Pentateuco
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1
Em hebraico: Genesis é Bereshit (no princípio) ao segundo, Shemoth (nomes) ao terceiro, Wayiqrá (e
ele chamou) ao quarto, Bemidbar (no deserto) e, ao quinto, Debarim (palavras).
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PENTATEUCO
O Senhor Jesus citou a Lei para seus discípulos, dizendo: “São estas as palavras que
eu vos falei, estando ainda convosco, e que importava se cumprisse tudo o que de
mim está escrito na Lei de Moisés” (Lc 24.44-45).
A palavra Pentateuco mesmo sendo grega e não hebraica, refere-se aos cinco
primeiros livros da autoria de Moisés como rege a tradição, de Gênesis a
Deuteronômio. Destacamos a relevância do Pentateuco: peso histórico e tradição, sua
plena autenticidade e comprovação na história e nas academias e sua profunda
consolidação religiosa para o povo judeu.
I. AS ORIGENS DO PENTATEUCO
2
ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento: CPAD, 2009.
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nossos olhos para o contexto histórico do Pentateuco, pois nestes são tratados os
elementos valiosos do cenário.
Os seguintes livros do Cânon tanto judaico (Torah) como cristão (a Bíblia) afirmam
que o Pentateuco é de autoria de Moisés (Ex 17.14; 24.4; Nm 33.1,2; Dt 31.9; Js 1.8;
2 Rs 21.8). Este homem é considerado um dos mais respeitosos dentro da fé judaica
em todas as vertentes do Judaísmo. Sua vida, experiência, chamada e trajetória são
mais que comprobatória que Moisés é o autor do Pentateuco.
“Embora não haja dúvida de que houvera uma tradição oral (e talvez escrita)
contínua acerca das suas origens, história e propósito, foi Moisés que reuniu
estas tradições e as integrou ao corpo conhecido por Torá, desta forma
surgindo uma síntese abrangente e oficial. Ficou clara a significação do Êxodo
e do concerto sinaítico levando em conta as antigas promessas patriarcais.
Além disso, o papel de Israel diante do pano de fundo da criação e das nações
do mundo inteiro ganhou significado. Em suma, o cenário do Pentateuco era
teológico tanto quanto geográfico e histórico. Tornou-se a expressão escrita da
vontade de Deus para Israel em termos dos propósitos divinos mais amplos na
criação e redenção.”
A situação tanto literária quanto oral de Deus para Moisés é uma relação que se
iniciou desde os patriarcas, passando pelo Egito, no período de escravidão israelita e
se confirma por intermédio desta literatura vetero-testamentária que chamamos
Pentateuco. A oralidade fez parte do curso da história de vida e relacionamento desde
Abraão, Isaque e Jacó alcançando Moisés. Por isso não descartamos a premissa de
Moisés ser o autêntico autor por ordem de Deus para servir de testemunho a todos os
povos que ele guiava no deserto até a terra.
Hoje dificilmente encontramos um especialista que não admita que o Pentateuco seja
constituído por quatro documentos, embora as pesquisas tendam, às vezes, a se
diversificarem muito e a atribuição de um ou outro versículo a esta ou àquela tradição
possa ser contestada. Veremos em nosso estudo então estas quatro tradições das
origens do Pentateuco:
Possui uma interpretação do reino do norte da história de Israel desde Moisés até o exílio (depois
de 587 a.C.).
E são incluído os livros de Deuteronômio, Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, e 1 e 2 Reis.
Estabelece uma síntese das tradições mosaicas (tribos) e as tradições e o período monárquico de
Davi.
A justiça de Deus: a provação de Israel mediante sofrimento, punição divina por causa do pecado
da nação.
Aconselhamos ler estes livros, porém, seus pensamentos não são coerentes com a fé
clássica. Para um estudioso da Bíblia Sagrada, estas vertentes se chocam
diretamente não fomentando um pensamento unívoco concernente aos milagres e
prodígios que Deus realizou com seu povo, visto que muitas destas vertentes não
respeitam a posição sobrenatural que a fé cristã tramita.
1) O LIVRO DE GÊNESIS
O título Gênesis vem do grego e quer dizer “origem”. A primeira palavra do Gênesis
em hebraico Bereshit5 se traduz “no princípio” - palavras que indicam tanto o alcance
como os limites do livro. Gênesis relata o começo de tudo, menos de Deus. Outra
3
Segundo o livro das religiões publicado da Cia.Das Letras (2002) “A religião hinduísta o tem como o
segundo da classe de extrema importância e princípios. O Mahabharata é a maior história da Índia,
contendo uma narrativa de poema épico sobrepujando e ultrapassando cem mil versos, todos
compostos em sânscrito pelo sábio Vyasa. Para a religião o Mahabharata contém incidentes
dramáticos, instrutivos e altamente filosóficos ao mesmo nível do “Bhagavad-gita” (HELLERN,
VICTOR. NOTAKER, HENRY, GARDER, JOSTEIN. P.31-51). Este livro transmite uma ideia complexa
de conhecimento de uma forma, valorizando a cultura do modo de vida védico.
4
HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry, GARDER, Jostein. O livro das religiões, Cia. Das Letras, 2002.
5
Tradução que aparece na Septuaginta.
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coisa a notar é que ele conta só os começos, não fala do fim das coisas. Sobre suas
verdades se ergue toda a futura revelação de Deus ao homem. Sem o Gênesis nosso
conhecimento de um Deus Criador seria lamentavelmente limitado; seríamos
tristemente ignorantes do início do nosso Universo. Por isso o livro poético e
descritivo de Gênesis é chamado “sementeira das Escrituras”.
