Brasilidades

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BRASILIDADES

**0 sertão e as raças pré-históri-


cas segundo a Bíblia, os antigos e
os modernos escritores".
. : :

ORAS DE
FRANCISCA DE BASTO CORDEIRO
Jardim Secreto (Menção Honrosa da Academia Bra-
sileira) — esgotado 1925
Ahna do meu caminho contos — — esg 1926
O meu único amor romance — (cpl. com Gastão Pe-
nalva) efg— 1927
Brasilidades —
(estudos sobre os índios) esg — 1929
Canções a esmo —
poesias —
esg. (l») 1930, (Z.') 1931
Antologia Infantil —
para uso primário 1934
Poetas e Prosadores —
^antologia escolar 1934 — 1936
China e índia (1." fascículo da série "O Despertar da
Inteligência") 1943

NO PRÉLO
Palestina e Syria (2." fascículo de O
Despertar da Inteligência).
Egypto (3.° fascículo de O
Despertar da Inteligência).

A PUBLICAR :

Maldito seja o amor ! — romance.


The àawn of Humanity —
(enciclopédia primitiva).
Brazilian mysteries: Green Hell & Paradise.
Vultos que passaram.
Canções a esmo (3.* edição)

TRADUiÇOES PUBLICADAS :

At«mo Poderoso, de Marie Gorelli 1923


O Jardineiro,de Rabindranath Tagore 1928
...E O VENTO LEVOU, de Margaret MitchcH 1939
Ritmos Imortais —
poesia arcaica 1938
ANTONIO ADVERSE, de Hervey Allen 1940
A lei da divina harmonia, de Chase Qsborn 1940
Por quem os sinos dobram, de Ern. Hemingway

EM PREPARO
Elas — perfis femininos.
Moinhos de vento — crónicas.
Francisca de Basto Cordeiro

Brasilidades

TIP, DO PATRONATO
RUA REAL GRANDEZA, 248
RIO DE JANEIRO
1943
A' memória venerada e querida
de meus pais

Barão de Vasconcellos (Rodol-


pho) e Baroneza de Vasconcellos
(Eugenia Felicio de São Mamede).

Rio de Ta neiro, 3 de Janeiro dc 1929.

Ao grande espírito esclarecido e


patriótico de M.^ Ribeiro de Almeida,
a cujo incentivo e colaboração muito
deveu este trabalho.

Rio de Janeiro, 3 de Janeiro dc 1929.

Francisca de Vasconcellos
de Basto Cordeiro
o que escreveram alguns dos nossos cientistas e lite-
ratos sbbre BRASILIDADES, de Francisca de Vasconcelos
de Basto Cordeiro, em 1929.

"As revelações deste livro são de vasto alcance


"para a história da humanidade, para a ciência, para a
"religião e sobretudo para a Pátria Brasileira".

(Da Ilustração Brasileira)

"Não há nação que menospreze o culto de seus an-


tepassados, da época pré-histórica . Muito se
. . tem
escrito sobre a terra brasileira. Poucos, porém, são
os que deram atenção a um assunto de tamanha im-
portância para a nossa nacionalidade.
"Apareceu ultimamente o livro BRASILIDADES,
da Sra. Basto Cordeiro, com quem trabalhei, na in-
vestigação laboriosa de autores antigos e modernos,
desde os tempos bíblicos, até os dias de hoje.
"Sei, melhor do que ninguém, a soma incalculável
de "pequenos nadas" que exige a documentação para
semelhante obra. E sei também a decepção, a magua
intensa com que um autor (seja ele quem fôr) vê a
'sua obra incompreendida, malbaratada e até ridi-
cularisada, pela inépcia daqueles que não querem
acreditar que o brasileiro seja capás de "fazer alguma
"
'cousa que o estrangeiro ainda não fezi..
"... o livro da Sra. Basto Cordeiro não tem ou-
'tra pretenção, a não ser aquela atribuída pelos indige-
'nas ao "pyguára" — (senhor do caminho) .

"... De fato, a brilhante escritora, nessa obra de


'incentivo nacional, como afirma Dyonisio Cerqueira,
'fornecendo a chave para provindouras pesquizas, deu
'um passo gigante na historiologia.

M. Ribeiro de Almeida (Gemma d' Alba)

(No A.B.C. 2-8-30)


. .

BRASILIDADES
"... Li-o de espaço, com a detença que me sugere
"o que muito bom. Gostei-o; meditei-o; aplaudo-o.
é
"O assunto, bem o sabe, não é moderno, mas o jeito de
"expôr, o cuidado em tecer ideias, a delgadura de ajui-
^zar, são originais e convincentes.
" . . Mas
de tudo que desponta de fino gosto e arte
"no bom sobreleva o amor vívido ao Brasil. Tor-
livro,
"nou-se um livro de incentivo nacional de vitória...
"dou-lhe o meu expressivo parabém.

Cr.° e Pat.° muito admdor.

Dionísio Cerqueira — 29 .-\bril, 1930

"... He tenido oportunidad de Icer su reciente obra


" Brasilidades, en la que he podido ver un robusto ta-
" lento, i me ha llenado de interés de conocer sus pro.

"ducciones ya publicadas... La revista mensual argen-


"gentina "Piavas i turismo" que dirijo, reproducirâ
"oportunamente algimas páginas, para lo qual espero
"de prestar su gentil autorización

A. Zambonini Leguizamon

Bueno; .A.ires, 3 Diciembre, 1930

"Venho apresentar a V. Excía. os meus mais sin-


"ceros parabéns pelas belas páginas que tive o prazer
"de percorrer. De novo uma bandeirante surge numa
"sobremodo interessante série de conceituosos pen.
"samentos onde tanta exacção surge demonstradora da
"capacidade notável de observação psicológica de quem
"as escreve. .

Affnso de E. Taunay

S. Paulo, 22 de Maio de 1929


. .

BRASILIDADES 11

"... muito grata são as impressões que me ficaram.


"Posso dizer que tive deante de mim um trabalho de
"real importância, tanto pelos assuntos versados, como
"pela opulência de erudição histórica que enche todo o
"volume.
"Peço permissão para dizer que este género de es-
"tudos me interessa muito; e folgo bastante de saber que
"há em nosso meio um espírito como o de V. Excia.
"que se preocupa com problemas de tal natureza. De
"modo que lí este livro de princípio a fim com muito
"prazer e com muito proveito".

Rocha Pombo, 7 de Dezembro de 1929.

"Lí Brasilidades, e com raro deleite, sempre admi-


"rado da soma de erudição que o estudo representa e
"do apuro do estilo, tão sóbrio, tão discreto e singelo,
"tão longe da maluquice estilística da moda. Meus pa-
"rabeas
"... Não admiraria portanto, um livro como o seu
"aqui. Mas entre nós, assombra.
"E' livro número um e imagino a cara dos nossos
"eruditos ao verem que o monopólio até aqui mantido
"está quebrado — e da mais galharda maneim
"Eu de mim não me espanto. Tive a honra de co-
"nhecê-la pessoalmente, e sempre esperei muito do seu
"privilegiado espírito — um dos mais elegantes e sutís
"que já encontrei em meu caminho".

Monteiro Lobato — New York, 18 Dez. 1929.

"O rumor levantado pelo livro de V. Excia. já me


"tinha chegado aos ouvidos antes de ter eu o prazer de
"receber a sua preciosa dádiva.
"... Segui com interesse o pensamento de V.
"Excia. ...é tão ameno, tão interessante o trabalho de
"V. Excia. que, embora não concordando com algumas
"das ideias expostas, são todos forçados a admirá-las
"como faz o patrício que ora lhe beija as mãos

Antenor Nascentes — 10 Abril, 1930"


BRASILIDADES
"Dera-me eu a estudar o seu prestantíssimo traba-
"balho Brasilidades, com aquela ansiedade de aprender
"que ainda conservo, adiantado em anos quando consi-
"derei que bem podia V. Excia. ter dessedentado maia
"um sequioso de .saber, que, por aquela fórma ficaria
"privado de tal goso...
de um trabalho de erudição, que se
"...por se tratar
"não pôde de um fôlego. Espero colher nele abun-
lêr
"dante ensinamento, o que, ademais, me daria ensejo de
"pronunciar nas minhas aulas, o nome de uma das mais
"laureadas e queridas escritoras, com as expressões de
"alto louvor que ela merece.

Silva Ramos — 17 de Janeiro de 1930.

Duma carta de Gemma d'Alba à redação d'0 GLOBO :

"Acabo de vêr, nesta conceituada folha, um


telegra-
"ma do México em que se anuncia que o sábio arqueó-
"logo Alberto Escalona partiu para a Alemanha, afim
"de contar aos centros científicos a sua grande desco-
"berta: —
"Os Mayas de México vieram da Africa Cen-
"tral 300 anos antes de Cristo".
"Seria permitido pedir ao "O Globo" para acres-
"ccHtar à essa nota uma outra, dizendo que o livro
"Brasilidades" da senhora Basto Cordeiro já fez, há dois
"anos, essa afirmativa ? !

"Por qwe há de o brasileiro ficar sempre na baga-


"gem... mesmo quando foi ele quem tomou a dian-
"teira ? !

"Se estivéssemos no México, na Alemanha ou na


"China, o telegrafo não teria silenciado quando a ilustre
"brasileira, antes de dar publicidade à formosa obra,
"perante selecto auditório proclamou no Clube dos Ban-
"deirantes, a 2 de janeiro de 1929, as descobertas do-
"cumentadas no seu livro".
"

BRASILIDADES 13

Da belíssima palestra de Alba Canizares do Nascimento,


O Brasil pré-histórico, lida na Academia Carioca de Letra?,
a 8 de Dezembro de 1931, extraímos o seguinte:

"Li, de admiração em admiração, a obra Brasilida.


"des, impressivo estudo do Brasil pré-histórico c das
raças mais antigas.
"Francisca de Basto Cordeiro tem a primazia entre
"nós, na divulgação dos estudos concernentes às relações
"entre a América Pré-Colombiana e os povos orientais
"históricos ou legendários, como os Atlantes.
"A obra monumental de Gustavo Barroso —
"AQUÉM DA ATLÂNTIDA — é posteriorde 3
"anos à publicação do livro Brasilidadea, da nossa ilus-
"tre patrícia.
"Enquanto que Gustavo Barroso, em seu alentado
"trabalho, aponta traços de união entre o continente
"americano e o mundo oriental, que preclaros autores
"supreenderam, confessando não ter opinião a respeito;
"Francisca de Basto Cordeiro vai além em sua obra,
"sustentando a veracidade das suas afirmações de modo
"incontestável.

Alba Canizares do Nascimento,


Doutora em Filosofia.

"O assunto em si, basta a concentrar a atenção, —


"e na verdade, estas antigas relações entre os continen-
"tes preocupam atualmente as mais finas cabeças de fi_
"lósofos na Alemanha. Assim será quase supérfluo
"acrescentar que a leitura me fascinou; mas relendo toda
"a obra nesta última semana, achei que a principal
"atração do livro da Sra. é o ponto de vista muito di-
"ferente das teorias europeias, o próprio modo de ver
"e de pensar que abre perspectivas novas, e a maneira
"de exprimir estes pensamentos".

Lina Hirsch (de Stuttgart — 30-19-1930)


BRASILIDADES
•Embora avesso à hipótese de Wcgenner, que repu-
••to cnnosa, mas deficiente, acho entretanto
que bem
apropriou-a ao argumento inicial, o que, entretanto
^ fa-
•riacoin as mesmas vantagens, com uma
hipótese pré-
Atlântida em que seria admissivcl a ligação
completa
entre a Africa c a América do Sul.
"... Quero crer que se o neengatú
não der um^
chave dos mistérios geológicos, constituirá um
pode-
roso elo da seriação linguística para a solução
do pro-
'blema Brasil-Bíblico.
"Sq mc resta felicitar a ilustre autora pelo êxito al-
|cançado... Bra.Mlidadcs torna-se cada vez mais atraen-
te, a medida que se avança na leitura,
tal a singeleza
"dcspretenciosa e "expontânea do estilo.

Tte.-Cel. Themistocles Pais de Souza Brasil

Manáos, 31 de juUio de 1932.


PREFÁCIO DA 1.* EDIÇÃO

O
amor que em minh'alma desperta quando diz
minha terra, faz-
respeito às belezas deslimitadas da
me, esquecendo a minha incompetência, abordar as-
suntos para os quais não bastariam anos de acurados
estudos.
Arrisco a tarefa de entreter a vossa atenção, fa-
lando-vos, não de assuntos estrangeiros, mas apenas
do que é nosso. Deste Brasil tão vasto que, por si só
é quase toda a América Meridional. Terra titânica, de
gigantescas dim.ensões, mas deshabitada quase, onde,
devido à própria grandeza, uma sensivel parte de seus
nativos vive em estado de quase primitivismo, espar-
sa pelos sertões insondáveis e impenetráveis, dos nos-
sos mais vastos estados.

E' deste Brasil queme orgulho. Não só porque é


imenso formoso como nenhum outro, — mas pelo
e -

olhar de interessada ternura com que o namoram os


que o atravessam, rio-abaixo, rio-ácima, matas à den-
tro, aur.cultando-lhe no forte pulsar do coração de que
tem a fórma física, seus tesouros inexgotaveis —
de tudo se dando conta, apenas embrenhados em suas
florestas virgens onde medram faúna e flora de pu-
jança raras !

Falar-vos-ei portanto, patrícios meus, deste Bra-


sil que é nosso :gentes e terras. . baseada em traba-
.

lhos de reconhecido valor, dos que percorreram rios e


16 BRASILIDADES
selvas — em sua maioria estrangeiros, por isso mes-
mo juizes insuspeitos e imparciais, sejam êles reli-
ligiosos ou leigos.
A' ninguém passa despercebido o intuito, mais ou
menos dissimulado, de expedições pseudo-filantrópi-
cas, umas; científicas, outras... sempre acrescidas de
engenheiros especializados, mineralogistas e geólogos,
com que de toda a parte se pretende explorar este El- j

Dorado, esta nova Golconda SulAmerindia que só os i

seus legítimos possuidores e nativos não prezam nem


valorizam !

Novos bandeirantes, —
ei-los que se dirigem afoi-
tos, aos nossos sertões bravios onde a morte os esprei-
ta à cada passo, como a defender-nos deles; sem temê-
la siquer, tal o afan de certificarem-se "in-loco" das
nossas possibilidades petrolíferas, minerais, vegetais,
ornitológicas, etnográficas e até de gôma pura para
"chicklets". rescendente à baunilha, que a nossa
. .

"tamanqueira" produz !

E quando tornam aos longínquos pagos, o menos


que de nós levam —
são as pratas lavradas, os mó-
veis de jacarandá e Paulo-Gonçalo —
verdadeiras jóias
dos tempos coloniais; os púlpitos, colunas e balaustra-
das buriladas, arrancadas das pequeninas capelas per-
didas pelo interior, por preços de nonada. pois que . .

o ouro, há muito se encarregaram de pô-lo no seguro


os nossos. . . credores !

Recordo a conhecida anedota do inglês fleugmá-


tico e psicólogo que, numa longa baforada do insepa-
rável cachimbo à cujas volutas de fumaça misturavam-
se resaibos de dissimulado despeito, respondendo a um
dos nossos eternos descontentes: "Não se amofine, —
homem E' certo que vocês passam os dias na faina
!

. de estragar tudo quanto Deus lhes deu mas, à noi- . . .


BRASILIDADES 17

te, enquanto vocês dormem, ELE endireita o que vo-


cês entortaram... e ainda acrescenta alguma coisa
mais. Até parece que DEUS é Brasileiro !"
. .

Confirmar as palavras do inglês, é temeridade à


que não me àtrevo. Ouso porém asseverar, sem re-
ceio de controvérsia, —
que o nosso Brasil é, incon-
testavelmente, um país privilegiado. E, se não fôr o
próprio Eden donde fôram expulsos ADÃO e EVA,
— é a verdadeira Chanaan, a Nova Terra da Pro-
missão.

3 de Janeiro de 1929.
o interesse demonstrado na primeira edição pelos
os estildiosos do assunto ; os constantes pedidos de
exemplares há muito esgotados e as mais elogiosas
referências, espontaneamente manifestadas pela im-
prensa e por muitos dos nossos maiores eruditos, ani-
maram-me a desenvolver e aumentar a documentação
das idéias que procurara expôr. Este livro já se acha-
va no prelo quando Alberto Escalona partiu do México
para dizer ao Velho Mundo que encontrara provas da
passagem dos Fenicios pelas Américas Central e Me-
ridional. Creio porém que a primazia da descoberta
pertence a um brasileiro, o Cónego Penaforte Caldas,
ponto de partida dum estudo que interessou-me imen-
so e procurei aprofundar e documentar, sem outro in-
tuito a não ser o provar a verdade da sua descoberta,
baseada no estudo e na confrontação da Biblia e refe-
rências dos mais antigos historiadores. Orgulho-me
apenas de haver despertado certo interesse dos erudi-
tos pelo que é nosso e se chamou "espirito de Brasi-
lidade".

Rio de Janeiro, 28 de Março de 1943.

A AUTORA.
I

HOMO BRASILIENSIS PRIMIGENIUS

A extraordinária idade da Terra se confirma na


remotíssima idade do autoctono — homo brasiliensis,
pela documentação paleontológica da Lagôa S,anta
que demonstra a sua prioridade sobre o homem de
Neanderthal (Germânia), dos fósseis dos Estados Uni-
dos e de todos os estudados pelos grandes naturalis-
tas antigos e modernos.
Os crânios e esqueletos humanos que Lund exhu-
mou em Sumidouro, de mistura -com ossadas de espé-
cimens de mamiferos gigantescos de espécies inteira-
mente desconhecidas, foram denominados Platyonyx
Buckland, Clamydotherium Humboldt C. Majus, Da-
sypus Sulcatus e Hydrocherus Sulcidens. Esses crâ-
nios se achavam em parte petrificados, e em parte pe-
netrados de partículas férreas, o que dava a alguns
deles um lustre metálico imitante ao do bronze, assim
comò um peso extraordinário. — Alguns apresentam
estreiteza da testa e mesmo o seu quase desapáreci-
mento. fáto também verificado por Rodrigues Peixoto
e Lacerda Filho nos crânios procedentes de Santa Ca-
tarina, comprovando "a existência do "homo brasi-
liensis" em uma época muito recuada, na qual as fa-
culdades intelectuais se encontravam ainda pouco de-
senvolvidas; e contemporâneo das primitivas espécies
animais anteriores à atual criação" segundo afirma
Lund.
; ;

II

ATLÂNTIDA
A ciência histórica divide em 4 grupos, as princi-
pais civilisações ameríndias :

— as Nahaualtl Maya (Am. Central, Me-,


1, " c
dico)
— as Ketchúa Aymará (Bolívia Perú)
2. *> e c
3° — as Chibcha Quichés (Colômbia)
e ;

4."— as do grupo andino (Istmo, Brasil, Argen-


tina).
!

Os arqueólogos modernos, estudando a civilisa-


ção dos povos pré-colombianos, constataram a im-
pressionante semelhança da sua arte com a de certas
nações orientais, e a profunda analogia entre as arqui-
teturas ameríndias, das necrópoles de Paracas de Na-
ranjo (Perú). as da Ilha de Pascua e as da An'évica
Centra,!, —
faz que não prevaleça a hipótese da mi-
gração mongólica vinda pelo estreito de Bhering, on-
de o adiantamento artístico e científico seria, nessas
remotíssimas éras, evidentemente inferior. Não é pois
provável que se deva aos mongóis, exclusivamente, o
espírito cultural e a arte do mundo ocidental, à quem
impropriamente, se denominou MUNDO. NOVO
Os cálculos mais moderados atribuem uma exis-
tência de 10 a 12 séculos, antes da éra cristã, às civili-
sações anteriores aos Aztecas e as da costa Gunga. Na
24 BRASILIDADES
Rio dei Plat.a foram recentemente encontrados, em ne-
crópoles soterradas, belíssimos exemplares de cerâmi-
ca e de arte, revelando a existência, ignorada então,
da civilisação pertencente às nações Dhiaguitas a do :

Chaco-Santiaguena.
Admitindo-se a hipótese de haverem surgido si-
multaneamente nos três continentes, torna-se à mesma
incerteza em a qual se debatiam os estudiosos do aS'
sunto, antes das escavações Sumárias, de Ur; as Sy-
rias, de Minet-El-Beida, e as de Mosul, na Mesopo-
tâmia.
A construção monumental dos "ziggurats"; a de-
coração e fórma da cerâmica; a concepção do calen-
dário astronómico; os lavores de ouro e bronze, mais
se assemelham à arte Egípcia e à Assíria que. ao con-
trário., parecem inspiradas na dos Chimús, Toltecas.

etc". "levadas aos antigos continentes em épocas an-


teriores".
Em se tratando das civilisações primevas onde a
História e a lenda são irmãs siamezas, não nos é pos-
sível deixar sem referência, a discutida Atlântida a que
tão grande mimero de escritores antigos, e a ciência
hermética dos ocultistas orientais, tão minuciosameia-
te se referem.
documentos onde se regis-
Si é longa a série de
povos do Atlântico em direção ao
tr.am a vinda dos
Oriente, nenhuma tradição, quer hieroglífica, quer
em papiro?, alude a uma colonisação egípcia em terras
do Ocidente ; o que não seria admissível não lhe fizes-
sem referências! O contrário se dá.
Ensina a ciência esotérica, ou hermética :

"Há um milhão de anos, somente emergia


"das mares da atual América, uma grande faixa
BRASÍLIO A DES 25

"na parte oriental, ligada pelo Oeste à Atlanti-


"da, que enchia todo o golfo do México, pro-
"longando-se até a Europa, na direção de N. S.,
"sendo a Inglaterra a sua parte mais avançada
"para o Oriente.
"Um braço de mar separava a Inglaterra da
"Mauretânia, banhada ao Sul por outro mar (on-
"de hoje é o deserto do Sahara)".

Assim portanto, a fabulosa e discutida existência


duma região imensa, submersa por p^avoroso cata-
clisma se tornou fonte inexhaurivel de hipóteses e dos
mais antagónicos comentários, que se vêm firmando
pelas descobertas modernas.
Ainda mais. Há a observar que os egípcios repre-
sentavam os seus antepassados, em suas primitivas
decorações murais, e na cerâmica, imberbes e com a
tez vermelha. Característica estas das raças autóto-
iias ameríndias.
Por sua vez, os desenhos dos "pueblos" incas,
máias, aztecas e muiscas, se assemelham fisionomica-
hiente aos egípcios, fazendo crêr numa origem coinum.
Como os egípcios, adoravam o sol e, em suas
construções adotavam o estilo monumental assim o ;

provam os templos, os palácios e as sepulturas reais.


Sua edificações templos ou observatórios, tinham
:

fórma de zikkurats babilónicos.


Estudando minuciosamente textos antigos em
busca da frincha elucidativa, encontram os eruditos
estas referências, nos melhores autores: PLUTAR-
CO. STRABO, MACROBUS, EURÍPEDES, DYO-
NISIO DE MYTILENA, HOMERO, POMPONIO,
MELA e HESIODO, além de outros historiadores de
menor valor.
26 BRASILIDADES
Todos êles aludem a
"regiões desconhecidas existentes fóra do mundo
mediterrâneo".

DIODORO da Sicília se refere a


"uma ilha de deslimitadas riquezas,
que os fení-
"cios haviam descoberto, a muitos dias das cos-
"tas africanas".

ARISTÓTELES escreve sobre uma


"grande ANiTILIA, a muitas semanas do conti-
"nente, colonisada pelos cartagineses, que dela
"tinha tal zelo que puniam com a morte a quem
"lhe pronunciasse o nome".

PLÍNIO, o Velho conta que


"No ano 62 AD. fôra aprisionado um barco,
"nas costas da Germânia, tripulado por homens
"desconhecidos, que foram levados à pre-ença de
"Metello Celer, pro-consul das Gallias".

GAFFAREL escreve em seus relatos:


"Vários escritores espanhóis e portugueses,
"do século XV, tomaram essa ilha desconhecida
"pelo Novo Mundo, tal a semelhança que lhe no-
"táram, em a natureza e o clima".

"Posteriormente a e.-tes acontecimentos, deu-se


uina tremenda catástrofe um. violento terremoto aba-
:

lou a terra, que foi logo após devastada por torrentes


de chuva. Há 9.000 anos (AD), sucuml>iram as tropas
Gregas, e a Atlântida foi tragada pelo Oceano"..
A exceção de ARISTÓTELES, todos os filósofos
da sua época aceitaram os "Diálogos" de PL.ATÃO
BRASÍLIO A DES 27

como fiel relato das tremendas convulsões de que o


Oceano Atlântico houvera sido teatro.
BUFFON, na sua "Preuve des théories de la
Terra", aceita a teoria de PLATÃO:

"Pôde ser que a América tenha sido outrora


•'ligada por um Açores
faixa de terra estreita, aos
"e à Irlanda".

Os índios do Orenoco, referem-se ao Dilúvio


como à Época de Catena-Ma-Noa" a que o "Popol
Vuh" atribúe a data, entre 7 e 9 mil, antes da nossa
era.
Os ciclos lendcários do México, conhecidos por
Cox-Cox, aludem à terrivel inundaçíio pfé-histórica,
como também Codex Chimal Pcpoca (da Guatema-
o
la) chamando NATA ao sobrevivente que no Codex
Mavíi. no Livro de Chilam Balam, é CHUMAIKL
(do' Yucatan). Além das muitas referências encontra-
das nos Eddas Escandinavos; nos poemas do Rig-
Véda; nos Livros do Hari Puruna no 3." Livro de ;

MANÚ, no Mahabharatta, Livros sagrados dos Indús.


e
Afirmam os dados fornecidos pela Ciência Iniciá-
tica das Idades que houve vários cataclismas de im-
])ortância, na história da Terra: os que destruiram os
antigos Continentes Lemuria e Atlantis e a terra ver-
melha ou País de Mu, das quais existem insofismáveis
vestígios postos ein evidencia pelos modernos estudos
de Geologia e Arqueologia. Os eminentes geólogos
Sclater, Gardner e Blandford falam em um continente
que, segundo suas pesquizas. deveria ter existido en-
tre as ilhas de Madagáscar e as costas orientais da
América do Sul, de que a ilha de Pascua ao largo das
Costas Chilenas atesta a hipótese, e que abrangeria a
;

28 ERASILIDADES
Oceania, denominado Gondwana e caracterizado pelos
fósseis deixados pelos grandes criptógamos vascula-
res denominados Glossopteris. Esse continente, se-
gundo a cronologia indú, viria corresponder à Lemu-
ria, que coincidiu com o aparecimento da Humanidade,

há 18.000.000 de anos.
Mc Culloch sustenta que "as inúmeras ilhas dis-
persas entre a América Central e o Velho Continente,
são os picos emergentes da Atlântida desaparecida".
Essa teoria é hoje muito discutida por grande número
de eruditos, mas nos parece perfeitamente justificida,
pelas provas que se acumularam.
Apoiando a teoria de Wegenner, sobre a desloca-
ção das terras, devida a formidável cataclisma, em nos-
so trabalho procurámos demonstrar que "grande
parte do Brasil se deslocara da Africa, onde os dois
recortes se encaixam admiravelmente e os rios coinci-
dem num e noutro continente", o que seria infantil
considerar méra- obra do acaso.
Os sacerdotes druidas narraram à TIMOGEN^O
(I. AD) o seu "desparecimento, num apavorante ca-
taclisma que mudou o aspéto da terra".
Nenhum estudioso dessas questões ignora que, em
remotas épocas os fenícios, os israelitas e os cartagine-
ses haviam, em suas excursões náuticas e comerciais,
aportado, a terras "muito além das Portas de Her-
cules" (Ceuta e Gibraltar).
Essas terras longínquas tinham várias denomina-,
ções "Makarieh, 0'Beresail, Ilhas Elyseas", todas
:

com vagas indicações de local, mas que a ciência mo-


derna pretende determinar nas Antilhas, nas Canárias
e nos Açores.
ROCHA POMBO, num artigo publicado em 1933,
intitulado "O problema da Atlântida", escreve os se-
guintes tópicos
BRASILIDADES 29

"Há de então perguntar-se não haverá al-


:

"guma relação entre as Cordilheiras dos Andes e


"a Atlântida ?
"Nos grandes dias da génese do nosso mun-
"do, fôram sem duvida comuns, cataclismas de
"tal ordem; isto é, submersões de partes "sóli-
"das, e correspondentes levantamentos de porções
"submarinas. Das vascas massas de crostas as-
"sim deslocadas, só se conservam estas tradições
"relativas à Atlântida, e também às que suspei-
"tam toda a Oceania, como vestigio dum conti-
"nente submergido".
E mais ,além continúa : ,

" O fato evidentemente, para este


assinala
"lado do nosso, hemisfério, uma edade sob o poií-
"to de vista geognóstico, em contraste com a sua
"existência histórica.
"E isto, ao mesmo tempo que fósseis de
"grandes verterbrados. principalmente peixes,
"descobertos nas cumiadas dos Andes, vêm por
"fóra de dúvida que aquela parte do continente,
"só mais tarde, quem sabe quantos milhares de
"anos depois da nossa porção oriental, deve ter-
"se levantado das profundezas do mar siluriano".

