Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagogica

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AULA 5

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
NEUROPSICOPEDAGÓGICA NAS
DIVERSAS DIFICULDADES E
TRANSTORNOS

Prof. ª Luciana Trad


CONVERSA INICIAL

Chegamos ao ponto da intervenção. Depois de realizado um cuidadoso


processo de avaliação do indivíduo com dificuldades de aprendizagem, será
delineado um plano de ação para realizar a intervenção. Nesse plano, o
neuropsicopedagogo poderá direcionar seu trabalho para uma estimulação, um
treino ou uma reabilitação cognitiva, além de dar orientações ao indivíduo, à
família e à escola/instituição. Nesta aula, estudaremos os pontos importantes e as
peculiaridades das propostas de intervenção.

 Tema 1 – Técnicas de intervenção cognitiva


 Tema 2 – Intervenções em estratégias de aprendizagem
 Tema 3 – Intervenção neuropsicopedagógica
 Tema 4 – Jogos educativos para estimulação cognitiva
 Tema 5 – Instrumentos para intervenção cognitiva

CONTEXTUALIZANDO

Um plano de intervenção deve ser traçado juntamente com o indivíduo, os


familiares, a equipe técnica institucional e a equipe multiprofissional, com metas
estabelecidas para início, meio e fim. Pode-se realizar reformulações quando
necessárias, e readequar o planejamento futuro quando surgirem novas
demandas no processo de intervenção.
A escolha da técnica de intervenção dependerá da necessidade do
indivíduo, podendo ser a da estimulação cognitiva, a do treino cognitivo ou a da
reabilitação cognitiva. Outra escolha que se fará pertinente é a decisão sobre um
planejamento individual ou coletivo.
Aqui, apenas iniciamos os estudos sobre intervenção, assim como para
avaliação neuropsicopedagógica, precisaremos de aprofundamento teórico,
capacitação e habilidade para aplicação adequada das técnicas de intervenção,
atentando sempre para as questões éticas. Com a finalidade de melhorar ou
compensar déficits e dificuldades de aprendizagem, o neuropsicopedagogo
poderá propor alternativas para a inclusão social do indivíduo com dificuldades.

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TEMA 1 – TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO COGNITIVA

Segundo Golino e Flores-Mendonza (2016), a literatura emprega


terminologia diferenciada para descrever as técnicas de intervenção, sendo que
os termos mais utilizados são: estimulação cognitiva, treino cognitivo e
reabilitação cognitiva. Com base em estudos de literatura levantados pelas
autoras sobre a classificação dos termos, ficou entendido que, embora os termos
sejam usados como sinônimos, as intervenções diferem quanto às metodologias
empregadas.

 Estimulação mental [cognitiva] ou brain training centra-se na realização


repetida de tarefas padronizadas, geralmente no formato informatizado ou
de jogos, quanto à ausência de uma situação de aprendizagem estruturada
e direcionada. Tem como objetivo envolver o indivíduo em uma situação de
esforço mental por meio da prática e repetição de tarefas. É uma
ferramenta muito eficaz para intervenção com grupos clínicos.
 Treino cognitivo refere-se à prática guiada de um conjunto de tarefas
padronizadas que refletem determinadas funções cognitivas, tais como
raciocínio, atenção, memória, resolução de problemas, velocidade de
processamento, dentre outros. O formato unimodal está voltado para o
treino de uma habilidade específica e multimodal para o treino de várias
habilidades cognitivas. Os estímulos podem ser do tipo “lápis e papel” ou
computadorizados. Atividades da vida diária podem ser incluídas. O treino
pode ser individual ou em grupo, ou ainda, pode ser facilitado por membros
da família. Além das tarefas cognitivas, apresenta estratégias para
otimização funcional mental.
 Reabilitação cognitiva destina-se a grupos clínicos e caracteriza-se
tipicamente por envolver o paciente em uma gama de atividades gerais
(incluindo a estimulação cognitiva) e discussões (comumente realizadas
em grupos), visando à melhoria geral do funcionamento cotidiano, cognitivo
e social.

