Totalitarismo

1 Etimologia

A ideia de totalitarismo como poder político “total” atra-

vés do estado foi formulada em 1923 por Giovanni
Amendola que criticou o fascismo italiano como
um sistema fundamentalmente diferente das ditaduras
convencionais.[3] O termo depois ganhou conotações po-
sitivas nos escritos de Giovanni Gentile, o principal teó-
rico do fascismo. Ele usou o termo “totalitário” para se
referir à estrutura e metas do novo estado. O novo es-
tado deveria dispor sobre a “representação total da nação
e a orientação total das metas nacionais”.[4] Ele descreveu
Benito Mussolini e Adolf Hitler em 28 de setembro de 1938
o totalitarismo como uma sociedade em que a ideologia
do estado teria influência, se não poder, sobre a maioria
de seus cidadãos[5] . Segundo Benito Mussolini[3] , este
sistema politiza tudo que é espiritual e humano. O con-
ceito de totalitarismo surgiu nos anos 1920 e 1930. A
visão de que ele foi elaborado somente depois de 1945 é
frequente e equivocadamente visto como parte da propa-
ganda antissoviética durante a guerra fria. [carece de fontes?]

2 Génese e contexto histórico

Mao Tsé-Tung e Josef Stálin em Moscou, dezembro de 1949
Foi ainda no decorrer da Primeira Guerra Mundial que
começou a nascer o totalitarismo, fenómeno político que
Totalitarismo (ou regime totalitário) é um sistema po- marcou o século XX. Com a necessidade de direcio-
lítico no qual o Estado, normalmente sob o controle de nar a produção industrial para as necessidades geradas
uma única pessoa, político, facção ou classe social, não pela guerra, os governos das frágeis democracias liberais
reconhece limites à sua autoridade e se esforça para re- europeias tiveram de se fortalecer, acumulando poderes
gulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, e funções de Estado, em detrimento do poder parlamen-
sempre que possível.[1] O totalitarismo é caracterizado tar, para agilizar as decisões importantes em tempos de
pela coincidência do autoritarismo (onde os cidadãos co- guerra. Quando voltasse a paz, dizia-se, esses poderes
muns não têm participação significativa na tomada de de- voltariam à distribuição democrática usual. Mas não foi
cisão do Estado) e da ideologia (um esquema generali- isso que aconteceu. [carece de fontes?]
zado de valores promulgado por meios institucionais para O Estado com poder executivo forte e legislativo de-
orientar a maioria, senão todos os aspectos da vida pú- bilitado que se constituiu durante a Primeira Guerra
blica e privada).[2] acabou sendo a semente do modelo de Estado auto-
Os regimes ou movimentos totalitários mantêm o poder ritário que surgiria na década seguinte. Das várias
político através de uma propaganda política abrangente monarquias parlamentares europeias em 1914 (Reino
divulgada através dos meios de comunicação controlados Unido, Itália, Espanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca,
pelo Estado, um partido único que é muitas vezes mar- Suécia, Noruega, Sérvia, Bulgária, Roménia, Grécia,
cado por culto de personalidade, o controle sobre a eco- Áustria-Hungria e outras), só a britânica terminou o sé-
nomia, a regulação e restrição da expressão, a vigilância culo sem ter passado por uma ditadura de inspiração fas-
em massa e o disseminado uso do terrorismo de Estado. cista. [carece de fontes?]

