A Natureza Missionária Da Igreja
A Natureza Missionária Da Igreja
A Natureza Missionária Da Igreja
MISSIOLOGIA 3
A NATUREZA MISISONÁRIA DA IGREJA
CAPITULO 1
A NATUREZA MISSIONÁRIA DA IGREJA
(Russell Shedd)
Introdução
A Igreja é o agente de Deus no mundo para cumprir a Sua vontade. Essa vontade se resume em sua
missão. Quando se fala de Igreja, trata-se de todos os salvos que pertencem ao Corpo vivo de Cristo, os que
pelo poder do Espírito Santo foram regenerados e incorporados nesse único Corpo de Cristo na terra (1 Co
12.12,13). Falar da natureza missionária da Igreja significa falar da responsabilidade que Deus passou para Seus
escolhidos. Ficará evidente a natureza missionária desse povo sempre que ela fica orientada pela Palavra
inspirada por Deus. Não é por raciocínio humano que se descobre essa natureza missionária. H. Kraemer
escreveu em, The Christian Message in a NonChristian World, 1938, “A igreja...unicamente de todas as
instituições no mundo é fundada numa comissão divina”.
I. A Natureza Missionária da Igreja tem sua Fonte, Modelo e continuação na Missão de Jesus Cristo.
Jesus Cristo Veio para Revelar Deus aos Cegos e Ignorantes
João fala claramente que a encarnação da Palavra eterna ocorreu para tornar Deus conhecido
(Jo 1.18). A revelação do invisível Senhor soberano, Criador de todas as coisas, foi patente na pessoa
e obra de Jesus de Nazaré. O Deus Unigênito trouxe a glória real do Deus único e a fez brilhar em Sua
vida e palavras. João, um dos Seus seguidores, comentou: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e
viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e verdade”(Jo
1.14).
Para Filipe que queria ver o Pai, Jesus respondeu, “Quem me vê, vê o Pai...você não crê que eu
estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhe digo não são apenas minhas. Ao contrário,
o Pai que vive em mim, está realizando a sua obra” (Jo 14. 9,10NVI).
Na Sua oração sacerdotal, Jesus declarou, “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que
me deste para fazer...revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus: tu os deste a
mim, e eles têm obedecido à tua palavra”(Jo 17.4, 6).
Ver a Jesus, portanto, e aceitar Sua missão como a revelação genuína e única do Pai, significa
receber vida eterna. Jesus recebeu autoridade sobre toda a humanidade para conceder vida eterna aos
que o Pai lhe deu. Essa vida é explicada em termos de “conhecer o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem ele enviou” (Jo 17.3). Por isso, João escreveu seu evangelho, para que os leitores creiam
que Jesus é o Cristo, o filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome”(Jo 20.31). Em o evangelho
de João, crer, ver e conhecer são termos sinônimos no que diz respeito à vida espiritual. A cegueira
imposta pelo “deus” deste mundo e ignorância espiritual são vencidos pelo relacionamento com Jesus
Cristo marcado pela fé e amor.
Examine os ensinamentos, inclusive as parábolas. Jesus deixou bem claro que esta salvação
não idealizava uma rebelião contra o Império Romano, visando liberdade política, mas uma mudança
mais duradoura, mais profunda e espiritual. Seria nada menos do que perdão dos pecados e
afastamento da ira divina. Houve uma ocasião em que Jesus curou um paralítico que quatro amigos
trouxeram e baixaram, com sua maca, numa abertura no telhado. A este Jesus declarou, “Filho, os seus
pecados estão perdoados” (Mc 2. 5). O Reino de Deus que Jesus encarnava em Sua própria pessoa
incluía a cura para o corpo e perdão para a alma. Onde quer que Jesus andava, Ele demonstrava que o
Reino que se manifestava em Sua pessoa transformava corpos, mas principalmente, almas.
Refutou a acusação de blasfêmia por parte dos doutores da lei afirmando que o Filho do homem
tem na terra autoridade para perdoar pecados. Qual seria a base pela qual o justo representante de Deus
poderia declarar o perdão dos pecados? Evidentemente, foi no fato que Jesus cumpria a missão do
Servo Sofredor. Que outra maneira haveria para entender Marcos 10.45, : "...nem mesmo o Filho do
homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. O Servo, segundo
a profecia de Isaías, revela que, “... embora o Senhor tenha feito a vida dele uma oferta pela culpa, ele
verá sua prole e prolongará seus dias” (Is 53. 16). Isaías profetizou tanto a morte expiatória de Jesus, o
Servo, bem como Sua ressurreição. A transformação do corpo de Jesus na ressurreição e a aceitação
do sacrifício pelos pecados dos que nEle confiam, revela novamente que a missão de Jesus foi de salvar.
