Acp - Petição Inicial - Saneamento - Embasa

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

COMARCA DE SALVADOR - BA.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, por intermédio das


3ª e 5ª Promotorias de Justiça do Meio Ambiente de Salvador, pelos seus
promotores de Justiça abaixo assinados, com endereço para intimações na
Avenida Joana Angélica, nº 1.312, 2º andar, salas 204 e 206 – Nazaré,
Salvador/BA, CEP: 40.050-001, Telefax: (71) 3103-6480/6832, dando
cumprimento a sua função institucional de zelar pela defesa dos interesses e
direitos difusos, diante do quanto previsto nos artigos 129, inciso III, e 170, VI,
da Carta Magna Brasileira, com fulcro no artigo 138, inciso III, da Constituição
do Estado da Bahia e, ainda, nos artigos 25, inciso IV, alínea “a”, 72, inciso IV,
alínea “b” e 3º, respectivamente, das Leis Orgânicas Nacional e Estadual do
Ministério Público - Lei Federal nº 8.625/93, Lei Complementar Estadual nº
11/96, na Lei Federal nº 7.347/85 e, considerando as informações coletadas
nos procedimentos ministeriais nºs 003.0.29057/2013, 003.0.236107/2014,
003.0.40805/2015, 003.0.135564/2015 e 003.0.6991/2016 (Anexo 01), vem,
perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE,


COM PEDIDO DE TUTELA DA EVIDÊNCIA, EM CARÁTER
LIMINAR, E PRETENSÃO CONDENATÓRIA EM
OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE REPARAÇÃO DE DANO
AMBIENTAL, em face de:

1 - EMPRESA BAIANA DE ÁGUAS E SANEAMENTO S/A -


EMBASA, doravante denominada Primeira Acionada, CNPJ
13.504.675/0001-10, com endereço na 4ª avenida, 420, Centro Administrativo
da Bahia (CAB), CEP 41.745.300, a ser citada através do seu Presidente, Dr.
Rogério Cedraz;

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2 - ESTADO DA BAHIA, adiante denominado Segundo
Acionado, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nº
13.937.032/0001-60, com endereço na Governadoria do Estado, situada na 3ª
Avenida, 390, Plataforma IV, Ala Sul – Centro Administrativo da Bahia (CAB),
CEP 40.301-155, a ser citado através do Excelentíssimo Senhor Procurador-
Geral do Estado, na pessoa do Dr. Paulo Moreno Carvalho, com endereço na
Procuradoria-Geral do Estado, situada na 3ª Avenida, 390, Plataforma IV, Ala
Sul – Centro Administrativo da Bahia (CAB), CEP 41.745-005, telefone (71)
3115-6785, na forma do artigo 242, §3º, do novo CPC;

3 - MUNICÍPIO DE SALVADOR, doravante denominado Terceiro


Acionado, pessoa jurídica de direito público interno, com endereço à Praça
Municipal. s/nº, Palácio Thomé de Souza – Centro, CEP: 40.020-010,
Salvador/BA, pela Excelentíssima Senhora Procuradora-Geral do Município,
na pessoa da Drª. Luciana Rodrigues Vieira Lopes, com endereço na Travessa
D’Ajuda, 02, Edifício Sul América, 1º andar, Centro, Salvador/BA, CEP: 40.020-
030, na forma do artigo 242, §3º, do novo CPC, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

DOS FATOS:

Os fatos foram apurados no bojo dos procedimentos ministeriais antes


referidos (Anexo 01), instaurados pelo Autor, com vistas a apurar quais ações
as ora Acionadas estariam promovendo para equacionar adequadamente,
ainda que de forma progressiva no tempo, a problemática dos denominados
“Trechos Críticos” do esgotamento sanitário nesta capital, grave questão que
impede a universalização desse tão importante serviço público para a
população soteropolitana, sobretudo, para as camadas mais desfavorecidas,
além de provocar a poluição dos outrora vistosos cursos d’água da cidade,
transformados, hoje, em transportadores de resíduos orgânicos in natura, e de
causar forte poluição das ainda belas praias da cidade, infelizmente
contaminadas, em grande extensão, por dejetos orgânicos e coliformes fecais.

Mas, o que seriam os chamados “Trechos Críticos” para esgotamento


sanitário?

De acordo com relatório produzido no ano de 2006 pela Primeira


Acionada (Anexo 02), “Trechos Críticos” são aquelas áreas da cidade nas
quais se constata a ocupação humana irregular e desordenada, onde os
elementos mínimos de urbanização não se fazem presentes, onde a
degradação das condições de vida imperam. No dizer do próprio relatório
mencionado:

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“Em suas intervenções realizadas o Programa tem
enfrentado desafios que dificultam e, em certos
casos, impedem a implantação do sistema de
esgotamento sanitário. De uma maneira geral
essas dificuldades são decorrentes principalmente
da forma de ocupação das áreas de periferia,
constituídas basicamente de população de baixa
renda. Essas áreas caracterizam-se pela elevada
densidade, precário sistema viário, topografia
acentuada, urbanização insuficiente, habitações
singelas e inexistência ou deficiência do sistema de
drenagem e coleta de lixo” (Grifado).

Em demonstração visual:

Àquela época, ano de 2006, a Primeira Acionada encaminhou ao Autor


o relatório referido acima, no qual demonstrava ter mapeado a existência de 35
(trinta e cinco) “Trechos Críticos”, distribuídos por 13 (treze) bacias
hidrográficas da cidade, apontando uma série de intervenções a serem
implementadas para equacionar a questão, indicando, ainda, a imperiosa
necessidade de ser elaborado “projeto detalhado em que sejam
compatibilizados os sistemas viários, de águas pluviais e esgotamento
sanitário” (Pág. 07 do Anexo 02).

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Entretanto, passados mais de 10 (dez) anos, Preclaro(a) Julgador(a),
nenhuma das medidas propostas sequer saiu do papel, permanecendo no
“mundo do deveria ser”, o que levou à Primeira Acionada a desenvolver uma,
diga-se assim, engenhosa técnica, denominada “Captação de Tempo Seco”,
mediante a qual passou a desviar os cursos d’água contaminados por dejetos
orgânicos in natura, para tanto, construindo barramentos em seus respectivos
leitos, bombeando-os para “estações de reversão” e daí para a estação de
tratamento de esgoto situada no bairro do Rio Vermelho, para finalmente,
serem despejados em alto mar, por intermédio de emissário submarino.

Algumas observações se impõem, Senhor(a) Magistrado(a), no presente


momento, em face do desenvolvimento de tão temerária técnica:

a) o comprometimento de bem ambiental importantíssimo, os


cursos d’água desta cidade, posto que transformados em
verdadeiros esgotos a “céu aberto”, com todo o dano
consequente, inclusive, geração de forte odor fétido em
diversos locais de Salvador;

b) o comprometimento da saúde pública, visto que serviços de


esgotamento sanitário deficientes são vetores de inúmeras
graves doenças;

c) a saturação da capacidade do emissário submarino até então


existente (situado no Rio Vermelho), visto que, junto com os
dejetos orgânicos desviados, vai junto todo o volume de água
dos próprios rios, o que, ressalte-se, forçou a construção de
um segundo emissário submarino em Salvador, no bairro de
Jaguaribe, ao custo de centenas de milhões de reais;

d) ao revés de se investir em ações de ordenamento urbano,


ainda que progressivas no tempo, prefere-se permitir que rios
antes limpos e fornecedores de água bruta ao sistema de
abastecimento da cidade a um custo irrisório, sejam
completamente degradados, tornando-se esgotos a “céu
aberto”, como já dito, para após, serem barrados, desviados e
bombeados 24 (vinte e quatro horas) por dia contra a
gravidade, a um custo altíssimo de energia elétrica, para uma
estação de reversão, em seguida, para uma estação de
tratamento, para, por fim, seguirem ao mar através de
emissário submarino, conforme aconteceu com o Rio Pituaçu
desta cidade, que em apenas 10 (dez) anos (2003 a 2013)
passou de fornecedor de água ao sistema de abastecimento
mantido pela Primeira Acionada, a curso d’água morto,

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desviado, captado e encaminhado ao mar como se esgoto
fosse.

