Macro Econom I A

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MACROECONOMIA

autor do original
ANTONIO ELDER DE OLIVEIRA TAVARES

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2016
Conselho editorial  marta chaves, roberto paes, gladis linhares

Autor do original  antonio elder de oliveira tavares 

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gladis linhares

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  cristiane valente

Imagem de capa  ktsdesign | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

T197m Tavares, Antônio Elder De Oliveira.


Macroeconomia. Antônio Elder De Oliveira Tavares.
Rio de Janeiro: SESES, 2016.
128 p: il.

isbn: 978-85-5548-253-3

1.. Renda nacional. 2. Política econômica. 3. Inflação. 4. Emprego.


I. SESES. II. Estácio.
cdd 339

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 5

1. Fundamentos da Macroeconomia 7
1.1 Introdução 9
1.2  Características da Macroeconomia 15

2. Variáveis-chave da Macroeconomia e
Mensuração da Atividade Econômica 27

2.1  Crescimento, emprego e desemprego 29


2.2  O lado da oferta agregada: ótica do produto 35
2.3  O lado da demanda agregada: ótica dos gastos da Economia 41
2.3.1  Consumo (das famílias e do governo) e a poupança 42
2.3.2  Formação bruta de capital fixo (investimento) 43
2.3.3  A Economia aberta 45
2.3.4  Outras formas de raciocínio para mensuração
da renda e do produto 47

3. Síntese das Principais Escolas – Os Modelos


Clássico e Keynesiano 61

3.1  O Modelo clássico 63


3.2  O Modelo de Keynes 68
4. Moeda, Inflação, Câmbio, Balanço de
Pagamentos e Instrumentos da
Política Econômica 81

4.1  Moeda, agregados monetários e


(princípios a respeito das funções do) banco central 85
4.2  Inflação: definição e características 92
4.3  Balanço de pagamentos e câmbio 97
4.3.1  Balanço de pagamentos: definição e estrutura 98
4.3.2  O Câmbio 103
4.4  Instrumentos da política econômica 107
4.4.1  Política fiscal 107
4.4.2  Política monetária 109
4.4.3  Políticas cambial e comercial 110
4.4.4  Política de rendas (ou política de preços e salários) 111
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

O objetivo principal deste livro é apresentar um texto básico e significativo


sobre a Macroeconomia que sirva de apoio didático ao plano de ensino e aos
planos de aulas desta disciplina, ministrada para alunos iniciantes dos cursos
de Administração e de Economia, assim para todo e qualquer aluno cujo curso
exija conhecimentos básicos da teoria macroeconômica, em um contexto que
apresenta um conteúdo sem grandes sofisticações, porém suficientemente
completo. Em função disso, a apresentação da matéria leva em conta a sequên-
cia que atende a esse objetivo e que permite ser utilizado como leitura básica
para o acompanhamento da disciplina estudada.
Ao longo deste livro serão apresentados determinados conceitos básicos e
elementos coadjuvantes, cujo conhecimento é fundamental para o aluno que
se inicia no estudo da teoria macroeconômica. Assim, nele estão os conceitos
de produto do país, renda nacional, políticas econômicas, oferta e demanda
agregada, inflação, emprego e desemprego etc. Tanto os conceitos básicos,
quanto os elementos coadjuvantes devem ser bem compreendidos pelo leitor
para que, adequadamente, ao longo da leitura desta obra, possa entender da
melhor forma os assuntos que trataremos aqui.
O livro se propõe a estabelecer uma condição teórica e prática para a análise
de problemas e discussões a respeito da condição econômica de um determina-
do país, ou mesmo de um conjunto de países.
Procura-se explicar com clareza e concisão, conceitos e problemas macroe-
conômicos fundamentais, de forma que o estudante possa ter uma melhor
compreensão da realidade econômica que estamos vivendo hoje. Pois, o con-
texto macroeconômico é de interesse inegável para todos aqueles que desejam
e querem entender as questões macroeconômicas fundamentais.
A presente obra abrange uma análise da Macroeconomia como sendo uma
divisão do estudo econômico, apresenta um contexto de mensuração da ativi-
dade econômica e avalia a condição da teoria e da política macroeconômica.
Sempre que for oportuno, ao longo desta obra, apresentaremos algum arti-
go ou estudo de caso para fortalecer a discussão sobre o tema que estiver sendo
discutido. Desta forma, o aluno tenderá a se interessar em entender o porquê as
“coisas” acontecem e como acontecem na vida econômica de um país.

5
De uma maneira geral, este livro tenta mostrar, explicar, discutir e analisar
com o leitor, como a Macroeconomia tenta responder a perguntas verdadei-
ramente “grandes” da vida econômica, como pleno emprego ou desemprego,
produção da capacidade do país, taxa satisfatória ou insatisfatória de cresci-
mento do produto, inflação ou deflação etc.
Espera-se, portanto, que a presente publicação possa tornar-se uma fonte
bibliográfica eficaz e ser um material fundamental para o estudo dos alunos
dos cursos de graduação que necessitem de conhecimentos básicos da teoria
macroeconômica. Como adendo destaca-se que os estudantes não terão maio-
res dificuldades com o nível de matemática utilizado no livro. Tentou-se ante-
cipar qualquer dificuldade ou problema analítico que o aluno possa encontrar
para compreender o desenvolvimento de um dado conceito. Neste sentido,
reduziu-se ao máximo o nível da matemática onde é possível a contextualiza-
ção da teoria com uma linguagem simples, a fim de auxiliar o estudante a com-
preender o que está sendo abordado ao longo das páginas deste material.
Em suma, pretende-se, através da leitura deste livro, que o aluno sinta como
é agradável o estudo da teoria macroeconômica e que o conjunto de informa-
ções contidas aqui contribua efetivamente para a sua atuação profissional e de
cidadão neste país.

Bons estudos!
1
Fundamentos da
Macroeconomia
OBJETIVOS
Prezado aluno, neste capítulo procuramos identificar os elementos mais significativos para
compreendermos a gênese do estudo da macroeconomia, para isso tem-se como objetivos:
•  Entender que a macroeconomia está nas condições do dia a dia de um país e que isto pode
ser apreciado por meio das informações dos meios de comunicação, como no caso de alguns
jornais de maior circulação no Brasil;
•  Apreciar as principais peculiaridades dos elementos que compõem o estudo da macroeco-
nomia como contextualizar esta área no estudo da ciência econômica;
•  Entender a importância dos agentes econômicos;
•  Compreender o que são os fluxos circulares da renda, destacando as suas respecti-
vas divisões;
•  Contextualizar os setores de produção e as atividades realizadas por estes setores.

8• capítulo 1
1.1  Introdução
Olá, prezado leitor, seja bem-vindo à leitura deste nosso livro didático. Antes de
qualquer “coisa” a ser discutida e falada com você, solicitamos que leia pausa-
damente e com atenção os três artigos a seguir. Vamos a eles!

Artigo 1: Brasil cresce só 0,9% em 2012 – pior marca desde 20091


Dados do IBGE divulgados nesta manhã de sexta-feira mostram que eco-
nomia brasileira cresceu ainda menos do que o esperado pelo governo e
pelo mercado
(01/03/2013 às 09:24 - Atualizado em 01/03/2013 às 13:16)
O mau resultado da economia brasileira em 2012 já era esperado por analistas de
mercado e pelo próprio governo. Mas os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são ainda piores do que se previa. No ano
passado, a economia brasileira registrou expansão de apenas 0,9% em relação a 2011
- o pior resultado desde 2009 quando, afetado pela crise internacional, o Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,3%. O governo esperava crescimento de pelo menos 1%
da economia em 2012, ano em que a soma das riquezas produzidas pelo Brasil ficou em
4,4 trilhões de reais. O resultado veio abaixo também do previsto no Índice de Atividade
Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do PIB, que
cresceu 1,35% em 2012.
O pibinho se confirmou em meio a sucessivos esforços do governo para estimular o
consumo, como a redução do quadro de juros - com baixa recorde da Selic a 7,25% ao ano,
desonerações em folhas de pagamento e redução de impostos. Segundo o IBGE, houve
aumento no consumo das famílias, de 3,1% ante 2011, e também crescimento do setor
de serviços - 1,7% ante o ano anterior. Já a produção da indústria recuou 0,8% no ano e a
agropecuária caiu ainda mais, 2,3%. O consumo do governo cresceu 3,2% em relação a 2011.
O PIB per capita alcançou 22.402 reais, mantendo-se praticamente estável (0,1%)
em relação a 2011. Ainda segundo o IBGE, a taxa de investimento no ano de 2012 foi de
18,1% do PIB, inferior à taxa referente ao ano anterior (19,3%). A taxa de poupança foi de
14,8% em 2012 (ante 17,2% no ano anterior).
Quando o desempenho do quarto trimestre é comparado ao do terceiro trimestre,
a economia brasileira cresceu 0,6%. Em relação ao quarto trimestre de 2011, o Produto
Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 1,4% no último trimestre de 2012. Também na
comparação entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, o mercado se surpreendeu,
uma vez que analistas esperavam, em média, um crescimento de 0,7% neste confronto.

11
1  Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/. Acesso em: 03/11/2015.

capítulo 1 •9
Sem investimentos - Um fator importante que explica a desaceleração da economia no
ano passado é a taxa de investimento em queda. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
indicador do IBGE que mede o nível de investimentos na atividade, recuou 4,5% em 2012
ante 2011 - a primeira queda desde 2009, quando a taxa ficou negativa em 6,7%. "A partir
do momento em que há uma estimativa de crescimento menor para a economia e nenhum
sinal evidente de avanço na competitividade, as empresas acabam pisando no freio para
desenvolver projetos", analisa Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Entre os fatores que espantaram a ânsia de investimentos dos empresários no ano
passado estão as medidas intervencionistas do governo, o protecionismo, os altos
custos salariais - apesar de importantes desonerações estarem em curso -, e a falta de
infraestrutura. O 'Custo Brasil' ainda não foi combatido e continua tirando a competitividade
da indústria brasileira. "São muitos os fatores que justificam o fato de uma empresa pensar
duas vezes antes de investir no Brasil", diz Vale.
Para o analista da Tendências Consultoria, Felipe Salto, o aumento de 0,5% nos
investimentos no quarto trimestre de 2012 em relação ao terceiro, quando o indicador
caiu 2% em relação a abril-junho, ainda é "medíocre". "O Brasil poderia ter feito muito mais
do que isso. Faltam investimentos em infraestrutura, privatizações, ajuste fiscal capaz de
reduzir a taxa real de juros e depreciar o câmbio de maneira perene e estável", diz. "Claro,
no longo prazo, melhorar educação é fundamental, dado que a produtividade do trabalho é
diretamente relacionada ao treinamento e à educação", acrescentou.
Indústria segue na berlinda - O setor industrial já teve anos melhores. A queda de
0,8% é também a primeira desde 2009, quando o desempenho ficou negativo em 5,6%.
O excesso de estoques remanescentes de 2011 também são responsáveis, segundo
especialistas, pelo desempenho industrial ruim de 2012. "Estimamos que a questão dos
estoques deve ter roubado quase 1% do PIB de 2012", afirma Bráulio Lima Borges,
economista-chefe da área de macroeconomia da LCA. "Além de o consumidor colocar o
pé no freio, o empresário comprou menos máquinas e o resto do mundo consumiu menos
produtos brasileiros", explica.
Agroindústria em queda - A queda de 7,5% da produção da agroindústria no quarto
trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2011 também chama a
atenção. Nos últimos três meses de 2011, o indicador havia crescido 8,4%.
(...)

11
2  Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/. Acesso em: 03/11/2015.

10 • capítulo 1
Perspectivas - Com o ano novo, as expectativas são renovadas - e, pela primeira vez
no governo Dilma, o Palácio do Planalto prevê um crescimento relativamente em linha
com o mercado - em torno de 3%. Devido ao desempenho ruim dos investimentos no ano
passado, o governo começou a tentar estimular o setor de infraestrutura - que é um dos
grandes motores do crescimento - apenas na segunda metade do ano, com a retomada
das concessões, redução drástica do valor da energia elétrica e desoneração de folha de
pagamentos. A expectativa é que essas medidas tenham impacto positivo no PIB de 2013.
Contudo, nem se a economia crescer os 3% esperados, a presidente perderá o título
de "autora" do segundo pior resultado econômico dos últimos 60 anos entre os governos
brasileiros. Dilma ocupa a posição com certa folga e terá de fazer mágica até 2014 - ano
eleitoral - para conseguir reverter esse resultado. A corrida já começou.

Artigo 2: Mantega admite PIB menor em 2013


Ministro da Fazenda reafirma que governo não pretende adotar novas
medidas de estímulos
Veja: 29/05/201322
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta manter tom otimista mesmo diante de PIB
frustrante (Ueslei Marcelino/Reuters).
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta quarta-feira que "certamente" o
governo vai rever para baixo a projeção de alta de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em
2013. Essa é a proposta que consta no Orçamento de 2013. Mantega não quis fazer uma
nova previsão e disse apenas que a economia brasileira começou o ano de 2013 "muito
melhor do que no ano passado". "Se tivermos trajetória semelhante à do ano passado,
estaremos bem e poderemos atingir taxa (de crescimento) satisfatória este ano", afirmou.
Com os resultados do PIB, Mantega reiterou que o governo não pretende adotar novas
medidas de estímulos ao consumo e ao investimento porque as medidas já tomadas con-
tinuarão surtindo efeito, como o programa de concessão e a desoneração da folha de sa-
lários das empresas. "A desoneração começou em 2012, mas agora são mais setores que
começaram em janeiro e, assim, igualmente para outras medidas cuja eficácia vai ser sen-
tida ao longo do ano". Ele lembrou ainda que alguns estímulos foram retirados no primeiro
trimestre, de modo que o consumo não deverá ser o carro chefe da economia. "Queremos
que seja o investimento e que tenha recuperação dos investimentos", afirmou o ministro ao
comentar o resultado do PIB no primeiro trimestre.

capítulo 1 • 11
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta
quarta-feira, o PIB do primeiro trimestre do ano cresceu apenas 0,6% em relação ao quarto
trimestre do ano passado, frustrando expectativas de analistas e do próprio governo.
O ministro da Fazenda destacou ainda que o governo vai rever a projeção do PIB
no próximo relatório de reprogramação orçamentária. "Certamente iremos rever quando
fizermos o próximo relatório". Segundo ele, é preciso "olhar" os trimestres sucessivos para
fazer uma avaliação. "Não dá para olhar um trimestre só. Estamos no meio do segundo
trimestre e os dados são muito bons, abril está fechado e quase todos os indicadores são
positivos, como papelão ondulado", avaliou.
Contudo, Mantega admite que o cenário da economia internacional está adverso,
sem melhoras significativas, o que dificulta as exportações brasileiras, principalmente de
manufaturados, que não cresceram. As exportações de bens e serviços apresentaram queda
de 6,4%, enquanto as importações de bens e serviços subiram 6,3%. No quarto trimestre do
ano passado, os dois itens haviam subido 6,1% e 8,4%, respectivamente. "Como crescemos
mais do que boa parte dos países, significa que importamos mais e conseguimos exportar
menos", disse, tentando manter o tom otimista diante de um crescimento frustrante e o pior
quadro exportador desde o primeiro trimestre de 2009.
Mantega destacou ainda o resultado da agropecuária, "excepcional" em suas palavras,
ao crescer 9,7% no primeiro trimestre deste ano. "Isso se deve sobretudo à recuperação em
relação à seca do ano passado e ao aumento da produtividade da produção agropecuária",
afirmou. "A crise internacional não prejudica a agricultura, porque ela exporta commodities
de alimentos e, mesmo em crise, os países consomem alimentos", completou.
No que tange à indústria, o ministro apontou que o crescimento negativo de 0,3% no
primeiro trimestre foi puxado pelo setor de extração mineral, que teve crescimento negativo
de 0,2%. Já o crescimento da indústria de transformação foi positivo, de 0,3%. "A indústria
extrativa responde mais ao cenário internacional. E a indústria de transformação responde
mais ao mercado interno, então está em trajetória de recuperação", explicou.
Mantega avaliou ainda que a construção civil "também não teve bom desempenho" e
admitiu que os serviços cresceram pouco no primeiro trimestre. Por fim, ao comentar sobre
a formação bruta de capital fixo, o ministro disse que o investimento "sustentou a demanda"
neste primeiro trimestre, ao crescer 4,6% no período.
Cenário - Mantega disse que a atividade acelerou em abril e provavelmente em maio.
Ele ponderou ainda que houve uma melhora do mercado de capitais, com vários lançamentos
de IPOs, o que, na sua avaliação, mostra que a confiança no País está melhorando. O
ministro ressaltou ainda que o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil é
um dos maiores do mundo. Segundo ele, as captações das empresas no exterior estão indo
muito bem. "Petrobras e Banco do Brasil, o mercado está vendo de forma mais positiva",
disse
11 Mantega. Na sua avaliação, a bolsa brasileira no último mês teve comportamento bom,
melhor que em outros países. "O ambiente econômico está melhorando no país", avaliou.

3  Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/alta-de-juros-nos-eua-deve-afetar-emergentes-com-divida-


em-dolar-18232523#ixzz3tflwFAh8. Acesso em: 20/11/2015.

12 • capítulo 1
O ministro da Fazenda afirmou ainda que o governo não pretende adotar novas medidas
de estímulos ao consumo e ao investimento porque, segundo ele, eles já estão "todos em
cima da mesa e as empresas estão aumentando seus investimentos".
Mantega lembrou que alguns estímulos foram retirados no primeiro trimestre, de
modo que o consumo não deverá ser o carro chefe da economia. "Queremos que seja o
investimento e que tenha recuperação dos investimentos", afirmou o ministro ao comentar
o resultado do PIB no primeiro trimestre.
(com Estadão Conteúdo)

Artigo 3: Alta de juros nos EUA deve afetar emergentes com dívida em
dólar3
Alerta é de BIS, organismo que coordena os bancos centrais no mundo.
(por O Globo, com agências internacionais 6/12/2015 17:23. Atualizado
06/12/2015 22:22)
FRANKFURT - A elevação da taxa básica de juros nos Estados Unidos, que deve ocor-
rer no próximo dia 16, pode causar desequilíbrios nas economias emergentes, alertou on-
tem o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), um coordenador
global dos bancos centrais. Segundo o organismo, esses países são muito sensíveis ao
câmbio, porque têm um elevado endividamento em dólar — US$ 3,3 trilhões, de acordo com
o dado mais recente do BIS — acumulado durante o período em que a moeda americana
estava mais fraca. O relatório do organismo destaca Brasil, Chile, México, África do Sul,
Turquia e China.
No documento, o BIS afirma ainda que os BCs não devem interromper suas políticas de
combate à crise por causa da volatilidade dos mercados, que deve se seguir à decisão do
Federal Reserve (Fed, o BC americano). Os juros americanos estão no intervalo entre zero
e 0,25% ao ano desde dezembro de 2008.
“A recuperação do mercado sugere que os emergentes são capazes de lidar com o
aperto da política monetária nos Estados Unidos”, afirmou o BIS. “No entanto, as condições
menos favoráveis nos mercados financeiros, combinadas com piores perspectivas macroe-
conômicas e à crescente sensibilidade às taxas de juros nos EUA, aumentam o risco de
propagação a estes países uma vez que a subida comece”.

capítulo 1 • 13
— As vulnerabilidades financeiras dos emergentes ainda não se dissiparam — afirmou
na sexta-feira Claudio Borio, chefe do Departamento Monetário e Econômico do BIS, em
teleconferência. — Frente a condições tão extraordinárias, não surpreende que os mercados
estejam atentos a qualquer palavra dos bancos centrais.
O documento argumenta ainda que, embora a atual “calma desconfortável” dos
mercados financeiros ameace se transformar em turbulência, isso não deve dissuadir os
BCs de adotarem uma política monetária mais rígida.

Então, caro aluno, “achou” interessante a leitura dos artigos? Sabe o que
eles querem dizer para nós? Na verdade, as informações dadas dizem respeito
ao contexto de tudo que, de uma maneira geral, vamos estudar a respeito da
Macroeconomia ao longo deste livro. Melhor colocando, didaticamente, o pri-
meiro artigo destaca a evolução da taxa de crescimento do PIB do ano de 2012,
a queda da taxa de juros selic, a redução dos impostos, a elevação do consumo,
a queda da atividade industrial do país e refere-se à contração da taxa de inves-
timento, por meio da queda da formação bruta de capital fixo.
O segundo artigo trata da trajetória do PIB naquele ano, refere-se ao contex-
to do cenário internacional, chama a atenção sobre a queda das exportações e
elevação das importações brasileiras, destaca o crescimento do setor agrope-
cuário no país e da evolução do setor de serviços na Economia, refere-se à que-
da do setor da construção civil e ressalta o aumento do fluxo de investimento
direto para o Brasil. Por fim, o terceiro artigo chama a atenção para o aumento
da taxa de juros nos Estados Unidos e afirma que este aumento deve afetar os
países emergentes que têm dívidas em dólares (US$).
Os artigos anteriores expressam informações a propósito dos chamados
agregados macroeconômicos. E estes agregados, bem como outros agregados a
serem discutidos aqui neste livro, fazem parte do nosso dia a dia, independen-
temente de trabalharmos ou não no governo, de sermos empresários, consumi-
dores, alunos, trabalhadores etc. Estes agregados que expressam questões ma-
croeconômicas relevantes, sejam no âmbito nacional ou mesmo internacional,
fazem parte do nosso cotidiano e sempre aparecem em termos de notícias na
TV, na internet, nos jornais ou qualquer outro meio de comunicação.
Nesse sentido, vamos então às pecularidades a respeito da macroeconomia
no item 1.2.

14 • capítulo 1
1.2  Características da Macroeconomia
Mas, afinal de contas, o que é especificamente Macroeconomia? Interpretando
de uma maneira bastante simples, podemos compreender que a Macroecono-
mia é a divisão da Ciência Econômica que estuda a atividade econômica como
um todo. Melhor colocando, a Macroeconomia tem uma visão do sistema, do
sistema econômico1, constituído com as suas redes de trocas interligadas con-
juntamente e de maneira abstrata. A visão da Macroeconomia, portanto, é a da
nação, com seus grandes setores, com seus grandes agregados econômicos.
Destaca-se que é comum fazer a distinção entre Microeconomia e
Macroeconomia. No que diz respeito à Microeconomia, este ramo do estudo
da Ciência Econômica analisa o comportamento individual dos agentes econô-
micos, como as famílias, as empresas e os mercados específicos que entre eles
se estabelecem. A Macroeconomia estuda as atividades econômicas de um país
ou de um conjunto de países, tais como o produto interno, a renda nacional, a
demanda e a oferta agregadas, a poupança nacional, o investimento global, o
nível de emprego, a inflação etc. Entretanto, apesar das diferenças metodoló-
gicas, a Microeconomia e a Macroeconomia se inter-relacionam, e se comple-
mentam, evidenciando, assim, que precisamos utilizar estes dois ramos para
compreendermos a essência da Ciência Econômica.
A questão que aparece agora é quem realiza as transações econômicas vistas
no estudo da Macroeconomia? Para responder a esta pergunta, caro leitor, veja
a figura 1 a seguir que diz respeito aos agentes econômicos e aos fluxos circula-
res da renda dentro de um contexto de sistema econômico.

1  Define-se como sistema econômico, segundo Vasconcellos e Garcia, o conjunto de relações técnicas,
básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade ou de um país. Essas
relações condicionam o sentido geral das decisões fundamentais que se tomam em toda a sociedade e os ramos
predominantes de sua atividade. Neste sentido, destaca-se que todo o sistema econômico deve tratar de responder
às três perguntas clássicas, ou seja, que bens e serviços produzir e em que quantidade, como produzir tais bens e
serviços e para quem produzir, isto é, quem irá absorver estes bens e serviços produzidos?

capítulo 1 • 15
Administração
Pública
Empresas Acumulação Família
de Capital

Mercado Interno

Setores:
Primário Resto do
Secundário Mercado Externo
Mundo
Terciário

Figura 1.1  –  Agentes Econômicos e Fluxos Circulares da Renda. Fonte: Elaborada


pelo autor.

Como o nosso objetivo é abordar a realidade macroeconômica ao longo


desta obra, segundo a figura anterior, precisa-se discutir sobre os decisores
econômicos, chamados de agentes econômicos. Os agentes são entidades
que apresentam determinados tipos de comportamento. Uma destas enti-
dades são as famílias que têm um duplo papel no sistema econômico, isto é,
fornecem a força de trabalho e capital para as empresas, permitindo produ-
zir os bens e serviços e este agente está associado à realização do consumo
final.2
As empresas são o outro tipo de agente econômico. Estas empresas são
unidades institucionais cujas principais funções econômicas são contratar os
serviços de fatores (como trabalho e capital) e produzir os bens e serviços que
podem ser transacionados nos mercados interno e externo. Segundo a figura I,
as empresas são constituídas pelos setores primário, secundário e terciário. Ao

2  O consumo realizado pelas famílias é definido como consumo final, no sentido de que este tipo de consumo se
opõe ao consumo intermediário. Melhor colocando, a produção de laranjas, por exemplo, pode atender diretamente
ao consumo (final) das famílias. Mas se parte desta produção de laranjas é absorvida pela indústria alimentícia para
produzir o suco de laranja, logo, neste último caso, a laranja é considerada um bem de consumo intermediário (ou
um insumo) para este tipo de indústria. Paralelo a isso, é importante destacar que entidades religiosas, associações
beneficentes e culturais, por exemplo, têm comportamento similar ao das famílias, pois são consideradas entidades
sem fins lucrativos.

16 • capítulo 1
relacionarmos conceitualmente à realidade brasileira, estes setores são chama-
dos de agropecuário, industrial e de serviços, respectivamente, cujas atividades
são divididas em:
•  Agropecuária: agricultura, extrativismo vegetal, pesca, pecuária, caça etc.
•  Indústria: extrativismo mineral, transformação e construção.
•  Serviços: consultoria, comércio, de limpeza, de alimentação, bancários,
turismo, transportes etc.3

Respectivamente no quadro 1 e na figura 2 a seguir são apresentadas as


composições médias, no que diz respeito aos anos de 2010 a 2013, da participa-
ção dos setores em relação ao PIB brasileiro a preços de mercado4. Observa-se a
grande composição do setor de serviços ao longo destes quatro anos em relação
ao produto brasileiro.

R$ MILHÕES
PERÍODOS
PIB AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS
2010 3 770 085 171 177 905 852 2 150 151
2011 4 143 013 192 653 972 156 2 366 062
2012 4 392 094 198 137 969 234 2 557 699
2013 4 837 950 234 623 1021 298 2 847 592
Média 4.285.786 199.148 967.135 2.480.376

Tabela 1.1  –  Participação dos Setores no PIB. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do
relatório do Banco Central do Brasil de 2014 a respeito da atividade econômica do Brasil de
2010 a 2013.

3  Segundo Rossetti, o setor agropecuário está relacionado à produção por meio da exploração de recursos advindos
diretamente da natureza e este setor fornece também matéria-prima para a indústria de transformação. Destaca-se
que este setor da Economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza, como exemplo,
do clima. Segundo Mochón, o setor industrial é o setor que mais gera valor agregado, o que possibilita aumento de
riqueza para o país. Destaca-se que países com alto grau de desenvolvimento, como Estados Unidos e Alemanha,
possuem significativa base econômica concentrada neste setor. E o setor de serviços teve um crescimento bastante
significativo nos últimos anos, principalmente em função do próprio processo de globalização mundial, diversificando
as suas atividades, como no âmbito da informática através da criação de aplicativos.
4  Segundo Rossetti, o setor agropecuário está relacionado à produção por meio da exploração de recursos advindos
diretamente da natureza e este setor fornece também matéria-prima para a indústria de transformação. Destaca-se
que este setor da Economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza, como exemplo,
do clima. Segundo Mochón, o setor industrial é o setor que mais gera valor agregado, o que possibilita aumento de
riqueza para o país. Destaca-se que países com alto grau de desenvolvimento, como Estados Unidos e Alemanha,
possuem significativa base econômica concentrada neste setor. E o setor de serviços teve um crescimento bastante
significativo nos últimos anos, principalmente em função do próprio processo de globalização mundial, diversificando
as suas atividades, como no âmbito da informática através da criação de aplicativos.

capítulo 1 • 17
199.148

967.135 Agropecuária
Indústria
Serviços

2.480.376

Figura 1.2  –  Relação da Participação dos Setores com o PIB Brasileiro. Fonte: Elaborada
pelo autor com dados do relatório do Banco Central do Brasil de 2014 a respeito da atividade
econômica do Brasil de 2010 a 2013.

Cabe agora considerar como agente econômico, segundo a figura 1 (Agentes


Econômicos e Fluxos Circulares da Renda), a administração pública.5 Este agen-
te tem como função a provisão de bens e serviços não comercializáveis, isto é,
bens e serviços que (muitas vezes) não são passíveis de serem objeto de transação
nos mercados e que normalmente satisfazem as necessidades da sociedade bra-
sileira.6 É importante informar neste contexto que, particularmente, grande par-
te das receitas da administração pública é fruto não da sua atividade produtiva
propriamente dito, mas sim de contribuições obrigatórias por parte dos agentes
econômicos famílias e empresas que geram rendimentos, isto é, os impostos.
Ainda pela figura 1.1, observa-se que têm um papel particular como agente
econômico no sistema econômico as instituições financeiras (ou setor acumu-
lação). Isto é, são os bancos, seguradoras, bem como outras instituições de cré-
dito que funcionam como intermediários entre quem poupa (credores) e quem
necessita de recursos financeiros (devedores) para financiar a atividade produ-
tiva do país por meio do investimento7.

