A Graça de Deus PDF
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Um Deus santo não tem nenhuma obrigação de conceder graça a pecadores, mas Ele assim o
faz segundo o bem querer da Sua vontade. Ele demonstra graça ao estender Seu favor, Sua
misericórdia e Seu amor para suprir a necessidade do ser humano. Visto que o caráter de Deus é
composto de graça e movido por bondade, Ele espontaneamente se dispõe a conceder Sua
graça à humanidade pecadora em nosso tempo de aflição. A graça de Deus pode ser definida
como “aquela qualidade intrínseca do ser ou essência de Deus, pela qual Ele, em Sua disposição
e atitudes, é espontaneamente favorável” a outorgar favor imerecido, amor e misericórdia àqueles
que Ele escolhe dentre a humanidade desmerecedora.
A graça de Deus é o fluxo constante de amor e vida que sustenta o universo e a humanidade.
"Porque assim me disse o Senhor: Estarei quieto, olhando desde a minha morada, como o ardor do sol resplandecente, como a
nuvem do orvalho no calor da sega." (Isaías 18:4, ARC09)
"porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua
geração." (Atos 17:28, ARC09)
"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe
deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém!" (Romanos 11:33-36, ARC09)
"O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do
seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas;"
(Hebreus 1:3, ARC09)
A graça de Deus é a força ativa, o poder abençoador, o impulso, o empurrão que Deus imprime
no universo e na humanidade para a existência e possibilidade do bem e do bom.
"Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo." (1 Coríntios 15:10, ARC09)
"porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem
murmurações nem contendas;" (Filipenses 2:13-14, ARC09)
"e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente." (Colossenses 1:29,
ARC09)
Na Septuaginta, uma antiga tradução das Escrituras do Antigo Testamento para a língua grega, o
termo grego traduzido por “graça” é charis que significa “graça ou favor imerecido”. As Escrituras
Hebraicas não possuem nenhum termo hebraico equivalente. Os termos originais hebraicos
traduzidos na Septuaginta por charis são chanan ou chen, que se traduzem por “graça”, “favor” ou
“misericórdia”.
Essas duas palavras hebraicas são usadas no Antigo Testamento para retratar o mesmo
significado de charis: (1) mostrar misericórdia para com o pobre (Pv 14.31); (2) proporcionar
misericórdia àqueles que invocam a Deus em tempo de angústia (Sl 4.1; 6.2; 31.9); (3)
demonstrar favor a Israel no Egito (Êx 3.21; 11.3; 12.36); e (4) conceder (Deus) Sua graça a
determinadas pessoas, tais como Noé (Gn 6.8), José (Gn 39.21), Moisés (Êx 33.12,17), e Gideão
(Jz 6.17). Além disso, a graça de Deus será derramada sobre a nação de Israel no tempo da sua
salvação (Zc 12.10).
Outros termos hebraicos, tais como, racham ou rachamim (i.e., “misericórdia”) echesed (“amor
leal” ou “bondade”) muitas vezes ocorrem juntos no texto hebraico para expressar o conceito da
graça de Deus (Êx 34.6; Ne 9.17; Sl 86.15; 145.8; Jl 2.13; Jn 4.2). Graça, amor e misericórdia
estão explicitados na aliança de Deus com o rei Davi, a qual se estendeu a seu filho Salomão
mesmo depois que este veio a pecar no decurso de sua vida (2º Sm 7.1-17).
Deus não outorgou Seu amor e graça a Israel por qualquer mérito dessa nação. Deus escolheu
Israel para que fosse o povo de Sua propriedade exclusiva através de um ato de pura graça (Dt
7.6-9).
A graça e a misericórdia também foram manifestadas a nações inteiras. O Senhor, por Sua graça,
libertou o povo de Israel da escravidão no Egito, supriu as necessidades da nação durante sua
peregrinação no deserto e lhes concedeu a terra de Canaã. O amor do profeta Oséias por sua
esposa Gômer, uma prostituta, ilustrava a graça e misericórdia de Deus para com Israel. Embora
Gômer fosse uma esposa infiel, Oséias demonstrou-lhe graça, misericórdia e amor, ao resgatá-la
do mercado de escravos pelo pagamento de um preço. Ela tipificava a nação de Israel redimida
da escravidão do pecado.