A missão de Cristo também deu muita importância ao ensino dos Seus discípulos. A escola de
Jesus tratou o caráter do discípulo no Sermão do Monte, a natureza e centralidade do Reino e da graça
de Deus nas parábolas, a necessidade de arrependimento, negar-se a si mesmo, carregar a cruz e seguir
a Jesus para alcançar a vida. O Mestre não Se omitiu de ensinar pela prática, enviando os discípulos na
missão de anunciar a proximidade do Reino, expulsar demônios,curar os enfermos e viver pela fé. Outros
temas ocasionais surgem tais como o divórcio, a humildade (quando lavou os pés dos discípulos), a
vinda e missão do outro Paracletos que os guiaria à toda a verdade. A centralidade do ensinamento na
missão de Jesus pode ser vista na exigência que acrescentou à grande comissão – ensinar futuros
discípulos a obedecer tudo que Jesus ensinara aos seus discípulos.
A Fundação da Igreja
Mateus relata que Jesus entendeu que sua missão incluiria a construção do templo, não feito
com mãos, nem com pedra e madeira, mas na ressurreição do Seu corpo no terceiro dia (Jo 2.19).
Pessoas que confessam sua lealdade para com Sua pessoa seriam incorporados em Sua pessoa.
Declarou para Pedro que Ele (e certamente os apóstolos e profetas) edificaria Sua Igreja sobre “esta
pedra” (Mt 16. 18) e que “as portas de Hades (a morte) não poderão vencê-la”, isto é, que Jesus venceria
a morte! Não seria justamente essa “igreja” que Isaías previu ao falar da ressurreição do Servo e sobre
a prole que ele verá ( 53.10)?
A pedra deveria ser a confissão de Pedro que declararia quem é Jesus, o Messias prometido nas
Escrituras, o filho encarnado de Deus por meio de quem a salvação viria, e conseqüentemente,
participação no Seu povo. As chaves do Reino que Jesus deu para Pedro, passaram para ele a
autoridade de ligar e desligar o que já estava ligado ou desligado no céu, isto é, para anunciar as boas
novas do Reino em lugar de Jesus, tal como alguém recebe as chaves para ocupar a casa do dono.
Jesus tinha prometido quando chamou Seus primeiros discípulos que Ele os faria pescadores de homens
(Mt 4.18,19). Estes homens seriam a matéria prima na construção da igreja que Jesus prometeu erguer.
A Igreja pertence a Cristo, uma verdade confirmada pela frase “minha igreja”, que, sendo descrito
por Jesus no número singular, prova claramente que ela é uma e não muitas. Denominações evangélicas
não são várias “igrejas” mas divisões e manifestações da igreja única.
Ele usaria homens falhos e fracos como Pedro para serem os construtores. Paulo também
escreveu que Deus tinha lhe dado a graça de ser um “sábio construtor” ( gr. arquitecton). Lançou o
fundamento que não era outro senão Cristo, por isso, todos devem ter maior cuidado como constroem.
Em Efésios 2.20 Paulo acrescenta que a Igreja, formada dos santos, membros da família de Deus, “são
edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular”.
Não deve haver dúvida alguma que a Igreja tem Jesus Cristo como o alicerce e os apóstolos formam a
primeira fileira de pedras que deram para a Igreja a base que a segura nos ensinamentos e escritos
deles. Sem os escritos dos apóstolos e profetas não teríamos o Novo Testamento. E sem as Escrituras
inspiradas, que chance haveria de manter a certeza sobre o caminho da salvação e a missão de Jesus
na terra hoje? Que missão teria a Igreja sem as Escrituras da Nova Aliança?
Acerca do templo de Herodes, uma das sete maravilhas do mundo antigo, Jesus disse,
“Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias”. Mas o templo de que Ele falava não foi composto
de pedras físicas, mas pedras vivas, já que esta Casa do Pai seria levantada sem mãos. Pedro entendeu
que, chegando a Jesus, a “pedra viva”, as “pedras vivas”, isto é crentes, seriam edificados numa casa
espiritual (1 Pe 2.4,5). A missão de Jesus foi de fornecer, através de Sua morte expiatória e ressurreição,
as condições pelas quais a “casa” de Deus seria erguida. A antiga promessa que Deus habitaria no meio
do Seu povo se cumpriria na medida que os membros cumprem seu papel.
Pedro cita outros títulos, vindos do Antigo Testamento, para descrever a igreja e sua missão:
“geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus para anunciar as grandezas
daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”(1 Pe 2.9). A formação desta nova geração
e povo santo, distinta de Israel segundo a carne, tem a missão de proclamar as virtudes ou grandezas
daquEle que nos tirou das trevas e nos iluminou com a luz celestial. Assim a igreja se construirá,
tornando-se uma casa de Deus, bela e completa.
Jesus não somente descreve a Sua igreja como o templo que precisava ser construído por Ele,
mas também refere a um rebanho que ainda faltava ovelhas suas. Em Suas próprias palavras, Ele disse,
“...dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que
eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”(Jo 10.
