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PROFISSÃO DOCENTE: O QUE É SER PROFESSOR?

Thamiris Christine Mendes1 - UEPG


Ana Lúcia Pereira Baccon2 - UEPG

Grupo de Trabalho - Formação de professores e profissionalização docente


Agência Financiadora: CAPES

Resumo

Ser profissional do ensino, na sociedade contemporânea, não é tarefa fácil visto que existem
muitos fatores que influenciam no exercício profissional docente, desde sua formação até
constituição profissional. O texto revela algumas discussões realizadas a partir da primeira
etapa de uma investigação de mestrado, tal etapa teve como intenção identificar o que é ser
professor e as concepções que os sujeitos pesquisados possuem sobre a profissão docente no
intuito de colaborar para o objetivo geral da dissertação que consistiu em: desvelar o ser e o
manter-se professor. A pesquisa é de abordagem qualitativa e contou com a participação de
professores da rede estadual de ensino do Paraná, os quais fazem parte do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) de formação continuada docente. Para a dissertação, os
dados foram coletados em duas fases, a primeira composta por questionário (N=160) e a
segunda por entrevistas semiestruturadas (N=6), entretanto, este artigo aborda os resultados
originados apenas com o questionário representando a primeira fase da pesquisa mencionada.
Como apoio para a análise das informações da pesquisa foram utilizados os softwares EVOC
e SIMI e a metodologia da análise textual discursiva. Como resultados, foram encontradas
três evocações (comprometimento, dedicação e formação) e três categorias representativas do
ser professor para os docentes da pesquisa: I - Professor: profissional da transformação, II -
Professor: profissional do conhecimento e III - Professor: profissional da incerteza.

Palavras-chave: Ser professor. Manter-se professor. Formação de professores.

Introdução e aproximações teóricas

Para Ens e Donato (2011), a denominada “sociedade do conhecimento”, na qual nos


encontramos imersos, traz algumas implicações para o “ser professor” visto que há uma
complexidade na profissão que vivencia estado de constante tensão por conta dos desafios a
ela inerentes. Nesta circunstância, ser docente é formar o aluno no intuito de prepará-lo para

1
Mestre em Educação e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). E-mail:
[email protected]
2
Doutora em Ensino de Ciências e Educação Matemática (UEL). Professora do Departamento de Matemática e
Estatística e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPG. E-mail: [email protected]