5  Compõem a administração pública aqui destacada, de maneira geral, e, conforme Vasconcellos e Pinho, os entes
territoriais, isto é, estados e municípios, Previdência Social (sistema de previdência social e outras administrações de
mesma natureza) e administração central que corresponde ao governo da União, ministérios e demais organismos
de caráter nacional.
6  Cabe também à administração pública contribuir para a justiça social por via de políticas de redistribuição de renda.
7  Ao longo deste livro isto será mais bem discutido, mas como início de discussão destaca-se que é importante
entender que, em termos da visão macroeconômica, há a separação conceitual entre poupança e investimento. O que
significa isso? Significa que a poupança é realizada pelas famílias, pois faz parte da renda disponível que não foi gasta
no consumo presente. Já o investimento é concretizado pelas empresas, pois será aplicado em recursos que permitem
a elas aumentar o seu capital, ou melhor dizendo, aumentar os seus meios de produção, gerando riqueza para o país.

18 • capítulo 1
Como complementação, pode-se conceber, caro leitor, um quinto agente
econômico, que é justamente o resto do mundo. Não se pode imaginar que em
um sistema econômico a atividade econômica de um país fique restrita somen-
te ao seu espaço territorial. Na verdade, a análise da Macroeconomia acaba fi-
cando completa quando se consideram as transações (econômicas, monetárias
e financeiras) entre os residentes e os não residentes deste país. Devido a isso, o
resto do mundo acaba sendo um outro agente econômico, já que para um dado
país, há várias localizações com as quais a sua Economia acaba estabelecendo
relações ou transações.
Observa-se que, pela figura 1.1 (Agentes Econômicos e Fluxos Circulares da
Renda), os agentes econômicos estão constantemente com várias inter-rela-
ções e são estas inter-relações que correspondem e que organizam o funciona-
mento do sistema econômico, como acontece na economia brasileira.
As inter-relações entre os agentes, isto é, entre famílias, empresas, admi-
nistração pública, instituições financeiras e resto do mundo, são conseguidas
através de dois fluxos que ocorrem entre estes agentes e que geram o chamado
circuito (econômico) da renda.
Prezado aluno, repare que na figura 1.1 encontramos ainda dois tipos
de linhas:
•  A cheia que representa os chamados fluxos reais, isto é, são as quantida-
des de bens, serviços e fatores de produção que são transacionados no sistema
econômico; e
•  A tracejada que corresponde aos fluxos monetários, ou seja, tais fluxos
são a contrapartida dos fluxos reais.

Logo, percebe-se que para todo e qualquer bem, serviço ou fator de produ-
ção8 facultado por um agente econômico há a sua contrapartida por meio de
um fluxo monetário de sentido contrário. Por exemplo, as famílias fornecem
seu fator trabalho por salário, que, posteriormente, trocam-no por bens e servi-
ços de consumo. As empresas contratantes irão ofertar e vender sua produção
trocando por moeda, e parte desta moeda destina-se a pagar os empregados,
isto é, trocará a moeda por trabalho.

8  De acordo com Vasconcellos, fatores ou recursos de produção são os elementos básicos utilizados na produção
de bens e serviços, como o fator trabalho, capital (máquinas e equipamentos), recursos naturais, tecnologia,
capacidade empresarial.

capítulo 1 • 19
Terminamos este primeiro capítulo percebendo que a Macroeconomia es-
tuda o comportamento do sistema econômico. Este ramo da Economia busca
um retrato, uma imagem ou uma pintura do funcionamento da Economia em
seu conjunto que permita ao mesmo tempo conhecer e atuar sobre o nível da
atividade econômica de um país ou mesmo de um conjunto de países que têm
seus agentes econômicos realizando fluxos reais e monetários.

ATIVIDADES
01. A influência da administração pública na vida econômica do Brasil é tão importante que
os economistas consideram esta influência como integrante do sistema econômico. Para
atender a seus fins, a administração pública necessita de recursos que são obtidos no próprio
sistema. Dentre eles destaca-se como principal:
a) A renda das pessoas físicas
b) Os impostos
c) O lucro distribuído das empresas
d) O lucro não distribuído das empresas
e) Os juros

02. Leia atentamente as considerações a seguir e assinale a afirmativa correta sobre a


definição de Macroeconomia.
I) Refere-se à análise do comportamento individual das unidades econômicas, como as famí-
lias ou consumidores e as empresas em mercados específicos.
II) Estuda o comportamento global do sistema econômico de um país.
III) Busca a imagem que mostre o funcionamento da Economia em seu conjunto.
a) Somente a I é falsa.
b) Somente a II é falsa.
c) Somente a III é falsa.
d) I e II são falsas.
e) I e III são falsas.

03. O povoamento relativo de um espaço pode ser expresso por um dado médio conhecido
como densidade demográfica. Esta é o resultado do cálculo no qual a população (absoluta)
do território é dividida por sua superfície, normalmente expressa em quilômetros quadrados.

20 • capítulo 1
Em termos de uma visão macroeconômica, no cálculo dessa razão, para os países indicados
na tabela, destaca-se como a nação com maior população em relação ao espaço nacional
(sabendo-se que a proporção entre a população e a superfície territorial é um dos elementos
que define a relação entre sociedade, espaço e sistema econômico):

PAÍS POPULAÇÃO ABSOLUTA (HABITANTES EM 2008) SUPERFÍCIE (KM2)


China 1.313.000.000 9.572.900

Franla 61.000.000 543.965

Holanda 13.300.000 41.528

Argentina 38.700.000 2.780.403

Tabela 1.2  –  Fonte: SIMIELLI, MAria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2009.

a) China
b) França
c) Holanda
d) Argentina
e) N.R.A.

04. Leia atentamente as proposições a seguir sobre sistema econômico e assinale a afir-
mativa correta.
I. A análise do funcionamento do sistema econômico pode ser desenvolvida através do
estudo da Macroeconomia por meio das decisões individuais dos consumidores e das em-
presas.
II. O sistema econômico é composto pelos agentes econômicos famílias, empresas, admi-
nistração pública, instituições financeiras e resto do mundo.
III. Em um sistema econômico, pela análise da Macroeconomia, as relações entre os agen-
tes econômicos são representadas por dois tipos de fluxos, ou seja, o fluxo real (bens, servi-
ços e fatores de produção) e o fluxo monetário (moeda nas condições de pagamentos pelos
produtos e rendas dos fatores de produção).
a) I, II e III são verdadeiras.
b) I, II e III são falsas.
c) Somente I e II são verdadeiras.
d) Somente a I é falsa.
e) Somente a III é falsa.

capítulo 1 • 21
05. É o agente econômico que tem como função a provisão de bens e serviços não co-
mercializáveis, isto é, bens e serviços que (muitas vezes) não são passíveis de serem objeto
de transação nos mercados e que normalmente satisfazem as necessidades da sociedade
brasileira. Estamos nos referindo:
a) Às empresas. d) Ao resto do mundo.
b) Às famílias. e) Às instituições financeiras.
c) À administração pública.

06. Observe o mapa a seguir.

Espaço Geográfico Brasileiro

Belém
Fortaleza

Recife

Salvador

Belo Horizonte

Núcleo que Compõe o centro Rio de Janeiro


econômico do país São Paulo
Metrópoles regionais Curitiba

Porto Alegre

Figura 1.3  –  Espaço geográfico brasileiro. Fonte: SIMIELLI, M. H. Geoatlas 17 ed. São Pau-
lo: Ática, 1998.

No centro-sul concentram-se às áreas de industrialização e urbanização mais desen-


volvidas do Brasil. Tais processos ocorreram, dentre outras “coisas”, justamente devido ao
crescimento das empresas industriais nesse espaço. Neste sentido, em termos de uma visão
macroeconômica, as atividades que formam o setor industrial, podem ser classificadas em
(dentre outras mais):
a) Extrativismo mineral e vegetal. d) Extrativismo vegetal e comércio.
b) Transformação e extrativismo mineral. e) Transformação e transportes.
c) Construção civil e comércio.

22 • capítulo 1
07. Leia atentamente as considerações abaixo.
I) A Macroeconomia tem por objetivo o estudo da Economia como um todo. Faz-se, portanto,
necessário para a sua compreensão inicial, o entendimento das relações existentes entre os
chamados agentes econômicos.
II) Por meio do diagrama do fluxo (ou circuito econômico) da renda, mostra-se um sistema
econômico de forma esquemática, ou seja, visualizam-se as interações entre o fluxo de bens,
serviços e fatores de produção e o fluxo monetário, dentro de um determinado país.
III) Por empresas ou firmas devem-se entender quaisquer unidades produtoras de bens e
serviços, que atuem num dos três setores da Economia, ou seja, nos setores primário, secun-
dário e terciário.
Em função das proposições acima, assinale a afirmativa correta.
a) II e III são verdadeiras e I é falsa. d) I, II e III são verdadeiras.
b) I e III são verdadeiras e II é falsa. e) I, II e III são falsas.
c) I e II são verdadeiras e III é falsa.

08. Observe atentamente o mapa abaixo obtido em http://www.brasil247.com/pt/247/


economia/113453/No-mapa-do-PIB-Brasil-bate-todos-menos-a-China.htm no mês de no-
vembro/2015. Este mapa mundial refere-se às taxas de crescimento do segundo trimestre
de 2013 em comparação ao primeiro trimestre desse mesmo ano das Economias que estão
Comparação Internacional Variação em
em questão, dentre elas,Relação
a do Brasil.
aoTrimestre Anterior (%)

Reino 0,7 0,3 Zona do Euro


Unido
0,6 1,7
0,7 Alemanha
-0,1
0,6
Estados Unidos
China Japão
1,1
-0,7 0,7 Itália 0,1
México Portugal
-0,1 Coreia
Espanha do Sul
Brasil
1,5

África do Sul
0,5
Chile
0,8

Menor que 1%
Maior ou igual a 1%

Figura 1.4  –  Comparação internacional variação em relação ao trimestre anterior (%).


Fonte: OCDE, IBGE e Bloomberg. Elaboração: Ministério da Fazenda.

capítulo 1 • 23
Tais informações sobre taxas de crescimento destas economias, estão justamente re-
lacionadas com a visão da Macroeconomia. Em função disso, e dados os conhecimentos
estudados por nós neste capítulo, assinale a afirmativa correta. Melhor colocando, a Macroe-
conomia refere-se:
a) À parte, ou ao enfoque, que representa a análise dos grandes agregados individuais
de acordo com as necessidades parciais dos consumidores destes países em questão.
b) À divisão da Ciência Econômica que estuda os grandes agregados econômicos, tais
como o produto interno bruto e a renda nacional destes países em análise.
c) À divisão da Ciência Econômica que trata da maximização dos lucros e da produção das
empresas dos setores públicos destes países em questão no mapa.
d) Ao enfoque individual dado ao estudo dos grandes agregados econômicos tais como
o produto interno das multinacionais e das transnacionais dos países evidenciados no
mapa.
e) À divisão da Ciência econômica que trata das curvas de custos e da maximização dos
lucros individuais das empresas do setor privado dos países evidenciados no mapa.

RESUMO
•  A Macroeconomia tem uma visão do sistema, ou seja, do sistema econômico.
•  A visão da Macroeconomia é a da nação, com seus grandes setores, com seus grandes
agregados econômicos.
•  A Macroeconomia estuda as atividades econômicas de um país ou de um conjunto
de países.
•  Famílias têm um duplo papel no sistema econômico, isto é, fornecem a força de trabalho
e capital para as empresas.
•  Empresas são unidades institucionais cujas principais funções econômicas são contratar
os serviços de fatores (como trabalho e capital) e produzir os bens e serviços que podem ser
transacionados nos mercados interno e externo. As empresas são constituídas pelos setores
primário, secundário e terciário.
•  A administração pública tem como função a provisão de bens e serviços não comerciali-
záveis, isto é, bens e serviços que (muitas vezes) não são passíveis de serem objeto de tran-
sação nos mercados e que normalmente satisfazem as necessidades da sociedade brasileira.
•  Os bancos, seguradoras, bem como outras instituições de crédito, funcionam como inter-
mediários entre quem poupa (credores) e quem necessita de recursos financeiros (devedo-
res) para financiar a atividade produtiva do país.

24 • capítulo 1
•  A análise da Macroeconomia acaba ficando completa quando consideram-se as transa-
ções (econômicas, monetárias e financeiras) entre residentes e não residentes deste país,
ou seja, transações com o resto do mundo.
•  O circuito (econômico) da renda é constituído por fluxos reais, isto é, são as quantida-
des de bens, serviços e fatores de produção que são transacionados no sistema econômico
e por fluxos monetários, ou seja, tais fluxos são a contrapartida dos fluxos reais.
•  Para todo e qualquer bem, serviço ou fator de produção facultado por um agente eco-
nômico há a sua contrapartida por meio de um fluxo monetário de sentido contrário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Para saber mais sobre os tópicos estudados neste capítulo, pesquise na internet sites, vídeos
e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu polo/campus pre-
sencial você também pode ler:
MOCHON, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson – Pretice Hall, 2007, cap. 9.
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2000, caps. 2, 3 e 7.
VASCONCELLOS, M.A.S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2010, caps. 1 e 8.
VASCONCELLOS, M. A. S. & Garcia, H. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2010, caps.
1 e 8.
VASCONCELLOS, M. A. S. & PINHO, D. B. (Orgs.). Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2010,
caps. 12 e 13.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/, acesso em 03/11/2015.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/mantega-ja-fala-em-rever-para-baixo-projecao-do-pib-
para-2013/, acesso em 12/10/2015.
http://oglobo.globo.com/economia/alta-de-juros-nos-eua-deve-afetar-emergentes-com-divida-em-
dolar-18232523#ixzz3tflwFAh8, acesso em 20/11/2015.
http://www.bcb.gov.br, acesso em 25/11/2015.
http://www.ibge.gov.br, acesso em 25/11/2015.
http://www.geoatlas.com.br, acesso em 25/11/2015.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/113453/No-mapa-do-PIB-Brasil-bate-todos-menos-a-
China.htm, acesso em 25/11/2015.

capítulo 1 • 25
26 • capítulo 1
2
Variáveis-chave
da Macroeconomia
e Mensuração
da Atividade
Econômica
Caro aluno, conforme já havíamos apresentado no capítulo 1, a discussão no
âmbito macroeconômico deve ser percebida como uma visão ampla para enten-
dermos a formação e o comportamento dos chamados agregados econômicos.
A macroeconomia ilustra o funcionamento da Economia em seu conjunto.
Pelo estudo deste ramo da Ciência Econômica, tem-se como objetivo principal
obter uma compreensão e, consequentemente, um conhecimento sobre o nível
da atividade econômica do Brasil, ou mesmo de um conjunto de países.

OBJETIVOS
Nesse sentido, este capítulo irá complementar o anterior. Para isso, primeiramente, vamos
relacionar os eventos de crescimento e emprego (consequentemente, com o desemprego)
e analisar as condições das variáveis que influenciam o crescimento econômico. Depois,
iremos discutir a respeito da mensuração da atividade econômica por meio do produto, da
renda e dos gastos do país e apresentar outras formas de raciocínio para calcular o produto
interno bruto (PIB).

28 • capítulo 2
2.1  Crescimento, emprego e desemprego
Para analisar o funcionamento da Economia, conforme estamos começando a
perceber, a MacroEconomia concentra-se no estudo de uma série de variáveis-
chave analisando o seu comportamento e a sua determinação ao longo de um
dado período; tais variáveis referem-se ao crescimento, ao nível de emprego e à
própria dinâmica econômica a longo prazo, dentre outras.
Olhando o quadro 2.1 e o (seu) subsequente gráfico a seguir verificamos a
evolução do PIB brasileiro do primeiro trimestre (T1) de 2013 ao segundo tri-
mestre (T2) de 2015. Esta evolução é apresentada por taxas de crescimento da
Economia, sendo que a explicação mais detalhada sobre o que é uma taxa de
crescimento, você, caro leitor, encontrará no apêndice 1 ao final deste capítulo.
Sendo assim, quando se fala em crescimento, ou melhor colocando, no
crescimento econômico, estamos nos referindo ao crescimento do produto, ou
seja, da quantidade (ou da produção) abundante de bens e serviços que todos
os países desejam obter.

PERÍODO TRIMESTRAL PIB (%)


2013/T1 2,6

2013/T2 3,9

2013/T3 2,4

2013/T4 2,1

2014/T1 2,7

2014/T2 -1,2

2014/T3 -0,6

2014/T4 -0,2

2015/T1 -1,6

2015/T2 -2,6

Tabela 2.1  –  Taxas de Crescimento Trimestral do PIB. Fonte: Quadro desenvolvido pelo au-
tor, segundo dados do IBGE/Contas Trimestrais.

capítulo 2 • 29
Taxas de Crescimento Trimestral do PIB
5
4
3
2

2014/T2

2014/T3

2014/T4

2014/T5

2015/T2
1
0
2013/T1

2013/T2

2013/T3

2013/T4

2014/T1
−1
−2
−3
PIB (%)

Figura 2.1  –  Evolução da Taxa de Crescimento Trimestral do PIB Brasileiro (Primeiro Tri-
mestre/2013 a Segundo Trimestre/2015). Fonte: Gráfico desenvolvido pelo autor, segundo
dados do IBGE/Contas Trimestrais.

Podemos observar que a evolução do PIB apresenta flutuações ao longo do


tempo. Tais flutuações ocorrem por diversos motivos, dentre eles podemos
destacar as condições da política econômica (como no caso da implantação de
políticas fiscal e monetária, por exemplo), os níveis da quantidade e qualidade
dos fatores produtivos existentes, o grau de tecnologia disponível, os padrões
de gastos e os aumentos (ou quedas) de produtividade.
Mas, provavelmente, a variável macroeconômica que a sociedade sente de
maneira mais significativa diz respeito ao emprego ou mesmo às condições do
mercado de trabalho. Neste contexto, há vários argumentos que demonstram
uma relação direta (mas não proporcional) entre crescimento, emprego e tra-
balho e, a reboque disto, a relação inversa com o desemprego.
Como o emprego e o mercado de trabalho dependem das condições da ati-
vidade produtiva de um país, segundo mostra o gráfico 2.2, por exemplo, a evo-
lução do emprego também tem as suas flutuações1. Essas flutuações são geral-
mente consequência da conjuntura e do contexto econômico, como aconteceu

1  É importante destacar que estão ocorrendo novos padrões de competição no processo de globalização e que
tais padrões vêm mexendo (e muito) com o mercado de trabalho, assim como ocorre com o emprego de determinados
países. Estes novos padrões podem ser discriminados relacionando-os com as filiais de firmas dos Estados Unidos
e da Europa, por exemplo, que estão sediadas nos países asiáticos, que se aportam num baixíssimo custo de mão
de obra e muitas vezes combinado com tecnologia moderna como no caso da microeletrônica e da tecnologia da
informação (TI) que acabam promovendo elevados ganhos de produtividade. Além de que também há aplicações de
novos métodos de organização da produção (assim como do trabalho), que vêm acarretando mudanças profundas
tanto na natureza como no significado de trabalho.

30 • capítulo 2
também, por exemplo, nos Estados Unidos e em boa parte dos países europeus,
nos anos de 2007/08 a 20122.

700.000
615.315
600.000
514.945
500.000

400.000
314.645
300.000 298.055
240.317
200.000

100.000


2008 2009 2010 2011 2012

Figura 2.2  –  Empregos da Indústria da Construção no Brasil entre 2008 e 2012. Fonte:
Disponível em: http://www.sienge.com.br/blog/industria-da-construcao-preve-crescimento-
de-ate-4-em-2013-diz-sinduscon-sp/. Acesso em: 18.01.2016

É interessante chamar a atenção um pouco mais para o quadro 2.2. Por quê?
Pois a indústria como um todo, incluindo a da construção civil, vem tendo uma
tendência de declínio do emprego no Brasil. E isso está acontecendo não so-
mente em nosso país, caro aluno, mas, no mundo todo, principalmente nos
países mais desenvolvidos economicamente. Tal contexto está acompanhado
da extinção de inúmeras ocupações especializadas que há tempos atrás garan-
tiam empregos de boa qualidade e aumento das ocupações tanto na indústria
como no próprio setor terciário.
Além disso, o significado de trabalho, e mesmo de funcionário, está sofren-
do mudanças, passando a se ter como conceito o de parceiro, pois muitas pro-
fissões passaram a ter caráter provisório, tendo em vista as aceleradas mudan-
ças tecnológicas que acabaram (e ainda acabam) impondo novos treinamentos
e produtos que possam auxiliar a condição de parceiros.
Dessa forma, ainda utilizando a figura 2.2, destaca-se que os empregos e a
novas posições sociais dos atuais trabalhadores (ou parceiros) são mutáveis e ra-
ramente conferem aos indivíduos o sentimento de pertencer a uma divisão, um

2  É importante destacar que o mercado de trabalho é constituído de uma maneira geral pelas variáveis salário,
emprego, taxa de desemprego, rotatividade e produtividade, sendo que estas são condi condicionadas pelo nível e
pela flutuação da atividade econômica do país, seja a curto quanto a longo prazo.

capítulo 2 • 31
setor, um grupo definido, ou de ter um lugar seguro nas atuais condições do mer-
cado de trabalho.
Contudo, precisamos destacar que, mesmo acompanhando a evolução do
nível de atividade econômica e das novas condições do mercado de trabalho,
algumas variáveis que compõem este mercado de trabalho relacionam-se entre
si. É o caso da relação entre os níveis de salários reais (destacado no capítulo
3 próximo) e a produtividade (marginal) do trabalho. Pela figura 2.3, quanto
maior o nível de produtividade na indústria de transformação, maior tende a
ser o rendimento (da folha de pagamentos) dos trabalhadores.

120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Folha de Pagamento
Produtividade
Produção

Figura 2.3  –  Relação entre Produção Física, Produtividade e Folha de Pagamento Real por
Trabalhador. Fonte: IBGE. Nota: Os índices têm como base 2012 – 100.

Percebe-se, caro leitor, que o mercado de trabalho (constituído pela força de


trabalho, sendo esta força melhor explicada no apêndice 2 ao final deste capítu-
lo) é um tema muito importante da Macroeconomia e que tem uma relação bas-
tante significativa com a evolução da dinâmica da produção de um país quando
podemos examinar a geração de emprego e a queda da taxa de desemprego.3
O desenvolvimento do PIB, assim como o nível de emprego, acabam apre-
sentando um bom retrato do desempenho macroeconômico. Desta forma,
3  No Brasil, a taxa de desemprego (ou o volume de desempregados) tem como uma das suas referências a
PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Esta pesquisa é realizada pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e produz diversos indicadores (ao mês, ao trimestre e ao ano) sobre o mercado de
trabalho no Brasil, constituindo um indicativo ágil dos efeitos da conjuntura econômica sobre esse mercado, além
de atender a outras necessidades importantes para o planejamento socioeconômico do país. A PNAD abrange
informações referentes à quantidade de pessoas com emprego, quantidade de pessoas sem emprego, taxa de
ocupação, taxa de desemprego e rendimento médio dos trabalhadores.

32 • capítulo 2
podemos entender, caro leitor, que a evolução do produto é um fator determi-
nante dos níveis de emprego, mas, principalmente, da queda da taxa de desem-
prego na Economia.
Quando a taxa de crescimento é alta, a produção de bens e serviços está au-
mentando, tornando possível uma elevação do padrão de vida. A alta taxa de
crescimento é acompanhada pela queda dos níveis de desemprego4. No en-
tanto, conforme podemos perceber pelo quadro 2.2 e pelo gráfico 2.4, no es-
paço de tempo considerado pelas informações contidas nestas ilustrações, há
momentos da Economia Brasileira em que as taxas de crescimento do PIB são
negativas. Isso acaba criando um alerta, pois são apresentadas altas taxas de
desemprego. E se o desemprego for de longa duração (igual ou superior a seis
meses), isto acaba gerando um ambiente grave e com consequências negativas
sobre os indivíduos e suas famílias5.

PERÍODO TRIMESTRAL PIB (%) DESEMPREGO (%)


2013/T1 2,6 7,63
2013/T2 3,9 7,60
2013/T3 2,4 7,10
2013/T4 2,1 6,47
2014/T1 2,7 6,80
2014/T2 -1,2 6,97
2014/T3 -0,6 6,87
2014/T4 -0,2 6,53
2015/T1 -1,6 7,37
2015/T2 -2,6 8,73

Tabela 2.2  –  Evolução do PIB e da Taxa de Desemprego Trimestrais. Fonte: Construído a


partir de dados da PNAD e do PME - IBGE. 6

4  O desemprego é tratado através de dois conceitos:


• Desemprego aberto: refere-se ao indivíduo que, embora não empregado, está procurando emprego.
• Desemprego oculto: considera os trabalhadores em trabalho precário e aqueles que no momento não estão
procurando emprego por estar desalentados, mas que vinham procurando emprego.
5  Se a atividade econômica desacelera, como apresentam o quadro e o gráfico em questão, a oferta de novos
empregos torna-se escassa. E, neste caso, uma das alternativas para os desempregados é o trabalho de (vendedor)
ambulante, principalmente nos grandes centros urbanos (como aconteceu no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo
Horizonte etc. ao longo do ano de 2015). Esta atividade é informal e sem o amparo da Lei. Havendo aprofundamento
da crise da queda do PIB, a quantidade de vendedores ambulantes aumenta. Por outro lado, os comerciantes do
mercado formal, em razão da queda do PIB e consequentemente com uma crise elevada, observam suas vendas
caírem e acabam reclamando da concorrência desleal dos vendedores ambulantes que, além de não serem
estabelecidos, não pagam impostos.
6  Taxa de Crescimento é calculada através da relação entre o número de desempregados em dado momento de
tempo, dividido pela PEA e deste resultado multiplica-se por 100.

capítulo 2 • 33
Evolução Trimestral do PIB e do Desemprego
10

0
2013/T1

2013/T2

2013/T3

2013/T4

2014/T1

2014/T2

2014/T3

2014/T4

2015/T1

2015/T2
–2

–4
PIB
Desemprego

Figura 2.4  –  Relação entre o PIB e o Desemprego. Fonte: Construído a partir de dados da
PNAD e do PME - IBGE

A partir daí, prezado aluno, a questão que fica é: qual é o nível de taxa de
desemprego que pode ser “instituído” em função do nível do produto da
Economia que possa ser produzido ao longo de um determinado tempo?
Para tal discussão, devemos levar em consideração a Lei de Okun. Esta lei
é um princípio que traz para discussão a relação empírica entre taxa de cresci-
mento do PIB e a variação da taxa de desemprego.
De uma maneira geral, a Lei de Okun indica que as empresas (dos setores agro-
pecuário, indústria e serviços) de um país precisam aumentar o número de empre-
gados para que possam aumentar o seu nível de produção. Desta forma, quando o
produto (PIB) cresce, aumenta o emprego, ou, em outras palavras, há uma redução
da taxa de desemprego, conforme está apresentada no gráfico a seguir.

Variação da taxa
de desemprego

Taxa de crescimento
do PIB

Figura 2.5  –  Figura 2.5: Relação Inversa entre as Variações da Taxa de Desemprego e do
PIB. Fonte: Dornbusch & Fischer.

34 • capítulo 2
Na verdade, neste século XXI, um dos aspectos mais estudados no contex-
to da Macroeconomia refere-se justamente a essa relação contextualizada na
Lei de Okun. Esta lei acaba sendo um parâmetro que mensura a sensibilidade
do desemprego em função das flutuações do PIB. Ela se torna importante até,
prezado leitor, para que o governo tenha orientações na formação das políticas
econômicas (que aqui neste livro serão discutidas), pois tais políticas têm como
um dos seus objetivos gerar crescimento econômico e, por conseguinte, elevar
o emprego e diminuir a taxa de desemprego.
Para se ter uma melhor ideia sobre essa Lei, destaca-se que em 2010 o PIB
brasileiro cresceu 7,5% e a taxa de desemprego caiu um ponto percentual, ou
seja, de 7,2% para 6,2% da força de trabalho.
Agora, a outra questão que aparece, refere-se à mensuração da atividade
econômica que tem como principal procedimento medir o produto de um país.
E aí vem a questão: como podemos medir este produto, ou melhor perguntan-
do, como podemos medir o PIB?
A mensuração desta variável será evidenciada pelo que chamamos de óti-
cas. Parte destas óticas será vislumbrada pelo lado da oferta e a outra parte,
pelo lado da demanda (que chamaremos de despesas ou dispêndios). Logo de-
pois, vamos complementar a discussão sobre estas óticas discutindo todo um
contexto sobre as medidas que são feitas para uma Economia aberta e, por úl-
timo, iremos discutir a respeito de outras formas de raciocínio para calcular o
produto interno bruto (PIB).
Vamos, então, a nossa nova discussão!

