Compensação Reativa 2

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CAPÍTULO 3

OS EFEITOS DA COMPENSAÇÃO EM DERIVAÇÃO NA


COMPENSAÇÃO POR CAPACITORES EM SÉRIE

Prof. José Wilson Resende


Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia)
Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Uberlândia

3.1 – Introdução

Inevitavelmente, uma linha longa que requer uma compensação


série, de há muito estará também com reatores instalados. Estes reatores, em
derivação, eliminam os conhecidos problemas de Efeito Ferranti, presentes,
principalmente, quando a linha está em vazio ou com pequenas cargas. Linhas
bem menores que aquelas de mil quilômetros já apresentam Efeito Ferranti.
Por outro lado, as impedâncias das linhas, após compensação série,
não são simplesmente iguais à diferença entre a reatância indutiva inicial natural da
linha e a reatância capacitiva dos capacitores em série. Este fenômeno é mais
acentuado quando a linha está também compensada por reatores em derivação.
Para tratar disso de uma maneira quantitativa, a “Eficiência de
Compensação”, que significa a relação entre a efetiva reatância capacitiva (X′c ) e
a reatância capacitiva instalada (Xc):
X′
K= c (3.1)
Xc

onde “K” é a EFICIÊNCIA DE COMPENSAÇÃO

Pela expressão (3.1) nota-se que somente para K = 1,00 é que o capacitor produz
exatamente aquilo que se pretendia dele. Em determinadas condições, “K” poderá
ser menor ou maior que a unidade. Os principais fatores que influenciam na
Eficiência de Compensação, são:
- local ao longo da linha em que o capacitor é colocado;
- comprimento do trecho a ser compensado;
- grau de compensação shunt presente na linha, ao lado da
compensação série.
74

3.2 – Alteração da “Eficiência de Compensação” com o Local da Compensação


Série

Considere a figura 3.1, na qual se tem a mesma linha em três


hipóteses: (a) – Linha sem compensação série, (b) – Linha com a compensação
série exatamente no meio da linha e, (c) – Linha com compensação série fora do
centro da linha.

Figura 3.1 – (a): Linha sem compensação; (b): Linha com compensação série no meio; (c):
Linha com compensação série fora do centro.

Nas três hipóteses, inicialmente será determinada a constante de


quadripolo “B”, que é a efetiva impedância da linha.

CASO (a):

O quadripolo equivalente será dado por:

&
⎡A B &
& a ⎤ ⎡A & 1 ⎤ ⎡A
B & &1⎤
B
⎢&
a
=
⎥ ⎢&
1
⎥ ⎢&
1

& 1 ⎥⎦
(3.2)
⎣Ca &
Da ⎦ ⎣C &
D 1 ⎦ ⎣ C1 D
1

Tirando a constante Ba da equação matricial acima:

&a =A& B
& & &
B 1 1 + B1 D1 (3.3)
& =D
Considerando que a linha é simétrica: A & 1 . A expressão (3.3) ficará portanto:
1

B & B
& a = 2A & (3.4)
1 1

CASO (b):
75

O quadripolo equivalente será:

&
⎡A & ⎤ ⎡A
B & B &
& ⎤ ⎡1 − jX x ⎤ ⎡A & ⎤
B
⎢&
b b
=
⎥ ⎢&
1 1
⎥ ⎢ ⎥ ⎢&
1 1
⎥=
&
D b ⎦ ⎣ C1 &
D 1 ⎦ ⎣0 1 ⎦ ⎣ C1 &
D⎦
⎣Cb 1

(3.5)
⎡A& ( − jA& X +B& )⎤ ⎡A & & ⎤
B
=⎢ 1 1 c 1
⎥ ⎢
1 1
&
⎣ C1
& X +D
( − jC 1 c
& &
1 ⎦ ⎣ C1
& ⎥⎦
D1

& b será:
A constante de quadripolo B

& B
&b =A & & & &
B 1 1 + D 1 ( − jA 1 X c + B 1 ) (3.6)

& =D
A linha sendo simétrica: A & 1. A impedância genérica “B” será obtida pela
1

expressão (4.7):

& B
& b = 2A & &2
B 1 1 − jX c A 1 (3.7)

CASO (c):

O quadripolo resultante desta associação será assim obtida:

&
⎡A & ⎤ ⎡A
B & B &
& ⎤ ⎡1 − jX x ⎤ ⎡A & ⎤
B
⎢&
c c
=
⎥ ⎢&
2 2
⎥ ⎢ ⎥ ⎢&
3 3
⎥=
&
Dc ⎦ ⎣C2 &
D 2 ⎦ ⎣0 1 ⎦ ⎣C3 &
⎣Cc D3 ⎦
(3.8)
&
⎡A (− jX c A& +B & )⎤ ⎡A & & ⎤
B
=⎢ 2 2 2
⎥ ⎢
3 3
& (− jX c C& 2 + D
& C& 3 & ⎥
⎣C2 2 ⎦ ⎣
D 3⎦

A constante de quadripolo Bc é

B & B
&c =A &3 +D & B
& 3 (− jX c A & 2) (3.9)
2 2

& =D
Novamente, admitindo simetria, A & 3 , tem-se:
3

& B
&c =A
B & B
&3 +A & A
& 2 − jX c A & (3.10)
2 3 3 2

A título de comparação, resume-se a seguir, as impedâncias de


transferências obtidas acima:
76

a) Linha sem compensação série: B & B


& a = 2A & (3.4)
1 1

b) Linha com compensação série na metade da linha:


& B
& b = 2A & &2
B 1 1 − jX c A 1 (3.7)
c) Linha com compensação série fora do centro:
&c =A
B & B&3 +A& B & A
& 2 − jX c A & (3.10)
2 3 3 2

Para a compensação no meio da linha, a expressão (3.7) mostra que a interferência


na impedância original B & B
& a = 2A &
1 1 (sem compensação), foi uma redução desta do
& 2 . Nota-se aí, claramente, que, ao se colocar na linha um capacitor
valor: − jX c A 1

X& c , a impedância se reduz não de “ X & c ” (como a primeira vista era de se esperar),
mas sim de “ X & 2 ”.
& A Assim sendo, levaremos à equação (1) a “Efetiva”
c 1

Reatância Capacitiva:

& ′c = X
X &2
& cA 1 (3.11)

Levando agora (3.11) em (3.1), obtém-se a “Eficiência de Compensação” para o


CASO (b):

&2
= Re{A
& 2}
XcA
K= 1
1 (3.12)
Xc

Para a compensação em local diferente do meio da linha, a


& A
impedância “B” inicial se reduz, segundo (4.10), de − jX c A & . Ou seja, a
3 2

redução obtida nesta hipótese foi diferente daquela anterior. Para esta
compensação, a “Efetiva Reatância Capacitiva” será:

& ′c = X c A
X & A
3
&
2 (3.13)

Introduzindo (4.13) em (4.1), a Eficiência de Compensação”, ficará:

& A &
= Re{A & }
XcA & A
K= 3 2
3 2 (3.14)
Xc

OBSERVAÇÃO: Por se tratar de uma relação entre duas grandezas reais, isto é,
capacitores, toma-se apenas a parte real dos complexos.

Como pode ser observado, a colocação do mesmo capacitor na


mesma linha, porém em locais diferentes, provoca efeitos resultantes desiguais na
transmissão. Na figura 3.2 é plotada uma curva de variação de “K”, em função
do local da instalação dos capacitores ao longo de uma linha de mil quilômetros de
77

& eA
extensão. O gráfico é facilmente obtido, variando-se os valores de A & na
2 3

expressão (3.14).

Figura 3.2 – Eficiência de compensação em função do local da instalação do capacitor série.

Deste estudo, se conclui inicialmente, que o melhor local para se


instalar um banco de capacitores é o meio da linha. No entanto, esta não deve ser
a última palavra com relação a esta escolha. Outros problemas técnicos poderão
impedir que se faça a compensação no meio da linha: a presença de reatores , as
máximas tensões permissíveis através dos capacitores, são alguns dos fatores que
podem levar o capacitor para outro local.

Figura 3.3 – (a): Linha sem compensação série; (b): Linha compensada com capacitores série
instalados a 1/3 e a 2/3 das extremidades.

Considere, agora, em seguida a figura 3.3, na qual tem-se uma compensação série
realizada em dois locais ao longo da linha: a um terço e a dois terços das
extremidades da linha.

Denominando de “CASO (a)” aquele em que a linha não está ainda


com capacitores, o quadripolo equivalente será obtido por:
⎡A& & a ⎤ ⎡A
B & &
& 4 ⎤ ⎡A
B &
& 4 ⎤ ⎡A
B &4⎤
B
⎢&
a
=
⎥ ⎢&
4
⎥ ⎢&
4
⎥ ⎢&
4
⎥ (3.15)
& ⎣ 4 & & &
⎣ a a⎦ 4⎦ ⎣ 4⎦ ⎣ 4⎦
C D C D C 4 D C 4 D
78

& =D
A impedância da linha sem compensação, já tomando A & 4 é:
4

B & 2B
& a = 3A & 24 C& 4
&4 +B (3.16)
4

O “CASO (b)” será aquele em que temos os capacitores. O quadripolo resultante


é:

&
⎡A & ⎤ ⎡A
B & & ⎤ ⎡1 − jX c / 2⎤ ⎡A
B & & ⎤ ⎡1 − jX c / 2⎤ ⎡A
B & & ⎤
B
⎢&
b b
⎥ =⎢ 4 4
⎥ ⎢
4 4
⎥ ⎢
4 4
(3.17)
& & & ⎢⎣0 ⎥ &
⎦⎣ 4 & ⎢⎣0 ⎥ &
⎦⎣ 4 & ⎥
⎣Cb D b⎦ ⎣C4 D 4⎦
1 C D 4⎦
1 C D 4⎦

& =D
Obteremos a nova impedância de transferência (já tomando ( A & 4 ):
4

& 2B
& b = 3A
B & 24 C& 4 − jX c (A
&4 +B &3 +A
& B & 4 C& 4 − jA
& 2 C& X / 4) (3.18)
4 4 4 4 4 c

Aplicando a equação (1), teremos o seguinte resultado:

&3 +A
& B& & &2&
4 4 C 4 − jA 4 C 4 X c / 4)
K=
X c (A 4

XC
= Re A{
&3 +A
4
& B& & &2&
4 4 C 4 − jA 4 C 4 X c / 4 } (3.19)

Esta expressão mostra uma nova particularidade: a “Eficiência de Compensação”


dependeu não só do local da instalação dos capacitores, mas também do próprio
valor de Xc. Recorde-se que, nos casos anteriores(compensação em dois trechos),
“K” não depende do valor de Xc (vide expressões (3.12) e (3.14).
Por outro lado, pode-se constatar-se que o “K” para a linha
compensada por um só banco de capacitores (equações (3.12) e (3.14)) é
ligeiramente superior ao “K” para a linha compensada por bancos de capacitores
(equação (3.19)). Isto significa que gasta-se mais MVAr para o mesmo grau de
compensação série, se a compensação for efetuada em maior número de trechos.
79

3.3 – Influência da Presença de Reatores Indutivos na Compensação Série

Como se sabe, a compensação com reatores indutivos é,


normalmente, utilizada para a redução de sobretensões nas linhas de transmissão,
causadas pelo Efeito Ferranti. Além desta função principal, pode-se constatar que,
os reatores podem aumentar a potência transmissível. Isto ocorre nas linhas que
estão compensadas em série e em derivação, desde que os reatores estejam com
seus graus de compensação e locais de instalação planejados para isto.
Por outro lado, caso as compensações conjuntas série-shunt não
estejam escolhidas atentamente, a presença destas compensações poderá não
atingir os objetivos previamente supostos pelo projetista.
A seguir, vamos observar as possibilidades destas hipóteses. Para
tal, usa-se a figura 3.4. Nessa análise será observado o que pode acontecer com a
“Eficiência de Compensação” quando da inclusão de reatores. Para simplicidade
de raciocínio, as compensações serão efetuadas no meio da linha.