1
2 4 CARACTERÍSTICAS DO TOTALITARISMO TRADICIONAL

3 A propaganda totalitária

Mais informações: Propaganda comunista e

Propaganda nazista

Elemento de destaque constituiu a propaganda entre os

movimentos totalitários do século XX. Aspirando ao do-
mínio total da população em regimes pautados por teorias
conspiratórias e uma realidade fictícia criada em meio
a um desprezo pela realidade dos fatos, a propaganda
totalitária foi essencial para, num primeiro momento, a
conquista das massas e arregimentar em torno de si uma Estátuas de Kim Il-sung e de seu filho, Kim Jong-il, em
enorme quantidade de simpatizantes, e, principalmente, Pyongyang, capital da Coreia do Norte
para mantê-las sob controle posteriormente. Já empos-
sados da máquina governamental, a violência de Estado,
ainda restrita na ascensão dos movimentos ao poder, as-
sume sua forma mais acabada, e, com isso, constitui-se no
Sob o título de totalitarismos, as diferenças ideológicas
melhor instrumento de persuasão destes regimes: dão re-
entre regimes como o nazismo de Adolf Hitler e o
alidade às afirmações fictícias do regime. Como exemplo,
fascismo de Benito Mussolini, o comunismo de Josef Sta-
Josef Stalin, ao divulgar que acabara com o desemprego
lin e o de Mao Zedong, ficam enevoadas. As diferenças
na União Soviética, uma inverdade de fato, extinguiu os
que guardam são muitas e dizem respeito aos seus fins
programas de benefícios para desempregados; ao afirma- [carece de fontes?]
; o totalitarismo de esquerda (stalinismo,
rem, os nazistas, que poloneses não tinham intelecto, co-
maoismo e variações) representa o controle do poder po-
meçaram o extermínio de intelectuais poloneses.[6]
lítico por um representante imposto dos trabalhadores,
Desta forma, o uso da propaganda nos regimes totalitá- mas pressupõe uma revolução de fato no regime de pro-
rios é tido como parte da violência, e vice-versa, sendo priedades, coletivizando os bens de produção e as terras,
ambas complementares. E a primeira só vai substituir a embora o objetivo final da teoria marxista pressuponha
segunda na medida em que a dominação vá se efetuando a abolição do próprio Estado. [carece de fontes?] . As seme-
completamente. A propaganda, inicialmente, é destinada lhanças entre os regimes de Stalin ou Mao com os de
aos elementos externos ao movimento, àqueles que ainda Hitler ou Mussolini limitam-se aos métodos — por isso
não se domina, como estrangeiros, já o terror é perpe- não se pode de forma alguma confundir os dois modelos:
trado entre aqueles já dominados e que não mais ofere- respectivamente, um coletiviza a propriedade, o outro a
cem resistência ao regime, alcançando sua perfeição nos mantém para a classe burguesa. [carece de fontes?] Por outro
campos de concentração e extermínio onde a propaganda lado, as semelhanças que estes extremos reúnem entre si
é totalmente substituída pela violência. [carece de fontes?] As- são justamente os aspectos definidores do regime totali-
sim, o terror torna-se uma fonte de convencimento, seme- tário (ver: Comparação entre nazismo e stalinismo).
lhante à propaganda.
Para determinados críticos [carece de fontes?] , a aspiração
Também são apontadas semelhanças entre a propa- destes regimes é de um domínio absoluto daqueles sob
ganda totalitária e a propaganda comercial de massa seu jugo, e, nas suas últimas consequências, ao domínio
(publicidade) que se desenvolvia nos Estados Uni- universal, sem a restrição imposta pela noção de Estado-
dos naquele início de século[7] utilizando argumentos nação (embora nem a União Soviética stalinista nem a
cientificistas para suas afirmações justificando a suprema- Alemanha Nazista, os dois principais exemplos de tota-
cia de suas próprias razões [carece de fontes?] . A sociedade litarismo na história, tenham declarado este propósito).
massificada em que dominavam os regimes totalitários A máquina governamental, na visão de alguns autores
mais paradigmáticos lidavam com um indivíduo atomi- [carece de fontes?]
, aparece como mero instrumento para fins
zado que, para o espanto do mundo não-totalitário, perdia desse domínio total e universal aspirados por movimen-
até mesmo seu instinto de auto-conservação.[8] tos totalitários.
Para alguns [carece de fontes?] , a operosidade dos seus regi-
mes frente a suas populações parecem convergir no que
4 Características do totalitarismo diz respeito aos métodos e táticas empregados na própria
manutenção, apesar das “confissões” do aparelho gover-
tradicional namental de Mao sobre as contradições não antagônicas
entre o Estado e o povo chinês. Sem apelar para discursos
São características dos regimes totalitários paradigmá- ideológicos, todos esses regimes visavam a eliminação
ticos de ambos os extremos do espectro ideológico daqueles elementos que consideravam contrários a seus
[carece de fontes?]
: objetivos.
 3

4.1 Nazifascismo
Características do stalinismo:
Ver artigos principais: Fascismo, Nazismo e
Nazifascismo
• Ditadura burocrática do regime de partido único;
O nazismo era, desde seu início, antiliberal tendo
• centralização dos processos de tomada de decisão no
núcleo dirigente do partido;
• burocratização do aparelho estatal (degenerescência
burocrática segundo Leon Trótski);
• intensa repressão a dissidentes políticos e ideológi-
cos (ver: Repressão política na União Soviética);
• culto à personalidade do(s) líder(es) do partido e do
Estado;
• intensa presença de propaganda estatal e incentivo
ao patriotismo como forma de organização dos tra-
balhadores;
• censura aos meios de comunicação e expressão;
• coletivização obrigatória dos meios de produção
agrícola e industrial (ver: Coletivização forçada na
União Soviética);
• militarização da sociedade e dos quadros do partido.