2.2  O lado da oferta agregada: ótica do


produto

Caro aluno, o enfoque macroeconômico exige a definição e a medição de certos


agregados que permitem obter uma visão global da Economia. A medição da
atividade econômica é possível através de um instrumento contábil e estatísti-
co conceituado como contabilidade nacional (ou contabilidade social).

capítulo 2 • 35
Mas o que é contabilidade social (CS)? Segundo Rossetti, a contabilidade
social define e relaciona os agregados econômicos e mede os seus respecti-
vos valores. Este instrumento no Brasil está a cargo do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, conforme Vasconcellos, a contabilidade social é também defi-
nida como um registro contábil da atividade produtiva do país ao longo de um
dado período de tempo (normalmente de um ano). De acordo com Vasconcellos
& Garcia, a contabilidade nacional serve principalmente para proporcionar o
conhecimento da estrutura econômica do país e permitir ao governo formular
as políticas econômicas de crescimento, estabilização econômica, geração de
emprego etc.
Nesse sentido, sabendo-se que as transações econômicas são feitas pelos
agentes econômicos famílias, empresas, administração pública e o resto do
mundo em um sistema econômico, estas entidades são os agentes econômi-
cos participantes na formação e no desenvolvimento das atividades (sócio)
econômicas de um determinado país; tais atividades, então, são mensuradas
através do produto, da renda e dos dispêndios do país por meio da contabili-
dade social.
No caso (do lado da oferta) do produto, este corresponde ao valor bruto da
produção da Economia em um período de tempo, descontado o valor de todos
os produtos intermediários (ou insumos) no processo produtivo. O produto
identifica-se, portanto, como o valor adicionado pelas empresas ou pelos seto-
res produtivos de um país (isto é, os setores agropecuário, industrial e de ser-
viços), melhor dizendo, é o produto “adicionado/agregado” da Economia. Em
outras palavras, sabendo-se que:

VA = valor adicionado;
VBP = valor bruto da produção7;

7  É importante que se diga que o Valor Bruto de Produção é o maior agregado gerado em um país. Ele inclui o
valor adicionado e o valor dos insumos e compreende a soma dos valores brutos dos bens e serviços produzidos
(pelas empresas do setor agropecuário, industrial e de serviços) em uma economia, durante um período de tempo.

36 • capítulo 2
INS = insumos (ou consumo intermediário8)
O produto “adicionado” (ou o valor adicionado) da Economia é expresso
pelo seguinte resultado:

VA = VBP – INS

Cabe destacar que, a fim de se obter o produto agregado ou valor adicionado


efetivamente gerado na Economia, em determinado período de tempo, torna-
se necessário reduzir-se o consumo intermediário (o valor dos insumos) para
evitar a dupla contagem, conforme podemos perceber no exemplo hipotético
do quadro 2.3 a seguir.

SETORES DE
AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS TOTAL
PRODUÇÃO
VBP 500 650 1000 2150
Cons.
300 300 450 1050
Intermediário
Insumos Agrícolas 100 100 150 350
Insumos
100 150 150 400
Industriais
Insumos de
100 50 150 300
Serviços
Valor Agregado 200 350 550 1100

Tabela 2.3  –  Ótica do Produto (por meio do Valor Adicionado) (R$ milhões). Fonte: Elabo-
rado pelo autor

A partir do que foi exposto, veja, caro aluno, o painel 2.4 a seguir, que, a
partir dos dados obtidos (pelo IBGE e BACEN) do Relatório Anual de 2012 da
Economia brasileira, apresenta a evolução do produto pela ótica do valor adi-
cionado em relação aos três setores (e as respectivas atividades) de produção da
Economia brasileira, ao longo dos anos 2010, 2011 e 2012.

8  O consumo intermediário representa os bens (materiais ou imateriais) que sofreram alguma transformação,
contudo ainda não alcançaram a etapa em que se transformam em bens finais.

capítulo 2 • 37
DISCRIMINAÇÃO 2010 2011 2012
PIB 7,5 2,7 0,9
Setor
6,3 3,9 -2,3
agropecuário
Setor industrial 10,4 1,6 -0,8
Extrativa mineral 13,6 3,2 -1,1
Transformação 10,1 0,1 -2,5
Construção 11,6 3,6 1,4
Produção e
distribuição de
8,1 3,8 3,6
eletricidade, gás
e água
Setor serviços 5,5 2,7 1,7
Comércio 10,9 3,4 1,0
Transporte, arma-
9,2 2,8 0,5
zenagem e correio
Serviços de
3,7 4,9 2,9
informação
Intermediação
financeira, segu-
ros, previdência 10,0 3,9 0,5
complementar e
serviços relativos
Outros serviços 3,7 2,3 1,8
Atividades imobi-
1,7 1,4 1,3
liárias e aluguel
Administração,
saúde e educação 2,3 2,3 2,8
pública

Tabela 2.4  –  Taxas Reais de Variação do PIB - Ótica do Produto por Setor (Valor Adiciona-
do) . Fontes: IBGE e Banco Central do Brasil - Relatório Anual 2012

Em termos de flutuações, o PIB cresceu apenas 0,9% em 2012 que, com-


parativamente aos anos anteriores, teve um rendimento decrescente na sua
evolução. Da mesma forma se apresenta o setor agropecuário com uma queda
de 2,3% em 2012, bastante significativa quando se compara com os períodos
anteriores.
Já o desempenho do setor industrial reflete as restrições ocorridas pela in-
dústria de transformação (-2,5%) e extrativa (-1,1%); o setor de serviços, apesar
de não ter tido uma taxa negativa de crescimento, também apresentou uma
contração comparativamente aos anos anteriores.

38 • capítulo 2
Ao mesmo tempo, é importante destacar que o produto “líquido” também
pode ser conhecido como o qualificativo de produto interno, pois compreende
o somatório dos bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de um país
em determinado tempo. Sendo que este produto equivale à renda (interna) ge-
rada dentro da Economia, correspondendo ao valor das remunerações pagas
aos proprietários dos fatores de produção, que abrange os salários, lucros, ju-
ros e aluguéis9. A chamada renda interna corresponde, portanto, ao somatório
das remunerações de toda a Economia do país, no mesmo período da formação
do produto “líquido”. Em função disso, podemos ampliar o quadro 2.3 com in-
formações a respeito das remunerações dos fatores de produção.

SETORES DE
AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS TOTAL
PRODUÇÃO
VBP 500 650 1000 2150
Cons.
300 300 450 1050
Intermediário
Insumos Agrícolas 100 100 150 350
Insumos
100 150 150 400
Industriais
Insumos de
100 50 150 300
Serviços
Valor Agregado 200 350 550 1100
Salários 50 100 150 300
Juros 50 50 100 200
Aluguéis 50 50 100 200
Lucros 50 150 200 400
Renda Interna 200 350 550 1100

Tabela 2.5  –  (Ampliado): Ótica do Produto (por meio do Valor Adicionado e da Renda) (R$
milhões). Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Caro leitor, o que você pode dizer ao apreciar o quadro 2.3 (ampliado)? Você
percebeu alguma “coisa” a mais? Pois bem, ao olharmos atentamente o quadro

9  Rendas:
a) Salários: remunerações do trabalho;
b) Lucros: remunerações do capital de risco;
c) Juros: remunerações do capital de empréstimo;
d) Aluguéis: remunerações de terrenos, instalações físicas e equipamentos afins. Aqui não estamos considerando
(por enquanto) as rendas que eventualmente são enviadas ao exterior e também não estão sendo consideradas as
recebidas do exterior, daí o qualificativo de interno.

capítulo 2 • 39
em questão, notamos que, em primeiro lugar, de acordo com a ótica do produto
(propriamente dito), o produto do país é igual à soma dos valores adicionados
(ou agregados) de cada setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços) à
produção da Economia. E, em segundo lugar, pela ótica da renda interna, o pro-
duto do país é igual ao somatório das remunerações devidas aos proprietários
dos fatores de produção, em face das contribuições que tais fatores geraram ao
processo de produção do país; e, em função disto, esta renda interna também
pode ser conceituada como renda dos fatores ou renda interna a custo de fato-
res. Pois, os rendimentos pagos aos proprietários dos fatores de produção pro-
piciam às empresas custos pela sua utilização, como no caso de pagamentos de
salários aos trabalhadores.
Em função do que foi dito antes a respeito do conceito de renda interna a
custo de fatores, cabe complementar esta discussão na medida em que esta
renda pode ser ainda apresentada como sendo a renda interna líquida a cus-
to de fatores. Mas, por que líquida? Porque não está incluído aí o conceito de
depreciação. E o que é depreciação? O conceito depreciação está associado,
conforme veremos melhor ao longo deste capítulo, ao desgaste, ou, segundo
Rossetti, à “obsolescência (...) a que estão submetidos os bens que compõem o
capital fixo das empresas (...)” (ROSSETTI, 2000:386).
Nesse sentido, as empresas devem fazer, portanto, reservas de depreciação,
cuja propriedade pertence justamente aos proprietários do capital de risco.
Assim, temos a seguinte condição:

VBP – INS = VAB = RIBcf = SAL + LU + JU + AL + DEP

Sendo:
VBP = valor bruto de produção
INS = insumos = consumo intermediário
VAB = valor agregado (ou adicionado) bruto, pois inclui aqui a depreciação
RIBCF = renda interna bruta a custo de fatores
SAL = salários
LU = lucros
JU = juros
AL = aluguéis
DEP = depreciação

40 • capítulo 2
A partir daí, destaca-se que o produto e a renda podem ser mensurados tan-
to a custo de fatores, quanto, principalmente, a preços de mercado. Quando
esses agregados são mensurados a preços de mercado, eles incluem os tributos
indiretos10 pagos pelos consumidores, assim como os subsídios11 recebidos por
certos produtores. Podemos definir produto interno bruto a preços de mercado
(ou, como conhecemos, sendo o PIB) como o somatório de todos os bens e ser-
viços vendidos ou adquiridos no país, durante determinado período de tempo.
Logo, para obter o produto interno bruto a custo de fatores, é necessário
subtrair os tributos indiretos e somar os subsídios, o que corresponde à renda
interna bruta a custo de fatores. Apresentando matematicamente, obtemos:

PIBcf = PIBpm – Ti + Sub = RIBcf = RIBpm – Ti + Sub

Onde:
PIBcf = produto interno bruto a custo de fatores
PIBpm = produto interno bruto a preços de mercado
RIBcf = renda interna líquida a custo de fatores
RIBpm = renda interna bruta a preços de mercado
Ti = tributos indiretos
Sub = subsídios

2.3  O lado da demanda agregada: ótica dos


gastos da Economia

Além da ótica do produto, precisamos entender a evolução da atividade eco-


nômica através do ponto de vista (da demanda agregada, ou melhor, dizendo)
dos dispêndios (ou dos gastos) da Economia e que compreende os seguintes
componentes:
•  Consumo privado (ou das famílias)
•  Consumo público (ou gastos do governo)

10  Os tributos indiretos incidem sobre a produção e a compra e venda de bens e serviços; sendo debitados como
custos de produção, eles são repassados aos consumidores finais.
11  Os subsídios são semelhantes a um imposto negativo, correspondem a toda a transferência pecuniária às
empresas que reduzem seus custos de produção. Eles são instituídos pelo governo com a finalidade de estimular
determinados setores, ou reduzir os preços de alguns bens e serviços de interesse da população.

capítulo 2 • 41
•  Investimento (ou formação bruta de capital fixo)
•  Exportações líquidas (isto é, exportações menos importações)

Então, a seguir nas próximas páginas, prezado aluno, passaremos a estudar


cada um desses componentes relacionando-os com o produto da Economia.

2.3.1  Consumo (das famílias e do governo) e a poupança

Antes de tudo, é importante salientar que o consumo é o maior componente do


produto de um país. Apresenta também certo comportamento estável ao longo
do tempo. O consumo representa o agregado gasto com bens e serviços realiza-
dos pelas famílias e pelo governo. O consumo pessoal12 compreende a parcela
da renda que as famílias (ou consumidores finais) destinam para a aquisição de
bens e serviços de uso final.
O consumo do governo envolve os gastos com a manutenção de sua estrutu-
ra administrativa e com a manutenção, em gastos correntes, com atendimento
das necessidades da população. Deve-se dizer que os pagamentos de transfe-
rências13 não formam parte do gasto público. Assim, por exemplo, quando o
setor público realiza pagamentos de aposentadorias, ou a outros recebedores
que nada produzem no período corrente, estes também não se incluem no pro-
duto do país.
Paralelo à questão do consumo, tem-se o agregado poupança que é a dife-
rença entre a renda e o consumo, ou seja, os indivíduos e o governo decidem
guardar uma parcela de sua renda (ou receita no caso do governo), para con-
sumir no futuro. Assim, tem-se o conceito de poupança privada e poupança do
governo, isto é:

12  O consumo pessoal envolve ainda os gastos com bens duráveis e não duráveis e serviços, excluídos os bens
de segunda mão vendidos. Incluem-se, também, os bens produzidos por conta própria e os recebidos como doação,
assim como o aluguel imputado às residências ocupadas pelos proprietários e que é somado ao aluguel efetivamente
mensurado. Além disso, o consumo pessoal, na verdade, pode ser definido como o consumo privado, ou seja,
formado pelo consumo das famílias, bem como pelo consumo das instituições privadas sem fins lucrativos, sendo
que o consumo destas últimas é mensurado pelo custo dos bens e serviços que elas produzem para uso próprio.
13  Entendendo por transferências do governo ou do Estado os pagamentos que esta entidade realiza a um
indivíduo em troca dos quais não é prestado nenhum serviço corrente.

42 • capítulo 2
S = poupança14
Y = renda = produto (da Economia)
C = consumo

S=Y–C

2.3.2  Formação bruta de capital fixo (investimento)

Em toda a Economia não somente são produzidos bens e serviços para o consu-
mo, mas também bens de capital que contribuem para uma produção futura. O
investimento privado inclui três categorias, quais sejam:
a) Investimento na planta e equipamento das empresas, ou seja, a cons-
trução de fábricas, aquisição de máquinas etc.
b) Construção residencial, como no caso da construção de habitações.
Obs.: os itens (a) e (b) apresentam elementos que constituem o que pode-
mos denominar de formação bruta de capital fixo. Já no item abaixo temos ou-
tro componente, definido como:
c) Variação nos estoques, isto é, algo que se produziu e, portanto, é incluí-
do no cálculo do produto da Economia.

É importante ressaltar que a partir da poupança (discutida no item anterior)


gera-se um consumo futuro e este consumo futuro forma o investimento bruto,
que equivale ao aumento do estoque de capital fixo e da variação de estoques da
Economia durante um determinado período de tempo.
Ao se deduzir desse investimento bruto a depreciação, obtém-se o investi-
mento líquido; a depreciação (já comentada anteriormente) corresponde aos
gastos de investimento efetuados para repor os capitais desgastados ou subs-
tituídos no processo de produção durante o período. Esses gastos servem tam-
bém para obtenção do produto interno bruto e da renda interna bruta. Mas,

14  A poupança é a parte da renda que não é consumida. Denotamos aqui a poupança com um ‘S’ (do inglês saving).

capítulo 2 • 43
diminuindo a depreciação, tem-se o produto interno líquido e a renda inter-
na líquida.
Assim, temos:

•  Investimento bruto = Investimento líquido + Depreciação


•  PIB = PIL + Depreciação
•  RIB = RIL + Depreciação
Onde: PIB = produto interno bruto; PIL = produto interno líquido; RIB = renda
interna bruta; RIL = renda interna líquida

Caro aluno, em função das considerações descritas anteriormente, pode-


mos chegar a algumas identidades fundamentais. A primeira delas é a de que o
produto é igual à renda, uma vez que tudo o que foi agregado ao processo pro-
dutivo, em termos de bens e serviços, corresponde ao que foi pago aos fatores
de produção, e tudo o que foi produzido, foi absorvido (comprado/gasto) pelos
proprietários dos fatores de produção na Economia. A segunda identidade é a
de que poupança (S) = investimento (I). Tal identidade decorre, na verdade, da
primeira identidade acima e assim obtemos:

Y = produto = renda = gastos


Gastos = C + I = Y
Y = S + C = renda
Logo: C + I = Y = S + C >>>>> a tendência é de que S = I (tudo o que
é poupado tende a gerar o investimento)

Em função das considerações acima e do gráfico a seguir, podemos obser-


var que, conforme os dados do IBGE, a taxa de investimento no terceiro trimes-
tre de 2013 foi de 19,1% em relação ao PIB. Se observarmos adequadamente,
verificamos que esta taxa foi superior à taxa referente à igual período do ano an-
terior que foi de 18,7% em relação ao produto da Economia brasileira. Paralelo
a isso, a taxa de poupança ficou em 15% no terceiro trimestre de 2013, ligeira-
mente abaixo da taxa apontada no mesmo trimestre de 2012 que foi de 15,3%
em relação ao PIB.

44 • capítulo 2
Taxa de Investimento e Taxa de Poupança Bruta (% do PIB)
21,0
20,7 20,6 20,5
20,0 20,0 20,0 20,0
19,8
19,6
19,2
19,0 19,0
19,1
18,8 18,7
18,2 18,3
18,0

17,1 17,2
17,0 16,9 16,8
17,1
16,6
16,4
16,2
16,0
15,2 14,4
15,0 15,1 14,4

14,4
14,0
2000.III

2001.III

2002.III

2003.III

2004.III

2005.III

2006.III

2007.III

2008.III

2009.III

2010.III

2011.III

2012.III

2013.III
Taxa de Investimento (FBCF)
Taxa de Poupança Bruta

Tabela 2.6  –  Taxa de investimento e taxa de poupança bruta (% do PIB). Fonte: IBGE, 2014

2.3.3  A Economia aberta

Em uma economia aberta, como no caso da Economia brasileira, torna-se ne-


cessário acrescentar as variáveis econômicas exportações e importações15, as-
sim, a despesa nacional (ou o gasto nacional) (DIB), fica:

DIB = dispêndio interno bruto = consumo (privado e do governo) + investi-


mento (formação bruta de capital fixo) + exportações – importações

A partir daí, prezado aluno, pode-se concluir que:

Investimento = Poupança interna + Poupança externa

15  Denominam-se exportações as mercadorias que os países destinam ao exterior, ou seja, as que são vendidas
para fora do país. Por importações entende-se o processo inverso, as mercadorias que um país compra do exterior.
As exportações líquidas resultam da diferença entre as exportações e as importações.

capítulo 2 • 45
Dada uma Economia aberta, como no caso da brasileira, existe ainda um
fluxo de pagamentos entre o país e o resto do mundo. Assim, há uma diferen-
ça entre o Produto Nacional Bruto (PNB) e o Produto Interno Bruto (PIB). Para
obter o PNB adequadamente, é necessário somar ao PNB a Renda Líquida do
Exterior (RLE).
A RLE corresponde ao resultado (ou saldo) entre a renda recebida do exte-
rior (RRdE) e a renda enviada para o exterior (REpE); assim, constituem a RLE,
por exemplo, as entradas e saídas de lucros e dividendos de empresas, juros,
royalties, rendas provenientes de salários etc. Nesse sentido, temos, de uma
maneira geral que:

PIB = produto interno bruto


PNB = produto nacional bruto
RLE = renda líquida do exterior
RIB = renda interna bruta
RNB = renda nacional bruta
DIB = despesa interna bruta
C = consumo privado (das famílias e de instituições privadas sem fins lucra-
tivos) + consumo da administração pública (ou do governo)
I = investimento das empresas (privadas e estatais) = investimento agregado
NX = exportações líquidas (saldo entre as exportações e importações)

PNB = PIB + RLE <<<<<<>>>>>> RIB = RNB - RLE <<<<<<>>>>>>


DIB = (Cf + Cg) + I + NX

Portanto, a diferença entre o PIB e o PNB corresponde, segundo


VASCONCELLOS & GARCIA16, ao fluxo de rendas com o exterior. O PNB é a pro-
dução obtida com o trabalho ou capital pertencente aos residentes de um país,
enquanto o PIB17 é o produto total obtido pelo trabalho e capital situados den-
tro do país.
Pelo que podemos constatar em relação às informações estudadas até
agora, percebe-se que a atividade econômica é avaliada por três óticas que se

16  VASCONCELLOS & GARCIA. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, s/d.
17  No Brasil, as rendas enviadas ao exterior tendem a serem maiores (mas não obrigatoriamente) do que as
rendas recebidas; logo, PNB < PIB e RNB < RIB.

46 • capítulo 2
complementam, ou seja, a ótica do produto, da renda e dos gastos (ou despe-
sas) de um país. O quadro a seguir apresenta a evolução do PIB através da ótica
da demanda.

TAXAS REAIS DE VARIAÇÃO - ÓTICA DOS GASTOS


Discriminação 2010 2011 2012
PIB 7,5 2,7 0,9
Consumo das Famílias
6,9 4,1 3,1
(Cf)
Consumo do Governo
4,2 1,9 3,2
(Cg)
Formação Bruta de
21,3 4,7 -4,0
Capital Fixo
Exportações 11,5 4,5 0,5
Importações 35,8 9,7 0,2

Tabela 2.7  –  Fontes: IBGE e Banco Central do Brasil - Relatório Anual 2012

A respeito deste quadro, destaca-se que a formação bruta de capital fixo teve
uma retração bastante significativa em 2012 comparativamente aos anos an-
teriores, principalmente em relação ao ano de 2010; houve uma expansão do
consumo do governo em 2012 comparativamente ao ano de 2011; apesar de ter
tido uma queda, o consumo das famílias fechou em uma taxa de crescimento
quase igual ao consumo do governo. Houve uma contribuição positiva do setor
externo, na medida em que houve certa elevação das exportações em relação às
importações em 2012, ou seja, o saldo das contas externas foi melhor do que
nos anos anteriores de 2010 e 2011.

2.3.4  Outras formas de raciocínio para mensuração da renda e do


produto

Para terminar o nosso estudo a respeito da mensuração dos agregados econô-


micos, cabe destacar algumas informações complementares a esse nosso estu-
do. A primeira delas diz respeito a que, com a introdução do governo na nossa
equação, a renda que os proprietários dos fatores efetivamente recebem é me-
nor do que o total da renda do país, em virtude dos pagamentos de contribui-
ções e de diversos tributos.

capítulo 2 • 47
Dessa forma, a renda pessoal é igual à renda obtida mais as transferências
do governo às famílias (aposentadorias, pensões e ajudas especiais em caso
de calamidade pública), subtraídos os pagamentos que as empresas fazem ao
governo. Esses pagamentos são contribuições previdenciárias, FGTS, multas e
impostos sobre operações financeiras e sobre os lucros das empresas.
A partir daí podemos definir como renda pessoal disponível a renda que as
famílias efetivamente recebem, ou seja, é igual à renda pessoal, menos os im-
postos diretos efetuados pelas pessoas físicas no governo, mais as devoluções
efetuadas pelo governo às famílias. Será a renda pessoal disponível que as famí-
lias destinarão ao consumo de bens e serviços finais e à poupança, sendo esta
posteriormente canalizada para as empresas realizarem investimentos.
A segunda dessas informações destaca a diferença entre o PIB nominal (ou
seja, medido a preços correntes) e o PIB real (isto é, medido a preços constan-
tes). Quando comparamos os valores do PIB brasileiro em períodos diferentes,
ele incorporam o aumento da inflação. Para retirarmos o efeito da inflação18,
precisamos desinflacionar esses valores, transformando valores nominais em
valores reais (ou deflacionados), daí surgindo a diferença entre o PIB real e o
PIB nominal, onde para se calcular o PIB real, tem-se a seguinte fórmula abai-
xo, sabendo-se que IP é índice de preços.

PIB real = PIB nominal x 100


IP19

A seguir será apresentado, como exemplo, um quadro em relação ao Índice


Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este índice de preços tem
18  A respeito da inflação (definição, tipos etc.), abordaremos este tema na quarta aula.
19  Tem-se como IP, por exemplo, o IPC e o IPCA. Destaca-se que o índice também pode ser chamado de deflator
implícito, sendo que todo e qualquer índice de preços reflete o crescimento médio dos preços agregados; desta
forma, os índices de preços são multiplicados por 100 (denominador), eles devem ser compensados no numerador,
multiplicando por 100, conforme veremos em exercício posterior.

48 • capítulo 2
como período de coleta de preços o mês completo. Tem como local de pesquisa
11 regiões e mede a evolução dos preços dos bens e serviços que são absorvidos
por famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos.

ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO


IPCA - PERCENTUAL NO MÊS, PERCENTUAL ACUMULADO NO ANO E PESO NO MÊS
BRASIL - DEZEMBRO 2013
PERCENTUAL NO PERCENTUAL
ÍNDICE GERAL, GRUPOS E SUBGRUPOS PESO NO MÊS
MÊS ACUMULADO NO ANO
Índice geral 0,92 5,91 100,0000
1. Alimentação e bebidas 0,89 8,48 24,5732
11. Alimentação no domicílio 0,79 7,64 16,0141
12. Alimentação fora do domicílio 1,08 10,07 8,5591
2. Habitação 0,52 3,40 14,4534
21. Encargos e manutenção 0,60 9,23 10,5842
22. Combustíveis e energia 0,31 -9,82 3,8691
3. Artigos de residência 0,89 7,12 4,5050
31. Móveis e utensílios 0,97 8,07 2,3101
32. Aparelhos eletroeletrônicos 0,76 5,95 1,8399
33. Consertos e manutenção 1,06 7,15 0,3550
4. Vestuário 0,80 5,38 6,6373
41. Roupas 0,87 5,27 4,2508
42. Calçados e acessórios 0,59 5,07 1,9436
43. Joias e bijuterias 1,21 8,83 0,3583
44. Tecidos e armarinho 0,71 3,98 0,0847
5. Transportes 1,85 3,29 18,8626
51. Transportes 1,85 3,29 18,8626
6. Saúde e cuidados pessoais 0,41 6,95 11,2700
61. Produtos farmacêuticos e óticos 0,03 4,67 3,6964
62. Serviços de saúde 0,59 8,93 4,9112
63. Cuidados pessoais 0,58 6,58 2,6624
7. Despesas pessoais 1,00 8,39 10,5838
71. Serviços pessoais 1,04 9,51 6,4401
72. Recreação, fumo e fotografia 0,94 6,70 4,1437
8. Educação 0,05 7,94 4,5781
81. Cursos, leitura e papelaria 0,05 7,94 4,5781
9. Comunicação 0,74 1,50 4,5367
91. Comunicação 0,74 1,50 4,5367

Tabela 2.8  –  Fonte: IBGE

capítulo 2 • 49
A terceira dessas informações diz respeito a que um dos grandes objetivos
do Brasil é ter crescimento econômico, o qual pode ser medido pelo PIB per
capita20, isto é, o valor monetário do produto interno bruto dividido pela popu-
lação do país. Na verdade, o PIB per capita permite avaliar a quantidade (média)
de bens e serviços disponíveis para cada brasileiro. Assim, temos que:

PIBpc = PIB/número de habitantes

A quarta informação refere-se ao PIB em dólares21. De acordo


com Vasconcellos:

“Para comparações internacionais, utilizamos os PIB em dólares, mas não os dólares correntes, que
são muito afetados pela política cambial de cada país.
Por exemplo, em janeiro de 1999, o PIB brasileiro era de aproximadamente R$ 900 bilhões de reais,
que equivalia a cerca de US$ 750 bilhões (o dólar era cotado a R$ 1,20). Houve uma aumento da
taxa de câmbio para R$ 1,80, o que reduziu o PIB do Brasil a US$ 500 bilhões.
Isso não significou que o Brasil ficou mais pobre (a renda interna (...) caiu em 50%).
Para sanar esse problema, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou para comparações
internacionais o conceito de dólar PPP – purchsing power parity, ou paridade do poder de
compra, que toma como valor de referência os produtos dos Estados Unidos (...), ou seja, tomam-
se as quantidades produzidas em cada país, mas não a preços desses produtos do país em dólares
(dólar corrente), mas aos preços dos Estados Unidos (...) esse procedimento supõe que o dólar tenha
o mesmo poder de compra em todos os países. (...) (p. 116).

Apêndice 1: As taxas de crescimento

Veja bem esses títulos a seguir e repare sobre o que eles estão enfatizando.

Economia tem a taxa de crescimento mais baixa desde o governo Collor


Economia cresceu 2,1% por ano no primeiro mandato da presidente Dilma.
É a taxa de crescimento da Economia mais baixa desde o governo Collor. (O Globo, 28/03/2015)22
Revisão do PIB eleva as taxas de crescimento.
(Valor Econômico, 27/03/2013)23
Mercado amplia para 9,9% expectativa para inflação em 2015.
(Folha de São Paulo, 03/11/2015)24

20  Ver site http://www.ipib.com.br/ranking/pesquisaValEstados.asp que informa a respeito do ranking do produto


per capita por região no Brasil.
21  Ver site http://www.ipib.com.br/pibbrasil/pib_2004.asp informando a classificação do PIB brasileiro em 2004
no Mundo.
22 http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/03/economia-tem-taxa-de-crescimento-mais-baixa-
desde-o-governo-collor.html.
23  http://www.valor.com.br/brasil/3979764/revisao-do-pib-eleva-taxas-de-crescimento.
24  http://m.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1701532-mercado-amplia-para-99-expectativa-para-inflacao-
em-2015.shtml?mobile.