Figura 3.4 – Linha de transmissão com compensações:


(a) Série; (b) Série-shunt.

Para o CASO (a), a constante de quadripolo “B” já foi determinada pela equação
(7) e a Eficiência de Compensação, pela equação (3.12):

& B
& a = 2A & & &2
B 1 1 − jX c A 1 (3.7)
K = Re{A & 2}
1 (3.12)

Para o CASO (b), o quadripolo resultante é determinado por:

&
⎡A & ⎤ ⎡A
B & & ⎤ ⎡ 1
B 0⎤ ⎡1 - jX c ⎤ ⎡ 1 &
0⎤ ⎡ A & ⎤
B
⎢&
b b
⎥ =⎢ 1 1
⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢
1 1
⎥ (3.20)
& & &
D1 ⎦ ⎣- jY 1⎦ ⎣0 &
1 ⎦ ⎣- jY 1⎦ ⎣ C1 &
⎣Cb D b⎦ ⎣ C1 D1 ⎦

& neste caso será:


A constante B

& B
& b = 2A & & & &2 &2 &2 2
B 1 1 − 2A 1 B1 .Y.X c − 2 B1 .Y − jX c ( A 1 − B1 Y ) (3.21)
Que nos fornecerá a seguinte “Eficiência de Compensação”:
80

X′c X c (A
&2 −B & 12 .Y 2 )
K= = 1
= Re{A 1
& 12 .Y 2 }
&2 −B (3.22)
Xc Xc

Comparando as expressões (3.12) e (3.22), nota-se a influência da


inclusão dos reatores shunt na linha com compensação série. Esta interferência
pode ser positiva ou negativa visto que os valores são fasoriais.
O valor de “K” pode ser inclusive superior a 1,00. Neste caso, os reatores estarão
influindo positivamente na compensação série.
A figura 3.5, ilustra o comportamento da “Eficiência de
Compensação” com relação a dois fatores: Graus de Compensação Shunt e
localização dos bancos de compensações. O grau de compensação série é fixado
em 40%. O estudo se refere à linha de 1.000 Km referida anteriormente. Nesta
figura observa-se que, com a compensação realizada no meio da linha, o “K”, na
maioria das hipóteses, decresce com o aumento de Kshunt. Entretanto, para
Kshunt bastante alto (veja Kshunt = 250%) “K” volta a ser grande. Outro
destaque é o fato de que, para Kshunt entre 0% e 20%, o melhor local é o centro da
linha. Para Kshunt por volta de 40%, a posição do banco de compensação
praticamente não influe em ‘K”. Por outro lado, se agora alterarmos a
compensação série para outro valor, toda a situação anteriormente descrita pode se
alterar. Veja o que aconteceria para uma compensação série de 60%. Observe a
figura 4.6. Para o mesmo local de compensação, um aumento de Kshunt
corresponderá sempre a um aumento de “K”. Para o intervalo 0% < Kshunt <
50%, o melhor local para compensação é o centro. Na região de Kshunt ≅ 60%, o
local da compensação praticamente não altera “K”. Acima desta região, a pior
localização do banco de capacitores e reatores é o centro.

Figura 3.5 – Variação da “Eficiência de Compensação” com o grau de compensação shunt


(Kshunt) e com a localização do banco de compensação série shunt. Compensação série: 40% .
D = distância entre o local das compensações e o transmissor.
Kshunt = grau de compensação em derivação.
81

Figura 3.6 – Variação da “Eficiência de Compensação” com Kshunt e “D”. Compensação série
fixada em 60%.

Em seguida será observado os efeitos das variações dos graus de


compensação série e shunt na capacidade de transmissão. A figura 3.7, se refere a
um banco de compensação localizado no meio da linha. Observa-se que para
pequenos graus de Ksérie e altos valores de Kshunt, a potência transmissível
decresce. Para Ksérie em torno de 50%, a potência independe da compensação
em derivação. Finalmente, para altos valores de Ksérie (acima de 60%), nota-se a
influência positiva da compensação shunt.

Figura 3.7 – Efeito das compensações série e shunt na potência transmissível. Local das
compensações centro da linha.
82

3.4 – Conclusões
O objetivo deste capitulo foi o de descrever e equacionar o
problema da compensação das linhas de transmissão. Entretanto, é necessário
lembrar que outras alternativas podem também ser utilizadas, além da
compensação, sendo que só uma cuidadosa análise técnico-econômica permitira
uma tomada de decisão segura.
Convencionalmente, uma das alternativas mais utilizadas é a
construção de linhas em paralelo, solução que normalmente é muito dispendiosa.
Dentre as alternativas mais modernas, pode-se citar o uso da transmissão em
corrente contínua ou das linhas de transmissão hexafásicas.
A compensação de reativos, apesar de dispendiosa, evita a
construção de uma nova linha, o que pode viabilizá-la. Convém lembrar, contudo,
que o dimensionamento da compensação é um tanto mais complexo do que os
exercícios aqui demonstraram, levando-se em conta as principais restrições que
devem ser respeitadas na linha:

- Manutenção da tensão ao longo da linha dentro de certos limites.


Normalmente, considera-se aceitável uma limitação de –2%, +5% nos
terminais e, + 6% longo da linha. É claro que estes números são
típicos e não constituem uma faixa universal. De conformidade com a
concessionária e até as características próprias da linha estas faixas
podem sofrer pequenas variações. Note-se que a faixa dos extremos da
linha é mais estreita para que sejam respeitados os isolamentos dos
equipamentos terminais, mais restritivos que os da própria linha;
- Limitação do ângulo de potência a um valor máximo de 30o, com
potência natural na carga, garantindo uma boa margem de segurança
quanto à estabilidade transitória;
- Controle da geração e absorção de potência reativa, como uma forma de
manter controlada a tensão e de limitar as perdas da transmissão.

Os estudos aqui desenvolvidos não tiveram a preocupação de


verificar o comportamento do perfil de tensões ao longo da linha, indispensável no
projeto da compensação, inclusive, verificando-se este comportamento nas mais
diversas condições de carregamento.
Com relação ao controle dos reativos, sua importância é muito
grande, pois, além de contribuir para diminuir as perdas da transmissão, o
relacionamento direto existente entre a potência reativa e a tensão faz com que,
indiretamente, esta também seja ajustada. Este é um cuidado que também precisa
ser mantido ao longo de toda a linha e que guarda forte dependência com as
condições de carga, tornando complexo o ajuste da compensação.
Como se vê, a escolha da compensação de uma linha é tarefa das
mais trabalhosas, já que nela estão envolvidas as mais diversas configurações
existentes, os fatores econômicos, e um grande emaranhado de fatores técnicos que
devem ser todos atendidos.
83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Fuchs, R.D. – “Transmissão de Energia Elétrica – Linhas Aéreas, Livros


Técnicos e Científicos Editora S.A., 2a Edição, Itajubá – MG, 1979.
[2] Resende, J.W., “Otimização das Compensações Série e em Derivação nas
Linhas Aéreas de Transmissão de Energia”, dissertação de Mestrado, EFEI,
Itajubá – MG, 1979.
[3] DuBois, E.W., Fairman, J.F. Jr., Martin, D.E., Murphy, C.M. and Ward, J.B.,
“Extra-long-Distance-Transmission”, AIEE Transactions, Feb. 1962, p.p.
1108-1116.
[4] Kerchner e Corcoran, “Circuitos de Corrente Alternada”, Editora Globo, Porto
Alegre, 1a edição, 2a impressão, 1973.
84

ANEXO

EXERCÍCIOS

1 – Uma linha de transmissão de 230 [KV] possui as seguintes constantes


generalizadas:
A& =D
& = 0,6068/6,79o = 0,6025 + j0,0771
B& = 325,5115/79,98o [ohm]
C& = 1,991 x 10-3/92,98o [mho]
Ela alimenta uma carga passiva de 35 + j5 [MVA], com tensão de
220 [KV] no receptor.

a) Qual o valor da tensão que deve ser mantida no transmissor, com carga e a
vazio ?
b) Admitindo que seja feita uma compensação integral por reatores indutivos, qual
o novo valor da tensão no transmissor, com carga e a vazio ?
c) Admitindo ainda uma compensação integral por reatores no transmissor e
receptor, qual o valor da tensão no meio da linha, com carga e a vazio ? Sem
compensação, as constantes da metade da linha são:

A& =D & 1 = 0,895/1,38o


1

B& 1 = 181,85/78,6o [ohm]


C& = 1,991 x 10-3/92,98o [mho]
1

Solução
a)
& 2 = 35 + j5 = 35,355/8,13o [MVA]
N
&2= 3 U
N & 2 &I *2
N& *2 35,355 x 10 6 ∠ − 8,13o
&I 2 = = = 92,78∠ − 8,13o [A]
&
3 . U2 *
3 . 220 x 10 ∠0
3 0

&1 =A
a- U &U &2 +B& &I 2

i. a vazio &I 2 = 0 &1 =A


U &U&2
& 1 = 0,6068/6,79o . 220 x 103/0o
U
& 1 = 133,50/6,79o [KV]
U ∆

ii. Com carga


85
3
& =A
U &U
& +B& &I = 0,6068/6,79o x 220 x 10 /0o + 325,515/79,98o x 92,78/-8,13o
1 2 2
3
& 1 = 77.073,95/6,79o + 30.200,96/71,85o = 93,891,08/23,75o [V]
U
& 1 = 162,624/23,75o [KV]
U ∆

b) Para uma compensação integral K = 1


(A − K ) .sen β − A i cos β
yI = R B B
B B

(0,6025 − 1) 0,0717
yI = .sen(79,98o ) − . cos(79,98o ) = −0,0012409
325,5115 325,5115

Os reatores, um para cada terminal da linha, deverão ter a potência de:


Qc = yI . U2 = 0,0012409 x (220 x 103)2 = 60,06 [MVAr]

A linha compensada terá as seguintes constantes (tabela anexa):


A& =A & +B& .Y
& = 0,6068/6,79o + 325,5115/79,98o x 0,0012409/-90o =
c

1,00031/0,084o
B&c =B& = 325,5115/79,98o

i. Analisando a LT assim compensada, a vazio:


& & & 2 = 1,00031/0,084o . 220 x 103/0o
U1 = A c .U
& 1 =220,068/0,084o [KV]
U ∆

ii. Idem, com carga


3
& =A
U & .U
& +B& .&I = 1,00031/0,084o x 220 x 10 /0o + 325,5115/79,98o x 92,78/-8,13o
1 c 2 c 2
3
& 1 = 127.056,44/0,084o + 30.200,96/71,85o = 139.487,50/11,95o
U
& 1 = 241,60/11,95o
U ∆

c) De acordo com a tabela anexa, teremos, considerando a compensação junto ao


receptor e o trecho da linha que vai de seu centro ao receptor:
&
A1c = A & B & & o o o o
1 1 Y = 0,895/1,38 + 181,85/78,6 . 0,0012409/-90 = 1,1162/-1,18

B& 1c = B
& 1 = 181,85/78,6o

i. A vazio
U & .U
& 1/ 2 = A & 2 = 1,1162/1,18o . 220 x 103/0o
1c

& 1 / 2 = 245,56/-1,18o [KV]


U ∆
86

ii. Com carga


3
&
U = & U
A & &I = 1,1162/-1,18o . 220 x 10 /0o + 181,85/78,6o x 92,78/-8,13o
& +B
1/ 2 1c 2 1c 2
3
U& 1 / 2 = 141.776,44/1,18o + 16.872,043/70,47o = 147.957,31/5,03o [V]
U& 1 / 2 = 256,27/5,03o [KV]

________________________________________________________________

2 – Uma linha de interligação de dois sistemas tem as seguintes características:


A& =D& = 0,7363/1,7o = 0,7363 + j0,0218
B& = 160,76/68,7o = 9,2540 + j160,493
C& = 0,002861/90,4o = - 0,00002 + j0,00286
Z0 = 236,8 [ohm]

Se no transmissor e no receptor forem mantidas as tensões U1 = U2


= 460 [KV], qual será o valor do ângulo de potência da linha quando ela entregar
no receptor:
a) - P2′ = 0,5P0 ; P0′′ = P0 ; P2′′′= 1,5P0 ?
b) – Admitindo que a linha seja compensada em 50% por meio de capacitores-série
nas extremidades, calcular novamente o valor do ângulo de potência para as
mesma condições anteriores de carga.