Pela graça de Deus a ímpia cidade de Nínive foi poupada da destruição ao arrepender-se de seu
pecado com a pregação de Jonas.
No Novo Testamento, o conceito de graça encontra uma expressão mais precisa, rica e completa
no termo grego charis, o qual ocorre, no mínimo, por 170 vezes. A graça de Deus assume uma
dimensão pessoal totalmente nova e se torna evidente ao ser humano nas palavras e obras do
ministério redentor de Jesus Cristo. Que prova maior da graça de Deus poderia ser dada do que
essa da salvação?
Foi o próprio Deus que, em Sua bondade e graça, tomou a iniciativa de providenciar a salvação
para o homem após a queda de Adão no pecado. A graça de Deus se revela à humanidade de
duas maneiras fundamentais:
A Graça Comum
A graça comum se refere ao imerecido favor, amor e cuidado providencial de Deus, estendidos a
toda a raça humana em corrupção, pelos quais Deus derrama Suas bênçãos sobre todos em
geral, tanto sobre os salvos quanto sobre os descrentes (Sl 145.8-9). Deus refreia Sua ira contra
a humanidade pecadora, concedendo a uma nação ou a uma pessoa o tempo necessário para
que se arrependa – o que vem a ser uma extensão da graça comum do Senhor.
A graça comum também pode ser constatada na obra do Espírito Santo, quando este move o
coração de uma pessoa ao persuadi-la(lo) e convencê-la(lo) da necessidade de buscar a
salvação por intermédio de Jesus Cristo (Jo 16.8-11).
A Graça Especial
A segunda maneira de Deus revelar Seu favor é através da graça especial, comumente
denominada de graça eficaz, efetiva ou graça salvadora. A graça de Deus é eficaz na medida em
que produz salvação na vida dos indivíduos eleitos que depositam sua fé na morte de Cristo e no
sangue que Ele derramou na cruz para remissão de seus pecados. A graça eficaz é conhecida
por experiência no momento em que Deus, pela instrumentalidade do Espírito Santo, opera de
forma irresistível na mente e no coração de uma pessoa, de modo que o indivíduo escolha
livremente crer em Jesus Cristo como seu Salvador.
Os crentes em Cristo são chamados, não segundo suas obras de esforço próprio, mas conforme
a “determinação e graça” de Deus (2ª Tm 1.9).
O apóstolo Paulo é um exemplo clássico da chamada eficaz de Deus. Ele foi chamado, não por
sua vontade, mas “pela vontade de Deus” (1 Co 1.1). Na realidade, ele tentava destruir a Igreja
até o momento em que se converteu a Cristo, conversão essa que ocorreu pela graça de Deus
(At 9).
A Demonstração da Graça de Deus
A graça de Deus se evidencia de diversas maneiras na vida de um crente em Cristo.
Graça Salvadora
A palavra salvação é um termo abrangente. Refere-se ao ato redentor de Deus pelo qual Ele, no
presente momento, redime o indivíduo da penalidade e do poder do pecado, e, no futuro, libertará
o crente em Cristo da presença do pecado na ocasião da glorificação dos salvos. A salvação é
um dom gratuito de Deus, concedido a uma pessoa em virtude da graça, por meio da fé,
independente de qualquer obra ou mérito da parte da pessoa que o recebe. No momento da
salvação, a graça imerecida e a fé do crente são dons que procedem diretamente do Senhor
àqueles que põem sua fé em Cristo (Ef 2.8-9).
A graça da salvação, oferecida na atual dispensação, inclui cada aspecto da obra redentora de
Deus em favor dos crentes em Jesus e abrange a redenção, a propiciação, a justificação, o
perdão, a santificação, a reconciliação e a glorificação para aquele que, pela fé, recebe a Cristo.
Graça Santificadora
Naquele momento em que a pessoa, pela fé, recebe a Cristo, ele (ou ela) é santificado pela graça
de Deus. A palavra santificação significa “tornar santo” ou “separar para Deus” com propósito ou
uso sagrado. A Bíblia menciona pessoas, lugares, dias e objetos inanimados consagrados (i.e.,
separados) a Deus. No que se refere a um indivíduo, a santificação pode ser definida como a
obra da livre graça de Deus através do Espírito Santo, na qual Ele separa o crente para ser
amoldado ou conforme à imagem de Cristo.