15,16NVI). O Senhor Se referia aos gentios quando falou das ovelhas ainda não arrebanhadas no
aprisco. As nações, uma vez alcançadas pela graça salvadora, estariam sendo incluídas dentro do único
povo de Deus. Com a vinda do Espírito Santo com poder, os discípulos testemunharão não somente em
Jerusalém, Judéia e Samaria, mas também até os confins da terra. Estarão cumprindo a promessa feita
por Deus a Abraão quando declarou que por meio dele, isto é, pela descendência dele, todas as “famílias
da terra” seriam abençoadas (Gn 12.3). Paulo escreveu que a chegada da plenitude dos gentios é crucial
para o programa escatológico que inclui a salvação de todo Israel (Rm 11.25,26).
Pedro entendeu a nova realidade da missão da igreja quando cita Amós no Concílio de
Jerusalém, “Depois disso voltarei e reconstruirei a tenda caída de Davi. Reedificarei as suas ruínas, e a
restaurarei, para que o restante dos homens busque o Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem
sido invocado o meu nome, diz o Senhor que faz estas conhecidas desde os tempos antigos”(Atos 15.16-
18 ; Amós 9.11,12). Evidentemente, Tiago falava da Igreja de Jesus Cristo, não mais restrito aos
descendentes físicos de Abraão e Davi, mas aos descendentes gentios da fé. A Igreja universal composto
dos que foram comprados pelo precioso sangue de Cristo, formarão o povo real de Deus.
Que a Igreja de Jesus incluiria gentios ficou claro quando Jesus disse, “Muitos virão do oriente e
do ocidente, e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus. Mas os súditos do
Reino serão lançados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8. 10). O
pensamento corrente dos judeus da época foi que qualquer judeu circuncidado seria salvo pelo fato que
era filho de Abraão e portador do sinal irreversível da Aliança. O Senhor contradisse essa opinião
afirmando que os gentios que crerão nele entrarão antes dos próprios filhos de Abraão.
As parábolas de Jesus devem ser entendidas nesta visão da Igreja que tem um começo tão
insignificante que pode-se comparar com um grão de mostarda que “embora seja a menor dentre todas
as sementes, quando cresce, torna-se a maior das hortaliças e se transforma numa árvore”(Mt 13.32).
Jesus previu que sua Igreja se tornaria grande. Jesus tinha em mente a mesma realidade quando falou
do “fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade de farinha e toda a massa
ficou fermentada” (Mt 13.32). Novamente, o Senhor previu que o cristianismo espalhado pela divulgação
da mensagem acerca de Sua pessoa e obra alcançaria grandes proporções. Chegaria até os confins da
terra. A natureza da igreja fica patente em seu desenvolvimento natural.
Não é somente o crescimento da Igreja que Jesus predisse, mas também a reação negativa dos
que rejeitam a mensagem salvadora de Jesus. Como a missão de Jesus não podia voltar para trás
diante da oposição satânica, chegando ao ponto de levá-lO até a cruz, não se pode esperar que o mundo
aceitaria a pregação do Evangelho com braços abertos. “Se o mundo os odeia”, disse Jesus, “tenham
em mente que antes me odiou...Se me perseguiram, também perseguirão vocês” (Jo 15.18,20). A missão
de Jesus se realizará num mundo de tal modo enganado que acharão que cultuam a Deus matando
quem confessar que é seguidor de Jesus (Jo 16.2), tal como crucificaram o próprio Senhor da glória.
A missão de Jesus o levaria até a cruz onde ofereceria Sua vida em resgate de muitos. Foi na
cruz que Cristo cumpriu a razão da encarnação. Foi o cerne e auge da Sua missão. O autor de Hebreus
colocou esta verdade assim, “Por meio de um único sacrifício, ele aperfeiçoou para sempre os que estão
sendo santificados” (10.14). Paulo afirma que “Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e
sacrifício de aroma agradável a Deus” (Ef 5.2). “Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação
mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando sua justiça” ( Rm 3. 25). A vindicação dessa morte
sacrificial ocorreu na ressurreição de Jesus na primeira Páscoa, uma vez que “Ele foi entregue à morte
por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4.25). Com Sua ressurreição e
exaltação à destra do Pai, a missão de Cristo passou aos discípulos.
Nos encontros com os discípulos após a ressurreição, Jesus declarou que o Pai tinha Lhe dado
toda autoridade no céu e na terra (Mt 28.16). Utilizando esta autoridade suprema, Jesus mandou os
discípulos fazer discípulos de todas as nações, batizando-os no nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo. Teriam também a responsabilidade de ensinar esses novos convertidos das nações a guardar
todas as coisas que Jesus tinha ordenado ao seus discípulos. Não poderia ter sido mais claro; a missão
do Senhor continuaria na tarefa missionária que deveria alcançar todas as etnias do mundo.