Solução
U 2 (460 x 10 3 )
2

P0 = = = 893,58 [MW]
Z0 236,8

a) – os ângulos de potência poderão ser calculadas pela expressão abaixo, obtida da


equação de P2, eq. (2.50):
B ⎡ AU 22 ⎤
θ = β B − arc cos ⎢ P2 + cos(β B − β A )⎥
U1 U 2 ⎣ B ⎦

160,76 ⎡ 0,7363(460 x10 3 ) 2 ⎤


θ = 86,7 − arc cos P +
3 ⎢ 2
cos(86,7 o − 1,7 o )⎥
(460x10 ) ⎣ 160,76 ⎦
Resumindo esta expressão:
θ = 86,7 – arc cos 0,00076[P2 + 84,46727]
Em seguida, substitui-se, nesta expressão, os corespondentes
valores de P2:
Para P2′ = 0,5P0 = 446,79 [MW] θ’ = 20,513o
Para P2′′ = P0 = 893,58 [MW] θ” = 44,715o
Finalmente, para P2′′′ = 1,5P0 = 1340,37 [MW] θ′′′ = indeterminado
87

O ângulo de potência indeterminado indica que, a potência ativa correspondente ao


valor de P2′′′= 1,5P0 , está além do limite máximo transmissível para esta linha (o
qual ocorrerá para θ = βB ) e cujo valor pode, a partir da equação (2.52), ser assim
obtido:
U1 U 2 AU 22
P2 máx = − cos(β B − β A )
B B

(460 x10 3 ) 0,7363x (460 x10 3 ) 2


P2 máx = − cos(86,7 o − 1,7 o ) = 1231,78 [MW]
160,76 160,76

b) – Admitindo uma compensação-série de 50%, nas extremidades da linha:


A associação de quadripolo no 8 da tabela anexa fornece, para a constante de
quadripolo B& 1 resultante (de uma linha com dois capacitores em série, nas suas
extremidades:
B1 = B & .X
& +A & c + D . Xc + C . X
& c2

que pode ser posta da seguinte forma:


B1R + jB1I = (BR + jBI) + 2(AR + jáI) (XcR + jCcI) + (CR + jCI) (XcR + jXcI)2

Desenvolvendo e igualando reais e imaginários, tem-se:


B1I = BI + 2 . AR . XcI – CI . (XcI)2 = 0

para uma compensação total, tem-se B1I = 0 . Logo:


2A R ± (2A R ) 2 + 4C I .B I
X c1 =
2C I
Introduzindo os valores numéricos correspondentes:
2.0,7360 + (2.0,7360) 2 + 4.0,00286.160,493
X c1 =
2.0,00286
E resolvendo esta equação:
X′c1 = 303,558 [ohm]
X′c′1 = - 92,432 [ohm] ⇒ Das duas raízes, esta reatância capacitiva
será escolhida (pois é a raiz negativa)

Para uma compensação de 50%: X′c′ = K série* X′cI′ = 0,50 . - 92,432 = - 46,216Ω

A linha assim compensada terá (de acordo com a associação de


quadripolos No. 8 da tabela anexa) suas constantes generalizadas alteradas para:

& =A
A & +C
& .X
& c = 0,7363/1,7o + 0,002861/90,4o . 46216/-90o = 0,8685/1,50o
c

&c =B
B & .X
& + 2A & c + C.X
& c2
88

& c = 160,76/86,7o + 2.0,7363/1,7o . 46,216/-90o + 0,002861/90,4o . (46,216)2/-180o


B
& c = 87,093/82,53o
B

A linha assim compensada operará com um ângulo de potência:

87,093 ⎡ 0,8685.(460) 2 ⎤
θ c = 82,53 − arc cos
o
P +
2 ⎢ 2
cos(82,53 − 1,50)⎥
(460) ⎣ 87,093 ⎦

θc = 82,53o – arc cos 0,00041 [P2 + 329,001]

Novamente introduzindo os valores de potência ativa desejados na expressão


acima, pode-se obter os correspondentes ângulos de potência:
P2′ = 0,5P0 → θ′c = 11,077 o
P2′′ = P0 → θ′c′ = 22,613o
P2′′′= 1,5P0 → θ′c′′ = 35,722 o

Como se vê, os ângulos de potência foram menores do que aqueles obtidos para a
linha SEM compensação. Mais importante ainda é salientar que, para o caso
P2′′′= 1,5P0 , a inserção dos capacitores-série tornou a transmissão possível sob o
ponto de vista de regime permanente.
89

CAPÍTULO 4

COMPENSADORES ESTÁTICOS e SUAS APLICAÇÕES

Prof. José Wilson Resende


Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia)
Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Uberlândia

4.1– Configurações Típicas para Compensação Estática


O controle de reativo, em geral, é feito com a ajuda de dispositivos
conectados em paralelo e que tenham a característica de gerar e/ou absorver
reativos. O termo “compensador estático de VAR” é particularmente aplicado
aos equipamentos estáticos (reatores lineares ou não lineares e capacitores)
instalados em um sistema de compensação reativa.
As ilustrações da figura 4.1 mostram três configurações básicas de
compensação estática, construídas com elementos capacitivos e indutivos do ponto
de vista da freqüência fundamental. A figura 4.1a, inclui um elemento capacitivo
variável em paralelo com um reator fixo. A figura 4.1b mostra um elemento
capacitivo fixo em paralelo com um reator variável e a figura 4.1c representa
ambos elementos como variáveis. Entretanto, do ponto de vista prático, as
figuras 4.1a e 4.1c não são viáveis porque envolveria o controle contínuo do
elemento capacitivo, o que não é possível fisicamente. Capacitores só podem ser
ligados em determinados instantes, conforme será mostrado mais à frente, no
estudo de capacitores chaverados a tiristores. Logo, seus reativos entrarão ou sairão
do sistema apenas em steps.

Figura 4.1 – Configurações básicas para controle de reativo.

Antes de examinar cada compensador estático em detalhe, algumas


características gerais serão apresentadas. A primeira observação se refere aos
capacitores presentes nos arranjos de compensação estática. Estes são
90

freqüentemente sintonizados com pequenos reatores para freqüências harmônicas


que podem ser de ordem inteira ou não-inteira. O motivo desta sintonização é para
absorver harmônicos gerados pela reatância indutiva variável ou para evitar
alguma ressonância causada por correntes de “inrush”.
Os compensadores estáticos podem tomar várias formas construtivas,
utilizando reatores saturados, reatores com corrente contínua controlando a
saturação e três configurações que utilizam tiristores para o controle de corrente
tanto em reatores quanto em capacitores. Os arranjos das subestações e as
aparências dos diferentes compensadores variam enormemente. Por exemplo, um
Reator Saturado tem a sua construção muito parecida com um transformador. Por
outro lado, os tiristores que controlam reatores ou capacitores, são localizados no
interior de uma subestação, pois os mesmos não podem ficar sujeitos às
intempéries climáticas. Uma importante propriedade de um compensador estático é
a sua habilidade em manter substancialmente constante a tensão em seus terminais,
mediante o ajuste de potência reativa do sistema de potência. Esta propriedade de
“tensão-constante” é um importante requisito em compensações de linhas bem
como na redução de flicker e outras flutuações de tensão causada por cargas
variáveis.
Uma outra não menos importante propriedade dos compensadores
estáticos é o tempo de resposta. Em geral, a potência reativa de um compensador
qualquer deve variar suficientemente rápido em resposta a pequenas variações na
tensão a ser controlada. Entretanto, é difícil definir o que vem a ser uma resposta
suficientemente rápida. Em sistemas de transmissão, as constantes de tempo que
governam o restabelecimento do regime permanente após um distúrbio, dependem
tanto do sistema de potência quanto do compensador e estas constantes de tempo
podem variar com a configuração do sistema. Embora uma rápida resposta seja
geralmente desejável, pode ocorrer que outros fatores limitem a estabilidade do
sistema de uma maneira tal que não se justifique a especificação de um
compensador estático ultra-rápido. Por outro lado, em aplicações para
compensação de cargas, a redução de “flicker” só é viável com o mais rápido
compensador disponível.
Em geral, para a aplicação em sistemas com tensões maiores que 69
KV, os compensadores são conectados com transformadores elevadores. Estes
transformadores, no entanto, podem significantemente afetar a performance de um
compensador, particularmente com respeito a harmônicos, perdas e sobretensões.
Os capacitores fixos são conectados tanto do lado de alta tensão dos
transformadores quanto (e mais comumente) no lado de baixa tensão do
compensador. Em sistemas mais antigos, o compensador poderá ser encontrado
no terciário de um transformador.
De uma maneira bem abrangente, o termo “compensador estático”
poderia incluir todos os compensadores que não possuam partes girantes (como o
compensador síncrono), tais como:
• Capacitores e reatores fixos
• Capacitores e reatores chaveados mecanicamente
• Reator controlado a tiristores
91

• Capacitor chaveado a tiristores


• Capacitor chaveado associado a reator controlado a tiristores
• Reator saturado

Cada um destes tipos de compensadores têm peculiaridades que os


distinguem dos demais, as quais poderão influir na escolha de um determinado
arranjo (devido a eventuais exigências especiais da utilização que lhe será dada).
Assim, para aplicações já mencionadas anteriormente, que visem rápidos tempos
de resposta, tais como para redução de flicker e melhoria de estabilidade, os
compensadores fixos e os chaveados mecanicamente não poderão ser tão eficientes
e flexíveis quanto os compensadores controlados a tiristores ou os de núcleo
saturado.

4.2– Compensadores Fixos

4.2.1 – Capacitores Fixos


Podem ser classificados como os mais simples e mais econômicos
sistemas de compensação. Constitui-se unicamente de um banco de capacitores
permanentemente conectado ao sistema. Sua principal aplicação é para correção de
fator de potência mas são também úteis em conjunto com compensadores
variáveis, para proporcionar a mínima potência reativa que se pode prever.
Cuidados especiais precisam ser tomados quando de sua inserção no
sistema, devido aos transitórios que pode ocasionar.

4.2.2 – Reatores Fixos


São elementos que absorvem reativos. Não são tão requeridos quanto
os capacitores fixos. São muito usados na eliminação do efeito ferranti em linhas
de transmissão. Como os indutores são intrinsecamente limitadores de corrente,
não provocam transitórios danosos quando da inserção no sistema.

4.3 – Compensadores com Chaveamento Mecânico


São usados para solicitações variáveis de reativo. O chaveamento é
feito por disjuntores, conforme a figura 4.2.
92

(a) Capacitores; Reatores


Figura 4.2– Compensadores chaveados mecanicamente.

Bancos de capacitores ou reatores de potências reativas diversas são


instalados em paralelo e seus disjuntores são fechados ou abertos conforme a
solicitação. É evidente que, para solicitações muito variadas de reativo, as vidas
úteis dos respectivos disjuntores serão decrescidas. Além disto, o tempo de
resposta destes compensadores é muito longo.
Como a compensação é feita por bancos, não se terá uma variação
contínua dos reativos. Assim, em alguns momentos o compensador não
conseguirá gerar (ou absorver) toda a solicitação e, em outros, o oposto ocorrerá,
conforme ilustra a figura 4.3.

Figura 4.3 – Variação da compensação com chaveamento mecânico, com a solicitação.