ISSN 2176-1396
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viver na sociedade das mudanças e incertezas, e para ser capaz de enfrentar desafios. Além
disso, ao professor é almejado que ele contribua para uma melhora qualitativa da sociedade, o
que só se faz quando há o “compromisso político-social na docência” para a formação cidadã
dos sujeitos.
Roldão (2007, p.94) aborda que a função docente se caracteriza pela ação de ensinar
sendo que o conceito de ensinar não é definido de modo simples e fácil, pois há diferença
entre “professar um saber” e fazer os outros aprenderem alguma coisa.
De acordo com Marcelo (2009), a profissão docente é uma “profissão do
conhecimento”, sendo que são o conhecimento e o saber que legitimam tal profissão. O
trabalho docente é baseado no “compromisso em transformar esse conhecimento em
aprendizagens relevantes para os alunos” (p.8). Nessa perspectiva, o professor é um
profissional que trabalha com o conhecimento, e, para tanto, necessita ter compromisso com a
aprendizagem discente.
Para Marcelo (2009), nos dias de hoje, ser professor se configura em compreender que
tanto os alunos como o conhecimento transformam-se muito rapidamente, mais do que o que
estávamos habituados, e para continuar respondendo adequadamente ao direito discente de
aprender é preciso que os professores se esforcem também para continuar aprendendo. Dito
de outro modo, não é só a tarefa de ensinar aos alunos, de fazê-los aprender, mas também é
necessário o esforço do professor para continuar aprendendo para poder ensinar.
Ao abordar a intencionalidade do ensino como especificidade da docência, Tozetto
(2010, p.13) enfatiza que o professor necessita desenvolver competências de um intelectual
crítico, pois é indispensável “uma ação docente que contemple o ato de educar em sua
amplitude e complexidade. O profissional crítico faz escolhas subsidiado no conhecimento
científico, constrói seu conhecimento considerando a diversidade social, cultural, econômica,
humana”. Logo, o ato de ensinar é complexo e constituir-se um profissional docente crítico
requer uma formação voltada para tal.
Em Marcelo (2009) há um diferencial entre ser professor e ser professor e ensinar com
eficiência ao longo de sua carreira. Assim, conclui-se que para ser professor não é suficiente
que se tenha o conhecimento, mas é preciso saber ensinar. Este saber ensinar, em nossa
compreensão, só se atinge com um processo permanente de formação de professores
(IMBERNÓN, 2011), o que colabora para o processo de desenvolvimento profissional
docente.
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Com isso, tem-se a ideia de que ser um profissional do ensino não é simples, pois é
necessário considerar a intencionalidade da atividade docente, mas também não podemos
esquecer que ser professor é se relacionar, é estar imerso nas relações interpessoais, e se fazer
delas para efetivar sua função.
No estudo de Carvalho (1999) a docência se define como atividade extremamente
relacional, a autora verificou que o forte envolvimento afetivo dos professores com seus
alunos e a sua preocupação com a aprendizagem dos mesmos é fator de desgaste, mas
também é fator de realização, prazer e gratificação; além de serem sentimentos que colaboram
para a permanência dos professores na profissão constituindo em partes o seu significado
existencial.
No mesmo sentido, Marinho-Araújo e Almeida (2008) concluíram que a profissão
docente caracteriza a dualidade entre saber e afeto, pois o professor está sempre envolvido
com pessoas, vivenciando relações interpessoais complexas e, ao mesmo tempo, possui um
acesso ao saber que tem função estruturante na constituição do sujeito, mas que também não
garante a segurança do seu “todo profissional”. Isto porque ter domínio de conteúdos não é o
suficiente para que o professor possa realizar sua função.
Para Baccon (2011) a docência não é uma atividade que gera produtos imediatos e
materiais. Trata-se de um trabalho que demanda investimento energético afetivo por parte do
professor que, ao ensinar, deixa marcas no aluno e modifica a si mesmo. Desse modo,
refletimos que a profissão docente não pode ser analisada como mecânica e sem sentido,
porque nela estão envolvidos sentimentos, relações, saberes de diferentes ordens, o individual
e ao mesmo tempo o coletivo.
Ens e Donato (2011, p.83) definem que a “atividade de ensinar realiza-se a partir de
conhecimentos específicos e necessários [...] os quais são adquiridos, construídos na formação
inicial e na formação que acontece durante toda a vida profissional”. Portanto, para ensinar é
necessário que se tenha formação específica que considere o processo de ensino e
aprendizagem.
A docência considerada como profissão é sustentada pelo processo de
profissionalização, o qual atinge uma dimensão social e não apenas individual (IMBERNÓN,
2011) e que, a nosso ver, deve ser intrínseca à formação do professor.
Imbernón (2011) conceitua a formação de docentes como um processo que necessita
objetivar o desenvolvimento da capacidade de reflexão em grupo, não somente como
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treinamento para atuação técnica, mas visando à formação para se aprender a conviver com
mudanças e incertezas da sociedade contemporânea.
A noção de formação docente se relaciona intimamente com o conceito de
aprendizagem permanente, considerando sempre os saberes docentes como resultantes de um
processo de formação dentro e fora da escola, ou seja, profissional e pessoal (NÓVOA, 1995;
IMBERNÓN, 2011). Sobre isso, segundo Marcelo (2009), o maior desafio da formação de
docentes consiste em fazer com que o professor continue aprendendo ao longo de sua carreira,
fazendo-o compreender que é preciso engajar na formação.
Uma formação sólida necessita “dotar o professor de instrumentos intelectuais que
sejam úteis ao conhecimento e à interpretação das situações complexas em que se situa” e
também deveria envolver os docentes em atividades de formação comunitária a fim de
conferir à educação escolar dimensão entre a realidade social em que estão inseridos os alunos
e o saber intelectual, mantendo uma estreita relação entre realidade e saber (IMBERNÓN,
2011, p.42).
Nessa perspectiva, formar docentes não é “atualizar” os conteúdos da disciplina que
leciona ou os métodos de ensino, mas está além disso, e é preciso, antes de tudo, que o
professor se envolva com a sua formação compreendendo que é necessário manter uma
relação mútua entre as experiências anteriores e as experiências do processo formativo.
Concordamos com Nóvoa (1995, p.25), quando explica que “estar em formação
implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos
próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade
profissional”. Segundo o autor, a formação se constrói por meio de uma reflexividade crítica
sobre as práticas e de construção permanente da identidade pessoal. Assim, estar em formação
implica um envolvimento da pessoa do professor, requer o desejo de formar-se.
É na formação que o docente consolida conhecimentos sobre a prática pedagógica e,
de acordo com Tozetto (2010), a prática pedagógica é aprendida por meio da inseparável
relação entre teoria e prática e não apenas com a teoria. Então, entendemos que o docente se
constitui a partir do momento em que se vivencia a relação dialética do processo de ensino e
de aprendizagem, entre a concretude da sala de aula e os estudos acadêmicos na universidade.
A formação do professor se baseia nas práticas educativas, intervenções e situações
oriundas do processo de ensino e aprendizagem concretizado em sala de aula (IMBERNÓN,
2011). Por esse motivo que é extremamente importante investir na pessoa do professor e
considerar as suas experiências e práticas. Para Nóvoa (1995, p.27), “As práticas de formação
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que tomem como referência as dimensões colectivas contribuem para a emancipação