50 • capítulo 2
O que podemos perceber? Tais títulos chamam a atenção para as chamadas
taxas de crescimento (seja do crescimento econômico, da inflação etc.). De uma
maneira geral, quando se fala, por exemplo, sobre a taxa de inflação, esta taxa
diz respeito ao crescimento dos preços (dos bens, serviços, dos fatores de pro-
dução etc.). Já a do crescimento econômico faz referência à taxa de crescimento
do produto interno bruto (PIB).
A taxa de crescimento é um instrumento útil quando estamos analisando
dados de séries temporais, como notamos ao longo do estudo de todo este capí-
tulo. Desta forma, a taxa de crescimento de uma variável qualquer é a taxa per-
centual por período (ano, semestre, trimestre etc.) em que aumenta ou diminui
a referida variável.
Na verdade, toda taxa de crescimento, seja ela do produto, da inflação ou de
outra variável qualquer, é uma variação percentual, destacando-se como aná-
lise comparativa o período que se está observando. E a variação percentual de
uma variável pode ser vista, de maneira simples, ou seja, pela fórmula abaixo.

TC = [(Vf – Vi)/Vi] · 100

Onde:
TC = taxa de crescimento
Vf = valor final = valor do instante de tempo considerado
Vi = valor inicial = valor do instante de tempo inicial (ou base)
Vamos ao exemplo do quadro a seguir em relação aos valores da renda per
capita corrente nos anos de 2008, 2009 e 2010 no Brasil.

Anos 2008 2009 2010


R$ Correntes 25 16.225 17.196 19.882
∆% ------- 5,98 15,62

A taxa de crescimento de 2009 em relação a 2008:


TC1 = [(17.196 - 16.225)/ 16.225] · 100 = 5,98% (isso significa que a renda per
capita de 2009 cresceu em relação ao ano de 2008 o correspondente a 5,98%);
TC2 = [(19.882 - 17.196)/ 17.196] · 100 = 15,62% (neste caso, a renda per capita
de 2010 cresceu em relação ao ano de 2009 em 15,62%).

25  Neste caso, estão incluídas as variações de preços na Economia.

capítulo 2 • 51
Apêndice 2: Força de trabalho

De maneira mais explicativa, define-se força de trabalho como sen-


do a população economicamente ativa (PEA), que fornece às empre-
sas as condições de trabalho. Nesse sentido, leia atentamente as in-
formações a seguir obtidas em http://jornalggn.com.br/noticia/
populacao-brasileira-em-idade-ativa-atingiu-1566-mi-em-2013.

População brasileira em idade ativa atingiu 156,6 mi em 2013


QUI, 18/09/2014 - 18:59
ATUALIZADO EM 18/09/2014 - 18:59
Jornal GGN - Em 2013, a população em idade ativa (PIA), isto é, com 15 anos ou mais
de idade, chegou a 156,6 milhões. Nesse universo, cerca de 102,5 milhões (65,5%) com-
punham a população economicamente ativa (PEA) e 54,1 milhões de pessoas (34,5%)
formavam a população não economicamente ativa (PNEA). Os dados foram divulgados
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Frente a 2012, PIA, PEA e PNEA cresceram 1,6%, 1% e 2,9%, respectivamente. A taxa
de atividade (proporção de pessoas em idade ativa que estavam na PEA) foi de 65,5% em
2013, contra 65,9% em 2012 e 68,6% em 2008. O Nordeste permaneceu com a menor
taxa (62,7%) enquanto Sul (68,5%) e Centro-Oeste (67,8%) tiveram as maiores.
Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado cresceu
3,6% em relação a 2012 e chegou a 36,8 milhões de pessoas. Com isso, o percentual
de empregados com carteira assinada passou de 74,6% para 76,1% no setor privado. O
aumento ocorreu em todas as regiões e os maiores acréscimos foram no Nordeste (6,8%)
e no Sul (5,3%). A proporção de empregados com carteira assinada no setor privado foi
maior no Sudeste (81,5%) e no Sul (83,4%). O Nordeste continuou com a menor proporção
(61%), mas teve o maior crescimento em relação a 2012 (2,8 pontos percentuais).
Segundo a pesquisa, 61,9% dos ocupados (59,3 milhões de pessoas) em 2013
contribuíam para a previdência. A expansão do contingente foi de 3,4% em relação a 2012,
quando o percentual de contribuintes entre os ocupados era de 60,3%. A proporção de
contribuintes foi mais alta que a média no Sudeste (70,9%), no Sul (72,7%) e no Centro-
Oeste (65,0%), mas ficou abaixo da metade no Norte (44,8%) e no Nordeste (44,2%).
Entre os 19,7 milhões de trabalhadores por conta própria, cerca de 3,5 milhões
(18%) trabalhavam em empreendimentos registrados no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ) em 2013. Em 2012, este percentual era 16,8%. Dentre os 3,6 milhões
de empregadores, 2,9 milhões (79,1%) trabalhavam em empreendimento com CNPJ. Em
2012, eram 76,2%.

52 • capítulo 2
Em função do artigo anterior, e segundo informações da Pesquisa Mensal
do Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)26,
destaca-se que a PEA é o resultado do somatório entre empregados e desempre-
gados. Sendo que os desempregados são pessoas que não estão empregadas
(ou mesmo ocupadas), mas que buscam algum emprego (ou ocupação).
Ressalta-se como observação que as pessoas em idade ativa que buscam
uma ocupação, mas são consideradas desocupadas, estas são calculadas na
PEA. Contudo, as pessoas que estão na mesma situação de desocupados e não
buscam ocupação, são computadas na população não economicamente ativa
(PNEA).
Sendo assim, ao somatório da PME com a PNEA tem-se o conceito de po-
pulação em idade ativa (PIA); para efeitos de mensuração estatística, o IBGE
calcula a PIA a partir dos 10 anos de idade.
Por último, levando-se em consideração a PIA mais a população constituída
pelas crianças menores de 10 anos e pelos aposentados que não pretendem tra-
balhar, ou seja, a PINA, tem-se, portanto, a população (total) de um país. Assim
sendo, a população total = PIA + PINA.

26  Informações obtidas em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/


pme_nova/. De acordo com o site do IBGE, a PME “(...) produz indicadores mensais sobre a força de trabalho que
permitem avaliar as flutuações e a tendência, a médio e em longo prazo, do mercado de trabalho, nas suas áreas
de abrangência, constituindo um indicativo ágil dos efeitos da conjuntura econômica sobre esse mercado, além de
atender a outras necessidades importantes para o planejamento socioeconômico do País. Abrange informações
referentes à condição de atividade, condição de ocupação, rendimento médio nominal e real, posição na ocupação,
posse de carteira de trabalho assinada, entre outras, tendo como unidade de coleta os domicílios.”

capítulo 2 • 53
ATIVIDADES
01. O quadro abaixo expressa informações a respeito da composição da atividade econô-
mica do Brasil sob as três óticas, ou seja, da produção, das despesas e da renda nos anos
de 2003, 2004 e 2005, a preços correntes. No que diz respeito à ótica da renda, os itens
rendimento misto bruto, excedente operacional bruto referem-se às remunerações de pro-
priedade do capital e não do trabalho.

EM BILHÕES DE R$ A PREÇOS CORRENTES


COMPONENTES DO PIB
2003 2004 2005
A - ÓTICA DA PRODUÇÃO
1. Produção (Valor Bruto de Produção) 2.992,60 (?) 3.786,70
2. Impostos sobre Produtos 229,30 275,20 306,50
3. Consumo Intermediário (-) 1.522,10 1.766,40 (?)
Produto Interno Bruto (?) 1.941,50 2.148,80
B - ÓTICA DA DESPESA (OU DOS GASTOS)
1. Despesas de Consumo Final (?) 1.533,80 1.720,30
Consumo das Famílias 1.052,70 1.160,60 1.292,10
Consumo da Administração Pública 329,50 373,20 428,20
2. Investimento (?) 332,30 350,90
Formação Bruta de Capital Fixo 259,7 312,5 342,2
Variação de Estoque 8,40 19,80 8,70
3. Exportação de bens e serviços 254,70 319,00 (?)
4. Importação de bens e serviços (-) 205,20 243,60 247,30
Despesa Interna Bruta 1.699,80 (?) 2.148,80
C - ÓTICA DA RENDA
1. Remuneração dos Empregados (?) (?) 862,50
Salários 528,10 597,40 682,70
Contribuições Sociais Efetivas 111,90 133,00 141,10
Contribuições Sociais Imputadas 31,70 32,70 38,70
2. Rendimento Misto Bruto 180,00 (?) 200,80
3. Excedente Operacional 600,50 690,70 755,10
4. Impostos Líquidos de Subsídios sobre a
247,60 298,30 330,40
Produção e Importação
Renda Interna Bruta 1699,80 1941,50 (?)

Tabela 2.9  –  Fonte: IBGE

Em função disso, calcule os valores das células que estão com o ponto de interrogação
(?). Tendo feito a complementação dos valores solicitados, faça uma análise a respeito das
óticas desse quadro.

54 • capítulo 2
02. Observe atentamente o quadro com as informações sobre as contas trimestrais obtidas
pelo IBGE. Neste sentido, faça uma análise sobre o comportamento da atividade econômica
ao longo do ano de 2012, trimestre a trimestre (sempre comparando o posterior em relação
ao anterior), destacando as óticas da oferta e da demanda nos seus argumentos.
Obs.: o desempenho do produto no primeiro trimestre de 2012 diz respeito comparativa-
mente ao quarto trimestre de 2011.

PERCENTUAL
DISCRIMINAÇÃO 2012
I II III IV
PIB a preço de mercado 0,1 0,3 0,4 0,6
Ótica do produto
Agropecuaria –7,6 5,8 2,1 –5,2
Indústria 1,2 –2,2 0,8 0,4
Servigos 0,6 0,5 –0,0 1,1
Ótica da despesa
Consumo das famílias 0,9 0,7 1,0 1,2
Consumo do governo 1,5 1,2 0,0 0,8
Formação Bruta de Capital Fixo –2,2 –0,9 –1,9 0,5
Exportações 0,8 –3,5 0,3 4,5
Importações 0,8 –0,3 –7,5 8,1

Tabela 2.10  –  Fonte: IBGE

03. A contabilidade nacional (ou contabilidade social) fornece a mensuração (básica) do


desempenho econômico pela produção de bens e serviços de um determinado país. Nesse
sentido, observe as proposições abaixo e marque a alternativa correta.
I – Existe uma distinção entre o produto nacional bruto (PNB) e o produto interno bruto (PIB),
ou seja, o PIB é o resultado do produto final da Economia dentro dos limites territoriais do
país, enquanto o PNB é o resultado do produto final que pertence efetivamente aos nacionais
desse país.
II – O produto interno bruto (PIB) nominal mede o valor do produto do país em um dado pe-
ríodo (de tempo) aos preços deste período, enquanto o produto interno bruto (PIB) real é o
valor do PIB nominal excluindo-se a variação da inflação (do período) no país.
III – Precisa-se considerar, pela mensuração do desempenho econômico na produção de
bens e serviços, a diferença entre o produto a preços de mercado e o produto a custo de
fatores, isto é, o produto a custo de fatores é o resultado do produto a preços de mercado
mais os tributos indiretos, menos os subsídios.

capítulo 2 • 55
IV – Pela relação entre o produto interno bruto (PIB) e o produto nacional bruto (PNB), de-
ve-se levar em consideração o valor da renda líquida do exterior (RLE), sendo que se RLE é
negativa, o valor do PIB é menor do que o valor do PNB.
a) I, II e III são verdadeiras e IV é falsa.
b) II e IV são verdadeiras e I e III são falsas.
c) I e II são verdadeiras e III e IV são falsas.
d) II, III e IV são verdadeiras e I é falsa.
e) I e III são verdadeiras e II e IV são falsas.

04. Os impostos indiretos líquidos de subsídios sobre o setor privado são agregados econô-
micos que diferenciam os conceitos de:
a) PIB a preços de mercado e PIB a custo de fatores.
b) PIL a custo de fatores e PNB a preços de mercado.
c) PIB a custo de fatores e PNL a preços de mercado.
d) PNB a preços de mercado e Renda Pessoal Disponível.
e) PNB a preços de mercado e PNL a preços de mercado.

05. Leia com atenção as proposições abaixo e assinale a afirmativa correta. Há flutuações
do PIB que ocorrem por diversos motivos, dentre eles podemos destacar:
I – As condições da política econômica
II – Os níveis da quantidade e qualidade dos fatores produtivos existentes
III – O grau de tecnologia disponível
IV – Os padrões de gastos e os aumentos (ou quedas) de produtividade.
a) Todas são verdadeiras
b) Todas são falsas
c) Somente a I, II e III são verdadeiras
d) Somente a IV e V são verdadeiras
e) Somente a I, III e IV são verdadeiras

06. Se o produto interno bruto é maior do que o produto nacional bruto, isto é devido a:
a) Exportação maior do que a importação.
b) Exportação maior do que a renda enviada ao exterior.
c) Renda enviada ao exterior é maior do que a renda remetida do exterior.
d) Renda remetida do exterior é maior do que as importações.
e) Importação maior do que a exportação e a renda enviada ao exterior.

56 • capítulo 2
07. A Lei de Okun demonstra que há uma relação:
a) Inversa entre emprego e crescimento do produto.
b) Direta entre emprego e taxa de desemprego.
c) Inversa entre crescimento do produto e taxa de desemprego.
d) Direta entre dispêndios de Economia e taxa de desemprego.
e) Inversa entre gastos da Economia e emprego.

RESUMO
•  Quando se fala em crescimento, ou melhor, em crescimento econômico, estamos nos
referindo ao crescimento do produto, ou seja, da quantidade (ou da produção) abundante de
bens e serviços que todos os países desejam obter.
•  A evolução do PIB apresenta flutuações ao longo do tempo. Tais flutuações ocorrem por
diversos motivos, dentre eles podemos destacar: as condições da política econômica (como
no caso da implantação de políticas fiscal e monetária, por exemplo), os níveis da quantidade
e qualidade dos fatores produtivos existentes, o grau de tecnologia disponível, os padrões de
gastos e os aumentos (ou quedas) de produtividade.
•  O desenvolvimento do PIB, assim como do nível de emprego acabam apresentando um
bom retrato do desempenho macroeconômico.
•  A Lei de Okun indica que as empresas (dos setores agropecuário, indústria e serviços)
de um país precisam aumentar o número de empregados para que possam aumentar o seu
nível de produção.
•  A contabilidade social define e relaciona os agregados econômicos e mede os seus res-
pectivos valores. Este instrumento no Brasil está a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
•  Valor agregado bruto é o resultado da diferença entre o valor bruto de produção e o
consumo intermediário.
•  A chamada renda interna corresponde, portanto, ao somatório das remunerações de toda
a Economia do país no mesmo período da formação do produto “líquido”.
•  Pela ótica da renda interna, o produto do país é igual ao somatório das remunerações
devidas aos proprietários dos fatores de produção, em face das contribuições que tais
fatores geraram ao processo de produção do país, e, em função disto, esta renda interna
também pode ser conceituada como renda dos fatores ou renda interna a custo de fatores.
•  A identidade básica construída pela contabilidade social é a de que o produto é igual à
renda que é igual aos dispêndios da Economia.

capítulo 2 • 57
•  A diferença entre o resultado bruto e líquido diz respeito à depreciação.
•  A diferença entre a custos de fatores e a preços de mercado refere-se à soma dos
impostos (ou tributos) indiretos com a diminuição dos subsídios.
•  A diferença entre o PNB e o PIB diz respeito à inclusão da diferença entre a renda reme-
tida e a renda enviada ao exterior.
•  A renda pessoal disponível é a renda que as famílias efetivamente recebem, ou seja, é
igual à renda pessoal, menos os impostos diretos efetuados pelas pessoas físicas no gover-
no, mais as devoluções efetuadas pelo governo às famílias.
•  Quando comparamos os valores do PIB brasileiro em períodos diferentes, ele incorpora o
aumento da inflação. Para retirarmos o efeito da inflação, precisamos desinflacionar esses
valores, transformando valores nominais em valores reais (ou deflacionados), daí surgindo a
diferença entre PIB real e PIB nominal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Para saber mais sobre os tópicos estudados neste capítulo, pesquise na internet sites, vídeos
e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu polo/campus pre-
sencial você também pode ler:
MOCHON, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson – Pretice Hall, 2007, cap. 9.
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2000, caps. 11, 12 e 13.
VASCONCELLOS, M.A.S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2010, caps. 8 e 9.
VASCONCELLOS, M. A. S. & Garcia, H. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2010, caps.
8 e 9.
VASCONCELLOS, M. A. S. & PINHO, D. B. (Orgs.). Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2010,
caps. 12, 13 e 14.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/
http://jornalggn.com.br/noticia/populacao-brasileira-em-idade-ativa-atingiu-1566-mi-em-2013.
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/03/Economia-tem-taxa-de-crescimento-mais-
baixa-desde-o-governo-collor.html.
http://www.valor.com.br/brasil/3979764/revisao-do-pib-eleva-taxas-de-crescimento.
http://m.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1701532-mercado-amplia-para-99-expectativa-para-
inflacao-em-2015.shtml?mobile.
http://www.ibge.gov.br
http://www. bcb.gov.br
http://www.ipib.com.br/pibbrasil/pib_2004.asp

58 • capítulo 2
http://www.ipib.com.br/ranking/pesquisaValEstados.asp
http://www.sienge.com.br/blog/industria-da-construcao-preve-crescimento-de-ate-4-em-2013-diz-
sinduscon-sp/

capítulo 2 • 59
60 • capítulo 2
3
Síntese das
Principais Escolas
– Os Modelos
Clássico e
Keynesiano
No capítulo 2, nos deparamos com a discussão relacionada a duas variáveis im-
portantes no estudo da Macroeconomia, ou seja, a respeito do produto e do em-
prego (assim como do desemprego). Neste novo capítulo, iremos destacar a sín-
tese das discussões das duas principais escolas da Macroeconomia que dizem
respeito à determinação do nível de emprego, produto e preços, isto é, sobre o
modelo clássico e o keynesiano, cabendo destacar inicialmente que modelos
são teorias simplificadas que demonstram as principais relações entre variá-
veis econômicas.

62 • capítulo 3
3.1  O Modelo clássico 1

Pela discussão dos autores que representam este modelo, eles acreditavam que
o comportamento do “lado real” (emprego e produto) da economia de um país
não dependia do comportamento das variáveis monetárias do sistema econô-
mico (moeda e preços). Tal separação é conhecida no meio dos economistas
como “dicotomia clássica”.
Esta dicotomia tem como um dos pressupostos básicos o mercado de tra-
balho. Este é um mercado como outro qualquer, pois era (e é) regido pelas con-
dições de demanda e oferta2. A demanda por trabalho é definida a partir das
condições de maximização do lucro das empresas, pois esta maximização está
relacionada à comparação entre o custo de empregar cada trabalhador a mais
na empresa (definido como custo marginal) e a receita gerada pela contratação
de cada um destes trabalhadores (conceituada como receita marginal).
Nesse sentido, o custo de contratação de cada trabalhador para as firmas é
justamente o salário nominal, que denominaremos W. Já a receita advinda da
contratação de cada um destes trabalhadores é o resultado entre a produtivida-
de (ou o produto) marginal do trabalho (PMgN) multiplicado pelo preço (unitá-
rio) de venda do produto (P) que poderemos apresentar como sendo PMgN x P.
Desta forma, quando:

•  W > (PMgN x P): as empresas decidirão reduzir o volume de contratação;


•  W < (PMgN x P): as empresas irão aumentar a contratação de trabalhadores
adicionais.

1  Segundo Kennedy, os autores clássicos a que estamos nos referindo, de uma maneira geral, publicaram algumas
daquelas que ainda hoje são as principais obras de referência do pensamento econômico. Adam Smith publicou
A Riqueza das Nações em 1776; a obra mais influente de David Ricardo, Princípios de Economia Política e da
Tributação, data de 1817; John Stuart Mill escreveu, entre outros trabalhos, Princípios de Economia Política (1848);
Jean Baptiste Say publicou o seu Tratado de Economia Política em 1803; a obra fundamental de Thomas Malthus,
Ensaios sobre o Princípio da População, foi publicada em 1798; e Arthur Pigou escreveu várias obras importantes
no início do século XX.
2  Destaca-se que no mercado de trabalho quem gera a demanda são as empresas que contratam o fator trabalho
e quem gera a oferta deste fator são os trabalhadores.

capítulo 3 • 63
Em função do exposto acima, percebe-se que a condição da maximização
para as firmas é dada pela expressão:
W = (PMgN x P), ou quando: W/P = PMgN.
Sendo:
W = salário nominal
W/P = salário real
PMgN = produtividade (ou o produto) marginal do trabalho.

Percebe-se que, por todo esse desenvolvimento, a condição da maximização


ocorrerá na medida em que o salário real (W/P)3 seja igual à produtividade (ou o
produto) marginal do trabalho (PMgN).
Segundo Mankiw, no caso da oferta de trabalho pelos trabalhadores no con-
texto da teoria clássica, esta oferta está de acordo com o “desprazer” ou a “de-
sutilidade” marginal advinda do trabalho (adicional) que o trabalhador irá rea-
lizar4. Por esta lógica, elevar a oferta de trabalho significa elevar o “desprazer”
ou a “desutilidade” ocorrida do trabalho que o trabalhador terá. Desta forma,
quanto maior o volume de emprego (ou vagas de trabalho), maior a “desutilida-
de” do trabalho. Para compensar esta “desutilidade”, o trabalhador irá exigir
um salário real maior.
Para o trabalhador, o salário real (W/P) é a recompensa devida pela maior
“desutilidade” marginal do trabalho (DMgN). A condição de maximização para
o trabalhador será dada por:

DMgN = W/P

3  Se passarmos toda essa discussão para a realidade que vivemos em pleno século XXI, considera-se o salário
nominal aquele que é fixado em contrato, isto é, o quanto o trabalhador recebe no seu contracheque. Se houver
aumento do nível geral de preços (ou seja, da inflação) devido ao aumento dos preços das passagens de ônibus, dos
alimentos, das roupas etc. e o seu salário nominal permanecer no mesmo nível, chegará a um ponto em que o poder
de compra cai, haverá queda do salário real. Isso significa que o salário real representa o efetivo poder aquisitivo (ou
de compra) que um trabalhador tem, ou o quanto ele realmente pode comprar com o salário nominal que ele recebe.
4  Segundo Vasconcellos, o desprazer, ou a desutilidade advinda do trabalho (adicional) que o trabalhador irá
realizar, refere-se a qualquer motivo que induza o trabalhador a recusar um trabalho, ou um emprego, em vez de
aceitar um salário que para ele representa uma utilidade inferior a certo limite mínimo que ele deseja. Um exemplo
claro sobre esta situação é imaginarmos uma pessoa que mora no bairro de Santa Cruz ir todos os dias para o
trabalho no Centro da Cidade do Rio de Janeiro, cuja distância é aproximadamente 64 km. Tendo em vista o tamanho
do percurso, os gastos com transporte, alimentação e todo e qualquer outro gasto que este trabalhador tiver (além
das poucas horas de sono que terá), se ele perceber que o salário real que vai receber não compensa os custos
que ele vai ter, preferirá escolher outra atividade (em seu bairro), como cuidar da família, buscar os filhos na escola,
cuidar da casa etc.

64 • capítulo 3
A condição de maximização para a oferta de trabalho implica, portanto, que
a “desutilidade” marginal do trabalho seja igual ao salário real, pois:

•  Se DMgN > W/P: o trabalhador irá reduzir a oferta de trabalho;


•  Se DMgN < W/P: o trabalhador irá aumentar a oferta de trabalho.

A partir das condições de maximização das empresas e dos trabalhadores,


obtém-se a figura 3.1 a seguir. Nela tem-se o chamado equilíbrio no mercado de
trabalho, segundo a teoria clássica.

W/P
Oferta de Trabalho

E
W/PE

Demanda por Trabalho


NE N

W/P = niveis de salário real


W/PE = salário real de equilibrio
N = quantidades do fator trabalho
NE = nível de equilíbrio do fator trabalho
E = equilíbrio do mercado de trabalho

Figura 3.1  –  Equilíbrio do Mercado de Trabalho. Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Sabendo-se que a partir das condições de demanda e de oferta por traba-


lho são definidos W/PE e NE da Economia, o nível de emprego (ou de trabalho)
estabelecido, com total flexibilidade (ou liberdade de escolha) de salários, é
o nível de pleno emprego do fator trabalho na Economia de um determinado
país. Mas, o que significa este nível de pleno emprego? Significa que todos os
trabalhadores que aceitam o salário real de equilíbrio (W/PE) de mercado estão
(plenamente) empregados5.

5  De acordo com Wells & Krugman, esta lógica da teoria clássica funciona para os mercados dos outros fatores de
produção, como no caso do capital e dos recursos naturais, por exemplo. Assim, quando para os clássicos (ou hoje,
chamados de liberais ou mesmo neoclássicos), a Economia está no pleno emprego da utilização dos seus fatores de
produção, isto significa que esta Economia está utilizando todos os fatores na sua máxima capacidade, não havendo
desemprego (involuntário) na utilização de tais fatores.

capítulo 3 • 65
Caro estudante, tendo definido o volume (ou nível) de emprego da
Economia, a teoria clássica acaba partindo para a determinação do nível de
produto desta Economia. Melhor colocando, ao se supor que estão estabele-
cidas as condições técnicas (ou métodos) de produção na utilização do fator
trabalho (assim como as dos outros fatores de produção), o nível de produto a
ser produzido é justamente o nível no qual está o pleno emprego dos fatores de
produção. Determina-se, portanto, nesta situação, que o produto de equilíbrio
é o produto de pleno emprego que, pela figura 3.2, é apresentado pela curva (ou
linha) de oferta da Economia sendo totalmente vertical.

P
Oferta

PE

Demanda
YE Y

Sendo:
P = nível geral de preços
Y = nível do produto da economia
PE = preço de equilíbrio
YE = produto de equilíbrio (ou produto de pleno emprego)

Figura 3.2  –  Equilíbrio da Economia no Pleno Emprego. Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Logo, destaca-se que, para o modelo clássico, dada a flexibilidade (ou liber-
dade) de preços (P) na Economia, esse nível de pleno emprego encontrará de-
manda no mercado (na Economia) e esta condição é garantida a partir da cha-
mada Lei de Say, qual seja, a indicação de que toda a oferta da Economia de um
país cria a sua própria demanda. Neste caso, percebe-se que não é um aumento
da demanda que irá ocasionar um aumento do produto, pois esta Economia
está operando na sua capacidade máxima de produção.
Na verdade, é a oferta da Economia que acaba gerando novos níveis de pro-
duto para atender à demanda. Pois, uma elevação da oferta através do aumento
da produtividade, da elevação do estoque de fatores de produção, da educação e
da melhoria das técnicas e métodos de produção, por exemplo, possibilita me-
lhores condições da oferta no país. Consequentemente, um aumento do nível

66 • capítulo 3
do produto de pleno emprego da Economia acaba gerando uma elevação do
emprego e uma queda do nível geral de preços, conforme podemos visualizar
na figura 3.3.

Pconstante Oferta

Demanda
Yequilíbrio Y

Figura 3.3  –  Deslocamento da Curva de Pleno Emprego. Fonte: Elaborado pelo autor.

Logo, o que se pode observar, pelo modelo clássico, é que não há insuficiên-
cia de demanda, pois com o aumento da oferta da Economia, esta demanda
estará sendo atendida plenamente. Desta forma, um aumento do produto de
equilíbrio, em função da oferta da Economia, consequentemente eleva a renda
dos indivíduos de uma maneira geral, ou melhor, dizendo, das famílias.
Sabe-se que parte da renda (Y) que as famílias recebem vai para consumo
(C) e a outra parte gera a poupança (S), ou seja:

Y=C+S

Mas, no modelo clássico, as famílias somente estarão dispostas a poupar


(ou adiar o consumo), caso lhes seja pago um prêmio ou recompensa (ou preço)
por este sacrifício, isto é, caso recebam o pagamento de juros.
Para o modelo clássico, a taxa de juros (r) fará com que o volume de pou-
pança sempre resulte em igual volume de investimento (I) na Economia de um
país. Neste caso, pode-se fazer a seguinte colocação:

Y=C+S e Y=C+I
Desta forma:
C + S = C + I e, consequentemente: S = I

capítulo 3 • 67
Dentro deste contexto, para os clássicos, tanto o consumo quanto a poupan-
ça e o investimento dependem (f) da taxa de juros, ou seja:

C = f (r); S = f (r); I = f (r).

Assim, pelo modelo clássico, há uma taxa de juros de equilíbrio que iguala
a poupança e o investimento. A decisão das famílias em consumir no presen-
te ou consumir no futuro (gerando o investimento) dependeria justamente do
prêmio que elas tenderiam a receber em termos da taxa de juros.
Concluindo, pergunta-se a respeito do modelo clássico qual é a evidência
principal desta teoria? O destaque que chama a atenção é a referência que ela
faz ao mercado. As flutuações do salário real, dos preços do produto e da taxa de
juros na Economia de um país acabam garantindo a manutenção da atividade
econômica em regime de pleno emprego.
Havendo oscilações na Economia, como no caso do desemprego no merca-
do de trabalho, estas seriam automaticamente corrigidas, pois na Economia de
mercado, as forças de mercado6 são autoajustáveis, capazes de governarem a
si próprias; melhor colocando, na Economia de mercado, conduzida pelo livre
jogo das forças de mercado, haverá um equilíbrio no mercado de bens e servi-
ços, por meio de ajustes dos preços destes produtos; do mercado de trabalho,
por meio do ajuste dos salários reais; e da poupança e do investimento, através
de ajustes na taxa de juros.