John Branner, na sua Géologie Élémentaire, afirma


haver encontrado em terreno quaternário, no. leito do
rio Pauhiny (afluente do Punis) um fóssil, o "Dino-
suchus Gervais" (crocodilo monstro), originário das
margens do Nilo.
N|o Jardim dos Deuses, próximo as minas de co-
bre de Cerro de Pasço, (Perú), bem no coração dos
Andes, existe uma colossal formação rochosa, onde
se veem embutidas inúmeras conchas marinhas. Isso
30 BRASILIDADES
prova sobejamente haver sido essa região, em épocas
primitivas, um mar interno. A base, excessivamente
estreita, do monolito, evidencia a erosão tremenda
das aguas.
A pequena di>tânaia, se encontra uma monta-
nha de sal, duma transparência tão extraordinária,
que, através dum bloco de 2 polegadas se pode ler.
nitidamente, qualquer impresso: livro ou jornal! Fato
referido em íartigo sulístancial, no "National Geo-
graphic Magazine" que >e publica mensalmente nos
Estados Unidos.
Entre os modernos eruditos Charles Chassé.
:

Lewis Spence. Moreau. Nadaillac, Brasseur de Bour-


bourg e muitos outros, afirmam a grande influência
civilisadora da Atlântida sobre o Oriente, semi-bar-
baro. E nisso estão acordes com a ciência hermética,
não só dos egípcios, como a dos helenos.
Na Idade Média, faz furor a viagem, plena de in-
cidentes, do herói irlandês, denominada Romance de
San Brendam. Narrativa dram;ilizada e cheia de pe-
ripécias,que o "santo fizera a um mistério e lon-
gínquo país, onde vivera sete anos".
Por mais vagas e incertas que sejam as indicações
das épocas em que surgiram nas Américas (Setentrio-
• nal e Meridional) os primitivos habitantes —
todas
conservam tradições mais ou menos nítidas dum ca-
taclisma (maremoto ou dilúvio) e dum re-povoamento.
R. Poznansky e R. Mueller verificaram que as
ruina de Tiahuanaco datam de 11.500 anos, quando
lima explosão catastrófica levantou a Cordilheira dos
Andes e o litoral a Colômbia e do Perú, erguendo mais
de 3.000 metros a primitiva Tiauhanacu, "cujos traba-
lhos tiveram de ser interrompidos para sempre porque
BRASILIDADES 31

todos os seus habitantes que não pereceram, abando-


naram-na".
Por processo diferente, K. Bilau conseguiu a con-
firmação dc que há cerca de 9.500 A D., teve higar no
hemisfério Ocidental uma catástrofe cósmica. Exata-
mentc na data mencionada pelos sacerdotes Egípcios,
de Saís !

Portanto temos duas séries de informações sobre


as datas dos cataclismas: uma há 4.000 anos, outra há
10.000 AD., o que nos leva a crêr em mais dum terre-
moto. E também nas múltiplas tradições de diversos
povos aludindo à "época em que havia duas luas", e à
"época em que não havia lua" !

Segundo autores modernos, o Dilúvio Universal


se teria derramado sobre a terra no ano 7256 .\D. no
que concordam com Platão.
Rezam as tradições indígenas que o cataclisma
se deu :

''Ma época em que o ponto vernal (Prima-


"vera) se encontrava no signo, do Câncer, preci-
"cisamente ao lado da estrela Ypsilon, dessa cons-
"telação..."

Os astrónomo Felipoff coincide em seus cálculos,


afirmando que. na data dada por Platão, "o céu apre-
sentava exatamente esse aspecto".

Moreno, ilustre sábio sul-americano, asse\cra que:

"em fins da época terciária, a Patagonia e os pam-


"pas sulinos submergiram, devido a formidáveis
"erupções traquíticas e balsáticas".

A primeira leva de emigrante.-> da Atlântida foi


formada pelos Cro-Magnon, 25.000 anos antes da nossa
;

32 BRASILIDADES
era; a 2.", pelos Aurignacianos, 20.000 AD. c a 3.''
pelos zylios, 10.000 AD.
São estas as épocas atribuídas às principais con-
vul-sões terrácuas que alteraram a face da Terra :

1. " —800.000 anos (?!) —


a que dividiu a Atlântida.
2. " —600.CO0 anos mais tarde —
a que ligou as atuais
Ilhas Britânicas à Escandinávia formando uma
só ilha, e dividiu a Atlântida em 2: Ruta, ao
N e Daytia, ao S.
;

3° — 80.000 anos — O
Dilúvio Universal que sub-
mergiu Daytia, e grande parte de Ruta.
4. " — 9.564 anos —
O Dilúvio que submergiu a ilha
Poseidon (parte que ficara da de Ruta) e fez
surgir os Andes, e Tiahuanaco.
5. " — 3.459 anos —O Dilúvio Universal de que es-
capou NOÉ, e com o deslocamento, das aguas
uniu a Líbia ao Brasil.
6. " — 1.764 anos —
O Dilúvio de OGYGES
que du-
rante 200 anos tornou a Atiça deserta, até a
vinda de CÉCROPS que fundou Athenas e ci-
vilizou os costumes.
7. " — 1.503 anos — O Dilúvio de DEUCALIÃO e
PYRRHA.
XENOPHONTE afirma ter havido 5 Dilúvios :

1. °) o de OGYGES, que durou 3 meses;


2. °) o da época de PROMETHEUS
e HERCULES,
e durou 1 mês
3. °) o do tempo dum 2." OGYGES (?) que destruiu a
Atiça inundando-a, 224 AD. quando o colosso de
Rhodes submergiu;
4. °) o que submergiuu totalmente a Thessalia, na épo-
poca de DEUCALION e o
5. °) anterior à guerra de Troya, cujos efeitos se sen-
tiram no EgA^pto e no qual foram destruídas 10
cidades num terremoto, no ano 17 da Era Cristã.
BRASILIDADES 33

Eis como a História se refere, pela primeira vez,


à situação geográfica e à tradição lendária, no relato
de PLATO à CRÍTIAS, e afirma que esse ensina-
mento fora feito por SILENO, sacerdote de Sais, a
MIDAS, rei da Phrygia:

"Um país existe, muito além das Portas de


"Hercules, onde, há nove mil anos, vivia um
"grande povo, de civilisação muito adiantada e
"de grande cultura.
"Esse povo foi governado, durante séculos,
"pela dinastia de ATLAS, filho de POSEIDON
"e duma mortal, CLETO". —
Blake, num recente estudo, prova cientificamente
a existência da Atlântida, bascando-se em documen-
tação de grande valor.
O esoterismo afirma ter havido 4 formidáveis
cataclismas universáis :

O primeiro tremendo cataclisma terrácuo, divi-


diu ao meio a Atlântida, que ficou separada por um
pequeno estreito. Nessa terrivel convulsão telúrica,
as Ilhas Britânicas ise ligaram à Escandinávia, for-
mando uma grande ilha isolada.
Outra formidável convulsão., seiscentos mil anos
depois, dividiu ainda o que restava da primitiva
Atlântida, formando duas ilhas, a de RUTA, ao Nor-
te e a de DAYTIA, menor, ao Sul.
A mesma tradição e, sotérica ensina que, há oiten-
ta mil anos, sobreveio um Dilúvio Universal, em
o qual submergiu, à súbitas, a Ilha DAYTIA, assim
como grande parte da Ilha de RUTA, que se acha-
va equidistante da América e da Europa. Possivel-
mente, foi nessa ocasião que a p.arte O. do Continen-
34 BRASILIDADES
te Africano, deslocando-se como se girasse num eixo,
veio encostar-vse à longa espinha dorsial da Cordi-
lheira Andina e formar o Brasil Central (Chaco) se-
gundo ensina Wegenner.
Em 9564. AD., numa quarta e apavorante como-
ção, seguida de dilúvio, submergia por completo' a
Ilha POSEIDON remanescente da Ilha de RUTA,
à que se refere PLATO quando repete a CRÍTIAS
o que ouvira de seu avô em relação, às invasões do
Egipto, "por povos emigrados duma região denomi-
"nada Atlântida, cujo formidável poder se estendera
"a certas partes do continente, na região que ficava
"além do estreito de Hercules, estendendo-se para o
"Sul, e era uma das mais belas e ricas; de clima sem-
"pre primaveril, coberta de ricas florestas onde pre-
"dominavam as madeiras para construção, e possuin-
"do ricas jazidas de metais preciosos". Esses emi-
grados se estenderam pelas bacias do Mediterrâneo,
fundando núcleos de civilisação, de que se aprovei-
taram depois os egípcios e os fenícios. PLATO acres-
centa :

"O
continente desaparecido era povoado por
"uma raça de côr vermelha: os "Rmohals, os
"Tlavatls e os Toltecas; e uma raça de côr ama-
"rela: os Turanianos, os Semitas, os Mongóis
"e os Akkadas.
"A raça primitiva foi a dos Rmohals.
"Homens rudes, de estatuta pouco elevada
"e pele dum pardo-avermelhado. Pouco inteligen-
"tes, haviam descido das terras Hiperbóreas
" (Groenlândia).

"Os Tlavatls, de pele mais escura e mais


"baixos, fôram substituídos pelos Toltecas, mais
BRASILIDADES 55

"inteligentes e mais robustos, que os dominaram.


"Tinham a tez acobreada e os traços mais finos.
"Deles descendem, não só os Incas, como os pró-
"prios Egípcios.
"Os Turanianos eram de côr amarela-aver-
"melhada.
"Os Akkadas, de côr-amarela-cscura. Os Se-
"mitas e os Mongóis, de côr amarela.
"Os Turanianos habitaram as colónias de
"Marrocos; os Akkadas e os Semitas, as terras
"de que só restam ilhas.
"Os Mongóis eram tribus nómadas vindas
"das altitudes Siberianas.
"Em épcoca excessivamente remota, os Gre-
"gos tiveram de enfrentar terrivel invasão dum
"povo emigrado duma ilha maior que a Líbia e
"a Africa reunidas".

Paul Schliemann escreveu um artigo "Comment


j'ai retrouvé TAtlantide, source de toute civilisation"
donde extraímos os seguintes tópicos :

"Dias antes do seu falecimento em Nápoles, em


1899, meu avô Henri Schliemann deu a guardar um
envelope lacrado, a um de seus melhores amigos, onde
se lia o seguinte: Este não deve ser aberto senão por
um membro de minha família que, sob palavra de
honra se comprometa a dedicar a sua vida às buscas
que aí vão sumariamente indicadas. Uma hora antes
de morrer, pedindo papel e lápis, escreveu com mão
trémula: "Adendo secreto ao que contem a sobre-car-
ta" lacrada. Quebre o vaso de cabeça de coruja. Exa-
mine o conteúdo. Refere-se à Atlântida. Túmulo a
Leste das ruínas do Templo de Sais e no semitério
36 BRASILIDADES
do vale de Chacuna. Importante. Encontrará provas
da exatidão da minha teoria. A noite se aproxima.
Adeus". E mandou que também este bilhete fôsse
entregue ao amigo. Ambas as cartas fôram deposita-
das um Banco Francês.
"Depois de terminar os meus estudos de muitos
anos na Rússia, na Alemanha c no Oriente, reselvi
continuar as buscas de meu ilustre avô. Em 1906, as-
sumi o compromisso que me fòra imposto e abri a
sobre-carta. Continha fotografias, grande número de
documentos e o seguinte texto:
"Quem quer que abra este envelope deve jurar
solenemente que continuará a obra que deixei inaca-
bada. Cheguei à conclusão de que a Atlântida foi,
não só um grande território entre a América e as cos-
tas ocidentais da Africa e da Europa, como o verda-
deiro berço de toda a nossa civilisação. Ponto muito
controvertido pelos especialistas. Opinam uns que a
tradição não passa duma lenda poética assentado em
bases de indicações fragmentárias sobre um Dilúvio
há alguns milhares de milénios antes da nossa era.
Outros consideram real a tradição, porém sem encon-
trar provas da sua veracidade.
"... Que o Todo Poderoso se digne favorecer
este trabalho imj^ortante!"Henri Schliemann.
Em um dos documentos havia o seguinte: "Em
1873, durante as escavações que fazia nas ruinas de
Tróia, em Hissarlik, descobri sob a 2." camada do fa-
moso Tesouro de Priamo, um vaso de bronze de as-
péto singular contendo alguns cacos de ai'gila, diver-
sos pequenos objetos de metal, moedas e objetos de
ossos petrificados, muitos dos cjuais, assim como o
próprio vaso, traziam inscrições em hieróglios fení-
cios, que signicav.am: "Do rei Chronos da Atlântida".
BRASILIDADES 37

"Moutro documento, letra B, lia-se o seguinte:


"No ano 1883, vi no Louvre uma coleção de objetos
provenientes das escavações de Tiahuanaku (Bolívia?)
onde descobri cacos de potes exatamentc da mesma
fórma e matéria, assim como objetos de osso petri-
ficado absolutamente iguais aos que havia encontrado
no vaso de bronze do tesouro de Priamo. A semelhan-
ça não podia ser fortuita. Essa série porém, não tinha
nem inscrição, nem caract;res fenícios.

"Submetendoi fragmentos provenientes de Tiahu-


naku a exame químico e microscópico, ficou provado
que as duas série de vasos eram duma mesma espécie
paríicijlar de argila que não se encontra nem na an-
tiga Fenícia, nem na América Central. Fiz analizar
os objetos de metal e a análise constatou que o me-
tal era composto de platina, alumínio e cobre, liga que
jamais se encontrou em parte alguma entre os vestí-
gios do passado, nem atualmente se faz.

"... Conclúe-se que os objetos encontrados em


regiões tão distantes e substancialmente iguais, têm
origem comum. Que dedução tirar d'aí senão que vie-
ram dum mesmo lugar para pontos diferentes. A ins-
crição dos que encontrei indicjava a origem — A
ATLÂNTIDA !

"... Incitadopor novo estímulo, encontrei no


museu de Petersburg um antiquíssimo rôlo. de pa-
S.
piro datando do reino do faraó Sent, da 2.* dinastia
4571 AD, no qual relata uma expedição enviada pelo
dito faraó ao ocidente, para encontrar vestígios do
país Atlântida, donde haviam vindo, 3350 anos an-
tes, os predecessores dos Egípcios, trazendo consigo
toda a sabedoria da sua nação. Essa expedição voltou
,ao cabo de seis anos, dizendo não haver encontrado o
.

38 BRASILIDADES
povo, nem sobreviventes dele capazes de informá-la
sobre a terra desaparecida.
"... Em
outro manuscrita do mesmo museu, es-
crito por Manethon, atribúe a duração do reinado
dos sábios da Atlântida a 13,900 anos, período que o
sábio atribue ao início da historia do Egipto, que as-
sim remontaria a cérca de 16 mil anos!... Uma ins-
crição encontrada por mim nas escavações junto da
Porta dos Leões, em Mycena, ensina que "MISOR,
de que os Egípcios descendem, era filho do deus egí-
pcio THÔT, que era filho emigrado dum sacerdote
da Atlântida que se apaixonara por uma filha do rei
CHRONOS e, forçado a fugir, chegou após longas pe-
regrinações, ao Egipto. Constru,iu o l." templo em
Sais e ensinou a sabedoria da sua pátria de origem".
Esta in&crição é tão importante que eu a conservei
em sigilo. Tu a encontrará entre os papeis marcados
com a letra D.
. ."Uma prancha proveniente das minhas esca-
.

vações em Tróia, contém um tratado de medicina dum


sacerdote egípcio sobre o tratamento da catarata e
dos abcessos das vísceras por meios cirúrgicos! En-
contrei a indicação dos mesmos processos em um ma-
nucrito espanhol conservado em Berlim, cujo autor
aprendera esses processos com um sacerdote Azteca
do México, que por sua vez os encontrára em um ve-
lho manuscrito Maya. Devo, para terminar, notar
que nem os Egípcios, nem os Mayas, criadores da ci-
vilisaçção da América Central, foram jamais grandes
navegadores
"Todavia, a analogia entre a civilisação Maya e a
Egípcia é tal que não se a pôde atribuir a coincidên-
ci<a, que em tais casos não existe. Resta portanto acei-

tar como verdade a tradição lendária de que existiu


BRASILIDADES 39

outrora um grande continente que ligava o que co-


nhecemos hoje por Antigo e Novo mundo. Êsse, er.a
a Atlântida donde partiram colónias p.ara o Egipto e
para a América Central".
Paul Schliemann continua: "Ao tomar conheci-
mento desses documentos, fui em busca das coleçÕes
escondidas por meu avô em Paris. O vaso com ca-
beça de mocho era, além de exquisito, de proveniên-
cia antiquíssima e nêle li, em caractéres alfabéticos
fenícios: "Do rei CHRONOS da Atlântida". Hesitei
algum tempo antes de quebrar a cabeça do mocho.
De dentro, caiu um disco de metal quadrangular, dum
metal branco semelhante à prata, com sinais e figuras
estranhas, para mim inteiramente desconhecidas, sobre
o verso da moeda. No reverso havia gravado, em ca-
ractéres fenícios arcaicos : "proveniente do templo
das muralhas transparentes". Mas como havia essa
peça de metal entrado no vaso em fórma de mocho,
cujo gargalho não podia dar-lhe passagem ? Si o vaso
provinha da Atlântida, a placa também era de lá. Meus
estudos provaram que os caractéres fenícios fôram
gravados depois dos sinais do verso da placa de me-
tal... Entre os objetos que meu avô escondera em
Paris, encontrei mais um elefante de fórma estranha
:

em osso petrificado, um anel do mesmo metal curio-


so da medalha, um vaso evidentemente arcaico, o es-
bóço dum mapa de que o navegador Egípcio se Ser-
vira para procurar a Atlântida, todos os objetos com
a mesma inscrição Fenícia, excetuando o elefante e as
moedas de metal branco. Sem obter resultadoi em rni-
nhas pesquizas nos arredores de Sais, o acaso fez
um caçador Egípcio mostrar-me uma coleção de moe-
das antigas que disse haver encontrado no túmulo
dum sacerdote da 1.* dinastia. Qual não foi o meu
40 BRASILIDADES
espanto ao descobrir na coleção duas moedas iguais
em tudo às que fôram achados no vaso. Troiano !

... "Dirigí-me então a dois célebres geólogos


franceses especializados e exploramos juntos a costa
ocidental da Africa. Toda essa costa estava cheia de
produtos de erupções vulcânicas. Pareceu-nos que
por muitas milhas de extensão, terras haviam sido
arrancadas da costa pelas como^ções telúricas. Lá en-
contrei uma cabeça de criança do mesmo metal do
anel e das moedas, encravada mima crosta de cinzas
vulcânicas de grande antiguidade.
... "Partindo para o México e o Perú, pesquizei
necrópples e cidades. "N.a pirâmide de Teotihuacan
(México) encontrei moedas da mesma liga metálica,
porém com sinais gravados diversos. ...Passo por
alto os hieróglifos e mais documentos que descobri e
confirmaram que as civilizações do Egipto, Mycena,
América Central e América do Sul, assim como as
civilizações de Mediterrâneo tiveram uma origem co-
mum".
Eis o que em seu célebres "Diálogos", Plato, da
conversa em que discutiam o assunto Sócrates, Her-
mocrates e Timeu e Critias diz:

"Eis que ouvi esta história, por


contada
"meu avô, que o ouvira de SÓLON,
o celebre fi-
"lósofo :

Nlo Delta do Nilo eleva-se a cidade
"de Sais, outróra capital do faraó AMASIS, que
"foi fundada pela deusa NEIT, que os Gregos
"chamavam ATHENA. Os habitantes de Sais
"são amigos dos Atenienses com os quais jul-
"gam ter uma origem comum. Por isso foi SO-
"LON acolhido com grandes homenagens pela
"população de Sais.
.

BRASILIDADES 41

"Os sábios sacerdotes de NEIT inkiaram-


"no nas mais antigas tradições da História da
"humanidade e especialmente na de Sais.
"Assim foi que manifestaram a SÓLON o
"que ele e outros Gregos ignoravam à respeito
"dos períodos mais .remotos da Historia. Os sa-
"cerdotes explicav.am essa ignorância pelo fato
"das diversas catástrofes, inundações e terremó-
"tos terem destruído todas as recordações do
"passado.
"Calamidades ainda mais horrorosas, cau-
"sadas às vezes pelo fogo do céu, —
assim é que
"a Historia de PHAETONTE, querendo dirigir
"o carro de seu pai PHEBO, teria abrazado a
"metade do mundo —
é autêntica verdade, ape-
"sar de parecer inverosimil. Algumas se dão pe-
"periodicamente devido ao movimento dos cor-
"pos celestes, causando, a morte de milhões de
"seres vivo.
"Depois desses cataclismas, a humanidade
"torna a cair na barbárie".

Diz ainda Sólon:


"O de Poseidonis foi ATLAS, e seu irmão
1." rei

GADIR soberano da parte do país situada perto


foi
das Colunas de Hercules (Gibraltar) e que se chamou
Gadiricia
"A Atlaintida era um país muito rico e fértil, con-
tinha florestas de árvores frondosas, planícies férteis,
jazidas de pedras multicores e um metal "orichalcum"
com o brilho do oiro.
"Ofim trágico dessa civilisação foi devido à cóle-
ra dos deuses. Revoltados diante da soberba dos
42 BRASILIDADES
Atlantes e indignados pela prática da magia negra,
resolvendo exterminar a raça de pecadores".
O vocábulo "atlante" é formado da raiz egípcia
Atl e do vocábulo Anti. Significa "altos vales".
Ora, a Atlântida era montanhosa ao Norte e pla-
na em sua parte central, como atualmente a América
Setentrional,com a imensa cordilheira dos Andes, —
(possivelmente corruptéla de "antis") e os planaltos
de Cuzco, (Perú) e de Goiás (Brasil).
Fundando colónias, os Atlantes deixaram seu
nome na cadeia de montanhas da Líbia ATLAS.
:

Segundo se lê no pequeno vocabulário de Bun-


sen: "se econtra nos hieróglifos dos monumentos egí-
pcios, grande número de palavras atlantes. Fica por-
tanto provada, não só a existência da Atlântida, tida
por inverídica e absurda, como se confirma haver sido
ela, a fonte da grande cultura egípcia.

Os Atlantes se exprimiam em um idioma agluti-


nante, do qual se formam o "guanche" e o "tolteca".
O "guanche" era ainda usado pelos indígenas das
Ilhas Canárias quando os espanhóis as descobriam, e
apresenta afinidade léxicas com os idiomas falados
pelas nações nahaúalts e ketchúas e, nos antigos con-
tinentes, como o "trusco" e o "egípcio".
Mumificavam os mortos, arte que os egípcios
aperfeiçoaram.
Habilíssimos na prática da magia branca, dela
se aproveitavam para domesticar as féras, de que
se serviam para a tração das suas carruagens.
Conheciam um elemento que denominavam
por meio do qual "di-
"vrill", talvez a força elétrica ;

rigiam naves aéreas que tinham capacidade para trans-


portarem, de oitenta a cem pessoas"; tal como os mo-
dernissimos Hindenburgs que cruzando pela 1.* vez
BRASILIDADES 43

os nossos céus, tanto nos maravilharam. Força seme-


lhante ao "aur", a que se refere a Bíblia, ou ao
"akasa", dos indús.
Possuiam um metal, o "orichalco", que com eles
desapareceu e nunca poude ser identificado.
CERNE, a capital, era situada num planalto altís-
simo, cujos 3 picos podiam ser distinguidos a grandes
distâncias, do alto mar. Era denominada "a cidade das
portas de ouro". Esses três picos, pensam vários au-
tores serem as Ilhas Canárias onde o guanche conti-
núa a ser falado. Os modernos estudos de oceanogra-
fia ratificam a suposição de existir no fundo mar das
Antilhas uma ilha, submersa em tempo remotíssimo.
Os sábios Atlantes haviam condensado numa sín-
tese, todas as suas leis. Gravadas em táboas, revela-
vam esses regulamentos uma grande elevação moral.
A mulher atlante gozava dos direitos concedidos
aos homens. Politicamente, haviam tentado, como os
primitivos Chineses, uma organização social sob as
b.ases que os comunistas pretendem novas. Ambas es-
sas tentativas fôram frustadas, por inexequiveis e des-
organizadoras, Ainsatisfação do próprio povo obri-
gou-os a abandon,ar a tentativa desastrosa.
Adoravam a um DEUS único que se manifesta-
va aos seus sacerdotes pela linguagem dos ástros.
Criam na imortalidade da alma e na re-incarna-
ção.
Após a conquista de vários territórios no conti-
nente Africano pelos invasores Atlantes, sofreram sé-
rios revezes dos Atenienses, numa decisiva e sangren-
ta batalha, na Thyrrenéa.

^ O Perú e o México, assim como o Egipto, consi-


derados colónias Atlantes, —confirmam a existência,
duma civilisação estupenda. Desaparecida, sem deixar
.

