Método Aquário
Método Aquário
Método Aquário
Desse modo, o relatório a seguir conjuga trechos retirados da obra de Locke, selecionados e lidos
por todxs xs alunxs, com o acréscimo dos comentários pertinentes do professor Christy.
“(...) esforçar-me-ei por mostrar como os homens podem chegar a ter uma propriedade em várias
Professor partes daquilo que Deus deu à humanidade em comum, e tal sem qualquer pacto expresso entre
todos os membros da comunidade”.
“(...) os frutos que ela produz naturalmente e todos os animais que alimenta pertençam à
Humanidade em comum, conforme produzidos pela mão espontânea da natureza; contudo,
Ketelyn destinando-se ao uso dos homens, deve haver necessariamente meio de apropriá-los de certa
maneira antes de serem utilizados ou de se tornarem de qualquer modo benéficos a qualquer
indivíduo em particular”.
“Seja o que for que ele retire do estado que a natureza lhe forneceu e no qual o deixou, fica-lhe
Mariana misturado ao próprio trabalho, juntando-se-lhe algo que lhe pertence, e, por isso mesmo, tornando-
o propriedade dele”.
Comentário: A partir do argumento que considera que Deus forneceu todas as coisas, Locke buscará
explicar a propriedade a partir da lógica da razão.
“Aquele que se alimenta de bolotas colhidas debaixo de um carvalho ou das maçãs apanhadas nas
árvores da floresta, com toda a certeza delas se apropriou para si. Ninguém pode negar que lhe
Vinícius pertença o alimento. Pergunto então: Quando começaram a pertencer-lhe? Quando as digeriu?
Quando as comeu? Quando as cozinhou? Quando as trouxe para casa? Quando as colheu? E é
evidente que, se a colheita, de início, não as fez dele, nada mais poderia tê-lo feito.”
“Assim esta lei da razão torna o veado propriedade do índio que o matou; permite-se que
pertençam os bens àquele que lhes dedicou o próprio trabalho, embora anteriormente fossem
direito comum a todos. E, entre os que se consideram como a parte civilizada da Humanidade, que
fizeram e multiplicaram leis positivas para a determinação da propriedade, ainda vigora esta lei
Talita original da natureza, para o início da propriedade do que antes era comum; e em virtude dessa lei,
o peixe que alguém apanha no oceano, este grande comum da Humanidade que ainda resta, ou o
âmbar que qualquer um dele recolhe, tornam-se propriedade daquele que teve o trabalho de
apanhá-los, pelo esforço que os retira daquele estado comum em que a natureza o deixou.”
Comentário: De que modo o conceito de propriedade é construído a partir da razão? Locke discorrerá
acerca da relação entre razão e trabalho, operando a lógica da propriedade como direito natural.
Karina “A mesma lei da natureza que nos dá por esse meio a propriedade também a limita igualmente”.
Comentário: Deus não é usado por Locke como argumento teológico, mas sim como suporte para a razão
operar a partir da crença.
Relatório de atividade: método de aprendizagem Fishbowl Method, para discutir o texto John Locke –
Segundo Tratado Sobre o Governo (Capítulo V – Da propriedade)
8 de novembro de 2019
“A extensão de terra que um homem livre lavra, planta, melhora, cultiva, cujos produtos usa,
constitui a sua propriedade. Pelo trabalho, por assim dizer, separa-a do comum. Nem lhe
invalidará o direito dizer que qualquer outro terá igual direito a essa extensão de terra, não sendo
possível, portanto, àquele apropriar-se ou fechá-la sem o consentimento de todos os membros da
Aline comunidade – todos os homens. Deus, ao dar o mundo em comum a todos os homens, ordenou-
lhes também que trabalhassem; e a penúria da condição humana assim o exigia. Deus e a própria
razão lhes ordenavam dominar a terra, isto é, melhorá-la para benefício da vida e nela dispor algo
que lhes pertencesse, o próprio trabalho.
Comentário: A análise sobre propriedade deve ressaltar a diferença do conceito de posse. A lógica da
propriedade para Locke tem relação com a transformação da natureza a partir do trabalho. Em outros
termos, Locke utiliza a lógica do trabalho para deduzir as propriedades que imprimimos na natureza,
através de formas de transformação.