A. AUTORIA DE GÊNESIS
B. ESBOÇO DE GÊNESIS
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PINTO, Carlos Osvaldo. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, 2006.
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A princípio lembramos que todos estes estabeleceram novos começos para a raça. O
registro destes acontecimentos é fantástico. De fato, Gênesis é o registro do começo
de todas estas coisas. Não é de admirar que quando os homens, por causa da sua
cegueira espiritual (Ef 4.18), rejeitam a revelação de Deus neste registro incomparável
do princípio, “eles adoram o acaso como o criador, os animais como seus
antepassados e a humanidade decaída” como vemos em Romanos no capítulo 1. O
relato literário do Gênesis começa com a vida vinda de Deus, mas termina com a
morte de um homem em um monte (Moisés). Algo intrigante! Este livro é a história do
fracasso do homem. Mas Deus resolve todos os fracassos humanos. Ele é o Salvador
glorioso (Rm 5.20).
As outras origens são registradas nos primeiros onze capítulos: “o universo natural, a
vida humana, o pecado, a morte, a redenção, a civilização, as nações e as línguas”. O
restante do livro, a partir do capítulo 12, trata do começo da raça hebraica, primeiro na
sua formação por meio de Abraão, depois no seu desenvolvimento subsequente e em
sua história mediante as grandes figuras de Isaque, Jacó e José. Essa grande nação
hebraica foi estabelecida com o propósito definido de que por meio dela, o mundo
todo fosse abençoado (Gn 12.1-17). Deus prometeu a Abraão, um crente nele, que
seus descendentes:
7
HENRY, Mathew. Comentário Bíblico do Antigo Testamento, Tradução ao espanhol de Daniela Raffo,
CPAD, 2006.
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1. Herdariam a terra de prometida (Gn 12.1-3).
Este resumo é prático para evitarmos toda a complexidade deste livro. O Gênesis é o
registro da derrocada do ser humano, primeiro num ambiente ideal (Éden), depois sob
o domínio da consciência (da queda até o dilúvio), e finalmente sob o governo
patriarcal (Noé a José). Em cada caso de queda, porém, Deus supriu a necessidade
do homem com as maravilhosas promessas da graça soberana. É apropriado,
portanto, que o primeiro livro nos mostrasse o fracasso do homem, resolvido pela
salvação de Deus, em todas as circunstâncias. E nestas linhas introdutórias e
esboçadas, entendemos a criação das gerações, a degeneração e a promessa de
regeneração e redenção. Deus cria, a serpente destrói e Deus restaura.
O livro começa com estas palavras que o tempo não conseguiu deslustrar: “No
princípio criou Deus os céus e a terra”. Nestas simples palavras temos a declaração
da Bíblia quanto à origem deste universo material. Deus fez com que todas as coisas
surgissem pela palavra do seu poder. Ele falou e os mundos foram formados (Hb
11.3). As interpretações quanto ao método de Deus podem diferir, mas a verdade do
fato permanece. A obra criadora de Deus foi progressiva, o que primeiro foi:
A pergunta retórica é: Quem era o Deus mencionado tantas vezes nos primeiros trinta
e um versículos do Gênesis? Os livros neotestamentários (Jo 1.1; Hb 1.1) são
possíveis explicações. Aqui vemos Aquele que nos redimiu por seu precioso sangue,
nosso Salvador, aparecendo como o Criador deste Universo. Alguém afirmou que
“Deus Pai é o arquiteto, Deus Filho é o construtor, e Deus Espírito Santo é o
embelezador do Universo”. O Espírito Santo está em ação na criação (Gn 1.2).
8
Artigo Disponível em http://irmaorobson.blogspot.com.br/2011/04/queda_8178.html
9
Ibdem.
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Em três cidades, Ur, Quis e Fara, o depósito sedimentar deixado pelo dilúvio foi
descoberto pelo Professor Woolley, arqueólogo enviado pelo Museu Britânico e pela
Universidade da Pensilvânia. Debaixo dos depósitos diluvianos em Ur ele encontrou
camadas de detritos cheias de instrumentos de pedra, cerâmica colorida, e tijolos
queimados. O mesmo se deu com as outras duas cidades. Observe em Gênesis 4.16-
22. Primeiro, eram criadores de gado: “Ada deu à luz a Jabal: este foi o pai dos que
habitam em tendas e possuem gado” (Gn 4.20). Segundo, músicos: “o nome de seu
irmão era Jubal. Este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4.21).
Terceiro, artífices e fabricantes: “Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de
todo instrumento cortante, de bronze e de ferro” (Gn 4.22). Quarto, construtores: “E
coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou
uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho” (Gn 4.17).
A civilização que Caim fundou pode ter sido igual à da Grécia ou de Roma, mas o
julgamento de Deus estava sobre ela. Por quê? (Gn 6.5-7).
Charles Marston citado por Hoff (2005) 10, famoso arqueólogo, supera todos os
grandes detetives da ficção moderna. Em sua busca ele já desenterrou milhares de
testemunhas de pedra e cerâmica. A verdade das Escrituras fica demonstrada
quando ele empunha a pá ou a pena. Marston, muitas vezes chamado “arqueólogo
com um propósito”, tem silenciado os críticos da Bíblia. O registro de muitas pessoas
que os cientistas diziam nunca terem existido tem sido trazido à luz; muitos lugares
que pareciam só nomes bíblicos têm sido desenterrados. Marston declara que a cena
dos acontecimentos registrados nos primeiros capítulos do Gênesis parece ter sido
perto do rio Eufrates. A terra ao redor é chamada Sinear, ou Caldéia, ou
Mesopotâmia. Nós a conhecemos por Babilônia, hoje chamada Iraque. 11 É uma terra
de desertos áridos através da qual o grande Eufrates desce até o Golfo Pérsico. Mas
10
Ibdem.