44 BRASILIDADES
outros vestígios além das suas colónias e das culmi-
nantes civilisações a que atingiram. Foi encontrada
no México uma estatueta representando uni guerrei-
ro, que se julga representar um Atlante, devido à sua
estranha indumentária.
Todas as nações atribuem ao seu patriarca, o—
gerador da raça, paradigma —
todas as suas virtudes
além da sabedoria e dos conhecimentos que todas as
ciências e artes que lhes transmitiram, a organização
legislativa que os rege. Claro, que esses conhecimentos
básicos, fundamentais da sua evolução cultural, se
desenvolveram, ou atrofiaram, segundo a aptidão e a
inteligência do povo, obedecendo à lei do menor es-
força e da aclim,atação ao "habitat" em que se fixa-
ram.
Todavia, é dificílimo em tão intrincada meada,
separar a História, da Lenda, uma vez que tudo gira
em torno de tradições, sempre alteradas pela sua pró-
pria transmissão, ou desvirtuadas com o decorrer do
Tempo. Por su,a vez, os historiadores sempre colabo-
ram e, não raro, alteram a verdade dos fatos...
Cada povo, cada nação, possúe como ponto de par-
tida para a memória consciente da formação cronoló-
gica e étnica da sua raça, o nome dum NOÉ post dilu-
viano — que por suas virtudes mereceu do Ente Su-
premo a missão de procrear uma nova humanidade.
M,ais pura. Mais elevada.
Em muitos povos primitivos, —
quer ameríndios,
quer nórdicos, quer asiáticos, —
deparamos com re-
miniscências alusivas, e mesmo confirmações das tra-
dições ensinadas pelos sábios de Saís, (Egipto) em
relaçção aos "super-homens, vindos pelo mar para ci-
vilisá-los"
BRASILIDADES 45

Eis a tradução do "manuscrito Troiano" perten-


cente à célebre coleção "Le Plongeon" e que se acha
no "British Museum", de Londres:

"No ano 6 KAN, a II MULUK, no mês ZAK,


começaram os tremendos terremotos que dura-
ram, sem interrupção, até 13 CHUEN. O país das
montanhas de barro, o país MU, foi presa deles.
"Depois de ter sido erguido ao alto duas ve-
zes, foitragado durante anoite, depois de haver
sido minado por baixo ininterruptamente, pela for-
ça das erupções vulcânicas subterrâneas.

"O foi levantado e abaixado va-


continente
rias vezes. Finalmente a terra cedeu e 10 países
fôram estraçalhados e arrancados. Eles se desmo-
ronaram com os seus 64 milhões de habitantes,
8.000 anos antes da época em que isto foi escrito".

(The London Budget — 15-XI-1912)


Conta ainda Paul Schliemann, o notável arqueó-
logo, neto do sábio Schliemann, o seguinte, que se
acha em documentos originais num velho templo bu-
dista de Lhassa, num manuscrito Caldeu, escrito perto
de 2.000 anos antes de CHRISTO, o seguinte:

"Quando a estrela BAL caiu no lugar onde


atualmente só existe agua e céu, as 7 cidades tre-
meram e balançaram com as suas torres de ouro
e s^us templos transparentes, como folhas de ár-
vore sacudidas pela tempestade. Então, uma tor-
rente de fogo e fumo ergueu-se dos palácios. Os
soluços dos moribundos e os gemidos da multidão
encheram o ar. O povo procurou refúgio nos tem-
: :

46 BRASILIDADES
pios e nas cidadelas.E o sábio MU, grão sacerdote
de RA-MU levantou-se e disse
"Não vos havia eu predito tudo isto ?"
"E os homens e mulheres cobertos com suas
preciosas vestimentas e de pedrarias, gemiam :

"MU, salva-nos !"


"E MU respondia: "Vocês morrerão todos
juntos, com vossos escravos e vossos tesouros. De
vossas cinzas nascerão novas nações. Si essas na-
ções esquecerem que devem dominar as cousas
materiais, não somente para se engrandecerem por
isso como para não se diminuirem, o mesmo fim
as espera."
"As chamas e a fumaça abafaram as palavras
de MU. O país e todos os seus habitantes fôram
destroçados e logo tragados pelas profundezas".
Termina o conhecido cientista co mestas palavras,
impressionantes par proferidas por um grande ar-
queólogo, mundial acatado
"Que significação pôde haver entre estes dois re-
latos, um do Thibet, outro da América Central, con-
tando ambos cataclismas que se assemelham e ambos
referentes ao país de MU ? Si eu quizesse dizer tudo
quanto sei, o mistério seria desfeito".
Esperemos portanto, que se resolva a fazê-lo, para
a confirmação do nosso ponto de vista, em o qual nos
achamos em muito bôa companhia.
Em substancioso artigo, Silas Silveira responden-
do à pergunta: "O Brasil de hoje figurava em algumas
cartas anteriores à descoberta, com o nome de Terra
dos Papagaios?" escreve:
"Na verdade, o articulista da Terra dos Papagaios
(o prof. Altamiro Nunes Pereira) não foi o primeiro a
levantar tal lebre.
BRASILIDADES 47

E' provável que em seus primeiros dias, a terra


apresentasse uma figura inteiramente diversa da atu.al.
Mais de uma vez a sua superfície mudou de aspecto.
Assim — a Sicilia já esteve unida à Itália; e a França
e a Inglaterra à Irlanda.
O sábio Agassiz, diz, em relação ao nosso Brasil
(que estudou à fundo) :

"Todas as nações, de todos os continentes conser-


vam tradicionalmente a memoria de cataclismas ou
dilúvios que submergiram seus antepasados, ou fize-
ram desaparecr grande parte de terra firme da super-
fície do globo".
Os atenienses só guardaram lembrança dum Di-
lúvio, quando na realidade houveram mais.
"Ignorais até as vossas próprias origens. E não
sabeis que sois descendentes degenerados duma gran-
de raça", disseram os sacerdotes de Saís ao grande fi-
losofo SÓLON.
"Há manucristos que contêm o relato duma guer-
ra que lavrou entre os Atenienses e uma poderosa na-
ção que habitava uma ilha de enormes dimensões, no
Oceano Atlântico.
"Nas proximidades dessa ilha, existiam outras e
mais além, no extremo Oceano, um grande continen-
te. A ilha chama va^se Poseidon, ou Atlantis. Era go-
vernada pelos reis, aos quais pertenciam também as
ilhas próximas, assim como a Líbia e os países que
cercam o Mar Thyrreno.
"Quando se deu a invasão da Europa pelos Atlan-
cidade de Athenas, como que a cabeça duma
tes, foi a
liga de cidades Gregas que, por seu valor, salvou a
Grécia do jugo daquele povo".
Ao abrir o primeiro capítulo da História Literá-
ria Fluminense, de Rui Gonçalves, "lémos "Embora
:
AS BRASILIDADES
o descobrimento, do Brasil ocorresse em 1500, fato
que hoje vem provocando sérias controvérsias, pois
desde 1351 figurava o nosso país nas cartas maríti-
mas, planisférios e mappas-mundi do portulano dos
Medíeis, como diz Arnaldo Damasceno Vieira, acres-
centando que se chamava Ilha das 7 cidades ..."
"... Sobre a Ilha as 7 Cidades do Brasil atual, es-
creve Oscar Marcondes de Souza, à página 30 da sua
obra: "a 28 de janeiro de 1474, recebeu Fernão Telles
carta de doação de D. Affonso V, limitando as suas
explorações à latitude da Guiné e depois, a 10 de
Novembro de 1475, estendendo os seus direitos à ima-
ginária Ilha as Sete Cidades, já procvtrada sem resul-
tao por Diogo de Teive em 1452".
"... Na página, continúa: "Também os Inglê-
ses no fim do século XV sulcaram o Atlântico em pro-
cura da célebre Ilha das vSete Cidades e outras fantás-
ticas". E mais adiante: "E, em junho de 1480. partiu
de Bristol em procura da ilha imaginária Brasil e pro-
vavelmente também das Sete Cidades, um navio equi-
pado à custa de John Jay Júnior".
O fato de não haverem sido encontradas pelos na-
vegadores Portuguêses e Ingleses, não implica na sua
não existência. pelo menos no tocante ao. Brasil
. .

que, separado da Africa, teria naturalmente flutuado


como ilha durante ignorado lapso de tempo, até que.
encostando à espinha dorsal da Cordilheira Andina,
passou a ser parte integrante do continente.
Escreve no seu livro "La ccnquète des routes
Océanique" no Cap. IV de L'enchantement des íles
Fantastiques", o historiador espanhol Carlos Pereyra:
"Todo o mar Tenebroso estava cheio de ilhas
fantásticas,umas habitadas, outras desertas, todas
:

BRASILIDADES 49

No mar de Sin, na cos-


transbord,a-ntes de maravilhas.
ta do pais de Gog Magog, floresciam enigmatica-
e
ente as ilhasde Vac-Vac do geógrafo árabe Edrisi. Ao
N. da Antilia se levantava o rochedo solitário de Man
Satanaxio (mão de Satanaz) que apontava o domínio
do mistério. Uma ilha que fascinava os geógrafos tan-
to ou mais que a Antilia, era a Ilha Brasil. Achava-se
nas cartas, entre 1350 e 1450, com os nomes de Braci,
Brazir e Beresail".
Silas Silveira cita ainda em seu artigo, à página 8,
da monografia de J. Vidago A Uha do Brasil (Lisboa,
1938) "Esta ilha, nascida da miragem e da ilusão dos
:

nevoeiros, a par dos mitos religiosos da bemaventu-


rança e do longínquo Paraíso, persistiu longamente
por si mesmo, e ainda hoje, apesar de desaparecida dos
mapas (como ilha, já se vê) os povos das ilha Aran
continuam a crêr firmemente na sua existência, dan-
do-lhe intervalo de aparição de 7 em 7 anos".
Da "An Illustrated History of Ireland" (Cap. V,
Irish Paganism, ps. 38-39) traduzimos
"Os pagãos Irlandeses tinham uma vaga crença
na existência duma terra de juventude e paz eternas,
conhecidas sob várias denominações: Moy-Mell, terra
do prazer; Tirnanoge — terra da mocidade eterna; i

I Brazir ou O Breazil, etc. Quanto à sua situação va-


riam os relatos ou talvez seja mais certo dizer-se que
:

existiam várias dessas regiões afortunadas. Algumas,


no sub-sólo em rebrilhantes cavernas espaçosas, no
fundo do oceano ou no fundo dum lago. I Brazir ficava
além do Oceano Atlântico; e afirmavam que podia ser
avistada dos rochêdos de Oeste como uma nuvem pai-
rando no horizonte, sobre o mar, à grande distância.
"Essa inconsistente ilha ocidental era também denomi-
nada Moy-Mell. Essas regiões felizes eram sempre ha-
;

50 BRASILIDADES
bitadas por fadas ; e algumas vezes arrebatavam para
elas O.S mortais".
Emtodos os mapas medievos, figura a Ilha Mis-
teriosa, de outras no Oceano Atlântico, de-
em meio
nominadas Stocafixa, Royllo, Satanaxio, Antilia e
:

0'Beresail (Braci, ou Beraxil), todas consideradas


mais ou menos fabulosas, e suas posições geográfi-
cas, desconhecidas.
No século XIV, após as últimas descobertas dos
grandes navegantes iberos e italianos, se verificou a
realidade e positivou-se a existência de algumas.
Assis Cintra (Rev. L. Port., vol. 38) afirma que
o vocábulo vem do italiano medieval "verzino", "ber-
cino", já no século XII grafado —
"bréiil" pelo fran-
cês Chrestien de Troyes, João Ribeiro vê nêle uma
combinação, com esses e o nome celta Bressail (de
Bress, bôa sorte).
Segundo Ecott-Eliot, os territórios compreendi-
dos pela Atlântida" estendiam-se alguns gráus a L. da
Islândia, até aproximadamente ao local onde hoje está
a cidade do Rio de Janeiro, na América Meridional
comprendendo suas regiões equatoriais o Brasil e toda
a extensão do Oceano até a Costa do Ouro, na Africa".
Pensamos diversamente, apoiados em Wegenner e em
acurados estudos à que nos vimos dedicando.
Com a imersão da Atlântida, teria emergido nos
antipodas. a Austrália, a que nenhum escritor antigo
se referiu jamais. As aguas, desviadas pelo maremo-
to,teriam destacado da Africa o- bloco imenso que se
aproximou dos Andes para formar a América do Sul,
criando a imensa região do Chaco.
Na bacia do Rio das Velhas (Minas Gerais), a
terra tem-se aberto em vários pontos, deixando, ver
BRASILIDADES 51

imensos lençóis dag-ua e comprovando a excessiva lar-

gura do rio Jaguaribe.


Segundo a tradição, são estes os nomes dos pri-
meiros deuses da cosmografia dos povos e dos primei-
ros civilizadores que a lenda transformou em sêres di-
vinos:

Na América do Norte e Central :

Athapascans lETL — o corvo que sal-


vou seus antepassados
do Dilúvio e trouxe-lhes
o fogo divino.
Algonkians MONIBOSHO —
o Gran-
de Espirito; e MANITO
— o 1.° Civilizador.
Choctaws ESAGUATEGÚ — o Deus
que fez homens do bar-
ro e separou as aguas
sobre as quais voavam
pombas.
Delawares POWAKO e POKUNET.

No México:

Aztecas — XELHUA — um dos 10


Titans que edifcaram al-
tíssima torre no tópe da
pirâmide de Xolula para
escaparem a um novo
Dilúvio Universal.
Chiappas — IMOX.
52 BRASILIDADES
Nahauas — HUIZITOPOTCHILI.
Tarascos — TESPI.
Toltecas — TONATECATL e CUI-
NEMATZ; QUETZAL-
COATL — o 1° civiliza-
dor; e NALA e NENA
— 1.° casal humano.
Nio Yutacan :

Itzoals — KUKULKAN — deus;


ZAMNA — 1.° civiliza-
dor; NONCOMALa —
1.° homem.
Mayas — MAUMATZU — deus;
ITZUMA e ITZEL —
1.° casal humano.
Costa Rica — NUBU — o deus que es-
palhou a semente dos
homens, depois do Di-
lúvio.

Na América do Sul :

No Brasil em geral — TUPAN — deus.


Arruacos — CAMU — 1.° civilizà-
dor.

Apapocuvas — NHANDEREÇÚ, o deus;


NHANDECI — a Mãe
Grande.
GUIRAPATI —o Noé de
sua raça.
Barés — POROMINARÊ e AMAU
o 1.° casal.
BRASILIDADES 53

Bororós MARRÉBOE — deus


bom e BOPPE, o deus
maléfico.
Bugres HUCHA — o demónio
grande.
Caincangues CAIUCÊ' e CAMÊ — o
1." casal humano.
Carahybas TAMU.
Carayás CABOI — o deus que fez
surgir o homem do fun-
do da terra, KANAN-
CHIUÊ, civilizador.

Craós IPANA — o deus benéfi-


co; OM TIU — o deus
maléfico.
Tapuias TAMANDARÉ — o úni-
co sobrevivente do Dilú-
vio que submergiu a
"Cidade dos Telhados
de Ouro".
Tupys —
TUPAN o deus que en-
sinou o uso do fogo e a
agricultura.
Na Colômbia :

Muyscas ZUKHA — deus; BOCHI-


CA — a civilizadora;
1.*

NHEMKETABA e
CHIA — o casal hu- 1.°

mano.
Na Bolívia :

Aymarás — TIAHUANAKU.
;

54 BRASILIDADES
Na Guatemala

Chimús O Sol — poder criador;


NATA — o 1.° civiliza-
dor.
No Parag^Liai :

ARANDA e SUMÉ, pri-


meiros civilizadores.
Na Patagônia

SETEBOS, deus; ZEU


KHA — fundador da
raça.
No Pervi :

Incas TUPAC YUPAN — deus


HUIRACOCHA, 1.° ci-
vilizador.
Quichés PACHAMAC — deus;
QUETZALCOATL —
1.° civilizador.
Na Venezuela :

Chibchas MUYSCO.
Macuxis MAREREVANA.
Caapienas RUDA — o deus do amor.
Camaçans YACY — a lua.
Inhays HUACY — a lua,
ICHEIHI-TUNA, a mãe
d'agua.
Guaycurús CARA-CARA. a ave que
criou homens guerrei-
ros.
BRASILIDADES 55

Manáos MANARA — deus da


Bem e SAR ANA, deus
do Mal.
Manivas JURIPARY — o Ser Su-
perior.
Mundurucús CARÚ-SACAERÊ —o 1."

homem nascido das tre-


vas.
Nhambikaras ENORÉ — o Ente Supre-
mo; ZALUÉ e HOHO-
LAIALO, o 1." casal.
Tarianos CAPIRICULI — deus.
Tuiucas TUPAN — deus.
Tupinambás TUPAN — o Ser Supre-
mo e vários deuses me-
nores.
:

ni

os POEMAS DE HOMERO

A Iliacla e a Odisséia, até hoje consideradas como


obras de ficção, estão de talfórma repletas de detalhes
históricos, científicos e geográficos, que não pódem
deix,ar de ter um
fundo verídico.
Ljê-se jno Livro d (Capítulo VIII) a
descrição surpreendente duma terra desconhecida e
maravilhosa

"ABethica é um país de que se contam cou-


"sas tão extraordinárias que é difícil tê-las
tais,
"por verídicas. O rio Bethis desliza em um país
"fértil e sob um céu sem nuvens Esse país to-
"mou no nome do rio que desagua no Grande
"Oceano, bastante próximo das Colunas de Her-
"cules (Ceuta e Gibraltar) e é desse lugar que, em
"tempos idos, o mar desmontado, rompendo os
"seus diques, separou a terra de Tharsis da gran-
"de Africa (!!!).
"Esse país parece haver conservado as delí-
"cias da Idade do Ouro. Os invernos são tépidos
"e as rigorosas rajadas hibernais não sopram
"nunca. As ardências do verão são sempre suavi-
"sadas pelas brisas refrescantes que vêm tempe-
"rar o calôr causticante do meio-dia. E assim, o
"ano inteiro não é mais que o conubio feliz da
.

S6 BRASILIDADES
"primavera e do outono, que parecem estar sem-
"pre de mãos dadas.
"A terra produz cada ano recolta dupla, tan-
"to nos campos como nOs vales. As estradas sãõ'
"marginadas de louros, jasmineiros e outras arvo-
"res que jamais despem as folhas. São inúmeras
"as minas de ouro e prata existentes nessa bela
"terra, cujos habitantes, simples, felizes na sua
"simplicidade, não se dignam contar o ouro e a
"prata como riquezas, e só valorizam o que é real-
"mente necessário à vida do homem".

Como não se vêr nessas riquezas e sua situação


topográfica a imensa e opulenta região que se esten-
de das margens amazônicas às dos rios que banham
todo o norte do Brasil, onde estariam situadas as bí-
blicas Ophir e Tharsis ? Inúmeros são os exemplos
nas Sagradas Escrituras, de crismarem-se os homens,
de adotarem um apelido adequado a fáto importante
de sua vida: CHRISTO deu a Simão o nome de Pedro.
qu,ando instituiu-o Chefe da Igreja. Tharsis, na Bíblia,
é nome de varão da tribu e Benjamin. Que êle désse o
seu nome à terra áurea por ter descoberto suas fabu-
sas riquezas e com o decorrer dos tempos esse nome
passasse a simbolizar "colheita aurífera" —nada mais
natural. Ophir fica próximo de Parvaim ou Paruim,
que foi mister abandonar mais tarde pelas facilidades
oferecidas pelas jazidas inexploradas e veios de maior
abundância, são concurso de razões bastantes para,
junto à etimologia da palavra, determinarem onde tal

país deveria encontrar-se


SAi^ -íACO GASTALDI *

ãÊÊm^^ ^-íICtOENTE OE LA
^MtAOOR LOS K^U^EOS ICONOGRAFÍoIs

^^••lATO OF &A1 2AC Y Pd. AL FONSO


ESPÍNOLA

IV

AFRICA — BRASIL
DE HERÓDOTO A WEGENNER
Não é de hoje que se vem observando uma curio-
sa coincidência: o recorte dos litorais do. Brasil e da
Africa, se ajustam (suprimindo o Oceano Atlântico)
como delicadíssimo jogo de encaixes, de modo impres-
sionante.
O Cabo de S Roque entra no Golfo de Guiné; a
chanfradura da Baía de Todos os Santos parece feita
para receber a saliência da Costa de Gabon a proe-;

minência de Cabo Frio ocupa, exatamente, a re-en-


trância da Baía da Guanabara (agora criminosamente
alterada) adapta-se com a mais perfeita exatidão, à
Costa de Mossamedes. Essa curiosidade impressionou
fortemente o sábio alemão Wegenner, que estudou
com a minuciosidade e a pertinácia da sua raça, o caso
extranho. solucionando um dos problemas que esca-
pam à perspicácia dos geólogos e dos demais cientis-
tas.

um só bloco,
Dir-se-ia que os continentes, outrora
se fendera ao meio. E, como gigantesco, pedaço de
cortiça boiando sobre as aguas, se destacou da Africa
paulatinamente. O vão que se largava foi ocupado
pelas aguas que formam hoje o Oceano Atlântico.
Wegenner afima que "a América, ao separar-se da
Africa voltara-se p.ara o lado do Ocidente como sobre
BRASILIDADES 61

um eixo, impelida pela força das aguas, até encontrar


apoio e fixidez no litoral formado pela imensa espinha
dorsal das crateras que se estendem do Equador à
Terra do Fogo". As terras que escorregaram das ver-
tentes ao longo da imensa cadeia Andina, teriam, com
o decorrer dos tempos, formado os imensos pantanais
que separam os altos chapadões centrais do Brasil,
Bolivia e Paraguai, e se alongando em direção ao nor-
te, nas planícies alagadiças do Amazonas. O empol-
gante estudo a que nos vimos dedicando, desde 1927 re-
forçou a nossa opinião quanto ao deslocamento da par-
te do litoral do Brasil (Líbia Ocidental) atual, desta-
cada da Africa por ocasião de tremenda comoção te-
lúrica. A adaptação perfeita de ambos os litorais
acresce uma prova ainda mais concludente, se possí-
vel: o prolongamento dos rios nos dois continentes —
para o que não há explicação alguma plausível, tor-
nando absurda a hipótese de mera coincidência.
O que os últimos mapas do Brasil, tanto, os do major
Jaguaribe como os da National Geographic Magazi-
ne, de admirável exatidão científica, evidenciam.
Interessados pelas premissas que corroboravam
despretenciosos estudos, encetámos um cuidadoso es-
tudo dos mapas dos dois continentes, cujos resultados
mais nos animaram. Vimos assim que o nosso rio S.
Francisco, é o Rio Niger (na Africa) que tem um
afluente denominado Benin e que o rio Madeira pois-
9ue um afluente com o nome de Beni. O rio Congo se
prolonga no Jequitinhonha; o Coanza, no Rio Doce;
o Cunêne, no Itajaí e o Orange, no Paraná.
Só os geólogos poderão, pelo estudo das cama- '

das e constituição de ambos os litorais, resolver em


que época se teriam dado os diversos cataclismas que
alteraram tão profundamente a parte ocidental do.
62 BRASILIDADES
nosso globo. Nossos modestos estudos nos levam a
crer que o continente Sul-Ameríndio sofreu grandes
alterações em épocas diversas, a primeira quando se
deu o soerguimento da cordilheira Andina (que Lewis
Spence ter tido lugar 13.000 anos antes de Jesus Chris-
to), a segunda, com a submersão da Atlântida em
9.550 AD., data que coincide com a da posição do sol
na época da construção do Templo do Sol, de Tiahua-
naco.
O
imenso deslocamento das aguas talvez por oca-
sião do afastamento das colunas de Hercules que fe-
chavam o Mar Mediterrâneo, durante a comovo telú-
rica que ocasionou o Dilúvio de Pygmalion e a sub-
mersão dos restos das ilhas dos Atlantes. —
teria con-
tribuído para que a Líbia se destacasse então e, gi-
rando lentamente, viesse completar o território de
Chaco, já em formação.
A
súbita elevação da Costa Pacífica da América
do confirmada pela des-
Sul, (de 0,m. a 3.500"°), está
coberta do vasto planalto na Colômbia, a que se deu
o nome de "Campo dos Gigantes", por estar literal-
mente coberto de ossos petrificados, de mastodontes
evidentemente mortos pela rarefação do ar e pelo frio,
devido à formidável e súbita elevação do terreno que
habitavam. O professor Posnanski afirma que "Tia-
huanaco (Bolívia) era sita à beira-mar e habitada por
população já muito civilisada nessa época. A elevação
das Andes contribuiu ao mesmo, tempo para a forma-
ção dos lagos vulcânicos do Poopo e Titicaca". Tal-
vez o mesmo cataclisma tenha causado o rebaixamen-
to do distrito de La Esmeralda e a submersão duma
extensa região
A emersão do Chaco (primitivamente um "mar
interior) devido à submersão da ilha Daytia (a maior
. .

64 BRASILIDADES
da Atlântida, e ao sul), provocando a formação dos
pantanais que acompanham as vertentes Andinas, ex-
plica a razão das salinas internas e das aguas que se
vão gradativamente tornando salòbas, devido aos de-
gêlas e às chuvas.
O primeiro bloco emergente teve por limite a
Serra do Espinhaço, à cujas vertentes se apoiou mais
t^rde o segundo bloco, destacado da Africa, forman-
do-se então o Rio Amazonas pela compressão das
terras
Em notável artigo sobre a Constituição Geológi-
ca, lêmos o seguinte na revista Dharanâ :

"A distribuição, geológica dos terrenos


no Brasil,
merece alguns comentários de ordem geral, principal-
mente se procurarmos estabelecer as relações entre as
idades dos terrenos e o da tradição que ensina: "O
vale do Amazonas, o chapadão do Roncador; em Mato.
Grosso, a região de Ponta Grossa no. yParaná (Vila Ve-
lha), a zona Sul Mineira e a faixa litorânea do Estado
Rio de Janeiro (Serra dos Órgãos, Serra da Estrela e
da Tijuca, no Distrito Federal) são regiões das mais
remotas que viram florescer .antiquíssimas civiliza-
ções, há muitas centenas de milhares de anos. e à-^
quais ainda está reservado atualmente o papel de ver-
dadeiros sacrários das sementes das raças futuras".
Se observarmos a constituição geolóeica dessas
partes do Brasil, vamos encontrá-las classificadas en-
tre as mais antigas, a começar da Era Primitiva —
o
grande Complexo Cristalino Brasileiro, que se estende
de Norte a Sul do País; seguem-se terrenos Primá-
rios, compreendendo o vale do Amazonas, a parte de
Mato Grosso a Leste de Cuiabá e que se estende a+é
o Roncador; e no Paraná a zona de Vila Velha, todos
esses terrenos de formação Devoniana, segundo estu-
BRASILIDADES 65

dos dos ilustres geólogos Dr. Euzebio. de Oliveira no


relatório apresentado ao Coronel Rondon, chefe da
Comissão Brasileira; Clarke, Kayser e Katzer.
Ao Sul de Minas existem formações do Período
Permeano mescladas com o Arqueano e Algonkiano,
em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Da Era Secundária temos no Brasil terrenos do
Período. Triássico em Mato Grosso, Paraná, São Pau-
lo e Goiás, caracterizados pelo Dr. Gonzaga de Cam-
pos e denominados "série de Botucatu"; e do Período
Cretáceo, no Nordeste do país, na faixa litorânea, em
S. Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Os terrenos desse Período-, em Mato Grosso, fn'-qm
minuciosamente estudados pelo citado eminente patrí-
cio Dr. Euzebio de Oliveira.