“Ninguém se julgaria prejudicado porque outro homem bebesse, embora fosse longo o trago, se
dispusesse de um rio inteiro da mesma água para matar a sede; e o caso da terra e da água,
quando há bastante para ambos, é perfeitamente o mesmo (...) Deus deu o mundo em comum aos
Fernando homens; mas, como o fez para benefício deles e maior conveniência da vida que fossem capazes
de retirar dele, não é possível supor tivesse em mente que devesse ficar sempre em comum e
inculto. Deu-o para o uso diligente e racional – e o trabalho tinha de servir-lhe ao direito de posse -,
não à fantasia e ambição dos brigões e altercadores”.
Comentário: A razão como ordenação da vida comum não implica do cerceamento do direito do outro,
pois Deus deu tudo em abundância. Não há que se falar em conflito, pois a transformação racional da
natureza limita-se a atuar no suficiente para a sobrevivência individual. Referência ao conceito de função
social da terra.
“A lei sob a qual o homem estava era favorável à apropriação. Deus ordenava, e as necessidades
obrigavam ao trabalho. Pertencia-lhe o que não fosse possível arrebatar-lhe, estivesse onde
estivesse. Daí se vê que dominar ou cultivar a terra e ter domínio estão intimamente conjugados.
Bruna Um deu direito ao outro. Assim, Deus, mandando dominar, concedeu autoridade para a
apropriação; e a condição da vida humana, que exige trabalho e material com que trabalhar,
necessariamente introduziu a propriedade privada”.
Comentário: Na dicotomia religião e razão, Locke não faz uso do argumento teológico como fundamento
primeiro para discorrer acerca da propriedade, aparecendo somente como substrato. Como pensar o
direito individual a propriedade a partir da lógica do trabalho?
“É verdade que, em terra que é comum na Inglaterra ou em qualquer outro país onde há muita
gente sob governo que dispõe de dinheiro e comércio, ninguém pode fechar qualquer parte do
terreno ou dele apropriar-se sem o consentimento de todos os membros da comunidade: deixa-se
esse terreno em comum por pacto, isto é, conforme as leis do país, que não se podem violar. E
Yago embora seja comum em relação a alguns homens, não o é para a totalidade, mas constitui
propriedade conjunta do país ou da paróquia. Além disso, o restante, depois de tal separação, não
seria tão bom para os demais membros da comunidade como o era o conjunto quando todo o
mundo dele podia fazer uso; enquanto que o caso era inteiramente diferente no começo e no
primeiro povoamento do grande comum do mundo.”
Comentário: A razão impõe uma lógica de pactos mútuos. Todos têm direito a propriedade, de modo que
o direito de um não colide com o de outrem, pois sob a luz da razão, não haverá conflitos. Com a razão
estará presente a pactuação.
Comentário: A natureza pela ótica da razão. O que cada indivíduo é capaz de transformar corresponde à
extensão de sua propriedade. Na vastidão dos territórios, essa transformação será mínima, de modo que
atenderá ao bem comum. Assim, Locke identifica a propriedade como um direito natural, que
corresponde, portanto, àquilo que cada um é capaz de transformar.
“Certo é que, no começo, antes que o desejo de ter mais do que precisa tivesse alterado o valor
intrínseco de tudo quanto somente depende da própria utilidade para a vida do homem, ou
tivessem concordado em que um pedacinho de metal amarelo que se conservasse sem desgaste
Paula ou decomposição equivaleria a um grande pedaço de carne ou a um monte inteiro de trigo, embora
os homens tivessem o direito de se apropriar, pelo trabalho, cada um para si, de tudo quanto na
natureza pudessem fazer uso, não poderia isto ser demasiado, nem em prejuízo de terceiros, se a
mesma abundância ainda se apresentasse aos que fizessem uso da mesma diligência”.
“Ainda mais, a extensão do terreno é de tão pouco valor sem o trabalho que ouvi dizer que na
Espanha pode permitir-se a um homem lavrar, semear e colher, sem ser incomodado, trechos da
Mirella terra a que não tem qualquer outro direito senão o de utilizá-los. Mas, ao contrário, os habitantes
consideravam-se obrigados para com aquele que, pela indústria, em terras desprezadas e por
conseguinte estéreis, veio aumentar o volume de trigo de que necessitavam”.
