Análise Interna e Externa
Análise Interna e Externa
Análise Interna e Externa
RESUMO
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Professora da Rede Estadual de Ensino. Núcleo Regional Área Metropolitana Norte.
Licenciada em Letras-Português, pela PUC-Pr. Especialista em Leitura de Múltiplas
Linguagens pela PUC-Pr. E-mail: [email protected].
2Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Doutora em Linguística
pela UFSC. Docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens do
Departamento Acadêmico de Linguagem e Comunicação, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná/Campus Curitiba. E-mail: [email protected].
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
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O denominado Meme é um termo criado pelo escritor Richard Dawkins, em seu livro The
Selfish Gene (O Gene Egoísta, lançado em 1976), cujo significado é um composto de
informações que podem se multiplicar entre os cérebros ou em determinados locais como,
livros. A síntese de seu livro é sobre o meme, considerado uma evolução cultural, capaz de se
propagar. O Meme pode ser considerado uma ideia, um conceito, sons ou qualquer outra
informação que possa ser transmitida rapidamente. Em referência ao campo da informática, a
expressão Memes de Internet é utilizada para caracterizar uma ideia ou conceito, que se
difundi através da web rapidamente. Disponível em:
http://www.infoescola.com/comunicacao/memes/. Acessado em: 06 jun 2016.
para a tomada de decisões de problemas que envolvem o sistema educacional.
(ENGEL, 2000).
4. RELATO DE EXPERIÊNCIAS
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Disponível em: https://www.vagalume.com.br/gilberto-gil/pela-internet.html
alunos sobre os termos relacionados as mídias digitais sociais, presentes na
canção. Tivemos alguns problemas devido ao mau funcionamento da internet,
pois os estudantes deveriam fazer uso de seus celulares, o que não foi
possível naquele moemnto. O problema foi resolvido com a transferência
destes para o laboratório de informática para continuação da pesquisa. Muitos
computadores não estavam funcionando e tivemos que adaptar a atividade
reunindo grupos.
Durante mais quatro aulas continuamos o estudo do vocabulário e das
significações da canção de Gilberto Gil. Os alunos demonstraram um pouco de
dificuldade em compreender o que foi solicitado. A maioria buscou as
informações básicas, sem se aprofundar mais na compreensão do texto.
Criamos um debate sobre as inferências, intertextualidade e intencionalidade
da canção e os estudantes demostraram pouco conhecimento sobre os termos
técnicos utilizados na internet e dificuldade em interpretar as inferências e
subjetividades do texto. Houve pouca participação no debate. Depois da
discussão inicial na aula anterior, os alunos participaram mais ativamente das
discussões que se seguiram, demonstrando que se faz necessário o incentivo
do professor nessas práticas para que os estudantes coloquem suas visões de
mundo de forma coletiva e crítica, pois “A prática social é compatível com o
trabalho analítico necessário para a sistematização, domínio e controle dos
saberes, inclusive o conhecimento dos gêneros envolvidos nessa prática (...)”.
(ROJO. 2013, p. 35).
A próxima atividade implicou num trabalho de pesquisa sobre a história
da fotografia que embasou todo o estudo do projeto. A pesquisa teve como
foco principal as concepções e significações da fotografia ao longo da história.
Os alunos se organizaram em grupos e houve poucas dúvidas sobre a
organização e apresentação do trabalho. Iniciamos os debates e
compartilhamento de informações nos grupos do Facebook, Whatsapp e E-
mail. Concomitantemente com as pesquisas, outros temas foram debatidos nos
grupos de mídias sociais criados para esse fim. Uma das questões foi a
reforma do Ensino Médio e a diferença entre o sistema de ensino nas redes
públicas e particulares. Alguns alunos participaram com contribuições e
opiniões bem embasadas em sua visão de mundo e nos conhecimentos
adquiridos na escola e no seu cotidiano. Dando prosseguimento, fizemos o
primeiro debate em sala de aula sobre as postagens e comentários dos alunos
nos grupos de Whatsapp e Facebook. Muitos alunos participaram contribuindo
com suas opiniões e contrapondo os argumentos dos colegas. Fizeram
inferências entre o que já sabiam sobre o tema “Reforma do Ensino Médio” e
as ideias apresentadas nos grupos online. Alguns educandos conseguiram
relacionar o conhecimento adquirido até o momento, com a importância da
pesquisa, com outras disciplinas e seu cotidiano escolar e social. Para
Passarelli (2012, p. 185).
É preciso lembrar que apesar do o discurso se apresentar por meio de frases,
não se reduz a um amontoado de frases estanques. Discurso é linguagem em
interação, isto é, linguagem relacionada às suas condições de produção que
implicam: interlocutores, situação, contexto histórico-social.
Figura 4 – Debates online sobre as mudanças no Ensino Médio e suas relações com as
manifestações de estudantes
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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fjgh_t12nV0
Iniciamos a produção de fotos para exposição final, em nossa primeira
aula de campo. O trabalho foi desenvolvido no entorno da escola, na
comunidade onde os estudantes estão inseridos. Caminhamos e produzimos
as fotografias com o uso de celulares e de acordo com o que mais chamava a
atenção dos estudantes. Cada um pode explorar seu olhar e suas percepções
sobre o que observava. Os alunos demonstraram bastante interesse na
atividade, porém percebeu-se que eles tinham pouco conhecimento técnico ou
artístico sobre a imagem e sua representação. Alguns estudantes conseguiram
fazer inferências com a pesquisa inicial sobre a história da fotografia e outras
análises multissemióticas.