A grande faixa de terra que se estende pelo lito-


ral,de Norte a Sul desde das costas do Espírito San-
to até o vale do Amazonas, com ramificações em São
Paulo e Minas Gerais, pertence ao grupo Terciário e
é caracterizado pela presença de schistos, alguns betu-
minosos como os da Baía e São Paulo, e de argilas
de vários tipos. Dessas considerações vê-se que as ter-
ras do Brasil pertencem às mais antigas formações da
crosta do globo, à que pertencem as serras que bor-
dam a nossa formosa Guanabara com seus monumen-
tos pétreos, de vetustês multi-milenária: a Pedra da
Gávea, o Corcovado, o Pão de Açúcar, etc.
A região Sul-Mineira pertence, geologicamente
falando, ao grande Complexo Cristalino Brasileiro e
ali encontram os dois sistemas (Arqueano e Algon-
se
kiano) que constituem o Grupo Primitivo, formado
imediatamente após o. resfriamento da crosta terrestre,
segundo os dados oficiais da Geologia. E' nessa região
que se encontr.a a cidade jina de S. Tomé das Letras
: :

66 6RASILIDADES
formando três tipos de terreno bem estudados por Or-
ville Derby sob a denominação, de "Séries de Lavras,
de Itacolmi e de Minas". Em S. Tomé das Letras pre-
domina o tipo Itacolomito, ou Arenito Flexivel do
Brasil, constituído por grãos de areia (quar'.;7.o sílica

.anhidra) ligados por um


cimento de mica (género se-
ricita) que lhe empresta seu brilho sedoso e flexibili-
dade característicos. Outro "característico da rocha de
S. Tomé das Letras é a presença de "arborizações" de
"dendritos" (Oxydo de Manganês) cuja dissolução
pela agua dá uma coloração amarelo-rosada à massa
de arenito, impregnando o cimento sericitoso.
O sábio Agassiz que estudou a fundo o Brasil,
ensina

"Penso que quando toda a costa estiver in-


"teiramente explorada, se reconhecerá que uma
"parte da terra, duma extensão de 100 léguas e
"que se prolonga do cabo S. Roque até a extre-
"midade setentrional do continente Sul-America-
"no, foi devorada pelo Oceano".

Em outra obca, Agassiz assegura que


"O mar invadiu o continente numa época em que
"o rio Tocantins se achava à grande distância e
"que o rio, que não era senão um afluente, tomou
"a aparência que tem hoje".

Lemos na primeira página do Brasil, Past, Pre-


sent and Future, de J. C. Oakenfull:

"Estudando a carta geográfica do Brasil, no-


"tamos que a América esteve, anteriormente, liga-
"da ao continente Africano, e que a grande mas-
"sa líquida, conhecida em nossos dias como parte
BRASILIDADES «7

"meridional do Oceano Atlântico, começou a sua


"expansão na época cretácea".

Delg^ado de Carva/lho, nosso patrício, também


profundo conhecedor do assunto, explica o fenómeno
pela teoria da flutuação dos continentes, que Wegen-
ner sustentou.
A National Geographical Society, refutou essa
opinião, exposta pela nossa patrícia Gemma d'Alba,
cujos estudos eram baseados nos de Noraldino de
Lima, que o induziram a concluir que "o rio S. Fran-
cisco fora anteriormente um mar mediterrâneo", por
sua vez apoiado em Humboldt, que afirma:

"Quando, pelo trabalho impetuoso, dum gran-


"de rio cujas aguas rasgaram o sólo da Africa, a
"parte que se destacou, veiu unir-se àuma outra
"terra que, segundo Heródoto, seria a Líbia Oci-
"dental".

Todas essas opiniões, aparentemente divergentes,


confirmam todavia a nossa sugestão da inclusão do
Brasil no continente Sul Ameríndio, (a Líbia Ociden-
tal) até formar os imensos paúes de Mato Grosso, jun-
to às vertentes graníticas da Cordilheira Andina, po-
dendo dizer-se que fórma uma imensa ilha, conquanto
estreitamente ligada ao. continente, não em um só épo-
ca, mas em duas, com intervalo de milénios.
Estudos geológicos feitos na Espera da Ant.a,
Bela Vista, Chapada Velha, Morro do Chapéu e Ponta
Nova. reveláram a existência dum mar interno, anti-
diluviano que teria ocupado parte de Mato Grosso,
P,araná, Baía, Santa Catarina e Minas Gerais.
Hart sustenta que, "primitivamente, o vale Ama-
zônico era um imensa canal separando duas grandes
:

68 BRASILIDADES
ilhas: o planalto das Guianas e o do Brasil". Rocha
Pombo faz derivar o vocábulo América, do grego
AMEROS (dividir e separar) e GHAIA (terra). O
cónego Pennafortc porém, assevera ser vocábulo Tupi.
O Dr. Lund (cientista dinamarquês) que viveu
estirados anos estudando "in loco" as cavernas de
Sete Lagoas (Minas Gerais), concluiu que "o rio S.
"Francisco representa um mar que, lentamente aper-
"tado entre dois continentes, se tornou mediterrâneo".
Afirma ainda que "as provas de que a maior parte
"deste país era, há 3.000 anos um grande mar mediter-
"râneo, são evidentes". Heródoto —
(o Pai da Histó-
tória)— refere-se a meúdo a um "lago Triton", cuja
autenticidade tem sido muito discutida, mas que Ed.
Charton, no "Magazin Pitoresque" julga haver sido
"situado na Africa, pela banda de Oeste, e provavel-
mente desaparecido em .algum tremendo terremoto".
Si esta suposição se justifica com a teoria de Wegen-
ner, esse lago seria o Golfo de Guiné onde, realmen-
te, na junção dos dois continentes, existe um espaço,
o único que se não adapta, na parte meridional dos
2 contisentes !

Extraímos de "O sábio Lund e a pré-história


Americana", o. seguinte
"A grande planície que compreende a parte ,ele-
"vada do Brasil, desde a Serra do Mar até as Cordi-
"Iheiras dos Andes, abrangendo as cabeceiras dos
"maiores rios do mundo, forma-se em terreno extenso
"cujo solo é formado de rochas pertencentes ao perío-
"do chamado na geologia "de transição", e deposita-
"das em regra em camadas horizontais, sem que
"essas camadas sejam cobertas por outros de forma-
"ção mais recente.
BRASILIDADES 69

",Não consta que haja em outra parte do mundo,


'semelhante extensão de tereno que ofereça essas con-
'dições geológicas, visto aparecerem em regra as ro-
'chas primitivas e de transição em camadas conside-
'ravelmente inclinadas, provando assim terem sido le-
vantadas, depois da sua deposição por efeito das for-
ças expulsivas obrantes de dentro.

"A em que foram efetuados esses levanta-


época
'
mentos indicada pela relação que conservam as
é
'camadas levantadas, para com as que as rodeiam e
'se encostam a elas; ora, segundo as observações do
'Sr. de Beaumont, o engenhoso autor dessas verifica-
'ções cronológicas, as datas desses levantamentos só
'em muito poucos casos, e estes de pouca significação,
'sobem até a época de transição.
"Onde as camadas das rochas primitivas e de
'transição ainda conservam a sua direçção originária,
'horizontal, são elas geralmente cobertas por outras
recentes e formações secundárias' e terciá-
mais
rias, única exceção que mereça particular aten-
e a
'ção é, como já notei, o grande planalto central do
Brasil".

E conclúe: "A ausência de depósitos secundá-


no referido platô prova que já se achava eleva-
rios
do em cima do mar, numa época anterior ao tempo
em que principiou a formação desses depósitos sub-
marinos, ou em outros termos, que já existiu como
'um continente extenso a parte central do Brasil
quando as mais partes do mundo ainda estavam sub-
'mergidas no seio do oceano universal" ou surgiam
apenas como umas ilhas insignificantes, tocando as-
'sim ao Brasil o título de ser o mais antigo continen-
te do nosso planeta".
70 BRASILIDADES
Aceitando a teoria de Wegenner em relação a flu-
tuação da p.arte do continente Africano que veiu jun-
tar-se aos Andes e formar a América do Sul, não nos
parece certa a época quaternária, que o. sábio dá como
sendo a da sua separação.
Formando um só bloco, primitivamente, o Bra-
sil (continuação da Líbia) e a Africa, —
a lendária
Atlantis, ocuparia o espaço entre o México, as Ilhas
Canárias e Cabo Verde que formariam, com as peque-
nas Antilhas, os picos emergentes após o cataclisma.
Ademais, note-se:

1. " — Toda a zona que costeia a cordilheira Andina


(Bolivia, Argentina) assim como a parte oci-
dental dos estados Brasileiros (Amazonas,
Goiaz e Mato Grosso) é constituida por char-
cos, pantanais e lagos.
2. " — Nas tradições orais dos indigenas (restos de
nações primitivas) há referências a civilisaçÕes
desaparecidas, inscrições hieroglíficas e petro-
<

glíficas, pré-incaicas
;
ruinas, atestando a exis-
tência de civilisaçÕes altíssimas, além das co-
nhecidas.
3. ° — Em todas as tribus sul-ameríndias, em tradições
ou lendas, já fartas alusões ao pavoroso cata-
clisma que, em época remota, tragou parte da
terra e seus habitantes.
4. " — Fawcett, o explorador Inglês que desapareceu
nas nossas selvas, apoiava a teoria de que "du-
rante o período terciário e em princípios do
quaternário, a maior parte do continente Sul-
Americano teria desaparecido, submersa no
Oceano pela erecção da Cordilheira dos Andes.
Pelos estudos que se fez dos Védas, convenceu-
BRASILIDÂDES 71

se de ser o Brasil uma clae terras de mais antiga


formação geológica e que, se a Atlântida exis-
tiu, deve ter sido aqui.

Alexandre Braghine (O Enigma da Atlântida) re-


fere a existência, no Museu Nacional de Lima, duma
alia lage de pedra, coberta de esculturas e desenhos
simétricos, cuja origem constitue um dos mais pal-
pitantes problemas "La Piedra de Chavin", descober-
:

ta en 1940 em Huantara, entre destroços de edifícios


Inca;, por sua vez construídos sobre as ruinas da
Tiahianaco". iG. Hurley opina que as ruinas pré-in-
cáicas de Chavin têm 2LO00 anos, sendo essa lage de
diorítt, (de 1",40 x 0,45) um dos monumentos mais
antigoí ultimamente conhecidos.
Di; o nosso autor: "Ao centro da Lage está es"
culpido um homem que lembra os que :se veem nas
pinturas murais do Egipto. Cada mão do personagem
segura un cétro tridente, ambas compreendidas num
paralelogamo repleto de hieróglificos, até então inde^
cifrados. Os pés da figura teem a forma de raizes de
árvore, e cabeça, rodeada de dez serpentes, lembra a
í.

de Medusa Em torno da figura, há serpentes, simétri-


camente gr,vadas à cabeça traz uma espécie de tiára,
;

constituída oor pequenas cabeças humanas com orna-


mentos dive sos". —
Hurley acredita que "representa
o Deus do A-nazonas e as serpentes que cercam o mo-
tivo central, imbolizam os afluentes do Rio-Mar".
O geólog) concorda em que o "planalto de Roo^
sevelt", que st estende pelos confins dos estados brasi-
leiros do Ama;onas e do Mato Grosso., esteve sempre
emerso, desde o último período glaciário. Esse plató
não é senão a continuação do planalto, de Goyaz, o
qual, com o "-ontinente de Ankara" (Sibéria) são
as duas únicas porções da superfície do globo que
72 BRASILIDADES
nunca estiveram submersas. O que a
descoberta ento-
mologica do sábio russo Bondar, do
piolho de ma-
deira 'Brasilaphis Bondaris",
que só existe nas duas
provmcias siberianas de Yakoutsk e
Irkoustk e n
planalto de Goiaz, vem confirmar.
/

Ko planalto Roosevelt abundam rochas


vulcâr^-
cas sem o menor revestimento sedimentário.
/
Os indígenas moradores nas proximidades
nar-
raram a diversos exploradores que, "em
épocas re/io-
^^tas existira ali um poderoso império
que estenlera
^^seus domínios, não somente às
tribus que habitsVam
o Brasil, como às que povoavam as
margens df Pa-
cifico". Nos restos desmoronados
de cidades p/e-his-
toricas, fôram achados objétos
de cobre, bron/e, ar-
mas, utensílios domésticos e cerâmicas.
Nos rothedos
que pendem sobre as torrentes e margeiam
as Ichoei-
ras, tem sido encontradas misteriosas inscrio5es, de-
'senhor estranhos, hieróglifos e
ideogramas, Jndâ in-
decifrados pelos cientistas.
/
Os que se arriscaram até as regiões do/altiplano
M^atogrossense, contam "haver visto
ruína/ de gran-
^^des metrópoles, com ruas ainda
nitidameiie visíveis
e restos de majestosos edifícios".
/
Marsh, chega a afirmar que "as civiliAçÕes Maia
^^e Incáica dêle se originaram,
que os pov/s que habi-
litaram o Planalto Roosevelt eram versadis em astro-
^
nomia e conheciam as constelações do/zodiaco sob
os nomes que ainda conservamos,
passado essa ter-
"minologia para os Toltecas, Maias, Fei/cios e Sumé-
res". A' essas nações que o habitaram
íbcesivamente,
a milhares e milhares de anos, devem-al os
primeiros
rudimentos da astronomia.
Diz Alex. Braghine que "os arqu^Iogos que per-
"correram o Mato Grosso descobriraii inscrições ru-
BRASILIDADES 73

"prestes em fenício, egípcio e até em língua sumér,


assim como textos em caractéres similares aos em-
"pregados em remotíssimas éras pelos cretenses". R
O. Marsh chegou à conclusão de que "Mato Grosso
"encerra vestígios duma civilisação muito anterior à
"dos fenícios e cárías".
A superfície total do planalto Goiano é calculada
em 4.000.000 de quilómetros quadrados de região des-
conhecida, na qual se supõe viverem, ainda hoje, al-
guns desses saurios gigantescos; espécies extintas no
resto do mundo há incontáveis anos !...
Onotável explorador inglês, Harold T. Wilkins,
num interessante artigo (Misteries of the lost citíes in
Brazírs "Green Hell) pergunta "se ainda existirão
"nos picos altíssimos, as massiças torres de pedra,
"construídas há mais de 30.000 anos, esparsas pela
"província de Mato Grosso e comenta :

" Quem as teria edificado ? Sem dúvida a


"mesma raça antiga que construiu as cidades mor-
"tas, encontradas e perdidas nas mesmas selvas
"onde está a encantada "meia-cidade", cuja
"outra metade parece haver sido cortada como
"num bôlo uma faca, sem deixar migalha da parte
"que falta. (? !) !

"Nessa meia cidade, a natureza deixou uma


"das suas mais nítidas impressões digitais, índí-
"cado no que submergiu dessa raça pré-histórica,
"aparentemente a maior de todas as civilisadoras
"e conquistadoras. Era, positivamente, a de maior
"poderio naval do mundo. Viveu pelo mar e o
"mar a destruiu.
"A evidência parece provar que a mesma
"convulsão vulcânica que deprimiu o terreno do
BRASILIDADES
'Mediterrâneo e submergiu a legendária Atlan-
'tis,originou a legenda do Dilúvio Universal ao
'destruir o grande império colonial da Atlântida,
'na América do Sul.
"... A remota antiguidade —
não só dos ele-
'vados cumes das Cordilheiras, dos fétidos pan-
'tanais e as intrincadas florestas do Brasil —é
'aludida pelos antigos Egípcios, Gregos e até em
'tradições da Irlanda, ainda existentes, referindo-
'se a "Hy BRAZIL".
"Apesar de concordar coma Bíblia que diz
'que todos os homens são mentirosos" é de im-
'pressionar que todas essas antigas testemunhas,
'em tantas épocas e lugares diferentes inventas-
'sem, de ângulos tão diversos, a mesma história.
'Quem não conhece o que significa, a floresta bra-
via do Mato Grosso", poderá perguntar porque,
'falando-se há muitas centenas de anos da exis-
tência de tais •cidades mortais, —
nunca se tra-
tou dumaexpedição para procurá-las... Fize-
ram-nos todavia os primeiros Conquistadores Es-
panhóis, e mais tarde os Bandeirantes Portugue-
ses, cujas armaduras eram uma defesa ideal con-
tra as saraivadas de flexas envenenadas dos ín-
dios Morcegos (ou "Olhos de Lua"). (*)

"A primeira referência a elas é feita por um


aventureiro português, no ano de 1743, num do-
cumento existente na Biblioteca Nacional do Rio
Rio de Janeiro (que o cupim destruiu em gran-
de parte) endereçado ao Governador, dizendo que
encontrara a cidade, porém, não conseguira re-
mover as rochas que lhe dependiam a entrada, e

(*) São os Índios Andirá, dos sertões de Mato Grosso.


.

BRâSILIDADES 75

"pedia ao Vice-Rei o necessário auxilio". Nesse


"documento manuscrito, lê-se o seguinte:

"Acompanhados dos índios, entrámos na


"cidade morta passando por baixo dos três
"arcos, muito altos, sendo o do meio. mais
"alto que os dos lados. No maior, haviam le-
"tras que não pudemos copiar devido à altu-
"ra em que se achavam por detrás das arca-
;

"das havia uma rua, da largura das três


"arcadas juntas, de casas muito grandes, com
"fachadas, de pedra esculpida, enegrecidas pelo
"tempo... inscrições... pareciam ter nm
"dono; algumas, com os assoalhos queimados,
"outras, com enormes lages algumas
;
com ter-
"raços abertos para a luz o dia. .

"Entramos, à tremer de medo em algu-


"mas casas, mas em nenhuma encontramos
"vestígios de mobilia nem de objétos que nos
"permitissem fazer itma idéia da gente que
"as habitou. Os interiores são tão escuros que
"nenhuma luz do dia lá entra. As abobodas
"repetiam em éco as nossas palavras e nos
"aterravam.
"Os enxames de morcegos que voaram
"nas nassas caras, faziam um ruido de assus-
"tar; tantos eram. Acima do principal pórtico
"da rua, há uma estátua em relevo, feita na
"própria pedra, núa da cintura para cima, co-
"roada de louros, representando um jovem
"imberbe com uma banda à volta, e uma es-
"pécie de corpete, aberto no peito. Por baixo
"do escudo estão uns caracteres, que o tempo
"desgastou.
76 BRASILIDADES
"Ao lado esquerdo da praça, está outro
mas os ves-
"edifício, inteiramente arruinado,
tígios indicam que foi um templo, por causa
"da su.a fachada imponente. .
., etc, etc, etc..."

Segundo continua o relato: "a maior parte


"da cidade deve ter sido destruída por algum
"terremoto. Um dos aventureiros, João Antonio,
"encontrou uma moeda de ouro —
de fórma es-
"férica e maior que a nossa moeda brasileira de
"de 6$400 réis. Dum lado tinha a figura dum
"jovem ajoelhado, do outro um arco, uma flexa
"e uma grinalda". Refere-se também a um rio fa-
zendo a volta da cidade por um lado, a lagos e
poços. Há uma cataráta, que compára ao Nia-
gara, e continua :

"A léste da cataráta encontramos vários


"subterrâneos e túneis apavorantes. Cavernas
"tão fundas que, apesar de muitas cordas, não
"encontramos o fundo. Uma das cavernas es-
"tava selada com uma lage tão pesada que
"todos os nossos homens juntos não a pude-
"ram remover. Copiamos cuidadosamente a
"inscrição".

E' curioso que essas inscrições em que há caracté-


res do alfabeto grego e árabes, se encontrèm nos alti-
planos de Mato. Grosso ! E' evidente que os aventu-
reiros não podiam inventar toda essa história, aliás
confirmada na última mensagem que Fawcett, o filho,
e o amigo (desaparecidos na floresta de Mato Grosso)
mandaram ao mundo civilisado. nestes termos :

"Existem lendas entre os índios da floresta


"do Brasil, referentes a altíssimas edificações
:

BRASILIDADES 77

"dentro da floresta, com janelas e portas de pedra,


"cujo interior, iluminado por um grande bloco
"quadrado, de cristal, sobre uma pilastra, brilha
"tanto que ofusca a vista! —Os indios teem uma
"lenda sobre "a luz que nunca se apaga". Teriam
"os antigos sul-americanos possuido um sistema
"de iluminação artificial, por meio de raios, que
"a ciência moderna desconhece ?"
Entre os índios das margens do R. Padaviry
subsiste a crença de que as aguas do dilúvio não atin-
giram o cume do Ererê onde existe uma fonte em
cujos bordos a vegetação difere absolutamente da re-
gião, composta de plantas aromáticas como as dos
campos.
Recordando-nos de que reza a tradição Bíblica
que a "arca de NOÉ parou sobre o monte Ararat
quando cessou o Dilúvio Universal", é interessante a
seguinte lenda dessa região

O Mar do Mundo.
"Na serra do Ererê todas as cousas são grandes:
as vespas, os mucuim, os beija-flores e os carrapatos.
Há agua no alto da serra. Pela beira da agua, há flo-
res.Tudo ali há tem perfume e cheira muito, porque,
antigamente, quando o mundo se acabou, as aguas
não subiram até ali".
Relativamente à própria natureza do altiplano
central, as pesquizas que veem sendo feitas por outros
cientistas, verificaram serem essas terras mais fir-
mes do globo, compostas em grande parte de monta-
nhas de ferro —itabiritos e itacolomitos, além da
absoluta ausência de formações vulcânicas em toda a
sua imensa extensão, provando ser o mais antigo cen-
tro da criação humana.
78 BRASILIDADES
Como é sabido, Heródoto (filho de Lyxès e Dryo)
o mais antigo e ilustredos exploradores, viveu no sé-
culo V AD. Em seu mapa só existem três continen-
tes: Europa, Asia e Líbia.
Entre as suas preciosas informações quanto à
plantas exquisitas, cita o "silphium" que, pelas qua-
lidades que lhe atribue e sua configuração nas antigas
moedas gregas, pode ser o "cardo nopal" (xique-xique,
ou palmatória do Diabo) abundante nos altiplanos da
América Central e Meridional e conhecido na Turquia
Asiática como "Figo do Diabo".

Refere-se o antigo turista a certos costumes es-


tranhos, quais os de algumas das nossas tribus "a liga :

como emblema da virgindade da mulher; a sonda-


"gem nos rios em busca de palhetas de ouro, feita por
"meio de grandes penas de pássaros, untadas de vis-
"go (como ainda hoje praticam os caboclos do Pará").
Descrevendo a fauna fantástica da Líbia Ociden-
Heródoto fala das "serpentes que voam", às quais
tal,
também a Bíblia se refere, não identificadas ain-
da. Os Índios Brasileiros assim se referem à cas-
cavel, por parecer voar, quando dá o bóte em linha
réta,ácima do sólo, com incrível rapidez. E a chamam
"hekakatl" (ou Vento) Nas impressionantes ruínas
.

de Cochicalco. (Perú), admiráveis relevos ornamentais


nas predes internas dos templos em ruinas represen-
tam essas serpentes aladas.

Refere-se depois ao "camelo branco da índia" que


não é senão o "huanaco" dos Andes, que na Amazónia
é conhecido por "vicunha".Por fim, fala de "formigas
que trabalham na mineração, do ouro, atirando fóra
das suas panelas os grãos que estorvam a sua cons-
trução".
,

BRASILIDADES 79

Na História do Perú, há referências a um Juan


Diniz, que enriqueceu explorando "formigueiros au-
ríferos". A maneira pela qual os naturais do país
atacav.am os formigueiros é, em tudo, semelhante ao
estratagema empregado pelos Reis de Israel, em seus
ataques de surpreza ao inimigo:

"diante do perigo de serem os violadores devora-


"dos pelas formigas calculavam a hora do^ sol
"mais ardente e levavam carros puxados por uma
"parelha de guanacos e, entre ela uma fêmea, de fi-
"Iho recem-nascido. Assim, chegado o momento
"da retirada, não havia fadiga capaz de deter os
"animais em louca disparada, forçados pela fêmea
"cujas têtas apojadas indicavam a hora da alei-
"tação do filhote".

Na Bíblia, o exército invasor utilizava-se da v.aca,


em lugar da vicunha . .
V

o RIO ARAGUAIA E O MAR VERMELHO

Não conhecendo a maravilhosa selva Brasileira,


tão cheia de sugestivo mistério, tenho de roubar algu-
mas páginas à Coudreau, que minuciosamente percor-
reu as margens do. rio-mar e o longo curso do Ara-
guaia, para descrever-lhe as belezas.

"A região é a dum perfeito paraiso terrestre.


"O uberdade que não se faz
sólo, de tão piijante
"mister cultivar as arvores frutíferas, nem cui-
"dar de pastagens, nem do gado. Tudo nasce e se
"reproduz com o mlínimo esforço possível. As
"florestas abundam em caça e os rios, em pei-
"xes de toda a espécie. Ardentes que sejam os
"raios do sol, uma brisa constante torna frescas
"as noites.
"Nessa terra privilegiada, Deus realizou a
"mais perfeita de suas criações e concedeu a seus
"habitantes os mais deslimitados dons.
"Parece que o céu e a terra se uniram, "o fito
"de esgotarem todas as suas possibilidades, nu-
"ma demonstração única de Beleza e de Harmo-
"nia. O rio —ora encachoeirado. e revolto, ora
"polida lamina espelhante a refletir uma nature-
"za ubérrima e virgem que lhe engalana as mar-
"gens; o céu —limpida turqueza; a quietude so-
BRASILIDADES
Iene do meio-dia canicular contêm algo de reli-

'gioso que impÕe respeito.


"Tudo é pasmo
e prodigio aos olhos delicia-
'dos — a enorme rubra corrente sinuosa do rio,
e
'onde arroios sem conta despejam tóros de pre-
'ciosas madeiras que deslizam, em fileiras tersas
'de procissão, levando à foz distante esses tesou-
'ros da mata inesplorada. A vegetação tropical
'das margens. A orjginalrâade da arpoação na
'pesca. A quantidade imensa de animais de toda
'a espécie que vêm beber às praias ribeirinhas; os
'incontáveis bandos de pássaros de plumagem fla-
'mejante que se cruzam nos céus... Tudo revela
'a pujança sem par da natureza nos sertões bra-
'vios !

"Areunião dos dois braços do rio Araguaia


'fórma a grande ilha do. Bananal. Não variam
'muito as características da paisagem grandes
:

'estirões de sar.anzais e campos, com frequentes


'abertas sobre a margem Paraense, mais ou me-
'nos enxarcada. Em certos pontos, as aguas das
'cheias se estendem cobrindo as raizes dos ar-
'bustos e atingindo as bases das colinas que for-
'mam o fundo da perspectiva. Ás vezes dá-se o
'contrário —é o campo, que invade o rio. Peque-
'ninas ilhas surgem, erguendo para o beijo vivifi-
'cador do sol .as caules molhadas das moitas ver-
'dejantes. E navega-se então sobre o campo inun-
'dado.

"Súbito, tolda-se o horizonte. Uma


rajada ás-
'pera precede a trovoada iminente e o ribombar
'do:strovões anuncia a tempestade. A crista das
'vagas que se erguem, inquietas, franja-se de es-
'puma branca que a luz baça da tormenta próxi-
BRASILIDADES 8S

ma irisa de curiosos reflexos auri-verdes E so-


.

bre os campos alagados, as ondas projetam-se


aos corcovos, crescendo em volume e força, pela
ressaca que as atira sobre os rebordos da bar-
reira submergida.