Deve ter ficado claro que a missão da Igreja é intimamente ligada à missão de Jesus. Tanto no
seu objetivo como em seu desenvolvimento, este relacionamento continua sendo fundamental.
Duas vezes Jesus declarou “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo” (Jo
17.18. Note as palavras dirigidas aos discípulos, “Assim como o Pai me enviou, eu os envio” 20.21). O
paralelo entre a missão de Jesus e a dos apóstolos não foi absoluta. A singularidade de Jesus se mantém
sempre. Os discípulos não são enviados para ser sacrifícios vicários, ainda que a hostilidade do mundo
que Jesus enfrentou levariam quase todos eles ao martírio. Por isso, Paulo, o último dos apóstolos,
escreveu para a igreja de Colossos, “Me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu
corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja”(1.24). Seguramente,
Paulo falava do preço pago para adentrar em áreas controladas por Satanás que lutava ferozmente para
não permitir que os seus súditos sejam capturados e levados para Reino de Jesus Cristo.
Como Jesus fez discípulos sob a autoridade absoluta do Pai, foi o Pai que os deu para Jesus.
“Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus, tu os deste a mim, e eles têm
obedecido a tua palavra” (Jo 17. 6). Jesus manda os Seus seguidores fazer discípulos das nações sob
a autoridade dEle. Orando, Jesus disse, “Lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que
conceda vida eterna a todos os que lhe deste”(Jo 17.2). Por meio do batismo, os novos discípulos
morreriam simbolicamente para o mundo, para ingressar no povo escatológico de Deus, se identificando
com Jesus Cristo em Sua morte e ressurreição. Assim se tornariam cidadãos do céu e forasteiros na
terra. Como Jesus não tinha onde repousar a cabeça, os discípulos devem entender que aqui eles não
têm lugar permanente. Sofreriam como os hebreus, que, “depois de iluminados...suportaram muita luta
e muito sofrimento...expostos a insultos e tribulações. ...Aceitaram alegremente o confisco dos seus
próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores permanentes” (Hb 10.32-34).
A comissão de Jesus acrescentou a responsabilidade básica de repassar aos novos seguidores
de Jesus os ensinamentos do Mestre. Obediência à lei de Cristo supera a responsabilidade de guardar
a lei de Moisés. A promessa do acompanhamento de Jesus enquanto a igreja espera a Segunda Vinda,
se cumpriu na vinda do Espírito Santo com poder. Foi o mesmo Espírito que os guiaria à toda a verdade;
que não falaria de Si mesmo mas apenas o que ouvir, e Lhes anunciaria o que está por vir. Glorificaria
a Jesus porque receberia dEle o que é dEle e O tornará conhecido a eles (Jo 16. 13,14). Dessa forma a
comissão de Jesus se tornaria praticável.
O Dia de Pentecoste foi uma demonstração da natureza missionária da Igreja. Após a vinda do
Espírito com poder, representantes de “todas as nações do mundo” (At 2.5) ouviram os “galileus” cristãos
falando em suas línguas maternas. Seguramente, o que ouviram foram as maravilhas de Deus,
especialmente a sobre a ressurreição e exaltação de Jesus Cristo.
A estratégia do Espírito Santo foi escolher os melhores obreiros da equipe pastoral de Antioquia.
A seleção não foi feito pelos próprios candidatos, mas pelo Espírito Santo e endossada pela igreja. A
oração e imposição das mãos deve ter sido um meio forte de encorajar os missionários.
O primeiro campo que escolheram foi a ilha de Chipre, terra de Barnabé. Não demoraram para
evangelizar as cidades mais importantes da ilha (At 13.6). A bênção evidente sobre o ministério foi
alcançar o governador, Sérgio Paulo. Paulo desarmou uma cilada do Diabo ao desmascarar o mágico,
Elimas, que tentou afastar o governador da fé. Ficou patente que os poderes políticos e satânicos não
tinham condições de impedir o avanço do Evangelho no meio dos gentios.
A estratégia normalmente empregada pelos missionários foi de evangelizar primeiramente as
sinagogas dos judeus. Era mais fácil apresentar a mensagem para os que já tinha conhecimento das
Escrituras e mantinha a esperança da vinda do Messias. Ainda que a massa dos judeus se mostraram
empedernidos, alguns se convertiam, juntamente com os “tementes de Deus”, gentios que freqüentavam
a sinagoga, mas não se tornaram prosélitos integralmente.
Organizaram igrejas logo que foram expulsos das sinagogas para manter a estrutura sob a
liderança de presbíteros ou “anciãos” (At 14.23; 20.32). Paulo continuou como o apóstolo encarregado
de manter as igrejas locais firmes na fé. Visitou as igrejas e mandou cartas pastorais para elas, de
maneira que ainda que eram igrejas independentes, Paulo manteve supervisão sobre elas enquanto
tinha condições para influenciá-las. Teve certo controle sobre algumas igrejas enviando representantes
como Timóteo e Tito que tinham o direito de escolher líderes para as igrejas em alguns casos.