Mas não é só: a “Captação de Tempo Seco” é assim denominada


justamente porque só pode acontecer em períodos completamente sem
chuvas, porquanto, quando essas acontecem, o volume de água dos rios
obviamente aumenta, de forma que conseguem ultrapassar facilmente os
barramentos implantados, seguindo a água, com toda a sujeira que transporta,
o seu curso natural em direção às praias de Salvador, ocasionando o total
comprometimento desse sistema. A consequência é a severa poluição das
praias da cidade, conforme se vê nas imagens abaixo:

A situação é tão crítica que a sistemática das “Captações de Tempo


Seco” chegou a merecer destaque negativo no próprio Plano Municipal de
Saneamento Básico de Salvador - PMSB, posto em vigor por intermédio da Lei
nº 7.981/2011, publicada no Diário Oficial do Município no dia 1º/06/2011
(Anexo 03), visto que abertamente reconhecido que tal técnica ocasiona efeitos
deletérios aos cursos d´águas urbanos, conforme se demonstra a seguir:

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“2.3.5.3 Captações de tempo seco:

Com o objetivo de despoluir as praias de Salvador,


atualmente encontram-se integrados ao SES dessa
Cidade vários pontos de captação de tempo seco.
As captações em tempo seco foram criadas como
soluções temporárias que utilizam os rios como vias
naturais de condução de esgoto, tendo como
resultado a integração destes ao sistema de
esgotamento sanitário, legitimados em sua condição
de poluição permanente.
Com vazões variando de cerca de 1l/s a cerca de
3m3/s, a grande maioria das captações operam por
gravidade, mas, mesmo assim, implicam em custos
adicionais de operação e manutenção. A captação
de maior porte constitui-se na reversão Iguatemi,
localizada no rio Camarugipe, nas proximidades da
Estação Rodoviária e do Shopping Iguatemi. Com
vazão estimada em cerca de 3m3/s, a unidade opera
por gravidade, revertendo o fluxo dos esgotos e da
drenagem que circulam no referido Rio, para a ECP
do Rio Vermelho.
Considerando que tal procedimento culmina por
consolidar a degradação dos rios, torna-se
imperiosa a adoção de medidas concretas para
abandonar essa prática, como a implementação
de interceptores e emissários ao longo dos rios,
a urbanização de trechos críticos, além da
ampliação e ativação da rede de esgotamento
sanitário em áreas ainda não atendidas ou
precariamente atendidas. Essas ações devem
estar articuladas com a adoção de uma política de
educação ambiental, que vise conscientizar a
população quanto à necessidade de interligar-se à
rede de esgotos apropriada, ao adequado uso do
sistema condominial e à proteção e cuidado com os
rios.” Grifado. (Anexo 04).

Outrossim, apesar de todos os prejuízos sociais, ambientais e de saúde,


ocasionados pela adoção da prática da “Captação de Tempo Seco”, caso
tivesse sido a mesma implementada como uma solução emergencial,
temporária, como insistentemente alegam os Acionados, haveria de se ter
alguma paciência com a sua utilização, como efetivamente se teve, em vista da

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evidente complexidade para resolução dos chamados “Trechos Críticos”. No
entanto, o que não se pode admitir é a consolidação da prática, pois
extremamente danosa e de efeitos fortemente deletérios, como pretendem os
Acionados.

A respeito da temática, o Engenheiro Sanitarista Francisco Chagas Filho


elaborou elucidativo infográfico, encartado nos autos da investigação civil e
abaixo reproduzido:

Ocorre, contudo, que como os Acionados simplesmente não adotam


qualquer medida para enfrentar e resolver a calamitosa realidade que se
observa não só na Bacia do Rio Camarajipe, como demonstra o infográfico
acima, mas em todo o território municipal, tal “solução técnica” que deveria ser
temporária, vem se tornando, em realidade, permanente, ocasionando graves
prejuízos à coletividade soteropolitana, com o que não se pode concordar em
hipótese alguma.

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Para piorar, além de deixarem de adotar as medidas necessárias para
enfrentar e resolver aqueles 35 (trinta e cinco) “trechos críticos” apontados em
2006, os Acionados, de forma irresponsável, permitiram ainda que a absurda
situação se espalhasse por dezenas de outras localidades, de forma que
atualmente existem, no mínimo, mais de 100 (cem) “trechos críticos” para
esgotamento sanitário na cidade, consoante consignado em audiência
realizada no dia 25 de abril de 2013, cujo termo segue anexo (Anexo 05).

Como consequência dessa inação, no lapso temporal de 10 (dez) anos,


ao revés de também acontecer a esperada e necessária desativação das
“Captações de Tempo Seco” instaladas em Salvador, ocorreu um absurdo
incremento na utilização da “técnica”, o que significa que mais cursos
d’água passaram a ser utilizados para esgotar dejetos sanitários in natura.

Frise-se que o Autor vem tentando, ao longo desses anos, construir


uma linha de diálogo com os Acionados, visando estabelecer, ao menos, um
conjunto de políticas e de planos para enfrentar a grave questão, para tanto,
utilizando-se de prerrogativa legal insculpida na Lei nº. 7.347/1985 resolveu
instaurar o Inquérito Civil nº. 003.0.29057/2013 (Anexo 01), através do qual
passou a cobrar dos Acionados a adoção de medidas integradas de
intervenção nos “trechos críticos” objetivando resolvê-los definitivamente, bem
como viabilizar a desativação paulatina da “captação de tempo seco”.

Imperativo ressaltar que no curso da investigação civil, os


representantes dos Acionados sempre argumentaram sobre as dificuldades
técnicas e orçamentárias, bem como da falta de estrutura de pessoal, para se
obter a resolução simultânea para todos os “trechos críticos” de esgotamento
sanitário na cidade, motivo pelo qual aquieceu o Autor com a elaboração de
um projeto-piloto a ser implantado na Sub-Bacia do Alto Pituaçu, o qual
deveria servir de modelo de resolução da problemática para as demais bacias
hidrográficas da cidade.

Para tanto, deliberou-se por criar, em 17 de julho de 2013, um Grupo de


Trabalho Intergovernamental, integrado por todos os órgãos estaduais e
municipais com atuação em esgotamento sanitário, bem como pelo Ministério
Público, com vistas a desenvolver o referido projeto-piloto (Anexo 06).

O referido Grupo de Trabalho, ao fim de 02 (dois) anos, estudou, discutiu


e elaborou um detalhado diagnóstico dos principais problemas que impediram
a execução integral do projeto de saneamento implantado parcialmente na
Sub-Bacia do Alto Pituaçu, concluindo pela necessidade de se obter uma
intervenção integrada nos 06 (seis) “trechos críticos” então mapeados,
envolvendo obras de esgotamento sanitário, implantação de drenagem pluvial,
contenção e estabilização de encosta, pavimentação, iluminação pública,

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dentre outros, tudo resultando na produção de um Termo de Referência (Anexo
07), capaz de embasar a contratação dos projetos técnicos específicos pela
Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR, órgão estadual à época
encarregado de gerenciar de maneira macro as questões de saneamento
básico no Estado, conforme se depreende do Termo de Reunião, realizada em
03 de dezembro de 2014 (Anexo 08).

Ocorre que em 11 de dezembro de 2014, foi sancionada a Lei Estadual


nº 13.204, que modificou a estrutura organizacional da Administração Pública
do Poder Executivo Estadual, para, dentre outros, criar uma Secretaria de
Infraestrutura Hídrica e Saneamento – SIHS, que absorveu parte das
atribuições e competências da área de Saneamento Básico no Estado, cuja
distribuição se deu de tal forma confusa que, decorridos quase 02 (dois) anos
de esforços, reuniões, telefonemas, conversas, não se conseguiu definir qual
órgão deveria assumir a gestão do projeto elaborado.

E foi diante desse quadro caótico que se viu o Autor obrigado a trazer
ao conhecimento do Poder Judiciário a grave problemática, com vistas a
obrigar às Acionadas a adotar as medidas administrativas adequadas para
solucionar de uma vez os denominados “trechos críticos” para esgotamento
sanitário, bem como desativar todas as “captações de tempo seco”
instaladas nesta capital, a fim de que passem a proporcionar a universalização
de serviços básicos de esgotamento sanitário à comunidade soteropolitana, em
especial, à camada mais desfavorecida, obtendo, ainda, como consequência, a
recuperação ambiental dos cursos d’água e a total balneabilidade das praias.

A situação de forte poluição ambiental hoje observada, bem como de


falta de atendimento completo e adequado à população dos serviços de
esgotamento sanitário, se demonstra também pelas reiteradas provocações
que a sociedade encaminha ao Autor, convertidas nas investigações
ministeriais abaixo elencadas:

a. Inquérito Civil nº 003.0.6991/2016 (5ª Promotoria de Justiça do Meio


Ambiente) - Sra. Vilma Batista da Mota, moradora da Rua Areal de Cima,
Bairro Dois de Julho, nesta cidade, comunicou a ocorrência de ameaça à
saúde pública decorrente do esgoto sanitário canalizado na rede de drenagem
no Bairro Dois de Julho, que estaria poluindo trecho da Baía de Todos os
Santos, requerendo, portanto, providências ao Ministério Público (Anexo 01).

b. Inquérito Civil nº 003.0.236107/2014 (5ª Promotoria de Justiça do


Meio Ambiente) - o Conselho de Moradores de Sussuarana Velha e
Adjacências, com sede na Rua Paulo César de Oliveira, nº 16, Sussuarana,
nesta cidade, requer providências ao Ministério Público visando a melhoria no

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sistema de esgoto a “céu aberto” na parte baixa da Rua Paulo César de
Oliveira, no Bairro de Sussuarana Velha (Anexo 01) .

c. Inquérito Civil nº 003.0.135564/2015 (5ª Promotoria de Justiça do


Meio Ambiente) – a Associação de Moradores Sociedade Novo Marotinho, com
sede na Estrada Velha do Aeroporto, Km. 05, Rua Olavo Bilac, nº 01, nesta
cidade, requereu providências ao Ministério Público visando garantir aos
habitantes do Bairro do Novo Marotinho o direito aos serviços de saneamento
básico, especialmente no que tange ao esgotamento sanitário da localidade
(Anexo 01).