"O céu, é um céu de inverno; turvo, carrega-


do de nuvens sombrias. Sob a aboboda enegre-
cida o dia se faz grisio. As trevas escurecem o
sol, tornando-se mais compactas pelo contraste
das últimas claridades crepusculares que ainda
iluminam o horizonte. O vento sopra rijo. Cái
uma chuva fustigante. Os remadores, trémulos
de frio, movem com arrancos fortes as pagaias
e, desafiando com seus gritos estridentes a tro-
voada que os deve encontrar em lugar seguro,
fazem deslizar célere, a pequena igaritê.
"Cessa a chuva. O vento, acalma-se. Aquie-
tam-se as ond,as. E os remos cáem das mãos fa-
tigadas, em luta com a tempestade. Uma disten-
são se faz na atmosfera como nos nervos dos ho-
mens. Os movimentos preguiçosos do rio que se-
rena, embalam molemente a pequena canoa, sob
o céu já sem nuvens, que sorri.

"As aguas baixam lentamente. A margem es-


querda, o campo se transforma em pântano. As
tempestades, violentas e rápidas, acabam sem
transição, como principiaram. O Araguaia, nessa
'parte do. seu curso, não é mais que um rio recor-
'tado de praias e enseadas onde as rochas e as
'pedras são raras. O
leito sobre o qual corre a
'caudal, possante e tranquila, é marginado pelos
campos do "pará" e pelos charcos da Ilha do B.a-
'
nanai.
84 BRASILIDADES
"Centenas de garças dormem nos saranzais
"da margem direita. Suas formas hieráticas se
"destacam, imóveis, na folhagem verde-claro do
"horizonte onde tons levemente rosados indicam
"que vai romper a aurora. Uma névoa alaranjada
"se alonga e, além fazendo fundo, destacam-se
"pequeninas moitas, como desmedidos ramos
"brancos formados pela profusão inumerável das
"níveas garças adormecidas. E uma nesga de luz
"risca de ouro a nuança grisia das aguas plácidas
"e espelhantes do rio. E o bando de garças, em
"alegre revoada, tinge de branco, — como asa
"imensa que espalmasse entre céu e terra; acima
"do ponto em que vai nascer o astro-rei, uma
"luz opalina de tons avermelhados serve de téla
"onde as nuvens esboçam pitorescas cenas de ca-
"valos e cavaleiros de fantástica parada. Desponta
"o sol e grava nas retinas, antes de desfazê-la, a
"miragem dessa aurora maravilhosa !"

A momento de luz incandescente chamam os


esse
índios "coema guará". De "coema", despontar, e
"guará", sol e também vermelho.
Segundo a descrição, e o itinerário da Bíblia, o
Mar Vermelho não pôde ter sido o que atualmente
separa a Arábia do Egipto. Seria por demais excessi-
va a duração de 40 anos para tão curta trajetoria. E,
segundo nova descoberta científica que passamos a
estudar. —
esse caminho do. Êxodo se fez através das
selvas Brasileiras, onde o rei SALOMAO encontraria
mais tarde os materiais para a construção do Templo
e do seu Palacio Real.

As aguas "rubras" do Araguaia, cujas banzeiras


e vendavais tremendos, revolucionando o curso, inun-
BRASILIDADES 85

dando as terras adjacentes, derrocando árvores secula-


res e .afogando os viventes que não fogem a tempo...
estão de impressionante acordo com o relato bíblico,
inclusive no fenómeno da retirada das águas para a
passagem à pé enxuto !

A etimologia da palavra Araguaia, rasga novos


horizontes para investigações, de vez que "hara" si-

gnifica Mar. e "guará", Vermelho !

Os Índios chamavam "itaypaua" ("ita", pedra;


"var", rio e "páua", vasante) aos bancos de pedra que
servem de ponte às lontras e aos homens, quando a
maré está b.aixa. Entre os indios ribeirinhos persiste
antiquíssima tradição referente à certa "condução"
que em remotíssimas éras fôra tragada pelas aguas,
perecendo homens e animais da grande comitiva, sem
deixar vestígios... Quem eram ? Donde vinham e
para onde iriam ?
E' nessa encantadora zona que vivem restos pro.-
vaveis das nações ou tribus à que com frequência se
referem os textos sagrados os Javaés ou Yavahés, e
:

os Carajás ou Karayaths e que apenas pelos nomes


tribais se diferenciam.

Natureza e Homem, selvagens e primitivos am-


bos, ;são. duas forças que se completam harmoniosa-

mente. São o próprio sertão grandioso do Brasil. A


sua reserva de vida e energia inexploradas. A força
indómita da raç^, de cuja existência não cogitámos
siquer, embalados nessa indolência característica, até
que a cobiça alheia nos obrigue a valorizá-la, reco-
nhecendo então seu inestimável valor e defendendo-a,
à custa da própria vida.
Não nos podemos furtar à uma justa homenagem
,ao Dr. Getúlio Vargas, o primeiro governante do Bra-
sil que teve o patriótico desejo de conhecer de Norte
86 BRASILIDADES
a Sul, do litoral ao hinterland, toda a vastíssima re-
gião confiada à sua paternal jurisdição. De sentir a
alma da raça em toda a sua primitiva pureza e, conhe-
cendo as suas necessidades e possibilidades, zelar pa-
ternalmente pelos seus interesses, pois não no litoral
onde imperam residuos africanos, mas em plenas ma-
tas e ao longo das inúmeras caudais, vive e palpita o
Brasil de hoje — a Terra da Promissão onde impera
o espirito de fraternidade mais elevado,— a Chanaan
de após guerra.
VI

BRASIL — TERRA DE CHANAAN

N,o conhecido documento das viagens de Marco


Pólo, lê-se que "dois personagens vieram da Arábia
"ao Mar das índias, em busca das Praias do Ouro,
"onde esse metal era tão abundante que dele não fa-
ziam caso.
"Prolongando-se para o Oriente, sobre um fabu-
"loso número de ilhas, o Império das índias invadia as
"costas duma enerme peninsula, conhecida por "terra
"de Comar, ou Couar", que olhava para a Arábia, do
"lado oposto às índias... afirm.avam os dois viajantes".
Tudo quanto disse dessa "terra onde abundavam
"bachan" (ou páu Brasil), ouro, pedrarias, pássaros
"maravilhosos e vegetação nunca vista em região al-
"guma —
nos induz a pensar que se tratava da Líbia,
já separada da Africa, e que se referiam ao Norte do
Brasil.

Tanto a Bíblia, como o livro dos Árabes e a tra-


dição Incaica, aludem a um povo, civilisado e crente,
que se deixou dominar e perverter: "Uns homens vin-
dos do Oriente e por isso denominados Filhos do Sol,
subjugaram-nos, porém, abandonando mais tarde as
suas crenças elevadas, pela dos falsos deuses dos ven-
cidos".
88 BRASILIDADES
Os Egípcios adorando Râ, o Sol, como fonte de
vida, natur.almente se considerariam seus
filho.s
Os Israelitas que Moisés trouxe de lá,
conserva-
riam a mesma idéia, de vez que se
haviam tornado
idolatras.
Quanto mais aprofundamos os nossos
estudos
mais nos sentimos impressionados
pela divergências'
de opmioes, cada qual assentada em
bases tão pouco
solidas também, que nos
encorajamos à prosseguir
apesar da nossa deficiência cultural.
Os autores mais abalisados discordam às vezes
em pontos essenciais e em todos os ramos da ciência
e suas subdivisões. Prcouramos,
conscienciosamente
fundamentar o nosso pequeno ensaio no estudo
acura-
do da Bibha, o mais antigo documento
humano cuia
veracidade vamos encontrar nela, em
ordem cronoló-
gica, as relações
do povo de Israel com todos os outros.

Lê-se mais no Livro dos N-umeros


que:
— "A parte meridional da Terra de Chanaan
começará no deserto de Sin".

Conforme a narrativa bíblica dos hebreus:


"não os conduziu Deus pela terra visinha,
mas os
fez rodear pelo caminho do
deserto"
A palavra deserto, não indica exclusivamente '

mar de areia , como o de


Sahiarah, mas também
mata virgem, sertão, terra inculta e selvagem"
nem sempre mas
árida.

Lê-se no Êxodo (Cap. XIV) :

2) Dizei aos filhos de Israel, que retrocedam e se vão


acampar diante de Phihahiroth, que fica entre
;

BRASILIDADES 89

Magdal (?) e o mar, defronte de Beelsefon: vós


assentareis o <:ampo defronte deste sitio sobre o
mar.

"Chegados ao termo da peregrinação, mandou o


"Senhor que os filhos de Israel acampassem diante de
"Phihahiroth", de onde não é absurdo, no decurso de
4.000 anos, alterar-se ovocábulo para Piauí, tanto
mais que logo adiante encontramos "partindo daí,
:

"marcharam três dias para chegar a Marahá (Mara-


"nhão?) "onde Moisés operou milagres para pacificar
"o povo, já cançado das agruras da interminável via-
gem". Certo, 40 anos era um tanto excessivo tempo,
para tão curto espaço territorial, a menos que toda
,aquela imensa multidão não levasse esses anos todos
rodeando sempre o pequeno deserto da Arábia... o
que é dificil de aceitar-se !

Arius Montanus, em 1574, estabeleceu que " —


os
povoadores do Novo Mundo haviam sido os filhos de
JOUKTAN, neto de SEM e bisneto de NOÉ; sendo
que SEBA colonizara a China; JOBAB, viera estabe-
lecer-se no Oeste da América do Norte e no Perú
enquanto JOBEL teria vindo para o Brasil"; pois que,
nessa época não estariam ainda separados os conti-
nentes.

DOS FILHOS DE JAPHET


Gomera —
Vêmos que uma das ilhas Canárias tem o nome
de GOMERA.
Magog —não se encontra vestigio a não ser no pro-
féta Ezekiel (XXXVIII, 2) que diz ser "Magog
a terra de Tubal e Meshech, na Líbia".
Madai —
foi o antecessor dos Medas.
90 BRASILIDADES
Javan —
foi antecessor de Elisha, Tarshish, Kittim e
Dodanim. "E repartiram entre si "as ilhas".
Mosoch —
não encontramos referências a esse patriar-
ca, a não ser a similitude do seu nome com a da
ilha de Mozambique.
Thyras — também instalou-se na Líbia, primitivamen-
teconhecida "a região de Thyatira", por Pelopeia.
Thyrso é uma ilha da Sardenha.
21, 22) De SEM, que foi pai HE-
de todos filhos de
BER e irmão mais velho de JAPHET, nasceram
tabem diversos filhos: ELAM. AÇUR, ARFA-
XAD, LUD e HYRAM.
23) Os filhos de HYRAM for.am : US, HUL. GE-
THER e MÊS.
24, 25) ARFAXAD, porém gerou a SALÉ, do qual
nasceu HEBER. E a HEBER nasceram dois fi-
lhos; um por nome PHALEG, porque em seu
tempo sucedeu a divisão da terra e seu irmão que
se chamava JEKTAN.

O qual JEKTAN gerou a Elmodad,


26, 27, 28 e 29)
a SALEF a ASARMOTH, a JARÉ, a ABDU-
RAM, a USAL, a DECLA, a EBAL, a ABI-
MAEL, a SABA, a OPHIR, a HEVILA, a JO-
BAB. Todos estes filhos de JEKTAN.
30) O país onde eles habitaram, estendi&-se desde
Messa até SEPHAR, que é um monte da banda
do Oriente.

OS FILHOS DE SEM :

Elam, instalou-se ao Sul de Média e ao Norte do Gol-


fo Pérsico.
Açur, foi o antecessor dos Assírios.
Arfaxd, não deixou vestígios.
. ; ;

BRASILIDADES 91

Lud — (Sayce, no seu trabalho sobre as raças, diz que


"a grafia desse nome deve estar errada, sendo
impossível conjeturar-se qual fôra. Lud ou Lídia,
encontra-se numa zona da atribuída aos filhos de
Sem, ou Cham). .

Hyram, (cujo nome significa "irmão glorificado")


instalou-se em Tvre, na Fenícia.
6) Os filhos CAM fôram: CUSH, MESRAIM,
PHUT CANAAN;
e
7) Os filhos de CUSH fôram SABA, HEVILA, :

SABATHA, REGMA, SABÁTACHA e NEM-


ROD;
8) Os filhos de REGMA fôram SABA e D ADAN
9) Ora CUSH foi pai de NEMROD: este começou a
ser poderoso na terra e era um robusto caçador
diante do Senhor.
10) A cidade capital do. seu reino foi Babilónia, além
das terras de Arach, Akkad e Calane (na terra
de Senaar)
13) MESRAIM, ele gerou a LUDIM, a
quanto a
ANAMIM, a lAABIM e a NEPTHNIM, a PE-
TRUSIM e CASLUIM donde saíram os Filis-
,a

teus e os Caphtorim
15, 16, 17, 18 e 20) CANAAN gerou a CIDONIO, que
foi seu primogénito; e a HETHEU, a JEBUSEU,
a HEVEU, a AMORRHEU, a ARACEU, a SI-
N!EU, a ARAD, a SAMAREU e a AMATHEU
e depois disto se espalharam os povos dos Cana-
neus.

DOS FILHOS DE CHAM


Cush, pai de Hemrod "o robusto caçador diante do Se-
nhor" fundou a nação dos Cushitas, na Arábia. In-
ternando-se pelo continente, viveram sempre da
92 BRASILIDÂDES
caça e da pesca, nas margens dos rios. De côr cas-
tanha-avermelhada. Ocuparam os Cushitas regiões
diferentes, sendo a primeira identificada com a
de Kush, entre a Abissínia e o Egíto, e a outra à
Leste, podendo ser identificada com a que se ins-
talou nas montanhas à Noroeste da Babilónia, os
Cosséos, que sempre viveram como guerreiros
selvagens.
Mesraim, foi o antecessor dos Egípcios.
Tutho, não deixou vestigios.
Chanaan (cujo nome significa humilde, submisso),
instalou-se numa
região a Oeste do Jordão, na Pa-
lestina, segundo a opinião, corrente. Nós surge-
rimos que no Brasil, então ainda ligado ao con-
tinente africano, com Líbia Ocidental.
Chanaan (cujo nome significa humilde, submisso),
AMRAM seu marido: a AARÃM, a MOYSÉvS e
a MARIA (profetiza).

Nos Números (cap. III) :

15) Numéra os filhos de Levi pelas casas de seus pais


e famílias, todo o macho de um mês e para cima,
17) E fóram achados filhos de Levi pelos seus nomes:
GERSON e CAATH e MERARI.
Capítulo IV :

15) Depois que AARAM


e seus filhos tiverem envol-
vido,o Santuário com todos os vasos ao abalar do
campo, então entrarão os filhos de CAATH
para
levarem o que estiver embrulhado; e não tocarão
nos vasos do Santuário, para que não morram.
Estes são os cargos que os filhos de CAATH de-
vem levar do que pertence ao Tabernáculo do
concerto.
BRASILIDADBS 93

18) Não queirais perder o povo de CAATH do meio


dos Levitas.
34) . fizeram resenha dos filhos de CAATH pelas
. .

famílias e casas de seus pais, desde 30 anos e d'aí


para cima, até os 50, todos os que entraram no
serviço do Tiabernáculo de concerto: e acharam-
se 2750.
42) Fez também a resenha dos filhos de M ER ARI pe-
las famílias e casas de seu país.
44) e foram achados 3200.

Capítulo XXVI:
58) . . . mas CAATH gerou a Amram, que teve por
mulher a JOCABED, filha de LEVI, que teve de
AMRAM :seu marido; AARÃM, a MOYSÉS e a
MARIA (profetiza).

Capítulo XXXIII :

Nos Pra lipómenos VI :

1) Fôram filhos de Levi: Gerson, Caath e Mer.ari;


2) Filhos de CAATH : AMRAM, ISAAR, HE-
BRON e OZIEL.
3) Filhos de AMRAM: AARAM. MOYSÉS e MA-
RIA; filhos de AARAM: ELEAZAR, que gerou a
a PHINEAS, que gerou a ABISUÉ, que gerou a
BOCCI, que gerou a OZI, que gerou a ZARAIAS,
que gerou a MERAIOTH;
Capítulo IX :

II Como também Azarias, filho de Helcias, filho de


MOSOLAM, filho de SADOC, filho de MA-
RAIOTH, filho de AQUITOS, pontífice da casa
do Senhor.
.

PRESIDENTE DE LA
tttNniATlflNITE UNIVERSELLE B^L2*^Ci:nN1
rMIAOOfl Ot LQê «USEOS ICONCGfíAF.COS
I DE
^ "^TO OE mZAO Y ^ AIF0K80 ESPÍMOU
MiANO OARCiA 2687

VII

AS MIGRAÇÕES DO CEARA E O ÊXODO


DOS HEBREUS

O deputado Afonso Albano (do Ceará), num bri-


lhante discurso na Camara dos Deputados em 1928,
descrevendo nas migrações do Nordeste as cênas dan-
tescas dos retirantes flagelados pela sêca, e como são
miraculos.amente sustentados durante o doloroso êxo-
do, por codornas que pousam sobre a relva tostada,
ao alcance das pobres mãos mirradas —
"verdadeiros
"manás" caídos dos céus, e pelos frutos dos gigantes-
cos mundurucús" —
é como se reproduzisse o relato
Bíblico da fuga dos israelitas ante a cólera do Faraó
no Egíto. .

De homens do Nordeste, especialmente os


fato, os
do Ceará, conservam intátas várias características da
primitiva origem. Dê personalidade muito acentuada,
são sóbrios, trabalhadores, honestos, tenazes e inteli-
gentes.

Amam, ácima de tudo, a Terra de Sol onde nas-


ceram E' sublimado e nobre, o amor que conservam
!

ao torrão natal, mesmo quando, afastados vários anos.


A persistência heróica com que se defendem da terrí-
vel sêca que lhes calcina o sólo e dizima o gado, é
épica.
96 BRASILIDADES
Famintos e miseráveis, só expulsos pela fome
cruel, morrendo à mingua ao longo das estradas —
resolvem abandonar a terra "mater", que tão madras-
ta se mostra aos filhos q^ue tanto amam.
Essencialmente religioso, forte de corpo e de es-
pírito, o povo do Ceará não se submete ao triste des-
tino como à uma fatalidade cruel e inevitável. Não é
Janus, dos Gregos e Romanos, com dois rostos e duas
urnas, simbolisando a Alegria e a Dor, à que se tem
de submeter. Ao contrário, é durante a calamidade
que o flagela, que o Cearense desenvolve as qualida-
des latentes de resistência, valor e tenacidade, que
dormiriam talvez o sôno da apatia, sem o estimulo
feroz da séca, que lhe anula e destrói o trabalho agrí-
cola de anos, reduzindo-o à miséria mais negra; for-
çando-© ao abandono, do que representára trabalho,
economia e sobriedade, para tentar recomeçar a vida
em região mais amena. caso não morra pelas estra-
. .

das poeirantes e arenosas! Spencer afirma que "há


uma cousa bôa nas cousas más". E' a fibra de lutador,
quç ressalta no cearense, que não o. deixa desanimar.
E nisso também se assemelha ao povo de Israel.
Não é pois sem razão que o ilustre Enrique Rodó,
na sua "Historia do Ecuador" ensina "haver encon-
trado entre os índios, vestígios impressionantes dos
costumes do tempo de David".
Estimulados por sucessivas descobertas, é que vi-
mos, com infinito prazer, elucidando a possível origem
das nossas principais tribus aborígenes, contribuindo
assim com a nossa pedrinha sem valor, para o estudo
aprofundado dos competentes no assunto.
Mas, ei-lo resignado, olhos fitos no céu esbrazea-
do é espreita da promissora nuvem; da almejada gota
dag^a milagrosa que renovará a face da terra! Essa
BRASIL IDADES 97

abençoada chuva que, em poucas horas encherá


de água alviçareíra e cantante as cacimbas exauri-
das. Fará germinar. Crescer á vista d'olhos num mi-
lagre de vegetação estuante de força e viço, os capin-
zais comburidos pela ardência dum sol tropical e
Afric.ano, transformando em opulências de nova
Canaan, os aspétos de Desolação e Morte.
Ceará —Saharah !

Quanta similitude impressionante a confirmar a


teoria que se nos apresenta como iniludível certeza !

Similitude de nome. Similitude de .alternativas


de .abundâiTcia e sêca. Similitude de características
etnográficas e de tipos raciais! Que elemento falta ao
estranho paralelo ? — nem mesmo o fáto do jorrar
da rocha granítica a cristalina linfa á energia possan-
te dum simples gesto de admirável Fé. São Thuribio,
o I.° Bispo da America do Sul, qual novo Moysés,
movido por inspiração divina b.ate com o cajado na
pedra para restituir aos incréus, com a mesma agua
da fonte que estanca a sêde do corpo, essa outra fon-
te de vida espiritual — a Fé !

Saharaim (plural de Saharah) mar de areias


movediças, dunas do deserto, — também é vocábulo
Bíblico e não pode referír-se senão ao nome que os
colonizadores, com o correr dos tempos transforma-
ram em Ceará.

A Ilíada e a Odysséia, até pouco tidas por obras


de méra ficção,estão por tal forma abarrotadas de
detalhes ciêntífícos e geográficos, que não se pode
recusar-lhes um sério fundo de veracidade, principal-
mente depois que em recentes excavaçÕes foram en-
contradas provas de combates travados nas ruínas
de Tróia, que muitos criam lenda. No Lílvro de Tele-
98 BRASILIDADES
inaco (Capítulo VIII) lê-sc curiosa descrição duma
terra desconhecida e maravilhosa:

"A Bethica é um paiz de que se contam


"cousas tais, tão extraordinárias que é diíicil
"tê-las por verídicas. O rio Bethis (?) des-
"lisa em uma região fértil e sob um céu sem
"nuTcns. Esse paiz tomou o nome de rio
"que desagua no Grande Oceano, bastante
"próximo das colunas de Hercules (Ceuta e
"Gibraltár). E foi desse lugar que, em tem-
"pos idos o mar desmontado rompeu seus
"diques e separou a terra de Tharsis
"da Grande Africa. (!)".

Tharsis, como já observamos, é na Biblia, nome


dum varão da tribu de Benjamin.

"Esse paiz (continua o bardo historiador)


"parece haver conservado as delicias da
"Idade de Ouro. Os invernos são tépidos. E
"as rigorosas rajadas hibern,ais não sopram
"nunca. As ardências do estio são sempre
"suavisadas por brisas refrigerantes que tem-
"peram o calor canicular do meio dia.
"E assim, o ano inteiro não é mais que o
"conúbio feliz da primavera e do outono,
"que parecem estar sempre de mãos dadas.
"A terra produz cada ano recolta dupla,
"tanto nos campos como nos vales. As es-
"tradas são marginadas de louros, jasminei-
"neiros e outras arvores que jamais despem
"as folhas. As montanhas colmadas de
"rebanhos que fornecem finíssimas lãs, muito
BRASILIDADES 09

"apreciadas em todos os paizcs conhecidos.


"São inúmeras as minas de ouro e de prata
"existentes nessa bela terra, cujos habitan-
"tes, simples e felizes em sua simplicidade,
"não se dignam contar o ouro e a prata
"como riquezas, pois só valorizam o que é
"realmente necessário á vida do homem."

Onde pois se encontraria essa região paradisíaca,


senão na submergida Atlântida.. ou na parte que os
.

cataclismas impeliram de encontro ao espinhaço da


Cordilheira Andina para formar o Brasil ? Que o
lafirmem ou neguem os eruditos, apoiados em irrefu-
táveis ciêntificos, que nós nos contentamos de suge-
rir provas que nos parecem dignas de reflexão.
VIII

REMANESCENTES DAS TRIBUS DE ISRAEL


Continuando a estudar a Biblia, encontramos ha-
ver Esaú, filho de Isaac e neto de Abraham, desposa-
do duas filhas de Heth (ou Etheu), nome que em
hebraico significa "queimado". O descendente de Cha-
naan. à quem o velho patriarca comprara a caverna
da Machpelah (Gen. X), foi crefe da tribu dos
Hittites. Isaac considerou indigna, a aliança do filho
com tima descendente de Cham (ou Ham). Rebeca,
desolada com a inimisade entre Esaú e Jacob, ser-
vindo-se desse pretexto para afastar Esaú, "obteve
de Isaac que o mandasse estabelecer-se em terras dis-
tantes". Daí a partida do filho prediléto, predestina-
do à posse das "terras de Chanaan, para as bandas
do Oriente", donde seus descendentes voltariam a
ocupá-la.
A que arrojadas suposições chegaríamos, se con-
siderássemos que Couto de Magalhães, o grande
perscrutador das cousas ligadas à alma sertaneja,
após acurado? estudos e pesquizas escrupulosas, —
chegara, também ele, a uma conclusão assombrosa
para nós, porquanto estava longe de procurar a con-
• cordânci.ado imortal relato bíblico ?
Ensina o nosso autor:
"Há três grandes raças das quais descen-
"dem todas as tribus. A primeira, e mais selva-
102 BRASILIDADES
"gem na constituição física e mais grosseira nas
"qualidades morais, é a que se deu o nome de
"abaúna (côr escura) por serem todos os indi-
"víduos da côr do chocolate. Os homens e mu-
"Iheres são fortes; agigantados; de traços gros-
"seiros; cabelos duros e inteligência tão rude
"que, à alguns é impossivel ensinar à ler. São en-
"tretanto ótimos mecâinicos, patjecendo criados
"para o serviço braçal.
"Dessa raça pré-histórica se encontram ain-
"da tribus que conservam todas as característi-
"cas da nação primitiva, patenteando ausência
"de mescla de sangue, como por exemplo os
"Mundurucús, do Pará; os Guaicurús, de Mato-
" Grosso e os Chavantes, de Goiás.
"A segunda raça pré-histórica, — mais po-
"derosa e inteligente que a primeira — parece
"mestiça, porque apresenta constantes variedá-
"des na côr, embora mais se aproximando do
"branco que do preto. Nessa raça, quaisquer que
"sejam as variantes, nota-sc un^a conformação
"física mais perfeita e delicada; pés e mãos que
"fariam inveja às damas mais apuradas da ci-
"dade. Os cabelos são finos e fáceis de arranjar.
"Os homens são bem constituídos, de traços re-
"'
guiares e olhar muito vivo; as mulheres, em ge-
"ral são bonitas. Não raro se encontram indiví-'
"dos completamente brancos. Aprendem a lêr,
"escrever e falar a nossa língua com admirável
"facilidade".

Disso dão testemunho os padres Dominicanos,


no Registro do Araguaia, afirmando (como nas inte-
ressantíssimas obras do Padre M. H. Tapie) que :
BRASILIDADES 103

"Os peles-vermelhas de Goiás, do Pará e do


"Maranhão, são muito inteligentes. No dia em
"que se tornarem cristãos, a Igreja não terá fi-
"Ihos mais generosos, nem o Brasil súditos mais
"fieis...

Continua Couto de Magalhães :

"A terceira raça que tem o nome de abajú,


'
"distingue-se daquela pela estatura pequena e os
cabelos castanhos, características dos Kischú,as
"da bacia Amazônica".

Baseado na etnografia, na lingua. na religião e


nos costumes, Couto de Magalhães opina por dois
cruzamentos. Um
remoto e outro muitíssimo ante-
rior, devendo datar dos tempos pré-históricos "ha- :

vendo talvez muito mil anos que o sangue branco


cruzou-se com o da primeira índia" diz ele.
"Na raça primitiva, só se encontra um sinal des-
se cruzamento o cabelo ruivo no indio quase ne-
:

gro!..."
Não esqueçamos porém que Esaú era ruivo!
Do cruzamento menos remoto, a Biblia dá tes-
temunho, dizendo que "Moysés casou com uma etío-
pe". E quando os descendentes de Jacob vieram ter
à terra dos de Esaú, como peregrinos, esses cru-
zamentos se multiplicaram, dando lugar à diversida-
de de tipos. Naturalmente, as raças conquistadoras. —
Fenícios e Israelitas, mais inteligentes e mais civili-
s.adas, suplantaram e dominaram a autoctona.
E' interessante notar que o nome de Esaú signi-
fica — mecânico, e o de Jacob —
suplantador !