93

4.4 – Capacitor Chaveado a Tiristores (CCT)

Este compensador é constituído por um conjunto de bancos de


capacitores trifásicos, associados de modo que sua capacidade total se distribui
pelos diversos bancos. A susceptância é ajustada por tiristores conectados em
anti-paralelo.
A figura 4.4 ilustra um diagrama típico de um CCT. Observa-se que as
correntes são variadas em degraus. O reator em série com o capacitor é usado para
reduzir a taxa de variação da corrente de “inrush” no capacitor. Estas correntes
podem surgir devido a possíveis diferenças entre a tensão do sistema e a tensão
presente no capacitor no instante do chaveamento. Outra razão para o surgimento
das correntes de “inrush” é devido à possibilidade de surgimento de ressonâncias e
sub-ressonâncias entre o capacitor e o sistema CA. Os tiristores são normalmente
colocados entre o reator e o capacitor de tal forma que, no evento de um curto
circuito no capacitor, a corrente na válvula seja limitada. O período de condução de
cada tiristor é de meio ciclo completo.

(a) Diagrama unifilar e variação de corrente

(b) Arranjo físico (c) Coluna de tiristores


Figura 4.4 – Diagrama unifilar típico de um CCT.

Apesar da teórica simplicidade do arranjo deste compensador, ele


possui algumas desvantagens: a compensação reativa não é contínua, cada banco
94

de capacitores requer uma chave tiristorizada. Assim, sua aplicação em sistemas


que requerem um ajuste fino de reativo pode ficar anti-econômica. Além disto, a
tensão através dos tiristores que não estejam conduzindo, pode atingir a duas vezes
o valor de pico da tensão entre linhas.
A figura 4.5 ilustra o chaveamento de um CCT em três diferentes
condições, onde a tensão instantânea do sistema, v, é: (a) igual, (b) menor e (c)
igual à tensão residual do capacitor, Vc. Quando um pulso de disparo coloca um
tiristor em condução, o capacitor correspondente é colocado em condução. No
início do meio ciclo seguinte da corrente o outro tiristor (colocado em anti-paralelo
com o primeiro) é acionado e a corrente prossegue através do capacitor.
A figura 4.5a ilustra a situação ideal para a operação do CCT. No
instante t1 a tensão do sistema, v, é igual à tensão residual do capacitor, Vc. Neste
instante t1 é disparado o conjunto de tiristores que conduz, no semi-ciclo positivo
de corrente, até o tempo t2. Em t2 o outro grupo de tiristores recebe o sinal de
condução. Usualmente o acionamento é dado por um trem de pulsos. Se, entre
os instantes t2 e t3 o controle detectar que o banco precisa “sair” do sistema, então o
trem de pulsos é cessado. A válvula tiristorizada, porém, conduzirá até que a
corrente caia para um valor abaixo da sua corrente mínima de condução. Isto
ocorre em t3. Neste instante a válvula é desligada, com o capacitor permanecendo
carregado.
Quando a válvula tiristorizada é recolocada em serviço, a tensão
residual do capacitor, Vc, poderá ser maior ou menor do que aquela do sistema, v.
Se isto ocorrer, surgirão correntes transitórias até que as duas tensões se igualem,
conforme as figuras 4.5b e 4.5c ilustram.
Assim, é evidente que a melhor condição de operação é aquela
ilustrada pela figura 4.5a . Esta condição é analisada a seguir.
95

Figura 4.5 – Formas de onda típicas de tensão e corrente em um CCT.

4.4.1 – Chaveamento Ideal, sem Transitórios


A figura 4.6 mostra o circuito que será usado para ilustrar esta
condição. Considerando que a tensão do sistema é senoidal e igual a
v = v̂ sen(ωt + α) , os tiristores serão disparados quando v atingir o valor de pico,
v̂ .
Se o gatilhamento acontecer em qualquer outro instante, a corrente i =
C dv/dt teria um degrau de descontinuidade para t = 0+. Esta descontinuidade não
acontece na prática devido à inserção de indutância, conforme já mencionado
antes.
Para a condição de gatilhamento em que v = v̂ , a conseqüente
corrente será dada pela equação (4.1) e a tensão residual deverá ser vco = + v.
dv
i = C = v̂.ω.C. cos(ωt + α ) (4.1)
dt
onde:
α = + π/2
ω.C = Bc (susceptância do capacitor, à freqüência fundamental).
96

Figura 4.6 – Circuito C, chaveado por tiristores.

Assim, a figura 4.5a ilustra este caso ideal. Estes conceitos


constituem a base para o controle do chaveamento de um CCT sem a presença de
transitórios.

4.4.2 – Caso Geral de Chaveamento, com transitórios

Neste caso, deverá ser considerado o efeito indutivo no circuito da


figura 4.6 Em qualquer realização prática do CCT isso deverá ocorrer, devido à
presença de transformadores e da impedância do sistema CA.
A presença de um indutor L em série com o capacitor C da figura 4.6
causará oscilações transitórias cuja freqüência natural é de suma importância no
valor das amplitudes da tensão e da corrente surgida após o chaveamento. A
determinação do valor desta indutância L não é muito precisa devido ao fato de
que, na prática, a indutância do sistema alimentador é conhecida apenas
aproximadamente.
O circuito da figura 4.6, agora incluindo a indutância série L,
proporcionará a seguinte equação de tensão:
di( t ) 1
v( t ) = L + ∫ i( t )dt + v co (4.2)
dt C

A transformada de Laplace correspondente será:


⎡ 1⎤ v
V(s) = ⎢L s + ⎥ I(s) + co (4.3)
⎣ Cs ⎦ s

A transformada inversa fornece a seguinte corrente instantânea:


⎡ n2 ⎤
i( t ) = î ac . cos(ωt + α) − n.ω.C ⎢ v co − 2 v̂.sen α ⎥.sen ωn t − î ac . cos α. cos ωn t (4.3)
⎣ n −1 ⎦
onde:
1
ωn = = n.ω (freqüência natural do circuito)
L/C
n = Xc / XL
97

O primeiro termo da equação (4.27) é a componente fundamental da corrente, cuja


magnitude é:
n2 n2
î ac = v̂.ω.C 2 = v̂.X c−1 . 2 (4.5)
n −1 n −1
n2
onde o termo 2 é um fator de magnificação, que cresce com o decréscimo de
n −1
“n”. Ou seja, o fator de magnificação cresce com a indutância do circuito.
Os dois últimos termos de equação (4.3) expressam as componentes
oscilatórias da corrente e que têm a freqüência ωn. Estes termos decaem com o
tempo, se incluído o efeito resistivo.
Para que haja um chaveamento livre de transitórios, as componentes
oscilatórias da equação (4.3) devem ser nulas. Para tal, as duas condições
seguintes têm que ocorrer simultaneamente:

I) α = ± π/2 (cosα = 0 e senα = ± 1)


n2
II) v co = 2 .v̂
n −1

A condição I significa que os tiristores devem ser disparados nos valores de pico
(positivo ou negativo) da tensão aplicada. A condição II indica que o capacitor
n2
precisa ser pré-carregado com a tensão v̂. 2 . Em outras palavras, na presença
n −1
de indutância, para que não hajam transitórios, o capacitor deverá ser
n2
sobrecarregado acima de v̂, pelo fator 2 .
n −1

Para valores baixos de “n”, este fator é alto, conforme indica a figura 4.7.

Figura 4.7 – Fator de magnificação da corrente do CCT.

Enquanto a condição I pode, em princípio, ser alcançada pelo


controle, a condição II está totalmente fora do controle do ângulo de disparo
porque os valores de v̂ e n podem variar durante o período de não condução
anterior ao próximo acionamento do tiristor. Isto acontece porque a indutância do
sistema alimentador pode variar aleatoriamente, (alterando n), bem como a tensão
98

v. A própria tensão vco poderá decrescer, porque o capacitor irá se descarregar


lentamente. Desta forma, de uma maneira geral, não se pode garantir uma ignição
completamente livre de transitórios.
Em certas ocasiões, as condições I e II do ítem anterior ficam
impraticáveis. Por exemplo, o capacitor poderá, eventualmente, estar
completamente descarregado e, então, vco = 0. Neste caso, a condição II não
poderá ser atingida e os transitórios serão altos.
No caso mais geral, a tensão vco pode ter qualquer valor. Isto vai
depender das condições sob as quais aconteceu a última condução e de “há quanto
tempo” esta ocorreu.
Um outro aspecto que deve ser lembrado é que, para proteger os
capacitores, estes têm resistores de descarga conectados em paralelo, os quais irão
contribuir para o decaimento da tensão vco. Assim, os capacitores devem estar
sendo, periodicamente, recarregados.
99

4.5 – Reator Controlado a tiristores (RCT)

4.5.1 – Arranjo de Seis Pulsos


Um reator controlado a tiristores (RCT) consiste, basicamente, de
um conjunto de bancos de capacitores fixos e mais um reator cuja potência reativa
é variável por meio de um sistema tiristorizado e controlado. A potência total dos
bancos de capacitores é calculado de tal forma que supra a máxima solicitação de
reativos que se possa prever. Jà o reator tem, normalmente, uma potência nominal
maior que a dos capacitores, o que permite uma eventual compensação indutiva.
Na compensação de uma carga, por exemplo, o compensador atua de
modo a manter constante a potência reativa fornecida pelo sistema. Quando a
carga está muito indutiva, o reator absorve pequena ou nenhuma potência e, ao
contrário, o reator contribui absorvendo potência reativa.
A figura 4.8 mostra um diagrama esquemático de uma instalação de
RCT típica. Os bancos de capacitores podem ser distribuídos entre os barramentos
AT e BT mas o reator RCT é normalmente conectado no barramento de BT, com
valores máximos de tensão até 34,5 KV. A variação da potência absorvida pelo
RCT decorre de retardos maiores ou menores no disparo dos tiristores, fazendo
com que absorvam mais ou menos potência ativa.

Figura 4.8 – Diagrama típico de uma instalação de RCT.


100

Conforme será analisado à frente, os RCT’s tem a desvantagem de


gerarem correntes harmônicas de ordem ímpar. Desta forma, algumas
providências básicas são formadas com os arranjos práticos de RCT’s.
Uma providência é fazer a conexão entre os reatores em delta pois esta
conexão elimina, para operações equilibradas, a possibilidade de injeção, no
sistema, das correntes harmônicas de ordem 3 e seus múltiplos ímpares.
Outra providência é inserir reatores em série com os capacitores
destinados a gerarem reativos. Essa combinação “capacitor + reator”, se
sintonizada adequadamente constitui-se em um filtro sintonizado, adequado a
absorver harmônicas geradas peo RCT. Nestas condições, a maior parte da
corrente harmônica gerada pelo RCT pode ser absorvida no mesmo local em que
ela é gerada.
A figura 4.9 mostra a usual conexão delta e a representação
monofásica do RCT. O elemento controlador é o tiristor, mostrado aqui como
dois tiristores em anti-paralelo, os quais conduzem em alternados meio-ciclos da
freqüência. Se os tiristores forem gatilhados precisamente quando a tensão entre
fases é igual a Vm, então o reator estará conduzindo em sua plenitude. Assim, a
corrente resultante será a mesma de um reator fixo porque os tiristores estarão
curto-circuitados. A corrente, portanto, estará atrasada da tensão de um ângulo de
90o e a sua forma de onda é senoidal. Nesta condição, diz-se que o ângulo de
disparo dos tiristores é α = 90o. Aumentando-se este ângulo α, a corrente no
reator diminui. Assim, parcial condução é obtida com ângulos de disparo entre
90o e 180o. Outro importante efeito do acréscimo do ângulo de disparo é que a
forma de onda da corrente de fase, i(t), tornar-se-á menos senoidal.

Figura 4.9– Representação trifásica (a) e monofásica (b) de um RCT isolado.

A figura 4.11 ilustra as ondas de tensão v(t) e da corrente i(t), ambas


relativas à representação monofásica do RCT, já introduzida na figura 4.22b. A
corrente i(t) em geral, não será senoidal mas sua forma de onda poderá ser
separada em sua componente fundamental e suas harmônicas. A componente
fundamental da corrente i(t) terá sua magnitude decrescendo com o aumento de
“α” enquanto que as componentes harmônicas da mesma corrente crescerão,
101

conforme será mostrado adiante. As expressões matemáticas da corrente serão


obtidas através da série de Fourier.

Figura 4.11 – Formas de onda da tensão e da corrente de uma fase do RCT.