profissional e para a consolidação de uma profissão que é autónoma na produção dos seus
saberes e dos seus valores”.
Para Imbernón (2011), o conhecimento profissional se consolida no decorrer da prática
e se apoia na análise, na reflexão e na intervenção em situações concretas de ensino e
aprendizagem. Então, o professor, em desenvolvimento profissional, passa por fases, cada
uma com suas características próprias, e que exigem dos professores uma conscientização da
necessidade de formação permanente para não caírem na rotina e perderem a
profissionalidade da docência.
Destacamos que o desenvolvimento profissional não se restringe à formação, contudo,
consideramos esta como uma das dimensões relevantes daquele, sendo que é preciso incluir
também a prática docente como fator importante. Abordar a formação como constituinte do
desenvolvimento profissional é assumir a especificidade da profissão docente e a necessidade
de um espaço próprio para a sua realização (IMBERNÓN, 2011).
Em Nóvoa (1995) o desenvolvimento profissional deve abranger três dimensões
inseparáveis: pessoal, profissional e organizacional.
A formação do professor deve abranger uma dimensão pessoal, a qual necessita
estimular reflexão crítica e autonomia nos docentes, além de encontrar espaços de interação
entre o pessoal e profissional para que os professores possam dar significado e sentido às suas
vivências. É com a construção do saber e do conhecimento na formação que se constitui a
identidade docente (NÓVOA, 1995).
Sobre o desenvolvimento profissional, a formação a incentiva a partir do momento em
que se investe na autonomia contextualizada da profissão. Assim, cabe à formação de
profissionais reflexivos e responsáveis pelo seu desenvolvimento profissional e que
participem na implementação das políticas educativas, ou seja, compreende-se aqui o
professor como autor e produtor da sua profissão (NÓVOA, 1995).
A respeito da dimensão organizacional do desenvolvimento profissional Nóvoa (1995)
esclarece que pensar em formação de professores é também abordar a questão do
investimento educativo dos projetos da escola, o que cabe considerar que formação e trabalho
devem caminhar juntos, não sendo distintos. O desenvolvimento profissional e pessoal do
professor está diretamente relacionado com o desenvolvimento da instituição escolar.
Consideramos que ao estar engajado em um processo de formação de professores, os
docentes têm a possibilidade de desenvolver-se profissionalmente na medida em que também
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constroem sua identidade. Então, caso desejemos facilitar o desenvolvimento profissional dos
docentes, como esclarece Marcelo (2009), devemos conhecer como os professores crescem
profissionalmente e as condições que promovem o crescimento. Além de que, vale ressaltar
que esse desenvolvimento está intimamente relacionado à qualidade da aprendizagem
discente.
Diante do exposto, este artigo apresenta a primeira parte dos resultados de uma
dissertação de mestrado em que os esforços foram concentrados em identificar as concepções
da profissão docente que os participantes da investigação possuem corroborando assim para a
compreensão do que é ser professor e das motivações que contribuem para a sua permanência
na profissão.

Metodologia e análise dos dados

Para a pesquisa aplicamos questionário aos professores da rede estadual de ensino,


participantes do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional-PR), alcançando um total
de 160 sujeitos. O instrumento abordava questões de caracterização do grupo de professores,
identificação das expressões ou palavras que melhor definissem a profissão docente e à
concepção do ser professor.
Fundamentamo-nos na hipótese de que os professores do PDE possuem uma
importante bagagem de experiência profissional, por conta do tempo de magistério, o que
consideramos como fator que colabora para a compreensão do que é ser professor. Assim, não
constituiu intenção da pesquisa atribuir julgamento avaliativo para cada docente participante
do estudo.
Na Tabela 1 demonstramos algumas características dos docentes da pesquisa.
Tabela 1 – Características dos participantes da pesquisa
Variável Subcategorias Nº de sujeitos %
Masculino 35 21,87
GÊNERO
Feminino 125 78,12
Não respondeu 17 10,62
De 1950 a 1959 12 7,5
ANO DE NASCIMENTO De 1960 a 1969 60 37,5
De 1970 a 1979 69 43,12
De 1980 a 1989 2 1,25
Não respondeu 4 2,5
TEMPO DE
De 9 a 21 anos 108 67,5
MAGISTÉRIO
De 22 a 33 anos 48 30
Totais 160 100, 0
Fonte: As autoras.
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Como procedimentos para análise do material empírico da pesquisa apoiamo-nos em