Veja-se, neste caso particular, que a citada associação de moradores


trouxe fotografias das ruas do Bairro do Novo Marotinho, nas quais se observa
a calamidade do esgoto sanitário correndo a céu aberto e os efeitos deletérios
dessa nefasta prática tão comum nas cidades brasileiras. Com efeito, instada
a manifestar-se a Primeira Acionada, apresentou as seguintes informações,
encartadas aos autos (Anexo 09):

“Em resposta ao ofício nº 178/2013, Rep. Nº


33950/2013, de 04 de março de 2013, sobre a
reclamação de obstrução do sistema de
esgotamento sanitário da Travessa Espírito Santos,
nº 20, Bairro do Novo Marotinho, informamos que
não se trata de sistema de coleta de esgotos
domésticos construído pela EMBASA, através do
contrato 356/08 da Ampliação do Sistema de
Esgotamento Sanitário de Salvador, bacias Águas
Claras, Trobogi e Cambunas.
A rede coletora onde ocorre a obstrução foi
executada pelos próprios moradores e passa por
baixo de algumas residências que foram construídas
de forma desordenada no solo, faltando espaço
suficiente para garantir a manutenção do sistema
implantado pelos próprios moradores.
Para implantar um sistema de coleta de esgotos
domésticos, não somente na rua em questão, mas
no bairro do Novo Marotinho, é necessária a
intervenção dos órgãos responsáveis pelo
planejamento e ordenamento do uso do solo, para
criar áreas de passagens para os sistemas a serem
implantados e assim facilitar não apenas a
implantação, mas a operação de forma eficiente dos
sistemas de coleta de esgotos.

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O bairro do Novo Marotinho está inserido na sub-
bacia G de Cambunas, mas não será atendida
justamente por falta de infraestrutura urbana
necessária e suficiente para execução e operação
do sistema.
Paulo Eduardo Pinheiro Santos
Superintendente de Obras da RMA – MX” (Anexo
09).

Consta dos citados autos, também, missiva oriunda da Primeira


Acionada, através da qual prestou os seguintes esclarecimentos (Anexo 10):

“1- É possível afirmar que, na área em questão, tal


seja na localidade Novo Marotinho, está havendo
lançamento irregular de esgoto sanitário?
Resposta: Sim, na área existe uma rede antiga de
esgoto construída pela Conder, mas que descarrega
no canal existente na rede pluvial e este, por sua
vez, no Rio Cambunas.
2- Em sendo positiva a resposta ao item 1, é
possível identificar a origem do lançamento dos
efluentes e afirmar se tal ocorrência está
ocasionando danos ao meio ambiente com poluição
a algum recurso hídrico?
Resposta: A origem repousa nas contribuições de
ligações domiciliares de forma generalizada,
ocasionando com isso o despejo do esgoto “in
natura” no recurso hídrico (Rio Cambunas).
3- Na área em questão existe rede pública de coleta
de esgotamento sanitário? Em caso positivo foi
identificado rompimento da rede, tampas de pv´s ou
de outros equipamentos quebrados, ou outras
situações semelhantes?
Resposta: Sim, existe uma rede coletora construída
pela Conder, mas hoje em condições precárias, com
poços de visitas (pv´s) sem tampas, rompimentos de
rede (tubulação).
4- Em caso positivo ao item anterior, existem no
local residências onde ainda estão pendentes as
ligações intra-domiciliares? É possível identificar as
causas desta situação? Quais as possíveis soluções
para este problema?
Resposta: Sim, existem residências pendentes de
ligações intradomiciliares, e a causa é o crescimento

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desordenado da expansão urbana (crescimento da
população). Dentre as soluções, repita-se, cabe ao
Município de Salvador realizar as obras de
infraestrutura e em seguida a Embasa realizar as
obras de sistema de esgotamento sanitário.
5- O local em tela é dotado de rede de drenagem de
águas pluviais?
Resposta: É dotado parcialmente, existe um trecho
com canal na parte baixa da área do Marotinho”
(Anexo 10).

Observe, Excelência, que no caso dessa região da cidade de Salvador,


denominada Novo Marotinho, à míngua do amparo estatal no que tange à
coleta dos esgotos sanitários, a própria comunidade executou o serviço de
construção da sua rede coletora, por óbvio, de forma precária e
desprovida das essenciais especificações técnicas.

d. Inquérito Civil nº 003.0.29057/2013 (3ª Promotoria de Justiça do


Meio Ambiente) – a Sociedade Beneficente e Recreativa Valéria Pede Socorro,
informa a inexistência de esgotamento sanitário nos logradouros Eduardo Leal,
Travessa Abaka, Rua Santa helena e Loteamento Tropical, o que foi
confirmado em audiência realizada na sede deste Parquet em 14 de setembro
de 2015, conforme se vê da Ata em anexo (Anexo 11):

“...os Representantes da EMBASA informaram que a


área dos citados logradouros está inserida em
bairro cuja densidade já é acentuada e que se
localiza em bacia distante do ponto onde a
EMBASA realiza atendimento e ainda que o
sistema ora implantado pela EMBASA não tem
capacidade de recepção desse bairro...” (Anexo
11).

Além disso, cotidianamente, matérias jornalísticas são publicadas dando


conta de verdadeiros absurdos que envolvem a problemática da má qualidade
do serviço de esgotamento sanitário na cidade, consoante se verifica daquela
publicada no sítio eletrônico http://varelanoticias.com.br/cachoeira-localizada-
no-parque-sao-bartolomeu-esta-contaminada-por-esgoto, informação trazida ao
Autor por pessoa da comunidade (Anexo 12).

Como se depreende de toda a narrativa, a situação da prestação de


serviços de esgotamento sanitário em Salvador é, em geral, calamitosa, não se
vislumbrando perspectivas de mudanças, de tal forma que, como visto acima, a
população, sobretudo a mais carente, fica à mercê da própria sorte, sujeita a

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todo tipo de contágio de doenças relacionadas à falta de saneamento básico, à
degradação dos rios e à forte contaminação das praias.

Tudo a despeito da implantação dos programas “BAHIA AZUL” e “PAC


DO SANEAMENTO”, através dos quais bilhões de reais foram aplicados nesta
cidade, sem que, entretanto, seus objetivos tenham sido plenamente
alcançados, face à falta de planejamento adequado e à efetiva cooperação
entre os entes federados com atribuição para o tema, em especial, entre os ora
Acionados, o que tem gerado graves prejuízos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, à saúde pública e ao bolso do cidadão, posto que
compelido a assumir um ônus de 80% (oitenta por cento) do valor da conta
do consumo de água pela prestação de um serviço absolutamente
inadequado de esgotamento sanitário (Anexo 13).

Cristalino, portanto, o manifesto desinteresse dos Acionados em


solucionar o gravíssimo problema dos “Trechos Críticos” e da “Captação de
Tempo Seco” nesta cidade, que afeta todos os munícipes, obrigados a
assumir a manutenção de um sistema de esgotamento sanitário
completamente ineficiente a um custo altíssimo (oitenta por cento do custo da
água consumida), além de terem que conviver permanentemente com os riscos
de contrair sérias doenças.

DOS FUNDAMENTOS:

Como sobejamente comprovado no âmbito dos procedimentos


ministeriais que instruem a presente ação, a ineficiência do sistema de
esgotamento sanitário de Salvador nos chamados “trechos críticos” provoca
a diuturna poluição dos rios, córregos e praias urbanos.

O descaso dos Acionados na prestação de tão relevante serviço público


está violando direitos, muitas vezes fundamentais, da coletividade, provocando
danos não só ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como também, à
saúde dos soteropolitanos, conforme adiante se explicitará.

1. Da responsabilidade legal dos demandados pela adequada prestação


do serviço público de esgotamento sanitário:

Eis o que dispõe o artigo 225, caput, e seu §3º, da Constituição Federal:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

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dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”.
(....)§3º. As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados”.

Por seu turno, o artigo 23, inciso VI, da Constituição Federal, determina
que é competência comum das três esferas federativas “proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”.

Já a Lei Federal nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente, define, em seu artigo 3º, inciso III, que poluição é, a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do
meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com
os padrões ambientais estabelecidos.

Em virtude dos dispositivos legais acima descritos, aliado à regra


insculpida no artigo 26, inciso I, da Constituição Federal, mediante a qual o
Estado tem a titularidade das águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito em seu território, tem-se que é dever do Estado
evitar a poluição de suas águas.

Já a Constituição do Estado da Bahia, preceitua que:

“Art. 226 - São vedados, no território do Estado:

(...)VII - o lançamento de resíduos hospitalares,


industriais e de esgotos residenciais, sem
tratamento, diretamente em praias, rios, lagos e
demais cursos d’água, devendo os expurgos e
dejetos, após conveniente tratamento, sofrer
controle e avaliação de órgãos técnicos
governamentais, quanto aos teores de poluição;

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Art. 227 - Todos têm direito aos serviços de
saneamento básico, entendidos fundamentalmente
como de saúde pública, compreendendo
abastecimento d’água no melhor índice de
potabilidade e adequada fluoretação, coleta e
disposição adequada dos esgotos e do lixo,
drenagem urbana de águas pluviais, controle de
vetores transmissores de doenças e atividades
relevantes para a promoção da qualidade de vida.

Art. 228 - Compete ao Estado instituir diretrizes e


prestar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços de saneamento básico, sempre que os
recursos econômicos ou naturais necessários
incluam-se entre os seus bens, ou ainda que
necessitem integrar a organização, o planejamento e
a execução de interesse comum de mais de um
Município.