Comentário: Qual é o fator complicador que Locke precisa justificar ao debater a propriedade como
direito natural? A propriedade também pode se transformar em dinheiro a partir da acumulação, mas só
será propriedade se esse acúmulo corresponder ao aumento coletivo dos bens. Segundo o autor, a
transformação em algo perene, que pode ser trocado na circulação, aumentará o bem estar coletivo. Deve
identificar o vanguardismo do pensamento lockeano, que se propõe a discutir a lógica de transformação
dos bens em benefício coletivo, nos idos do século XVII. Percebe-se, nos excertos lidos, o rascunho da
teoria econômica inglesa, em que a lógica de valor também é vista como o benefício geral da
humanidade.
“(...) a mesma regra de propriedade, isto é, que todo homem deve ter tanto quanto possa utilizar,
valeria ainda no mundo sem prejudicar a ninguém, desde que existe terra bastante para o dobro
Ana
dos habitantes, se a invenção do dinheiro e o tácito acordo dos homens, atribuindo um valor à
Beatriz terra, não tivessem introduzido – por consentimento – maiores posses e o direito a elas; o que
como foi feito terei ocasião de mostrar mais detidamente na continuação deste”.
Comentário: O que é o dinheiro e como circula diante do acordo tácito de propriedade entre os homens?
“Antes da apropriação da terra, quem colhia o mais possível de frutas silvestres matava, apanhava
ou domava tantos animais quantos podia; quem assim empregava os seus esforços com relação a
qualquer produto espontâneo da natureza de maneira a alterá-los do estado em que a natureza os
dispunha, aplicando neles parte do seu esforço, adquiria por esse modo certa propriedade sobre
Nathália eles; mas se se extinguiam nas mãos dele sem emprego conveniente; se os frutos apodreciam ou
a carne se estragava antes de utilizar-se, ofendia a lei comum da natureza e estava sujeito a
punição; invadia a parte do vizinho, porque não tinha direito mais além do que o exigia o próprio
uso para qualquer deles e poderia servir-lhe para proporcionar-lhe as conveniências da vida”.
Comentário: Cumpre observar algumas peculiaridades sobre o trabalho: o dinheiro como pacto central
para acumular e aumentar o bem comum. Racionalmente, o trabalho articula-se com o direito natural de
todos usufruírem da propriedade. Já como circulação, aumenta-se o bem estar social – assiste-se à lógica
do mercado na organização do bem estar geral.
Relatório de atividade: método de aprendizagem Fishbowl Method, para discutir o texto John Locke –
Segundo Tratado Sobre o Governo (Capítulo V – Da propriedade)
8 de novembro de 2019
“As mesmas medidas regiam igualmente a posse da terra: fosse o que fosse que tratasse e
colhesse, guardasse e usasse antes de estragar-se, era o seu direito peculiar; fosse o que fosse
que cercasse e pudesse alimentar e utilizar, também dele eram o gado e a criação. Mas, se a
Rodrigo grama do cercado apodrecesse no chão ou o fruto das plantações perecesse sem que o colhesse
e guardasse, esta parte da terra, apesar de por ele cercada, tinha de considerar-se como
abandonada e podia passar à posse de terceiro.”
“E assim, sem supor qualquer domínio privado ou propriedade em Adão sobre o mundo inteiro
excluindo todos os outros homens, o que não se pode de modo algum provar, nem daí derivar a
Ana
propriedade de qualquer pessoa; mas supondo o mundo dado, como o foi, aos filhos dos homens
Beatriz em comum, vemos como o trabalho pode dar aos homens direitos distintos a várias parcelas dele
para uso privado, nos quais não haveria qualquer dúvida de direito nem lugar para controvérsia.”
Comentário: para Locke, todos poderiam produzir acima das necessidades, a ponto de apodrecer.
Entretanto, a lógica da estabilidade mútua é a de produzir somente o que se pode consumir. Através do
pacto coletivo, todos podem ter acesso à propriedade e ninguém deve produzir mais do que o necessário,
a ponto de perder e apodrecer. Pelo caminho da estabilidade mútua, a propriedade como direito natural
não colidiria com os arranjos de produção.
“Nem é tão estranho, como talvez possa parecer antes de dispensar-se a devida atenção, que a
propriedade do trabalho seja capaz de contrabalançar a comunidade da terra: porquanto é, na
realidade, o trabalho que provoca a diferença de valor em tudo quanto existe. Considere qualquer
Mariane um a diferença que existe entre um acre de terra plantado com fumo ou cana-de-açúcar, semeado
de trigo ou cevada e um acre da mesma terra em comum sem qualquer cultura e verificará que o
melhoramento devido ao trabalho constitui a maior parte do valor respectivo.”