Nas aulas que se seguiram os alunos iniciaram a produção de memes e
foto-legendas. Não foi necessário trabalhar as características dos memes com
os estudantes, pois a partir da análise de conhecimentos prévios, percebemos
que eles dominavam o conteúdo. Houve uma troca de informações entre os
próprios estudantes, em relação as tecnologias utilizadas para produção
desses dois gêneros. As mídias sociais serviram de apoio e de referência para
o trabalho. Os estudantes se mostraram criativos e empenhados em fazer um
trabalho bem embasado e que pudesse ser partilhado entre os colegas e a
comunidade escolar.
Figura 4 Figura 5
Figura 6
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Disponível em: http://novaescola.org.br/fundamental-2/vela-dario-634329.shtml
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Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000257.pdf
produção das obras. Na sequência a explanação com a leitura de uma
reportagem sobre a comparação entre o Twitter e a produção de microcontos:
“Microcontos na era do Twitter”10. Em seguida os estudantes tiveram
oportunidade de apresentar suas próprias análises sobre os microcontos.
Houve debate com os colegas sobre suas impressões em relação aos textos
apresentados. Alguns alunos tiveram dificuldade em fazer as inferências, por
falta de um repertório de conhecimentos prévios. Percebeu-se um horizonte de
expectativas bastante restrito em relação aos textos literários e a
intertextualidade. Depois disso houve a análise do conto fantástico “A morta” de
Guy de Maupassant11. Os estudantes demonstraram facilidade na
compreensão das características do conto fantástico. O tema chamou muito
atenção por ser um suspense com interpretação bastante ambígua.
A partir desses estudos os alunos criaram seus contos e microcontos.
No começo alguns alunos tiveram dificuldades em relacionar as histórias com
as imagens retratadas nas fotografias produzidas na aula de campo. Mas na
sequência perceberam que o conhecimento adquirido até o momento podia
contribuir para a produção escrita. Assim o aprendizado foi sendo construído.
10
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/educacao/carta-fundamental-
arquivo/microcontos-na-era-dotwitter
11
(MAUPASSANT, Guy de. Contos fantásticos: O Horla & outras histórias. José Thomaz Brum.
Porto Alegre: L & PM, 1999. p. 121-127)
Figura 8 – Microconto produzido a partir da leitura da figura 7
A casa 16
Nesse escrito observamos que o texto foi construído por meio de uma
leitura da figura 8. A história foi construída com base na imagem e nos
possíveis sentidos que ela representava. Isso mostra que o texto seja ele
verbal ou não verbal, tem relação direta com o interlocutor, que traz seu
conhecimento de mundo ressignificando aquilo que está posto e significado.
Pois para o produtor da fotografia os sentidos e simbolismos eram outros.
Nas atividades que se seguiram percebeu-se naturalidade no uso do
celular e seus aplicativos, no entanto houve dificuldade no uso do E-mail,
ferramenta usada para compartilhar os textos produzidos pelos estudantes, que
ao final desta atividade perceberam a necessidade dessas tecnologias na
busca do conhecimento e na reflexão dos sentidos promovidos em seu
aprendizado.
A atividade final foi a produção de uma exposição para toda a
comunidade escolar, com apoio da Equipe Pedagógica e Diretiva da escola,
contando ainda com visita do Núcleo Regional de Educação e a seleção do
trabalho para exibição na TV Paulo Freire. Neste momento os estudantes
puderam expor os trabalhos desenvolvidos durante toda a prática pedagógica,
abrangendo os textos multissemióticos como: memes e fotolegendas, suas
fotografias, seus contos e microcontos. Após o encerramento da exposição
cada estudante pode oralizar seu depoimento sobre todo o Projeto de
Intervenção Pedagógica, por meio da produção de áudio-visuais. Suas
impressões mostraram que:
A escola nos dias atuais, é desafiada a compreender o mundo complexo e
caótico das relações humanas no trabalho e na educação e se reinventar,
para continuar mantendo sua importância, que vai além da acreditação e
da distribuição de diplomas”. (GOMES, 2016, p.89).
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Disponível em: http://eliasabrahao.blogspot.com
pontos importantes foram destacados, como a ideia de poder articular a teoria
e a prática em sala de aula, criando um dialogismo entre aquilo que se ensina e
a multipluralidade de metodologias propostas por novas formas de
conhecimento.
Alguns docentes se mostraram desconfortáveis com o uso da tecnologia,
devido ao acesso restrito de alguns estabelecimentos e com a pouca formação
ofertada nessa área, por parte da Secretaria Estadual de Educação. Sendo que
muitos destes profissionais desconhecem o uso das mídias digitais sociais
como um possível método de ensino. Apesar disso destacam a importância de
sua utilização como forma de estudo dos textos multissemióticos tão presentes
em nosso cotidiano.
Os professores e professoras participantes do GTR destacaram a
significância deste projeto para as práticas de leitura e escrita da Educação
Básica, por apontar métodos, sugerir possibilidades e propiciar uma nova visão
sobre o sistema educacional, colocando em discussão a necessidade de
mudanças e aprimoramento nesse sistema. Se faz necessário epensar as
práticas diárias e indicar como as novas tecnologias de comunicação e
informação podem ajudar nossos estudantes e docentes a rever o
conhecimento adquirido de forma mais protagonista e crítica.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARTON, David e LEE, Carmen. Aprender online todos os dias. In: _____.
Linguagem online: textos e práticas digitais. Tradução de Milton Camargo
Mota. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p. 165-182.
LIMA, Mariana Batista de. GRANDE, Paula Bacarat de. Diferentes formas de
ser mulher na hipermídia. In: ROJO, Roxane. (Org.). Escol@ Conectada: Os
multiletramentos e as TICS. São Paulo: Parábola, 2013. p. 37-58.
SOARES, Magda. Letramento: como definir, como avaliar, como medir. In:
_____. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica
Editora, 2014 [1998]. p. 61-121.