5 O totalitarismo ou procedimen-
tos totalitários na democracia

Heinrich Himmler, Hitler e Viktor Lutze fazem a saudação na- 5.1 Bolivarianismo
zista na Reunião de Nuremberg de setembro de 1934.
Ver artigo principal: Bolivarianismo
derrubado antigas estruturas institucionais imperiais
bem como antigas elites consolidadas, se diferenciava do
Desta forma, pensadores atuais, como Denis Rosenfield
fascismo principalmente por pregar a superioridade da
[carece de fontes?] têm se referido ao regime bolivariano como uma “demo-
raça ariana, liderado por Adolf Hitler. .
cracia totalitária”, admitindo que um regime poderia vir
Já o fascismo italiano foi mais proveitoso ao capital na a ser concomitantemente, democrático e totalitário, não
medida em que extinguia sindicatos e obstáculos à admi- sendo os dois termos antônimos absolutos[9] .
nistração patronal do trabalho [carece de fontes?] . Ali sim, o
O atual governo venezuelano possui ampla gama de apoi-
movimento foi no interesse de velhas classes dominantes
adores que chegou a ser de 71% em 2008, caindo para
em reação às agitações esquerdistas revolucionárias que
60% em 2009 e 58% em 2010. Para as eleições presi-
se avolumavam [carece de fontes?] . O fascismo, liderado por
denciais de 2012, segundo uma pesquisa realizada, Hugo
Mussolini, foi um regime antidemocrático no qual o po-
Chávez teria apoio mais ou menos de 50% dos votos
der ficava nas mãos de um chefe de Estado, havia grande
decididos contra um total de 28,4% de todos seus con-
incentivo à educação e preparação de indivíduos para a
correntes, 34% dizem não saber ainda em quem votar
guerra. Os fascistas se apresentavam como solução para
e 13,2% não votaria em nenhuma das opções, inclusive
a crise econômica e greves italianas. Através de violên-
Chávez.[10][11]
cia e mortes eles sufocaram os movimentos grevistas e
Mussolini conquistou oficialmente o poder.
5.2 Noam Chomsky
4.2 Stalinismo Em texto dedicado a Noam Chomsky, Jean Ziegler es-
creve: “Existem três totalitarismos: o totalitarismo sta-
Ver artigo principal: Stalinismo linista, o totalitarismo nazista, e, agora, o “tina” (pala-
Mais informações: Neostalinismo vra formada com as iniciais da expressão inglesa there
4 7 REFERÊNCIAS

is no alternative (“não há alternativa”), utilizada por • Democracia direta

Margaret Thatcher para proclamar o caráter inelutável do
capitalismo neoliberal). • Despotismo