Muito esforço e tempo foram gastos no ensino. Um dos dons mais importantes que Cristo deu
para Sua igreja foi o dom de ensino (Ef 4.11). A gramática do grego original, “pastores e mestres”,
claramente indica que o pastor se identifica como mestre. Veja também 1 Tm 3.2, “apto para ensinar”.
Paulo aproveitou a escola de Tirano em Éfeso para ensinar os fundamentos da fé durante várias horas
por dia segundo o codex Bezae. “Jamais”, disse Paulo, “deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus”
(At 20.27).
Paulo dependia naturalmente da natureza missionária da igreja quando fundava igrejas nos
centros políticos e comercias esperando que essas igrejas evangelizassem toda a região. Isso aconteceu
em Éfeso (At 19. 10) e explica como Paulo podia dizer que se esforçava para pregar o Evangelho, “não
onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio” e dizer, “agora, não tenho já
campo de atividade nestas regiões” por que tinha divulgado o Evangelho desde Jerusalém e vizinhança
até ao Ilírico (Iugoslávia moderna) (Rm 15. 20-23). A evangelização ocorreu em lugares públicos (At
20.20) além utilizar da estratégia eficaz de testemunho pessoal.
As igrejas dos primeiros dois ou três séculos não tinham liberdade e nem recursos para construir
“templos”, portanto se reuniram em casas e nos campos. Foi providencial esta prática, uma vez que o
avanço da igreja não foi impedido por falta de fundos financeiros. Além desta realidade, nota-se que as
igrejas que se formam em casas particulares são muito mais difíceis de extinguir ou combater. Países
que reprimem o avanço do Evangelho, como a China e Vietnam demonstram esta verdade. A grande
maioria dos cristãos se reúnem em igrejas caseiras.
Paulo favorecia o pagamento de ordenados aos evangelistas e líderes das igrejas se eles eram
itinerantes e se esforçavam no ensino (1Tm 5.17; 1 Co 9.3-18). Ainda que não temos notícia deles
levantarem dízimos dos membros da igreja, as cartas mencionam ofertas dadas a Paulo (Filipenses 4) e
ofertas designadas para aliviar a pobreza dos irmãos em Jerusalém (2 Co 8,9).
Conclusão do capitulo 1
O avanço missionário, isto é, o modo em que a igreja de Jesus Cristo se espalha pelo mundo
tem sua razão de ser na própria natureza da igreja. Se Jesus prometeu que edificaria Sua igreja, se os
verdadeiros cristãos têm um impulso do amor constrangedor de Deus no coração, se o mais valioso
tesouro no mundo é a paz com Deus, não há motivos para estranhar o crescimento da Igreja ao redor
do mundo.
Por outro lado, havendo regiões onde as igrejas diminuem e fecham suas portas, temos razão
para questionar se a natureza da Igreja seja de fato missionária. Em qualquer parte do mundo em que o
enfraquecimento da Igreja seja uma realidade, como no Norte da África e no Médio Oriente sob o domínio
dos muçulmanos, ou no primeiro mundo hoje, nós nos confrontamos com a anomalia de igrejas tão
extintas como os dinossauros.
Jesus predisse não somente a extraordinária expansão da Igreja, mas também o seu declínio.
“Quando o Filho do Homem vier, encontrará fé na terra?” (Lc 18.8), mostra esta verdade. Devido ao
aumento da maldade “o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12) também indica que o futuro da Igreja não
será necessariamente tão empolgante como em outros períodos da história, mesmo calculando que na
média se convertem em torno de 70.000 pessoas cada dia.
O que podemos afirmar com certeza é que Deus conhece a todos que Lhe pertencem. A
plenitude dos gentios será arrebanhada na Igreja, bem como “todo Israel” (Rm 11.25). “O evangelho do
Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim”, declarou
Jesus. Nenhum dos que foram comprados de todas as tribos, línguas, raças, nações e povos faltarão
quando o arcanjo tocar a última trombeta. A figura dos 144.000 no Livro do Apocalipse aponta para esta
verdade. Cabe a todos que reconhecem o senhorio de Jesus Cristo apressar a volta dEle (2 Pe 3.12),
cumprindo a missão que deu aos discípulos, acompanhada por Ele até o “fim do século”.
CAPITULO 2
BASES BIBLICAS PARA MISSÕES
I - Introdução
"Confessamos que, no contexto da História da Salvação, a Igreja tem o seu lugar como vocacionada por
Deus para o seu serviço, sendo enviado ao mundo, objeto do amor de Deus, que quer a salvação dos
homens.
Essas palavras foram tiradas do pacto missionário, escrito durante um congresso missionário em Curitiba. Até
hoje, tentou, e ainda está tentando, manter viva a visão universal ao assumir responsabilidades pelo Reino de
Deus, que abrange representantes de todos os povos e de todas as nações. Não é somente um interesse de
passatempo, e sim, uma atitude da vida diária dos cristãos envolvidos com missões.