§1º - O Estado desenvolverá mecanismos


institucionais e financeiros destinados a garantir os
benefícios do saneamento básico à totalidade da
população.”

Na mesma linha, o Plano Estadual de Saneamento Básico (Lei Estadual


nº 11.172, de 01 de dezembro de 2008), em seu artigo 9º, incisos III e IV, indica
que o Segundo Acionado cooperará com os municípios mediante a prestação
de serviços públicos de saneamento básico, através de Contratos de
Programa, celebrados com a Primeira Acionada na vigência de gestão
associada, autorizados por convênio de cooperação entre entes federados ou
por contrato de consórcio público e na execução de obras e de ações, inclusive
de assistência técnica, que viabilizem o acesso à água potável e a outros
serviços de saneamento básico.

Por outro lado, a Primeira Acionada, por força do Contrato de


Concessão celebrado entre os Segundo e Terceiros Acionados em 25 de
junho de 1929 (Anexo 14) e do atual convênio de cooperação firmado entre os
três Acionados, datado de 22 de dezembro de 2009, (Anexo 15), que poderá
conduzir a novo contrato de programa, é a prestadora do serviço de
abastecimento de água e esgotamento sanitário no Município de Salvador
e, portanto, tem o dever de manter o serviço adequado e de respeitar os
direitos dos usuários.

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Esta obrigatoriedade é prevista em diversos dispositivos de ordem
constitucional e legal, dentre eles os artigos 175, incisos II e IV, da Constituição
Federal, 6º, inciso X, e 22, ambos da Lei Federal nº 8.078/90 (Código do
Consumidor), 6º e 7º da Lei Federal nº 8.987/95 (Lei Geral de Concessões e
Permissão).

A Lei Federal de Saneamento Básico estipula que os serviços e


investimentos em esgotamento sanitário realizados pela Primeira Acionada
devem atender aos princípios da universalização, planejamento,
sustentabilidade, controle social, regulação, integralidade e
transparência.

E, de acordo com a Lei nº 8.987/95, artigo 6º, §1º, (Lei de Concessões),


para que sejam considerados adequados, devem satisfazer às condições de
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Como sobejamente demonstrado na exposição fática, em Salvador, o


serviço de coleta, transporte, tratamento e disposição de esgoto sanitário
prestado pela Primeira Acionada não pode ser considerado adequado, visto
que, de forma vertiginosa, tem-se observado o aumento dos chamados
“trechos críticos”, permitindo-se óbvia conclusão de que o serviço de
saneamento básico não é ofertado à totalidade à população, sobretudo, àquela
mais carente.

Nesse sentido, importante destacar que, não obstante a previsão da Lei


Federal nº 11.445/2007, de ampliação progressiva do acesso ao saneamento
básico a todos os domicílios ocupados e de integração das infraestruturas e
serviços com gestão eficiente dos recursos hídricos (artigo 2º, incisos I e XII),
os Acionados não demonstram a realização de investimentos para atingimento
de tais dispositivos legais, inexistindo qualquer execução de projeto que
enfrente a crescente ausência de saneamento básico nas áreas denominadas
“trechos críticos” da cidade.

Ainda nessa ordem de raciocínio, observa-se que o Decreto Estadual nº


7.765/2000, que regulamenta a Lei Estadual da Bahia nº 7.307/98, dispõe, em
seus artigos 8º e 9º, a obrigatoriedade de que todo imóvel disponha de
instalação predial de esgoto sanitário do tipo separador absoluto, para fins de
interligação à rede coletora, mesmo que tenha abastecimento de água por
fonte alternativa.

Logo, o Segundo Acionado tem o dever de zelar pela gestão das águas
que cortam o Município de Salvador, que estão sendo poluídas pela falta de
adequado serviço de esgotamento sanitário, devendo, para tanto, formular a

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política e coordenar a execução de ações de saneamento básico, através do
Sistema Único de Saúde (Lei Federal nº 8.080/90, art. 17, VI), não podendo,
portanto, ser omisso frente à atuação inadequada da Primeira Acionada,
sociedade de economia mista em que investe capital como acionista majoritário
e que integra a estrutura de sua administração descentralizada (Lei nº 2.929,
de 11 de maio de 1971, art. 3º, inciso II), motivo pelo qual, atraída a incidência
do artigo 37, §6º, da Constituição Federal, que admite a responsabilidade civil
do Estado por danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros.

Importante destacar a lição da Eminente Desembargadora Doutora


Dinalva Gomes Laranjeira Pimentel, do Tribunal de Justiça da Bahia:

“(...) as empresas estatais, quando delegatárias de


serviços públicos ou de atos de polícia (...) são a
longa manus das pessoas políticas que, por meio de
lei, as criam e lhes apontam objetivos públicos a
alcançar. A circunstância de serem revestidas da
natureza de empresa pública ou de sociedade de
economia mista não lhes retira a condição de
pessoas administrativas, que agem em nome do
Estado, para a consecução do bem comum.
(...) A Embasa - Empresa Baiana de Água e
Saneamento S.A. - Embasa - é uma sociedade de
economia mista de capital autorizado, pessoa
jurídica de direito privado, tendo como acionista
majoritário o Governo do Estado da Bahia. Foi criada
em 11 de maio de 1971 pela Lei Estadual 2.929 e
incorporou, em 1975, como subsidiárias, as
companhias até então responsáveis pela prestação
dos serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário de Salvador e do interior do
estado, as extintas Comae e Coseb. Sua missão
visa garantir o acesso aos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário, em
cooperação com os municípios, buscando a
universalização de modo sustentável, contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida e o
desenvolvimento do Estado. Agravo de Instrumento
nº 0316388-70.2012.8.05.0000. Agravante:
Município de Salvador. Agravado: Embasa.
Relator(a): Dinalva Gomes Laranjeira Pimentel.
Salvador, 11 jan. 2013. Disponível em
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/49789073/djba-

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caderno 1-14-01-2013-pg-147. Acesso em 30 agosto
de 2016.”

Por fim, ao Terceiro Acionado, consoante regra constitucional


insculpida no artigo 30, inciso V, cabe a organização e prestação direta ou sob
regime de concessão ou permissão dos serviços públicos de interesse local.
Integrado ao Sistema Único de Saúde, compete-lhe a execução dos serviços
de saneamento básico (Lei Federal nº 8.080/90, artigo 18, inciso IV, letra “d”).

Por sua relevante importância, a matéria em foco também mereceu


destaque no âmbito da legislação municipal, sendo imperioso registrar que a
Lei Orgânica do Município de Salvador disciplinou a questão em diversos
artigos ora transcritos:

“Art. 6º São princípios que fundamentam a


organização do Município:
(...)V - a defesa e a preservação do território, dos
recursos naturais e do meio ambiente;

Art. 8º Compete ao Município, em comum com a


União, o Estado e o Distrito Federal, observadas as
normas de cooperação fixadas em lei complementar:
(...)VI - proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas;
(...)VIII - promover programas de construção de
moradias e a melhoria das condições habitacionais e
de saneamento básico;

Art. 71. O Município, atendendo às peculiaridades


locais e às diretrizes estaduais e federais,
promoverá o desenvolvimento urbano através de um
processo de planejamento, levado a efeito pelo
sistema de planejamento municipal, visando aos
seguintes objetivos:
(...)
XIV - proteção, preservação e recuperação do meio
ambiente e do patrimônio cultural, de modo a
privilegiar os investimentos geradores do bem-estar
geral e a fruição de bens pelos diferentes segmentos
sociais;
(...)
Art. 220. Ao Município compete proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas, de modo a assegurar o direito de todos

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ao meio ambiente ecológico equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida das presentes e futuras gerações.
(...)
Art. 229. O Poder Executivo elaborará e operará um
Plano Diretor de Saneamento, a ser aprovado pela
Câmara Municipal e obrigatório para as empresas
concessionárias ou permissionárias dos serviços
públicos, que o deverão atender rigorosamente, não
sendo permitida a renovação da concessão ou
permissão nos casos de infrações.
(...)
Art. 236. Os lançamentos finais dos sistemas
públicos e particulares de coleta de esgotos
sanitários deverão ser precedidos no mínimo de
tratamento primário completo na forma da lei.
§1º Fica vedada a implantação de sistemas de
coleta conjunta, e águas pluviais e esgotos
domésticos ou industriais.
§2º As atividades poluidoras deverão dispor de
bacias próprias de contenção para as águas de
drenagem, na forma da lei.”