A maior parte dos descendentes de Noé parece ter migrado da Armênia, onde a
família de Noé deixou a arca, voltando para a planície da Babilônia onde construíram
a torre.
1. Abraão
2. Isaque
3. Jacó
4. José
5. Jó 12
Abraão (Gênesis 12-38) - Deus chamou um homem de nome Abrão para deixar seu
lar idólatra em Ur dos Caldeus, a fim de ir a uma terra desconhecida, onde Deus o
faria pai de uma poderosa nação (Gn 12.1-3; Hb 11.8-19). Fez com ele uma aliança,
conhecida como a Aliança Abraâmica (Gn 12.13). Sem essa aliança, todo o estudo do
povo escolhido, realmente, todo o AT, terá muito pouca significação. Deus repetiu
essa aliança ao filho de Abraão, Isaque, e de novo ao seu neto, Jacó (Gn 26.1-5;
28.13-15). Ele não a repetiu para ninguém mais. Estes são, portanto, os Pais da
Aliança e é por isso que lemos nas Escrituras: “Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus
de Abraão, de Isaque e de Jacó” (At 7.32). Ele nunca acrescentou nenhum outro.
Deus fez a aliança com estes três para que eles a comunicassem a outros (Gn 12.1-3;
26.1-5; 28.13-15). Apesar da maldade do coração do ser humano, Deus quis mostrar
sua graça. Ele queria um povo escolhido:
Assim começa a história de Israel, o povo escolhido de Deus. Por meio de Isaque,
filho de Abraão, as promessas de Deus passaram para Jacó, o qual, apesar das suas
muitas faltas, deu valor à bênção da aliança de Deus. Seu nome foi mudado para
Israel, um príncipe com Deus (Gn 32.28). Este é o nome pelo qual o povo de Deus foi
chamado israelita. Seus doze filhos se tornaram cabeças das tribos de Israel (Gn 49).
12
O livro de Jó deve ser colocado depois do livro do Gênesis e antes do livro do Êxodo segundo os
estudiosos.
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8. Descida para o Egito (Gn 39-50) - Deus sabia ser necessário que os israelitas
deixassem Canaã até que tivessem a força suficiente para tomar posse da terra. Deus
queria salvaguardá-los de se misturarem e se casarem com as raças idólatras então
existentes na terra.
O livro do Gênesis encerra-se com as palavras: “... e morreu José da idade de cento e
dez anos; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito”. Há quem diga, que
existem aproximadamente oito nomes mencionados em Gênesis que devemos
lembrar em ordem: “Deus, Adão, Satanás, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José”. Há seis
lugares de suprema importância em conexão com a história do Gênesis: Éden, Monte
Ararate, Babel, Ur dos Caldeus, Canaã (terra prometida) e Egito.
2) O LIVRO DE ÊXODO 13
A relação entre o Gênesis e o Êxodo é muito semelhante à que existe entre o Antigo e
o Novo Testamento. Gênesis narra o fracasso do homem em todas as provas e em
todas as condições; Êxodo é a epopeia emocionante de Deus vindo em socorro do
homem. Nele se encontra a obra redentora de um Deus soberano. Êxodo é
preeminentemente o livro de redenção no Antigo Testamento. Começa em trevas e
tristeza, porém termina em glória. Começa contando como Deus desceu em graça,
para libertar um povo escravizado, e termina declarando como Deus desceu em glória
no meio, de um povo remido. A palavra “Êxodo” vem do grego e quer dizer “saída”.
No hebraico este livro é chamado Shemoth “nomes”.
A Lei - “A última parte do livro (19 - 40) nos mostra que o libertador deve ser
plenamente submisso ao seu Senhor”. Isto, tanto na vontade quanto na dedicação.
“Por isso, a lei moral é dada, e em seguida a lei cerimonial, que era a provisão de
Deus para quem violasse a lei moral.”
13
Estudo Panorâmico da Bíblia, Editora Vida, 2006.
14
Ibdem
15
Ibdem
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16
relatos sobre invasões, lutas como no caso dos Hicsos , egípcios e a opressão dos
israelitas.
“Este livro começa três séculos e meio depois da cena final do Gênesis. O livro
do Gênesis é a história de uma família. O livro do Êxodo é a história de uma
nação. Não temos o registro do que aconteceu durante esse longo período de
silêncio. O patriarca Abraão morreu quando Jacó, seu neto, tinha quinze anos.
O filho predileto de Jacó, José, fora vendido para o Egito como escravo e
alcançara grande poder e influência. Os filhos de Jacó haviam conquistado
grande favor por causa do seu irmão José. Eram setenta pessoas quando
desceram para o Egito, mas antes de saírem de lá haviam-se tornado numa
nação de três milhões de pessoas. Depois que José morreu e uma nova
dinastia ascendeu ao trono do Egito, a riqueza e o grande número dos filhos de
Israel os fizeram objeto de desconfiança aos olhos dos egípcios. Os Faraós os
reduziram a uma escravidão da pior espécie. Isso era difícil para o povo que
antes vivera em liberdade e com todo o favor. Eles se lembraram das
promessas que Deus fizera a Abraão e seus descendentes, e isso fazia com
que a escravidão fosse ainda mais difícil de entender (Gn 12.1-3, ss.)”.