"Ou a igreja é missionária ou não é igreja" foi a frase chave daquela conferência, Isso reflete, para nós
hoje, a razão de ser e a natureza de qualquer comunhão cristã, que deve ser alcançar este mundo, criado
por Deus, com Sua palavra. Lendo, estudando e meditando na mensagem bíblica, descobrimos que o
aspecto missionário não significa ler as Escrituras com olhos voltados apenas para os assuntos
missionários, e sim apresentar o alvo e os objetivos de Deus, isto é, que Ele nos chama para ampliar
Seu Reino a nível universal, porque se preocupa com este mundo.
Ao levar a sério a ordem da mensagem bíblica, desde o início até o final, vemos que toda a Bíblia é um
longo apelo missionário, porque fala sobre o homem perdido e os esforços de Deus para preparar Seu
plano salvador e o cumprimento dele através do nascimento, da vida, da morte e da ressurreição do Seu
Filho Jesus Cristo. Até os primeiros e os últimos dois capítulos das Escrituras (Gn 1 e 2, e Ap 21 e 22),
que falam sobre o mundo sem pecado antes da queda e sobre a segunda vinda do nosso Senhor,
apresentam o desafio missionário, porque mostram o alvo da obra missionária, que é o mundo redimido
e recriado sem pecado e com a presença visível de Jesus Cristo. Só que esses quatro capítulos vão
além da era de missões, porque não conhecem a presença do pecado e por conseqüência também não
conhecem a perdição.
De Gn 3 até o final do Velho Testamento se encontra a tentativa e o plano de Deus, através da Sua
direção do povo judeu, de preparar a primeira vinda de Jesus nesta terra para salvar o homem. Com o
início do Novo Testamento, através do nascimento de Jesus, se cumpriu toda a preparação da época do
Velho Testamento. Não podemos ler os quatro evangelhos sem pensar neles como o fundamento e a
base da obra missionária, para em seguida entrar na primeira história missionária deste mundo, o livro
de Atos. Nele se relatam os primeiros esforços para espalhar o Reino de Deus fora da Palestina. Depois
encontramo-nos com a parte das cartas apostólicas que refletem a situação no campo missionário da
igreja primitiva, tratando dos problemas, das lutas e das alegrias das igrejas recém-nascidas. Finalmente
entramos no livro de Apocalipse, que apresenta o alvo do ministério missionário, o novo mundo sem
pecado, para seus leitores, por exemplo Ap. 7.9-12 que apresenta aquele coral internacional que louvará
para sempre ao nome de Deus. Assim é evidente a integração da visão universal na Bíblia.
b) Antigo testamento
Desde a criação, Deus queria ter a comunhão íntima com o homem. Por isso a convivência entre Ele e
o primeiro casal, Adão e Eva, serve como o modelo daquela relação entre o Criador e cada um dos
habitantes desse mundo, que deve ser o alvo da obra missionária.
De vez em quando é difícil observar a filosofia de missão ao ler a história de Israel e das confrontações
com os povos vizinhos. A atitude rebelde do povo judeu perante Deus não lhes deixou muito ânimo para
se interessarem pela salvação dos seus vizinhos. Além disso, a filosofia missionária está oculta no
desenvolvimento histórico do povo judeu, que é a preparação da vinda do filho de Deus. Todavia, o
chamado missionário revela-se, por exemplo, pelo chamado de Abraão: "Sai da tua terra, da tua
parentela e da casa de seu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome. Se tu uma benção: abençoarei os que te abençoarem, e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra." Gn 12:1-3. Essa
atitude missionária ativa, ou seja, a atitude centrífuga (porque a direção é do centro para fora) só se
manifesta raramente no Antigo Testamento, como, por exemplo, em Is 42:1-7; 66:19.
Mais comum é a tendência de chamar a atenção dos grupos étnicos, de fora da Palestina, para o centro
principal que é o povo de Israel. As nações pagãs se sentem atraídas pelo Deus de Israel, viajando rumo
ao templo de Jerusalém para louvá-lo. Exemplos disso são 1 Rs 8:41-43; Is 2:2-4; Sl 100, etc. Embora
essa atitude ou movimento missioná-rio pareça passivo, o fato é que funcionou como um meio para
proclamar o nome do Senhor naquela época. Até hoje vemos resultados missionários desse movimento,
chamado centrípeto, ao observar conversões de pessoas que buscam cristãos para conhecer Jesus
Cristo de uma forma pessoal.
c) Novo testamento
Depois da vinda de Jesus, a consciência missionária mudou radicalmente. Ao contrário da tendência
centrípeta do Antigo Testamento, o Novo Testamento demonstra claramente a atitude ativa, ou seja,
centrífuga. Agora a igreja tem que sair para alcançar o resto do mundo. A teologia do Novo Testamento
é evidentemente missionária.