As Escrituras se referem a três estágios de santificação pela graça de Deus. O primeiro deles é o
da santificação posicional que diz respeito à posição santa do crente perante Deus,
fundamentada na redenção que Cristo efetuou a seu favor.
A palavra dom (do termo grego charisma: “dádiva ou dom da graça”) se refere a um favor que
alguém recebe gratuitamente, sem merecê-lo. Deus, por intermédio do Espírito Santo,
providenciou dons espirituais sobrenaturais com o objetivo de equipar e capacitar cada crente em
Cristo para o seu ministério [i.e., serviço] na igreja local. Não existe apenas um dom, mas, sim,
uma diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos crentes (Rm 12.6-8; 1ª Co 12.8-11; Ef
4.7,11-12; 1ª Pe 4.11).
Os crentes dispõem de “diferentes dons segundo a graça que [por Deus] nos foi dada” (Rm
12.6). Alguns crentes possuem uma abundância de dons, enquanto outros possuem apenas um
ou dois. Esses dons, ou graças, não são dons, talentos ou habilidades naturais; pelo contrário,
são dons proporcionados por Deus, os quais, através do crente, efetuam a edificação do Corpo
de Cristo, rendendo, assim, a glória que pertence a Deus.
No uso de seu dom, um crente deve se dirigir às outras pessoas com uma atitude de graça. O
apóstolo Paulo declarou: “A vossa conversa seja sempre com graça” (Cl 4.6; conforme a
Tradução Brasileira). No que dizia respeito ao serviço para o Senhor, Paulo estava equipado, não
com sua própria força e poder, mas com a graça de Deus que lhe fora outorgada. Ele
disse: “...trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”
(1ª Co. 15.10).
Graça Sofredora
Paulo resumiu isso com muita propriedade, quando escreveu: “Porquanto a graça de Deus se
manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11). Isso diz tudo. Junto com a compositora
daquele hino, cantamos: “Maravilhosa, infinita, incomparável...” é a surpreendente graça de Deus.
Notas:
1. J. Dwight Pentecost, Things Which Become Sound Doctrine, Westwood, NJ: Fleming H. Revell,
1965, p. 19.
Pergunta: "Qual é a diferença entre misericórdia e graça?"
Resposta:Misericórdia e graça são frequentemente confundidas.
Embora os termos tenham significados semelhantes, graça e
misericórdia não são a mesma coisa. Para resumir a diferença: a
misericórdia é Deus não nos castigando como merecem os nossos
pecados e a graça é Deus nos abençoando apesar de não merecermos.
Misericórdia é a libertação do julgamento, enquanto graça é estender
bondade aos indignos.
Não merecemos nada de Deus. Deus não nos deve nada. Qualquer
coisa boa que tivermos em nossas vidas é um resultado da graça de
Deus (Efésios 2:5). Graça é simplesmente um favor imerecido. Deus nos
dá coisas boas que não merecemos e que nunca poderíamos ganhar por
nós mesmos. Resgatados do julgamento pela misericórdia de Deus, a
graça é tudo o que recebemos além dessa misericórdia (Romanos 3:24).
A graça comum refere-se à graça soberana que Deus concede a toda a
humanidade independentemente da sua posição espiritual diante dele,
enquanto que a graça salvadora é a dispensa especial da graça pela
qual Deus soberanamente concede imerecida assistência divina sobre os
seus eleitos para a sua regeneração e santificação.
Misericórdia e graça são mais bem ilustradas na salvação disponível
através de Jesus Cristo. Merecemos o julgamento, mas se recebermos
Jesus Cristo como o nosso Salvador, recebemos a misericórdia de Deus
e somos libertos desse julgamento. Em vez de julgamento, pela graça
recebemos a salvação, perdão dos pecados, vida abundante (João
10:10) e uma eternidade no céu, o lugar mais maravilhoso que se possa
imaginar (Apocalipse 21-22). Por causa da misericórdia e graça de Deus,
nossa resposta deve ser cair de joelhos em adoração e ação de graças.
Hebreus 4:16 declara: "Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça
com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos
graça que nos ajude no momento da necessidade."