O chaveamento dos tiristores deve ser sincronizado. Um tiristor é


gatilhado a cada meio ciclo positivo e outro a cada meio ciclo negativo. O
instante desse gatilhamento deve estar compreendido entre o ponto em que a
tensão v(t) é máxima ou mínima (igual a + Vm) e o ponto em que a tensão v(t)
passa por zero. Dentro de cada meio ciclo o reator permanecerá conduzindo até
que a corrente caia para um valor abaixo do nível da corrente mínima de condução
do tiristor. A partir deste instante, o tiristor abre, interrompendo a condução de
corrente.
Aliado ao ângulo de disparo, α, está um outro ângulo, denominado de
ângulo de condução, σ. A figura 4.12 mostra a corrente de fase de um RCT para
cinco diferentes pontos de operação. Nesta figura, o ângulo de condução, σ, é
ilustrado. Ele indica o período de condução de cada tiristor.

Figura 4.12 – Variação da corrente de fase de um RCT de acordo com o aumento de α e o


decréscimo de σ.

A equação que descreve a corrente não-senoidal do RCT é:


V
i = max (cos α − cos ωt ), para α < ωt < α + σ (4.6)
ωL
i = 0, para α + σ < ωt < α + π
onde:
Vmax = valor máximo da tensão nos terminais de reator
L = indutância do reator
ω = 2πf
f = freqüência do sistema
102

α = ângulo de atraso do disparo

Através da Série de Fourier aplicada à equação (4.6), será possível


obter as componentes harmônicas e fundamental da corrente gerada por uma fase
de um RCT ideal. Os resultados finais são:

- componente fundamental
I1 = m [2(π − α ) − sen 2(π − α )]
V
(4.7)
πωL

- componentes harmônicos:
2 2Vm ⎡ sen (n + 1)α sen (n − 1)α sen nα ⎤
In = ⎢ + − cos α (4.8)
πωL ⎣ 2(n + 1) 2(n − 1) n ⎥⎦

onde “n” é a ordem harmônica (n = 3, 5, 7, ...).

Para a conexão trifásica em triângulo da figura 4.10, as correntes de


linha são obtidas através da soma fasorial das correntes de fase. Quando o
sistema e o RCT são balanceados, a tensão alimentadora é pura (sem distorção ou
desbalancços) e os ângulos de disparo dos tiristores são iguais. Nessas condições,
as correntes harmônicas, que sejam simultaneamente ímpares e múltiplas de 3,
circularão apenas dentro das fases do RCT. Elas estarão ausentes das correntes de
linha. Entretanto, as outras harmônicas de ordem ímpar estarão presentes nas
linhas.
O RCT ora introduzido é conhecido como sendo de seis pulsos. As
correntes harmônicas de um RCT de “p” pulsos serão de ordem ‘n”, onde n = pk +
1 (k = 1, 2, 3, ...). Assim, para o RCT de seis pulsos, a corrente harmônica de
menor ordem é a 5a. As demais serão a 7a , a 11a , a 13a , etc.
A figura 4.13 mostra a variação da amplitude da corrente fundamental
e das correntes harmônicas de linha de ordem 5, 7, 11 e 13 com o ângulo de atraso
“α”. Observa-se que as correntes harmônicas têm comportamento bastante
distintos.
103

Figura 4.13 – Correntes harmônicas de linha para um RCT conectado em triângulo de acordo
com o ângulo α.

Outra informação interessante refere-se às diferentes formas de onda das correntes


de fase e de linha. Isto pode ser observado na figura 4.14, que apresenta a
corrente de linha para a fase “A” de um RCT, quando α = 120o.

Figura 4.14– Formas de onda para as correntes de fase e de linha para um RCT, quando α =
120o.
104

4.5.2 – Arranjo de 12 Pulsos

Uma outra forma de reduzir harmônicos produzidos por RCT (e que


não envolve filtros) está mostrada na figura 4.15. É o arranjo conhecido por “12
pulsos” e que consiste de dois RCT de seis pulsos conectados em paralelo,
mediante o uso de dois transformadores. Um dos transformadores é “YY” e o
outro “Y∆” (este, portanto, produzindo um defasamento de 30o entre o primário e o
secundário). Com este arranjo, as correntes harmônicas de ordem 5, 7, 17, 19, etc.
de cada RCT de 6 pulsos, ao se encontrarem no lado de alta tensão dos dois
transformadores, cancelar-se-ão. Assim, um arranjo de 12 pulsos, perfeitamente
balanceado, terá como harmônica de menor ordem a 11a , seguindo-se a 13a , a 23a
, 25a , etc.
Os dois transformadores abaixadores da figura 4.15 podem ser
substituídos por um único transformador de três enrolamentos, conseguindo-se
assim os mesmos resultados.

Figura 4.15 – RCT de 12 pulsos.


105

4.5.3 – RCT com Capacitores em Paralelo (Fixos e Chaveados)

Estes arranjos são úteis quando se deseja flexibilidade para, além de


absorver, gerar reativo. Os capacitores podem ser do tipo fixos ou chaveados
(mecanicamente ou por tiristores). Algumas instalações utilizam capacitores dos
três modos citados. Os capacitores são conectados em estrela-não-aterrado.
A combinação RCT/CCT (figura 4.16) é, em geral, a melhor solução: uma
variação contínua de potência reativa é obtida para toda a faixa de controle, assim
como um controle completo tanto da parte indutiva como da capacitiva do
compensador.

Figura 4.16 - Reator controlado e capacitor chaveado a tiristores

A figura 4.17 ilustra o efeito da introdução de capacitores fixos junto


a um RCT. Por exemplo, para uma operação em que o valor da potência reativa
seja nulo, o RCT será controlado pelos tiristores a um nível em que ele absorva
todo o reativo gerado pelo capacitor. Para maior flexibilidade, nestas condições, a
corrente no reator deverá estar abaixo de seu valor nominal, isto é, os tiristores
estarão em condução parcial. Havendo necessidade de maior geração de reativo, o
ângulo α, de disparo do TCR, é aumentado. Desta forma, o capacitor injetará
maior potência reativa no sistema pois o reator, com seu ângulo de disparo α
aumentado, absorverá menor reativo agora.

Figura 4.17 – Características V/I de um RCT com capacitores fixos.


106

A figura 4.18 mostra um diagrama esquemático no qual o RCT está


conectado junto a capacitores fixos, capacitores chaveados mecanicamente e
chaveados por tiristores. Os capacitores fixos podem ter reatores em série
sintonizados para as freqüências harmônicas geradas pelo RCT.

Figura 4.18 – RCT combinado com CCT e capacitores fixos

Se o arranjo RCT/capacitor tiver apenas capacitores fixos, o


compensador perde em eficiência quando a corrente resultante do arranjo é nula ou
indutiva porque o capacitor produzirá todo o seu reativo para o reator absorver.
Isto não produz nenhuma vantagem para o sistema como um todo. Este problema
diminui quando parte dos capacitores possui chaveamento. Desta forma, a
característica V/I será ajustada em degraus, como mostra a figura 4.19. Se isto
for feito, o RCT poderá ter sua potência reduzida em relação àquela da
característica V/I da figura 4.17.

Figura 4.19 – Característica V/I de um RCT com capacitores chaveados.

O arranjo RCT com capacitores chaveados a tiristores foi


desenvolvido visando diminuir dois problemas existentes nos esquemas com
capacitores fixos: perdas e performance durante distúrbios. Os distúrbios, em
sistemas de potência, são ditos “grandes” quando a demanda reativa excede a faixa
de controle linear de um compensador. Estes distúrbios são caracterizados por
107

rápidas variações de tensão. Nos compensadores com RCT e capacitores fixos, o


compensador será sempre visto como um circuito paralelo LC o qual, durante
grandes distúrbios, estabelecerá oscilações com a impedância do sistema CA.
Estas oscilações podem provocar transitórios de tensão com grandes magnitudes
(especialmente se esse distúrbio é seguido de rejeição de carga), bem como
também interferir no controle do compensador.
Já os RCTs com capacitores chaveados a tiristores, tendo a
propriedade de poderem ter seus capacitores chaveados rapidamente sem
provocarem grandes distúrbios no sistema, podem evitar aquelas indesejáveis
oscilações. Assim, os transitórios causados pelo compensador podem ser evitados.
Outra vantagem do RCT com capacitor chaveado a tiristores está no aspecto de
perdas. Em um RCT com capacitores fixos, as perdas aumentam com a corrente.
Mais precisamente, estas crescem com a corrente do compensador variando de
“capacitiva” para “indutiva”. Na condição de neutralidade (isto é: 0.0 MVAr) as
perdas já são significantes devido à circulação de corrente entre o capacitor fixo e
o RCT. Já no arranjo RCT com capacitor chaveado a tiristores, na mesma
condição de neutralidade, bastará que todos os reatores e capacitores sejam
desconectados do sistema.
A figura 4.20 ilustra qualitativamente a relação entre as perdas de um
RCT acompanhado de capacitores. A linha pontilhada representa a curva de
perdas quando os capacitores são fixos. A linha contínua mostra as perdas para o
arranjo em que os capacitores são chaveados. As perdas aumentam com o
aumento da potência reativa indutiva. Entretanto, estas perdas são menores
quando os capacitores são chaveados porque o RCT tem menor potência. Estas
perdas são mínimas para o “RCT/Cchaveado” na condição de neutralidade ( 0 MVAr).

Figura 4.20 – Perdas características para RCT combinados com capacitores fixos e chaveados.

O controle do RCT é provido de um sinal que informa o presente


número de bancos de capacitores ligados. Assim quando um banco é ligado ou
desligado, o ângulo de atraso do RCT, α, é imediatamente reajustado de tal forma
que a potência reativa adicionada ou retirada seja balanceada por uma igual
mudança na potência do reator do RCT. Após este significativo ajuste em α, as
108

próximas variações do mesmo serão apenas em decorrência de solicitações do


sistema até que um próximo chaveamento de capacitor seja necessário.
Uma desvantagem do arranjo “RCT + capacitores chaveados” é no
aspecto econômico. Apesar deste arranjo requerer um menor banco de reatores, o
que resultará em economia, isso pode não superar os custos envolvidos com os
tiristores e o sofisticado controle envolvido com os capacitores e reatores. Estima-
se em 15% a 20% a diferença de custo entre os dois arranjos em favor do conjunto
que possui capacitores fixos.
Em síntese, pode-se dizer que a combinação RCT com capacitores
chaveado a tiristores possui as seguintes vantagens:
a) controle contínuo
b) baixos transitórios
c) baixo conteúdo harmônico
d) baixas perdas
e) flexibilidade em operação

4.5.4 – Sistema de Controle para o RCT

O parâmetro mais comum de ser controlado por um RCT é a tensão,


embora outras grandezas auxiliares também possam ser requeridas, tais como:
- fluxo de potência reativa em uma linha ou no próprio RCT.
- Taxa de variação do fluxo de potência
- Desvio do ângulo de tensão
- Freqüência
- Velocidade de uma máquina síncrona

Quando a tensão é escolhida com parâmetros de controle, o princípio


do controle é um erro de tensão que é medido e usado para variar a impedância do
RCT até que o erro de tensão desça para um nível aceitável.
A figura 4.21 mostra um diagrama de blocos de um sistema de
controle de tensão para RCT, que possui duas grandezas a serem controladas: a
tensão e a corrente. A entrada principal é a tensão U no barramento. As tensões
trifásicas são levadas, através de TP’s, para um dispositivo de medição, onde estas
tensões são retificadas para um valor V (contínuo). Este dispositivo de medição
contém, basicamente, um retificador, um filtro CA que reduz sobretensões
provenientes de ressonâncias de baixa freqüências no lado CA e um filtro CC que
elimina os harmônicos característicos do próprio retificador ou os não-
característicos devido a desbalanços da tensão U ou transitórios ocorridos no
sistema CA.
109

Figura 4.21 – Diagrama de blocos de um sistema de controle para RCT.