Não dá para limitar a mensagem missionária como sendo somente o grande mandamento, Mt 28:18-20,
e as palavras de Jesus sobre a seara, Mt 9:36-38. (Muitas vezes os pregadores nos deixam com essa
impressão. Todavia, a mensagem missionária é muito mais rica). Como já vimos, toda a estrutura do
Novo Testamento enfatiza a urgência da proclamação do nome do Senhor para que as pessoas possam
se converter e entrar no Reino de Deus. O conteúdo das Escrituras e a vida da Igreja Primitiva revelam
a visão universal e o esforço de ampliar aquela congregação que louvará a Deus para sempre.
O Novo Testamento também inclui o aspecto centrípeto ao falar, ou sobre estrangeiros que se
converteram na Palestina (Atos 2), ou sobre judeus que se tornaram cristãos no exterior, por exemplo o
apóstolo Paulo. Não houve um esforço específico do lado dos cristãos para despertar os corações dessas
pessoas e procurarem a Deus. Foram elas, mesmas, que andaram rumo àqueles que poderiam as
orientar sobre o Reino divino. Dessa forma as narrativas de Atos, sobre pessoas que se converteram no
exterior, funcionam como a preparação da grande obra missionária de que se fala em Atos 13 a 28.
Alguns deles receberam um chamado específico, sabendo antes de sair que iam ministrar o Reino de
Deus. Este é o caso de Abraão, de Moisés e de Paulo. Outros, por exemplo, José e Daniel, foram dirigidos
ao exterior contra sua vontade, tendo sido presos, enfrentado inimigos pessoais, ou ainda sofrido
opressão política.
As biografias bíblicas apresentam essas pessoas com sua força e suas fraquezas. O leitor, ao ler a
história deles, aprende com suas experiências, suas tentações, suas quedas e suas vitórias. Através
disso, aquelas pessoas se aproximaram do Senhor, passando por um crescimento pessoal ao serem
formados por Deus para assumirem o ministério que Ele lhes pediu para cumprir.
Quem não tinha expectativa alguma de se tornar um servo de Deus no exterior, em meio às tensão e
aos conflitos, era José. É fácil imaginar seu medo e suas angústias quando seus irmãos naturais o
deixaram na cisterna para depois ser vendido aos mercadores medianistas que o levaram para o Egito.
Através da sua paciência e da sua esperança na fidelidade de Deus, o Senhor o levou a ser o primeiro
ministro do rei. Mais tarde, ele conseguiu ajudar seus parentes que na época passavam fome. Depois
da morte do seu pai, ele testemunhou que Deus transformou em bem o que os irmãos tinham feito de
mal contra ele. Assim, José era um testemunho diante das autoridades de Egito e diante dos seus
parentes.
Quem não se impressiona com Daniel ao observar sua firmeza perante o rei babilônio ? Em vez de
comprometer sua fé em Deus, ao obedecer a ordem do rei de Babilônia, ele fez uma contra-proposta,
para demonstrar seu respeito pelas leis governamentais, sem rejeitar sua fé judaica. Assim, Daniel se
tornou o meio de Deus para levar o rei a crer nEle, Dn 4:37.
Quem foi rumo ao exterior, já chamado para servir ao Senhor, foi Abraão. A mudança dele foi radical,
porque saiu da sua terra sem saber para onde ir. A obediência ao chamado divino resultou no nascimento
e crescimento do povo judeu, sendo a preparação da primeira vinda de Jesus.
Assim, as pessoas modestas e humildes da Bíblia se tornaram grandes homens, porque deixaram Deus
transformá-los, para assim poderem levar o testemunho do Reino àqueles que viviam sem conhecimento
pessoal da existência do Senhor.
Por isso chamou os discípulos, dizendo "segui-me", e os mandou para o mundo da mesma forma que o
Pai o tinha enviado: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio", Jo 20:21. O apóstolo Paulo
falou da forma mais forte, talvez, sobre as condições para seguir o Senhor, ao se referir à encarnação
de Jesus Cristo, quando Ele deixou toda sua glória com Seu Pai no céu e entrou sem fama e pompa
externa neste mundo. Ler Fl 2:5-8. São palavras chaves para o serviço missionário, mas facilmente o
missionário confunde a primeira vinda de Jesus com a segunda, procurando a glória em vez da
humildade. Não vamos esquecer de aprender com a vida de Jesus para nos tornar servos úteis.
V - A mensagem missionária
Ao investigar os sermões evangelísticos, que os apóstolos fizeram, o leitor vai ver a amplitude da
mensagem dele. Eles pregaram toda a palavra de Deus, que naquela época era o Velho Testamento,
interpretada à luz dos eventos que se ligaram com a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A
mensagem incluiu um forte apelo de se converter do poder das trevas para entrar no Reino de Deus,
falando claramente sobre a existência das realidades do Reino de Deus e do reino do Satanás. Os
pregadores daquela época não deixaram de confrontar seus ouvintes com a conseqüência de rejeitarem
a salvação de Deus, isto é, a realidade da perdição eterna. Hoje, muitos cristãos têm medo de falar da
possibilidade das pessoas serem perdidas na segunda vinda de Jesus. Todavia, se quisermos ser fiéis
à palavra de Deus, temos que anunciar o fato de que a eternidade tem os dois ramos, a vida com Deus
e a perdição.