3.2  O Modelo de Keynes


Conforme vimos no item 3.1 deste capítulo, prezado aluno, a visão do modelo
clássico coloca a ênfase no lado da oferta, ou seja, aquilo que era produzido
encontrava certamente uma procura, que se ajustaria à oferta através do funcio-
namento (eficiente) dos mercados.
Numa lógica de ajustes no mercado, não haverá desemprego de recursos
porque preços e salários (assim como taxa de juros) irão “sempre” se ajustar
para poder garantir o equilíbrio de mercado. A ideia principal deste raciocínio
é o de que o liberalismo econômico deve ser salvaguardado uma vez que só os

6  Demanda e oferta do mercado de bens e serviços, demanda e oferta no mercado de trabalho, demanda e oferta
sobre a poupança e investimento.

68 • capítulo 3
mercados, funcionando de maneira eficientemente, podem garantir que o pro-
duto se mantenha no respectivo nível de pleno emprego.
A partir de tal contexto, compare-o, prezado aluno, com a publicação a se-
guir, de 23/06/20117, divulgada pela Carta Capital.

Artigo 1: A crise econômica mundial


Engana-se quem acha que esse excedente chinês salvará o sistema, por-
que são três trilhões de dólares em comparação a 30 trilhões do restante
do mundo. Não significa nada.
(por István Mészáros — publicado em 23/06/2011 às 14h24, última modificação
24/06/2011 15h33).
'O presidente Obama não vê que o trem está vindo em nossa direção', diz Mészáros.
“Engana-se quem acha que esse excedente chinês salvará o sistema, porque são três
trilhões de dólares em comparação a 30 trilhões do restante do mundo. Não significa nada.”
(Entrevista concedida a Matheus Pichonelli e Ricardo Carvalho)
A crise não caiu do céu, ela foi gerada. Quais são as razões dessa crise? A dívida dos
Estados Unidos é hoje algo em torno de 14 trilhões de dólares. E essa é uma das dimensões
que foi varrida para debaixo do carpete, 14 trilhões da dívida norte-americana varridos para
debaixo do tapete. E ela cresce cada vez mais. Agora eu pergunto, por quanto tempo isso
pode seguir adiante? Nos EUA, no último mês, o desemprego aumentou depois que trilhões
de dólares foram injetados na economia.
O presidente Obama disse certa vez que já podia ver a luz no final do túnel da crise. Eu
concordo com ele, também vejo uma luz. Mas é a luz de um trem vindo em nossa direção. Na
ocasião, ele disse que o déficit dos EUA seria reduzido pela metade, e eu afirmei que era mais
provável que o déficit dobrasse, exatamente o que aconteceu. Agora o Congresso norte-ame-
ricano é incapaz de estender o próprio limite do endividamento do país. E essa conjuntura é
global, está conectada com todos os outros países. Não é um problema da Espanha, ou dos
Estados Unidos, ou de Portugal. (...).
(...) Burlesconi, que é especialista em inventar soluções artificiais e provisórias para os
problemas da economia italiana (...) sofreu importantes perdas eleitorais nos pleitos munici-
pais, mas eu ainda insisto, o que mudará com essas eleições? Muito pouco. Na Grécia, por
exemplo, um governo de centro-direita foi substituído pelo Partido Social-Democrata. A única
coisa que mudou foi a revelação de uma dívida catastrófica que causou um pedido de resgate
de 100 bilhões de dólares para uma economia relativamente pequena. E, para piorar, eles
precisam de um novo resgate. Por quanto tempo isso continuará a sufocar o sistema?

7  Obtida em http://www.cartacapital.com.br/politica/a-crise-economica-mundial.

capítulo 3 • 69
Os países encontraram um termo muito bonito para se referir a esse constante endivi-
damento, “endividamento soberano”. Soberano é uma palavra que parece boa, mas estamos
falando de algo em torno de 30 trilhões de dólares, que está aumentando inexoravelmente.
Os economistas dizem que o único país que não enfrenta isso é a China, que está sentada
em um excedente de três trilhões de dólares. Mesmo assim, engana-se quem acha que
esse excedente chinês salvará o sistema, porque são três trilhões de dólares em compara-
ção a 30 trilhões do restante do mundo. Não significa nada.
Agora, nenhuma das soluções para a crise virá do liberalismo. Os próprios limites do
capitalismo precisam ser considerados, essa necessidade intempestiva por crescimento
ilimitado. Isso significa exaurir nossos recursos estratégico-naturais. A própria questão da
água, há muitas regiões no globo que a água não é mais apropriada para a produção e
para o próprio consumo. Mesmo diante da exaustão gradual dos nossos recursos naturais,
um imenso perigo, nós continuamos caminhando para a mesma direção do crescimento
incontrolável. A própria solução para a crise financeira é crescer e crescer até superá-la.
(...) todos os países, embora admitam que exista um grave problema a ser resolvido,
continuam a consumir energia irresponsavelmente. (...)

A publicação acima diz respeito a um contexto de crise econômica (mun-


dial). E aí precisamos pensar se, realmente, o mercado sozinho, pelas forças de
demanda e oferta poderá se autoajustar. Para isso, vamos falar de outro modelo
econômico: do de Keynes.
Em primeiro lugar, observe a figura 3.4 a seguir.

Pconstante Oferta

Demanda
Yequilíbrio Y

Figura 3.4  –  Equilíbrio em Keynes. Fonte: Elaborado pelo autor.

O que podemos perceber diz respeito à curva (ou linha) da oferta da


Economia que é totalmente horizontal, ao contrário do modelo clássico. E é a
partir desta figura que podemos dizer que nela está contida a inovação da teoria
de Keynes. Ela dá ênfase à demanda agregada do sistema econômico.

70 • capítulo 3
O artigo 1, destaca um momento de crise mundial e este momento refe-
re-se a um contexto de flutuações (ou ciclos) que tendem a acontecer com a
Economia brasileira e/ou mundial, ao longo de um determinado tempo. E aí é
que vem a contribuição do modelo de Keynes, que foi fortemente influenciado
pela Grande Depressão8 do início dos anos 19309, conseguiu evidenciar uma
justificativa coerente sobre a ocorrência dos chamados ciclos econômicos.
Os ciclos econômicos sinalizam a evolução da Economia ao longo de um
determinado tempo em relação ao seu produto (mas também em relação ao
emprego e à inflação). Os ciclos, segundo a figura 3.5, estão constituídos por pe-
ríodos alternativos (pico, expansão, recuperação, contração, recessão e fundo)
em relação à atividade econômica
CiclosdeEconômicos
um país.

Produto
Pico
Pico
Tendência
Expansão Contração
Pico Recupeção

Recessão
Fundo

Tempo

Figura 3.5  –  Ciclos econômicos. Fonte: Elaborado pelo autor.

8  A Grande Depressão, ocorrida entre 1930 e 1934/35, foi a mais grave crise econômica mundial do século XX.
Mas como ela começou? Esta crise começou por causa de um grande desequilíbrio na Economia dos Estados Unidos.
Durante a década de 1920 houve um rápido crescimento do mercado de ações naquele país, com os americanos
investindo nas bolsas de valores, acreditando que elas se manteriam sempre em alta. Cidadãos comuns acabaram
vendendo as próprias casas para comprar ações, atrás de um lucro fácil e, teoricamente, seguro. No entanto, em
meados de 1929, a Economia do país dava sinais de que as coisas não iam bem. Os Estados Unidos entraram em
recessão (devido à queda no crescimento econômico) e muitas empresas haviam se endividado durante o período de
euforia. Em outubro de 1929, diante desses sinais negativos, os preços das ações desabaram, provocando a quebra
da Bolsa de Valores de Nova York.
9  É importante afirmar que a década de 1930 abalou os pilares da Macroeconomia clássica, ao mesmo tempo
em que estabeleceu as bases para uma nova teoria sobre os determinantes do desemprego. Esta nova teoria
apresentada por John Maynard Keynes em seu livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936) centra-se
na formulação de uma proposição que hoje em pleno século XXI é óbvia, ou seja, que uma Economia pode encontrar-
se em equilíbrio, mesmo com desemprego.

capítulo 3 • 71
Conforme o artigo 1 e a figura 3.5, pelo modelo de Keynes, os ciclos econô-
micos (em que as crises estão envolvidas) são resultados de falhas de coordena-
ção nos mercados (e outras eventuais ineficiências) que fazem com que não se
tenha uma situação de equilíbrio da Economia no pleno emprego dos fatores
de produção. Keynes (e os chamados keynesianos, que seguem a “doutrina”
deste modelo) argumentava que a Economia de mercado pode não ter forças
vigorosas que a movimentem em direção ao pleno emprego.
O modelo sugere que uma Economia de mercado (como a do Brasil e a dos
Estados Unidos, dentre outras) pode vir a estabelecer-se em equilíbrio com de-
semprego em grande escala, como aconteceu na crise dos Estados Unidos em
2007/2008. Destaca-se, neste sentido, que tal conclusão não foi vislumbrada
pelo modelo clássico estabelecido antes do trabalho de Keynes.
Para os clássicos, o desemprego é imediatamente sanado através dos meca-
nismos do livre mercado, isto é, pelas forças de demanda e de oferta, com gran-
de ênfase na oferta da Economia. Entretanto, o modelo keynesiano argumenta
que o desemprego em grande escala é o resultado de gastos baixos em bens e
serviços e, com isso, o desemprego reflete uma insuficiência de demanda agre-
gada (ou demanda efetiva)10.
Por este contexto, e segundo a figura 3.4, a Economia está em equilíbrio,
mas não no pleno emprego. Para que haja uma “cura” para o desemprego, se-
gundo o modelo de Keynes, deve-se aumentar a demanda (e consequentemen-
te deslocar a curva para a direita, segundo a figura 3.6) para melhorar as cir-
cunstâncias do produto (e do crescimento) em um determinado país, já que é
justamente a insuficiência de demanda agregada a culpada pelo desemprego.
P

Pconstante Oferta

Demanda
Demanda
Yequilíbrio Y’’ Y
Figura 3.6  –  Deslocamento da Curva de Demanda (aumento da demanda e do produto.
Fonte: Elaborado pelo autor.
10  A ocorrência de uma insuficiência de demanda agregada era uma possibilidade negada pela teoria clássica. Esta
teoria assentava-se na chamada Lei de Say, segundo a qual, conforme já vimos, toda a oferta cria condições para a
demanda de uma Economia, o que torna impossível, pelo modelo clássico, uma situação de insuficiência de demanda.

72 • capítulo 3
Contudo, para elevar a demanda, o modelo Keynesiano recomenda a inter-
venção do Estado/do governo no sentido de evitar crises severas. Tal interven-
ção deve ser feita por meio das políticas de estabilização (dentre elas, fiscal e
monetária) que podem atenuar o efeito das crises, ao atuarem sobre as diferen-
tes componentes da demanda ou despesa agregada (consumo privado, gastos
públicos, investimento e exportações líquidas). 11
Por todo esse contexto evidenciado nas linhas anteriores, podemos perce-
ber que para o modelo de Keynes, há deficiências que se encontram nos merca-
dos, pois existem falhas de coordenação, vistas no contexto dos ciclos econômi-
cos. E tais falhas podem ser minimizadas ou mesmo evitadas com o incentivo à
demanda agregada por meio das políticas econômicas que se constituem como
um instrumento fundamental para combater as recessões na Economia de um
país.
Não podemos nos esquecer de que a demanda agregada refere-se ao soma-
tório da demanda dos agentes econômicos famílias (por meio do consumo),
empresas (através do investimento), administração pública (via consumo do
governo) e resto do mundo (por meio das exportações líquidas), conforme estu-
damos no capítulo 2 e veremos uma complementação no capítulo 4. A solução
para o problema do desemprego deve, portanto, passar por uma elevação de
algum dos (e/ou de todos) componentes da demanda agregada (ou efetiva), rea-
lizando as políticas econômicas (ou macroeconômicas, como no caso da fiscal,
por exemplo).12

11  O debate acadêmico e ideológico entre liberais e keynesianos estende-se até os dias atuais. No caso do
Brasil, tal debate foi visto de maneira bastante significativa nos anos 2014 e (principalmente) 2015. Os liberais
(ou neoclássicos) atuais discutem que os ciclos econômicos são intrínsecos ao funcionamento do sistema
econômico, comandados pelo lado da oferta. Um exemplo deste contexto é o próprio caso da inovação tecnológica
como resultado do comportamento ótimo das empresas em relação às necessidades das famílias. Assim, para os
liberais, tentar artificialmente, por via da intervenção pública, atenuar os ciclos tem como consequência, um menor
crescimento de longo prazo, ou mesmo tende a elevar as condições de crises da Economia, como foi o contexto
ocorrido ao longo de 2014 e início de 2015 na economia brasileira.
12  Cabe ainda destacar que no modelo keynesiano, ao contrário do modelo clássico e percebido pelas figuras
3.4 e 3.6, os preços (assim como os salários) são rígidos. O que se leva em conta, já que a Economia no modelo
keynesiano não está no pleno emprego e existe desemprego, não é dar importância à questão dos preços, assim
como da inflação, mas, sim, à questão do emprego. Desta forma, a Economia pode estar em equilíbrio, entretanto,
aquém do nível de pleno emprego, existindo o que se define como desemprego involuntário, fazendo com que não
ocorra o que se considera no modelo clássico, como desemprego voluntário, ou desutilidade marginal do trabalho.
Além disso, enquanto no modelo clássico, o consumo, a poupança e o investimento dependem da taxa de juros, no
modelo de Keynes, o consumo e a poupança dependem da renda disponível da Economia, e o investimento está
relacionado ao espírito de ânimo dos empresários (ou o animal spirits), definido como eficiência marginal do capital.

capítulo 3 • 73
ATIVIDADES
01. Leia atentamente as considerações a seguir e assinale a afirmativa correta a respeito
do modelo clássico.
I) Pela Lei de Say, a demanda cria a sua própria oferta e, neste caso, a demanda e a oferta
agregada são sempre iguais.
II) Pela discussão do modelo clássico, pode haver superprodução global generalizada e, por-
tanto, pode haver recessão.
III) Para o modelo clássico, os salários, assim como os preços, são rígidos em uma
dada Economia.
a) I, II e III são verdadeiras.
b) I e II são verdadeiras e III é falsa.
c) I é verdadeira e II e III são falsas.
d) I, II e III são falsas.
e) I e III são falsas e II é verdadeira.

02. Leia atentamente as considerações a seguir e assinale a afirmativa correta a respeito


do modelo de Keynes.
I) Pelo princípio da demanda efetiva, a demanda cria a sua própria oferta, isto é, se houver
demanda, as empresas irão gerar as suas produções.
II) A Economia pode estar em equilíbrio aquém do nível de pleno emprego, isto é, admite o
desemprego involuntário.
III) O governo deve diminuir os seus gastos, com o objetivo de retirar a Economia do ciclo
recessivo.
a) I, II e III são falsas.
b) I e II são verdadeiras e III é falsa.
c) I e III são verdadeiras e II é falsa.
d) II e III são verdadeiras e I é falsa.
e) I, II e III são verdadeiras.

03. Em 2008 a chamada crise econômica mundial mexeu com a vida de pessoas, governos,
empresas, sistemas financeiros, ou seja, um fenômeno de proporção global. A Economia
mundial viveu um fato único na história: uma crise causada por outras crises. Em alguns paí-
ses a recessão atingiu com maior intensidade, em outros em menor grau, como aconteceu no
Brasil. Neste sentido, dadas estas considerações, leia atentamente as proposições a seguir
e assinale a afirmativa correta.

74 • capítulo 3
I) Para o modelo de Keynes, há deficiências que se encontram nos mercados, pois existem
falhas de coordenação, vistas no contexto dos ciclos econômicos. E tais falhas podem ser
minimizadas ou mesmo evitadas com o incentivo à demanda agregada por meio das políticas
econômicas que se constituem como um instrumento fundamental para combater as reces-
sões na Economia de um país.
II) Para elevar a demanda, o modelo Keynesiano recomenda a intervenção do Estado/do
governo no sentido de evitar crises severas. Tal intervenção deve ser feita por meio das
políticas de estabilização, como exemplo, uma política fiscal através da queda dos gastos da
administração pública.
III) A crise de 2008 foi um contexto no qual a Economia dos EUA estava no pleno emprego
da utilização dos fatores de produção. Desta forma, o pleno emprego é caracterizado como o
momento no qual a Economia está utilizando ao máximo os fatores de produção, apesar de
certo desemprego na Economia do país.
a) I, II e III são falsas.
b) I, II e III são verdadeiras.
c) I é verdadeira e II e III são falsas.
d) II é verdadeira e I e III são falsas.
e) III é verdadeira e I e II são falsas.

04. A curva da oferta agregada do modelo clássico é totalmente vertical. Neste sentido
(assinalando a afirmativa correta):
a) Qualquer deslocamento da curva de demanda agregada para a direita, por incentivo das
políticas econômicas do governo, irá elevar o produto.
b) Qualquer deslocamento da curva de demanda agregada para a esquerda, em função das
políticas econômicas do governo, irá elevar o produto.
c) Um deslocamento da curva de oferta agregada em função do aumento do estoque de
fatores de produção, dado o nível da demanda agregada, elevará o produto da Economia
e diminuirá os preços desta Economia.
d) Um deslocamento da curva de oferta agregada, em função do aumento da produtividade
dos fatores de produção, elevará o nível da demanda agregada da Economia de um dado
país.
e) Um deslocamento da curva de oferta agregada, em função da queda do nível de edu-
cação, dado o nível da demanda agregada, irá diminuir os preços e elevar o produto da
Economia.

capítulo 3 • 75
05. No modelo de Keynes, a curva de oferta agregada é:
a) Totalmente vertical, pois a importância do modelo está na questão do controle de preços.
b) Totalmente vertical, porque a importância do modelo está na questão do desemprego.
c) Totalmente horizontal, visto que a importância do modelo está na questão do emprego.
d) Totalmente horizontal, em função de que a importância do modelo está na questão do
controle de preços.
e) N.R.A.

06. Leia atentamente as proposições a seguir e assinale a afirmativa INCORRETA no que


diz respeito aos modelos keynesiano e clássico.
a) No modelo clássico, se os preços e salários são perfeitamente flexíveis, deslocamentos
da curva de demanda agregada tendem a exercer grande influência sobre o produto da
Economia.
b) No modelo clássico a poupança e o investimento dependem dos ajustes da taxa de juros
na Economia.
c) No modelo de Keynes, a poupança e o consumo dependem da renda disponível na
Economia do país.
d) No modelo de Keynes, a Economia não está no pleno emprego da capacidade de produ-
ção. A Economia pode estar equilibrada, mas não no pleno emprego, pois para Keynes
há desemprego involuntário.
e) No modelo clássico, o mercado de trabalho tem equilíbrio automático, em nível de pleno
emprego, por meio do ajuste da taxa de salário (real).

07. A condição de maximização para a oferta de trabalho implica que a “desutilidade” mar-
ginal do trabalho seja:
a) Maior do que o salário real.
b) Menor do que o salário real.
c) Igual ao salário real.
d) Igual ao salário nominal.
e) Maior do que o salário nominal.

08. Leia a consideração a seguir em nota obtida pelo jornal Valor Econômico de 12/10/2013,
que diz respeito aos modelos clássico (ou neoclássico) e keynesiano.
“(...) Como se sabe, no modelo neoclássico, a taxa de juros é determinada no mercado
de fundos emprestáveis, sendo o preço que equilibra a oferta (poupança dos indivíduos) e
a demanda (investimento de firmas e déficit público do governo) por fundos emprestáveis.

76 • capítulo 3
Em assim sendo, a poupança dos indivíduos, dadas as preferências intertemporais entre
consumo presente e futuro, é relevante para explicar o incremento de investimento ao longo
de vários períodos, o que faz aumentar o nível de estoque de capital. Essa posição teórica
confronta-se com a visão keynesiana, onde não se obtém uma "função poupança", dado
que a decisão relevante é a de investimento, sendo a poupança um resíduo obtido posterior-
mente ao processo produtivo.(...)”13

Nesse sentido, dada esta consideração, e à luz do que foi estudado por nós neste capí-
tulo 3, podemos dizer que tal proposição:
a) Está parcialmente incorreta em relação ao modelo clássico.
b) Metade dela está correta em relação ao modelo keynesiano.
c) Está totalmente correta.
d) Está totalmente incorreta.
e) N.R.A.

09. A condição de maximização das firmas no modelo clássico é dada quando:


a) O salário real é igual à produtividade (ou ao produto) marginal do trabalho.
b) O salário nominal é igual à produtividade (ou ao produto) marginal do trabalho.
c) O salário real é maior do que a produtividade (ou o produto) marginal do trabalho.
d) O salário nominal é maior do que a produtividade (ou o produto) marginal do trabalho.
e) O salário real é menor do que a produtividade (ou o produto) marginal do trabalho.

RESUMO
•  Modelos são teorias simplificadas que demonstram as principais relações entre variá-
veis econômicas.
•  Os clássicos (ou neoclássicos) acreditavam que o comportamento do “lado real” (emprego
e produto) da Economia de um país não dependia do comportamento das variáveis monetá-
rias do sistema econômico (moeda e preços).
•  A demanda por trabalho, no modelo clássico, é definida a partir das condições de maxi-
mização do lucro das empresas, pois esta maximização está relacionada à comparação entre
o custo de empregar cada trabalhador a mais na empresa (definido como custo marginal)
e a receita gerada pela contratação de cada um destes trabalhadores (conceituada como
receita marginal).
13  http://www.valoronline.com.br, obtido em 27/11/2015.

capítulo 3 • 77
•  A condição da maximização para as firmas, no modelo clássico, é dada quando o
salário real é igual à produtividade (ou ao produto) marginal do trabalho.
•  Oferta de trabalho do trabalhador, no modelo clássico, está de acordo com o “desprazer” ou
a “desutilidade” marginal advinda do trabalho (adicional) que o trabalhador irá realizar.
•  A partir das condições de demanda e de oferta por trabalho, no modelo clássico são defi-
nidos o nível de emprego (ou de trabalho) estabelecido, com total flexibilidade (ou liberdade
de escolha) de salários, é o nível de pleno emprego do fator trabalho na Economia de um
determinado país.
•  No modelo clássico, produto de equilíbrio é o produto de pleno emprego.
•  Pela Lei de Say a oferta cria sua própria demanda. Assim, a demanda global é sempre
igual à oferta global. Pelo modelo clássico, não há insuficiência de demanda, as famílias
somente estarão dispostas a poupar (ou adiar o consumo), caso lhes seja pago um prêmio
ou recompensa (ou preço) por este sacrifício, isto é, caso recebam o pagamento de juros.
•  No modelo clássico, a taxa de juros (r) fará com que o volume de poupança sempre re-
sulte em igual volume de investimento (I) na Economia de um país.
•  Havendo oscilações na Economia, como no caso do desemprego no mercado de traba-
lho, estas seriam automaticamente corrigidas, pois a Economia de mercado é conduzida pelo
livre jogo das forças de mercado, segundo a teoria clássica.
•  A teoria de Keynes dá ênfase à demanda agregada do sistema econômico.
•  Os ciclos econômicos sinalizam a evolução da Economia ao longo de um determinado
tempo em relação ao seu produto (mas também em relação ao emprego e inflação).
•  Pelo modelo de Keynes, os ciclos econômicos (em que as crises estão envolvidas) são
resultados de falhas de coordenação nos mercados (e outras eventuais ineficiências) que
fazem com que não se tenha uma situação de equilíbrio da Economia no pleno emprego dos
fatores de produção.
•  O modelo keynesiano argumenta que o desemprego em grande escala é o resultado de
gastos baixos em bens e serviços e, com isso, o desemprego reflete uma insuficiência de
demanda agregada (ou efetiva).
•  Para elevar a demanda, o modelo keynesiano recomenda a intervenção do Estado/do
governo, por meio das políticas econômicas de estabilização no sentido de evitar cri-
ses severas.

78 • capítulo 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Para saber mais sobre os tópicos estudados neste capítulo, pesquise na internet sites, vídeos
e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu polo/campus pre-
sencial você também pode ler:
KENNEDY, Peter E. Economia em Contexto. São Paulo: Saraiva, 2004; caps. 1, 3, 4 e 5.
KRUGMAN, P. & WELLS, R. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Campus, 2007; caps. 25, 27,
28, 32 e 34.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: LTC, 2005; cap. 5.
VASCONCELLOS, M. A. S. & LOPES, L. M. (Orgs.) Manual de Macroeconomia: básico e
intermediário. São Paulo: Atlas, 2011; caps. 3 e 4.

Para complementação do que foi estudado neste capítulo, veja os sites:


• http://www.valoronline.com.br, acesso em 27/11/2015.
• http://www.cartacapital.com.br/politica/a-crise-economica-mundial, acesso em 27/11/2015.

capítulo 3 • 79
80 • capítulo 3
4
Moeda, Inflação,
Câmbio, Balanço
de Pagamentos e
Instrumentos da
Política Econômica
Olá! Espero que você, leitor, esteja gostando do que está estudando a respei-
to do contexto deste livro que se refere à Macroeconomia e, porque não dizer,
dos principais argumentos que nos remetem à análise e conhecimento sobre
Macroeconomia! Pois bem, antes de qualquer discussão que se dará neste ca-
pítulo, leia atentamente o artigo abaixo que diz respeito à preocupação com
a inflação.

Veja Online (10/01/2014)


IPCA de dezembro veio “nervosão”: o maior em 10 anos
O IPCA subiu 0,92% em dezembro. É o mais alto em 10 anos para o período. Certo,
leitor amigo, há fatores sazonais e coisa e tal. Há o Natal… Mas sabem como é: se há uma
constante na Economia, a gente poderia dizer que são as sazonalidades, né? Natal, então,
nem se diga: também houve nos nove anos anteriores e faço aqui uma previsão: haverá
Natal neste 2014 (...).
A inflação do ano ficou em 5,91%, bem acima, de novo, do centro da meta. E vamos
ser claros, não? O índice só não furou o teto de 6,5% porque o governo decidiu reprimir as
tarifas. Assim, esses 5,95% foram conquistados de modo artificial; não refletem a realidade
da Economia.
A presidente Dilma pode até achar que eu estou “nervosinho”, mas asseguro que não.
Nervosinhos estão alguns preços da Economia, né? Segundo economistas especialistas
ouvidos por VEJA.com, a inflação não dará trégua neste ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2013 com alta
de 5,91%, pressionado pelo preço dos alimentos. O dado fica dentro da meta oficial do
governo, cujo teto é 6,5%, mas acima do centro da meta (4,5%) e maior do que a inflação
do ano anterior, de 5,84%.
O indicador divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE) veio também acima do esperado por analistas. O Boletim Focus divulgado pelo
Banco Central na última segunda-feira previa alta de 5,74%. A expectativa de especialistas
ouvidos pela Reuters era de que o indicador avançasse 5,82% segundo a mediana de 22
projeções que foram de 5,73% a 5,88%. Só em dezembro, o IPCA subiu 0,92%, o maior
resultado mensal desde abril de 2003 (0,97%), segundo o IBGE. Com isso, 2013 marcou
o quarto ano seguido em que a inflação brasileira fica próxima ou acima de 6%, repetindo
a marca de 2010. Em 2011, a inflação no ano acelerou a 6,50%, para depois enfraquecer
a 5,84% em 2012.

82 • capítulo 4
Alimentos
De acordo com o IBGE, em 2013 o principal impacto veio de Alimentação e Bebidas,
com alta acumulada de 8,48%. Embora tenha desacelerado ante 2012 (9,86%), o grupo
ainda teve impacto de 2,03 pontos porcentuais no índice do ano passado.
O resultado do IPCA no ano só não foi pior porque, em janeiro, o governo promoveu
forte redução no valor das tarifas de energia elétrica e, em meados do ano, o aumento
dos preços do transporte público foi revogado em várias capitais após intensas manifesta-
ções populares.
Os preços de energia elétrica residencial fecharam o ano passado com queda de
15,66%, tendo impacto negativo de 0,52 ponto porcentual no IPCA, segundo o IBGE. Já
Transportes, apesar da revogação da alta das tarifas, ainda subiu 3,29% no ano, ante 0,48%
em 2012, com impacto de 0,64 ponto porcentual no IPCA fechado em 2013.
O IBGE informou ainda que, na variação mensal, o maior destaque do IPCA em dezem-
bro coube ao grupo Transportes, com alta de 1,85%, ante 0,36% em novembro.
Juros — Sem conseguir colocar a inflação na trajetória para a meta, o governo acabou
assumindo o discurso de que entregaria o IPCA do ano passado abaixo do visto em 2012.
Em agosto passado, por exemplo, o próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombi-
ni, chegou a afirmar que esse era o objetivo.
Para tanto, em abril o BC deu início a um ciclo de aperto monetário que não terminou
ainda e tirou a Selic da mínima histórica de 7,25% para o atual patamar de 10%. A expec-
tativa de economistas era de que a taxa básica de juros vá a 10,50% no final deste ano
segundo última pesquisa Focus do BC.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC fará sua primeira
reunião de 2014 e as estimativas são de que haverá alta de 0,25 ponto porcentual na Selic.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: inflação

Prezado aluno, o artigo anterior publicado na Veja online reflete a preocupa-


ção com um assunto com o qual nós brasileiros estamos sempre preocupados,
qual seja: a questão da inflação. Há vários índices de preços que mensuram a
evolução da inflação, dentre eles, e que foi enfatizado no capítulo 2, o IPCA.
Este índice mensura a evolução dos preços dos bens e serviços que constituem
o orçamento das famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos.
A inflação tem vários motivos, dentre os quais destacamos, por exemplo,
a elevação da demanda devido aos gastos do governo bem como pela elevada

capítulo 4 • 83
liquidez da moeda circulante na Economia em função do aumento do consu-
mo. Para tanto, cabe ao Banco Central do Brasil (BC) tentar regular o estoque
monetário do país, por meio da taxa de juros, conforme muitas das informa-
ções que obtemos pelos meios de comunicação.
Dessa forma, os juros irão influenciar a atividade econômica. Mas serão
somente os juros que acabam influenciando o contexto econômico quando se
quer uma dada estabilidade da Economia? E a questão do câmbio? Que relação
existe entre o câmbio e o objetivo de fazer com que haja uma dinâmica adequa-
da na Economia do Brasil? Além disso, como o câmbio pode afetar o balanço de
pagamentos? E o que é balanço de pagamentos? E como as políticas econômi-
cas (ou macroeconômicas) podem influenciar o ritmo da Economia?
Para todas essas questões, teremos como objetivos definir moeda; analisar
os agregados monetários; apresentar as funções do Banco Central; relacionar
as atividades deste banco com o estoque monetário; definir inflação, mostran-
do suas características; entender o que é balanço de pagamentos, sua estrutura
e como é influenciado pelo câmbio; perceber as formas de administração da
taxa de câmbio, sua relação com os juros e a inflação; e contextualizar os instru-
mentos de políticas econômicas.
Todas estas informações nós vamos estudar agora. Boa leitura e bom estudo
para você, prezado aluno!

