CASOS PRÁTICOS Processo Civil
CASOS PRÁTICOS Processo Civil
CASOS PRÁTICOS Processo Civil
2.1.Em que casos é o réu considerado citado mesmo que recuse receber a carta ou assinar o
aviso de receção?
Estamos apenas no âmbito da citação postal (art. 228o). O réu não é considerado citado de
acordo com o art. 229o, i.e., a recusa de receção ou assinatura da carta não equivale a citação
(número 3). Nos casos de domicílio convencionado – situação postal atípica -, o réu considera-se,
ao contrário da anterior, citado. Se se tratar de uma pessoa coletiva que se recusa a receber a
citação (art. 246o/3), considera-se citada.
2.2. Que diligências tem o agente de execução fazer antes de citar com hora certa?
A citação com hora certa está regulada no art. 232o. O requisito essencial é o apuramento de que
o réu reside ou trabalha efetivamente no local indicado. O agente vai afixar uma nota, deixando o
aviso de que estará novamente naquele local, naquela hora. Se o citando não comparecer,
considera-se a citação feita (número 4). No caso limite, a pessoa considera-se citada.
2.3.Em que casos de aplica a citação edital? Qual a consequência de ser aplicada sem
cumprimento dos requisitos legais?
Há um passo essencial, que não existe em qualquer outra modalidade: o juiz tem de aferir que ele
está ausente em parte incerta (art. 236o). Tem de haver um despacho nesse mesmo sentido. Além
disso, as formalidades deste modelo estão no art. 240o. É uma situação em que não vai haver
conhecimento do processo, na medida em que é, mais uma vez, um mecanismo de avançar no
processo quando este está bloqueado. É tão rígido, na medida em que vai violar o direito à defesa
do arguido. Este ficciona a citação para se puder avançar com o processo nos termos legais.
Na opinião de MARIANA FRANÇA GOUVEIA isto é uma hipocrisia, na medida em que a pessoa
não tem conhecimento do processo. Sendo mais tarde demonstrado que a pessoa não se
encontrava em parte incerta, pode invalidar-se esta citação com base no art. 188o/e) - situação de
erro. Entende-se que não houve citação, o que afeta os efeitos de tudo.
Atentando na alínea e) do artigo, vemos que mesmo que demonstre que não tive conhecimento
do ato por citação edital não posso invocar este elemento como fundamento da nulidade da
citação. Só posso indicar a falta de conhecimento efetivo se a citação for pessoal, sendo edital,
tenho que demonstrar que não estava ausente em parte incerta quando foi declarada pelo juiz.
2.5. Como pode o réu citado em domicílio convencionado afastar as consequências da citação
realizada nos termos desse regime?
Não basta o réu dizer que não teve conhecimento. Esta situação é uma citação pessoal, pelo que,
tendo mudado de casa, podia admitir-se que não teve conhecimento. Bastaria dizer que mudou de
casa, não tendo conhecimento. Mas a lógica do regime convencionado não é esta.
Antes demais, o domicílio convencionado é uma das situações em que pode não ser necessário
alegar que não teve conhecimento. As hipóteses que ele terá de demonstrar.
IMPUGNAÇÃO, EXEÇÃO DILATÓRIA E PERENTÓRIA
3.1. Bernardo propõe ação contra Tomás, pedindo a sua condenação ao cumprimento de um
contrato de mútuo no valor de 2.500€. Tomás contesta alegando que:
a) O tribunal é incompetente;
Temos uma exceção dilatória por incompetência, uma vez que esse trata de uma questão
processual (artigo 577o/a).
b) O contrato não é válido porque não foi celebrado por forma escrita como obriga o artigo
1144.oCC
Será uma exceção perentória impeditiva? Quem tem que provar que o contrato foi feito na forma
legal?
O autor. É um facto constitutivo, logo não pode ser impeditivo. Assim, não podemos considerar
defesa por exceção, mas sim por impugnação. O ónus da prova da forma legal é do autor, ou seja,
quando identificamos os factos constitutivos do autor, ele tem de demonstrar que o contrato foi
celebrado nessa forma legal para provar que todas as condições se verificam e o réu ser
condenado.
3.2. Margarida propõe ação contra José, pedindo a sua condenação no cumprimento de uma
obrigação decorrente de um contrato de compra e venda de um computador.
c) José alega que é parte ilegítima porque a sua mulher não é ré;
Trata-se de uma exceção dilatória (não é questão relacionada com o mérito da ação). para que o
autor possa exigir o direito numa ação judicial, tem de chamar à ação a mulher do réu. Não se
trata de questão de direito, i.e., de cariz substantivo. Tem a ver com a legitimidade processual. É
pressuposto processual.
d) José alega que já pagou metade e que o computador tem defeito, pelo que nada mais tem a
pagar.
É uma exceção perentória modificativa. Pode acontecer haver exceções parciais, no sentido em
que o facto de a obrigação estar extinta (o réu não ter nada a pagar), não significa que seja
apenas extintiva. Para avaliar em que categoria calha a exceção, temos de abrir hipóteses, sendo
essencialmente três:
• A obrigação nunca existiu validamente ou eficazmente – exceção impeditiva;
8.1. A mulher de António é chamada para ser parte com este em ação de reivindicação da casa de
morada de família proposta contra aquele por Bernardo.
Intervenção principal provocada – 316o (nem todos os casos são permitidos – se for necessário é
sempre permitido, se for voluntário então temos de ver os requisitos).
Tem legitimidade para intervir como parte principal, então o autor ou réu tem de chamar
necessariamente como parte principal, i.e., não pode escolher entre parte principal ou acessória.
Claro que, não é indiferente se é principal ou acessória. Assim, a mulher de António, num
litisconsórcio de cônjuges, depende do seu regime de bens, depende das dívidas desses bens.
Artigo 34o\3 – Litisconsórcio passivo
Trata-se de uma intervenção principal provocada. Temos de ver se o litisconsórcio é necessário ou
voluntário, sendo que, de acordo com os dados do caso, é necessário. O litisconsórcio dos
cônjuges depende do seu regime de bens, assim como do regime de bens disposto no Código
Civil. Contudo, na casa de morada da família, e regra é diferente, i.e., não vai relevar o regime de
bens. Atento ao art. 34o/3, a acção deveria ter sido proposta contra ambos os cônjuges.
Intervenção principal provada (316o/1) + litisconsórcio passivo necessário (34o/1).
Estamos perante um caso de litisconsórcio necessário, pois é uma acção de reivindicação
que pode comportar a perda da casa de morada de família (34o/1). Assim sendo, deve haver
intervenção principal provocada (316o/1). Quando é proposta a acção de reivindicação pode
comportar a perda de um determinado bem. Do ponto de vista jurídico, a palavra «perda» não é
jurídica, na medida em que uma acção de reivindicação procedente deixa provado que os
cônjuges não eram proprietários do bem.
8.2. Carolina, devedora solidária, requer a sua entrada no processo ao lado de Dalila, no processo
que lhe foi movido por Ester para cumprimento de uma obrigação que vincula, solidariamente,
ambas.
Intervenção principal espontânea. Carolina, ao ser devedora solidária, pode ser parte; ora, se tem
legitimidade para ser parte principal, tem de ser chamada a esse título. É um litisconsórcio
voluntário, porque consiste numa dívida solidária, a qual admissível nos termos do art. 311o.
Seja a dívida solidária ou conjunta, o regime é sempre de litisconsórcio voluntário (desde que se
tratem de obrigações divisíveis). Carolina vai intervir como parte principal nos termos do 311o e do
32o.