Para Gates et al. (2011, citado por Yassuda; Brum, 2015), os programas
de estimulação cognitivas envolvem os indivíduos em atividades mentais
complexas (como palavras cruzadas, exercícios de visuoconstrução, leitura e
atividades diversas oferecidas por softwares ou videogames) e tendem a ser
menos específicos. Diferentemente da estimulação, os treinos cognitivos têm
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como alvo as habilidades cognitivas específicas como memória episódica, e
costumam a oferecer instrução em estratégias mnemônicas (tais como imagens
mentais, categorização, associação face-nome).
Os treinos cognitivos podem ser apresentados em diferentes formatos,
variando em relação:

1. à modalidade de condução: sessões individuais ou coletivas;


2. a habilidades-alvo: intervenção multidomínio – delineada para estimular
habilidades cognitivas de diferentes domínios – ou unimodal – quando as
habilidades-alvo fazem parte de um mesmo domínio cognitivo;
3. ao formato dos estímulos: do tipo “lápis e papel” ou com tarefas
computadorizadas;
4. às medidas cognitivas: que podem cobrir as habilidades-alvo da
intervenção (aquelas que se pretende intervir) para investigar os efeitos de
transferência proximal (near transfer), ou as habilidades não treinadas para
investigar os efeitos de transferência distal (far transfer);
5. ao follow-up: exames de acompanhamento em longo prazo para verificar
os efeitos de durabilidade temporal da intervenção (Molino, Flores-
Mendonza, 2016).

No que tange à reabilitação cognitiva, costuma ser usada para descrever


as intervenções oferecidas a pacientes com danos cerebrais, tais como TCE,
AVC, tumores, demências, entre outras. Para Wilson (1989), a reabilitação
cognitiva refere-se a qualquer estratégia de intervenção ou técnica que torne
clientes ou pacientes e suas respectivas famílias capacitadas a conviver, manejar,
ultrapassar, reduzir ou aceitar déficits cognitivos causados por lesões cerebrais.
Estudaremos mais detalhadamente sobre reabilitação cognitiva em crianças,
adultos e idosos e pessoas com necessidades especiais na aula 6 desta disciplina.

TEMA 2 – INTERVENÇÕES EM ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

O neuropsicopedagogo, em sua prática, tem compreensão sobre as


relações entre aprendizagem e as estruturas cerebrais, assim como as
dificuldades de aprendizagem advindas de alterações cognitivas. Seu trabalho de
intervenção está pautado em minimizar as dificuldades do indivíduo, por meio da
compreensão das estruturas cerebrais envolvidas na aprendizagem humana, do
comportamento emocional, do entendimento dos transtornos neuropsiquiátricos,

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e assim estimular a novas sinapses para uma aprendizagem significativa (Lima,
2007).
A intervenção cognitiva tem como objetivo extinguir ou minimizar as
dificuldades de aprendizagem, ou ainda, ser um meio de prevenção. Por meio de
exercícios mentais e do aprendizado de estratégias cognitivas, o indivíduo tem o
potencial de melhorar ou, pelo menos, preservar o funcionamento de determinado
domínio (Golino; Flores-Mendoza, 2016).
Para Boruchovitch (2007), as intervenções em estratégias de
aprendizagem podem ser de vários tipos: cognitivas, metacognitivas, afetivas e
mistas.

 As intervenções do tipo cognitivo são voltadas para o trabalho com uma ou


mais estratégias de aprendizagem específicas (sublinhar, anotar).
 As do tipo metacognitivo são orientadas para apoiar os processos
executivos de controle, como o planejamento, o monitoramento e a
regulação dos processos cognitivos e do comportamento, já que o aumento
do conhecimento metacognitivo vem sendo pensado como uma forma de
se desenvolver o controle executivo.
 As intervenções do tipo afetivo destinam-se a controlar, modificar e eliminar
estados internos do estudante, que possam ser incompatíveis com o bom
processamento da informação.
 As intervenções do tipo mista, na qual atividades voltadas para o progresso
cognitivo, o desenvolvimento metacognitivo, a promoção e a manutenção
de um estado interno satisfatório para a aprendizagem são utilizadas de
forma combinada.