84 • capítulo 4
4.1  Moeda, agregados monetários e
(princípios a respeito das funções do) banco
central
Inicialmente, vamos ler o artigo1 a seguir.

29/07/2015 - 22h46 | Atualizado em 29/07/2015 - 22h46


BC eleva juros em 0,5 p.p., a 14,25%, e sinaliza fim do ciclo de aperto
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA - O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual
nesta quarta-feira, a 14,25 por cento ao ano, levando a Selic ao maior patamar em nove
anos e sinalizando um possível encerramento do ciclo de aperto monetário iniciado em
outubro do ano passado, após sete altas consecutivas dos juros.
Em uma mudança de tom, o Comitê de Política Monetária (Copom)2 informou no co-
municado que a decisão foi tomada "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas
para a inflação e o atual balanço de riscos" e que entende que "a manutenção desse pata-
mar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a
convergência da inflação para a meta no final de 2016".
Nesta reunião, o diretor de Assuntos Internacionais, Tony Volpon, decidiu se abster de
participar "a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do Banco Central do Brasil, sendo
essa decisão em caráter pessoal e irretratável", segundo comunicado do BC. A decisão veio
após o diretor dizer na semana passada que votaria pela alta dos juros até que as perspec-
tivas estivessem apontando para o centro da meta de inflação.

1  Disponível em: http://www.dci.com.br/economia/bc-eleva-juros-em-0,5-p-p-,-a-14,25,-e-sinaliza-fim-do-ciclo-


de-aperto-id485296.html. Acesso em: 18.01.2016
2  Dentro do contexto do artigo em questão, e segundo o site do Banco Central do Brasil, o “(...) Comitê de Política
Monetária do Banco Central (COPOM), instituído em 20 de junho de 1996, tem como função definir as diretrizes
da política monetária e a taxa básica de juros do Brasil. Suas reuniões são mensais, dividindo-se em dois dias,
sendo a primeira sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras. O COPOM é composto pelos oito membros
da Diretoria Colegiada do Banco Central e é presidido pelo presidente da autoridade monetária. Formalmente, os
objetivos do COPOM são implementar a política monetária, definir a meta da taxa Selic e seu eventual viés, e analisar
o 'Relatório de Inflação'. A taxa de juros fixada na reunião do COPOM é a meta para a Taxa Selic (taxa média dos
financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a
qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o COPOM também pode definir o
viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa
Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias.”

capítulo 4 • 85
Para economistas, o tom do comunicado da decisão desta quarta-feira sugere o fim das
elevações na Selic, com a crença de que a fraca atividade econômica e a deterioração do
mercado de trabalho devem ajudar a empurrar a inflação para baixo.
"O que o BC vinha apontando é que tinha confiança em parar quando a projeção (de in-
flação) dele parasse na meta. A projeção dele deve ter ido exatamente para 4,5 por cento",
avaliou o economista-chefe do Banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall, em
referência ao alvo buscado pela autoridade monetária para o fim do ano que vem.
O economista-chefe do Banco Besi, Jankiel Santos, também acredita que o comunica-
do indicou fim do ciclo de aperto monetário.
O BC deu a entender isso quando diz que entende que a manutenção desse patamar,
por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para
a meta no final de 2016. Salvo a adição feita no primeiro parágrafo sobre o balanço de
riscos, porque esse balanço pode mudar", ressaltou Santos.
Em pesquisa da Reuters, 42 dos 55 analistas consultados projetavam alta de 0,50
ponto percentual na Selic, com o restante vendo aumento de 0,25 ponto percentual na taxa.
Este foi o sétimo aumento seguido na Selic desde o início do atual ciclo de aperto, em
outubro, repetindo a dose de alta em 0,5 ponto percentual pela sexta vez consecutiva. Com
isso, a taxa volta para o maior nível desde agosto de 2006, de 14,25 por cento, em estraté-
gia do BC para combater a inflação.
Apesar da Economia cambaleante, a alta de preços segue persistente neste ano, pres-
sionada pelo reajuste de tarifas e preços administrados e pela desvalorização do real. Nos
12 meses até julho, a prévia do IPCA bateu em 9,25 por cento, leitura mais alta desde
dezembro de 2003 e bem acima da meta de 4,5 por cento, com margem de dois pontos
percentuais para mais ou menos.

SINALIZAÇÕES
Em mais de um evento, Volpon apontou que o ajuste no mercado de trabalho diminuiria
a inércia inflacionária e, na semana passada, afirmou que votaria pelo aumento de juros até
que a projeção do BC estivesse de uma maneira satisfatória apontando para o centro da
meta de inflação.
A postura fez parte do mercado apostar, naquele momento, numa alta mais branda dos juros
nesta reunião do Copom. Mas a equipe econômica do governo reduziu drasticamente as metas
fiscais, virando o jogo das expectativas para a Selic, que voltaram a ser de alta de 0,5 ponto.
Ecoando a mudança de cenário, o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu,
apontou na sexta-feira o surgimento de novos riscos inflacionários no país, reforçando que
é "primordial" permanecer vigilante. Muitos viram uma referência às alterações nas metas
de Economia feita para pagamento de juros da dívida.
Os comentários de Volpon sobre possibilidade de voto nas reuniões do Copom causa-
ram ruídos no mercado, com alguns enxergando a investida do diretor como uma antecipa-
ção do seu voto.

86 • capítulo 4
O assunto foi tópico de reunião extraordinária da diretoria do BC na véspera, sendo
que, após ouvir os esclarecimentos de Volpon, o colegiado recomendou aos membros do
Copom que "redobrem a natural e reconhecida cautela em suas manifestações", segundo
ata desse encontro.
"Sobre o Volpon, é uma cautela, e o comitê concordou. Como ele resolveu que o nome
dele não ia aparecer, é absolutamente adequado abrir todo o andar dessa história, então
faz uma ata e encaminha tudo com a maior clareza possível. Eu realmente não vejo nisso
nada de extraordinário", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima.
(Reportagem adicional de Camila Moreira)
Reuters

Percebe-se que, com a questão da inflação, o Banco Central do Brasil (BC)


acaba intervindo na Economia, pois ele tem como papel principal ser o regula-
dor do estoque monetário do país para fazer com que o real (R$) não perca as
suas características fundamentais, quais sejam, ser:
•  Meio de troca: uma vez que o real (R$) é a moeda (ou mesmo, o dinheiro)
legalmente aceita(o) pela sociedade brasileira e que viabiliza a troca entre diver-
sos bens (ou serviços);
•  Unidade de conta: os preços relativos dos bens na Economia brasileira
(assim como no mundo) são expressos em unidades monetárias;
•  Reserva de valor: significa que o real (R$) armazena valor e, portanto, não
há necessidade de gastá-lo rapidamente;
•  Padrão para pagamentos: a moeda, ou seja, o real (R$) é utilizado como
instrumento por meio do qual são saldadas obrigações.

Quando o BC intervém na Economia com o objetivo de criar um equilíbrio


no lado monetário, diz-se que ele faz política monetária, que é feita utilizando-
se os seguintes instrumentos:
•  O controle e regulamentação da taxa de juros e do crédito;
•  O controle das emissões de papel moeda;
•  A determinação do montante das reservas obrigatórias dos bancos co-
merciais no Banco Central;
•  Operações de open-market;
•  Política de redesconto.

É interessante notar que a moeda é um ativo líquido por excelência.


Entretanto, há outros ativos “financeiros” que compõem o estoque monetário

capítulo 4 • 87
da Economia brasileira. Estes ativos são classificados conforme a sua liquidez3
em agregados monetários. Sendo assim, temos, conforme Mochón4:

Agregados Monetários

Meios de Pagamento restritos:

M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista

Meios de pagamento ampliados:

M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por insti-


tuições bancárias

M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas registradas no Selic

Poupança Financeira

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez

Tabela 4.1  –  Fonte: Mochón, p. 189.

Ainda em relação ao tema, Mochón afirma que:

“Os agregados monetários são variáveis que quantificam a moeda existente em uma Economia e
que o Banco Central costuma definir para fins de análise e para tomar decisões de política monetá-
ria.” (p. 189).

A grande contestação que impera no meio econômico (ou melhor dizen-


do, no meio dos economistas) é se a moeda é neutra ou não. Para isso, deve-
mos considerar, na Economia brasileira, por exemplo, se a moeda é endógena
ou exógena. Tal discussão está relacionada com os lados real e monetário da
Economia de um país (discutidos no capítulo 3).
Alguns formuladores de política monetária não aceitam a possibilidade de
a moeda ser exógena, porque considera este ativo um elemento importante no
todo da Economia e não um ativo neutro no sistema econômico. Essa discussão
reflete justamente a discordância teórica entre keynesianos e neoliberais. Para
economistas de corte keynesiano, a moeda tem efeitos reais na Economia, ou
seja, ela é capaz de afetar os níveis de produção, emprego e renda.
Contudo, para os economistas da linha liberal (ou neoclássica ou moneta-
rista), a moeda tende a ser neutra, especialmente no longo prazo. Isto quer dizer
3  Segundo Mochón, a liquidez é a facilidade de converter o ativo em dinheiro, ou em outras palavras, um ativo
com alta liquidez, por exemplo, indica que teremos facilidade em vender este ativo, caso precisemos do dinheiro de
imediato.
4  Mochón, Francisco. Princípios de Economia. cap. 11. São Paulo: PEARSON/Prentice Hall, 2007.

88 • capítulo 4
que injeções de moeda no sistema econômico (como no caso da Economia
brasileira) apenas causam inflação, não alterando o curso das variáveis reais
(produto, emprego e renda). Este, aliás, foi o grande ponto de mudança surgida
pela chamada revolução keynesiana. Por quê? é importante destacar que, no
seu primeiro livro, Treatise on Money, Keynes acreditava (ainda) na visão quan-
titativista da moeda, dada pela equação: MV = PY, onde M é a quantidade de
moeda, V é a sua velocidade de circulação, P = nível de preços e Y refere-se ao
nível de produto (ou de renda da Economia). Segundo esta visão, V tende a ser
constante, logo aumentos de M causam aumentos de P, para um mesmo Y.
Porém, um dos grandes passos de Keynes, ou melhor dizendo, da teoria key-
nesiana, foi romper com essa visão, ao perceber que V poderia ser (muito) volá-
til, ou seja, a velocidade de circulação da moeda poderia variar (muito) devido a
mudanças nas preferências da demanda por liquidez.
Ao escrever “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, John Keynes
desenvolve a ideia de preferência pela liquidez. Nesse livro, ele demonstra os
motivos para se demandar moeda e liquidez em determinadas situações econô-
micas (como aconteceu, por exemplo, logo após a crise de 2007/08 nos Estados
Unidos). Neste sentido, a moeda entra na Economia de modo não neutro, pois
se constitui num dos principais ativos do jogo econômico.
Por outro lado, destaca-se que o modelo liberal apresenta os salários como
variáveis que são inflexíveis, isto é, que podem aumentar. Por este raciocínio,
os preços das mercadorias tendem a crescer e os donos dos meios de produção
com isso tendem a reduzir seus custos de produção, gerando desemprego na
Economia.
O que se espera? O que se espera é que o governo não deixe a Economia ter
desemprego; ele, por conseguinte acaba gerando políticas monetária e fiscal
para alavancar a demanda da Economia. Mas, com o aumento da demanda, se-
gundo o modelo neoclássico, haverá um aumento de demanda por moeda e,
consequentemente, dos preços, mostrando com isso a ineficiência da interven-
ção do governo na Economia e que, por causa disto, a moeda é neutra; no final
das contas, a intervenção do governo acaba alimentando a inflação.
Agora, a não neutralidade da moeda informa que realmente quanto mais
transações os indivíduos realizarem, mais a moeda irá circular. Entretanto, os
indivíduos não irão gastar toda a sua renda, pois parte dela será poupada, crian-
do assim receita para o governo investir, pois através da poupança que os indi-
víduos fazem nos bancos, o governo (ou a administração pública) converte em

capítulo 4 • 89
investimentos ou gastos, por meio da política fiscal. Deve-se com isso ressal-
tar que uma Economia “recessiva” não gera desenvolvimento para o país. Uma
Economia com alto índice de desemprego diminui a receita (a arrecadação tri-
butária) do governo, pois é através dos tributos que a população paga, que o
governo gera suas receitas e, por conseguinte, os seus gastos, prezado aluno.
Simultaneamente a tudo isso, é importante considerar que neste século XXI
há uma grande evolução do sistema bancário. Neste contexto, destaca-se que os
bancos sabem que é possível gerar meios de pagamento em quantidade supe-
rior ao estoque primário de moeda (ou seja, da base monetária).
Isso quer dizer que os agentes econômicos (como as empresas e as famílias)
não tendem a sacar dinheiro nos bancos simultaneamente. Consequentemente,
os bancos comerciais emprestam uma parcela dos depósitos que não foram sa-
cados. Assim, a questão central é o processo através do qual o sistema bancário
gera meios de pagamento superiores à base inicial. A partir daí, pergunta-se: o
que é a base monetária?
A base monetária pode ser definida como sendo constituída do papel moe-
da em circulação (PMC) e das reservas bancárias (RB). Assim temos:

BM = PMC + RB

Onde:
BM = base monetária
PMC = papel moeda em circulação
RB = reservas bancárias
PMC = PMPP + CMCBC

Sendo:
PMPP = papel moeda em poder do público
CMCBC = caixa em moeda corrente dos bancos comerciais
EB = CMCBC + RB

Onde:
EB = encaixes bancários
Logo, podemos afirmar que: BM = PMPP + EB

Tabela 4.2  –  Fonte: Mochón, pp. 189 a 191.

Para podermos fazer comparações a respeito do que estamos estudando,


caro leitor, a figura 4.1 apresenta gráficos que expressam as evoluções da base

90 • capítulo 4
monetária (BM) e do M1. Através destas informações, o Banco Central do Brasil
(BC) acompanha em detalhes o aumento do estoque monetário da Economia
brasileira. Estes agregados e mais o índice do IPCA acabam dando parâmetros
de como o BC irá mexer com os instrumentos de política monetária, dentre
eles, a taxa de juros (Selic), para poder controlar a inflação. Contudo, sobre a
inflação, discutiremos no próximo item deste capítulo.

Base monetária e meios de pagamento

Média dos saldos diários


Base monetária Meios de pagamento (M1)
240 320
280
200
240
160
R$ bilhões

R$ bilhões 200
120 160

80 120
80
40
40
0 0
Mar Jun Set Dez Mar Jun Set Dez Mar Jun Set Dez Mar Jun Set Dez
2011 2012 2011 2012
Papel-moeda emitido Depósitos à vista
Reservas bancárias Papel-moeda em poder do público

Base monetária Meios de pagamento (M1)


Variações percentuais em 12 meses

Variações percentuais em 12 meses


25 25 25 25
Variações percentuais mensais

Variações percentuais mensais

20 20
20 20
15 15
10 15 10 15

5 10 5 10
0 0
5 5
-5 -5
-10 0 -10 0
Mar Jun Set Dez Mar Jun Set Dez Mar Jun Set Dez Mar Jun Set Dez
2011 2012 2011 2012
Variações mensais Variações acumuladas em 12 meses

Figura 4.1  –  Relação entre a Evolução da Base Monetária e Meios de Pagamento. Fonte:
Banco Central do Brasil

capítulo 4 • 91
4.2  Inflação: definição e características
Caro estudante, observe atentamente as tabelas 4.3 e 4.4 e a figura 4.2 (Taxas
de Inflação medidas por meio do IPCA) a seguir. Eles mostram a evolução das
taxas de inflação medidas pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA)5
do IBGE, por meio das variações mensais de janeiro a dezembro de 2010 a 2014
e dos acumulados destes respectivos anos. O acumulado médio da taxa de in-
flação ao longo destes cinco anos foi de 6,11%. Destaca-se neste sentido que em
2010, 2012 e 2013 as taxas de inflação foram de 5,90%, 5,83% e 5,91%, respecti-
vamente, isto é, foram abaixo da média. No entanto, nos anos de 2011 e 2014,
as taxas foram de 6,50% e 6,40%, ou seja, ficaram abaixo da média acumulada,
sendo que a de 2011 foi 0,10 ponto percentual acima de 2014.

VARIAÇÕES EM %
PERÍODOS
ACUMULADO
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
AO ANO

2010 0,75 0,78 0,52 0,57 0,43 0,00 0,01 0,04 0,45 0,75 0,83 0,63 5,90

2011 0,83 0,80 0,79 0,77 0,47 0,15 0,16 0,37 0,53 0,43 0,52 0,50 6,50

2012 0,56 0,45 0,21 0,64 0,36 0,08 0,43 0,41 0,57 0,59 0,60 0,79 5,83

2013 0,86 0,60 0,47 0,55 0,37 0,26 0,03 0,24 0,35 0,57 0,54 0,92 5,91

2014 0,55 0,69 0,92 0,67 0,46 0,40 0,01 0,25 0,57 0,42 0,51 0,78 6,40

Tabela 4.3  –  Variações Mensais da Inflação: janeiro a dezembro de 2010 a 2014. Fonte:
Elaborado pelo autor em função dos dados do IBGE.

5  A partir de janeiro/2012 o IPCA passou a ser calculado com base nos valores de despesas obtidos na Pesquisa
de Orçamentos Familiares - POF 2008-2009. A POF é realizada a cada cinco anos pelo IBGE em todo o território
brasileiro o que permite atualizar os pesos (participação relativa do valor da despesa de um item consumido em
relação à despesa total) dos bens e serviços nos orçamentos das famílias que recebem de um a quarenta salários
mínimos. Neste sentido, segundo o site do IBGE, o item alimentos e bebidas representa 23,12%, transportes tem
participação de 20,54%, habitação diz respeito a 14,62%, saúde e cuidados pessoais correspondem a 11,09%,
despesas pessoais representa 9,94%, vestuário o equivalente a 6,67%, comunicação representa 4,96%, artigos
de residência, 4,69% e educação refere-se a 4,37% do IPCA. Tais itens também são divididos em outros subitens,
sendo que, ao todo, são consideradas as variações de preços de 465 subitens. Além disso, é importante assinalar
que o IPCA abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,
Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, assim como o Distrito Federal e o município de Goiânia. Ainda segundo o site
do IBGE, destaca-se que o período de coleta das informações para a constituição do IPCA estende-se, em geral, do
dia 01 a 30 do mês de referência. Para melhor entender, de maneira simplificada, o conceito de número-índice e a
maneira como se calcula um índice de preços, leia o apêndice 1 do final deste capítulo.

92 • capítulo 4
PERÍODOS ACUMULADO AO ANO
2010 5,90%
2011 6,50%
2012 5,83%
2013 5,91%
2014 6,40%
Média Anual 6,11%

Tabela 4.4  –  Acumulado médio da taxa de inflação (2010 – 2014). Fonte: Elaborado pelo
autor em função dos dados do IBGE.

Taxas de Inflação Medidas por Meio do IPCA

Média Anual 6,11%

2014 6,40%
Períodos

2013 5,91%

2012 5,83%

2011 6,50%

2010 5,90%

5,00% 5,50% 6,00% 6,50%


Variação Percentual Acumulada ao Ano
Acumulado ao Ano

Figura 4.2  –  Fonte: Elaborado pelo autor em função dos dados do IBGE.

O IPCA, na verdade, é o índice que geralmente o Banco Central do Brasil


(BC) utiliza para calcular e ver a performance da evolução da inflação.
Inflação? Mas, o que é inflação? Nada mais é do que uma variação positiva
e persistente do nível geral de preços em um período determinado. É impor-
tante que se diga que embora a definição seja simples, é necessário enfatizar

capítulo 4 • 93
dois aspectos importantes, quais sejam: (1) essa elevação é persistente e (2)
deve ser generalizada, isto é, envolve os preços de todos os bens e serviços de
uma Economia.
Mas o que faz aparecer esse fenômeno? Melhor perguntando: quais são
as suas causas, de âmbito socioeconômico, com os seus respectivos efeitos,
não só em toda a vida econômica, como também na vida política, na vida so-
cial e até na vida individual de cada pessoa que forma a sociedade de um país
(como o Brasil)? As suas causas estão diretamente ligadas ao que podemos
identificar e classificar como tipos (básicos) de inflação, ou seja, inflação de
demanda, inflação de custos e inflação inercial. Vamos estudar cada um des-
tes tipos a seguir.
A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de
procura (ou de demanda), dada a oferta disponível de bens e serviços na
Economia. Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno, cabe desta-
car o aumento da renda (disponível) das pessoas; a expansão dos gastos pú-
blicos6; a expansão do crédito e a redução da taxa de juros (aumentando a
liquidez, a moeda em circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade);
assim como as expectativas dos agentes econômicos. É importante ressaltar
que o aumento excedente da demanda só causa inflação se a Economia do
país estiver tendendo a chegar ao pleno emprego da utilização dos recursos
(ou fatores) de produção disponíveis na Economia do país.
Uma determinada experiência brasileira demonstra que pode haver in-
flação, mesmo sem a presença de um excesso de demanda sobre a oferta. A
demanda pode permanecer ‘inalterada’, isto é, não é excessiva em relação à
oferta, e, não obstante, aparecer a inflação, porque os custos (os gastos com
a produção) aumentam. Melhor dizendo, por este contexto, há a chamada
inflação de custos (ou de oferta). Entre os fatores que fazem aparecer este

6  O governo é um dos agentes que demandam bens e serviços na Economia. Isto tende a pressionar o nível
da demanda agregada que, dependendo de como o governo administra os seus gastos, pode até gerar um déficit
público e fazer gerar mais ainda um maior nível de demanda global na Economia do país.

94 • capítulo 4
outro fenômeno inflacionário, cabe ressaltar: um aumento da taxa de juros7,
a desvalorização cambial8, os preços externos de determinados produtos (tais
como o preço internacional do petróleo), custo da mão de obra (devido a au-
mentos e/ou aos reajustes salariais) e aumento de impostos. O empresário, a
empresa, trata de passar adiante essas elevações de despesas e eleva o preço
de venda do seu produto. E a maior ou menor proporção que o empresário,
ou a empresa, conseguirá repassar tais elevações para o preço do seu produ-
to depende das condições que se tem em relação ao seu poder de concentra-
ção de mercado, ou a maior ou menor concorrência que se tem neste mes-
mo mercado.
O último tipo de inflação que pode ocorrer, independente de pressões de
demanda e/ou de custos, diz respeito à inflação que está associada aos me-
canismos de indexação da Economia, melhor explicando, a chamada infla-
ção inercial. Esta se desenvolve por meio da garantia que se tem de reajustar
preços a partir da própria constatação da existência de inflação pelos agentes
econômicos. Os índices de inflação de hoje passam a ser o piso para corrigir
os preços de amanhã, mesmo ‘não’ se tendo (conforme colocado acima) pres-
sões de demanda e de custos, que, em função disso, fazem com que a inflação
não diminua na Economia, gerando, assim, uma grande espiral automática
de reajustes contínuos do nível geral de preços.
No Brasil, nos anos 1980 e até a primeira metade dos anos de 1990, os di-
versos tipos de contratos tinham cláusulas de correção que eram autoaplicá-
veis. Isto gerava nos agentes econômicos um comportamento inflacionário
automático, ou seja, transferia-se para o mês seguinte a taxa de inflação do
mês anterior. Isto fez com que, em determinado momento, a inflação (iner-
cial) da Economia brasileira chegasse a patamares de 80% ao mês, como po-
demos constatar pela figura 4.3 a seguir.

7  Ao mesmo tempo em que contribui para reduzir a demanda, gera um aumento dos custos de produção, pois as
empresas muitas vezes obtêm dinheiro emprestado com bancos.
8  Pois gera um aumento nos preços dos produtos importados que servem de matéria-prima para a produção das
empresas.

capítulo 4 • 95
9

96 •
Variação Mensal da Inflação pelo IPCA
Em %

capítulo 4
MAR/90
100 Plano Collor
Collor assume
a presidência
JUN/93
82,39 Plano
80 Real
NOV/86
Plano OUT/92
Cruzado II Itamar Franco
assume
60 FEV/86 JAN/89 presidência
Plano Plano após DEZ/99
Cruzado Verão impeachment de JUL/94 Crise
MAR/85 Collor Real
José Sarney Argentina
40 JAN/91 entra em

http://g1.globo.com/Economia/inflacao-o-que-e/platb
assume a JUL/87 circulação JAN/99
presidência Plano
Plano Collor II FHC assume
Bresser 11,76 JAN/95 seu segundo
JAN/85 30,07 mandato JAN/07 SET/08 JAN/11
20 Tancredo Fernando MAR/00 JAN/03
Estouro da Lula Lula Quebra do Dilma Rousseff
Neves é eleito 12,72 25,24 Henrique assume o banco assume a
20,75 Cardoso bolha da assume a
presidente 11,76
internet presidência segundo Lehman presidência
assume a mandato Brothers
10,16 9,21 presidência
0 5,45 6,84 2,25 0,83
1,7 0,7 0,6 0,22 0,44 0,26

-20

Figura 4.3 – Histórico da Inflação Brasileira9. Fonte: Portal G1 O Globo.


década de 1980 década de 1990 década de 2000 década de 2010
É importante destacar que, naturalmente, costuma-se aceitar um pouco de
inflação na Economia do país, pois essa inflação é inerente aos ajustes que a
sociedade pode fazer em função da dinâmica do processo do seu crescimen-
to econômico. Isso porque a tentativa de países emergentes, como o caso do
Brasil, para tentarem alcançar de forma um pouco mais rápida estágios mais
avançados de desenvolvimento socioeconômico, dificilmente se faz sem que
tenham a correr tensões de custos que levam a aumentos no nível geral de pre-
ços da Economia. Até mesmo em países de Economias mais desenvolvidas,
como no caso dos Estados Unidos e na Europa, mostra-se que, quanto maior
tende a ser o nível de atividade econômica, mais os recursos produtivos tendem
a ficar mais perto do limite do seu pleno emprego pela utilização dos fatores de
produção e que, por causa disso, possam ser gerados aumentos no nível geral
de preços.

Por outro lado, na verdade, um processo inflacionário pode ser um proble-


ma, porque pode, segundo Vasconcellos e Garcia:
•  causar distorções de preços dos produtos;
•  causar distorções principalmente sobre a distribuição de renda, especial-
mente das classes mais pobres;
•  gerar expectativas (negativas) dos empresários e investidores;
•  causar distúrbios sobre as finanças públicas;
•  causar distúrbios no mercado financeiro e sobre o balanço de pagamentos.

Conforme dito acima, é interessante notar que a inflação acaba gerando dis-
túrbios no balanço de pagamentos. A questão que fica é: o que é o balanço de
pagamentos? sobre este assunto, nós iremos estudar no próximo item a seguir,
analisando também a questão do câmbio.

4.3  Balanço de pagamentos e câmbio


Em determinados momentos, a inflação está relacionada com a quantidade de
moeda na Economia. Moeda esta que pode sofrer alterações, dado o valor da
moeda estrangeira, e tal alteração pode também influenciar as condições do
balanço de pagamentos. Tais considerações irão, portanto, ser estudadas, ago-
ra, caro aluno.

capítulo 4 • 97
4.3.1  Balanço de pagamentos: definição e estrutura

Antes de tudo, leia a seguir o artigo do Jornal Estado de São Paulo10, de


22/11/2013.