E, ainda nesse caso, concordam os estudos do


104 BRASILIDADES
grande explorador da selva Brasileira com as Sagra-
das Escrituras.
Reconhecidos pelOiS índios como gente de paz,
,amigos ou parentes, os indios consideram parentes
a todos os que falam a lingua tupi ou Yeavah-Nhenen.
Os visitantes são recebidos por todos os da taba. Con-
duzidos à maloca que lhes foi destinada, observam
escrupulosamente as leis da hospitalidade. E' uma
das características mais fortes do nativo no Brasil
que não se encontra em nenhum outro povo, à não
ser no judaico, onde o espírito de família é permanente.

Contrariamente ao que se poderia esperar de sel-


vagens, mostram-se reservados, cheios de tal digni-
dade que impõem respeito. Depois de todas as de-
monstrações de urbanidade, antes de se retirarem, o
"pagé" faz um pequeno discurso, com grandes pau-
sas, solenid.ade e sobriedade de gestos, deixando uma
impressão agradável e de mutua confiança, mesmo em
se desconhecendo-lhe a sua lingua !...

Catarina Emmerich — (a celebre visionária que


esclareceu os pontos mais obscuros dos Evangelhos
por meio de claríssimas visões, apesar de campônia
inculta, sem inteligência e analfabeta), afirma que a
Virgem M.aria e S. José descendiam ambos dessa fa-
mília espiritual de que conservou intáta a
eleitos
observância dos preceitos divinos até o nascimento
do Redentor!
Tudo quanto a vidente afirma, está de acordo
com Josephus, que relata "viverem os Essenianos re-
tirados em grupos, não longe das cidades, sendo cal-
culados em 4.000 almas, na época do nascimento de
Jesus Cristo. Depois da vinda do Messias, desapare-
ceram os Essenianos. Não se ouviu mais falar deles...
BRASIL IDADES 105

Fôram, provavelmente os primeiros cristãos da Pa-


lestina",
Não é pois impossivel que núcleos perdidos nas
brenhas da Chanaan-brasílica, esperem até hoje a Bôa-
Nova, para dar testemunho da Verdade ! Os missio-
nários notam a facilid;ade e a satisfação com, que
aceitam a doutrina cristã e recebem o batismo.
IX

AS FROTAS DE SALOMAO
E O RIO AMAZONAS

As famosas inscrições da Pedra da Gávea, estuda-


das pelo grande e erudito arqueólogo, que foi Bernar-
do Ramos, comprovam a nossa convicção da vinda à
essas paragens, das frotas judaico-fenícias.
Próximo à barra do Rio de Janeiro, aonde na co-
denominada Pedra da Gávea, ,a tradição
lossal penedia
diz haver sido esculpida um monumento a Atlas —a
montanha representa o perfil dum homem, com bar-
rete e barbas longas como os Israelitas. No decurso
de reinado do grande e sábio D. Pedro II, uma comis-
são chefiada pelo Visconde de Porto Alegre investi-
gou o fáto, já anteriormente estudado por um grupo
de geólogos norte-americanos sem nada concluírem.
Em 1932, Alfredo dosAnjos e Apolinário Frot, na-
turalistas e pesquizadores,organizando nova excursão,
examinaram meticulosamente a gigantesca escultura
e os caracteres gravados à entrada duma caverna, jun-
to à orelha, da formidável cabeça. Taufic Kurbon, em
seu. bem documentado livro sobre "Os Sírios e Liba-
neses no Brasil", dá a tradução literal dos caractéres
ali esculpidos e usados pelos fenícios "Tyre-Phenicia
:
108 BRASILIDADES
— Badezir, primogénito de Jethbaal". E' curioso sa-
ber-se que Badezir reinou na Fenícia nos anos 855 a
850 AD. ou seja há 2.792 anos.

A inscrição da Pedra da Gávea (Bernardo Ramos)

Taufic Kurbon, confirmando as hipóteses que


aventámos (em nossa primeira edição de 1929) acres-
centa que "extensas galerias se acham em comunica-
"ção com lampias salas cavadas na rocha viva". Inú-
meros sinais, símbolos, ruinas ciclópicas, encontradas
por todo o imenso território do Brasil, assim como ,a
cerâmica da ilha de Marajó (que estudos oceanográ-
ficos de absoluta precisão, afirmam fazer parte da
imensa cadeia submarina) mais confirmam a existên-
cia de remotíssimas e esquecidas civilisaçõcs, no ter-
ritório brasileiro.

Onffroy de Thoron, oficial da marinha inglesa, em


seus interessantes estudos, diz :

"A descoberta que fizemos da róta marítima


: "dos navios de Salomão e e Hyram através o
"Oceano, em relação à América Setentrional, mil
"anos antes da nossa era, é fácil de ser provada".
BRASILIDADES 109

Na primeira linha, caracteres fenícios destacados da inscrição


da Gávea, que o Prof. David J. Peres supôs serem
caracteres gregos.


A estranha cabeça fenícia esculpida em propor-
ções monumentais, no ápice do rochedo conhecido por
Pedra da Gávea, —
não admite a hipótese de méro
acaso resultante de erosões do tempo, em épocas re-
motíssimas. Mesmo que se não queira aceitar a rea-
lidade evidente da inscrição que se encontra junto à
orelha da cabeça colossal, como prova suficiente da
passagem dos hebreus e dos fenícios pelo Brasil (pos-
sivelmente ainda ligado à Líbia), um acumulo de coin-
cidências curiosíssimas (que não aceitamos) obrigaria
os nossos eruditos a um estudo aprofundado do as-
sunto.

A erosão do granito pelas aguas e pelos venda-


vais, é inadmissível por demasiado artística e inteli-
gente, esculpindo com admirável proporção, forma e
beleza, uma cabeça com todas as características dos
povos semíticos: gôrro, olho, nariz e barba longa...
poderíamos aceitar que a natureza, inconsciente, se
divertisse em gravar na orelha direita da cabeça que
resultara, caractéres fenícios, que sábias como Ber-
nardo Ramos e outros, afirmam significar, lidos da
direita para a esquerda como tod.a a escrita oriental :
110 BRASILIDADES
BADEZIR, primogénito de JETHBAL, Tyre-
Phenicia.

Esse rei, à meúdo citado na Biblia (Ethbaal,


III Reis 16: 31) viveu em época da construção do
Templo de Salomão 855 AD. ou seja há 2793
anos e teve por irmã JEZABEL, filha também
de ET BAAL, rei dos Sidonios, que havia sido sa-
cerdote dc ASTEROTH (a Vénus Fenícia), se-
gundo se lê no Dicionário da Biblia, de John Da-
vies (pg. 511).
Foi justamente nessa época que, com auxilio
das frotas dc HIRAM, rei de Tyr. o grande Rei
de Israel mandou a regiões euja situação manti-
nham em absoluto segredo, buscar o precioso ma-
terial necessário às obras grandiosas que encetara
em Jerusalém.
Como obra do acaso, parece-nos um tanto inacei-
tável. A com o seu barrete evidente-
ciclópica cabeça,
mente típico, barba onga e venerável, as cavidades or-
bitais absolutamente bem colocadas e em perfeita si-
metria formando duas cavernas profundas, o nariz
corretamente colocado tendo apenas sofrido um des-
gaste que em quase três milénios, alterou a primitiva
fórma, são provas tão irrefutáveis que só um cégo não
refutaria.
Afirmam moradores daquelas matas, juntas ao
quase inaccessivel penhasco, que existe na parte pos-
terior da cabeça de BADEZIR uma caverna misterio-
sa e profunda. Do lado do mar se distingue a grande
altura, uma linha horizontal branca demonstrando uma
camada geológica diferente, -provando o levantamento
de toda a imensa região, por comoção telúrica, em
época remotíssima. .
BRASILIDADES 111

Em
meio da mata, esparsas, encontrara-se gran-
des com caracteres desconhecidos... gravados
lages
também pelo tempo ? Recusamo-nos a crêr.
A ciclópica escultura demonstra, a nosso vêr,
duas cousas: 1.°) é prova irrefutável da importância
atribuída às nossas plagas pelos povos orientais: Sí-
rios, Israelitas e Fenícios, que pretenderam firmar di-
reito de posse a elas dei.xando a estatua dum de seus
reis, como um marco a desafiar os tempos ;
2.") a
posição à cavaleiro sobre a serra litorânea, a uma alti-
tude que se tornou depois inaccessivel é a dum farol
de pedra, visivel a grandes distancias para indicar a
rota aos infatigáveis navegantes que a ela abordavam
interativamente.
Não é porém essa. a única escultura coloss,al que
os rochedos que circundam a nossa formosissima Gua-
nabara evidencia. O penedo escarpado do Corcovado
que dista pouco da Pedra da Gávea, visto da atua! Ave-
nida Getúlio Vargas, apresenta no seu ápice, a fórma
duma cabeça de indio e. visto da Lagoa Rodrigo de
Freitas, apresenta em perfil, a fórma estatuária dum
indio e seu cocar de penas! Prosseguindo em direção
às montanhas da Gávea, bem no alto. mas em meio
das matas florestais, perfeitamente visivel a olho nú,
existe em entalhe profundo, admiravelmente gravado,
um enorme jaguar ostentando as suas longas e simé-
tricas malhas, cauda erguida, parecendo mover-se cau-
telosmente. E' a montanha da Onça da Gávea, exem-
plar artístico que lembra o escopro exímio dos gran-
des animalistas que foram os Assírios, mestres dos
Cananitas. Teria também sido erosão do tempo, des-
locamento de pedras do rochedo, ou obra do acaso ?
Que maravilhoso conhecimento de arte revelaria então
112 BRASILIDADES
possuir a natureza burilando obras primas em meio
das selvas bravias da abençoada terra de Canaan !
Anosso vêr, a Pedra da Gávea representa, de
de Badezir, Rei de Tyre, relembrando
facto, a efigie
possivelmente acontecimentos que os Fenícios pro-
curaram conservar indeléveis na memoria dos povos
que habitavam a região, como o fizeram outros da
mesmo época no Egypto. na índia, para perpetuarem
a memoria dos seus deuses e dos seus reis. Observa-
mos a profusão de monumentos megalíticos, escultu-
ras e inscrições esparsas pelo Brasil.
Existeem um rochedo de Copacabana um sulco
em forma de cruz, assim como no do Pão de Açúcar,
visível da Praia do Flamengo, e que tanto podem ser
devido a cisuras e veios graníticos, como sinais ca-
balísticos cuja significação se perdeu na noite dos
tempo:?.
"Na Serra de Pyraputanga (diz Alfredo Bran-
dão na sua História Americana) fomos informados
que nas imediações da Fazenda de S. Domingos
existia uma pedra de letreiros, e que umas léguas
áquem, no planalto do Urucum, existia no meio da
mata e muito próximo da fonte, uma lagôa, espécie
de tanque natural, em cujos bordos sobre uma lagea
friável, e granulosa, viam-se pégadas de adultos, de
crianças, de cães, de cabras e de aves".
Sinas que o autor supõem haverem sido os co- '

piados por Vojtech Erik, e citados na obra de Alfre-


do de Carvalho. Refere-se também Alfredo Brandão
a "grande número de túneis em pedras, pedras que
sòam e parecem esculpidas, letreiros em rochedos" c
outros restos de monumentos megalíticos, no munir
dípio de Cimbres (Pernambuco), idênticos aos de
Aguas Belas citados por S. Galvão.
A Pedra da Gávea vista do LEBLON
BRASIL IDADES 113

No interior do Piauí, Jacome Avelino diz haver


encontrado uma cidade petrificada dando a impres-
são de muralhas, torres e casas. No interior da Baía
existe também uma povoação abandon.ada onde se
vêem curiosíssimas inscrições petroglificas.
Sempre cotejando a Bíblia, encontramos no Cap.
XXXI da Génesis "Jacob tomou uma pedra e le-
:

vantou-a como monumento..."


Verdadeiros "menhirs", essas pedras alongadas,
verticais,encravadas no sólo, serviam (segundo Ce-
sar Cantil) para comemorar acontecimeiítos ou mar-
car sepulturas, pois junto de alguns se têm encon-
trado ossadas humanas. E' de notar-se a profusão em
que se as vêem no cimo das colinas que se estendem do
Andara! a Jacarépaguá, todas de superfície polida
pelas aguas, erguíd.as verticalmente umas, outra tom-
badas, todas encravadas no sólo, cuja situação e al-
tura só se explicam por uma súbita elevação do terre
no, em época ignota, resultante de tremendo cataclis-
ma telúrico.
Ademais, é absurdo que a maioria das inscrições
rupestres, demandando tempo e tenacidade de rude
lavor, possam ser atribuídas a méro passatempo de
homens primitivos e obras sem signífic.ação, pois em
sua maioria se encontram esculpidas nos rochedos, em
ponto de difícil accesso, mesmo quando próximo de
algum rio. Acresce que essas esculturas e entalhes se
encontram ora perto umas das outras, ora bastante
distantes, todavia com uma sílimitude de caractéres
que o simples acaso não é argumento sólido bastante.
Em exhaustivo trabalho. Silva Ramos publicou
em 1930 (dois anos depois de Brasilidades) as suas
notáveis Inscrições e Tradições da América Pré-His-
tórica.
114 BRASILIDADES
Em
seu livro Traveis (]jág. 84) Mandeville escre-
veu: Whan the Jews hadden made the Temple, come
an Earth quaking and casting down (as GOOD
wolde
and destroyed alie that they had made" (Quando os
Judeus terminaram a construção do Templo, um. terre-
moto arrazou-o (como o queria Deus) e destruiu tudo
quanto eles haviam feito) Ora, a reconstrução do
.

Templo deu-se com a volta dos Israelitas à Palestina,


por um edito de CYRUS, em 535 aD-
Depois de destruir argumentos falaciosos, o nos-
so informante afirma haver encontrado em nosso
continente, nas profundezas do seu "hinterland", os
lugares onde foram Ophir, Parvaim e Tarshich que
conservam os primitivos nomes hebraicos, em diferen-
tes localidades; enquanto os nomes dos objetos refe-
rentes aos navios desses reis, pertencem em sua maio-
ria aos idiomas dos indígenas dessas regiões, outrora
frequentadas por emissários de Hyram, fenícios e não
'hebreus.
Supõe Onffroy que "foi com receio de não m)a-
"goar suscetibilidades das nações marítimas do Medi-
"terrâneo, que o grande Shiemoh (ou Salomão) fez
"construir em Eision-Gaber (porto do Mar Verme-
"Iho) a flotilha destinada às viagens à Ophir, etc. Seu
"aliado, rei de Tyre, lhe mandava marujos experientes
"que, dobrando o Cabo Africano, se reuniam à que já
"havia deixado as águas do Mediterrâneo".
Já nos referimos às alterações gráficas dos vocá-
bulos, na própria Biblia, assim como as devidas à
transmissão oral ou influência de pronúncia estrangei-
ra. Os portugueses trocam o B pelo V; os franceses
escrevem OU
para o nosso U; os ingleses e em ge-
ral todos os europeus, não conseguem pronunciar o
AO, nem o LH assim como o* nossos indios não pro-
;
BRASIL IDADES 115

nunciam o B, nem o J (que aspiram como os espa-


nhóis), nem o F !Além de que, é inevitável a estro-
piação dos nomes, principalmente em línguas, como
a hebraica, onde as vogais não são gravadas. As
constantes alterações de grafia de nomes próprios,
mesmo em português, justificam o que acima dize-
mos. Anchieta, escreveu Y por I aspirado quando sem-
pre que pronuncia é diferente e difícil ser escrita.
E' muito comum entre os selvícolas do Brasil, a
aglutinação das sílabas, suprimindo a consoante presa
entre duas vogais; como também, acrescentando
um a, ou ua, puramente fonético, para suavizar a ex-
pressão com uma terminação mais harmoniosa. Assim
pronunciam "uauassú" por babassú; "uavara" por
"ubajara"; "luassú" por Iguassu. Portanto. "Couar",
por Cobar, donde se formaria Coar-y. nome do afluente
Amazônico.
No texto das Santas Escrituras há várias referên-
cias à Zed-Paruim como sendo a misteriosa Paruim»
de Salomão. Vimos encontrar na região do Amazonas,
Parvaim (ou Paruim) como nome dum afluente do rio
Uraricoéra, cuja significação "é aí que se encontra
ouro" esclarece, não deixando menor dúvida.
Com Parium, deu-se naturalmente a substituição doos
indígenas, do V pelo U ; note-se ademais, que "im é
desinência do plural, em hebraico.
Portanto, significa "mais de um parú". Quando
os hebreus diziam "paruim", referiam-se aos dois rios
Paru e Apu-Paru. Onffroy de Thoron acrescenta que
se referiam também a outros rios de areias auríferas
e explica a sua etimologia indígena, pois os dois rios
reúnem as suas nguas para formar o rio Ucayalí, nu-
ma zona de riquíssimos veios auríferos.
110 BRASILIDADES
Assim sendo, cada vez que os emissários dos reis
aliados vinham de Jerusalém, buscavam «empre um
garimpo inexplorado, mais a Noroeste. Porém onde
ficaria essa Jerusalém. si os enviados de Salomão se
. .

dirigiam para o Oriente ?

Ophir é modos: Aufir, Ofir


escrito de diferentes
c. emlingua quichúa é Apir. Filólogos como Huct e
Kircher, são partidários da estadia dos Egípcios na
América do Sul.
I —
Apurá, (ou Yapurá), significa —
"rio pró-
ximo a uma montanha onde abunda o ouro" (carta do
P. Fritz a Mr. de La Condamine).
O abandono de Ophir. Sua proximidade de Par-
vaim, mais tarde abandonada também as facilidades
;

de veios mais ricos, imidas à etimologia do vocábulo,


são outras tantas razões para que se possa determinar
a sua posição e as outras referidas.
Algumas Biblias, em aludindo às viagens da frota
de Salomão, escrevem no L. dos Reis: "Ophir, Apir
ou indiferentemente, Aypira", em se referindo ao lugar
donde provinham as fabulosas riquezas.
Apir,em lingua tupi significa "explorar" como
— Y —
quer dizer "rio". A diferença de grafia atri-
buída a cochilo dos copistas das Sagradas Escrituras,
c apenas (em Ingua tupi) uma flexão do verbo, que
significa "varrer, sondar".
Yar, — com
a pronúncia aspirada do espanhol, é'
monosílabo hebraico sinónimo de "agua corrente",
portanto, de rio. Essa vogal junta ao Apir da Biblia,
formaYapiryar —
o afluente do Amazonas que, devi-
do a erros de pronúncia e da grafia trazidos e deixa-
dos por visitantes estrangeiros, passou a ser escrito
Yapurú, Yapurá e mesmo Hiaporá.
:

118 BRASILIDADES
Apirú é também adjctivo tupi, significa "re-
pleto., cheio".
"par.a os indios dessas paragens, Amazonas si-
"gnifica água corrente, rio. Nunca esse vocábulo
"foi empregado no sentido que os gregos lhe atri-
"buiram".
E' por demais conhecido dos geógrafos o fenó-
meno do inesperado desaparecimento dum rio que pa-
rece desaguar dentro do seio da terra e cujo curso vai
ressurgir a grandes distâncias, às vezes com outro
nome.
Sabe-se que essas obstruções são comuns no rio
Yapurá, indo reaparecer muito mais longe. Daí a te-
rem nomes semelhantes vários rios dos Amazonas.
Ophir, (ou Soupala) —
nome da outra região mis-
teriosa, é mais um estudo interessante. Ophir nome —
bíblico, significa —
fim, termo. Segundo a Génesis
(Cap. X, V. 25) é o do filho do XI filho de loktan,
irmão de Phaleg, 34.* geração de Noé

"Nati sunt Heber (a quo Hebrei) filii duo: no-


"men
uni —
Phaleg et nomem fratris ejus Jectan;
"et Ophir, et Hevila, et Jacob: omnes filii Jectan.
, V "Ophir, hinc Indi, et verae Indorum Gentes ..."
,.
.

A Biblia refere-se à meúdo à vinda das frotas de


Salomão "as terras longínquas de além-mar em busca
d€ madeiras, ouro e pedras preciosas".
I

;
"C. 8; V. 18: E o rei Hyram (Ayrâm) là man
"dou, por seus vassalos, náus e marinheiros prá-
" ticos do mar;
"E foram estes, com a gente de Salomão, a
"Ophir, e de lá trouxeram ao rei de Israel 450 ta-
"lentos de ouro".
BRASILIDADES llô

I^os capítulos IX e X dos Paralipómenos, está


escrito :

"x\ gente de Salomão e do rei Hyram que


"trouxeram ouro de Ophir, trouxeram também
"madeira de algum e pedras preciosas. E a frota
"de Hyram que trouxe ouro de Ophir, trouxe
"também grande quantidade de madeira almug e
"pedras preciosas".
O vocábulo "Algum" (no texto hebraico "al-
gumim") é formado do hebraico "ala" —
madeira, e
do quichúa "gumu" — curvo, flexível, convexo. Por-
tanto, madeira flexível, empregada na construção dos
arcos e da aboboda do Templo.
O vocábulo "almug" pode ser composto de "ala"
— madeira e do quichúa "mucki", perufmado. A Bíblia
diz que "as colunas do Templo foram feitas de madei-
ras rescendentes". O .sábio filólogo Max Muller, diz
que um dos nomes do sândalo (em sanskrito), é
"valgula". Se, como afirmam Fidel Lopez e Brasseur
de Bourbourg, a língua quichúa é aparentada com o
sanskrito, esses nomes seriam inteiramente quichúas,
pois formariam : Al (bom) e Gumu (flexível) jun- —
co, liana, bambú;"Al mucki", madeira resinosa.
O padre Simão de Vasconcelos afirma que "Ophir
(a Supara dos Arianos e dos Semitas, ao Oriente das
possessões Assírias) está situada no Brasil, na zona
Ocidental que os antigos chamavam tórrida. Começa
exatamente no seti centro, se dirige para o Trópico do
Capricórnio, do lado Norte e se volta para a parte
;

Oriental dós reinos do Congo e d'Angola, banhada pe-


las águas do Oceano !

"Começa junto do rio das Amazonas (ou Grão-


Pará) na terra que chamam —
dos Caribás (era—
sanskrito Abyras, ou Cabyras), se estende pelo Oeste
120 BRASILIDADES
do Vicent Pinzon, para terminar noutro grande
rio de
rio Prâtha, formando assim as duas faces dum imensa
triângulo, cujo terceiro lado está no tiinterland. Os
dois rios, Amazonas e Prâtha, o alfa e o omega dessa
costa, duas maravilhas da natureza, são as chaves de

ouro e de prata quê encerram as terras Brasílicas. As


duas faixas de cristal liquido que o limitam, entre a
"região da Aurora", (a Asia) e a "Amero-ghaia" (país
da separação) . Os dois imensos rios formam um semi-
círculo de 15CX) léguas, enlaçando toda a circunferên-
cia desta terra Brasileira.

As inscrições que reproduzimos, encontradas em


rochas à margem do Urubu (Amazonas) e tradu-
rio
zidas por Bernardo Ramos, são tuna invocação ao deus
Fenício, ao qual imploram feliz êxito da empresa a
que vinham :

,
"Oh! Fio da Vida (Destino).., que projeta
BRASILIDADES 121

"ao longe sua sombra... afim de... ser forte...


"esquadra — rumor do vento e do combate".
(Liv. II dos P^aralipomenos).

Mais além ainda na Biblia, lê-se :

"E os servos de Hyram com os de Salomão,


"trouxeram também ouro de Ophir e madeiras de
"tomilho e pedras de sumo preço;
"Das quais madeiras, isto é, das madeiras de
"tomilho, fez o Rei os deg-ráus da Casa do Senhor
"e do palácio real e os psalterios dos músicos, e
"as cítaras nunca se viram, na terra de Judá, ma-
;

"deiras semelhantes.
"Porque as frotas do Rei iam de 3 em 3 anos,
"com a gente do Rei Hyram a Tharsis; e traziam
"de lá ouro, prata e marfim, bugios e pavões".

Tara significa "espiga" e chicha, a folha cor ouro e


refulgente da "sterculia" !
Os Índios amazoneneses, como os quichúas, de-
nominam —
chichyi ao garimpo de ouro em palhetas.
Portanto, não nos parece descabido pretendermos que
a Tharsis da Biblia seja a de Homero, e se refira aos
diversos garimpos dos rios do Alto Amazonas.
Dizendo que "vai a Tarschich" o quichúa de hoje,
como o de antanho, indica que "vai colher ouro meú-
do no leito dum rio".
Tharsis (ou Tarschich) — é nome dum chefe da
tribu de Benjamim e significa — contemplação da ale-
gria !

Que tenha
sido dado o seu nome à terra fertilissi-
ma, ou que haja dirigido uma dessas incursões tri-
anuais e a tenha descober, o caso é que esse nome
passou, mais tarde, a designar "colheita de ouro".
122 BRASILIDADES
"Tarschich" passou a indicar o lugar onde se en-
contra "abundância de ouro meúdo". O vocábulo, em
Quichúa se decompõe em Tari : —
descobri e Chichyi
— ouro em grão, ou melhor: novo garimpo.

No Livro dos Reis, V. 22, C. X, lê-se:

"Por mar envi.a para Shlemoh uma flotilha de


"Tarschich (porque não ouro em grãos?), trazen-
"do com a flotilha de Hyram, ouro, prata, mar-
"fim, macacos e pavões (?)".
Esses pavões, inexistentes nessas paragens, não
poderiam ser os nosso lindos guarás ?

Os hebreus chamaram — "kap" — aos macacos


levados para Jerusalém.
Substantivando o verbo "kap" (agarrar). E'
curioso que na bacia do Amazonas exista um rio Ka-
pim, ou dos Macacos.
O texto das Biblias hebraicas chama "tukym", e
no plural "tukuim" às aves de plumagens garridas que
daqui levavam. E' por sua vez curioso, que os indios
chamem "tukym" aos homens soberbos e vaidosos,
dando-lhes a acepção do pavão, que os simboliza.

Há uma série de coincidências estranhas, no iti-


nerário que rumariam::

"Seguiam as terras marginais do rio Beni


"Bean (nome duma tribu de Israel que se separou
"por idolatra, e foi mais tarde dominada pelos
"Macchabeus).
,Vamos encontrar esse itinerário ao longo do rio
Amazonas, desde Ayram (?) nas bocas do rio Jahú
BRASILIDADES 123

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124 BRASILIDADES
(Jéhú, na Biblia) até Parvaim, na bacia do rioUr-ari-
quéra (em tupi: "O grande rio de Ur), sem esquecer
que Abrahão nasceu na cidade de Ur, na Chaldeia.