Em geral, há um predomínio das intervenções mistas (Boruchovitch, 2007),


como estratégia de aprendizagem. Relvas (2012) destaca que, no âmbito escolar,
a intervenção deve possibilitar a promoção de processos de pensamento, fazer a
relação entre as informações e situá-las em uma rede mais complexa de
significação, utilizando-se metodologias, estratégias de ensino, recursos didáticos
que provoquem estímulos neurais.
Uma proposta de intervenção mista é percebida no trabalho proposto por
Relvas (2012) para âmbito escolar, em que sugere:

A criação de projetos de leitura e escrita; ajudar os alunos a preparar


discursos e despertá-los para o debate; elaborar palavras cruzadas;
reescrever letras de música para trabalhar conceitos, como jogos de

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estratégias; utilizar informações em gráficos; estabelecer linhas do
tempo; proporcionar atividades de movimentos, desenhar mapas e
labirintos, conduzir atividades de visualização, como jogo de memória;
permitir o trabalho no ritmo de cada um; designar projetos individuais e
direcionados; estabelecer metas; oferecer oportunidades de receberem
informações uns dos outros; envolver em projetos de reflexão, utilizando-
se da aprendizagem cooperativa.

TEMA 3 – INTERVENÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA

Por intermédio da avaliação neuropsicopedagógica, realizamos a


investigação do processo de aprendizagem do indivíduo, compreendemos suas
potencialidades e suas limitações, seu vínculo com a aprendizagem e a relação
desses fatores com a família, a escola/instituição e as relações sociais. As
dificuldades podem ser decorrentes de fatores externos ou internos.
Quando a dificuldade tem como causa o fator interno (genético, alterações
no SNC), sendo de caráter funcional, chamamos de “transtornos ou distúrbios de
aprendizagem”. Quando a causa para a dificuldade de aprender é secundária a
outro problema ou é externa ao indivíduo, chamamos de “dificuldade na
aprendizagem” (Ciasca, 2003).
Diante de suas hipóteses diagnósticas, o neuropsicopedagogo deve
complementar suas impressões e achados juntamente com outros profissionais,
como o médico, o psicólogo, o fonoaudiólogo, o terapeuta ocupacional etc.;
visando aprofundar tal investigação. Depois de realizado o diagnóstico
neuropsicopedagógico, tem-se início o processo de intervenção.
De acordo com a SBNPp (2016, 2017), para elaboração do plano de
intervenção neuropsicopedagógica, sugere-se o seguinte encaminhamento.

 Contexto clínico:
- elaborar plano de intervenção traçando metas iniciais, intermediárias e
finais para avanços da aprendizagem;
- costumar-se a trabalhar duas sessões semanais;
- analisar o cumprimento de metas, comunicando os avanços à família e
à escola, bem como outros profissionais da equipe multiprofissional;
- analisar a possibilidade de alta, em casos específicos, de dificuldades
de aprendizagem transitória, salvo os casos que necessitem de
acompanhamento constante.
 Contexto escolar:
- com base nos dados e nas realidades identificados, elaborar um plano
de intervenção com pequenos grupos, em classes inteiras, ou
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individualmente, em casos específicos, estabelecendo metas iniciais,
intermediárias e finais;
- utilizar a metodologia de projetos de trabalho e oficinas temáticas,
oportunizando que os alunos desenvolvam diferentes habilidades
conforme suas individualidades, respeitando cada um, promovendo a
inclusão por meio da ação do neuropsicopedagogo;
- trabalhar com orientação de pais e professores embasados nos
conhecimentos sobre o processo de aprendizagem e suas dificuldades,
conforme dados obtidos no processo de identificação precoce em grupos
e crianças.
 Terceiro setor:
- cada instituição tem um ramo de atividades que desempenha, para,
assim, escolher as melhores formas de atendimento. O
neuropsicopedagogo deverá conhecer as características daquelas em
que vai atuar. Elas podem ser os Cras, as Ocips, ONGs, Apaes etc.;
- ele atenderá de forma coletiva, e dependendo do caso, individualmente,
para que faça encaminhamentos a outros profissionais especializados;
- como intervenção, o neuropsicopedagogo planeja e executa projetos ou
oficinas temáticas.

O neuropsicopedagogo pode recorrer a várias estratégias em seu plano de


intervenção: atividades para desenvolver e estimular a linguagem oral e escrita,
matemática, esquema corporal, lateralidade e ritmo, atenção, funções executivas
e memória de aprendizagem. Russo (2015) ressalta que “um dos papéis do
neuropsicopedagogo é trabalhar com estratégias de aprendizagem diversificadas,
definindo atividades ou operações mentais que o sujeito pode executar para
facilitar e melhorar a aprendizagem”.
A autora sugere atividades que poderão auxiliar no plano de intervenção
neuropsicopedagógica. Algumas serão apresentadas a seguir.