softwares como EVOC e SIMI3 em conjunto com a metodologia de análise textual discursiva
(ATD) (MORAES; GALIAZZI, 2011).
Em síntese, o EVOC possibilita cálculo das palavras mais prontamente lembrada pelos
sujeitos, combinando frequência e ordem média de evocação (KOGA, 2012). Este processo
aconteceu a partir da técnica de associação livre de palavras descrito por Sá (1996), a qual
consistiu em solicitar que os pesquisados elencassem seis palavras ou expressões que melhor
definissem a profissão docente e que, depois de escrevê-las, deveriam enumerá-las conforme
o grau de importância atribuído às mesmas e justificar a expressão destacada em primeiro
lugar.
Já o software SIMI utiliza-se das informações processadas no EVOC para realizar a
análise de similitude das evocações, podendo ser entendida como semelhança, permitindo a
organização das mesmas em um gráfico denominado como árvore máxima de similitude que
evidencia a relação de existência de coocorrência das palavras por meio de linhas que
demonstram sua força: pontilhadas (mais fracas), simples, dupla e tripla (mais fortes) (SÁ,
1996).
Em complementação aos mencionados softwares, embasamos as análises na
metodologia de análise textual discursiva (ATD) de Moraes e Galiazzi (2011) que permite
atribuição de sentido e significado ao conjunto de textos por meio de etapas como a
unitarização, categorização e captação do novo emergente.
Neste momento, dedicamo-nos à apresentação das análises e resultados obtidos com o
estudo. Inicialmente têm-se as análises das evocações mais prontamente elencadas pelos
docentes pesquisados e depois as inferidas categorias representativas do ser professor.

As evocações

A Tabela 2 revela uma lista com as palavras que foram evocadas pelos professores e a
frequência atingida. Nosso foco de análise está nas três palavras de maior frequência, são elas:
comprometimento (f=90), dedicação (f=76) e formação (f=51); e também nas justificativas
escritas por eles para a palavra que escolheram atribuir o primeiro lugar.

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Os programas EVOC e SIMI são muito utilizados no âmbito das pesquisas que tem como referencial teórico-
metodológico a Teoria das Representações Sociais, entretanto, utilizamos os programas sem fazer o uso do
referencial mencionado.
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Tabela 2 – Palavras evocadas sobre a profissão docente


Palavra evocada Frequência
Comprometimento 90
Dedicação 76
Formação 51
Fonte: As autoras.

Complementando a tabela das evocações (Tabela 2) também foi elaborada, por meio
do software SIMI, a árvore máxima de similitude (Figura 1) que nos proporciona a
compreensão de como se dá a organização das palavras que constituem a concepção dos
docentes sobre a sua profissão considerando-se as coocorrências entre elas.
Figura 1 – Árvore máxima de similitude das evocações sobre a profissão docente

Fonte: As autoras.

As linhas de mais forte expressão representam as palavras que foram evocadas


concomitantemente, já as linhas traçadas correspondem às palavras com menor poder
associativo, mas que são importantes para compreendermos as concepções dos professores
sobre a temática de interesse da investigação.
Notamos com isso que os docentes participantes da pesquisa que destacaram a palavra
comprometimento também evocaram mais prontamente as palavras dedicação e formação.
Observa-se na árvore a presença de um triângulo composto pelas palavras mais prontamente
evocadas, o qual se encontra ilustrado pelos traços mais fortes que compõem seus vértices.
Este triângulo possui em seus vértices alguns números, os quais expressam que: 52
professores evocaram as expressões dedicação e comprometimento concomitantemente; 24
dedicação e formação e 27 sujeitos evocaram as palavras formação e comprometimento ao
mesmo tempo.
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De modo geral, observando a Tabela 2 e a Figura 1 juntamente com as justificativas


dos pesquisados para a palavra que elencaram como primeiro lugar notamos que a concepção
dos professores do PDE a respeito da profissão docente está relacionada ao comprometimento
com a docência, à exigência de dedicação aos alunos e ao trabalho e a necessidade de
formação.
Atrelada à evocação comprometimento os docentes justificaram que:

É uma profissão onde formamos seres humanos, somos formadores de opinião, daí
a nossa responsabilidade. (P20)

O professor precisa assumir o compromisso que tem frente à educação, entendendo


que é a partir de seu trabalho com os alunos e de seus princípios e ideias que se
definirão os rumos da nação. (P22)

Os professores demonstraram a compreensão de que existe um compromisso político-


social na docência (ENS; DONATO, 2011), que implica na consideração de que ser professor
transcende o ensinar conteúdos socialmente partilhados e estabelecidos, que é a
intencionalidade da profissão, mas por trás do exercício profissional docente há a formação de
sujeitos cidadãos que tenham capacidade crítica e busquem transformação.
Assim, há algo a mais no ser professor, e isso requer, impreterivelmente, na concepção
dos professores pesquisados, que o docente se comprometa com o aluno, o processo de ensino
e aprendizagem, com a sua própria profissão e com a Educação, como um todo.
Compreendemos, a partir das falas dos professores, que o compromisso ao qual fazem
referência está intimamente relacionado à importância da escola como instituição e espaço de
democratização da sociedade (IMBERNÓN, 2011). Além disso, para Marcelo (2009) é
preciso que haja compromisso do professor para a aprendizagem do aluno, para que haja
renovação constante e até mesmo para o desenvolvimento profissional docente.
Averiguamos que os professores pesquisados referem-se ao comprometimento docente
como condição de qualidade em Educação, ou seja, há a ideia de que aquele que se
compromete é um bom professor. Desse modo, o compromisso é compreendido como
essência da profissão docente.
A palavra que atingiu o segundo lugar de maior frequência de evocação foi dedicação.
Após o compromisso, ou juntamente com ele, a profissão docente demanda de dedicação,
como observamos nas seguintes respostas:

Dedicação é fundamental para o preparo das aulas diante as tantas dificuldades


enfrentadas no cotidiano. (P19)
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Devido às dificuldades que enfrentamos atualmente no nosso dia a dia eu creio que
a dedicação à nossa profissão faz grande diferença. (P67)

Ainda a dedicação, conforme colocaram os professores pesquisados, relaciona-se com


a superação das dificuldades que o docente se depara no contexto educacional; assim, com
dedicação, é possível ultrapassar tais obstáculos. Aqui também se observa níveis de
dedicação: com a profissão, com o processo de ensino e aprendizagem e com a Educação de
modo geral.
Observamos o fato de que 78,12% dos professores participantes do estudo são
mulheres e o significante dedicação pode ter aparecido em frequência expressivamente
considerável por conta disso. Como explicou Fontana (2010), as questões de gênero são
importantes para o entendimento das representações do ser professor e também para a
compreensão da própria constituição docente. Para a autora referida a dedicação na docência é
relacionada ao amor e é intrínseca às representações que se tem da profissão docente,
principalmente está associada à imagem da profissão docente como profissão feminina. Além
disso, a dedicação é oriunda da imbricação dos papéis sociais de mulher-mãe-professora,
resultado da feminização da docência e ligada ao amor de mãe.
Concluímos que a dedicação assume lugar importante para a profissão docente, como
destacaram os sujeitos do estudo. Se pensarmos as discussões em torno do mal-estar na
docência (STOBÄUS; MOSQUERA, 1996) podemos inferir que a dedicação tem um
importante papel para a superação das dificuldades encontradas no exercício profissional, é
como um devotamento, uma entrega do sujeito à profissão e um sacrifício que o professor faz.
A palavra que permaneceu em terceiro lugar na frequência de evocações foi formação.
Observamos que os docentes pesquisados compreendem a importância que o processo de
formação possui para o ser professor. Mas, qual é o sentido que a formação assume para estes
professores? O que é formação de professores em sua concepção?
Para os professores pesquisados a evocação formação foi justificada como uma das
que melhor define a profissão docente porque:

O professor está em constante construção do conhecimento. Ele não pode parar.


Precisa se atualizar e ser um eterno buscador de novos conhecimentos que
complementam o que já se sabe. (P76)

O conhecimento é fundamental para o docente. Somente com o domínio do conteúdo


é possível desenvolver um bom trabalho em sala de aula [...]. (P73)
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Nesse sentido, constatamos que os docentes concebem a profissão do professor como


uma profissão do conhecimento (MARCELO, 2009; IMBERNÓN, 2011). Porém, ficou
evidente que para eles, a formação do profissional do conhecimento acontece por meio da
atualização dos conteúdos disciplinares que leciona. No entanto, para os estudiosos da
formação de professores, formar docentes não é apenas atualizar os conteúdos e
conhecimentos da disciplina e transmiti-los aos alunos.
Para Marcelo (2009), há um diferencial entre apenas ser professor e ser professor e
ensinar com eficiência. Para ser professor não é o suficiente que se tenha o conhecimento,
mas é preciso saber ensinar e este saber ensinar, em nossa compreensão, só se atinge com um
processo permanente de formação de professores (IMBERNÓN, 2011), percorrendo também
o processo de desenvolvimento profissional docente.
De fato, o professor precisa ter domínio de conteúdo, já que é um profissional que
trabalha com o conhecimento e ensina aos alunos. Entretanto, a formação de professores
defendida neste estudo assume-se como um processo que precisa ter como objetivo também o
desenvolvimento da capacidade de reflexão em grupo e deve ensinar ao docente como
conviver com as mudanças e as incertezas da sociedade contemporânea.
Atentamos para o fato de os sujeitos da pesquisa enfatizarem o comprometimento e a
dedicação em detrimento da formação, o que pode significar que os pesquisados consideram
que para ser professor é preciso haver um compromisso e dedicação antes mesmo da
formação.
A partir da análise das palavras evocadas pelos professores do PDE para definir a
profissão docente, inferimos que, para estes professores, o ser professor se apoia em três
ações: o comprometer-se, o dedicar-se e o formar-se. Ainda consideramos que estas ações são
as que sustentam o docente na profissão e os fazem permanecer nela.