Balanço de Pagamentos tem déficit de US$ 4,5 bilhões em outubro


Enquanto a Conta Capital e Financeira teve superávit de US$ 2,5 bilhões,
as Transações Correntes ficaram negativas em US$ 7,1 bilhões, o maior
déficit para o mês da história.
22 de novembro de 2013 | 10h 35
Eduardo Cucolo e Célia Froufe, da Agência Estado
SÃO PAULO - O Balanço de Pagamentos do País registrou saldo negativo de US$
4,5 bilhões em outubro. Enquanto a Conta Capital e Financeira teve superávit de US$ 2,5
bilhões, as Transações Correntes ficaram negativas em US$ 7,132 bilhões.
O déficit em conta corrente, de US$ 7,132 bilhões, é o maior para meses de outubro
da série histórica do Banco Central. Considerando todos os meses do ano, é o quinto maior
resultado negativo. O maior déficit foi registrado em janeiro de 2013 (US$ 11,350 bilhões).
A série histórica mensal teve início em janeiro de 1980.
Nos dez primeiros meses do ano, o déficit em conta corrente está em US$ 67,548
bilhões, o que representa 3,63% do Produto Interno Bruto (PIB). Já no acumulado dos
últimos 12 meses até outubro de 2013, o saldo negativo está em US$ 82,211 bilhões, o
equivalente a 3,67% do PIB.
Abrindo a conta corrente, em outubro, o saldo da balança comercial foi negativo em
US$ 224 milhões, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 4,946 bilhões.
Dentro da conta de serviços, contribuiu para o resultado o saldo das viagens internacionais.
Os brasileiros gastaram US$ 2,3 bilhões em viagens ao exterior em outubro,
valor recorde.
Quando há superávit no BP, o saldo eleva as Reservas Internacionais do País. No caso
contrário, como foi em outubro, o saldo negativo diminui as Reservas Internacionais.
Investimento estrangeiro. Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram US$
5,362 bilhões em outubro, resultado que ficou abaixo dos US$ 7,730 bilhões registrados
no mesmo período do ano passado.

10  Disponível em: http://Economia.estadao.com.br/noticias/negocios,balanco-de-pagamentos-tem-deficit-de-


us-4-5-bilhoes-em-outubro,170680e. Acesso em: 18.01.2016

98 • capítulo 4
No acumulado do ano até o mês passado, o IED soma US$ 49,144 bilhões, o
equivalente a 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado,
o IED acumulado era de US$ 55,327 bilhões (2,95% o PIB). Em 12 meses até outubro, o
IED está em US$ 59,088 bilhões, o que corresponde a 2,64% do PIB.
O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou
positivo em US$ 196 milhões em outubro. No mesmo mês de 2012, o resultado havia sido
positivo em US$ 868 milhões.
O Banco Central informou também que o investimento estrangeiro em ações brasileiras,
dentro e fora do País, ficou positivo em US$ 193 milhões em outubro. No mesmo período
do ano passado, estava negativo em US$ 236 milhões. No acumulado do ano até outubro,
o valor subiu de US$ 2,662 bilhões em 2012 para US$ 9,849 bilhões em 2013.
Dívida externa. O Banco Central informou que a estimativa para a dívida externa
brasileira em outubro de 2013 é de US$ 310,982 bilhões. Em setembro de 2013, último
dado verificado, a dívida estava em US$ 309,120 bilhões. No fim de 2012, estava em US$
312,898 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 279,088 bilhões em outubro, enquanto o
estoque de curto prazo estava em US$ 31,894 bilhões no fim do mês passado, segundo
estimativas do BC.
A variação na dívida de longo prazo em relação a setembro se deu, principalmente, por
conta das captações líquidas de empréstimos do setor não financeiro (US$ 1,2 bilhão) e do
governo (US$ 305 milhões). Além disso, a variação por paridade aumentou o estoque em
mais US$ 249 milhões.

Esse artigo diz respeito justamente às contas do balanço de pagamentos.


Este balanço é um registro sistemático das transações econômicas (e financei-
ras) de um país com o exterior.
O balanço de pagamentos é composto, basicamente, pelas seguintes rubricas:
1. Balança comercial
2. Balança de serviços
3. Transferências (ou transações) unilaterais
4. Balança de transações correntes (1+2+3)
5. Movimento de capitais autônomos e financeiros
6. Erros e omissões
7. Saldo do balanço de pagamentos (4+5+6)
8. Variação de reservas (internacionais) (-7)

capítulo 4 • 99
A partir das informações anteriores, observe a próxima tabela (4.5) que diz
respeito à estrutura (adaptada) do balanço de pagamentos obtida no site do
Banco Central do Brasil11.
US$ MILHÕES
DISCRIMINAÇÃO 2012* 2013*
NOV JAN-NOV ANO NOV JAN-NOV
Balança comercial (FOB) (1) –188 17 169 19 415 1 740 –93
Exportações 20 472 222 831 242 580 20 862 221 333
Importações 20 660 205 662 223 164 19 122 221 426
Balança de serviços (2) –6235 –65596 –76492 –6997 –75565
Serviços –3228 –36 692 –41 044 –3519 –43 276
Rendas –3007 –28 904 –35448 –3 478 –32 289
Transferências unilaterais (3) 166 2 602 2 846 111 2 964
Transações correntes (4) = (1) + (2) + (3) –6 257 –45 824 –54230 –5 145 –72 693
Movimento de Caps. Auts. E Financeiros (5) 7 157 67 757 70 154 4 170 70 701
Conta capital 135 –2 012 –1 877 86 1 101
Conta financeira 7 022 69 769 72 030 4 084 69 599
Investimento direto (líquido) 6 073 62 980 68 093 8 839 60 809
Investimentos em carteira 1 850 7 605 8 770 –946,00 27 667
Derivativos 25 174 185 –12 104
Outros investimentos –925 –990 –5018 –3 796 –18 981
Erros e omissões (6) –532 1 867 2 976 –34 –1187
Saldo do Balanço de Pagamentos
368 23800 18900 –1009 –3179
(7) = (4) + (5)
Variação de reservas (–= aumento)
–368 –23 800 –18 900 1 009 3 179
(8) = (–7)

* Dados preliminares
Tabela 4.5  –  Estrutura do Balanço de Pagamentos. Fonte: Banco Central do Brasil - Adap-
tado (Valores Aproximados)

A balança comercial (BC) é composta pelas transações de bens materiais en-


tre o Brasil e o resto do mundo. Constituem a balança comercial as contas de
exportações (X) e importações (M). Destaca-se que tais bens são mensurados de
acordo com o critério FOB (free on board), isto é, os valores dessas contas não
incluem os fretes e os seguros incidentes sobre o transporte internacional das
mercadorias da origem para o destino.
Assim, o saldo da balança comercial é dado por:

BC = X – M = NX = saldo das exportações líquidas

11  www.bcb.gov.br.

100 • capítulo 4
Já a balança de serviços (BS) é composta pelas transações de bens imateriais
entre o país e o resto do mundo. A BS compreende duas categorias, ou seja, a ba-
lança de serviços não fatores (ou simplesmente Serviços) e a balança de serviços
de fatores (ou de Rendas). A primeira diz respeito às contas que não represen-
tam remuneração aos fatores de produção, tais como: fretes, seguros, turismo,
viagens internacionais, despesas diplomáticas etc. A de Rendas se refere aos
pagamentos (ou recebimentos) aos fatores de produção como no caso dos ju-
ros, dividendos, royalties etc12.
As transações (ou transferências) unilaterais (TU) são compostas pelas tran-
sações que não implicam em contrapartida, como no caso das doações, das re-
messas de dinheiro feitas por residentes (e não residentes) que se encontram
trabalhando dentro e fora do país de origem.
A balança de transações correntes (TC) corresponde à soma algébrica dos
saldos da balança comercial (BC), da balança de serviços (BS) e das transações
unilaterais (TU). Melhor, colocando, tem-se:

TC = BC + BS + TU

Se observarmos o quadro 4.4 (Estrutura do Balanço de Pagamentos), pode-


mos ver que houve uma queda significativa do saldo da balança comercial de
jan-nov/2013 comparativamente a jan-nov/2012, que conjuntamente ao resul-
tado negativo da balança de serviços, mesmo com saldo positivo em transações
unilaterais, fez com que ocorresse um maior saldo negativo de transações cor-
rentes no mesmo período em questão.
O movimento de capitais autônomos (e financeiros) é a rubrica que registra
os movimentos de entrada e de saída de capitais do país. Conforme podemos
ver no quadro 4.4 anterior, esta conta está dividida basicamente em conta ca-
pital e conta financeira. A primeira destas contas mensura as transferências de
capital relacionadas com patrimônio de migrantes e a aquisição/alienação de
bens não financeiros não produzidos, tais como cessão de patentes e marcas.
Já a conta financeira registra fluxos decorrentes de transações com ativos
e passivos financeiros entre residentes e não residentes. Essa conta é dividida

12  A partir das informações sobre balança comercial e balança de serviços, surgem dois conceitos que são
utilizados pelo Banco Central e que são importantes para o país: a transferência líquida de recursos (TLR) ao exterior
e a renda líquida do exterior (RLE). No que diz respeito à RLE, este conceito já foi discutido no capítulo 2 deste livro.
Entretanto, no que diz respeito à TLR, esta é constituída pela seguinte equação: TLR = (exportações + entrada de
serviços não fatores) – (importações + saída de serviços não fatores).

capítulo 4 • 101
essencialmente em quatro grupos, isto é, o investimento direto, investimentos
em carteira, derivativos e outros investimentos (empréstimos, moeda em depó-
sitos, créditos comerciais e outros ativos e passivos).
O quadro antecedente (4.4) apresenta uma dada evolução positiva de jan-
nov/2013, comparativamente ao mesmo período de 2012 na conta capital e
financeira (CF). Destacam-se, principalmente, os dados da conta financeira
alavancada pela situação positiva dos investimentos diretos no país. Mesmo as-
sim, a conta capital e financeira não conseguiu no período jan-nov/2013 equili-
brar o saldo negativo de transações correntes, como aconteceu em 2012.
Vejamos agora as contas erros e omissões, o saldo do balanço de pagamen-
tos e as variações de reservas (internacionais). A conta erros e omissões (EO),
como o próprio nome diz, é uma conta composta por transações com o exterior
que não foram corretamente contabilizadas. No caso do saldo do balanço de
pagamentos (SBP), esta rubrica corresponde ao seguinte resultado:

SBP = TC + CF + EO

O resultado do SBP representa a variação das reservas (internacionais - ∆R)13


do país, detidas pelo Banco Central do Brasil, no conceito de liquidez internacio-
nal14, deduzidos os ajustes relativos às valorizações ou desvalorizações das moe-
das estrangeiras em relação ao dólar americano e aos ganhos ou perdas relativos
a flutuações nos preços dos títulos e da cotação do ouro15.

13  Segundo Vasconcelos e Garcia, quanto maiores forem as entradas em relação às saídas de moedas
estrangeiras, mais o Banco Central (BC) acumula reservas. Inversamente, quando o país é deficitário, há uma saída
de divisas que o BC cobre fazendo uso das reservas acumuladas. Além dessa função, de cobrir os eventuais déficits
nas contas externas, as reservas internacionais também podem ser usadas para evitar ataques especulativos contra
a moeda nacional (R$). Assim, quando especuladores do mercado financeiro tentam provocar fortes altas ou baixas
(por exemplo) do dólar no mercado, o BC pode usar as reservas internacionais para neutralizar esses movimentos.
14  A definição de liquidez em âmbito internacional está relacionada justamente com o conceito de reservas
internacionais. Assim sendo, estas reservas remetem ao total de moeda estrangeira (principalmente dólares, no caso
brasileiro) mantido pelo Banco Central (BC), disponível para uso imediato. Melhor colocando, conforme definição
do próprio Banco Central, as reservas internacionais consistem em haveres em moeda estrangeira, ouro, direitos
especiais de saque (ou seja, uma conta corrente) junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
15  É importante destacar que, em condições de equilíbrio do balanço de pagamentos, o saldo (positivo ou negativo)
em transações correntes é (ou deve ser) compensado pela soma dos saldos das contas capital e financeira. Na realidade,
a compensação raramente é completa, de modo que, para zerar (ou equilibrar) o saldo do balanço de pagamentos
(SBP), em geral, é necessário utilizar os capitais compensatórios. Melhor colocando, geralmente o SBP não é zero
(conforme podemos observar pelo próprio quadro 4.4) e, no fim de um ano de operações com o exterior, ou sobram
divisas que vão aumentar as reservas, ou faltam divisas. Neste último caso, torna-se necessário ou reduzir as reservas
internacionais anteriormente acumuladas ou então pedir um empréstimo (na forma de financiamento compensatório)
ao Fundo Monetário Internacional (FMI), como aconteceu com o Brasil ao longo dos anos da década de 1980.

102 • capítulo 4
4.3.2  O Câmbio

No item 4.3.1 analisamos a definição e estrutura do balanço de pagamentos.


Destaca-se, antes de qualquer “coisa”, que o câmbio pode afetar o saldo do
balanço de pagamentos, principalmente no que diz respeito ao resultado da
balança comercial. A partir desse contexto, observe a tabela 4.5 e a figura 4.4
a seguir a respeito dos valores na média R$/US$ da taxa de câmbio comercial.

PERÍODO MÉDIA DO MÊS (R$)


Julho 3,22
Agosto 3,51
Setembro 3,91
Outubro 3,88
Novembro 3,97
Média do Período 3,71

Tabela 4.6  –  Taxa de Câmbio (R$/US$ - Comercial – Média Compra e Venda do Mês)16.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir das informações do site do Banco Central do Brasil

Média ao Mês: Jul-Nov/2015


Média do Mês

3,91 3,88 3,97 3,71


3,22 3,51
Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Média do Período

Figura 4.4  –  Média R$/US$ da Taxa de Câmbio Comercial. Fonte: Elaborado pelo autor, a
partir das informações do site do Banco Central do Brasil

A questão que fica é: como podemos definir o que é taxa de câmbio (TC)? A
TC refere-se ao preço de uma moeda estrangeira qualquer em termos (de valor)
16  Para a apresentação do quadro 4.5 e do gráfico levou-se em consideração a média entre a compra e a venda
dos dias úteis de cada mês. E, no final, a média do período (ou seja, de julho a novembro de 2015), em função dos
dados coletados no site do Banco Central do Brasil.

capítulo 4 • 103
da moeda nacional. Tal explicação está relacionada mais propriamente dito ao
que chamamos por taxa de câmbio nominal (TCN). Neste sentido, podemos
dizer que a taxa de câmbio entre o real (R$) e o dólar (US$) foi, por exemplo,
segundo o quadro 4.4 no mês de agosto na média, de R$ 3,51 para US$ 1,00.
Mas, por outro lado, temos a taxa de câmbio real (TCR) que é, por definição,
a taxa de câmbio nominal ajustada pela relação entre os preços externos (PE) e
os preços internos (PI). Matematicamente, temos:

TCR = [(TCN · PE)/PI]

Entretanto, as formas como um país pode regular a sua taxa de câmbio são
chamadas de regimes cambiais. Vamos, assim, analisar os principais regimes
de câmbio, quais sejam:
•  regime flexível (ou flutuante)
•  regime de câmbio fixo
•  regime de flutuação suja (dirty floating).

A) Regime Flexível (ou Flutuante)


Neste regime são as livres forças de mercado, isto é, a interação entre a
oferta e a demanda de divisas, que determinam diretamente a taxa de câmbio.
Neste caso, elevações da demanda por moeda estrangeira elevam a taxa de câm-
bio, enquanto reduções na demanda reduzem o valor desta taxa.

B) Regime de Câmbio Fixo


No caso do câmbio fixo, as taxas nominais, ou seja, o preço das moedas
estrangeiras em termos de moeda nacional, são determinadas exclusivamen-
te pelo Banco Central (BC), que assume o compromisso de manter a paridade
cambial fixa, independentemente da pressão do mercado.

C) Regime de Flutuação Suja


Os regimes de taxa de câmbio fixas e flutuantes são, na verdade, casos extre-
mos, substituídos na maioria dos países por um sistema híbrido, o chamado
dirty floating (no caso do Brasil, vigora o de bandas cambiais). Neste regime,
o BC deixa que as taxas de câmbio flutuem livremente dentro de um interva-
lo (uma banda), com limites mínimos e máximos. Caso o mercado pressio-
ne o valor da taxa de câmbio para fora da banda estabelecida, o BC intervém

104 • capítulo 4
(vendendo ou comprando moeda estrangeira) para segurar os limites da taxa
de câmbio dentro da banda.
É importante destacar que a taxa de câmbio frequentemente é um indica-
dor de sensibilidade em relação à atividade econômica de um país. Melhor co-
locando, muitas vezes dadas as incertezas da Economia mundial e a imprevi-
sibilidade de algumas nações, isso acaba gerando uma insegurança sobre os
efeitos e resultados que possam refletir em outras Economias, como no caso
do Brasil. Nesse sentido, dado o regime de câmbio administrado no país, esses
cenários podem provocar flutuações na taxa de câmbio, gerando expectativas
opostas para a Economia, o que tende a gerar uma desvalorização (ou deprecia-
ção17) cambial.
Contudo, uma desvalorização (ou depreciação) ocorrida com a moeda na-
cional (no caso do Brasil, o R$) pode ser um fator para melhorar o desempenho
dos setores produtivos exportadores a curto prazo, tendendo a gerar condições
positivas na balança comercial que irão afetar o desempenho do balanço de
pagamentos. Mas, destaca-se que, no caso brasileiro, tal efeito pode acobertar
algum problema sério que diga respeito aos investimentos básicos em infraes-
trutura, assim como a necessidade de maiores investimentos em ciência e tec-
nologia que possam tornar o setor industrial mais eficiente, produtivo e não
dependente do câmbio.
Além disso, uma desvalorização (ou depreciação) da moeda nacional (R$)
pode gerar mais dois problemas adicionais, quais sejam:
•  O primeiro relaciona-se ao papel que as importações têm em relação à
oferta de produtos para a Economia nacional. Se o consumo cresce, em função
da manutenção do emprego e do aumento da renda real do trabalhador, o mer-
cado interno não é capaz de gerar produtos em quantidades suficientes para
atender o aumento da demanda. Neste caso, portanto, haverá um aumento da
inflação provocada pelo crescimento da demanda.
•  O segundo diz respeito à elevação do custo das importações que no final
poderá contribuir para o aumento da taxa de inflação através do acréscimo nos
preços dos produtos finais e nos custos dos fatores de produção importados;
isso acaba fazendo com que o BC eleve a taxa interna de juros na Economia.

17  Os termos apreciação e depreciação cambial referem-se a mudanças na taxa de câmbio quando esta flutua
em função das ações do governo e das forças de mercado. Os termos valorização e desvalorização cambial dizem
respeito a mudanças na taxa de câmbio quando esta é fixa, refletindo decisões deliberadas do governo.

capítulo 4 • 105
Finalmente, em função do que foi dito e explicado anteriormente, para
um melhor entendimento, leia com atenção o artigo a seguir do Jornal Valor
Econômico online.

9/01/2013 às 08h32 4 - Postado por: Claudia Safatle Seção: Câmbio, Juro


Dilma, os juros e a taxa de câmbio
Taxa de juros é um assunto extremamente importante e sensível e quando a presidente
Dilma Rousseff fala sobre esse tema, a atenção deve ser redobrada. Ontem, num discurso
de 50 minutos no Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, a presidente disse: "Nós
temos um país que teve condições de, dentro da tranquilidade, com sensatez, reduzir a
taxa Selic, a taxa de juros. Reduzir a Selic, a taxa de juros da Economia brasileira, é um
movimento importante. Primeiro porque nós temos condições macroeconômicas para fazer
isso e, segundo, porque países com crises muito maiores do que a gente pode sequer
imaginar, têm hoje taxas de juros muito pequenas, e taxa de juros menor sempre vai facilitar,
com o passar do tempo, tanto a ampliação do investimento quanto a do consumo. Aliás, não
há oposição entre uma coisa e outra. É necessário investir, mas também é necessário que
as pessoas consumam".
Pela forma, pareceu que ela estava anunciando novas reduções da taxa Selic. A
assessoria da presidência da República, porém, explicou que Dilma referiu-se aos cortes já
feitos - a redução de 525 pontos base desde agosto de 2011.
As condições macroeconômicas atuais, aliás, não permitem mais queda da taxa
Selic, hoje de 7,25% ao ano. A inflação está pressionada, deve bater no teto da meta nos
próximos meses, e as expectativas do Banco Central são de desaceleração do IPCA só
no segundo semestre quando, segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, a taxa de
inflação convergiria para a meta de 4,5%. As projeções do mercado, porém, não sancionam
essa convergência e apontam uma variação do IPCA de 5,67 % para 2013 e de 5,50%
para 2014.
O BC, depois de avisar pela ata do Copom que não pretende mexer nos juros - nem
para baixo nem para cima - dá sinais de que usará a taxa de câmbio para conter a inflação.
Valorizar o real seria a válvula de escape para baratear os bens importados para consumo
e para investimentos. Mas não está claro que este seja um movimento sustentável. Com
a recuperação, ainda que modesta, da Economia americana, os fluxos de capitais já não
privilegiam as Economias emergentes e o Brasil, em particular, não desperta hoje o mesmo
apetite do investidor estrangeiro que há dois ou três anos.
O governo até pode desmontar as medidas de restrição à entrada de moeda estrangeira.
Mas não é líquido e certo que isso incentive a entrada de recursos e valorize o real frente
ao dólar. No discurso de ontem a presidente garantiu que este ano será bom para o país.
Mas o que ocorreu nas primeiras semanas do ano foi deterioração das expectativas tanto
de crescimento econômico quanto de inflação.

106 • capítulo 4
4.4  Instrumentos da política econômica
Caro leitor, ao longo de todo este livro, e principalmente neste capítulo 4, es-
tamos (também) mencionando informações a respeito de alguns dos elemen-
tos que podem constituir os instrumentos da política econômica. Sabemos,
ao longo desta obra, que todo e qualquer governo tem objetivos no tocante às
políticas que geram dinâmicas à Economia de seu país. Tais dinâmicas estão
relacionadas, justamente, ao crescimento econômico, à evolução do emprego e
da renda, ao controle da inflação, dentre outros.
Nesse contexto, o governo brasileiro dispõe de um conjunto de instrumen-
tos ou mecanismos para fazer com que o país tenha um desenvolvimento ade-
quado da sua atividade econômica; tais instrumentos serão apresentados a se-
guir e se referem às políticas fiscal, monetária, cambial (bem como comercial)
e (uma pequena noção sobre) à política de rendas.

4.4.1  Política fiscal

Para começarmos a apresentar informações a respeito desta política, leia o tre-


cho do artigo a seguir.

(Da REUTERS - 06/03/2015 10h:18min)18


Pequim - A China vai buscar uma política fiscal expansionista este ano para evitar a
estagnação da Economia, disse nesta sexta-feira o ministro das Finanças, Lou Jiwei, que
também garantiu aos investidores que as autoridades estão de olho em governos locais
altamente endividados. Indagado sobre como a China vai compatibilizar seus crescentes
níveis de endividamento com uma Economia que perde vigor, Lou disse que o país tem
de equilibrar a necessidade de reduzir o déficit fiscal sem empurrar a Economia para um
"precipício". Para enfatizar a importância dos gastos do Estado, o ministro afirmou que o
déficit orçamentário real da China deve ficar em 2,7 por cento do Produto Interno Bruto
(PIB) de 2015, depois de contabilizar 112,4 bilhões de iuanes (18 bilhões de dólares) que
se destinavam a orçamentos anteriores, mas ainda não foram gastos.
(...)Apesar de prometer uma política fiscal "ativa", é improvável que a China mergulhe
em uma nova rodada de enorme despesa do Estado, uma vez que ainda tem de enfrentar
uma montanha de dívida de governos locais decorrente de um programa de estímulo de
4 trilhões de iuanes lançado em 2009.

18

18  Obtido em http://brasil.elpais.com/autor/reuters/a/

capítulo 4 • 107
Na verdade, governos locais tomaram emprestado mais de 3 trilhões de dólares nos
últimos anos para custear projetos de infraestrutura. A maior parte desses empréstimos
deverá ser paga entre 2015 e 2017, esvaziando ainda mais os cofres públicos num
momento em que o crescimento da receita fiscal também está caindo.
Lou disse nesta sexta-feira que os governos locais terão de pagar mais de 100 bilhões
de iuanes em dívidas este ano.(...)

A política fiscal é a maneira pela qual o governo administra a Economia por


meio da política tributária e da política de gastos públicos. Como se sabe, o go-
verno (seja no âmbito federal, estadual e municipal) efetua gastos na Economia
com pagamento, por exemplo, de funcionários, construção e manutenção de
hospitais, de escolas, precisa pagar os juros da dívida interna, além de ter que
pagar outros gastos e despesas.
Segundo Sullivan e Sheffrin,

“(...) A política fiscal é um ramo da política econômica que define o orçamento e seus
componentes, os gastos públicos e tributos como variáveis de controle para garantir e
manter a estabilidade econômica, amortecendo as flutuações dos ciclos econômicos
e ajudando a manter uma Economia crescente, o pleno emprego e a inflação baixa.(...)
(p. 444)

Quando o governo (federal) aumenta os gastos públicos, como informa o


artigo anterior sobre os gastos da Economia chinesa, diz-se que a política fiscal
é expansionista (ou ativa). Caso contrário, isto é, havendo cortes nestes gastos,
tem-se uma política fiscal contracionista. Melhor colocando, a política fiscal do
governo será contracionista ou expansionista dependendo do que este governo
está querendo atingir com a política de gastos, tais como: se o objetivo é cresci-
mento econômico, a política tende a ser expansionista, mas, se a finalidade é o
controle da inflação, a política fiscal tende a ser contracionista.
No que diz respeito à política fiscal por meio (do sistema) de tributos, tal pro-
cedimento se faz necessário em função da necessidade de alterar os gastos do
setor privado no que diz respeito ao consumo e ao investimento na Economia.
Sendo assim, se o objetivo do governo é o de fazer com que haja crescimento
da atividade econômica, a política a ser adotada refere-se a uma política expan-
sionista por meio da queda da carga tributária. Mas, se a intenção do governo

108 • capítulo 4
é a de conter a inflação, a política a ser utilizada, no caso, é a contracionista, ou
seja, elevando-se a carga tributária. 19

4.4.2  Política monetária

Ao longo deste capítulo 4, já vimos algumas informações que dizem respeito


a este tipo de política. Contudo, como visão inicial deste item, leia o trecho do
artigo a seguir.

(Exame.com - 03/06/2015 20:20)20


São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou hoje
um aumento de meio ponto percentual na taxa básica de juros da Economia de 13,25%
para 13,75%. Foi o sexto aumento seguido da Selic, o quinto de meio ponto percentual.
A taxa está agora no maior nível desde 2006, e naquela época a trajetória era de queda.
Os economistas esperam que os juros terminem o ano em 14%. A taxa de juros reais, que
desconta dos juros nominais a inflação dos últimos 12 meses, está agora em 5,16%. É a
maior do mundo, de acordo com um ranking com 40 países do site MoneYou.(...).
20

Conforme se extrai da informação acima, a taxa de juros Selic aumentou no


período em questão e, consequentemente, o crédito (constituído por emprésti-
mos e financiamentos, por exemplo) acaba ficando difícil, assim como a quan-
tidade de moeda em circulação na Economia também acaba diminuindo. Neste
caso, os consumidores tendem a reduzir suas compras, as empresas diminuem
seus investimentos e até a inadimplência pode aumentar na Economia.

19  É importante destacar que a conjugação de gastos e tributos (sendo estes, a maior fatia da receita do governo)
conduz aos conceitos de superávit e déficit público, e nos anos de 2014 e 2015, por exemplo, tais conceitos foram
amplamente discutidos na Economia brasileira. Desta forma, quando a arrecadação tributária é maior do que os
gastos e despesas do setor público, tem-se um superávit; no entanto, havendo gastos e despesas maiores do que
a arrecadação tributária, isto acaba gerando um déficit público. Além disso, é importante informar que o conceito
de déficit está associado à necessidade de financiamento da administração pública; melhor colocando, à parte
dos gastos e das despesas realizadas que, pela falta de recursos próprios, devem ser cobertos com algum recurso
monetário público. Complementa-se informando que ao somente considerar o excesso de gastos e despesas não
financeiros sobre as receitas não financeiras (tributos), isto é, não se levando em conta, o pagamento de juros e nem
de correções monetárias e cambiais de dívidas passadas, tem-se o conceito de déficit público primário. Havendo
este tipo de déficit público (primário), o governo pode ou elevar a carga tributária ou diminuir os gastos (e despesas),
ou pode fazer os dois procedimentos conjuntamente. Porém, se mesmo assim, o déficit continuar, tal déficit tenderá
a ser financiado fundamentalmente por duas vias de recursos extrafiscais, ou seja, a emissão de moeda e/ou o
lançamento de títulos públicos.
20  Acesso em: 07/12/2015.

capítulo 4 • 109
Por esse contexto, e segundo o que já foi explicado em linhas anteriores nes-
te capítulo, quando o Banco Central intervém na Economia com o objetivo de
criar um equilíbrio no lado monetário, diz-se que o mesmo faz política monetá-
ria. E esta política é feita utilizando-se de instrumentos tais como o controle e
regulação da taxa de juros e do crédito. Mas também esta entidade faz este tipo
de política na medida em que regula as emissões de papel moeda em circulação
(ou seja, que o Banco Central emite); o BC pode aumentar ou diminuir a ca-
pacidade dos bancos emprestarem aos agentes econômicos (obrigando esses
bancos a depositarem parcela maior ou menor de seus recursos à disposição
do BC, que dizem respeito ao depósito compulsório (ou às reservas compulsó-
rias)), assim como o BC pode também atuar sobre as taxas de juros na venda ou
compra títulos do governo (isto é no mercado aberto de open-market), além de
gerar, em maior ou menor quantidade, empréstimos de curto prazo aos bancos
comerciais (através do mecanismo conhecido como redesconto).
Tudo isso, portanto, refere-se à política monetária, cabendo destacar que:
(a) toda vez que o BC expande o crédito e diminui a taxa de juros, por exem-
plo, com o objetivo de alavancar a atividade econômica, tem-se uma política
monetária expansionista; mas (b) se esta autoridade monetária eleva a taxa de
juros, eleva o depósito compulsório e aumenta a venda de títulos públicos na
Economia, por exemplo, cujo objetivo é conter a inflação, neste sentido, tem-se
uma política monetária contracionista.