1. Linguagem: atividades que contemplem produção e reconhecimento de


rima, grafismo, linguagem oral, escrita; bingo ortográfico, Stop direcionado
com conceitos (substantivos, adjetivos, advérbios, verbos); e softwares
educativos (linguagem).
2. Expressão plástica: exploração de diferentes materiais (massa, tinta, argila
etc.); recorte com dedos e tesoura; confecção de objetos e maquetes
utilizando técnicas variadas de desenho, confecção de dobradura.
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3. Matemática: atividades que trabalhem com antecessor, sucessor, pares,
ímpares; noções de classes, séries, noções de números, noções espaciais,
topológicas e geométrica; organização de classes de elementos segundo
os atributos de cor, forma, dimensão, posição quantidade, textura, peso,
blocos lógicos, cálculos oral e escrito, resolução de problemas, entre outras
atividades. Blocos lógicos e uso de softwares educativos (raciocínio lógico).
4. Esquema corporal, lateralidade e ritmo: jogo imitativo, brincadeiras de
estátua (com variações), músicas com gestos imitativos (“Escravos de Jó”,
“Dona Aranha”), brincar de “Macaco Simão” (noções de direita e esquerda,
bater palmas no ritmo da música, para atenção e habilidade motoras, jogo
das Cinco Marias.
5. Coordenação motora: fazer exercícios de labirintos, recortes a dedo ou
tesoura, furar cartões com figuras, letras, numerais, formas geométricas,
fazer alinhavos, liga pontos, modelagem, colagem.
6. Grafismo: traçados livres e garatujas, desenhos livres e orientados,
reprodução de traçados regulares e precisos, percepção de formas
geométricas, aquisição de esquerda e direita no espaço geográfico
(desenhar um círculo, depois quadrado e por último um triângulo), ordem
verbal antes e depois (colorir o desenho que está antes do quadrado)

De acordo com Lima (2007):

Uma intervenção Neuropsicopedagógica Escolar, eficiente deve levar


em consideração, portanto, o nível de aprendizagem em que o aluno
está e as possíveis condições para uma intervenção significativa, que
deve ser feita coletivamente, por todos que fazem parte da escola,
através de ações pedagógicas investigativas e intencionais, de modo
que as situações de aprendizagem devam ser organizadas pela
construção de oficinas interativas, que atraiam a atenção das crianças
às múltiplas possibilidades dos conteúdos que estão sendo ensinados,
fazendo com que elas encontrem sentido, possibilidades e formas de
atingirem o conhecimento.

No contexto institucional, o neuropsicopedagogo pode trabalhar com


oficinas temáticas de acordo com as necessidades cognitivas/pedagógicas
observadas durante a avaliação.
De acordo com Anastasiou e Alves (2004, p. 96):

A oficina se caracteriza como uma estratégia do fazer pedagógico onde


o espaço de construção e reconstrução do conhecimento são as
principais ênfases. É lugar de pensar, descobrir, reinventar, criar e
recriar, favorecido pela forma horizontal na qual a relação humana se dá.
Pode-se lançar mão de músicas, textos, observações diretas, vídeos,
pesquisas de campo, experiências práticas, enfim vivenciar ideias,

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sentimentos, experiências, num movimento de reconstrução individual e
coletiva.

TEMA 4 – JOGOS EDUCATIVOS PARA ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

O jogo como instrumento de intervenção leva o profissional a conduzir,


estimular e avaliar o processo de aprendizagem. Para Antunes (2005), o jogo é
uma ferramenta ideal para aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao
interesse do aluno, possibilitando a construção suas novas descobertas. Piaget e
Vygotsky ressaltam em suas teorias a importância da utilização dos jogos no
processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Piaget (1978), “o
desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para
crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo”.
Para Piaget (1978, p. 370), os jogos têm dupla função:

 consolidam as estruturas já formadas (aprendizagens significativas);


 dão prazer e/ou equilíbrio emocional à criança. Ele classifica os jogos
em várias fases de acordo com as estruturas mentais. As crianças do
ensino fundamental I (6 a 10 anos) se encontram nas fases pré-
operatório e operatório concreto, tornando-se imprescindível o
contato com o objeto de aprendizagem o que é favorecido através da
utilização de jogos.