As categorias representativas do ser professor

Uma das questões abordadas no questionário era de caráter discursivo e demandava


que os docentes respondessem: “O que é ser professor para você?”. Inferimos três categorias a
partir das 1584 respostas dos sujeitos a serem apresentadas na sequência.

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Categorias: I - “Professor: profissional da transformação” (45,56%), II - “Professor: profissional do
conhecimento” (25,94%) e III - “Professor: profissional da incerteza” (21,51%). Não foi possível enquadrar em
alguma das categorias mencionadas os 6,96% restantes das respostas.
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Na categoria I “Professor: profissional da transformação” (45,56%) se enquadram as


respostas dos docentes que têm como significantes: transformar, conscientizar, mudar e
formar. Os professores que compõem esta categoria expressam que ser professor está
associado a uma profissão que tem o potencial de gerar mudanças e transformações no que se
refere aos alunos e à sociedade. Observemos as seguintes respostas:

[...] através do conhecimento, conseguir transformar a sociedade. (P7)

Ser professor é ser capaz de levar o aluno a aprender os conhecimentos científicos,


filosóficos de forma significativa provocando uma transformação social positiva.
(P44)

Assim, para os pesquisados, o profissional docente é responsável por, através dos


conhecimentos científicos da sua disciplina, formar o cidadão crítico e transformar a
sociedade. Esta concepção dos docentes revela a dimensão político-social da docência (ENS;
DONATO, 2011) em que o docente, como profissional da Educação, colabora para mudanças
qualitativas da sociedade. Do mesmo modo, Imbernón (2011) ressalta que a profissão docente
tem uma obrigação intrínseca, que seria auxiliar os sujeitos a serem mais livres e menos
dependentes do poder econômico, político e social.
A figura do professor é concebida aqui também como mediador do conhecimento
científico, o qual é considerado pelos docentes como instrumento de formação crítica e
conscientização dos alunos em busca de um futuro melhor para si. A mediação à qual nos
referimos é no sentido de que o professor precisa transformar o conteúdo de tal modo que os
alunos possam se apropriar dele como importante e útil para as suas vivências. O aluno deve
construir um saber sobre aquilo que foi ensinado.
Notamos que esta categoria corrobora para a confirmação da evocação
comprometimento como de maior frequência para definir a profissão docente na concepção
dos participantes da investigação.
Para Tozetto (2010), a ação do professor necessita contemplar a educação em sua
complexidade e amplitude, para isso, há que se considerar e formar o professor como
profissional crítico, o qual ampara suas escolhas e decisões no conhecimento científico. A
autora enfatiza que a escola é instituição responsável pela atitude passível ou crítica das
pessoas na sociedade. Percebemos, desse modo, que os professores da pesquisa têm noção da
dimensão que seu trabalho pode atingir, que é uma profissão que transcende o processo de
ensino e aprendizagem, podendo ser elemento mediador de uma formação crítica dos sujeitos.
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Averiguamos com esta categoria que os docentes do PDE atribuem muita expectativa
e responsabilidade no professor quando ressaltam que a profissão docente é responsável pela
transformação da sociedade, revelando a compreensão da complexidade que envolve o ser
professor e seu papel nas instituições educativas. Inferimos com isso que estes professores se
envolvem no projeto maior de Educação, destacando assim um desejo de mudança e
depositando-se expectativas altas no papel dos professores.
Observamos que os próprios docentes apresentam um olhar ideal de sua profissão, o
que é imprescindível considerar quando se pensa o ser professor a partir das concepções
apresentadas por eles mesmos, visto que ser docente envolve condições profissionais e
relações de trabalho, assumindo características não generalizáveis e contextuais (FONTANA,
2010).
Ainda inferimos com essa categoria que ser professor está além de uma atividade
profissional, tem um significado existencial, que faz parte da constituição do sujeito e que nos
permitiu interpretar a possibilidade de transformação social como fator que mantém estes
docentes na profissão.
A categoria II “Professor: profissional do conhecimento” destaca que ser professor é
estar envolvido com o processo de ensino e aprendizagem, é trabalhar com o conhecimento
colaborando para a sua construção e é também aprender quando se ensina, é formar-se
enquanto professor. Observamos isso nas seguintes explicações para o que é ser professor:

É alguém que se propõe a ensinar e que também amplia os seus conhecimentos nas
relações que estabelece com seus alunos. (P46)

É trabalhar os conhecimentos científicos historicamente acumulados pela


humanidade. (P93).