4.4.3  Políticas cambial e comercial

Caro leitor, também ao longo deste capítulo já vimos alguns comentários refe-
rentes a instrumentos que dizem respeito à política cambial. No entanto, este
item agrega dois tipos de políticas e que estão relacionados com o setor externo
da Economia, ou seja, além da política cambial, estaremos apresentando infor-
mações sobre a política comercial.
De qualquer maneira, podemos dizer que a política cambial e a comercial
correspondem às ações do governo que atingem diretamente as transações
econômicas internacionais do país, como no caso do Brasil.
No caso da política cambial, o governo (federal) tende a administrar o mer-
cado de divisas assumindo diretamente o compromisso de manter a paridade
cambial fixa, independentemente da pressão do mercado, por meio do Banco
Central; pode, por livre determinação, deixar as forças do mercado de divisas

110 • capítulo 4
determinarem os valores da taxa de câmbio. Mas também o governo, por meio
do BC, pode fazer com que as taxas de câmbio flutuem livremente dentro de
um intervalo (uma banda), com limites mínimos e máximos. E, neste caso, se o
mercado pressionar o valor da taxa de câmbio para fora da banda estabelecida,
o BC intervém (vendendo ou comprando moeda estrangeira) para segurar os
limites da taxa de câmbio dentro da banda.
Já a política comercial refere-se à maneira pela qual o governo (federal)
atua sobre as exportações e importações. Melhor colocando, tal situação pode
ser feita, no que diz respeito às exportações, por meio de medidas que visem
promover o comércio de produtos fabricados no país para serem vendidos no
exterior, e isto pode ser feito através de estímulos fiscais (queda do imposto
sobre produtos industrializados, queda do imposto sobre as exportações etc.)
e de estímulos creditícios, como no caso das taxas de juros subsidiadas para os
exportadores, por exemplo. E no caso das importações, o governo pode elevar
ou diminuir os impostos de importação ou mesmo estabelecer alíquotas de im-
portações etc.

4.4.4  Política de rendas (ou política de preços e salários)

Define-se como política de rendas todo um conjunto de medidas do governo


com vistas a uma melhoria nas condições (de distribuição e redistribuição) de
renda, assim como de justiça social em uma determinada Economia.
De certa forma, a política de rendas diz respeito aos instrumentos utiliza-
dos pelo governo que acabam exercendo controle direto sobre as remunerações
dos proprietários dos fatores de produção (como salários dos trabalhadores e
lucros dos proprietários de capital). Tal contexto, que diz respeito à política de
rendas, tenta propiciar ganhos de poder aquisitivo aos salários, controlar pre-
ços, garantir uma renda mínima a determinadas classes sociais, reduzir o nível
de tensões inflacionárias (que diminuem o poder de compra dos trabalhado-
res) etc.21

21  É importante perceber que a política de rendas, apesar de ser um assunto da Macroeconomia, também é todo
um contexto que diz respeito a uma questão social, melhor dizendo, sobre justiça social, a qual requer um ambiente de
melhorias nas condições de distribuição e redistribuição de renda (assim como de uma discussão sobre concentração
de renda). Como estamos limitados neste livro à discussão mais macroeconômica do que especificamente social, é
importante ressaltar que o aluno que tenha interesse no assunto distribuição de renda e/ou redistribuição de renda,
busque informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e também sobre o Coeficiente de Gini. Para
isso, há toda uma vasta e interessante literatura que apresenta essa discussão.

capítulo 4 • 111
Por fim, destaca-se que a política de rendas acaba sendo uma política de-
pendente das condições das outras políticas, ou seja, das políticas fiscal, mo-
netária, cambial e comercial, conforme podemos verificar pela figura a seguir.

Presidente

Economia
Ministro da Fazenda

Banco Central

Política de Rendas

Política Cambial

Economia do País

Política Fiscal
Política Monetária

Figura 4.5 – Relações entre as Políticas Econômicas. Fonte: http://www.clubedospoupado-


res.com/cambio-e-ouro/politica-cambial.html

Apêndice 1: Números-Índices

1. O que é número-índice?
Números-índices são referências estatísticas utilizadas para descrever (e
comparar) a variação de uma série de valores (de preços e quantidades, por
exemplo) de um conjunto de bens e serviços fisicamente diferentes, tendo sido
coletados ao longo de um determinado tempo.
Segundo Vasconcellos e Garcia, de uma maneira geral, há índices de preços
e quantidades; os índices de preços são os mais divulgados, em virtude da “(...)
sua utilidade para deflacionar (tirar o efeito da inflação) ou inflacionar informa-
ções monetárias e para o acompanhamento da taxa de inflação.” (p. 113).

112 • capítulo 4
2. Mas como podemos entender (de maneira simples) o cálculo de um
índice de preços?
Sabemos que existem vários índices de preços, caro aluno. Mas, o mais im-
portante aqui para o nosso estudo diz respeito ao IPCA. De qualquer forma, po-
demos entender o cálculo de um índice de preços, de maneira simples, visuali-
zando o quadro a seguir.

PERÍODOS/CUSTOS ∆% DOS PARTICIPAÇÃO (%) NO GASTO


ITENS
T1 T2 PREÇOS TOTAL DOS CONSUMIDORES
Transportes 400,00 440,00 10,0 35,0
Alimentos 900,00 1000,00 11,1 20,0
Habitação 1500,00 1750,00 16,7 45,0
Total 100,0

Tabela 4.7  –  Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Este quadro está supondo que certa família tem uma dada renda disponí-
vel e esta renda é gasta normalmente com transportes, alimentos e habitação.
Sendo que T1 é definido como mês inicial e T2 como mês final. Além disso,
destaca-se que a variação percentual (∆%) dos preços é dada pela fórmula:
∆% = [(Vf/Vi) – 1]*100

A questão a ser analisada a partir daí é sabermos de quanto variou a taxa de


inflação em função da participação percentual de cada item no gasto total dos
consumidores desta família. Para isso, utilizamos o cálculo da média pondera-
da a seguir, isto é, no caso:
•  Dos transportes: (10/100) x (35/100) = 0,10 x 0,35 = 0,0350
•  Dos alimentos: (11,1/100) x (20/100) = 0,111 x 0,20 = 0,0222
•  Da habitação (aluguel): (16,7/100) x (45/100) = 0,167 x 0,45 = 0,0752

Neste sentido, temos como cálculo da taxa de inflação (CTI):


CTI = 0,0350 + 0,0222 + 0,0752 = 0,1324, ao multiplicarmos este valor por
100, obtemos, portanto, a taxa de inflação do período T2; tendo como base o
período T1, foi de 0,1324 x 100 = 13,24%.

capítulo 4 • 113
Supondo que estamos considerando justamente a análise do IPCA, verifi-
camos que:
•  T1 é o mês inicial, cujo índice é de base 100;
•  T2 é o mês final; como a inflação foi de 13,24% no período, logo, o índice
(supondo, o IPCA) foi de 113,24.

Logo, percebe-se que, segundo o valor do índice, os preços cresceram


neste período (em média) 13,24%. A mesma interpretação pode ser dada
por meio da relação: [(113,24/100) – 1] x 100 = 13,24%, melhor colocando,
[(IPCAT2/IPCAT1) – 1] x 100 = 13,24%.

ATIVIDADES
01. Leia atentamente o trecho do artigo a seguir.

Veja online (16/04/2011 - 17:19) Finanças


FMI propõe aprofundar análise sobre controle de capitais
"O FMI deve aprofundar sua análise sobre a liquidez global, as várias experiências de países
membros no gerenciamento da conta capital, liberalização de fluxos além das fronteiras e o
desenvolvimento de mercados financeiros domésticos"
O controle de capitais deve continuar em aberto para debates pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), que deve se aprofundar no tema, informa o Comitê Monetário e
Financeiro Internacional da instituição, em comunicado divulgado neste sábado. "O FMI
deve aprofundar sua análise sobre a liquidez global, as várias experiências de países
membros no gerenciamento da conta capital, liberalização de fluxos além das fronteiras e o
desenvolvimento de mercados financeiros domésticos", diz o texto.
(...)
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ainda que não
considere o controle de capitais uma medida eficaz, apoia que o FMI tenha um papel maior
na supervisão das taxas de câmbio, acúmulo de reservas e fluxo de capitais. "Concordamos
com a articulação de uma hierarquia de medidas para serem empregadas em caso de
influxos antes da adoção de controles de capitais como último, temporário e ineficiente
recurso", afirmou Geithner.
(...)

O artigo anterior chama a atenção a respeito do controle de capitais. Neste sentido,


destaca-se que a taxa de câmbio tem implicações fundamentais para o funcionamento da

114 • capítulo 4
Economia, tanto no curto, quanto no logo prazo. No Brasil, segundo alguns analistas eco-
nômicos e financeiros, os controles de capitais são iniciativas ruins pois são considerados
instrumentos estatizantes, ou mesmo como formas de violação dos direitos sagrados de
investidores colocarem seu dinheiro onde quiserem.
Contudo, controles de capitais nada mais são do que instrumentos de regulação finan-
ceira, que buscam conter externalidades negativas resultantes da entrada e saída de moeda
estrangeira, pois entradas excessivas valorizam o cambio e causam os desquilíbrios que vi-
mos há pouco tempo no Brasil; saídas excessivas criam crises de balanço de pagamentos
como as que a Economia brasileira experimentou entre os anos 1999 e 2002.
A partir do comentário acima, discuta melhor essa questão do controle de capitais.

02. (UNB) Um aumento das reservas internacionais de um país, ano após ano, indica que
este país tem apresentado sucessivos superávits em suas transações correntes com o resto
do mundo? Justifique.

03. (UNB) Explique por que pode ser problemático para o Brasil ter déficits substanciais e
crescentes, por anos seguidos, em transações correntes.

04. (UNB) Um aumento nas taxas de juros internacionais costuma ser acompanhado com
preocupação no Brasil, dados os possíveis efeitos sobre o balanço de pagamentos. Tal preo-
cupação pode ser estampada nos jornais, como, por exemplo, a reportagem publicada na
Folha de São Paulo, no dia 30/05/2006, por Kennedy Alencar e Marcelo Billi, abaixo.

“(...) A grande incerteza que ronda a cabeça de investidores por toda a Economia interna-
cional é o futuro da política monetária nos EUA. Ninguém sabe ao certo como Ben Bernanke,
o novo presidente do FED, o banco central dos EUA, conduzirá o aperto monetário [elevação
da taxa de juros de títulos do governo americano, agora em 5%] que seu antecessor, Alan
Greenspan, começou. (...) Por conta dessa indefinição é que cresce o consenso por aqui de
que o BC [Banco Central] brasileiro deve optar pela cautela (...)”.

Dessa forma, discuta os possíveis motivos dessa preocupação, identificando repercus-


sões de eventuais elevações das taxas internacionais de juros tanto sobre a conta de transa-
ções correntes quanto sobre a conta de capital e financeira no Brasil.

capítulo 4 • 115
05. O conceito de meios de pagamento (representado por M1) inclui, como agregados mo-
netários (marcando o item correto):
a) Papel moeda em poder do público e depósitos à vista nos bancos comerciais.
b) Papel moeda em poder do público e depósitos em contas de poupança.
c) Títulos públicos em poder do público e depósitos à vista nos bancos comerciais.
d) Títulos públicos em poder do público e depósitos em contas de poupança.
e) Depósitos à vista nos bancos comerciais e depósitos em contas de poupança.

06. Tem-se como medidas expansionistas de política monetária (adotadas pelo governo) por
meio do Banco Central:
I. venda de títulos públicos;
II. redução do depósito compulsório;
III. redução do redesconto;
IV. Aumento do nível de crédito.

a) II e IV d) II e III
b) I e II e) I e IV
c) III e IV

07. Leia atentamente as informações a seguir sobre os tipos de inflação e assinale a afir-
mativa correta.
I. A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de procura (ou
de demanda).
II. Entre os fatores que fazem aparecer a inflação de custos, cabe ressaltar: um aumento da
taxa de juros, a desvalorização cambial, os preços externos de determinados produtos (tais
como o preço internacional do petróleo), custo da mão de obra (devido a aumentos e/ou a
reajustes salariais) e aumento de impostos.
III. A inflação inercial se desenvolve por meio da garantia que se tem de reajustar preços a
partir da própria constatação da existência de inflação pelos agentes econômicos.

a) I, II e III são falsas.


b) I e II são falsas e III é verdadeira
c) I e III são verdadeiras e II é falsa
d) I, II e III são verdadeiras.
e) II e III são verdadeiras e I é falsa.

116 • capítulo 4
08. Leia atentamente as considerações a seguir que dizem respeito às contas do balanço
de pagamentos.
I. As exportações de suco de laranja de empresas brasileiras para os Estados Unidos (EUA)
são registradas na conta balança comercial.
II. Remessas e recebimentos de lucros e dividendos são contas da balança de serviços.
III. Amortização de empréstimos é considerada uma conta de transações unilaterais.
IV. Pagamento e recebimento de fretes e transportes se referem à conta de capitais autôno-
mos e financeiros.
a) I, II, III e IV são verdadeiras.
b) I, II e III são verdadeiros e IV é falsa.
c) I e II são verdadeiras e III e IV são falsas.
d) I é verdadeira e II, III e IV são falsas.
e) I, II, III e IV são falsas.

09. Num regime fixo de taxa de câmbio (assinalando a afirmativa correta):


a) O Banco Central (BC) não influencia na determinação da taxa de câmbio.
b) O BC tem poder total na determinação da taxa de câmbio.
c) O mercado de divisas determina a taxa de câmbio da Economia.
d) O BC compartilha com o mercado de divisas a formação da taxa de câmbio.
e) N.R.A.

10. Uma desvalorização da taxa de câmbio (marcando a afirmativa correta):


a) Eleva as importações na conta balança de serviços
b) Pode gerar um déficit em transações correntes.
c) Tende a elevar as exportações, podendo gerar inflação.
d) Pode gerar uma redução do superávit da balança comercial.
e) Tende a manter um superávit e diminuir a inflação.

11. Leia atentamente as considerações a seguir que dizem respeito aos instrumentos da
política econômica.
I. Uma política fiscal expansionista pode ser representada através de uma elevação dos gas-
tos públicos e uma queda da carga tributária, com o intuito de melhorar o nível da atividade
econômica.
II. Uma política monetária contracionista tem como finalidade gerar certo controle da inflação.
Tal procedimento pode ser realizado, por exemplo, elevando a taxa de juros, cortando o cré-
dito e vendendo títulos públicos ao mercado.

capítulo 4 • 117
III. Na medida em que o governo faz, por meio do Banco Central, uma apreciação da taxa de
câmbio, através de um regime de câmbio fixo, ele pode elevar as importações com o objetivo
de criar maior concorrência no mercado interno.
a) I, II e III são falsas.
b) I e II são falsas e III é verdadeira.
c) I é falsa e II e III são verdadeiras.
d) I, II e III são verdadeiras.
e) N.R.A.

RESUMO
•  A inflação tem vários motivos, dentre os quais destacamos, por exemplo, a elevação da
demanda devido aos gastos do governo e pela elevada liquidez da moeda circulante na Eco-
nomia em função do aumento do consumo.
•  Percebe-se que com a questão da inflação, o Banco Central do Brasil (BC) acaba inter-
vindo na Economia, pois ele tem como papel principal ser o regulador do estoque monetário
do país para fazer com que o real (R$) não perca as suas características fundamentais.
•  Características fundamentais da moeda: meio de troca, unidade de conta, reserva de
valor e padrão para pagamentos.
•  A moeda é um ativo líquido por excelência. Entretanto, há outros ativos “financeiros”
que compõem o estoque monetário da Economia brasileira. Estes ativos são classificados
conforme a sua liquidez em agregados monetários.
•  Alguns formuladores de política monetária não aceitam a possibilidade de a moeda ser
exógena, porque consideram esse ativo um elemento importante no todo da Economia e não
um ativo neutro no sistema econômico. Essa discussão reflete justamente a discordância
teórica entre keynesianos e neoliberais.
•  Teoria quantitativista da moeda: MV = PY, onde M é a quantidade de moeda, V é a sua
velocidade de circulação, P = nível de preços e Y refere-se ao nível de produto (ou de renda
da Economia). Segundo esta visão, V tende a ser constante, logo, aumentos de M causam
aumentos de P, para um mesmo Y.
•  Quando John Keynes escreveu “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, desen-
volveu a ideia de preferência pela liquidez.

118 • capítulo 4
•  A base monetária pode ser definida como sendo constituída do papel moeda em circula-
ção (PMC) e das reservas bancárias (RB).
•  Os meios de pagamento (M1) são constituídos pelo somatório do papel moeda em poder
do público com os depósitos à vista dos bancos comerciais.
•  Define-se como sendo inflação a variação positiva e persistente do nível geral de preços
em um período determinado.
•  A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de procura (ou
de demanda).
•  Um processo inflacionário pode ser um problema, pois tende a causar distorções de
preços dos produtos, distorções sobre a distribuição de renda, gerar expectativas (negativas)
dos empresários e investidores, causar distúrbios sobre as finanças públicas, no mercado
financeiro e sobre o balanço de pagamentos.
•  O balanço de pagamentos é um registro sistemático das transações econômicas (e
financeiras) de um país com o exterior, sendo sua estrutura dividida basicamente em transa-
ções correntes, mais contas capital e financeira e erros e omissões.
•  A taxa de câmbio real é, por definição, a taxa de câmbio nominal ajustada pela relação
entre os preços externos e os preços internos.
•  As formas como um país pode regular a sua taxa de câmbio são chamadas de re-
gimes cambiais, divididos em regimes flexível (ou flutuante), de câmbio fixo e de flutuação
suja (dirty floating).
•  A política fiscal é a maneira pela qual o governo administra a Economia por meio da polí-
tica tributária e da política de gastos públicos.
•  Quando o governo, por meio do Banco Central intervém na Economia, com o objetivo de
criar um equilíbrio no lado monetário, diz-se que ele faz política monetária.
•  As políticas cambial e comercial correspondem às ações do governo que atingem dire-
tamente as transações econômicas internacionais do país.
•  A política comercial refere-se à maneira pela qual o governo (federal) atua sobre as
exportações e importações.
•  A política de rendas é todo um conjunto de medidas do governo com vistas à melhoria
nas condições (de distribuição e redistribuição) de renda, assim como de justiça social em
uma determinada Economia.

capítulo 4 • 119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Para saber mais sobre os tópicos estudados neste capítulo, pesquise na internet sites, vídeos
e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu polo/campus pre-
sencial você também pode ler:
MOCHÓN, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: PEARSON/Prentice Hall, 2007; caps. 10,
11, 12, 13 e 18.
VASCONCELLOS, M. A. S. & GARCIA, H. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2010;
caps. 8, 11, 12, 13 e 14.
VASCONCELLOS, M. A. S. & LOPES, L. M. (Orgs.). Manual de Macroeconomia: básico e
intermediário. São Paulo: Atlas, 2011; caps. 16, 17, 18, 21, 23, 24 E 28.
O’SULLIVAN, A. & SHEFFRIN, S. M. Princípios de Economia. Rio de Janeiro: LTC, 2004; caps. 3, 20,
25, 27, 30 e 32.

Para complementação do que foi estudado neste capítulo, veja os sites:


http://www.valoronline.com.br, acesso em 30/11/2015.
http://www.cartacapital.com.br/politica/a-crise-economica-mundial, acesso em 30/11/2015.
www.bcb.gov.br, acesso em 02/12/2015
www.vejaonline.com.br, acesso em 02/12/2015
www.valoronline.com.br, acesso em 03/12/2015
www.ibge.gov.br, acesso em 09/12/2015
www.estadao.com.br, acesso em 09/12/2015
http://www.dci.com.br/economia/bc-eleva-juros-em-0,5-p-p-,-a-14,25,-e-sinaliza-fim-do-ciclo-de-
aperto-id485296.html, acesso em 02/12/2015
http://g1.globo.com/economia/inflacao-o-que-e/platb, acesso em 07/12/2015.
http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,balanco-de-pagamentos-tem-deficit-de-us-4-5-
bilhoes-em-outubro,170680e, acesso em 07/12/2015.
http://brasil.elpais.com/autor/reuters/a/, acesso em 08/12/2015.
www.exame.com, acesso em 07//12/2015.
http://www.clubedospoupadores.com/cambio-e-ouro/politica-cambial.html, acesso em 09/12/2015.
http://www.unb.gov.br, acesso em 10/12/2015.

120 • capítulo 4
GABARITO
Capítulo 1

01. B 03. C 05. C 07. D


02. A 04. D 06. B 08. B

Capítulo 2

01.

EM BILHÕES DE R$ A PREÇOS CORRENTES


COMPONENTES DO PIB
2003 2004 2005
A - ÓTICA DA PRODUÇÃO
1. Produção (Valor Bruto de Produção) 2.992,60 3.432,70 3.786,70
2. Impostos sobre Produtos 229,30 275,20 306,50
3. Consumo Intermediário (-) 1.522,10 1.766,40 1.944,40
Produto Interno Bruto 1.699,80 1.941,50 2.148,80
B - ÓTICA DA DESPESA (OU DOS GASTOS)
1. Despesas de Consumo Final 1.382,20 1.533,80 1.720,30
Consumo das Famílias 1.052,70 1.160,60 1.292,10
Consumo da Administração Pública 329,50 373,20 428,20
2. Investimento 268,10 332,30 350,90
Formação Bruta de Capital Fixo 259,7 312,5 342,2
Variação de Estoque 8,40 19,80 8,70
3. Exportação de bens e serviços 254,70 319,00 324,90
4. Importação de bens e serviços (-) 205,20 243,60 247,30
Despesa Interna Bruta 1.699,80 324,90 2.148,80
C - ÓTICA DA RENDA
1. Remuneração dos Empregados 671,70 763,10 862,50
Salários 528,10 597,40 682,70
Contribuições Sociais Efetivas 111,90 133,00 141,10
Contribuições Sociais Imputadas 31,70 32,70 38,70
2. Rendimento Misto Bruto 180,00 189,40 200,80
3. Excedente Operacional 600,50 690,70 755,10
4. Impostos Líquidos de Subsídios sobre a
247,60 298,30 330,40
Produção e Importação
Renda Interna Bruta 1699,80 1941,50 2148,80

Fonte: IBGE

capítulo 4 • 121
Tendo preenchido o quadro, o que podemos observar é que há uma igualdade entre os
valores das óticas da atividade econômica. Percebe-se, neste sentido, que a dinâmica da
Economia do país pode ser mensurada tanto em relação à produção (ao produto), quanto em
relação à renda e aos gastos da Economia.
02. O quadro revela uma evolução positiva do crescimento do PIB a preços de mercado ao
longo de 2012. No primeiro trimestre do ano, o PIB expandiu 0,1%, refletindo em parte, a
contribuição negativa do setor agropecuário. Nos trimestres subsequentes, o ritmo de cres-
cimento do agregado registrou trajetória crescente, expressa em variações respectivas de
0,3%, 0,4% e 0,6%.
No que se refere à ótica da oferta, o desempenho do PIB no primeiro trimestre, em rela-
ção ao quarto trimestre do ano anterior, revela variações respectivas de -7,6%, 1,2% e 0,6%
no setor agropecuário, na indústria e nos serviços, respectivamente, ressaltando-se que o
crescimento do setor industrial sucedeu dois recuos trimestrais consecutivos.
Já no caso da ótica da demanda, ocorreram expansões no consumo do governo com
uma taxa de 1,5%, no consumo das famílias (0,9%) e uma retração significativa de -2,2% da
formação bruta de capital fixo. No que diz respeito às contas externas, tanto as exportações,
quanto as importações aumentaram em 0,8%.
Comparativamente ao primeiro trimestre, o PIB teve um crescimento de 0,3% no se-
gundo trimestre de 2012, sendo que sob a ótica da produção, agropecuária cresceu 5,8%
(bastante significativo, quando se compara com o resultado do primeiro trimestre de 2012),
com variações de -2,2% e 0,5% nos setores industrial e de serviços, respectivamente. No
âmbito da demanda, as taxas de 1,2%, 0,7% e -0,9% ocorreram nas esferas do consumo do
governo, no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo, concomitantemente;
sendo que o setor externo recuou 0,3% nas importações e 3,5% nas exportações, refletindo
de maneira negativa na evolução do PIB no segundo trimestre.
Em relação ao terceiro trimestre, sob a ótica da produção, a agropecuária teve uma evo-
lução de 2,1%, a indústria de 0,8%, mas o setor de serviços teve uma estabilidade (0,0%).
Pela ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo teve um recuo de 1,9% em relação
ao trimestre anterior, com elevação do consumo das famílias (1,0%); entretanto o consumo
do governo teve uma estabilidade (0%). No que diz respeito ao setor externo, as exportações
cresceram (0,3%), entretanto, as importações tiveram uma queda bastante significativa de
7,5%.
Ao longo do ano de 2012, observa-se que há uma recuperação do PIB brasileiro a pre-
ços de mercado, tendo em vista a taxa de crescimento do produto em 0,6%. Entretanto, pela
ótica da demanda, o setor agropecuário teve um recuo de 5,2%, mas o setor industrial ficou
com 0,4% e o de serviços, com 1,1%. Já pela ótica da demanda, destaca-se um crescimento

122 • capítulo 4
no consumo das famílias (1,2%), na formação bruta de capital fixo (0,5%) e no consumo do
governo (0,8%). Interessante notar que o setor externo também teve um crescimento, sendo
que a evolução das importações (8,1%) foi maior do que a das exportações (4,5%).
03. E, pelas definições.
04. A, pelas definições.
05. A 06. C 07. C

Capítulo 3

01. D 04. C 07. C


02. B 05. C 08. C
03. C 06. A 09. A

Capítulo 4

01. Com contas de capitais abertas como são na prática as do Brasil, transações com ati-
vos financeiros são um determinante muito mais importante das taxas de câmbio do que as
transações comericiais, que têm efeito sobre a renda e o emprego da população. Controles
de capitais servem para conter aquelas transações quando elas forem incompatíveis com
a manutenção do nível de atividades desejado, permitindo a administração mais eficaz de
câmbio de acordo com as necessidades de crescimento e transformação produtiva do país.
02. Não. Tal fato indica superávits no resultado do balanço de pagamentos. Pode ocorrer,
por exemplo, um saldo negativo em transações correntes, mas um saldo positivo na conta
capital e financeira – que mais do que compense o saldo negativo da primeira conta. Nesse
caso, haveria um aumento nas reservas internacionais do país, embora as transações corren-
tes fossem deficitárias.
03. Tal situação pode ser problemática porque déficits em transações correntes deverão ser
compensados por superávits na conta capital e financeira. De fato, torna-se difícil financiar
déficits substanciais e crescentes por um longo período, pois o fluxo de capitais depende,
entre outros aspectos, das expectativas dos investidores estrangeiros. Assim, uma alteração
das expectativas (influenciada mesmo pela simples existência daqueles déficits) pode reduzir
consideravelmente o fluxo de capitais para o Brasil.
04. Primeiramente, um aumento de juros no mercado financeiro internacional afeta nega-
tivamente a conta de rendas do balanço de pagamentos do Brasil: parte preponderante da
dívida externa é contratada a juros flutuantes, ou seja, aumentando a taxa de juros, aumen-
tam os pagamentos devidos. Entretanto, o aumento de juros afeta também a conta capital

capítulo 4 • 123
e financeira: os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, diminuindo sua procura.
Isso tem efeito indireto sobre a conta de transações correntes: boa parte das importações e
muitos itens das exportações não são pagos à vista, mas financiados. O aumento nos juros
dificulta esses financiamentos e pode, por exemplo, tornar algumas exportações não com-
petitivas, na medida em que o aumento de juros não afete da mesma forma os exportadores
de outros países.
Outro aspecto a ser considerado: na medida em que haja uma elevação da taxa de juros
internacionais, esta taxa de juros está associada aos títulos do governo dos EUA, que têm
grande influência sobre o mercado financeiro mundial. Tal elevação faz diminuir a atratividade
de aplicações em países emergentes, como o Brasil. Isso reduz o diferencial entre o rendi-
mento que pode ser obtido nesses países e o rendimento de aplicações em países mais de-
senvolvidos. Como consequência, reduz a entrada de investimentos externos, principalmente
os de curto prazo, como aplicações em bolsa de valores.
05. A 07. D 09. B 11. D
06. A 08. C 10. C

124 • capítulo 4
ANOTAÇÕES

capítulo 4 • 125
ANOTAÇÕES

126 • capítulo 4
ANOTAÇÕES

capítulo 4 • 127
ANOTAÇÕES

128 • capítulo 4

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