Inscrição na Caatinga de Mato Grosso


Acuriosa inscrição em Mato-Grosso cuja decifra-
ção não foi feita, parece indicar uma róta.
Em seu admirável trabalho "Na Planicie Amazo-,
nica,_ Raymundo de Morais escreve:

"Os gregos, referindo-se às Amazonas guer-


'reirasda Cappadocia, asseguravam que elas vi-
'viam nas margens do Thermodon, e queima-
'vam o seio direito para mais facilmente maneja-
'rem o larco e a flecha, donde lhes proveio o nome
'que significa "sem seio".
Fig. 22.— Urna anthropomorpha da caverna de Maracá.
Pará — F. Penna. Bstylo archaico. Arte primitiva. Peça
n.° 5.445, da col. do Museu Nacional. Reprodução autorizada
pelo Prof. Roquette Pinto. Diretor do Museu.
Fig. 23 — Vaso de cobre exhumado das ruínas do Palácio de
Salomão em Jerusalém
BRASILIDADES 125

Ternos em nosso folkclore a interessante lenda


que vai além das afirmações da geografia e da historia.

"São as mulheres conhecidas por "icamia-


bas" (sem maridos), que viviam próximo ao lago
"Nhamundá".
O grande estudioso das cousas e gentes Amazo-
nenses, afirma não ter nunca ouvido alusão alguma
a essa tribu de mulheres guerreiras,
Marco Polo pôs em dúvida a veracidade dos rela-
tos Árabes "por não achar possível a deslimitada ex-
tensão que atribuíam ao continente em cujo interior
se encontrava o principado de Tophec" Mas é deveras
impressionante que esse vocábulo, mesmo com a gra-
fia levemente alterada, se encontre numa região às
margens do rio Couar, e em pleno Amazonas !

Hamath — Zo — Bar.
Ama — Zo — Nas.
Não nos parece absurda nem forçada, a leve al-
teração gráfica, principalmente em se atendendo ao
fáto de não possuírem os indígenas nenhum meio de
fazê-la, a não ser verbalmente.
Porém nos parece concludente o vocábulo Ama-
zonas ser formado por três vocábulos hebraicos :

Ama —
"aguas grandes"; Saah —
"assombrosas"; e
Cona (ou Çanu) —
"revoltas".
E' que melhor nome poderia ter o nosso formidá-
vel e imponente Rio Mar ?

Diz ainda o Livro Santo que em épocas de


guerra, havendo perigo para as suas caravanas,
o Rei deu-lhes outro rumo, que ia ter à terra
'
de Mat-Gog.
120 BRASILIDADES
Esse roteiro, secreto naturalmente, devia ser
feito por algum longo desfiladeiro cavado no
gra-
nito das serras, tendo agua encanada
e respira-
douros no alto das montanhas. E' sabido
que tais
desfiladeiros, que ainda hoje servem
de refugio
as raças decadentes, foram descobertos
em Mato-
Grosso, no Piauí e em outros pontos da
America
Meridional.
Assim SC explica a palavra do Rei de Israel,
sem
trair o seu segredo:
Construí jardins fechados; e fiz aquedu-
tos para a minha utilidade".

Kiriath-Yarim, significa em hebraico —


"lugar
das aguas fechadas por montanhas" —
lembra com —
a troca das sílabas habitual nos
índios (com um pou-
co de boa vontade, é certo) —
Icarai. Curiá ou Kuriá
eo nome tupi duma espécie de palide pequenino.

Yuar-y e o nome do Rio


Juá. Kiriath-Yarim é
o nome do lugar onde ficou detida
a Arca da Aliança
em casa de Obed-om (Óbidos?). Se existe
nessa região'
uma montanha de nome Ererê, como
não se pensar
em Ararat ?
X
os CARIAS E OS TUPÍS — GUARANÍS
Velhas tradições relatam que, milhares de anos
antes d,a nossa éra, os KÁRIAS constituíam um es-
tado governado por um mago caldeu, cujo nome era
cercado de mistérios, e do qual sabe-se apenas que
contava de três palavras tabm, cujas iniciais eram
K.A.R.
"O termo KAR, formado das três letras, foi
empregado para designar, não só o rei mago, como o
seu povo, e suas tribus foram denominadas Kárias.
A oi"igem caldaica de Kar, faz supor certa conexão
com a Suméria (diz A. Braghine)". Houve uma épo-
ca em que a Fenícia (país dos Carús) fazia parte des-
se império, na verdadeira idade de ouro da história
da humanidade.
Devido à sua ligação com os Fenícios, teve gran-
de influência no continente Sul-Americano notada-
;

mente no Brasil.
KAR instituiu o culto do Senhor do Universo,
que não tinha outra denominação a não ser a pala-
vra cabalística PAN, formada pelas três iniciais do
apelido do Ser Supremo. Curioso é notar-se que o
YEOVAH, dos Israelitas, também não é mais que a
reunião das cinco vogais, para designar o "Nome
que não deve ser pronunciado"! Mais nome
tarde, o
Pan passou a designar o deus da natureza, inspirador
da sua força creadora. E como tal ingressou ng. mi-
128 BRASILIDADES
tologia Grega. PAN era, às vezes, designado TU-
PAN, o que (segundo Varnhagen) significa, nos
idiomas Cário, Fenício e Pelásgico "O divino
: —
Pan".
O prefixo — TU — significa também "piedoso
sacrifício".
Pela decifração de numerosos petróglifos, pou-
de-se constatar que a tribu civilisada dos Chibchas
(da Colômbia), descende dos Caraíbas, do mar da*
Antilhas; tese que Miguel Triana sustenta pela se-
melhança antropométrica entre os crânios dos anti-
gos túmulos dc F.acatativa (Colômbia) e os dos Caraí-
bas, c a descoberta de uma múmia, em Guatavita
(Colômbia).

Figuras gravadas e pintadas à tinta vermelha no


Morro
do letreiro —
Ceará.

Tanto na América Central como na do Sul ,são


inúmeros, os termos geográficos e etnográficos, onde
se encontra o prefixo Kar, ou Car. Além das tribus :

Caripuna, Cariú, Karayá, ou Carajá, Caraúna, etc.


Em Venezuela, a capital é Caracas. No Brasil
Setentrional, uma série de localidades possuem esse
BRASILIDADES 129

prefixo: Caaracas, Carú, Cariri, Caraíba, Carioca, Ca-


rova, Acaraí, Icaraí e tantos outros...
Caraíba, (na opinião de Scwenhangen) é "terra
dos Cárias".
Segundo uma tradição dos habitantes das Anti-
lhas, "existia há milhares de anos, uma ilha desse no-
"me onde, após catástrofe terrificante, sete tribus Ká-
''rias vieram estabelecer-se. Essas populações deno-
"minavam-se "Caris", mas os seus piágas mudaram
"esse nome para o de "Tupis", ordenando-lhes que o
"usassem, por significar "filhos de TU-PAN", o Ser
.

"Todo Poderoso que governa o mundo"... e os ca-


taclismas.
A divindade cária "Tu-Pan" é venerada pela
maior parte das tribus Sul-Americanas, particular-
mente efttre os Guaranis, do Paragua^. Os Tupis sus-
tentam que TUPAN ensinara- aos seus antepassados
a agricultura e o uso do fogo. Os povos do antigo
Império Peruano representavam Tupan, exatamente
como os gregos o deus "Pan"; o "Tupan" Incáico
também era figurado como barbicha e pés de bódes.
O culto de "Kera" (ou Cibele) surgiu na América do
Sul, com o de "Tupan", seu filho. O nome de "Kéra"
era empregado por toda a parte, como o "da mãi de
Kar".
Quando os primeiros misisiosnáriof; portugueses
aportaram ao Brasil, os. padres Manoel da Nóbrega
e Anchieta perguntaram aos indígenas, "qual o nome
nome do país", e a resposta foi: "Tupan Kere tan".
E' a terra de Kera, mãe de Tupan".
O padre José Guevara transmite-nos duas vagas
tradições Paraguaias sobre o Dilúvio. Na primeira,
o herói da epopeia é Tumé-Arandá; na segunda, Ta-
mandaré. Este, assim como suas irmãs Guarassiava
BRASILIDADES

Esse sinais parecem indicar uma rota a seguir


BRASILIDADES 131

c Tupinambá. era filho cJum grande profeta, "Rupa-


va", que com seus dois irmãos Carivá, sobreviveram
ao dilúvio e desposaram .as duas irmãs de Tamanda-
ré. "Guarassiava" foi a mãi dos Guaranis; e "Tupi-
nambá", a dos Tupis, demonstrando a união existen-
te de início, entre as nações Tupi e Guarani.

Muito antes da éra cristã, a Ilha Caraiba foi por


sua vez tragada pelas águas. O folclore indígena faz
menção dessa segunda catástrofe. Os tupis sobrevi-
ventes, emigraram para o continente e, desembar-
cando no litoral, fundaram a cidade de Caracas.

Pedra da Gameleira —Serrote do S. Francisco —



Quixadá (Ceará)

Séculos mais tarde, ousados navegantes vindos


dum país longínquo «ituado para os lados do oeste,
chegaram à Venezuela e, pouco à pouco, a popula-
ção tupi foi-se transportando para o Brasil. Parece
132 BRASILIDADES
certo que os tupis tomaram pé na Ilha de Marajó, no
estuário do Amazonas.
O nome dessa ilha, inicialmente articulado Ma-
raió,ou Maraioh, foi mais tarde pelos portug-uêses
transformado em Marajó.
Maraioth, nome dum chefe da tribu de Levi, da 7.'
geração de Aaram e de Mo.3'sés, é a nossa ilha Mara-
jó,mbará-yó —
tirada do mar (terra) e tem na Biblia
a sua grafia exata, os espanhóis pronunciam como os
nossos Índios, o J aspirado! Há nesse ilha lagoum
Arari, cujo nome é o dum chefe guerreiro Israelita e
também o duma tribu de selvícolas brasileiros, donde
saiu o celebreArarigboia, (Martim Afonso de Souza.
1." donatário), cujo nome, em Tupi,
significa "cobra
feroz".
Varnhagemjulga que as palavras "Mara-Ion",
em idioma Cário, significariam —
Grande Rio, —
O nome duma localidade da ilha "Carú-Taperú", re-
lembra a influência dos Cárias. Para corroborar essa
opinião, há as ruinas ciclópicas pré-históricas, que al-
guns sábios consideram Carianas, outros Etruscas,
de acordo com as inscrições e a cerâmica encontra-
das lá.
Varnhagen afirma que os tupí.s ainda conservam
lendas relativas" às suscessivas migrações dos seus
antepassados. Alguns grupos de Tupis, tanto no Bra-
sil como na Venezuela, mtitulam-se vaidosamente
Tupinambás ou " "verdadeiros Tupis".
O folclore dos Guaranis refere-se também a Tu-
pinambá, filha de Rupava, —
o Grande Antepassado.
A tribu "Tupinambá" cujo nome significa
"Avós", conserva noções de astronomia. Tucidides,
chamado CAR ou :Mago-CaIdeu", ao fundador do Im-
BRASILIDADES 133

pério Cariano, concorda em que tinha conhecimentos


da ciência, pois é sabido que os Caldeus eram astró-
logos e astrónomos notáveis.
A religião dos Tupis surgiu ao norte do Brasil
milhares de anos antes da nossa éra, coincidindo tal-
vez com as primeiras expedições do? Carias ou dos
Fenícios.
A tribu tupi conhecida sob a denominação de
Guêges, dá ao seu próprio idioma, o nome de "nhe-
hen gatú" (lingua boa, universal).
No estado do Piauí existem numerosos vestígios
Fenícios, especialmente na "pirâmide de Morvão", de
construção pré-histórica espécie de necrópole, cons-
;

truída pelos Fenícios. Os Guêges viviam no Piauí, e


falavam a mesma lingua dos Guêges da Albânia, fáto
estranho e inexplicável, devido à enorme distância
que separa as duas tribus. que o Prof. Shwenhagen
julga derivadas duma raiz Pelasgo-Cária.
Alex. Braghine acredita que a para "Karú"
designou, em remota antiguidade, a região donde saí-
ram, não somente os Carias e os Fenícios, mas tam-
bém çertas tribus indígenas da América do Sul. Onf-
froy de Thoron opina que, não somente os Egípcios,
porém os Pel.asgos, procediam da América e da Atlân-
tida. Era crença, entre os Pelasgos do Peloponesso- e
e de Creta, que "sua religião e seus deuses lhes ha-
viam sido transmitidos por uma raça misteriosa que
habitava um continente muito afastado para o Oeste!"
Só poderia ser a América, ou a Atlântida.
Os sábios brasileiros .pensam que Tutoia, locali-
dade nas margens do rio Parnaíba, deve ser Toor-
Troia, nome alterado pela dificuldade que acham os
indígenas brasileiros na pronúncia do som vocal R.
Além de que, "toor" em Fenício, «significa "praça
134 6RASILIDADES
forte, capital". Nas ruinas de Tutoia encontram-se
restos do que deveria ter sido baluarte, ou fortale-
za. (!)

"Na montanha Ibitirussú, no? arredores de


''Vila-Rica, existe uma galeria subterrânea, in-
"teriormente ornada de ideogramas. Na gruta
^^de Teiucára (Caverna do Dragão), à margem
''do alto Paraná, podem ver-sc sinais análogos
''aos hieróglifos Egípcios, os quais por sua vez
''se parecem com os de certas inscrições de Maias
1'^ °^ misteriosos ideogramas das urnas fu-
''neárias Paraguaias. No lariçuar fôram desco-
"bertas, sob um montículo, pedras cobertas de
"inscrições semelhantes aos antigos hieróglifos
Egípcios e aos enigmáticos -textos encontrados
"nas selvas do "Amazonas", diz R. Colman.

As causas da degenerescência ulterior das tribus


indígenas, consitúem um problema ainda longe de
ser jesolvido, a não ser que se admita que a dissemi-
nação em pequenos grupos em meio das selvas bra-
vias os tenha feito involuir.
Que catástrofe poderia ter aniquilado a civilisa-
ção de nações em tão adiantado grau de cultura: ca-
taclismas telúricos, pestes ?
:

XI

índios karayás ou carajás

o nome de Kariah, frequentemente repetido nas


Sagradas Escrituras,é o dum chefe de trihu qnc
o passou aos seus descendentes, e significa "praça
forte, cidadela fechada", sendo muita vez emprega-
do para designar "lugares vedados". Assim. Kariah-
Sepher (recinto das letras) era o. local especial des-
tinado aos religiosos e à guarda das crónicas e me-
mórias escritas Kariah-Thiarim (cidade das árvores)
;

é o Jardim Fechado (ou floresta) e Kariah-yar, o lu-


;

gar onde as aguas são rodeadas por montanhas, como


a nossa formosa baía de Guanabara.
Se nem todos podemos ser contados entre dou-
tos e eruditos, a nenhum é permitido quedar-se indi-
ferente, quando os nossos patrícios, os "verdadeiros
donos" da maravilhosa terra que habitamos, conti-
numa pobres e necessitados, carecendo de tudo, em
meio dessa pletóra de magnificências que os estran-
geiros especulam.
Aguardam a hora da misericórdia, esperando
sempre no Senhor, à quem elevam a mais comovedora
e sublime das preces, ao despontar do dia
"O' Sol! Nós te adoramos; mas se não és o
"verdadeiro Deus, nós adoramos Aquele que te
fez!..."
13fi
BRASILIDADES
Nas
regiões Amazônicas e na Ilha
do Bananal
/ vivem ^os índios Javaés e Caraiahs,
restos possíveis
/ de nações e tribus a que se referem
os textos sagra-
\ dos, e apenas pelos nomes se
diferenciam.
V De todas as hordas e tribus esparsas
pelo nosso
território, são as mais simpáticas e as que
recebem
as luzes da civilisação como quem recorda velha e
esquecida lição.
Em pleno
estado de primitivismo, são, no
entan-
to, mdustnosos. Vivem despreocupados
e alegres co-
mo crianças sem malícia. Cantam.
Assobiam durante
as suas ligeiras ocupações.
Não se apressam nunca.
laJvez guardem no subconciente
a idéia bíblica de
que^^ o trabalho foi dado ao
Ho.mem como um cas-
tJgo e como não o merecem...
,
Ou isentirão que a
pressa sendo inimiga da
perfeição e a perfeição sen-
do inatingível... não adianta
apressarem-se ?
A evidente preocupação de embelezar-se, empres-
t<a ao selvgem um aspecto horrivel.
ainda quando
,a natureza o dotou
de traços regulares e mesmo be-
los. Pintando o corpo
com suco de urucúm, toma
o colorido dum "Pele Vermelha",
conquanto o tom
da sua epiderme seja o siena claro, como
se observa
nas mulheres e crianças. O Karayá pinta
as orbitas
de negro, o rosto de vermelho, e,
no torso, braços ,

e pernas, desenha grandes e


vistosos círculos bran-
cos.
Enfeita de penas, os tornozelos, os pulsos,
a
tanga e os elegantes cocáres de penas multicores, es-
pecialmente quando se prepara para as grandes
so-
lenidades, religiosas ou guerreiras. Nbs outros dias,
"munido de arco e flexa e vestido
apeuas dum raio
de sol" (na linda alegoria do Pe. Tapie) — o Índio
BRASILIDADES 137

das margens do Tocantins e do Araguaia tem por


completa a sua indumentária.
O Karayá, nadando como peixe, não se arreceia
das piranhas nem dos jacarés. Exímio atirador, é lin-
do espetáculo vê-lo, esbelto e agil, de pé na pequeni-
na ubá que bamboleia como casca de noz à mercê da
corrente, lançar certeira seta entre os olhos dos cai-
mans; arpoar cora inexcedivel perícia, o terrivel pi-
raructi... ou, deitado sobre a terra morena e quente,
flexar a garça em pleno vôo !

A índole demasiado maleável do indio, à quem


-OS Missionários são concordes em atribuir as melho-
res qualidades de coração e de carater, peca todavia
por exagerado mimetismo; porisso, a civilisação leigfa
lhes é prejudicial As tendências materialistas dos que
lhes dão por mpdêlos atuam profundamente sobre o
seu espírito. a moral cristã, vivida com pureza e
altruísmo, é capaz de servir-lhe de exemplo aprovei-
tável.
Voltemos porém ao que à respeito nos conta He-
ródoto, o Pai da História, referindo-se aos "etíopes"
da Africa Ocidental :

"Na parte qne olha para o Mar Austral, en-


"contram-se etíopes nómades que pintam o cor-
"po de vermelho e não de preto, como os da
"Africa São homens de boa aparência, itiófa-
"gos e vivem muito.
"Como os espiões dê Camby ses lhes per-
"guntassem a razão da sua longevidade, a presen-
"taram-lhe como fonte juventa as águas dum
"lago onde frequk>ntemente se banhavam.
"Em troca d(y%> presentes do rei Persa, o che-
fie dessa tribu estranha, enviou-lhe o seu arco e
138 BRASILIDADES
"a sua flexa, dizendo que "só quando os seus ho-
"mens fossem bastante fortes para manejá-lo com
"a facilidade, com que ele o fazia, aceitaria a
luta".
Ainda dos Carajás (ou Karayás). diz o g-eneral
Rondon numa entrevista à "Noite": "... vivem no
"lado ocidental, ao longo do Araguaia, constituindo
"uma tribu mansa de indios praieiros. São magnífi-
"cos, mergulhadores e canoeiros e extraem da pesca
"os elementos para a sua nutrição. Na época sêca vi-
"vem nas praias do rio e. quando este enche e se avo-
"luma, transferem-se para as suas barracas.
"Apezar da influência dos civilisados, mantêfn
"os Carajás até hoe, a integridade da família. N'isso
"eles são rigorosos.
"Afirma-se até que já existiu entre eles em tem-
"pos recuados, uma espécie de "Ordem dos Cavalei-
"ros", da qual faziam parte os aficiãos da tribu, à qual
"era confiada, na ausência dos maridos que iam guer-
"rear. a tarefa de velar pela pureza das mulheres.
"Assim, numa época primitiva, já os Carajás nos da-
vam lições duma perfeita organisação social. O que
"impressiona naqueles sertões é a constatação da mo-
"ralidade dos C.arajás.
"Para a caça de aves. deitam-se no sólo e frexam
as aves empleno vôo com inexcedivel perícia".
Os Padres Dominicanos que, nas terras de Goiás
se dedicavam à civilisação dos indígenas, em seu
relatório ao Ministro da Agricultura, referiram-se à
"descoberta de certas águas radio-ativas e fortemen-
te sulfurosas que, segundo os naturais do lugar,
curam toda a sorte de moléstia, inclusive a lepra".
ABíblia, no descrever a Terra de Chanaan, diz
que "em suas águas, os sãos encontrariam vigor e os
BRASILIDADES 139

enfermos, saúde". De fáto. por todo o nosso imenso


território, abundam águas de poderes curativos ma-
ravilhosos.
Porque razão teria Heródoto apelidado de etío-
pes a esses selvagens... se não tinham relações, nem
afinidades nenhumas eom os habitantes da Etiópia ?
As tribus dos Javaés e dos Carajás das margens do
Araguaia usam como enfeite, simbólico talvez, duas
circunferências queimadas nas faces. Ora, o vocábulo
"etíope" é grego, formado de Eit (queimar) e Ops
(rosto, face). Os indios das duas tribus de que nos
ocupamos, gravam esses discos nas faces.
Diante de toda a tribu, o pai cjueima solenemen-
te com oseu cachimbo de côco, em brasa, —
as faces
do filho varão! Com a ponta da própria flexa, aviva a
queimadura, para que o sangue escorra. E aplica-lhe
o suco de genipapo, para torná-la azulada e indelével.

Lê-se nas profecias de Nehemias que "Deus,


mostrando-lhe emvisão as sucessivas prevaricações
"do Popo de Israel, fê-lo ver "com um sinal carim-
"bado na fronte àqueles que se conservariam puros,
"em meio da iniquidade geral". Que relação teria,
com esses estigmas que os Javaés e Karayás adota-
ram. e para eles significam "o olho do Senhor e o olho
da conciência?"
Heródoto, relata, minuciosamente, certos hábi-
tos e costumes que vimos encontrar ainda, entre as
mesmas tribus a liga de embira dos jovens de am-
:

bos os sexos, como emblema de virgindade a sonda- ;

gem e garimpo das águas fluviais, por meio de lon-


gas penas de pássaros, untadas de visgo, para a co-
lheita das esquírolas e pepitas de ouro. prática ain-
da hoje em uso entre os índios do Pará !
140 BRASILIDADES
As pragas que caíam sobre o Egipto, especial-
mente as nuvens de gafanhotos, também surgem em
determinadas épocas no Brasil, são densas e espessas
que interceptam inteiramente a luz do sol. Quando
pousam sobre os campos, não deixam sobre eles uma
folha siquer. Tudo devoram, em segundos, antes de
levantarem voo para outras paragens. As crianças
correm a apanhá-las e comem-nas torradas...
Devido à adc^ração dos deuses estrangeiros pelas
tribns de Israel, entre os quais o culto a Astarod, dos
Fenícios, (a Astarté dos gregos), não é de estranhar
que, em algumas tribus nossas se encontrem vestí-
gios dele, transportado à Ruda e acompanhado de me-
lopéias que, segundo a Biblia lamentavam ostensivos
a morte de Adónis.
Uma das cousas que maior indignação causava
ao Profetas, era o costume das mulheres hebréas.
"adotando a religião dos povos das Ilhas" sentarem-
se nos degráus da porta do Templo, para chorarem
a morte do deus do Amor. —
Ora, as virgens selví-
colas, em certas épocas da lua, sentam-se à soleira das
suas ócas e clamam, em tom dolente:

'Rudá! Rudá! Yuáka pinaié,


"Amana reçaiçií... Aiueté cunhã
"Puxiuéra oikó, ne mumanuára ce recê
"Ouahá caarúca pupê !

(Ruda! Ruda! que resides no firmamento !

Fazeicom que ele... por mais mulheres que tenha...


Ache a todas feias e se lembre de mim
A' tarde, quando o sol se esconder no ocidente!)
XII

índios boróros ou coroados

D s Índi os Borórov outrora nómades, vivem nos

sertÕes"3^o*Xestè'e Norte de Mato-Grosso. Sua fisio-


nomia é pouco expressiva devido ao costume e depi-
lar as pestanas e as sobrancelhas e de achatar o nariz.
Sua inteligência é viva. Cabelos abundantes e es-
que os homens trazem compridos, até aos
correitos,
ombros. Esbeltos, elegantes de formas, por vezes de
estatura acima da normal; membros robustos e rija
musculatura, são grandes andarilhos e de notável re-
sistência à fadiga.
Para constituir família, o homem solicita a jo-
vem e faz um presente à futura sogra. A cerimónia
nupcial é presidida por um "Bary" (sacerdote) e tem
a assistência das famílias e amigos. E' interessante a
cerimonia na qual o.s noivos se deitam sobre uma es-
teira, enquanto o "bary" agita o maracá sobre as
suas cabeças. São fieis, porém a velhice e a feialda-
de são motivos para divorcio.
Adoram o sol sob nome de Tarú (Taré, é o nome
do pai de Abraham, que viveu em UR, da Chaldeia),
Observe-se quantos nomes de rios dessa região
começam por Ur...
A' hora do "coema-piranga" (do' despontar da au-
rora) o "bary" acompanhado dos guerreiros da tribu
çntôam um hino ao som do^"babo":
143 BRASILIDADES
"O sol nasceu.
O sol se escondeu.
Tenho saudades do sol !"

Executam então dansas religiosas, antigo costume


Israelita :

"E tendo entrado a Arca do Senhor na ci-


"dade de David, Micol, filha de Saul, olhando de
"uma janela, viu o rei bailando e saltando dian-
"te do Senhor;
"E lá no seu coração o teve em pouca conta.
"E David lhe replicou: Diante do Senhor que me
"escolheu, prcferindo-me à teu pais e à toda a tua
"casa, não só bailarei, mas também me farei mais
"vil do que me tenho feito, e serei humilde em
"meus olhos.
"Por este motivo, Micol, filha de Saul, não
"teve filhos até o dia de sua morte". (L. dos —
Reis, Capítulo VI).
A extinção da prole foi sempre tida por sinal de
maldição, mesmo entre os selvagens.

Os Boróros conservam vestígios duam civilisa-


ção superior no fato de separarem em habitações
próprias os jovens de cada sexo, até o período da pu-
berdade, (como faziam os Hebreus), educando separa-
damente as virgens e os levitas que cresciam sob a
guarda das velhas e dos sacerdotes. Quem pôde as-
verar que não sejam elementos des tribus de Israel
que, perdida a noção da origem ancestral, vivem sel-
vagens, mas com grande pureza, nos sertões bravios
<3o Amazonas e nas margens caudalosas do Araguaia?
XIII

^ índios JAVAÉ^^

O no-me Javaé, do Rio no Amazonas e cia tribu


indígena, é uma alteração do JEOVÁ (YEOHÁ, ou
YAVEH), o Deus de Israel, pois o V e o U
são a
mesma cousa, assim como o J dos indígenas é antes
vogal aspirada, que uma consoante.
Segundo um missionário inglês protestante, os
índios Yavahés (ou Javahés), que raras vezes sáem
da Ilha do Bananal, em nada se diferenciam fisica-
mente dos Karayás (ou Carajás) parecendo descen-
der ambas, pela pureza dos seus costumes e certo ce
rimonial religioso, remanescentes duma raça sacer-
dotal de levitas. Evidentemente, são os guardas da
tradição, talvez ministros dum culto perdido...
Em um espécie de maloca de fórma circular, um
pouco afastada do aldeiamento, vivem os anciãos e as
matronas da tribu exercendo determinada influên-
cia sobre a sua gente. A eles são entregues tim qui-
nhão sobre tudo quanto entra na povoação; sejam
produtos de caça, da pesca, da colheita, ou da guerra.
E' a observação da Lei dos Dízimos e das Primícias
conservada em toda a sua pureza através dos séculos
e da involução da sua primitiva civilisação.
Nenhum povo conserva a obrigatoriedade dessa
espécie de imposto que o Senhor, justo e misericor-
144 BRASILIDADES
dioso, impôs ao Seu povo. em favor da viuva e do
órfão, como propiciação e penitência !