De outra banda, vale a pena trazer à lume alguns dispositivos do recém


aprovado Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador, posto em
vigor por intermédio da Lei Municipal nº 9.069/2016:

“Art. 20. São diretrizes para a conservação,


manutenção da qualidade ambiental, recuperação e
uso sustentável das águas urbanas superficiais e
subterrâneas no território do Município:
(...)
VII - estabelecimento, como fator de prioridade, da
implantação e ampliação de sistemas de
esgotamento sanitário, bem como intensificação de
ações de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos, de modo a evitar a poluição e contaminação
dos cursos d’água e do aquífero subterrâneo, em
especial nas áreas de proteção de mananciais;
VIII - adoção de soluções imediatas para as ligações
domiciliares de esgoto e para os pontos críticos do
Sistema de Esgotamento Sanitário de Salvador,
visando melhorar a salubridade ambiental, bem
como desativar as “captações de tempo seco”

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construídas nos corpos d’água principais,
promovendo a restauração dos rios urbanos e de
suas bacias hidrográficas.
(...)
Art. 95. As diretrizes para a prestação do serviço
público de esgotamento sanitário são:
(...)
IV - estabelecimento, como fator de prioridade:
a) da implantação e operação de sistemas de
esgotamento sanitário ou outras soluções
tecnicamente apropriadas, que contribuam para a
melhoria da salubridade ambiental;
b) da implantação e operação de sistemas de
esgotamento sanitário ou outras soluções
tecnicamente apropriadas nas áreas de proteção de
mananciais, em particular aquelas situadas no
entorno dos reservatórios utilizados para o
abastecimento público;
c) do controle e monitoramento das margens de
corpos d’água, para coibir o lançamento de esgotos;”

Importante frisar que a Lei nº 7.981/2011, publicada no Diário Oficial do


Município no dia 1º/06/2011, aprovou o Plano Municipal de Saneamento Básico
de Salvador - PMSB, instituindo metas e objetivos estratégicos com vistas a
alcançar a tão almejada universalização do serviço de coleta de esgoto
sanitário em toda a capital baiana (Anexo 16) e que vinculam os Acionados as
suas disposições.

Para tanto, foi instituída na citada norma municipal que:

“VOLUME II SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE


ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO DE
SALVADOR (fls. 183 do Anexo da Lei Municipal)
(...)
3.3 - OBJETIVOS, METAS E PROGRAMAS
ESPECÍFICOS DO PMSB - ÁGUA E ESGOTO
Neste tópico são propostos os objetivos, as metas e
os programas específicos do PMSB para a gestão
dos serviços públicos de abastecimento de água e
de esgotamento sanitário do Município do Salvador,
abrangendo os aspectos jurídico-institucionais,
administrativos, estruturais e operacionais.

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As metas temporais consideradas neste Plano
devem observar as seguintes definições, coerentes
com a vigência do Plano Plurianual (PPA):
- Metas de curto prazo (CP): os primeiros 4 anos;
- Metas de médio prazo (MP): de 4 a 8 anos; e
- Metas de longo prazo (LP): acima de 8 anos.
(...)
3.3.1 Objetivos estratégicos do PMSB
Do ponto de vista municipal são objetivos
estratégicos do Plano Municipal de Saneamento
Básico, a serem buscados de forma gradual:
I. Estabelecer a adequada articulação institucional
dos atores públicos, sociais e privados e demais
segmentos organizados da sociedade que atuam
nos quatro componentes dos serviços públicos do
saneamento básico;
II. Estabelecer os mecanismos e instrumentos para a
adequada articulação do planejamento e da
prestação dos serviços de saneamento básico com:
a) (...) e
b) as políticas e os planos locais e regionais de
saúde, recursos hídricos e bacias hidrográficas,
meio ambiente e inclusão social;
III. Estabelecer as estratégias e ações para
promover a salubridade ambiental, a qualidade de
vida e a educação ambiental, nos aspectos
diretamente relacionados ao saneamento básico;
IV. (...);
V. Estabelecer as diretrizes, os instrumentos
normativos e os procedimentos administrativos da
regulação e da fiscalização dos serviços de
saneamento básico;
VI. Estabelecer diretrizes para o desenvolvimento e
adoção de alternativas tecnológicas apropriadas
orientadas para métodos, técnicas e processos
eficientes, simples e de baixo custo que considerem
as peculiaridades locais e a cultura popular;
VII. Definir os instrumentos e soluções institucionais,
administrativas e operacionais sustentáveis para a
gestão e a prestação dos serviços de saneamento
básico para a população de áreas de urbanização
precária e comunidades tradicionais;
VIII. (...);
IX. (...); e

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X. Definir diretrizes para a elaboração dos estudos a
serem realizados pelos prestadores de cada serviço
e para a consolidação e compatibilização dos
respectivos planos específicos.” (Anexo 16).

Com base nessa estratégia, o PMSB, no seu Volume II, definiu 18


(dezoito) Objetivos Principais (denominados OP1 a OP18), descritos no Quadro
de Metas Principais, apresentado a seguir:

Destaca-se, ainda, que no aspecto jurídico-institucional, os objetivos do


PMSB constituem-se do propósito de instituir, implantar e consolidar os
instrumentos normativos e os mecanismos de gestão da Política e do Sistema
Municipal de Saneamento Básico de Salvador, inclusive as normas legais e
regulamentares de regulação e os instrumentos jurídico-administrativos de
delegação da prestação dos serviços de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário para a Primeira Acionada. Para tanto, foram
propostos 12 (doze) Programas, descritos nos Quadros 79 a 90, constantes
das páginas 187 a 206, do Anexo da apontada Lei municipal (Anexo 16), todos
contendo Ações/Intervenções, Situação Atual e Previsão de Implantação,
com metas de curto, médio e longo prazos estabelecidas, mas sem que,
Nobre Magistrado (a), quaisquer dessas tenham sido cumpridas pelas
Acionadas.

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Importante destacar que, ainda que autorize a exploração do serviço
público por concessionária, o Terceiro Acionado, técnica e legalmente, deverá
zelar pela qualidade do serviço, na forma disposta na Lei nº 8.987/95, artigo 29,
inciso VII, o que não está acontecendo, pois queda-se absolutamente inerte
ante a falta de eficiência da Primeira Acionada e do Segundo Acionado.

2. Dos danos ao meio ambiente e à saúde pública e da responsabilidade


objetiva e solidária dos demandados:

Como é cediço, sob o prisma legal, não há dúvida de que os Acionados


devem ser responsabilizados, solidária e objetivamente, pelos danos
ambientais, bem como serem condenados à obrigação específica de prestar o
serviço de esgotamento sanitário de forma adequada na capital baiana.

O conceito de dano ambiental está previsto na Lei nº 6.983/81, como


sendo a alteração adversa das características do meio ambiente, enquanto
que, por poluidor, entende-se o responsável, direta ou indiretamente, pela
atividade causadora da degradação ambiental; é aquele que expõe a perigo a
incolumidade humana, animal e vegetal e aquele que deixa de adotar medidas
para a preservação ou correção dos danos (artigos 3º, 14 e 15).

A relação de causa e efeito entre a falta de esgotamento sanitário e o


dano ao meio ambiente e à saúde pública já foram estudadas e demonstradas
academicamente à suficiência, razão pela qual não é necessário ser
demonstrada nestes autos. Tanto é assim que o dano ambiental por poluição
mediante o lançamento de resíduos sólidos ou líquidos em desacordo com a
lei, foi elevado à condição de crime (Lei nº 9.605/98, art. 54, inciso V), a indicar
a proteção ao bem jurídico e o reconhecimento de que a prática do preceito
proibido afeta o meio ambiente.

Firmado o nexo causal, pertinente relembrar que a responsabilidade por


dano ambiental é objetiva, conforme dispõem os artigos 225, §3º, da
Constituição Federal, e 14, §1º, da Lei n.º 6.938/81, que instituiu a Política
Nacional do Meio Ambiente, in verbis:

"Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas


pela legislação federal, estadual e municipal, o não-
cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção dos inconvenientes e
danos causados pela degradação da qualidade
ambiental sujeitará os transgressores:
(...)
IV – à suspensão de sua atividade.

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§1º. Sem obstar a aplicação das penalidades
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade".(...)”

Significa dizer sobre a desnecessidade de perquirir a atitude culposa ou


dolosa do agente causador do dano, bastando, tão somente, demonstrar-se a
relação de causalidade entre o dano experimentado pela vítima e o ato do
agente para amparar o dever de indenizar.

A responsabilidade ambiental, no caso da Primeira Acionada, é


ampliada por força do Código do Consumidor, visto que se beneficia ao
desempenhar apenas parcialmente os serviços previstos no contrato de
concessão com o Município de Salvador ao cobrar de todos consumidores
de água (Anexo 13) uma tarifa de 80% (oitenta por cento) sobre seu
consumo, a título de remuneração pelos serviços de esgotamento
sanitário, sem, em contrapartida, vir investindo adequadamente na
implantação de um esgotamento sanitário para a cidade verdadeiramente
universal.

Ademais, permitir o lançamento de esgotos e outros resíduos líquidos,


sem tratamento, a céu aberto ou em corpos de água, como permitem os
Segundo e Terceiro Acionados, porque a Primeira Acionada não os
implantou adequadamente, mesmo após decorridos oitenta e sete anos de
exploração do serviço público em Salvador, é tolerar e contribuir com a
poluição hídrica, proliferação de vetores de doenças, contaminação do lençol
freático e das águas que cortam a cidade, bem assim das praias urbanas, que
já estão em situação limítrofe de sua qualidade.

Quando, por anos a fio, a Primeira Acionada exerce o monopólio do


serviço de esgotamento sanitário em Salvador (Anexo 14) e não o executa na
forma técnica recomendada; quando o Segundo Acionado assume a tarefa de
planejar e coordenar planos e ações e não a cumpre, e quando o Terceiro
Acionado limita-se a estabelecer parcerias de papel, sem exercer na
integralidade seu papel fiscalizador, tem-se que, com as suas condutas,
concorrem para o resultado degradador do meio ambiente e
comprometedor da saúde pública, consistente na inexistência de um serviço
de esgotamento sanitário eficiente, essencial à sadia qualidade de vida do povo
soteropolitano, e à despoluição de rios e praias da cidade.