A “tina”, em sua concepção de integração global, traba- • Ditador

lharia para a integração econômica planetária, mas so-
• Estado policial
mente em prol dos interesses das altas classes financeiras,
dos bancos e dos fundos de pensão, potências que contro- • Estética totalitária
lariam também as mídias. Assim, aqueles que se opõe a
essa política são chamados de “anti-globalização”, sendo • Massificação
sua crítica colocada à margem da mídia[12] . • Pacto Molotov-Ribbentrop
Considerando que a finalidade da democracia é que as
• Polícia política
pessoas possam decidir suas próprias vidas e fazer as es-
colhas políticas que lhes concernem, e que ela se sustenta • Polícia secreta
na liberdade de expressão, mesmo os Estados Unidos,
país símbolo da democracia, estariam sujeitos em dados • Repressão política
momentos a um grau maior ou menor de totalitarismo, • Totalitarismo invertido
sustentado pela propaganda e pela pressão econômica so-
bre a livre expressão do pensamento. Considera ainda • Tirania
o pensador americano que, a liberdade de expressão so-
mente começou a ser exercida de forma mais plena nos
Estados Unidos na década de 1960. 7 Referências
Considera, apesar disso, que uma “construção intelectual
... não pode ser comparada aos campos de concentração [1] Robert Conquest Reflections on a Ravaged Century (2000)
ou ao gulag", sendo, portanto, este tipo de opressão pela ISBN 0-393-04818-7, page 74
massificação, mais branda do que as formas de Estado [2] C.C.W. Taylor. “Plato’s Totalitarianism.” Polis 5 (1986):
totalitário stalinistas e nazi-fascistas. 4-29. Reprinted in Plato 2: Ethics, Politics, Religion, and
Prossegue o pensador dizendo que, a partir da década de the Soul, ed. Gail Fine (Oxford: Oxford University Press,
1920, em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha “o 1999), 280-296.
desejo de liberdade não podia mais ser contido somente [3] Pipes, Richard (1995), Russia Under the Bolshevik Re-
pela violência estatal”, tendo, por isto, a propaganda ide- gime, New York: Vintage Books, Random House Inc.,
ológica assumido o seu lugar, tendo se produzido uma es- ISBN 0-394-50242-6.
pécie de “fábrica do consentimento”, produzindo a acei-
tação e a submissão, como o mesmo objetivo totalitário [4] Stanley G. Payne, Fascism: Comparison and Definition
(UW Press, 1980), p. 73
de “controlar as ideias, os pensamentos, os espíritos”.[13]
Se a propaganda é o método de controle ideológico mais [5] G. Gentile & B. Mussolini in "La dottrina del fascismo"
1932)
eficaz e, portanto, o mais usado pelos modernos gover-
nos liberais, por outro lado, não devemos nos esque- [6]
cer que, eventualmente, em situações consideradas extre-
mas, lançou-se mão de outros daqueles mecanismos que [7] Chomsky, Noam. América Rebelde - Entrevista à Daniel
Mermet. Le Monde Diplomatique Brasil. 19 de julho de
Louis Althusser chamou de Aparelhos Ideológicos do Es-
2010.
tado, tal como a interpretação das leis[14] , ou dos chama-
dos Aparelhos repressivos do Estado, tal como a própria [8] Parlamento Europeu. A Europa e o seu passado.
polícia, para controlar os protestos dos manifestantes da
[9] Rosenfield, Denis Lerrer. Democracia totalitária Esta-
chamada Anti-globalização[15] .
dão.com.br. 03 de agosto de 2009.

[10] http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,
6 Ver também indice-de-aprovacao-de-chavez-cai-para-58-diz-pesquisa,
509957,0.htm Reuters/Estadão. Índice de aprovação de
Chávez cai para 58%, diz pesquisa. 11 de fevereiro, 2010
• Anticomunismo
[11] http://www.panoramabrasil.com.br/
• Antifascismo indice-de-aprovacao-de-hugo-chavez-chega-a-50-id61036.
• Autocracia html ANSA. Índice de aprovação de Hugo Chávez chega
a 50%. 25 de março, 2011
• Autoritarismo
[12] Chomsky, Noam. América Rebelde - Entrevista à Daniel
• Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Mermet. Le Monde Diplomatique Brasil. 19 de julho de
Comunismo 2010.
 5

[13] Chomsky, Noam e Edward Herman. Manufacturing Con-

sent. UK: Pantheon Books, 1988, ed. 1994.

[14] Althusser, L. P. Aparelhos Ideológicos de Estado. 7ª ed.

Rio de Janeiro: Graal, 1998.

[15] Correio da Manhã. Economia. Segunda-feira, 19 de Julho

de 2010

8 Bibliografia
• ARENDT, Hannah. “O Totalitarismo”, In: Origens
do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras,
1989, p. 339-531.

• HOBSBAWM, Eric. “A queda do liberalismo”, In:

A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-
1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.
113-143.
• MOTA, Fernando C. Prestes. O Que é Burocracia.
São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos,
1981.

• NETTO, José Paulo. O Que é Stalinismo. São Paulo:

Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1981.

• PRINCIPE, Angelo. The Darkest Side of the Fascist

Years, Guernica Editions, 1999.

• SPINDEL, Arnaldo. O Que é Comunismo. São

Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1980.

• SPINDEL, Arnaldo. O Que São Ditaduras. São

Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1980.

9 Ligações externas
• (em inglês) USTRCR - The Institute for the Study
of Totalitarian Regimes (Instituto para o Estudo dos
Regimes Totalitários da República Tcheca). Página
visitada em 27 de agosto de 2014.
6 10 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

10 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

10.1 Texto
• Totalitarismo Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Totalitarismo?oldid=45745355 Contribuidores: Romanm, Plataformista, Joaotg, Scott
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Vitorfcs e Anónimo: 209

10.2 Imagens
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Mussolini.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 de Contribuidores: Esta imagem foi doada à Wikimedia Commons pelos Arquivos Federais da
Alemanha (Deutsches Bundesarchiv) dentro de um projecto comum. Os Arquivos Federais da Alemanha garantem a autenticidade da
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