Vivendo na cultura judaica, os apóstolos levaram a sério, talvez mais do que hoje, o aspecto duplo do
ser de Deus que, ao mesmo tempo, é o Deus amoroso e o Deus santo. Por isso era importante para a
pregação e o ensino de Paulo enfatizar a necessidade de receber a justiça divina através da cruz de
Cristo.
A mensagem foi escrita num contexto judeu e grego, mas fala de uma forma relevante a qualquer cultura,
porque "o evangelho não é somente um fenômeno histórico.. Embora se relacione à cultura e sim vai
além da cultura. Ele faz e forma a cultura quando ao mesmo tempo está julgando. É tanto pró quanto
contra a cultura". (George W. Peters: A Biblical Theology of Missions. Chicago 1982, p. 316).
VI - Os passos práticos
a) Oração
A oração também era a coluna básica na vida da congregação de Antioquia. Todos os membros da igreja
se reuniam para fazer oração por seus missionários na hora de se despedirem dos irmãos. Durante a
ausência de Paulo e Barnabé, a igreja continuava a orar pelo ministério deles. Assim se manteve vivo o
chamado missionário da congregação. E ela, depois da volta dos dois do campo missionário, passou
muito tempo tendo comunhão pessoal com eles, Atos 14:26-28.
c) Estudantes estrangeiros
No caso de um estudante, a forma mais óbvia, e também mais fácil, de se envolver praticamente na obra
missionária, com relação ao exterior, e de obter conhecimento de culturas estrangeiras, é procurar
amizades com estudantes de países africanos e de outros países latino-americanos. Hoje em dia há
muitas mudanças internacionais. A estratégia missionária deve levar a sério que essas pessoas são
muito abertas para pensar de uma forma cristã, porque estão passando por uma época de frustrações e
de falta de vínculos íntimos com parentes e amigos. Por isso procuram relacionamentos humanos no
novo país.
A Bíblia fala muito sobre nossas obrigações de recebê-los e levá-los a Cristo. Para quem se interessar,
queria somente chamar atenção para 1 Rei 8:41-43 e Atos 2, 8, 9 . Todos esses textos apresentam o
desafio missionário de alcançar os estrangeiros com o evangelho (observe, que até o apóstolo Paulo se
converteu fora da sua terra).
A CONADEOM envolveu-se num projeto com estudantes estrangeiros ao oferecer bolsa de manutenção
a alguns estudantes cristãos da Guiné Bissau, que vieram estudar no Brasil. Um deles, Benjamin Lomba,
que chegou no Brasil em 1982, estudou administração na PUC de São Paulo. Recebeu também
treinamento teológico, visando um futuro ministério na sua terra, inclusive entre estudantes. Já
d) Doações
Ao estudar a história da igreja primitiva e das novas congregações do campo missionário daquela época,
temos impressão de que elas viviam uma das pelas outras e por missões, dando-se inteiramente à obra
do Reino, até mesmo os seus bens pessoais. Tudo que tinham, eram pela benção do Senhor. Por isso
consideravam suas propriedades, que eram poucas porque eram igrejas pobres, como sendo
emprestadas por Deus para serem administradas conforme a vontade dEle e conforme as necessidades
do Reino dentro e fora do seu país. O encorajamento de Paulo às igrejas daquela época para
contribuírem com seu dinheiro à obra missionária, que assim poderia alcançar mais cidades e países
com o evangelho, fazia parte do ensino básico do apóstolo. Ler por exemplo 2 Co 8:1-5.
Não importa o tamanho da nossa doação, e sim, procurar a vontade de Deus a respeito da nossa renda,
isto é, sustentar regularmente e fielmente a obra dEle com nosso dinheiro. Quem aprender a doar do seu
pequeno salário, sendo estudante por exemplo, também consegue oferecer da sua maior renda como
profissional. Quem não aprender na época estudantil quase nunca vai começar a separar o dízimo para
possibilitar a extensão do Reino e Deus.
VII - Conclusão
Quem descobriu a visão universal da Bíblia e o desejo de Deus de encaixá-la na nossa vida devocional
e profissional, mostra espontaneamente a atitude missionária do dia- a-dia. Ele não precisa ser lembrado
do desafio universal através de certos eventos missionários, porque sua vida já reflete:
- aquela mente pela qual Cristo pensa;
- aquele coração pelo qual Cristo ama;
- aquela voz pela qual Cristo fala;
- aquela mão pela qual Cristo ajuda;
(George W. Peters)