Cristalino, portanto, o manifesto desinteresse dos Acionados em


solucionar o problema crítico da ausência de canalização de esgoto sanitário

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doméstico, que afeta não apenas os moradores das regiões da cidade nos
chamados “trechos críticos” como, também, os demais munícipes que são
obrigados a conviver com os riscos de doenças que podem advir de um
esgotamento sanitário completamente inadequado, além de serem privados do
livre uso das praias urbanas, totalmente contaminadas com o lançamento in
natura de dejetos fecais e de desfrutar de cursos d’água limpos e saudáveis.

À guisa de exemplo, colaciona-se abaixo trecho do último o Boletim


da Balneabilidade das praias de Salvador emitido periodicamente pelo
Instituto do Meio Ambiente do Estado – INEMA,
(http://www.inema.ba.gov.br/servicos/monitoramento/qualidade-das-praias/)
donde se observa que quase 50% das praias urbanas são impróprias para
banho:

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Importante notar que, em regra, as praias consideradas impróprias são
justamente aquelas mais próximas às desembocaduras dos rios urbanos e
córregos, o que demonstra a total ineficiência do sistema de esgotamento
sanitário.

De observar-se que o relatório emitido periodicamente pelo órgão


ambiental do Estado, baseia-se em resolução aprovada pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, nº 274/2000:

“Art. 2º As águas doces, salobras e salinas


destinadas à balneabilidade (recreação de contato
primário) terão sua condição avaliada nas categorias
própria e imprópria.
§1º As águas consideradas próprias poderão ser
subdivididas nas seguintes categorias:
Escherichia coli – Quando em 80% ou mais de um
conjunto de amostras obtidas em cada uma das
cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,
houver:
No máximo, 200 – Excelente; 400 – Muito Boa; 800-
Satisfatória.
§4° As águas serão consideradas impróprias quando
no trecho avaliado, for verificada uma das seguintes
ocorrências:
a) Não atendimento aos critérios estabelecidos para
as águas próprias;
b) Valor obtido na última amostragem for superior a
2000 Escherichia coli;
A água contaminada por microorganismos
patogênicos ou qualquer outro vetor, não poderá
ser utilizada para lazer, uso animal, irrigação de
hortaliças, outros, pois imediatamente
contaminaria os munícipes”.

Nesse diapasão, importante também observar que o próprio PMSB, ao


discorrer sobre as 12 (doze) bacias hidrográficas de Salvador, destacou que:

“9) Bacia Hidrográfica do Rio Paraguari


Localizada no Subúrbio Ferroviário do município de
Salvador, a Bacia do Rio Paraguari, tem uma área
de 5,84 km2, o que corresponde 1,89% do território
municipal, sendo uma das menores da capital do
Estado. Encontra-se limitada ao Norte e a Leste pela
bacia do Cobre, a Oeste pela Baía de Todos os

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Santos e ao Sul pela Bacia de Drenagem de
Plataforma. Seu principal rio, o Paraguari, tem suas
nascentes em várias lagoas e áreas embrejadas e
alagadiças na região da Estrada Velha de Periperi,
em Coutos. Seu curso passa pelo bairro de Nova
Constituinte, área de ocupação espontânea, que
possui diversos imóveis situados em cima da calha
inundável, edificados em áreas ocupadas sobre o
Rio, com lançamentos de excretas humanos e
esgotos sanitários ocorrendo diuturnamente.
Segundo Consuelo Pondé de Sena, Paraguari
significa rio dos papagaios; paraguá, significa
papagaio e y (i), rio, água” (Grifado).

Não por coincidência, as praias situadas no entorno da bacia


hidrográfica do Rio Paraguari, têm sua balneabilidade completamente
comprometida, conforme se destaca do boletim de balneabilidade das praias
publicado pelo órgão ambiental estadual em 12 de agosto de 2016
http://www.inema.ba.gov.br/servicos/monitoramento/qualidade-das-praias/:

“Costa: Salvador
Boletim N°: 32/2016 / Emitido em: 12/08/2016
Ponto - Código Local da Coleta Categoria
São Tomé de Paripe - Em frente à casa Vila Maria,
ao lado da rampa de acesso à praia. Imprópria
Tubarão - Em frente ao conjunto habitacional,
próximo à antiga fábrica de cimento. Imprópria
Periperi - Na saída de acesso à praia após travessia
da via férrea. Imprópria
Penha - Situada em frente à barraca do Valença.
Imprópria
Bogari - Em frente ao Colégio da PM (antigo Colégio
João Florêncio Gomes). Imprópria”

Também consta descrito na mencionada lei municipal que aprovou o


Plano Municipal de Saneamento Básico de Salvador – PMSB, o rol de doenças
relacionadas com a ausência de rede de esgotos:

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Quadro 8.1.01 - Doenças epidemiológicas ligadas ao Saneamento Básico
Água contaminada Falta de Lixo Drenagem / inundações
esgotamento
sanitário
Febre tifoide Amebíase Cisticercose Leptospirose
Febre paratifóide Esquistossomos Cólera DDA
e
Shigeloses Ascaridíase Desinteria Hepatite A
Amebíase Giardíase Febre tifoide Sarampo
Cólera Hepatite viral tipo Filariose Rubéola
A
Hepatite viral tipo A Poliomielite Giardíase Tétano Acidental
Giardíase Meningoencefalit Leshmaniose Meningites
e
Esquistossomose Cólera Leptospirose Influenza
Ascaridíase Peste Animais Peçonhentos
bubônica
Poliomielite Salmonelose Dengue
Leptospirose Toxoplasmos
e
Gastroenterites Tracoma
Desinteria Bacilar Triquinose
Fonte: MS/2010 – Página 33 do DOM, de 1º/06/2011
Na medida em que os Acionados permitem o comprometimento da
saúde pública em vista da falta adequada de gerenciamento das questões
pertinentes ao esgotamento sanitário urbano, estão também violando um dos
direitos sociais assegurados pelo artigo 6º, da Constituição Federal, que possui
status de relevância pública, conforme preceitua o artigo 197, da mesma Carta.

Ao não implantarem de forma eficiente o saneamento básico da cidade,


os Acionados contribuem com os severos danos que estão sendo
ocasionados ao meio ambiente, perceptíveis em um simples passeio que se
faça em qualquer lugar da cidade cortada por um dos seus cursos d’água, ou
até relendo-se as “explicações” fornecidos pela própria Primeira Acionada,
como visto alhures.

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Assim, ao não agir para prevenir a ocorrência dos danos indicados,
devem assumir os Acionados o integral ônus de repará-los, através de
medidas de recuperação e conservação, que podem ser exigidas com força no
artigo 23, VI, IX, e 225, todos da Constituição Federal.

Imperativo afirmar que o sistema jurídico pátrio busca a prevenção do


dano ambiental e, se essa não for lograda, a sua reparação, tudo consistente
com os princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral,
todos recepcionados pela Carta Magna.

Ora, é cediço que o esgotamento sanitário é atividade concreta para a


prevenção do dano ambiental. É através dessa atividade que se evita a
degradação de rios e nascentes, possibilitando a maior durabilidade dos
recursos hídricos para as próximas gerações, que se protege as praias de forte
contaminação, bem como, a saúde humana, constituindo-se, inclusive, em fator
redutor de gastos públicos com saúde.

Importa referir, igualmente, os artigos 186 e 927, do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito".

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.”

3. Posições Judiciais em face do Esgotamento Sanitário:

A jurisprudência pátria já assentou de forma pacífica que:

Processo: AREsp 710072


Relator (a): Ministra REGINA HELENA COSTA
Data da Publicação: 27/09/2016
Decisão: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº
710.072 - RJ (2015/0109608-8)
RELATORA: MINISTRA REGINA HELENA COSTA

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AGRAVANTE: COMPANHIA ESTADUAL DE
ÁGUAS E ESGOTOS - CEDAE
ADVOGADOS: JAYME SOARES DA ROCHA FILHO
- RJ081852
CAIO CÉSAR FIGUEIREDO OLIVEIRA E
OUTRO(S) - RJ171539
AGRAVADO: JORGE DO AMARAL SANTOS
AGRAVADO: SANDRA MARIA DE SOUZA SANTOS
ADVOGADO: ANTÔNIO AUGUSTO DE SOUZA
MALLET E OUTRO(S) - RJ070198
DECISÃO
Vistos. Trata-se de Agravo nos próprios autos da
COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS
CEDAE, contra decisão que inadmitiu Recurso
Especial interposto contra acórdão assim ementado
(fls. 497/498e): PROCESSUAL CIVIL AÇÃO DE
RESPONSABILIDADE CIVIL. ESGOTO A CÉU
ABERTO. INTOLERÁVEL MÁ PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO. LEGITIMIDADE DA CEDAE. DANO
MORAL CONFIGURADO. VALOR INDENIZATÓRIO
QUE MERECE SER ELEVADO COMO FORMA DE
DEMONSTRAÇÃO DE QUE O JUDICIÁRIO NÃO
COONESTA AS CONDIÇÕES DE SERVIÇOS
PRESTADOS PELAS NOSSAS
CONCESSIONÁRIAS. RECURSO AUTORAL
PROVIDO - ART. 557, § 1°-A DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL APELO DA CONCESSIONÁRIA
AO QUAL SE NEGOU SEGUIMENTO COM
ESPEQUE NO ARTIGO 557 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO
ART. 557 DO CPC. AGRAVO INTERNO.
IMPROVIMENTO.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - LANÇAMENTO DE


ESGOTOS PÚBLICOS IN NATURA NOS RIOS -
OFENSA AO MEIO AMBIENTE - VEDAÇÃO
CONSTITUCIONAL - SUBMISSÃO A PRÉVIO
TRATAMENTO - PROCEDÊNCIA DA AÇÃO -
RECURSO OFICIAL IMPROVIDO.
(TJSP - Apelação Cível nº272.246-1/6 - 2ª CÂMARA
DE DIREITO PÚBLICO. Recorrente: Juiz ex-officio.
Apelados: Prefeitura Municipal de Mairinque e M.P).