O professor é concebido como sujeito construtor do conhecimento e transmissor do


mesmo. Em consonância com eles, para Marcelo (2009) o docente é um profissional do
conhecimento que tem o compromisso de transformar esse conhecimento em aprendizagens
relevantes aos seus alunos. Desse modo, não basta saber e conhecer, para ser professor é
preciso saber ensinar, e mais, é fazer com que o discente aprenda de fato (ROLDÃO, 2007).
Ser professor, além de trabalhar com o conhecimento e ensinar o que sabe, é também
aprender, conforme definiram os professores P65 e P96. Essa perspectiva vai ao encontro de
Baccon (2011) ao explicar que, ao ensinar, o docente provoca mudanças no aluno que aprende
e também transforma a si mesmo. Fontana (2010) destaca que uma das dimensões do tornar-
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se professor está no aprendizado com o outro, o professor constitui-se docente aprendendo


com outras pessoas.
Podemos interpretar que esta categoria encontra-se relacionada com a evocação
formação, pois ser professor é formar-se para tal, é estudar, é também no processo formativo
que os professores aprendem. Isso implica compreender que ser professor também requer
aprender e um dos maiores desafios da formação de professores é fazer com que os docentes
aprendam ao longo de toda a sua carreira (MARCELO, 2009).
Compreendemos e concordamos que os professores precisam de conhecimento
pedagógico e também de conhecimentos a respeito de técnicas de ensino e metodologia.
Marinho-Araújo e Almeida (2008) enfatizaram que o domínio de conteúdo não garante o todo
profissional docente, pois o professor trabalha com pessoas e sentimentos, vivendo em uma
dualidade entre o saber e o afeto. Por isso, ser professor vai além do domínio de conteúdo, ser
professor é perceber-se envolvido em relações interpessoais e saber utilizar-se delas para
ensinar.
Como confirmou Carvalho (1999), o professor vivencia intensas experiências que
envolvem interações com outras pessoas no contexto escolar, há com isso um vigoroso
envolvimento afetivo dos docentes com seus alunos e uma preocupação docente constante
com a aprendizagem discente. Estes são elementos que não podem ficar de fora ao pensarmos
o processo formativo do professor que também faz parte do desenvolvimento profissional
docente. Para Nóvoa (1995), o docente precisa ser reflexivo e responsável pelo seu
desenvolvimento profissional.
De modo sucinto, ser professor nesta categoria é estar envolvido com a construção de
conhecimentos tanto dos alunos quanto de si mesmos, é também buscar constantemente
conhecimentos, formação, e atuar como mediador entre discentes e conhecimento.
Já a categoria III “Professor: profissional da incerteza” com 21,51% engloba respostas
como:

Estar pronto para enfrentar as várias situações cotidianas, pois trabalhamos com
pessoas de várias idades diferentes, classes sociais e econômicas. (P34)

É dedicar-se na busca de um mundo melhor, é superar todas as dificuldades


existentes na profissão, é esforçar-se de maneira sobre-humana, é ter força pra
seguir a jornada. (P70)

A categoria revela a concepção de que ser professor, para estes participantes da


investigação, envolve um trabalho com o imprevisível, o inesperado, é um desafio e exige
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dedicação para isso. A caracterização da profissão docente como destacaram os professores


pesquisados revela os efeitos da sociedade contemporânea sobre seu trabalho, o qual é
demarcado por um estado de tensão (ENS; DONATO, 2011) oriundo das demandas
provocadas na função das instituições educativas e consequentemente na função dos docentes.
O professor necessita estar preparado para exercer sua principal função, a de ensinar,
considerando que seu trabalho envolve seres humanos, os quais apresentam ações e reações
diferentes. É um trabalho ainda que se encontra permeado por teorias e práticas (ENS;
DONATO, 2011). E, conforme coloca Imbernón (2011), cabe ao docente ter participação
ativa e crítica nos processos de inovação e mudança sendo flexível e dinâmico.
Sobre os desafios que os docentes enfrentam diariamente, Nóvoa (1995, p.27)
observou que:

Os problemas da prática profissional docente não são meramente instrumentais;


todos eles comportam situações problemáticas que obrigam decisões num terreno de
grande complexidade, incerteza, singularidade e de conflito de valores (SCHÖN,
1990). As situações que os professores são obrigados a enfrentar (e a resolver)
apresentam características únicas, exigindo, portanto, respostas únicas: o
profissional competente possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo.

À vista disso, os processos de formação de professores não pode ignorar a realidade


das problemáticas que os professores se defrontam e precisam resolver cotidianamente. A
partir dessa perspectiva Imbernón (2011) coloca que a formação admite função que ultrapassa
a atualização didática, pedagógica e científica, transformando-se em alternativa de criação de
“espaços de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem
para poder conviver com a mudança e com a incerteza” (p.19).
Os docentes da pesquisa entendem as consequências da contemporaneidade e da
sociedade do conhecimento para o seu exercício profissional, ser professor é estar imerso em
relações interpessoais, é conviver com pessoas, é estar sujeito às transformações sociais.
Na concepção dos professores desta categoria, ser professor é também exercer vários
papéis sociais. Isso, em nossa consideração, provoca uma ambivalência de sentimentos:

É uma mescla de sentimentos: alegria por contribuir com o crescimento pessoal e


intelectual dos adolescentes, ânsia em ajudar na transformação da vida deles e da
sociedade, de forma indireta, mas também preocupação, estresse, cansaço. (P51)

Hoje é muito amplo ser professor, temos muitas funções na escola, como psicólogo,
médico, mãe, pai etc. (P56)
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As respostas exemplificadas acima são de professoras mulheres, talvez essa descrição


do ser professor como acúmulo de papéis sociais e de ambivalência sentimental possa se
relacionar com a constatação de Fontana (2010) em sua pesquisa explicando que a “Atividade
profissional não apaga os papéis de esposa, de dona de casa, mãe, filha. Acrescenta-se a eles,
mas rompe com a relação de continuidade e harmonia existente entre eles” (p.88) e ainda “A
mulher-esposa, a mulher-filha e a mulher-professora constituíram-se simultânea e
reciprocamente” (p.90).
Como resultado da imbricação pessoal-profissional tem-se ainda o cansaço, o desgaste
e o esgotamento no trabalho (CARVALHO, 1999). Assim, compreendemos que a sensação
do não saber o que fazer e o medo do desconhecido dos professores contribuem
significativamente para o mal-estar na docência (STOBÄUS; MOSQUERA, 1996). Segundo
Nóvoa (1995, p.26), “uma das fontes mais importantes de stress é o sentimento de que não se
dominam as situações e os contextos de intervenção profissional”.
Consideramos que a evocação dedicação encontra-se muito relacionada a esta
categoria, pois os professores destacam que perante aos desafios que precisam enfrentar na
docência é necessário haver muita dedicação e amor no que se faz. Como explicou Fontana
(2010), a dedicação é relacionada com o amor e parece ser intrínseca à profissão do professor.
Analisando as três categorias encontradas, observamos que ser professor é mais do que
uma profissão, mais do que uma renda e assume um significado especial para cada sujeito.
Em outras palavras, ser um profissional docente transcende a profissão como fonte de renda
para o sustento de uma família, ou para sua própria subsistência, mas envolve-se com o desejo
do sujeito, desejo este que pode estar relacionado à formação política e social dos educandos,
à satisfação em fazer parte desta formação. Ou ainda pode ser o desejo de ser um sujeito
envolvido com o conhecimento, “aquele que sabe”, e também pode ser a satisfação, o prazer
em ter que lidar com o inesperado, com os desafios do dia a dia.

Considerações Finais

Os resultados da pesquisa apontam que, segundo os docentes investigados, ser


professor se apoia em três ações: o comprometer-se, o dedicar-se e o formar-se. Isso
demonstrou que há a compreensão da importância do compromisso político-social na
docência, da representação da profissão como feminina por conta da dedicação no sentido de
amor e também da formação como estudo e domínio de conteúdos a serem transmitidos,
entretanto, o processo de formação é muito mais complexo do que apenas saber conteúdos.
39802

Observamos ainda que as concepções dos docentes para o que é ser professor
permitiram a constatação de que ser professor é mais do que uma profissão para estes
docentes, assumindo significado especial para cada um. Envolve também a ideia de um
projeto maior que é o de transformar a sociedade por meio do seu trabalho.
Em suma, concluímos que ser professor passa também pelas relações interpessoais, as
quais são importantes que o docente saiba manejar e sustentar como um ponto favorável à sua
função de ensinar. Desse modo, constatamos que ser professor ultrapassa o processo de
ensino e aprendizagem, os docentes têm outras preocupações e necessitam dar conta de
situações que transcendem a sala de aula.
Concordamos com Fontana (2010) quando ela atenta que o ser professor não é
generalizável para todos os docentes, pois para esta definição há que se considerar as
condições profissionais do professor, as suas relações de trabalho e também suas
particularidades sendo dependente das vivências do docente. Pudemos verificar isto nesta
pesquisa, pois realizamos inferências sobre as representações dos professores que
participaram do estudo com base nas informações coletadas com os instrumentos de coleta de
dados e por meio da análise textual discursiva, sendo possível assim produzir um sentido para
aquilo que tínhamos como material empírico.
É importante conhecer o que os professores representam sobre a própria profissão e o
que discursam, pois, a partir disso, somos capazes de pensar a docência de modo que a mesma
volte-se para a realidade. A respeito disso, retomamos Imbernón (2011, p.52) quando ele
destaca: “Não devemos esquecer, porém, que a formação do profissional de educação está
diretamente relacionada ao enfoque ou à perspectiva que se tem sobre suas funções”.
Vivemos no mundo das incertezas e precisamos de uma formação de professores que
foque na realidade, que ensine o professor a trabalhar com essas incertezas, que mostre que é
possível fazer isso.

REFERÊNCIAS

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