Segundo Lev Vygotsky (1984, p. 39): “o lúdico influencia enormemente o


desenvolvimento da criança. É através do lúdico que a criança aprende a agir, a
sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o
desenvolvimento da linguagem do pensamento e da concentração.”.
Os jogos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de
provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo
conhecimento, e principalmente despertar um desenvolvimento de uma
capacidade cognitiva.
Antunes (2005) propõe linhas de estimulação cognitiva, que podem ser
identificadas em jogos educativos.

 Estimulação verbal e linguística:


- ampliar o vocabulário do indivíduo e o domínio de maior número de
recursos para estímulo cerebral do uso da palavra como meio de
construir imagem;
- fluência verbal: ativar as formas de comunicação e de expressão,
desenvolver habilidades essenciais à linguagem, como analisar,
sintetizar, relacionar, comparar, descrever, criticar, julgar, ponderar etc.;

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- aperfeiçoamento da gramática: desenvolver de maneira correta suas
sintaxes;
- alfabetização: descoberta dos signos e de sua estrutura na construção
da palavra;
- memória verbal: recurso auxiliar para as demais linhas de estimulação
linguística.
 Estimulação lógico-matemática:
- conceituações simbólicas das relações numéricas e geométricas,
possibilitando a percepção de “grande e pequeno”, de “fino e do grosso”,
de “largo e estreito”, de “alto e do baixo”, entre outras;
- despertar a consciência operatória e significativa dos sistemas de
numeração;
- estímulo de operações e conjuntos;
- jogos operatórios, instrumentos de medida;
- estimulação do raciocínio lógico.
 Estimulação espacial:
- estimulação da lateralidade;
- orientação espaço-temporal.
 Estimulação motora:
- motricidade, associada à coordenação manual e à atenção, à
coordenação visuomotora e tátil;
- percepção de forma, tamanho e peso.
 Estimulação da inteligência pictórica:
- reconhecimento de objetos e de suas formas;
- reconhecimento das cores;
- percepção de formas e tamanhos;
- percepção de fundo;
- percepção visuoespacial.

Sugestões para construção e aplicação de jogos para fins de estimulação


cognitiva poderão ser apreciados no livro Jogos para estimulação de múltiplas
inteligências, de Celso Antunes, e de acordo com as características poderão ser
aplicados em ambiente clínico ou institucional.
O neuropsicopedagogo conduzirá o jogo conforme a proposta de
intervenção, com o objetivo de facilitar a aprendizagem de forma lúdica, entretanto
de forma estruturada.
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TEMA 5 – INSTRUMENTOS PARA INTERVENÇÃO COGNITIVA

A estimulação das funções cognitivas é proposta por diversos programas


de intervenção como uma alternativa para o tratamento das dificuldades e do
transtorno de aprendizagem. Quando ela faz parte de um programa de
reabilitação cognitiva, pode abranger maiores objetivos, pois contribui para a
formação de nova identidade do indivíduo, assim como para busca de estratégias
que facilitarão seu desempenho nas atividades da vida diária (Moura, 2012).

5.1 Estratégias metacognitivas

A metacognição refere-se ao conhecimento que se tem para perceber e


relatar os fatores internos e externos que afetam o próprio aprendizado, e, ainda,
em como agir para obter melhor desempenho com base nesse conhecimento. Sua
influência no processo de aprendizado da linguagem escrita é grande. No contexto
escolar, estratégias metacognitivas são definidas como ações mentais, com as
quais um aluno se envolve durante a aprendizagem e que facilitam a recuperação
de conhecimentos já adquiridos, potencializando a qualidade desse processo.
Assim, dificuldades no processo de aprendizagem podem estar relacionadas a
falhas na capacidade de planejamento, monitoramento e controle de
determinadas atividades acadêmicas (Nicolielo-Carrilho; Hage, 2017).
As estratégias metacognitivas dizem respeito ao conhecimento sobre os
processos cognitivos, com explicitação de estratégias de memória, resolução de
problemas, enfim, sobre o próprio conhecimento, ou seja, trata-se do
conhecimento que o indivíduo pode alcançar sobre seus próprios processos
mentais, e o efeito que esse conhecimento exercerá sobre sua conduta (Ferreira,
2012).