O filtro CA poderá ser omitido quando a impedância do sistema, vista


do barramento de controle é indutiva até 150 Hz. O filtro CC deverá eliminar as
freqüências fNOM, 2 x fNOM e p x fNOM onde “fNOM” é a freqüência nominal e “p” é o
número de pulsos do retificador. Assim, a tensão V será bem “limpa”, sem
“ripples” e será bem proporcional à tensão a ser controlada, U.
A tensão V é injetada em um somador, juntamente com a tensão de
referência, Vref. Se a tensão V desviar da referência, Vref, um sinal de erro, ∆V
aparecerá. Este sinal é injetado em um controlador, cuja saída, que é o ângulo de
atraso (e de disparo) α aumentará ou diminuirá de acordo com o sinal de V, até que
∆V seja zero e V = Vref.
A corrente principal, I, pode ser usada por vários objetivos. No caso
ora ilustrado, que é o de controle da tensão U, a realimentação da corrente não é
necessariamente requerida. Entretanto, na maioria dos casos, quando é desejável
ter um pouco de inclinação na característica U/I (para que o limite máximo do
compensador não seja atingido facilmente), usa-se uma sinal adicional, VI,
proporcional à corrente I (ver figura 4.22) o qual é adicionado a V.
A tensão VI tem sinais opostos para corrente adiantada ou atrasada.
Assim a sua “adição” a V irá corresponder a um decréscimo ou acréscimo na
tensão de referência, Vref, para corrente adiantadas ou atrasadas, respectivamente.
A variação da inclinação da curva U/I é obtida para variação do ganho K da
realimentação da corrente.
Prosseguindo na figura 4.21: a susceptância de referência Bref, sai do
controlador e entra no bloco de geração de pulsos, cuja função é a de gerar os
pulsos adequados para os tiristores. Deve-se tomar cuidado com o fato de que a
função Bref = f (ângulo de condução) não é linear. Assim, dependendo do método
de geração de pulsos, uma função linearizante deverá ser incluída.
110

4.6) Reator a núcleo saturado

4.6.1) CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS:


• São robustos, pois suas partes constituintes são formadas por materiais
rígidos e fixos;
• Requerem baixa manutenção, visto que não possuem partes móveis e
controle externo;
• O tempo de resposta é bastante pequeno;
• Não há necessidade de qualquer arranjo para automatismo de sua ação, o
controle é intrínseco;
• Menor custo, comparado com os demais compensadores estáticos.

DIAGRAMA UNIFILAR BÁSICO e CARACTERÍSTICA V x I:


111

EXEMPLOS DE REATORES SATURADOS MONTADOS EM


LABORATÓRIO

1) REATOR SATURADO TRIFÁSICO SIMPLES:

Conteúdo harmônico da corrente:

12
10
8
Corrente(A)

6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
0.4 0.41 0.42 0.43 0.44 0.45
Tem po(s)
112

2) REATOR SATURADO TRIFÁSICO COM 6 NÚCLEOS:

Conteúdo harmônico da corrente:

15
13
11
Corrente(A)

9
7
5
3
1
-1
-3
-5
-7
-9
-11
-13
-15
0.4 0.41 0.42 0.43 0.44 0.45
T em p o (S )
113

RESULTADOS EXPERIMENTAIS OBTIDOS:


1) Elevação de Tensão sem a Presença do RS:
O valor de 220V Foi para 252V
(1.0 p.u.) (1.14 p.u.)
260
vab vbc vca
255
250
245
Tensões(V)

240
235
230
Entrada de
Saida de
225
220
215
210
13.25 13.3 13.35 13.4 13.45 13.5 13.55
Tempo
__________________________________________________________________

2) Elevação de Tensão COM o RS:


O valor de 220V Ficou no nível de
(1.0 p.u.) 226V (1.02 p.u.)
260
255
250
245
Tensões(V)

240
235 vab vbc vca
230
225
220
215
S aid a de E n trada de
210
16.3 16.35 16.4 16.45 16.5 16.55
T em po
114

3) AFUNDAMENTO de Tensão SEM o RS:

O valor de 220V Reduziu para 200V


(1.0 p.u.) (0.90 p.u.)
225
vab vbc vca
222
219
216
Tensões(V)

Saida de
213 Entrada de
210
207
204
201
198
8.06 8.11 8.16 8.21 8.26 8.31
Tem po
__________________________________________________________________

4) AFUNDAMENTO de Tensão COM o RS:


O valor de 220V Ficou no nível de
(1.0 p.u.) 216,5V (0.98 p.u.)
225
vab vbc vca
222
219
216
Tensões(V)

Entrada de Carga Saida de Carga


213
210
207
204
201
198
8.4 8.45 8.5 8.55 8.6 8.65
Tempo (s)
115

Arranjo Pioneiro de 13,8 kV e 2 MVAr (em operação num complexo elétrico


eólico no Rio Grande do Norte):
116

4.7) Transmissão flexível em corrente alternada (FACTS)

O controle do fluxo de potência em um sistema elétrico em tempo real é


bastante complexo porque envolve os parâmetros das linhas de transmissão a
amplitude das tensões nas barras e o angulo de fase entre essas tensões. Até alguns
anos os sistemas de transmissão eram projetados para operarem com
compensações série e em derivação fixas ou controladas mecanicamente (além de
transformadores com taps variáveis). Essas técnicas eram suficientes para as
condições de regime permanente do sistema. Entretanto, as situações em que o
sistema operava em condições dinâmicas eram contornadas, por exemplo:
• com o conservadorismo dos ângulos de potência das linhas (as linhas deviam
operar, em regime permanente, com baixos ângulos de potência pois, em
condições anormais, a flutuação desses ângulos não levaria à instabilidade);
• com o acréscimo do número de linhas em paralelo.

Essas providências sempre levavam à subutilização dos sistemas de transmissão.


As primeiras aplicações de tiristores em sistemas de potência
ocorreram por volta de 1975, em sistemas de HVDC e em compensadores estáticos
do tipo Reator Controlado a Tiristores e Capacitores Chaveados a Tiristores. Esses
equipamentos controlam apenas um dos três importantes parâmetros (módulo da
tensão, ângulo da tensão e a impedância) que controlam o fluxo de potência por
uma linha: o módulo da tensão em um determinado barramento. Vários estudos
indicam que, para uma utilização otimizada de um sistema elétrico interligado,
deveria haver o controle em tempo real da impedância e do ângulo de potência de
algumas linhas.
Nos últimos dez anos muitos estudos foram realizados no sentido de melhor
utilizar os sistemas de transmissão. Dentre esses estudos, destacam-se aqueles
relacionados com o desenvolvimento de equipamentos baseados em controles com
tiristores e que possam alterar as impedâncias das linhas de uma maneira rápida e
controlada.
Como se sabe, a potência flui pelas linhas de acordo os parâmetros das
mesmas (R, L e C) e não conforme o desejo dos proprietários ou de contratos. O
sistema de transmissão de FURNAS, que interliga a usina de Itaipú ao Estado de
São Paulo, possui vários bancos de capacitores fixos, em série. Esta solução foi
adotada há cerca de 20 anos e permitiu que um menor número de linhas fosse
necessário, para transmitir a potência aproximada de 6.000 MW. Esses capacitores,
no entanto, por serem fixos, não permitem muita flexibilidade na alteração do
fluxo das potências. Isso, no entanto, não é um problema para esses
sistemas de transmissão, cuja missão é levar este bloco de potência, praticamente
constante, dia e noite, para o sudeste brasileiro.
117

4.7.1) CONTROLADORES DE FLUXO DE POTÊNCIA CONVENCIONAIS

Quando se desejar operar uma LT com um determinado valor de potência ou


quando houver riscos de instabilidades transitórias ou resonâncias sub-síncronas,
os capacitores em série deveriam ter suas impedâncias variadas de acordo.
Atualmente essa solução já existe, inclusive no Brasil, na linha de transmissão que
interliga a usina de Serra da Mesa ao sudeste brasileiro. Nesta linha está instalado
um banco de capacitores série, controlado a tiristores (parte “b” da figura abaixo).
O equipamento ali usado foi fabricado pela SIEMENS e possui corrente nominal
de 120 A..
T11 T1n

T21 T2n

~ C1 Cn

(a) Capacitor chaveado a tiristor

T1
L/2 L/2
T2

~ C

(b)
(b) Capacitor controlado através de reator controlado a tiristores
Compensação série variável
118

4.7.2) CONTROLADORES DE FLUXO DE POTÊNCIA AVANÇADOS


a) Compensação paralela (Compensador Estático Avançado – ASVC)
Conceito básico:

vs
~
Transformador
de Acoplamento ip
ep

CONVERSOR

vc

b) Compensador Série Avançado (ASC)


Conceito básico:

vs es il
~ Transformador de
acoplamento

CONVERSOR

vc

Compensação unificada (Controlador de Fluxo de Potência Unificado –


UPFC)

Este tipo de compensador consegue praticar todas as ações dos compensadores em


derivação e em série, sem o uso de reatores ou capacitores. Ele usa dois
conversores cujos controles são independentes.
Conceito básico:
119

O conversor série (2) gera uma tensão es qual é somada à tensão terminal vs,
através da conexão do transformador cujo primário está em séria com a rede. Esta
tensão final poderá ser usada para compensação série e/ou defasamento angular.
Esta tensão injetada em série age como uma fonte de tensão.
O conversor em paralelo (1), é conectado à rede através de um
transformador convencional, é capaz de gerar ou absorver reativo,
independentemente do conversor 2.

vs es il
~ Transformador
em série

Transformador
de Acoplamento ip
ep

CONVERSOR vc CONVERSOR
PARALELO SÉRIE
(CONVERSOR 1) (CONVERSOR 2)
120

4.8 – Principais aplicações dos compensadores estáticos

Os compensadores estáticos podem ser úteis em uma vasta área de


aplicações individuais. De uma maneira geral, entretanto, poder-se-á dividir essas
aplicações em dois grandes setores: o industrial e o de transmissão de energia.
No setor industrial destacam-se as aplicações para compensação de
cargas onde se deseja reduzir ou cancelar a demanda de potência reativa de grandes
cargas, tais como fornos a arco e laminadores e também balancear a potência ativa
vinda do sistema supridor.
O segundo campo de aplicação dos compensadores está relacionado
com o suporte de tensão de linhas de transmissão, quer seja devido ao Efeito
Ferranti ou a distúrbios surgidos tanto nos geradores, nas cargas ou em qualquer
ponto do sistema de transmissão. Ao contrário do setor industrial, aqui as cargas e
geradores não são localizados em pontos concentrados. Eles estão distribuídos ao
longo da malha de transmissão e os objetivos da compensação são voltados para o
aumento do limite de estabilidade do sistema, o decréscimo da flutuação de tensão
e, algumas vezes, limitar sobretensões ocorridas após a ocorrência de faltas.

4.8.1– Compensação de Cargas

A figura abaixo apresenta uma carga desbalanceada conectada em


estrela e seu equivalente, em triângulo. As tensões entre fases são consideradas
balanceadas. Nestas condições, a função do compensador será a de proporcionar
as admitâncias adequadas que, quando combinadas com a admitância da carga,
proporcionem uma carga de característica real e balanceada para a fonte de tensão.

Carga genérica conectada em Y (a) e seu equivalente em triângulo (b).

Adotando a representação em triângulo da figura (b) acima, as três


admitâncias da carga podem ser compensadas separadamente, como se elas fossem
três cargas monofásicas. Assim, por exemplo, a fase “ab” pode ser expressa pelas
suas componentes real e imaginária, conforme a equação (4.8):
Y& ab = G ab + jB ab (4.8)
121

A primeira etapa da compensação será a eliminação do termo reativo


através de uma susceptância capacitiva, -jBab, que deverá ser conectada em
paralelo com Yab, como indicado na figura:.

Compensação da parte reativa, Bab.

