antigo Testamento nos ensina princípios
conservadores de ecologia, não ecologia verde
socialista. Ela nos ensina princípios conservadores
de economia, política, arte, matemática e filosofia.
De fato, ela nos fornece cada axioma necessário
para formar o fundamento para a nossa nação.
Para mim, isso é impressionante. Até mesmo
mandar é impressionante, mas crer que será
cumprido? Isso exige fé. Significa que ele está
falando sobre conquista do mundo aos doze
discípulos! Na verdade, esse é um mandamento tão
ousado que, para muitos, é inacreditável. Cristo
queria dizer outra coisa! Mas pense sobre isso por
um momento. Se Cristo é presentemente um Rei
universal como ele diz ser, e se ele reivindica um
reinado universal, como ele diz reivindicar, então
nada menos que uma conquista total e nada menos
que um discipulado total seria digno de nosso Rei ou
de seu reinado. E isso nos leva ao último “todos”
que nos mostra que não somos deixados às nossas
próprias forças. Quando Deus ordena o impossível,
ele dá a graça para cumprir o impossível.

Todos os dias O último “todos” negligenciado. O


grego tem literalmente o seguinte: “Eis, eu estou
convosco todos os dias [pasas tas hemeras —
“todos os dias”], até à consumação do século”. Você
pode se perguntar como isso é um “todos”
negligenciado. Todo o mundo não crê que Cristo
está conosco todos os dias? Num sentido isso é
verdadeiro, mas há muitos que agem como se essa
declaração fosse falsa. Citei um estudioso antes, que
disse: “A única solução para o tumulto entre as
nações é o retorno de Jesus Cristo em poder e glória
à terra”.[13] A implicação é que a presença espiritual
de Cristo não é suficiente. Mas respondemos que,
visto Jesus ter recebido toda a autoridade, ele tem o
universo inteiro em seu comando. E sua comissão é
baseada em sua autoridade e sua presença. Sem
dúvida não podemos fazer por conta própria, mas
não estamos sozinhos. Esse é o ponto.
Deixe-me perguntar algo. Deus estava fisicamente
presente durante a conquista de Canaã? Não. Sua
nuvem de glória estava no tabernáculo, não no
campo de batalha. E, todavia, Deus lutou por eles de
formas miraculosas à medida que dirigia seus
exércitos, a partir dos Santos dos Santos. Dessa
forma, porque é difícil crermos que Cristo é tão
poderoso agora à medida que dirige seus exércitos
espirituais, a partir do Santo dos Santos, hoje?
Hebreus 13 nos convoca à conquista espiritual com
as mesmas palavras comoventes dadas a Josué um
pouco antes da sua conquista física: “De maneira
alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”.
Ele não era visível, mas disse: “De maneira alguma
te deixarei, nunca jamais te abandonarei”. Ele é tão
presente agora como o foi com Josué. Ele é o
Senhor dos senhores e Rei dos reis. Ele está
dirigindo com bastante eficácia a história mundial.
Mas eis um ponto importante: Deus não travará
nossas batalhas em nosso lugar. Ele não prometeu ir
em vez de nós. Ele prometeu ir conosco. E isso
deveríamos nos instigar à ação ousada. Deveria
também nos dar conforto mesmo quando os
gigantes do comunismo, islamismo, do movimento
sexual, da pornografia, da indústria do aborto e
outros gigantes nos façam sentir tão pequenos
quanto gafanhotos. Por nós mesmos não podemos
vencer, isso é verdade. E teria sido uma farsa pensar
que os doze discípulos poderia conquistar o mundo
sem Cristo. Mas o que o apóstolo Paulo disse que
poderia fazer com Cristo? “Posso todas as coisas por
meio de Cristo que me fortalece.” Trata-se de sua
presença graciosa.
Não creia nos dez espias da igreja moderna. As
citações que apresentei têm produzido o mesmo
efeito sobre a igreja de hoje que o relatório dos dez
espias produziu então. Um famoso espião cristão
disse num trabalho publicado: “Chegamos ao ponto
em que não há retorno. Estamos num curso
irreversível para o desastre mundial”.[14]
Mas essa passagem contradiz isso. Ela nos dá um
plano de ação brilhante, não um plano idealista e
sem esperança. Quero te encorajar a ser o Josué e o
Calebe que tomarão os montes que Deus te deu.
Prepara-se constantemente com boa literatura
reformada. Seja ativo; faça algo. Como um famoso
político disse: “O dever é nosso, o resultado é de
Deus”. Amém.
Sobre o autor

Phillip Kayser é pastor titular da Dominion


Covenant Church in Omaha, NE. Possui título de
M.Div. do Westminster Theological Seminary
(Califórnia) e Ph.D. do Whitefield Theological
Seminary (Flórida). Ele e sua esposa têm cinco
filhos.

É claro para todos ver que nosso governo civil e


muito líderes políticos não refletem princípios
cristãos. Em vez de transferir culpa e apontar o
dedo, precisamos perguntar o porquê cidadãos
cristãos comuns não estão envolvidos em política.
Há muitas razões e nenhuma pode passar pelo teste
da Escritura. As ordens de marcha que Cristo dá aos
cristãos ainda vigoram.
[1]
Salem Kirban, Countdown to Rapture (Irvine, CA: Harvest House Publishers, 1977), p.
11.
[2]
Hanko, “An Exegetical Refutation of Postmillennialism”, p. 10.
[3]
Hanko, “The Illusory Hope of Postmillennialism”, p. 159.
[4]
Ibid., p. 43.
[5]
Wayne House & Tommy Ice, Dominion Theology: Blessing or Curse? (Portland, OR:
1988), p. 340.
[6]
Citado por Chuck Colson em Kingdoms in Conflict (Grand Rapids: Zondervan, 1987), p.
140.
[7]
John F. Walvoord, em Charles Lee Feinberg, Prophecy and the Seventies (Chicago, IL:
Moody Press, 1971), p. 212.
[8]
Veja os livros de Voddie Baucham, Gary North, Gary DeMar, Greg Bahnsen e R.J.
Rushdoony, por exemplo.
[9]
Hal Lindsey, Late Great Planet Earth (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1973), p. 145.
[10]
Salem Kirban, Your Last Goodbye (Wheaton, IL: Tyndale, 1969), p. 252.
[11]
Citado por Gary DeMar em America’s Christian History, The Untold Story (Atlanta,
GA: American Vision Inc., 1995), p. 2
[12]
Ibid., p. 3.
[13]
John F. Walvoord, “Why are the Nations in Turmoil?” em Feinberg, Prophecy, p. 210-
211.
[14]
Salem Kirban, Countdown to Rapture (Irvine, CA: Harvest House Publishers, 1977),
p. 11.

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