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“Dano ambiental – lançamento de detritos sólidos e
esgotos sem tratamento no leito de rio – Companhia
de saneamento básico que se compromete a
implantar rede de esgotos o local – multa
cominatória estabelecida em caso de não
cumprimento do acordo – Pretendido afastamento
da sanção em razão da impossibilidade de realizar a
obra por motivos orçamentários – Inadmissibilidade.”
(AgRg. 338.015-5/9-01 8ª. Câm. De Direito Público –
TJSP – j. 20.08.2003 – rel. Des. Caetano Lagrasta).

Indenização. Concessionária. Serviço Público. Água.


Responsabilidade Objetiva. Em sede de ação de
indenização, a culpa da concessionára do serviço
público de tratamento e abastecimento de água é
presumida. Em tal hipótese, basta a caracterização
do nexo de causalidade e o dano sofrido para que se
imponha a obrigação de indenizar. Inteligência do
art. 37, 6º, da Constituição Federal c/c art. 14 do
Codecon. (TJMG – Ap. Cív. 1.0011.04.009250-1 –
Rel. Juiz Manuel Saramago – j. em 06.04.2007 –
DJU 04.07.2006)

Importante frisar que as ementas acima destacadas são apenas


exemplificativas e que repetitivas decisões judiciais, nesse mesmo sentido,
constam colacionadas à presente ação, conforme se demonstra no anexo 18.

Ante todo o exposto, depreende-se que a situação do sistema de


esgotamento sanitário de Salvador, como sobejamente comprovado de forma
documental (Anexos 01 a 17), por ser alarmantemente insatisfatória,
ineficiente, que ofende diversos dispositivos legais de cunho ambiental,
sanitarista, consumerista, bem como administrativo, precisa ser urgentemente
enfrentada, mas ante a intolerável omissão dos Acionados, resolveu-se
provocar o Poder Judiciário do Estado, visto que necessita-se de uma decisão
judicial imediata, fulminante e decisiva, para por fim à indicada lesão a direitos
da coletividade, sobretudo, daquelas comunidades situados nos bairros mais
esquecidos pelo Poder Público, onde a vulnerabilidade e a hipossuficiência
ganham a sua “roupagem” mais densa e evidente.

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DOS REQUERIMENTOS:

À lume do exposto, manifestando-se o Autor pela opção de NÃO


realização de audiência de conciliação, na forma do artigo 319, inciso VII, do
Código de Processo Civil, posto que foi essa buscada incessantemente
extrajudicialmente sem sucesso, requer-se a Vossa Excelência:

a) mandar CITAR os Acionados, por meio eletrônico, na forma do artigo


246, §2º, para os que tiverem cadastro e, subsidiariamente, de modo pessoal,
através de oficial de Justiça, na forma do artigo 242, §3º, ambos do Código de
Processo Civil, para, querendo, integrarem a relação processual e contestarem
o pedido, sob pena de confissão e revelia, nos termos do artigo 335 do Código
de Processo Civil;

b) mandar PUBLICAR o edital de que trata o artigo 21, da Lei n.º


7.347/85, combinado com o artigo 94 da Lei n.º 8.078/90, para conhecimento
dos interessados e sua eventual habilitação como litisconsortes;

c) CONCEDER, com base no artigo 6º, inciso VIII, da Lei nº 8.078/90,


aplicado à Lei nº 7.347/85, por força de seu artigo 21, a inversão do ônus da
prova, cabendo aos Acionados comprovarem, cientificamente e de forma
cabal, a inexistência de danos ao meio ambiente pelo lançamento de efluentes
não tratados em nascentes e corpos hídricos no município de Salvador, bem
como nas suas praias e a implantação de serviço adequado de coleta,
transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários,
desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente, em
todo o município de Salvador;

d) DETERMINAR a realização das intimações do Autor e termos


processuais de forma pessoal, na forma do artigo 180 do CPC, no endereço
que figura no preâmbulo desta peça, sempre que não for possível ou aplicável
a intimação eletrônica.

DO PEDIDO LIMINAR:

Como PEDIDO LIMINAR, requer o Autor se digne Vossa Excelência a


CONCEDER a TUTELA DA EVIDÊNCIA em face da gravidade da questão
posta à julgamento perante esse Nobre Juízo, na forma permitida pelo artigo
311, inciso I, Parágrafo Único, do NCPC, a ser confirmada no provimento final,
visto que as alegações apresentadas estão estribadas na farta prova
documental carreada aos autos (Anexos 01 a 17), bem como porque verifica-se
pelo conjunto de decisões judiciais colacionadas que a tese ora defendida está
assente perante o Poder Judiciário pátrio (Anexo 18), a fim de que seja
determinado:

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1 – à Primeira Acionada:

1.1 - a OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente na realização de completo


mapeamento de todos os “Trechos Críticos” para esgotamento sanitário e
“Captações de Tempo Seco - CTS” existentes nesta cidade, com indicação
precisa das suas respectivas poligonais plotadas em mapa temático construído
individualmente para cada um dos “Trechos Críticos” existentes, cuja
escala não poderá exceder a razão de 1:2.000, a ser apresentado a este Juízo
em forma de relatório circunstanciado, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar
do dia seguinte ao conhecimento da decisão desse Nobre Juízo, sob pena de
redução do percentual de 05% (cinco por cento) do valor da cobrança da
tarifa de esgotamento sanitário atribuída aos consumidores situados neste
município de Salvador/BA, redução essa que deverá incidir nas contas de
cobrança de água e esgoto dos munícipes a partir do dia seguinte ao
descumprimento do prazo acima fixado, com aumento progressivo do
percentual supra referido em mais 05% (cinco por cento) a cada novo
período de atraso de 90 (noventa) dias, até que seja atingido o percentual de
80% (oitenta por cento), que deverá perdurar até que seja inteiramente
satisfeita a obrigação estabelecida;

1.2 - a OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente na adoção, no prazo de 90


(noventa) dias, das medidas administrativas necessárias para estabelecer um
eficiente sistema de monitoramento e fiscalização das áreas onde estão
implantadas redes coletoras de esgotamento sanitário doméstico nesta
cidade, de forma que, uma vez identificada qualquer tentativa de ocupação
irregular dessas áreas, seja emitida comunicação formal da situação ao setor
competente da Terceira Acionada, a fim de que essa implemente as medidas
de controle do solo urbano adequadas, no exercício do seu Poder de Polícia,
sob pena de redução do percentual de 05% (cinco por cento) do valor da
cobrança da tarifa de esgotamento sanitário atribuída aos consumidores
situados neste município de Salvador/BA, redução essa que deverá incidir nas
contas de cobrança de água e esgoto dos munícipes a partir do dia seguinte ao
descumprimento do prazo acima fixado, com aumento progressivo do
percentual supra referido em mais 05% (cinco por cento) a cada novo
período de atraso de 90 (noventa) dias, até que seja atingido o percentual de
80% (oitenta por cento), que deverá perdurar até que seja inteiramente
satisfeita a obrigação estabelecida;

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1.3 - a OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente na indicação das medidas
necessárias e suficientes para resolver definitivamente a problemática dos
“Trechos Críticos” para esgotamento sanitário e para a desativação das
“Captações de Tempo Seco - CTS”, apontados no mapeamento previsto no
“item 1.1” acima referenciado, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a
contar do dia seguinte ao conhecimento da decisão desse Nobre Juízo, sob
pena de redução do percentual de 05% (cinco por cento) do valor da
cobrança da tarifa de esgotamento sanitário atribuída aos consumidores
situados neste município de Salvador/BA, redução essa que deverá incidir nas
contas de cobrança de água e esgoto dos munícipes a partir do dia seguinte ao
descumprimento do prazo acima fixado, com aumento progressivo do
percentual supra referido em mais 05% (cinco por cento) a cada novo
período de atraso de 90 (noventa) dias, até que seja atingido o percentual de
80% (oitenta por cento), que deverá perdurar até que seja inteiramente
satisfeita a obrigação estabelecida;