A história contada nos livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio mostra que
Deus não se esquecera da promessa feita a Abraão – “de ti farei uma grande nação”
(Gn 12.2). Os registros de família de Abraão Isaque e Jacó sem dúvida foram
levados para o Egito e ali se tornaram parte dos anais de Israel. Através dos longos
anos de escravidão, eles se apegaram à promessa de que um dia Canaã seria o seu
lar. Veremos Deus descer e livrar o povo do Egito (Êx 3.7, 8). Agora os indivíduos e
as famílias tinham-se organizado em uma nação. Deus iria dar-lhes leis pelas quais
se governassem. Ele os levaria de volta à terra que havia prometido.
O Êxodo (Êx 3 e 4) - A mão poderosa de Deus sempre acompanhava seu povo, por
todo o trajeto do deserto. É de se pensar a preparação que teria de ser feita para pôr
em movimento um exército tão grande, cerca de seiscentos mil a pé 17, somente de
homens, sem contar mulheres e crianças. Subiu também com eles um misto de gente,
ovelhas, gado, muitíssimos animais (Êx 12.37, 38). Moisés tinha apelado repetidas
vezes para Faraó que deixasse os filhos de Israel sair (Êx 5.1; 7.16). As pragas e as
negociações de Moisés com Faraó devem ter durado quase um ano. Isso deu tempo
aos filhos de Israel de juntar os seus pertences. As pragas ensinaram aos filhos de
Israel algumas coisas importantes, além de forçarem Faraó a deixar os filhos de Israel
sair. Nossa salvação foi planejada por Deus antes da fundação do mundo (Ef 1.4).
Achamos o modelo no livro do Êxodo. Ele é o quadro histórico da graça divina, na
reconciliação do homem por Deus através de Jesus Cristo, que é ao mesmo tempo o
grande Apóstolo (Moisés) e Sumo Sacerdote (Arão) (Hb 3.1). A história do Êxodo
repete-se em toda alma que busca libertação da influência perturbadora do mundo.
Deste ponto de vista, o livro é humano, do primeiro ao último versículo. As coisas que
aconteceram eram figuras e foram escritas para a nossa admoestação. Estudamos
Êxodo para ver como Deus liberta o homem pecador, e para conhecer os seus
propósitos de graça em assim resgatá-lo.
16
Povos de origem asiática que surgiram no período de fome e seca no antigo Egito na época do
reinado de José. Instalaram-se nas regiões próximas e estabeleceram seus acampamentos crescendo
e servindo de inimigos para o Egito.
17
www.ids.org/
ITER – Instituto Teológico Renovação Pentateuco 19
A Páscoa (Êx 12 - 19) – A Páscoa é a figura mais clara no AT da nossa salvação
individual pela fé no sangue vertido por nosso Senhor Jesus Cristo. No capítulo 12
achamos a razão de chamar Cristo de “o Cordeiro de Deus”, “nossa Páscoa”, e as
muitas outras referências à sua crucificação como a morte do nosso Cordeiro Pascal.
Da mesma forma como este capítulo é o coração do livro, assim o livro todo é um
modelo da nossa salvação. A Páscoa é o fato proeminente do Êxodo (capítulo 12).
Talvez os filhos de Israel não soubessem a significação dessa festa na noite anterior
à saída do Egito, mas eles creram em Deus e obedeceram. Toda pessoa deveria
observar a ordem divina da Páscoa, conforme dada em Êxodo 12. Não era o fato de o
cordeiro ser imaculado que os salvava (Hb 9.22; 1Jo 1.7; Ap 1.5). Não é a vida sem
pecado de Cristo que nos salva, mas sua morte na cruz.
O Sangue aspergido nos umbrais - O cordeiro deveria ser morto, para que o seu
sangue tivesse utilidade. O sangue era suficiente, mas não tinha valor se não fosse
aplicado. Todo israelita individualmente devia aplicar o sangue à sua própria casa.
Observe que devia ser aspergido na verga. O hissopo, erva comum que qualquer
pessoa podia conseguir, era um tipo da fé. O sangue na verga era o que salvava. Não
o que eles pensavam ou achavam, mas o que eles faziam é que importava (Êx 12.13;
Hb 9.22).
Sem Fermento - Fermento é sempre um tipo do pecado. O fermento dos fariseus (Mt
16.6; 1Co 5.7). O fermento da injustiça precisa ser eliminado da nossa vida se
desejamos comer com Deus.
Ervas Amargas - Cristo provou o cálice amargo por nós, e nós também temos de
sofrer alguma amargura. Toda disciplina no momento não parece ser motivo de
alegria (Hb 12.11). O cordeiro não devia ser comido cru, ou sem ser cozido, seria um
cordeiro sofredor que passou pelo fogo. Nada devia ser deixado, mas comido às
pressas sem nada sobrar. Nenhum osso devia ser quebrado! O corpo de Cristo foi
quebrado, mas seus ossos, não (Sl 34.20; Jo 19.36). Por ordem divina todos deviam
comer em pé, sem saber para onde iriam. Tudo pronto para a viagem. Que contraste
naquela noite - celebração pacífica nas casas de Israel; terrível lamentação nas casas
dos egípcios! “Lemos aqui sobre a Páscoa. Agora vem a Passagem. A Páscoa os
selou. A passagem do Mar Vermelho os fortaleceu. Eles saíram do Egito debaixo do
sangue, homens marcados. Atravessaram o Mar Vermelho homens resolutos. Deus
os conduziu para fora e fechou a porta atrás deles!”