“Não pode haver demonstração mais clara de qualquer assunto do que várias nações da América
as quais se mostram ricas em terra e pobres em todos os confortos da vida; às quais a natureza
tenha fornecido tão liberalmente quanto a qualquer outro povo todos os materiais para a
Mariane abundância, isto é, solo fértil, capaz de produzir em quantidade o que pode servir de alimento,
agasalho e diversão, entretanto, por falta de melhoramento pelo trabalho, não possuem nem um
centésimo das conveniências de que gozamos.”
Comentário: Locke retorna ao mundo contemporâneo para mostrar a propriedade como direito natural e
como pacto essencial para a bonança coletiva: ontologia do trabalho afirmada e a propriedade como raiz
da bonança.
“Isto nos mostra quanto se deve preferir a abundância de homens à extensão dos domínios; e que
a grande arte do governo consiste no aumento das terras e no uso acertado delas; e o príncipe que
Aline for tão sensato e divino que assegure mediante leis bem estabelecidas liberdade, proteção e
estímulo à indústria honesta dos homens, contra a opressão do poder e a estreiteza dos partidos,
tornar-se-á rapidamente muito duro para os vizinhos; mas disto trataremos dentro em pouco”.
Comentário: Para Maquiavel, a fonte do poder de um príncipe está na quantidade de seus súditos
satisfeitos; para Locke, está na quantidade de força de trabalho. Analisando a lógica da formação do
Estado, Locke assevera a propriedade como fundamental para que os homens não se matem uns aos
outros, e o domínio da força de trabalho como medida do poder de uma sociedade.
“É o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor à terra, sem o qual dificilmente valeria
alguma coisa; é a ele que devemos a maior parte de todos os produtos úteis da terra; por tudo isso
a palha, farelo e pão desse acre de trigo valem mais do que o produto de um acre de terra
igualmente boa mas abandonada, sendo o valor daquele o efeito do trabalho. Não é simplesmente
o esforço do lavrador, a labuta do ceifador e do trilhador e o suor do padeiro que se têm de incluir
Ketelyn no pão que comemos; o trabalho dos que amansaram os bois, extraíram e prepararam os ferros e
as mós, derrubaram as árvores e prepararam a madeira empregada no arado, no moinho, no forno
ou em outros utensílios quaisquer, que são em grande parte indispensáveis a esse trigo, desde que
foi semente a plantar-se até transformar-se em pão, terá de computar-se à conta do trabalho, e
receber-se como efeito deste (...)”
Relatório de atividade: método de aprendizagem Fishbowl Method, para discutir o texto John Locke –
Segundo Tratado Sobre o Governo (Capítulo V – Da propriedade)
8 de novembro de 2019
Comentário: Em 1776, Adam Smith escreve a obra “A riqueza das nações” e explica que não é pela
compaixão do padeiro que se produz o pão para o outro, mas sim pelo seu auto interesse. Não é o
esforço individual, mas o trabalho coletivo que atribui o valor em si (dicotomia entre trabalho concreto e
valor abstrato).
“De tudo isso, é evidente que, embora a natureza tudo nos ofereça em comum, o homem, sendo
senhor de si próprio e proprietário de sua pessoa e das ações ou do trabalho que executa, teria
Felipe ainda em si mesmo a base da propriedade; e o que forma a maior parte do que aplica ao sustento
ou conforto do próprio ser, quando as invenções e as artes aperfeiçoaram as conveniências da
vida, era perfeitamente dele, não pertencendo em comum a outros.”
Comentário: neste trecho, Locke apresenta vários aspectos da propriedade, em um argumento para
justificar o trabalho assalariado, isto é, a disposição do fruto do trabalho de um para outro.