A segunda parte da compensação se refere à busca de duas


admitâncias, Yca e Ybc que, conectadas entre as fases ac e cb, fará com que o
sistema veja o conjunto assim formado como sendo balanceado. Isto pode ser
conseguido pela introdução de duas susceptâncias, B (bcab ) (capacitiva) e B (caab )
(indutiva):
B (bcab ) = G ab / 3
(4.9)
B (caab ) = G ab / 3

O índice ‘(ab)’ é usado para indicar que estas susceptâncias são


necessitadas para balancear a fase ‘ab’.
A figura a seguir mostra as conexões da carga assim balanceada. A
figura 6.3c indica o modelo resistivo equivalente visto pelo sistema, após a
compensação.

Balanceamento de uma carga monofásica resistiva, Gab.


122

A figura (a) mostra as três correntes de fase iR, iC e iL enquanto que a figura (b)
indica a obtenção das correntes de linha Ia, Ib e Ic a partir das correntes de fase.
Como pode ser observado, as três correntes de linha são equilibradas.

Diagrama fasorial que mostra as correntes de fase (a) e a obtenção das correntes de linha (b).

Com um procedimento semelhante será possível compensar cargas


monofásicas Ybc e Yca conectadas às fases bc e ca, respectivamente. Assim,
inicialmente as susceptâncias Bbc e Bca são canceladas por duas susceptâncias de
sinais opostos, - Bbc e – Bca, respectivamente. Desta forma procedeu-se à correção
do fator de potência. Finalmente, as condutâncias Gbc e Gca são balanceadas por
dois pares de susceptâncias:

B (cabc ) = G bc / 3
(4.10)
B (bcca ) = G ca / 3

B (abca ) = G ca / 3
(4.11)
B (bcca ) = G ca / 3

As compensações das admitâncias Ybc e Yca estão ilustradas nas figuras 4.26 e
4.27, respectivamente.
123

Figura 4.26 – Compensação de carga monofásica Ybc.

Figura 4.27 – Compensação da carga monofásica Yca..

Assim, para a compensação de uma carga trifásica desbalanceada,


bastará superpor as três compensações monofásicas descritas. A figura 4.28
mostra o procedimento completo.

Figura 4.28 – Compensação de uma carga trifásica desbalanceada.

As susceptâncias inseridas em cada fase serão o resultado da soma


das susceptâncias usadas para compensar as fases individuais:
124

B (abc ) = −B ab + B (abbc ) + B (abca )

B (bcc ) = −B bc + B (bcca ) + B (bcab ) (4.12)

B (cac ) = −B ca + B (caab ) + B (cabc )

onde o índice ‘(c )’ indica “compensação total”. Os termos negativos da equação


(4.12) representam a componente reativa usada para fazer o fator de potência
unitário. Os demais termos do segundo membro de (4.12) indicam os reativos
requeridos para balancear a parte real das cargas nas outras duas fases.
Substituindo as equações (4.9)., (4.10) e (4.11) em (4.12), tem-se que
as três susceptâncias requeridas para compensar uma carga genérica desbalanceada
podem ser expressas em termos das componentes real e reativa da carga:

B (abc ) = −B ab + (G ca − G bc ) / 3

B (bcc ) = −B bc + (G ab − G ca ) / 3 (4.13)

B (cac ) = −B ca + (G bc − G ab ) / 3

A carga resistiva resultante na figura anterior, expressa pela condutância G, é dada


por:
G = Gab + Gbc + Gca (4.14)

As considerações apresentadas nesta seção levam às seguintes conclusões:


1. Uma carga linear trifásica desbalanceada, em triângulo ou em estrela
isolada, pode ser transformada em uma carga balanceada sem alterar o fluxo
de potência ativa entre a fonte e a carga.
2. A transformação acima citada requer modificações apenas nas partes
reativas da carga.
3. Em geral, essa transformação é processada em duas etapas: uma delas
corrige o fator de potência e a outra balanceia a carga.
4. Se a carga varia com o tempo, então a compensação necessitará reatâncias
variáveis que devem ser ajustadas de acordo com a variação da carga. Isto
pode ser conseguido com o reator controlado a tiristores.

4.8.2 - Controle de reativos em sistemas de transmissão - Regime Transitório

Como se sabe, um sistema elétrico não permanece no mesmo ponto


de operação por muito tempo. As freqüentes mudanças das características das
125

cargas perturbam o equilíbrio entre geração e consumo e o sistema está sempre


variando seu ponto de operação. Nestas condições, os elementos compensadores
deverão estar aptos a acompanhar a variação do sistema, visando mantê-lo estável.
A figura a seguir ilustra os períodos de transições que ocorrem em um sistema que
sobre uma falta:

Período subtransitório: representa os instante iniciais após a ocorrência da falta.


É durante este período que os pára-raios e reatores devem atuar para proteger o
sistema das sobretensões.

Período transitório: este período vem logo após o período subtransitório. Neste
período, em geral, não há nenhuma apreciável variação nos ângulos dos rotores das
máquinas síncronas.

Em geral os compensadores, devido aos seus atrasos inerentes,


somente irão atuar quando a falta já estiver no período transitório.

Subdivisão do período transitório quando os ângulos das máquinas não variam


significantemente.

Os períodos de transição podem ter outra subdivisão. Esta subdivisão se


justifica para os casos em que as faltas são tão grandes ou são tão próximas das
máquinas, que provocam grandes alterações nos ângulos dos rotores das máquinas
síncronas. A figura abaixo ilustra tal subdivisão, onde três trechos podem ser
identificados: subtransitório, oscilação inicial e período oscilatório.
126

Estudo do período transitório quando os ângulos das máquinas variam muito.

O período de oscilação inicial dura entre 0,5 e 1 segundo e é a


região crítica, em que a estabilidade transitória é mantida ou perdida. É neste
período que a tensão oscila pesadamente pela primeira vez.
O período oscilatório vem em seguida. Aqui é que ocorrem as
variações cíclicas da tensão, corrente e potência. Este período dura entre 3 e 20
segundos. Após este período vem o período quase-estacionário que é onde as
oscilações já desapareceram.
A seguir serão analisados os efeitos dos compensadores estáticos no
restabelecimento de um sistema nos períodos transitório e de oscilação inicial, bem
como na estabilidade transitória.

4.8.2.1 – Período Transitório


Nesta análise considerar-se-á, inicialmente, o RCT com capacitores
fixos, cuja resposta no período transitório pode ser visualizada com o auxílio da
figura a seguir. Considere um distúrbio que cause a mudança da reta de tensão do
sistema, na barra do compensador, de 1 para 2. Antes do distúrbio, o ponto de
operação está em ‘a’. Considerando-se que a resposta do RCT não é instantânea,
o ponto de geração irá para ‘b’, com o ângulo de atraso ‘α’ do RCT permanecendo
inalterado. Após isto, o controle do RCT responderia e diminuiria o ângulo de
atraso, tornando o RCT mais indutivo, levando o ponto de operação para ‘c’.
Assim, a maior tensão ocorrida é aquela correspondente ao ponto de operação ‘b’,
a qual é maior que E2 (que é a tensão que permaneceria na barra, após o distúrbio,
caso não houvesse o compensador). Na prática, os baixos tempos de resposta do
RCT permitem que o ponto ‘c’ seja atingido em cerca de 2,5 ciclos. Com esta
rápida resposta, o ponto de operação ‘b’ é de pouca influência.
127

Comportamento do RCT no período transitório.

Para ilustrar os benefícios desta rápida reposta, considere-se a


simulação de um RCT cujos resultados estão na figura a seguir. Ali está ilustrada
a corrente de carga de uma fase juntamente com a tensão V1-2 (entre as fases 1 e 2)
da barra controlada. O evento que ilustrará a atuação do compensador é uma
redução brusca na corrente de carga, que causará um aumento na tensão V1-2.

Oscilograma ilustrando a resposta típica de um RCT a uma variação súbita da carga.

O tempo de resposta pode ser melhor observado na primeira curva


da figura acima, que é a tensão fase-neutra medida e retificada pelo controle do
RCT: a tensão é corrigida após 1,5 ciclos da ocorrência do distúrbio.
128

As duas figuras anteriores ilustraram uma perda de carga em que o


RCT continuou operando dentro de sua faixa nominal de operação. Entretanto,
existem distúrbios tão grandes que podem levar o RCT a operar fora de sua faixa
normal de controle AB, indicada na figura a seguir. Considere-se, inicialmente,
uma falta trifásica que mude a linha de carga de ‘1’ para ‘2’, conforme o desenho
superior da figura abaixo: o ponto de operação do compensador cai de ‘a’ para ‘b’
(a tensão neste ponto é um pouco acima de E2, que seria a tensão final sem a
presença do RCT). Após o tempo de resposta do RCT, o seu controle leva a
tensão para ‘c1’ ou ‘c2’ (dependendo da capacitância instalada do RCT). Caso a
capacitância disponível fosse insuficiente, então o ponto de operação final seria
‘c1’. Com uma maior capacitância (correspondente a Icmax2) o RCT poderá
proporcionar uma tensão quase igual àquela anterior ao curto trifásico.
O desenho da parte inferior da figura abaixo ilustra o efeito oposto:
uma grande rejeição de carga na qual a corrente do compensador é levada fora de
sua faixa de controle, porém desta vez na região indutiva. Com um pequeno RCT
o ponto de operação seguirá o caminho ‘abc1’, cujo tempo de resposta será cerca de
1 a 2 ciclos. O RCT estaria em plena condução, operando como um reator comum.
Com um RCT maior, o ponto de operação final será ‘c2’ e a tensão final é mantida
bem abaixo do valor de 1,4 pu (que seria o valor final caso não houvesse o
compensador).
129

Comportamento do RCT no período transitório, fora de sua faixa normal de operação.

A instalação de um RCT com grande potência, que seja capaz de


manter a tensão dentro de limites razoáveis, mesmo após a ocorrência de grandes
distúrbios, requer um alto investimento. Uma alternativa para o caso de rejeição
de cargas seria o uso de capacitores chaveados a tiristores, os quais poderiam ser
retirados rapidamente, fazendo com que o RCT atinja o ponto de operação ‘c2’ sem
que toda a sua potência reativa seja exigida.
A análise apresentada para o RCT também é válida para o reator
saturado porque este, em geral, também possui semelhante atraso na resposta
(devido aos capacitores corretores da rampa).
A figura a seguir ilustra um caso em que um RCT com capacitores
chaveados atua quando da ocorrência de um distúrbio que muda a linha de carga de
‘1’ para ‘2’. A tensão antes do distúrbio é o valor do ponto de operação ‘a’.
Com a ocorrência da falta, a tensão cai e o ponto de operação passa a ser ‘b’ e
assim permanece até que o RCT responda. O controle do RCT faz com que o
reator seja totalmente retirado de operação, levando assim o ponto de operação
para ‘c’. Essa atuação do RCT leva cerca de 1 ciclo. Até este momento, não
ocorreu nenhum chaveamento de capacitor. Porém, no mesmo instante que o
130

controle do RCT faz com que o ângulo de atraso seja 180o, um comando para o
chaveamento de capacitores pode também ser emitido. Entretanto, mesmo assim,
o ponto de operação ‘c’ teria que ocorrer porque os capacitores levam um certo
tempo para se energizarem. O tempo de permanência da operação no ponto ‘c’
depende também do método de chaveamento dos capacitores (que pode ser
mecânico ou através de tiristores). Assim que o(s) capacitor(es) seja(m)
energizado(s), o ponto de operação passa a ser ‘d’ (porque os capacitores são
energizados em degraus), até que o RCT traga a tensão para o ponto de operação
final ‘e’.

Comportamento de um RCT com capacitores chaveados, no período transitório.

4.8.2.2 – Período de Oscilação Inicial

Nos casos em que os distúrbios são tão graves que conseguem


perturbar a própria rotação das máquinas síncronas, a linha de carga do
compensador variará por um longo tempo e, talvez, por uma grande faixa de
variação da tensão. Nestas condições, diz-se que o compensador estará atuando
no período de oscilação inicial.
A figura a seguir ilustra um sistema que será usado para ilustrar o
efeito de um compensador estático quando da ocorrência de uma falta entre o
disjuntores ‘a’ e ‘b’, que perturba os ângulos dos rotores das máquinas.