A Dádiva da Lei (Êx 20-24) - Em Êxodo 20-24 vemos a Lei dada, quebrada e
restaurada. Até agora na história de Israel tudo tem sido graça e misericórdia. Deus
ouviu o clamor da escravidão deles e lhes respondeu. Deus escolheu um líder e o
treinou. Deus derrotou seus inimigos. Deus os alimentou e ainda assim se rebelaram.
Agora surge uma nova ordem de coisas no Sinai. A Lei exige nada menos que
perfeição. O Salmista diz: “A lei do Senhor é perfeita” (Sl 19.7-11). Só houve um
A Bíblia diz que Deus deu todas essas palavras (Êx 20.1). Deus deu o testemunho
todo e o homem assumiu a responsabilidade total de guardar toda a Lei. Em Êxodo
19.8, eles proferiram outra coisa. Antes de Israel receber a Lei e começar a guardá-la,
eles dançavam ao redor do bezerro de ouro, e adoravam um deus que tinham feito
(Êx 32.1-10, 18).
O Tabernáculo
O Santo dos Santos - Se descerrarmos o belo véu (que tipifica o corpo de Cristo)
veremos a Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus. Nesse Santo dos santos, o
sumo sacerdote entrava somente uma vez por ano para aspergir o sangue da
expiação. O livro de Hebreus nos diz que Cristo não só é nosso Sumo Sacerdote,
mas que Ele foi nossa expiação, e assim podemos entrar no Santo dos santos (a
presença de Deus) a qualquer momento com ousadia. O Tabernáculo, com a nuvem
de glória sobre ele, ensinava ao povo que Deus estava habitando no meio deles (Êx
25.8). O Tabernáculo era o centro comum e o lugar de reunião que podia ser mudado
de tempos em tempos. A redenção não foi uma reflexão tardia de Deus (Ef 1.4). A Lei
foi quebrada no coração do povo antes de ter sido quebrada pelas mãos de Moisés.
3) O LIVRO DE LEVÍTICO
Levítico é o livro de figuras de Deus para os filhos de Israel, com o fim de ajudá-los
em seu treinamento religioso. Todas as figuras apontam para a obra de Jesus Cristo.
O título “Levítico” sugere o tema do livro - os levitas, os sacerdotes e as suas funções
no Tabernáculo. No hebraico, Vayikrá “e Ele chamou”. É chamado também o Livro
das Leis. Lembramos como Deus havia dado a Moisés, no livro do Êxodo, as
instruções precisas para a construção do Tabernáculo e acerca da instituição do
sacerdócio, a fim de que oficiassem nesse lugar santo. Ao abrir este livro,
encontramos os filhos de Israel ainda no Monte Sinai. Deus continua dando suas
instruções para o culto no Tabernáculo. Poeticamente, em Gênesis vemos o homem
perdido; em Êxodo, o homem remido e em Levítico, o homem prestando culto ao seu
Deus.
Este livro é oportuno porque insiste em que devemos manter o corpo santo, do
mesmo modo que a alma porque o Redentor é Santo. Ele não só dá a chave para a
nossa vida espiritual e um viver santo, mas nos surpreende com lições importantes de
higiene e saneamento para o cuidado do corpo. Este é um livro divino. O versículo
inicial dá-nos a chave do livro todo: “E o Senhor chamou Moisés e falou com ele da
tenda da congregação”. Levítico é Deus falando-nos por meio do Tabernáculo e do
seu significado. É um livro pessoal. O segundo versículo o indica: “... quando algum
de vós trouxer oferta ao Senhor...”. Observe que Deus espera que cada pessoa traga
a sua própria oferta. O modo é muitas vezes tão importante como a oferta.
A. AS CINCO OFERTAS
Uma das interrogações mais importantes da vida é a seguinte: “Como pode um povo
que não é santo aproximar-se de um Deus Santo?” Logo no princípio do livro vemos
Deus tomar providências para que o Seu povo se aproximasse dEle com o fim de
3. A Oferta Pacífica (Lv 3) - Cristo é a nossa paz. (Ef 2.14.) Ele fez a paz pelo
sangue da sua cruz (Cl 1.20). Esta oferta representa a comunhão com Deus. É a
oferta de ação de graças.
4. A Oferta Pelo Pecado (Lv 4 e 5) - Esta oferta nos mostra Cristo na cruz em
lugar do pecador. Vemos o reconhecimento do pecado: “Quando alguém
pecar...oferecerá pelo seu pecado” (Lv 4.2,3). Esta é a oferta para expiação. Nas
outras, o ofertante vem como adorador, mas aqui vem como pecador convicto. O
sangue do perdão já foi derramado. Deus aceitou a oferta única de seu Filho, que
todas as ofertas menores tipificam.
5. A Oferta Pela Culpa (Lv 5.14 - 6.7) - Cristo resolveu inclusive, o problema do
nosso pecado contra os outros. O sangue da oferta pela culpa limpa a consciência, e
manda o transgressor de volta àquele contra quem pecou, não só com a restituição
total, mas com o acréscimo de uma quinta parte (Lv 6.5). O culpado é perdoado e o
ofendido é recompensado.
O eterno Deus escolheu uma das doze tribos para cuidar do tabernáculo, a de Levi.