“E as ligas que mais tarde se fizeram entre vários Estados e reinos desaprovando, expressa ou
tacitamente, qualquer direito ou reivindicação à terra na posse de terceiros, abandonaram de
comum acordo, as respectivas pretensões ao direito natural comum que tinham originariamente a
esses territórios, e assim, mediante acordo positivo, estabeleceram a propriedade, entre si, em
Talita partes e parcelas distintas da terra; entretanto, ainda se encontram largos trechos de terra que
estão desocupados – não tendo os seus habitantes vindo juntar-se ao resto dos homens no
consentimento do uso do dinheiro comum -, sendo mais extensos do que o podem aproveitar os
indivíduos que neles moram, continuando, por isso, em comum, embora raramente tal aconteça
nas regiões em que os homens concordaram com o uso do dinheiro”.
Comentário: o dinheiro aparece para justificar que a abundância oferecia por Deus, em vários momentos,
é limitada pelo Estado, de modo que tal delimitação imprime uma escassez pactuada, em via de garantir
que cada um possa vender sua propriedade. Com a escassez generalizada, o excedente que não pode ser
consumido, tem sua conversão em dinheiro pactuada.
“A tudo quanto existe de bom que a natureza fornece em comum qualquer pessoa tem direito,
conforme dissemos já, nas quantidades de que possa usar, adquirindo a propriedade sobre tudo o
que pode levar a efeito pelo trabalho; pertencia-lhe tudo aquilo a que a sua indústria era capaz de
Mariana estender-se, a fim de modificar o estado em que a natureza o dispôs. Aquele que colhia cem
alqueires de bolotas ou de maças adquiria, por esse motivo, a propriedade sobre elas; eram seus
bens logo que colhidas. Tinha somente de ter o cuidado de usá-las antes de se estragarem, para
não tomar parte maior do que lhe cabia, com prejuízo de terceiros”.
“E assim originou-se o uso do dinheiro – algo de duradouro que os homens pudessem guardar sem
Caio estragar-se, e que por consentimento mútuo recebessem em troca de sustentáculos da vida,
verdadeiramente úteis mas perecíveis.”
“Assim, no começo, todo o mundo era como a América, mais ainda do que hoje o é: porque em
parte alguma se conhecia o que fosse dinheiro. Descubra-se algo que tenha o uso e o valor do
Rian dinheiro entre os vizinhos, e ver-se-á o mesmo homem começar imediatamente a ampliar o que
possui”.
Comentário: neste trecho, há discussão abstrata com dedução dos direitos e história da gênese dos
conteúdos: crítica ao jusnaturalismo de Locke. Com o exemplo da América, Locke ilustra que o homem,
antes do pacto, possui radical felicidade, mas com pobreza, pois não há direito natural como a
propriedade.
“Os homens tornaram praticável semelhante partilha em desigualdade de posses particulares fora
dos limites da sociedade e sem precisar de pacto, atribuindo valor ao ouro e à prata, e
Rosa
concordando tacitamente com respeito ao uso do dinheiro; porque, nos governos, as leis regulam o
direito de propriedade e constituições positivas determinam a posse da terra”.
Relatório de atividade: método de aprendizagem Fishbowl Method, para discutir o texto John Locke –
Segundo Tratado Sobre o Governo (Capítulo V – Da propriedade)
8 de novembro de 2019
“Como o homem tinha direito a tudo em que fosse capaz de empregar o próprio trabalho, não
sentia a tentação de trabalhar para obter mais do que pudesse utilizar. Estas circunstâncias não
Ketelyn deixavam lugar a controvérsia com respeito ao direito, nem para usurpação do direito de terceiros;
via-se facilmente a porção que qualquer homem separava para uso próprio, e era inútil, tão bem
como desonesto, separar em demasia ou tomar mais do que o necessário”.
Comentário: a propriedade como questão crucial do liberalismo: valor pelo consenso dos homens (ouro e
prata) x trabalho, com os homens concordando com a posse desproporcional da terra.
Locke constrói uma lógica argumentativa na qual os direitos naturais, fundados no pacto social,
assentam a plena liberdade, inclusive para a venda de sua própria propriedade. A liberdade para Locke,
portanto, corresponde à propriedade; e o bem coletivo, na medida da potência dessa liberdade, permite o
arranjo de posses desigual.
Nessa toada, na lógica de Locke, a liberdade primeira é a possibilidade de alienar seu próprio
trabalho, segundo seu direito e conveniência. É exatamente a desigualdade da posse que permite que
todos possam partilhar dos benefícios gerais.
Após a decomposição analítica coletiva do Capítulo V da obra de Locke, “Da propriedade”, como
você descreveria a lógica da propriedade para o autor?