Sistema de transmissão com falta.


131

O comportamento de um RCT, instalado na barra de tensão ‘Vm’, é


mostrado na figura a seguir, para três momentos distintos
• antes da falta (linha 1),
• durante a falta (linha 2) e,
• depois da retirada da falta (linha 3).

A figura (b) ilustra o comportamento oscilatório da tensão Vm, com e


sem a presença do compensador estático.

(a) (b)
Resposta de um RCT durante o período da oscilação inicial.

Tanto na figura (a) ou em (b) nota-se que a tensão Vm cai


instantaneamente de ‘a’ para ‘b’ e aí permanece durante todo o tempo que a falta
persiste. Após a retirada da falta, caso não haja compensador, a tensão Vm irá
oscilar e estabilizará (ou não).
Nessa análise será assumido que o compensador estava operando com
corrente de compensação nula antes da falta (ponto ‘a’). Tão logo a falta ocorra, a
tensão Vm cai para o ponto de operação ‘b’ mesmo com o compensador operando.
Dentro de 1/2 ciclo o reator é retirado e a tensão subirá para o ponto ‘c’ (linha do
capacitor fixo, na figura (a). Quando a linha em falta é retirada, a tensão sobe até
‘d’. Dentro de ½ ciclo o reator será novamente inserido parcialmente e a tensão
será estabilizada no ponto ‘e’.
132

4.8.2.3 – Efeito da compensação real na Estabilidade Transitória

a) Aumento da capacidade de potência transferível


A figura a seguir, mostra que, em condições ideais, a capacidade de
transferência de potência em regime permanente de uma linha poderia até ser
dobrada, mediante a instalação de um compensador no meio da linha.

Efeito da compensação shunt na potência transmissível.

Para o sistema de transmissão ilustrado anteriormente, esse aumento de potência


pode ser observado comparando-se as curvas ‘a’ (sem compensação) e ‘b’ (com
compensação) da figura abaixo.

Curvas ângulo x potência com e sem compensação. (a) sem compensação no ponto ‘m’ (b) com
compensador ideal (c) com compensador real (d) com compensador real, com potência
insuficiente.

A curva ‘b’ é válida para um compensador ideal, cuja característica


U x I seja completamente constante mesmo durante condições transitórias. O
tempo de resposta desse compensador ideal é instantâneo e sua potência reativa
capacitiva possuir valor ilimitado, suficiente para atender a quaisquer variações
requeridas. Na prática, essas condições não podem ser são obtidas, porque isso iria
133

requerer um banco de capacitores de potência infinita, com chaveamento


instantâneo.
Assim, a curva ‘c’ é aquela que representaria um caso onde o
compensador não tem tempo de resposta nulo mas possui suficiente capacidade de
corrente capacitiva.
A curva ‘d’ representa um caso real em que o compensador possui
limitada capacidade de geração de reativo. Neste caso, a curva ‘c’ possui um
ponto ‘D’ a partir do qual o compensador comporta como um capacitor fixo,
prevalecendo assim a curva ‘d’.
Assim, o compensador shunt real aumenta a capacidade de
transferência de potência. O pico da curva é o ponto (D) e ocorre para um ângulo
de potência maior que 90o

b) Aumento da margem de estabilidade transitória


Para ilustrar o efeito de uma compensação estática real na
estabilidade transitória, será usado o método das áreas iguais. O distúrbio é uma
falta trifásica que ocorre entre os disjuntores ‘a’ e ‘b’. . Na figura abaixo, a figura
(a) representa as alterações ocorridas na ausência de compensador, enquanto que a
figura (b) já inclui os benefícios da compensação.
Na figura (a), a curva 1 representa a condição pré-falta cuja
potência máxima é:
E2
Pmax = (4.15)
X l + 2(X T + X′d )
Durante a falta, as tensões decrescem muito e a curva 2 representa
este intervalo. Após a retirada da linha faltosa (a-b) prevalece a curva 3, que
possuirá uma potência máxima menor do que aquela da curva 1 porque a reatância
total da linha deixará de ser Xl e aumentará para 3Xl/2.

Desta forma, a figura (a) poderá ser interpretada assim:


Na ausência de um compensador estático, o sistema operará de
acordo com a curva 1 (antes da falta), até ao valor da potência P1. Neste ponto
(potência P1), ocorre a falta. Em conseqüência haverá uma aceleração das
máquinas, o que elevará o ângulo de potência para δc. O aumento de velocidade,
conseguido durante o intervalo de aceleração, é medido pela área A1 (denominada
“área de aceleração”) e o sistema, durante a falta, operará conforme a curva 2.
Com a atuação da proteção, a linha defeituosa é retirada,
prevalecendo a curva 3. Esta curva indica uma área A2, conhecida como “área de
desaceleração” porque, com o acréscimo da potência transmissível, as máquinas
deverão desacelerar. Para que não haja a desestabilização do sistema, as áreas A1 e
A2 devem ser iguais. Do que foi visto, pode ser concluído que, para esta falta, a
oscilação angular não poderá ir além de δmax.
134

Aumento da estabilidade transitória com compensação estática. (a) sem compensação (b) com
compensação.

Considerando agora a figura (b), que inclui a presença de um


compensador estático, que possua suficiente capacidade de corrente capacitiva: da
mesma forma que anteriormente, existirá uma área de aceleração A1 e uma área de
desaceleração A2. Esta última, para se igualar a A1, não necessitará ocupar toda a
região disponível para tal. Haverá uma grande margem de reserva. Em outras
palavras, o antigo limite de estabilidade transitória P1 poderá ser aumentado. Isto é,
a potência transferível pode ser aumentada até que toda a margem de reserva seja
ocupada.
A linha pontilhada da figura (b) indica que a capacidade de geração
de corrente capacitiva é um fator que reduz a margem de reserva. Mesmo assim,
um bom desempenho ainda é obtido com compensadores de menor porte.

c) Exemplos de simulação com computador

c.1) Aumento da margem da estabilidade transitória


Este caso é similar àquele apresentado no item ‘b’ desta seção, porém
agora os resultados são obtidos em simulações computacionais. O sistema ainda é
o mesmo anteriormente analisado, porém o receptor agora é um barramento
infinito:

A geração produz 1000 MW e as linhas são de 500 KV. Existe uma


compensação shunt de 60% que é fixa e que permanece em serviço durante todo o
135

tempo. A figura a seguir apresenta os resultados relativos à variação do ângulo de


potência, da potência e da tensão no meio da linha com o tempo, devido ao curto
trifásico ocorrido no sistema.

Resultados para o sistema da figura 4.50 para uma falta trifásica, sem compensador estático.

A figura acima mostra que o trecho da linha em falta é retirado 0,04 segundos
após a ocorrência de falta e o sistema permaneceu estável, embora o ângulo do
rotor tenha sofrido grandes oscilações.
Por outro lado, a figura abaixo representa a mesma ocorrência, porém com a
presença de compensação estática de + 300 MVAr no barramento central. Nesta
figura poderá ser observado que as oscilações do ângulo do rotor são agora
menores, indicando um aumento da estabilidade transitória. A tensão V3 (na barra
central do sistema), após 3 segundos da ocorrência da falta, está bastante firme. A
produção de reativo pelo compensador é também mostrada na última curva e os
pontos nos quais o compensador está subdimensionado são bem evidentes.
136

Resultados do o sistema da figura anterior, para uma falta trifásica, com compensador estático

4.9.3 – Redução de Flicker devido a fornos a arco

Esta é outra aplicação bastante importante dos compensadores estáticos. Para


reduzir o flicker produzido por um forno a arco, o CE deve ser instalado ao lado do
forno. Para mostrar a eficiência do RCT neste contexto, a figura abaixo ilustra o
perfil do valor eficaz de uma tensão monitorada na barra de um forno a arco, sem e
com a presença de reator controlado a tiristores. Pode ser observado que, com o
RCT operando, as flutuações de tensão decrescem bastante.

Curvas típicas de tensão em fornos a arco, sem compensação (a) e com compensação (b).
137

BIBLIOGRAFIA GERAL:
1 – HAUTH, R.L.; MORAN, R.J. – Introduction to static VAR systems for voltage and VAR control,
IEEE/PAS Summer Meeting, 19 de julho, 1978.
2 – HAUTH, R.L. – Dynamic voltage support using static VAR control, 1978 Fall Meeting of the
Pennsylvania Electric Association Systema Planning Committee, Outubro, 1978.
3 – GYUGYI, L.; OTTO, R.A.; PUTMAN, T.H. – Principles and applications of static thyristor-
controlled shunt compensators, IEEE PAS, vol. 97, no 5, páginas 1935-1945, 1978.
4 – AINSWORTH, J.D.; THANAWALA, H.L.; WILLIANS, W.P. – Comparison of the operating
characteristics of static compensators using saturated reactors and TCR as the variable
element, International Symposium of Controlled Reactive Compensation, páginas 69-86,
Varennes, Canadá, Setembro, 1979.
5 – THANAWALA, H.L.; WILLIAMS, W.P.; YOUNG, D.J. – Ten years operational experience with
saturated reactors, GEC Journal of Science and Technology, vol. 45, no 3, páginas 99-108,
1979.
6 – WELCH, I. – Integration of the HVDC link into the British 400 KV AC Transmission system, IEE
International Conference on Thyristor and Variable Static Equipment for AC and DC
Transmission, Publicação IEE no 205, Londres, 1981.
7 – TORSENG, S. Shunt-connected reactors and capacitors controlled by thyristors, IEE Proceedings,
Vol. 128, Pt. C., Nov/81
8 – MILLER, T.J.E. – Reactive power control in electrical systems, John Wiley and Sons, New York,
1982.
9 – BYERLY, R. T.; POZNANIAK, D. T. ; TAYLOR, Jr, E.R. Static reactive compensation for power
transmission systems, IEEE/PAS, vol. 101, no 10, páginas 3997-4005, outubro/82.
10 – RESENDE, J.W.; YACAMINI, R.; OLIVEIRA, J.C. – A generalized approach to harmonic
calculations in multiple 6/12 pulse TCRs 20 th Universities Power Engineering Conference
Proceedings, Huddersfield Polytechnic, Inglaterra, páginas 218-221, Abril 1985.
11 – RESENDE, J.W. – Interaction between controlled reactors and converters – A harmonic analysis,
Tese de Doutoramento, University of Aberdeen, Escócia, 1986.
12 – YACAMINI, R.; RESENDE, J.W. – Thyristor controlled reactor as harmonic sources in HVDC
converter stations and AC systems, IEE Proceedings, Part B, Vol. 133, páginas 263-270, no
4, julho, 1986.
138

VANTAGENS E DESVANTAGENS DE DIFERENTES TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE


COMPENSAÇÃO PARA SISTEMAS DE TRANSMISSÃO
Equipamento de Compensação Vantagens Desvantagens
- Reator shunt chaveado - Princípio e construção simples - Valores fixos
- Capacitor shunt - Princípio e construção - Valores fixos
simples - Transitórios de
chaveamento
- Capacitor série - Princípio e construção - Necessita de filtros de sub-
simples harmônicos e proteção contra
sobretensões
- Compensador síncrono - Possui capacidade de - Tempo lento de resposta (100
sobrecarga mseg.).
- Totalmente controlável - Contribuição de curto circuito
- Baixo Ter de harmônicos na faixa capacitiva
- Possibilidade de sub-
harmônicos
- Perdas elevadas
- Manutenção elevada
- Reator controlado a tiristores - Tempo rápido de resposta 5 - Harmônicos durante transitórias
(TCR) mseg.).
- Totalmente controlável
- Controle contínuo de potência
reativo
- Nenhum efeito sobre o nível
de faltas
- Perdas médias
- Manutenção baixa
- Capacitor controlado a Tiristores - Tempo rápido de resposta (10 - Harmônicas durante
(TSC) mseg.). transitórios
- Perdas baixas - Controle da potência reativa só
- Manutenção baixa em estágios
- Barramentos e controle
complexos
- Capacidade de absorção não
inerente a limitação de
sobretensões

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