5.2 Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI)

O Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) foi desenvolvido em


1980 baseado na teoria da Experiência Mediada (EAM) pelo psicólogo Reuven
Feurstein, com o objetivo de otimizar o funcionamento cognitivo de cada pessoa
e corrigir as funções cognitivas deficientes, tendo em vista que funções deficitárias
dificultam ou impedem o aprendizado (Moura, 2012).
O PEI, um programa promissor no contexto da reabilitação, promove a
modificabilidade cognitiva com foco no planejamento, na metacognição
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(conscientizar, analisar e avaliar como se conhece), na transcendência do
processo, elaborado na atividade para o contexto do indivíduo (Barbosa, Nery,
2012).
O PEI desenvolve operações mentais como identificação, comparação,
diferenciação, classificação, codificação-decodificação, raciocínio analógico,
raciocínio transitivo, raciocínio hipotético, silogismo, lógica, representação mental,
transformação mental, projeção de relações virtuais, análise-síntese, inferência
lógica e pensamento divergente. O PEI é composto por vinte e um instrumentos,
divididos em duas categorias: PEI básico (voltado para crianças de 4 anos até 9
anos, idosos ou pessoas com necessidades especiais, possuindo uma série de
sete instrumentos) e PEI standard (acima de 9 anos de idade e adultos).
O PEI pode ser utilizado em instituições escolares, clínica de reabilitação e
empresas. O PEI não está destinado a um público específico, é indicado e
recomendado para todos aqueles que desejam melhorar seu desempenho
cognitivo e suas capacidades de aprender.

5.3 Uso de tecnologias no processo de intervenção cognitiva

Trata-se do uso de computadores, softwares educativos e estimulações


cerebrais (brain training), tais como Cogmed, Supera-on-line, Neurofeedback.
A SBNPp (2017) orienta que alguns programas de intervenção poderão ser
utilizados por neuropsicopedagogos desde que se tenha formação específica para
sua aplicação, tais como PEI, Cogmed, Supera-on-line e Neurofeedback.
O estudo aprofundado sobre as dificuldades de aprendizagem ligadas a
transtornos, lesões adquiridas e dificuldades específicas são requisitos
necessários para o sucesso da intervenção. O plano de intervenção será
estabelecido juntamente com o cliente, a equipe multiprofissional, a família e
equipes técnicas escolares/institucionais. O trabalho em equipe nem sempre será
fácil, porém seu conhecimento teórico, aliado ao domínio de técnicas, assim como
sua ética profissional, possibilitarão um trabalho mais harmônico, com vistas à
melhora do indivíduo em intervenção.

FINALIZANDO

Para o sucesso do trabalho de intervenção do neuropsicopedagogo, é de


fundamental importância o aprofundamento teórico sobre as dificuldades de

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aprendizagem, patologias e lesões adquiridas pelo cliente. Esse é o primeiro
passo para que o plano de intervenção seja traçado. Muitas são as estratégias e
técnicas que o neuropsicopedagogo poderá utilizar baseado nas necessidades
observadas em avaliação realizada anteriormente. Nesta aula, foi possível
diferenciar e compreender um pouco mais estimulação, treino cognitivo e
reabilitação, bem como alguns instrumentos e sua prática de intervenção no
ambiente clínico e institucional. O aprofundamento teórico sobre dificuldades de
aprendizagem, conhecimento e domínio das práticas de intervenção são
requisitos mínimos para uma intervenção de qualidade que se propõe a minimizar
ou compensar as dificuldades de aprendizagem do indivíduo, ou a otimização sua
capacidade como trabalho preventivo.

LEITURA OBRIGATÓRIA

Texto de abordagem teórica

ABRISQUETA-GOMEZ, J. Reabilitação neuropsicológica: abordagem


interdisciplinar e modelos conceituais de uma prática clínica. Porto Alegre:
Artmed, 2012.
CAIXETA, L., FERREIRA, S. B. Manual de Neuropsicologia dos princípios à
reabilitação. São Paulo: Ed. Atheneu, 2012.
RELVAS, M. P. Neurociência na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak,
2012.
RUSSO, R. M. T. Neuropsicopedagogia clínica: introdução conceitos, teoria e
prática. Curitiba: Juruá, 2015.
SOHLBERG, M. M.; MATEER, C. A. Reabilitação cognitiva: uma abordagem
neuropsicológica integrada. Tradução de M. C. Brandão. São Paulo: Santos,
2010.

Texto de abordagem prática

ANTUNES, C. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis,


RJ: Vozes, 2005.
RELVAS, M. P. Neurociência na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak,
2012.
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prática. Curitiba: Juruá, 2015.
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01-2016-agosto.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2018.
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<https://sbnpp.org.br/>. Acesso em: 18 jul. 2018.

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