Uma família dos levitas, a de Arão, seria a dos sacerdotes. Os sacerdotes estavam
encarregados dos sacrifícios e eram sustentados pelos dízimos do povo. O sacerdote
ia do homem a Deus com as orações e louvores do povo. Ele representava o povo e
pleiteava a sua causa. O israelita que desejasse aproximar-se de Deus trazia seu
animal ao átrio do tabernáculo. No altar do holocausto ele colocava a mão sobre a
cabeça do animal, para expressar seu arrependimento e consagração. O animal era
morto e seu sangue aspergido sobre o altar. O sacerdote, representando o adorador,
aproximava-se então da bacia, na qual lavava as mãos, indicando assim a vida limpa
que devia seguir-se ao perdão dos pecados. Ele entrava no lugar santo, passava
pelos utensílios sagrados - o candelabro, a mesa dos pães da proposição, e chegava
ao altar do incenso, onde a oração era oferecida.
O Sumo Sacerdote - Uma vez por ano o sumo sacerdote passava além do véu, que
separava o lugar santo do lugar santíssimo, e comparecia diante do propiciatório com
o sangue da expiação, a fim de interceder pelo povo. O sacerdote não podia
consagrar-se a si mesmo. Moisés agia em lugar de Deus nessa função. Cada
sacerdote apresentava seu corpo em sacrifício vivo para o serviço divino, como Paulo
deseja que façamos (Rm 12.1, 2). Os sacerdotes estavam encarregados dos
sacrifícios. Os levitas eram seus auxiliares. Cuidavam do tabernáculo, formavam
coros, eram guias e instrutores no templo. Desde o princípio da história da obra do
sacerdócio, havia evidências de fracasso. Nadabe e Abiú, filhos de Arão, ofereceram
fogo estranho diante do Senhor, o que lhes não ordenara, e foram mortos
imediatamente pelo fogo. Os sacerdotes eram os ministros dos sacrifícios que
estamos estudando. Cada um deles era uma figura do grande sacrifício de Cristo pelo
pecado do mundo.
C. AS PRINCIPAIS FESTAS
A primeira parte do livro trata das ofertas e dos ofertantes, enquanto a última parte
trata das festas e dos participantes. Cinco grandes festas são mencionadas em
Levítico 23. Os sacrifícios falavam do sangue que salvava. As festas falavam do
alimento que sustentava.
ITER – Instituto Teológico Renovação Pentateuco 24
1. A Festa Do Sábado (Lv 23.1-3) - O sábado recebeu um lugar proeminente.
Era uma festa constante a ser observada durante o ano todo, cada sétimo dia. Era dia
de adoração e descanso, para celebrar o término da criação de Deus (Gn 2.2,3).
Hoje, celebramos a consumação da obra da redenção (Lc 24.1; At 20.7; 1Co 16.2).
4. A Festa Das Trombetas (Lv 23.23-25) - Era o Ano Novo dos filhos de Israel.
Celebrava-se no outono, mais ou menos em outubro. Esta festa indicava a futura
reunião do povo de Israel então disperso (Zc 14).
Este era o maior dia na história do povo escolhido de Deus. Nesse dia os pecados da
nação eram confessados. A confissão é sempre o primeiro passo para a justificação.
Ela revela a atitude certa para com o pecado. Leva ao desejo do perdão (1Jo 1.9). O
sangue era derramado e os pecados do povo eram cobertos, a fim de que Deus
pudesse habitar no meio deles, apesar de ser um povo impuro. Aprendemos que
Deus estava oculto, atrás de um véu, no Tabernáculo e o homem ficava à distância
(Lv 16.2). O caminho ainda não estava aberto para o homem aproximar-se de Deus.
Agora podemos entrar com confiança (Ef 3.12), pois Cristo nos abriu o caminho. No
livro de Levítico, Deus está separado do homem e o homem de Deus. Esse era o
único dia do ano em que se permitia ao sumo sacerdote entrar no Santo dos santos.
Entrava com uma oferta para a expiação do pecado do povo. Expiar quer dizer
“cobrir”. Essa oferta cobriria os pecados do povo até que fosse feito o grande
sacrifício do Calvário. Nenhuma dessas ofertas removia os pecados.
Era celebrado cada cinquenta anos. Começava no dia da Expiação com o soar das
trombetas. Do mesmo modo como no ano sabático, a terra não era cultivada. Todos
os escravos dos hebreus eram libertados. Escritores judeus contam-nos que o ano do
jubileu foi observado por ocasião da queda de Judá em 586 a.C. (Is 5.7-10; 61.1, 2;
Ez 7.12, 13; 46.16-18). Outro acontecimento importante era a restituição, ao dono de
origem, de toda terra que por qualquer razão tivesse sido tomada. Mas Deus sem
dúvida tinha um plano de maior alcance relacionado com a vinda do Messias. Os
registros de todas as tribos e famílias deviam ser cuidadosamente guardados para
que os direitos de todos fossem protegidos. Isso se aplicava a Judá, a tribo da qual
viria o Messias. Por esses registros a genealogia de nosso Senhor pôde ser traçada
com exatidão.
O Número Sete em Levítico - Todo sétimo dia era o sábado. Todo sétimo ano era o
ano sabático. O ano do Jubileu vinha depois de sete vezes sete anos. O Pentecoste
era comemorado sete semanas após a Páscoa e durava sete dias. A Páscoa também
durava sete dias. No sétimo mês eram realizadas as festas das trombetas, dos
tabernáculos e da expiação. Este livro, como o Apocalipse, é formado ao redor de
uma série de “setes”.