1.4 - a OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente na implementação das


medidas necessárias e suficientes para resolver definitivamente a problemática
dos “Trechos Críticos” para esgotamento sanitário e para a desativação
das “Captações de Tempo Seco - CTS”, apontados no mapeamento previsto
no “item 1.1” acima referenciado, sob pena de redução do percentual de
05% (cinco por cento) do valor da cobrança da tarifa de esgotamento sanitário
atribuída aos consumidores situados neste município de Salvador/BA, redução
essa que deverá incidir nas contas de cobrança de água e esgoto dos
munícipes a partir do dia seguinte ao descumprimento de qualquer dos prazos
acima fixados, com aumento progressivo do percentual supra referido em mais
05% (cinco por cento) a cada novo período de atraso, até que seja atingido
o percentual de 80% (oitenta por cento), que deverá perdurar até que seja
inteiramente satisfeita a obrigação estabelecida, da seguinte forma:

a) decorrido 01 (um) ano, a contar do dia seguinte ao conhecimento


da decisão desse Nobre Juízo, pelo menos 01 (um) “Trecho
Crítico” para esgotamento sanitário desta capital tenha sido
solucionado e 01 (uma) “Captação de Tempo Seco – CDS” tenha
sido desativada;
b) decorridos 05 (cinco) anos, a contar do dia seguinte ao
conhecimento da decisão desse Nobre Juízo, 50% (cinquenta por
cento) dos “Trechos Críticos” para esgotamento sanitário e 50%
(cinquenta por cento) das “Captações de Tempo Seco – CDS”,
tenham sido eficazmente equacionadas nesta capital;
c) decorridos 10 (dez) anos, a contar do dia seguinte ao conhecimento
da decisão desse Nobre Juízo, todos os “Trechos Críticos” para
esgotamento sanitário e “Captações de Tempo Seco – CDS”
existentes nesta capital tenham sido eficazmente equacionadas,.

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2 – ao Terceiro Acionado:

2.1 - a OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente na indicação a esse ínclito


Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar do dia seguinte ao conhecimento
da decisão desse Nobre Juízo, da Secretaria ou Órgão municipal competente
para atuar em face do recebimento formal de comunicação emitida pela
Primeira Acionada de ocupação irregular de solo urbano, sob pena de
pagamento de multa mensal no valor de 3% (três por cento) sobre a
arrecadação bruta mensal auferida pela Primeira Acionada neste
município de Salvador em face da prestação dos serviços de água e esgoto
aos munícipes, a qual deverá ser revertida ao Fundo Municipal de Meio
Ambiente de Salvador, ou, a sua falta, ao Fundo de Reconstituição dos
Interesses Difusos Lesados, devida até o momento do efetivo cumprimento da
obrigação estabelecida;

2.2 - a OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente na adoção de todas as


medidas administrativas necessárias para impedir ou remover as eventuais
ocupações de solo irregular em áreas críticas ao sistema de esgotamento
sanitário desta cidade, em especial, nas indicadas formalmente pela Primeira
Acionada na forma prevista no “item 1.2”, acima referenciado, sob pena de
pagamento de multa mensal no valor de 3% (três por cento) sobre a
arrecadação bruta mensal auferida pela Primeira Acionada neste
município de Salvador em face da prestação dos serviços de água e esgoto
aos munícipes, a qual deverá ser revertida ao Fundo Municipal de Meio
Ambiente de Salvador, ou, a sua falta, ao Fundo de Reconstituição dos
Interesses Difusos Lesados, devida até o momento do efetivo cumprimento da
obrigação estabelecida.

DO PEDIDO PRINCIPAL:

Como pedido principal, requer se digne Vossa Excelência JULGAR


PROCEDENTE esta Ação Civil Pública, de modo a:

a) CONFIRMAR em todos seus termos a TUTELA DA EVIDÊNCIA


concedida em caráter liminar;

b) CONDENAR os Acionados na Obrigação de Fazer consistente na


assunção das respectivas responsabilidades visando “instituir, implantar e
consolidar os instrumentos normativos e os mecanismos de gestão da
Política e do Sistema Municipal de Saneamento Básico, na forma
constante do “Plano Municipal de Saneamento Básico – Serviço de
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário”, instituído pela Lei
Municipal nº 7.981/2011, especificamente para:

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b.1 – CONDENAR a Primeira Acionada:

b.1.1 – na Obrigação de Fazer consistente no cumprimento integral, no


prazo de 02 (dois) anos, a contar do dia seguinte ao conhecimento da decisão
desse Nobre Juízo, de todas as METAS TEMPORAIS DE CURTO PRAZO de
sua responsabilidade administrativa estabelecidas nos 12 (doze) Programas
previstos no Plano Municipal de Saneamento Básico de Salvador instituído pela
Lei Municipal nº 7.981/2011(Quadros 79. 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89 e
90), sob pena de redução do percentual de 10% (dez por cento) do valor da
cobrança da tarifa de esgotamento sanitário atribuída aos consumidores
situados neste município de Salvador/BA, redução essa que deverá incidir nas
Contas de Cobrança de Água e Esgoto dos munícipes a partir do dia seguinte
ao descumprimento do prazo acima fixado, com aumento progressivo do
percentual supra referido em mais 10% (dez) por cento a cada novo período
de atraso de 01 (um) ano, até que seja atingido o percentual de 80% (oitenta
por cento), que deverá perdurar até que seja inteiramente satisfeita a
obrigação estabelecida;

b.1.2 – na Obrigação de Fazer consistente no cumprimento integral de


todas as METAS TEMPORAIS DE MÉDIO E LONGO PRAZOS de sua
responsabilidade administrativa estabelecidas nos 12 (doze) Programas
previstos no Plano Municipal de Saneamento Básico de Salvador instituídos
pela Lei Municipal nº 7.981/2011 (Quadros 79. 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87,
88, 89 e 90), nos prazos máximos estipulados nos respectivos Programas,
sob pena de redução do percentual de 10% (dez por cento) do valor da
cobrança da tarifa de esgotamento sanitário atribuída aos consumidores
situados neste município de Salvador/BA, redução essa que deverá incidir nas
Contas de Cobrança de Água e Esgoto dos munícipes a partir do dia seguinte
ao descumprimento do prazo acima fixado, com aumento progressivo do
percentual supra referido em mais 10% (dez) por cento a cada novo período
de atraso de 01 (um) ano, até que seja atingido o percentual de 80% (oitenta
por cento), que deverá perdurar até que seja inteiramente satisfeita a
obrigação estabelecida.

b.2 – CONDENAR o Segundo Acionado:

b.2.1 - na Obrigação de Fazer consistente em prestar apoio técnico à


Primeira Acionada, através da sua administração direta e/ou indireta, visando
o efetivo e integral cumprimento das METAS TEMPORAIS DE CURTO,
MÉDIO E LONGO PRAZOS estabelecidas nos 12 (doze) Programas previstos
no Plano Municipal de Saneamento Básico de Salvador) instituídos pela Lei
Municipal n 7.981/2011 (Quadros 79. 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89 e
90), sob pena de pagamento de multa mensal correspondente ao percentual de
3% (três por cento) sobre a arrecadação bruta mensal auferida pela

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Primeira Acionada neste município de Salvador, em face da prestação dos
serviços de água e esgoto aos munícipes, que deverá perdurar até que seja
inteiramente satisfeita a obrigação estabelecida, a qual deverá ser revertida ao
Fundo Municipal de Meio Ambiente de Salvador, ou, a sua falta, ao Fundo
Estadual de Reconstituição dos Interesses Difusos Lesados.

b.3 – CONDENAR o Terceiro Acionado:

b.3.1 - na Obrigação de Fazer consistente no desenvolvimento de


fiscalização sobre as atividades desenvolvidas pela Primeira Acionada para
garantir o integral cumprimento das METAS TEMPORAIS DE CURTO, MÉDIO
E LONGO PRAZOS estabelecidas nos 12 (doze) Programas previstos no
Plano Municipal de Saneamento Básico de Salvador instituídos pela Lei
Municipal n 7.981/2011 (Quadros 79. 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89 e 90)
e, para tanto, apresentando relatórios semestrais pormenorizados à esse Ínclito
Juízo sobre o cumprimento, ou não, das metas retro referidas, sob pena de
pagamento de multa mensal correspondente ao percentual de 3% (três por
cento) sobre a arrecadação bruta mensal auferida pela Primeira Acionada
neste município de Salvador, em face da prestação dos serviços de água e
esgoto aos munícipes, que deverá perdurar até que seja inteiramente satisfeita
a obrigação estabelecida, a qual deverá ser revertida ao Fundo Municipal de
Meio Ambiente de Salvador ou, a sua falta, ao Fundo Estadual de
Reconstituição dos Interesses Difusos Lesado.

DAS PROVAS:

Protesta o Autor por todos os meios de prova em Direito admitidos, em


especial o depoimento pessoal dos Representantes Legais dos Acionados,
sob pena de confissão; a inquirição de testemunhas, cujo rol será
oportunamente ofertado; juntada de documentos e a realização de perícias
eventualmente necessárias, reservando-se o direito de indicar assistente
técnico e recordando o pedido de inversão do ônus da prova e o princípio do
poluidor-pagador, pelo qual deverão os Acionados arcarem com tais custos,
mesmo antecipadamente.

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DO VALOR DA CAUSA:

Dá à causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para efeitos


puramente fiscais, visto trata-se de causa de valor incomensurável.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Salvador, 07 de dezembro de 2016

Antonio Sérgio Mendes


Promotor de Justiça
3ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital

Ana Luzia Santana


Promotora de Justiça
5ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital

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