4) O LIVRO DE NÚMEROS
No hebraico Bemidbar “no deserto”. Este livro pode ser chamado “A peregrinação no
deserto”, desde o Sinai até as fronteiras de Canaã, a terra prometida, período que
abrange cerca de 40 anos. Números também é chamado o “Livro das Caminhadas” e
“Chamadas do Rol” (Nm 33.1,2). Pode ainda ser chamado “o Livro das Murmurações”
porque, do princípio ao fim, está cheio do espírito de rebelião contra Deus (leia Sl
95.10). Números é realmente o livro do deserto, que registra o lamentável fracasso de
Israel em Cades-Barnéia, as caminhadas consequentes e as experiências do povo no
deserto. Registra a peregrinação, as guerras e o fracasso da segunda geração do
povo de Israel depois da saída do Egito. Mas não é esta a única mensagem de
Números. Os primeiros dez capítulos dão-nos a legislação divina; os capítulos de
onze a vinte contam a história do fracasso daquela nação; mas nos capítulos finais
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lemos que Israel voltou a experimentar o favor de Jeová e encontramos a vitória final,
mesmo no deserto.
Deus foi paciente com o Seu povo. Queria preservá-los para si mesmo. Em 1Coríntios
10, aprendemos que toda a história deles foi uma “lição objetiva” ilustrando o modo de
Deus agir conosco hoje. O pensamento-chave é disciplina. Números é o quarto livro
de Moisés. Em Números, o homem é apresentado como que servindo. Esta é a
ordem estabelecida pelo Senhor. Só o salvo pode servir e adorar a Deus. Lembre-se,
fomos salvos para servir. Não somos salvos por boas obras e, sim, para as boas
obras (Ef 2.10). A Lei pode conduzir-nos à terra prometida, mas só o nosso divino
Josué (Cristo) pode fazer-nos entrar nela. Paulo diz que a Lei é o aio que nos leva a
Cristo (Gl 3.24).
Estamos de viagem para o lugar que o Senhor disse: “... dar-vo-lo-ei; vem conosco e
te faremos bem; porque o Senhor prometeu boas coisas a Israel” (Nm 10.29). A Arca
da Aliança é a Palavra de Deus no meio do povo. O som da trombeta de prata é o
testemunho de um profeta fiel. A coluna de fogo e a coluna de nuvem são a
consolação e a direção do Espírito Santo. O Tabernáculo e os seus estatutos
constituem o culto do santuário.
Após um ano no Monte Sinai, os israelitas partiram para Cades, situada na fronteira
sul da terra prometida. Receosos de entrar voltaram e vagaram pelo deserto ao sul e
ao leste, até que toda aquela geração morresse. Não viajavam o tempo todo, mas
ficavam em certos pontos com os rebanhos pastando pelas colinas ao redor. Quando
a nuvem se erguia, marchavam. Finalmente aproximaram-se de Canaã pelo lado leste
do Mar Morto.
Depois de dois anos no deserto, os filhos de Israel poderiam ter entrado na terra da
promessa imediatamente, se não fosse o pecado da incredulidade. Anos perdidos,
saindo de Cades e voltando a Cades, porque não quiseram crer em Deus. Não
quiseram ouvir a Josué e Calebe, que concordaram com tudo que os dez espias
disseram, mas acrescentaram: “Eia! subamos e possuamos a terra, porque
certamente prevaleceremos contra ela” (Nm 13.30). Mas o povo não quis confiar em
Deus e disse: “Voltemos para o Egito” (Nm 14.4). O coração do povo desfaleceu.
Havendo-se recusado a entrar em Canaã, a porta fechou-se para eles. Isso
significava terem de peregrinar pelo deserto por quarenta anos.
A Vara de Arão Floresce (Nm 17) - O sacerdócio de Arão tinha sido posto em
dúvida, por isso o próprio Deus deveria confirmá-lo. O cabeça de cada tribo
apresentou uma vara seca. Deus pôs vida na de Arão. Do mesmo modo, vemos que
todos os fundadores de religiões do mundo morreram, o próprio Cristo morreu, mas
só Ele ressuscitou e foi exaltado para ser nosso Sumo Sacerdote (Hb 4.14; 5.4-10).
A Caminho de Canaã (Nm 21-36) - Ao abrir-se esta cena, vemos que todos os
israelitas que haviam deixado o Egito tinham morrido, menos Moisés, Arão, Josué,
Calebe, Miriã e os que tinham menos de vinte anos de idade, quando os espias
entraram na terra. Finalmente, enquanto ainda estavam em Cades, Miriã e Arão,
irmãos de Moisés, agora com mais de 100 anos, morreram. Israel devia movimentar-
se de novo. Partiram de Cades-Barnéia, agora decididos a entrar na terra prometida.
O caminho era difícil, muito mais do que antes, mas a fé havia sido renovada, a
disciplina tinha produzido efeito, e o braço de Deus lhes deu a vitória.
A serpente no deserto (Nm 21.5-9) - Todos os homens de mais de vinte anos, que
se recusaram a entrar na terra prometida na primeira vez (exceto Josué e Calebe que
creram em Deus), morreram no deserto. Nenhum deles entrou na terra. De novo
Israel estava se queixando, apesar de repetidas vezes Deus ter mostrado que o seu
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caminho é o melhor. O descontentamento e a murmuração pareciam ser hábitos
inveterados dos filhos de Israel (Nm 21.5). Veio o castigo de Deus. Mas Deus é
bondoso e coloca diante deles outro caminho, uma segunda oportunidade. Deus disse
a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a levantasse numa haste de modo
que todos pudessem vê-la. Logo que olhassem para ela, ficariam sãos (Nm 21.6-9).
A Bíblia revela que toda a raça humana tem sido picada pela serpente do pecado, o
que significa morte. O único modo de o homem viver é olhar para Aquele que assumiu
a forma de homem e foi levantado na cruz a fim de levar sobre si mesmo o veneno do
pecado. Se olharmos para ele, nosso Salvador, viveremos (Jo 3.14,15).
5) O LIVRO DE DEUTERONÔMIO
Da geração que saiu do Egito, só restaram Josué e Calebe. Todos os demais haviam
morrido: A nova geração experimentara privações nas caminhadas pelo deserto e
estava pronta e ansiosa pela conquista. Porém Moisés precisava repetir a Lei para
eles. Ele sabia que sua tarefa estava terminada, porque Deus lhe dissera que outra
pessoa os introduziria em Canaã (Nm 20.12). Moisés, o venerando ancião, tinha
agora cento e vinte anos. Ele iria pronunciar seu discurso ao povo que conduzira nos
últimos quarenta anos. Levanta-se ereto e fala com voz clara, porque se diz que não
se escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor (Dt 34.7). Então Moisés convida
o povo a olhar para trás. Ele recorda a história de Israel e passa em revista suas
peregrinações. Lembra-lhes a fidelidade de Deus e recomenda que sejam gratos e
obedientes.
Moisés dirigiu ao povo algumas solenes advertências. Primeiro ele falou das bênçãos
que os filhos de Israel poderiam desfrutar se fossem obedientes. Depois citou os
resultados da desobediência. O infortúnio os acompanharia em tudo que
empreendessem: nos negócios, na agricultura e na saúde. Eles sofreriam por sua
desobediência a Deus (capítulo 28.15 até final do capítulo). O capítulo 28 de
Deuteronômio é realmente notável. Mostra o que Israel poderia ter sido pela
obediência (1-14) e ainda será no milênio vindouro (veja Is 60-62; Zc 14.8-21; Jr 31.1-
9; Dt 30.1-10; Rm 11.25-31). Os versículos 47 a 49 falam da invasão romana no ano
70, sob o comando de Tito. Os versículos 63 a 67 descrevem o judeu na atualidade.
O capítulo 28 deixa Israel onde a nação se encontra hoje - “disperso” (versículo 64). E
assim sucede. Moisés fala a Josué, seu assistente pessoal durante a peregrinação.
Ele foi um dos espias, aquele que ousou crer em Deus. Estava agora com 80 anos e
Moisés lhe entrega a liderança desse grande povo. Leia suas palavras em
Deuteronômio 31.7,8. A exortação que Moisés fez ao povo e a Josué baseava-se em
um grande fato: “O Senhor é contigo; sê forte”. Quando Deus está presente, não há
base para o medo. Esse venerável ancião, de 120 anos de idade, é um testemunho
da graça de Deus. Ele entoa um cântico para Israel (capítulo 32). Moisés tinha
celebrado a libertação de Israel do Egito com um cântico (Êx 15), e agora encerrava a
obra da sua vida com outro cântico. Ele escreveu um terceiro, que conhecemos como
o Salmo 90. Os cristãos sempre tiveram um cântico, e no céu, pelos séculos sem fim,
todos cantarão.
Depois do cântico e das palavras finais de bênção, Moisés subiu ao cimo do monte
Nebo e de lá Deus mostrou-lhe a terra prometida para a qual ele teve o rosto voltado
por tanto tempo. Ali morreu e Deus enterrou seu servo no vale. “Deus sepulta o
obreiro, mas leva avante a obra”. Quer Moisés mesmo tenha escrito Deuteronômio 34
mediante revelação ou Josué mais tarde o tenha acrescentado, não importa. Moisés
subiu ao monte, viu a terra prometida e nunca mais voltou. Sabemos que ele morreu
ali e que o Senhor o enterrou. Ninguém sabe onde. Alguém disse: “Deus sepultou a
sepultura dele.” Por que a sepultura de Moisés foi escondida? Sem dúvida, ela se
teria tornado em objeto de idolatria supersticiosa. Deus não é mau, e sim justo e
benevolente para com todos inclusive com seu povo em todo o tempo. Deus é o Deus
de Israel incontestavelmente.
Estas fomentações teológicas são relevantes para tudo o que discorremos nesta
disciplina. O Pentateuco alista uma série de ações e relatos riquíssimos e simples de
se compreender e até os nossos dias permanecem irremovíveis para os judeus. Para
os cristãos, Cristo cumpriu toda a Lei, nos trazendo o acesso ao Pai pela sua
humildade e obediência. Porém, seu desvendamento no Novo Testamento é
manifestado em Jesus Cristo. Mesmo assim, os escritos do Pentateuco reservam uma
essência no contexto teológico de santidade, obediência, temor, zelo, cuidado e
normas para o povo escolhido que separa para sua vontade. SHALOM.
BUCKLAND, A. R.; WILLIAMS, Lukyn. Dicionário bíblico universal. 2.ed. São Paulo:
Vida, 2007.
MEARS, Henriquetta C.- Estudo Panorâmico da Bíblia. Flórida (EUA): Ed.Vida, 1991.
DIAS, Flávio da Silva & DIAS, Valquíria Anselmo. Uma síntese da bíblia livro á livro,
artigo acadêmico Antigo Testamento, Pindamonhagaba, 2007.
PRATT, Richard L. Jr. (Org.). Bíblia de estudo de genebra. 2ª ed. São Paulo: Cultura
Cristã, 2009.
Fontes Eletrônicas
DIAS, J. & Graça Veríssimo Dias. Pentateuco - os cinco livros de Moisés - artigo
disponível em <http://www.santovivo.net/gpage168.aspx>.