Mão é essa, a única revelação ds selvas Brasi-


leiras.

A' certa distância da habitação dos anciãos, exis-


te outra maloca com todas as características dum se-
minário E' uma espécie de internato onde vivem,
!

— separados dos homens, crianças e mulheres, os —


adolescentes, dos doze aos dezoito anos, época em
que são declarados núbeis. Como os Nazarenos, usam
os cabelos repartidos ao meio. Sáem sempre incor-
porados, tocando a inúbia (ou o jurip.arí) quer para
os exercícios corporais, a caça ou a pesca, quer para
banharem-se nos rios. Os anciãos da tribu são incum-
bidos de os adestrarem em todas essas artes e conhe-
cimentos essenciais.
Esses Javaés (ou mais corretamente Yehovaé
— Povo de Deus) conservam as características dos
primitivos Essenianos, —
os místicos — , seguindo a
etimologia da palavra que. em Siríaco e em Hebraico,
significa piedade, silencio. Como eles.
observam a
mais pura moralidade e a castidade perfeita, até to-
marem mulher, aos dezoito anos instalando então a
;

sua •desposada no recinto do povoado. Verdadeira


tnbu de eleitos, conservaram puros os seus costu-
mes, mesmo cercados pela corrupção. Aliás, não exis-
te entre os nossos Índios, por
selvacfens que seiam as
tribns mais ferozes e gftierreiras,
costumes deprava-
dos. Podem ser canibais e vingativos, mas seu único
pecado é a embriaguês.
XIV

1 índios apapocuvas

Emprincípios do .século XTX, esta naoão selví-


coki do grupo Tupí-Guaraní iniciou longa migração
em procura da "Terra sem mal" a que se referiam
suas tradições "onde o mel escorre em abundância
:

e as frutas nascem espontaneamente" exatiamente o


qut reza a Biblia em relação à Chanaan, —
a Terra da
da Prom.issão. Refere-se a tradição a um Diluvio algo
deturpada, em grande número de tribus Brasileiras.

"N:HANDEREÇU .resolvera rfesíruir o


"mundo provocando um grande incêndio. Infor-
"mado disso, o pagê GUIRAPATI dirigiu-se com
"toda sua família para o mar. Ao chegar às praias
"do Atlântico fez constuir uma "tacana" onde
"passaram todo o tempo em cantos e dansas re-
cuo compasso marcava o ritmo sagrado
"ligiosas,
"batendo com massetes no chão.
"Quando a morte tornou-se inevitável por-
"que o mar ameaçava invadir a terra para extin-
"guir o incêndio que lastrava nas matas, a "ta-
"cana" se elevou milagrosamente e, transpondo
"do as portas do céu, foi estacionar junto da
"oca" de NHANDEÇY —
a Mãe Grande,
14C BRASILIDADES
"O pagê continuou a viver nessa região pa-
"radisiaca,situada na "Terra Sem Mal" onde
"corre o mel em abundância e as frutas nascem
"espontaneamente".

Como os Israelitas, cantam e dansam em todas


as suas cerimónias religiosas, certos de que os movi-
mentos ritmados, unidos a cantos obedecendo a um
ritual sagrado, podem angariar bôas graças do
as
"Ente Supremo e a proteção dos antepassados. Quan-
os sonhos, premonições ou qualquer fenómeno insó-
lito lhes pareça prognosticar a repetição do cataclis-
ma. procuram afastá-lo por meio de prolongadas abs-
tinência que fazem parte das festividades propiató-
rias. São evidentes reminiscências de costumes do
povo de Israel, esparsos pelas nossas selvas.
XV

índios xerentes

Essa tribu, descedente do grande ramo da nação


Tapuia que, desde remotíssimas e ignoradas épocas
vive nas margens do rio Tocantins, divide-se em 2
ramos cujos costumes isão análogos aos dos Israeli-
tas: a dos SI PTÁTO, que pinta no rosto uma figura
em fórma de colchete, e a dos SI DÁ CRAN, consi-
derada a mais antiga, cuja pintura facial é um disco,
vermelho ou branco, orlado do preto, feito de terra
avermelhada com suco de genipapo e de urucum. Es-
sas marcas servem para diferençá-las para os efeitos
de cruzamentos.
E' tradiçção. entre os Xerentes que as suas tribus
descendem de dois irmãos. O mais velho disse que "de-
"vi.am estabelecer uma lei para que a descendência de
"ambos pudesse formar uma raça forte, evitando a de-
"generescência causada pelas relações incestuosas".
Resolveram que os descendentes de cada um usaria
um no rosto, e formariam dois grupos
sinal indelével
diversos. Um jovem, quando pretendesse tomar mu-
lher, deveria sempre procurá-la no outro clan sendo ;

formalmente proibido o casamento entre jovens da


mesma tribu. Na primeira geração, naturalmente, os
casam'entos foram entre primos consanguíneos, o que
não foi permitido depois.
148 BRASILIDADES
O "pagê" incumbido das marcações, hereditá-
rio no cargo, exerce sobre os indios grande influência.
O operador duma tribu é sempre escolhido na outra
tribu. Respeitado pelas duas facções Xerentes, seus
conselhos são sempre atendidos. E' na sua taba que
são guardados as armas e petrechos de guerra. Ser-
vindo de mediador entre os homens da facção em que
exerce as suas funções, quando há qualquer rixa, in-
tervém para separá-los. Em sua presença todas as
armas se abaixam. Todas as lutas cessam.
A"cri-ten-coá" (cerimónia nupcial), precedida
dum simulácro de rapto, é interessantíssima; os casa-
menteiros preparam-se para raptar o noivo no "oá-
ran" (espécie de comunidade em que vivem todos os
jovens da tribu que atingem à puberdade), devendo
guardar sobre o projéto o maior sigilo, pois si um
"ach-ton" (educando da comunidade) desconfia, pre-
vine imediatamente o indigitado, que fóge, a escon-
der-se nas selvas. O rapto é efetuado antes do alvo-
recer. O
noivo, levado à força para o mato, é en-
feitado com as penas mais bonitas e seu corpo pinta-
do de cores garridas. Nesse Ínterim, a futura despo-
sada é conduzida pelas mulheres do seu clan à taba
préviamente construída, diante da dos pais. O noivo
é trazido aos empurrões, pelos casamenteiros. Vem.
com os braços erguidos acima fia cabeça, segurando o
arco e a flexa em posição horizontal. Ao chegar dian-
te duma das portas da sua futura residência, as duas
madrinhas que ficaram à sua espera, tomam-lhe das
mãomãos as armas, ])ara que possa entrar na taba
pacificamente. Seguido pelos casamenteiros (ou pa-
drinhos), o noivo, dobrando a perna direita, coloca-
se ao lado da noiva. Em seguida, sái pela porta
fronteira, onde lhe é retirado o "sip-sá" (cinturão em-
.

BRASILIDADES 149

blema da sua virgindade). Novamente reconduzido à


floresta, recebe dos padrinhos os, conselhos para o
novo estado, enquanto na taba. as madrinhas ensinam
à noiva do seu clan, os deveres matrimoniais.

As mais criam os meninos até a idade de ingres-


sar no "oá-ran" e as meninas, até casar. Antes do
menino deixar definitivamente o lar, !sua família cons-
trói diante da sua o "ksú", (rancho de fórma cóni-
ca) ao centro do qual acendem uma fogueira com rê-
res suspensas em volta, onde os meninos passam a
dormir sós, para desacostumarem-se .aos poucos, da
convivência dos pais. E, em atingindo a idade púbe-
re, passam a viver e serem educados na "oá-ran" cen-
tral do aldeiamento.
As meninas, enquanto virgens, trazem ata-
da ao joelho, a "sip-sá" simbólica e são conside-
deradas "puras"; porém, quando se desmandam, são
obrigadas a retirar a jarrateira de embira, e pas-
sam a ser conhecidas pelo epiteto de "deu-bá", ou
"perdidas". Os jovens, também obrigados a guardar
castidade, são severamente vigiados pelos homens do
seu clan que os adestram no manejo das armas. Nos
vários exercícios manuais que aprendem dos compa-
nheiros veteranos, revelam grande habilidade. Quan-
do algum rapaz quebra a sua "sip-sá", passa a morar
novamente com os pais, sendo tido por "ai meu man"
(homem sem pudor)
Frei Rafael de Tuggia escreve: "Religião, é para
"os Xerentes um nome sem sentido. Crêem no entan-
"to em uma vida futura, teem culto original pelos
"seus mortos: — uma lembrança melancólica segui-
"da por muitos dias de pranto. —
Depois de vários
"dias de jejum rigoroso, enfraquecidos, chamam os
"mortos por meio de cantigas dolentes e julgam-se
ISO BRASILIDADES
"transportados ao Sol, ou à Lua, onde
conversam
com eles". O pranto e o jejum, são
impressionantes
vestígios de costumes Israelitas,
assim como o res-
peito a castidade, que raramente
se encontraem ou-
tros povos que se dizem civilisados.
XVI

índios macuxis e kishúas ou yakushis

Como é sabido, os indios MACUXIS (que He-


ródoto chamou de MAXYES, os ingleses conhecem
por N^cochees e os espanhóis çor Nãcuchis) ocupam
a zona limítrofe do Brasil com a Venezuela e a Guia-
na Inglesa.
E' fóra de duvidas que essa raça, oriunda do
Thibet, passou às Índias, às Ilhas Malásia e d.aí ao
Perú, onde ainda hoje, os remanescentes dessa nação
falam a mesma lingua "CHUMI" dos "coolies" Ma-
laios. Note-se ainda que o Larousse refere-se aos "an-
"tiquís,simos templos de riqueza imensa, dum povo
"denominado YAKOUCHIT que, depois de sucessi-
"vas guerras, passou do Thibet às índias, onde cons-
"truiram templos magníficos".
E' curioso observar-se ainda que "só no Brasi] e
nas ilhas Malaias" se encontra o "tapir", animal ru-
minante considerado como da época glaciaria. A
única diferença entre o Tapir Sul Ameríndio e o
Mal^ío é que o ultimo tem sobre o ventre uma faixa
inteiramente branca.
De acordo com as crónicas do Perví, sincroniza-
das com as narrações bíblicas, são esses Macuxis "res-
"tos duma raça ímpia que os Hebreus encontraram na
"na Terra de Chanaan e rechassaram para o norte".,.
.

152
BRASILIDADES
Os índios Kishúas atribuem a
destruição das suas
cid,ades maravilhosas e da própria dinastia "à
não ra-
verem os seus reis atendido aos
conselhos do enviado
de Deus, de que se haviam
afastado, pelo desregra-
mento dos seus costumes e a adoração
a deuses es-
triangeiros !"

O nome de TUXÁUA que os Makuxis dão ao


seu cheíe, — e e o dum antigo rei destronado, — c
evidentemente .a corrupção do
vocábulo chinês Icha-
ua que designa uma velha dinastia,
,
cujo imperante
acumulava o privilégio de Sumo
Sacerdote.
Parece-nos que os dois vocábulos
Kishúa e Ya-
kushi, tem a mesma origem
e a mesma significação
por quanto são usados entre
os índios, indiferentemen-
te, o prefixo va e
o sufixo uá, não sendo
absurdo uma
sinonímia entre eles. Temos à
nosso favor o vocábulo
aua, da língua Tupi, significando
"homem" e com a
necessária aglutinação, formando
Kishu-ua, tão certa
na sua etimologia como" na origem
histórica.
Depois,
do Livro dos Números
_ (Estatísticas),
vemos que o Senhor, apresentando
a herança de seu
povo para que MOSCHÉ (Moysés)
a distribuísse no-
meia entre outras "regiões onde
há muitíssimo ouro-
Paran e Tophec", que não podem
ser outras senão
as do Iara, Amazonas e Perú,
onde se encontram vá-
rios nos com a denominação,
pará, parú e apuparú,
vocábulos que significam, literalmente
abundância :

de ouro • .

N!o "Variorum aíds to Bible Students" que se


publica em Londres há mais de 30 anos, com subsí-
dios enviados de toda a parte
e em todos os idiomas,
para acrescentar-se em cada nova
edição o fruto das
BRASILIDADES 153

desquizas de minuciosos comentadores, deparamos a


seguinte informação :

— Na lista da indumentária Babiloniana, le-

se o vocábulo "sindhu", indicando "cambraia de


algodão". —
Essa palavra é formada de SIN
(índia) e HIÚ (vegetal).
Tanto, em como em Hebraico, a significa-
Tupi,
ção de "hiú" é a mesma O próprio termo "indu-
mentária" não terá aí a sua etimologia ? Os nossos
aborigenes dão á qualquer vestimenta o nome de
"mndhua", talvez deturpaçção da mesma.
Que a Terra de Chanaan (para nós Líbia Oci-
dental) confinava com ilhais que em remotíssimas
éras. devido a cataclismas pavorosos formaram o
Chaco, o exame dos Livros Santos esclarece possíveis
dúvidas.
No livro Juizes (Bíblia), há referências a um cer-
"gou os Israelitas nos primeiros anos da sua entrada
"na Terra de Chanaan, devido a não haverem os he-
"breus exterminado os donos do rio Kishon".
Ora, o rio Kishon entra pelo tei^itório do Acre !

O "Livro de Josué" refere-se a uns habitantes da


beira-mar, nas terras de Tapuiá, nome que as Bíblias
gregas traduzem por Kishon. Dos habitantes da re-
gião, dizem o mesmo que contam os Keishúas sobre
antiga história do Peru !

Tappuah é vocábulo hebraico e significa "esha-


lações agrestes". E' certamente a esse perigo das flo-
restas densas, que os selvicolas aludem, quando que-
rem explicar por que razão evitam viver dentro das
matas, preferindo as margens dos grandes caudais.
Portanto, de Kishon fazer Tapuia não é absurdo que à
primeira vista pode parecer. A' Terra de Chanaan de-
154
BRASILIDADES

não fora,„ s6 escnâ


e,n HellX et^^^^onr
1„hÍ ^•^''P^'^- ilustrações", t„ e

para o B.,ish M„.,e„.


clois^^^ro™
Diz a Biblia :

no ZtZ!ZV;J'''' ^í^^hen),

Ora, existe
ainda no Perú. uma
nome (que significa "queimado") cidade com esse
mana evidentemente parte De raça Ip u
preponderante dos ^upos
étnicos encontrados nas
selvas brasílicas) L
han de St. F jt
Clavie, naturalista notável, consadera-a
'"^P^^'^-^ o
M?xico"Et'-'"'
t.ado como conquistadores,
chamaram à região Paer-
An (entrada imperial) que,
pronunciado sem a sobrie-
dade de articulação própria
dos indígenas sul-.almerín-
tiios, nao fica
muito longe de PERÚ !

^''^^'"^ ^ t^-^JiÇâo auri-


culp;^i'°T''^'"''' '

' P'^^ curiosíssima narrati-


^
ía das -
Viagens'7'
v''' '
e^f
de Soleyman
-^em que Marco Polo se recusava Abenzeid Nassan"
e
a crêr... por miHfi-

Por sua vez, o explorador inglês


Blake assevera.
S^-^^í'- haver en-
contr^d^''' !
contrado incontestáveis restos da passagem do
judais-
mo por entre nossos selvícolas.
XVII

S. SUMÉ (THOMÉ) APOSTOLO DAS ÍNDIAS


A inculta visionária alemã Catharina Emmerich,
em suas interessantissimas revelações elucidatorias so-
bre a Biblia, em se referindo ao Apostolo S. Thomé,
único que não se achava presente quando a Virgem
Maria morreu, chegando à Epheso quando já cessára
de existir. Diz dêle:

"Era dc pequena estatura e tinha cabelos côr


"de cobre.
"Eu vi como chegou a ele o anjo que chamou
"a todos os Apóstolos para assistir à morte da
"Mãe do Divino Verbo.
"Ele não vivia em cidade, mas numa cabana
"de palha. O lugar em. que se achava era arenoso
"e estéril. Junto às colinas haviam chopanas fei-
"tas de galhos e cobertas de folhas, onde mora-
"vam homens. A terra só produzia plantas exqui-
"sitas que eu nunca vi...

"Vi depois o Apostolo no mar, sobre uma pe-


"quena embarcação e acompanhado por um ser-
"vidor de granda simplicidade. Depois, atravessou
"o continente, sem estar em cidade alguma".
Eis como Catharina Emmerich, cujas visões ex-
traordinárias preencheram várias lacunas existentes
no Novo Testamento em relação a fatos e a localida-
156 BRASILIDADES
des, descreve o companheiro do Apostolo. Note-se que
a pobre aldeã analfabeta, jamais saíra de Suelmen
(Westhphalia), nem vira gente de outras nacionali-
dades.

"... tinha um aspecto singular, olhos peque-


"nos, nariz largo, faces de maçãs saliente e pele
"mais escura que os do seu país. Simples como
"um menino, era ignorante e franzino; fazia tudo
"quanto lhe ordenava. Onde o deixavam, aí ficava
"até que o chamassem. Ria-se para todos e olha-
" va atentamente para tudo quanto lhe mostravam.

"Se Thomé chorava, ele chorava tambme. Quan-


"do de volta à sua missão, o Apostolo construiu
"uma capela. Carregava grandes pesos, enormes
"pedras.
"Este Índio nunca abandon'ou S. Thomé. Mais
"tarde ele deixou de ser o que era para ser um
"outro... "palavras que ela mesma não sabia o
"que significavam. A seguir, a vidente descreve
"com precisão as palmeiras "de cujas fibras fa-
"ziam tapetes"; os cardos, cujos "espinhos ser-
"viam para fabricar uma espécie de renda intei-
"ramente desconhecida"; o algodão que "levavam
"em rama a vender em, longínquas terras".

Essa narrativa do "Paiz dos Magos" é de grande


valor geográfico pois tanto na índia, como no Perú e
nas furnas da Serra do Aquidauana (Mato-Grosso),
for.am encontrados os mais perfeitos trabalhos de en-
genharia para a irrigação artificial, inteiramente diver-
sos dos destinados à cultura do algodão e dos trigais.
No Rio Grande do Sul mostra-se como autentica
a pedra do túmulo de S. Sêpê — o índio que acompa-
.

BRASILIDADES 157

nhou o Apostolo em suas missões —


e que mais tarde,
"quando S. Thomé partiu para evangelizar á índia,
deixou em seu lugar e foi martirisado"
Por volta de 550, apontaram os indios da Baía
ao P. Manoel da Nóbrega uma pegada impressa numa
rocha existente, contando-lhe terem ouvido dos seus
antepassados que "era a dum homem santo que por
"ali andara ensinando-lhes o cultivo da terra. Chama-
"va-se ZOMÉ (Thomé?). Desconteutando-se, os in-
"dios como ele resolveram matá-lo a flechadas, mas
"sem o ferir, as flechas voltavam matando os seus pró-
"Iprios atiradores. Zomé retirou-se dali, declarando
"que voltaria e imprimiu a sua pégadíi na rocha como
"sinal da promessa feita".
Impressão idêntica se encontra na entrada da gru-
ta de seu nome, em Minas Gerais.
O erudito jesuíta Vasconcelos, (diz Hermeto Lima
no seu artigo de 3 de maio de 1932, do " Jornal do Bra-
sil) argumenta que "Zomé é corruptéla de "Thomé, e

"que esse não pode ser outro senão o apostolo de Je-


"sus, que disse aos seus discípulos: —
"Ide poro todo
"o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas".
"Cumprindo a missão de que estava incumbido, o
"povo encontra marcas do seu cajado até em Mato
"Grosso, onde existem desenhados num rochedo, os
"instrumentos da Paixão. Atravessando o Brasil (con-
tinua o articulista) o aSnto chegou ao Perú, onde ura
"dia o vulcão Arequipa lançou intáátos a capa e as
"sandálias que o santo usava. Essa lenda ouvida pelo
"Padre >|obrega, demonstra que os selvicolos encon-
" trados por Cabral tinham um vago conhecimento de
"que, em épocas anteriores o Brasil foi habitado por
"um povo desaparecido, como bem o demonstram as
"inscrições existentes em vários pontos de Minas Ge-
158
BRASILIDADES
"rais. Ceará.
Baía c finalmente as margens
pura no Alto Amazonas,
do rio ía-
superior em seus hábitos e
artes a seus sucessores,
se bem que inferior aos po-

"rce^trii :'&o'?^
Voltando a Anna Catharina
Emmerich, durante
os longos anos em que
permaneceu paralitica. ditava
em estado de êxtase, cenas que
se desenrolavam dianie
"""'^ """^ formidável filme retrospe-
ctivo repetmdo-as
ctivo, r.'n° í
com perfeita clareza,
como se haviam passado em várias os fatos -
épocas da vida hu-
mana, desde seu berço pré-histórico.
Sérias pesquizas
feitas apos a le.tura dessas
notas taquigrafadas. des-
contando-se a diferença dos calendários,
estão em tudo
concordes em datas, cronologia
e fatos
Referindo-se a São Sumé (ou
Thomé), fala em
narrativa dara. descreve-os
m.n?/
mente _e \
as terras
fisica-
em que viviam. "O mais opulento
deles viviam mima terra que ficavam entre dois
iira de cor
mares
morena, mas não preta".

u
"O segundo rei, viera da índia num tempo
em que a Amenca Meridional
em fausto e civilização. Era
rivalizava com ela
de côr amarela c
juntou-se ao primeiro quando
e.ste cheeou às
ruínas duma grande cidade.

^
"O
terceiro, que seguia com
eles. morava per-
to do rei que se achava na
cidade em ruínas
T.ahuanacu ?) quando a eles
se reuniu. Esse
lugar se chamava Media
(terra do Meridiano)
Regressando da sua adoração
ao
um deles morreu. Os dois outros Divino Infante
foram mais tar
ae matizados pelo apostolo
Thomé",
BRASILIDADES 159

Várias lendas sul-ameríndias chegaram até nós


por tradição; algumas realmente impressionantes, pela
analogia com os relatos biblicos:
"Vieram do Ocidente três irmãos que reina-
"ram longos anos em "Chicben-Itza (México.
"Itzoals). Eram muito virtuosos, e construíram
templos que ainda existem.
"A principio governaram sábiamente. Viviam
"em perfeita harmonia e conheciam todos os as-
"tros.
"Mas um deles tendo partido subitamente
"para longa viagem à terras desconhecidas, nunca
"mais voltou. Os dois que ficaram começaram a
"disputar entre si e a viver de maneira tão ver-
"gonhosa que o próprio poA^o. indignado, truci-
"dou-os. Depois disso, a cidade em que viviam foi
"abandonada".
Os jesuítas encontraram nos sertões de Guayra.
no Paraná uma lenda referente, à um personagem mis-
terioso — um carahyba — de grande poder que, em
eras longínquas, praticara extraordinárias façanhas,
cujo relato ainda se mantinha por tradição auricular.
A* principio não lhe deram maior importância, mas
observando que diversas tribus. arguidas de per si.
narravam com pequenas alterações os mesmos fatos,
chegaram à conclusão de Thomé. o Apóstolo, viera
em sua missão evangelizadora até às margens do rio
Paraná, entre o Paranapanema e o Iguassu.
Vindo do lado do Atlântico, atravessara o Tibagy
cm seu curso médio. Galgára a serra de Aípucarana.
Vadeára o rio Tvahy (Yaveh-y) e, enveredando pelo
Piquir}-, prosseguira por caminhos desconhecidos.
Asseguram os selvicolas que "o trajéto do Cara-
hyba ficou indelevelmente assinalado por milagrosa
estrgda de oito palmos, que se ia abrindo a sua pasça-
.

160 BRASILIDADES
gem". Asseveram que essa estra^la sul)sistiu por cen-
tenas de anos.
Em vários mapas antigos aclia-se delineada uma
estrada com a denominação de Estrada de S. Sumé,
por onde se fazia, no século Ví, o percurso de S. Vi-
cente ao Paraguay !

Washington Luis, o maior conhecedor das nossas


velhas rótas, afirma que os indios dcnominavam-na
.

Peabirú, ou Piabivú. Ora Peabim pode ser bem coi-


ruptéla de "pia-bari" —
snccrdote pequeno con- —
cordando pois com a descrição de Catharina Emme-
rich, quanto à estatura do apostolo.

Como já dissemos, os indios não teem dicção cla-


ra, mal se lhes diferencia o som A do E, além de não
destacarem nitidamente as silabas, .parecendo confun-
dir as vogais. Bari ^ —
sacerdote —
é Bari, em JMato
Mato Grosso. Piá, quer dizer "pequeno, delicado".
Piadidi, é o nome tupy do beija-flor. Piá-bari, pode
bem ter sido o nome dado à estrada pela qual o viram
desaparecer. ,

No do Maranhão, próximo a Gurupy. en-


litoral
contra-se o rio Maracá-Sumé, ou seja "o chocalho de
Sumé", recordando a passagem do caraiba vindo de
ignotas paragens e para elas voltando misteriosamente.

Contam os indios dessa região que o "carayba"


pregava a moral, falava-lhcs em DEUS. Profetizava
Fazia milagres e ensinaya cousas úteis . .

Referia-se a um Dilúvio. Recomendava que não


tivessem mais de uma mulher.
Predizia que outros homens, brancos como ele,
viriam para modificar-lhes os costumes e guiá-los na
prática do bem. Anunciou a construção duma vila na
foz do Pirapó. Ensinou-lhes o uso do fogo; das raizçs
Pégada humana em ta-
manho natural encontra-
da numa lage à entrada
da Gruta de S. Tomé
em Minas Gerais
BRASILIDADES 161

alimentícias e da "caé" (a herva-mate), cujo poder


mortífero exterminou, tostando-a no fogo com as suas
próprias mãos. Fez enterrar grande número de indios
na margem esquerda do rio Ivany, motivo que deu
àquela região o nome de "cemitério de Pai Zomé".
Em uma lage de pedra do vale do Piquirí deixou im-
pressas as plantas dos pés, no local em que costuma-
va fazer as suas prédicas.
Quando o Apóstolo das índias foi condenado à
morte, predisse :

"Outro apóstolo há de vir, quando o mar chegar


ao lugar em que eu morrer".

E' curioso que Camões cante nos Lusíadas :

"Aqui a cidade foi, que se chamava


"Meliapor, fermosa, grande e rica.
"Que os Ídolos antigos adorava
"Como índa agora o faz a gente inica.
"Londe do mar naquele tempo estava
"Quando a fé que no mundo se pubrica,
"Thomé vinha pregando, e já passára,
"Províncias mil do mundo, que ensinára!"

Também estranho, é que São Thomé, que foi sem-


pre cognominado "Apóstolo", não tenha deixado vestí-
gio de sua passagem pela Arábia, Pérsia, índia ou
China ! Por onde teria então andado ?!

— "E' que veiu primeiro à Terra de Chanaan, que


tiríha várias denominações por não um só país, nem
umia só nação.
O reino de Xerxes "(o Ashaverus das Escrituras)
"começava na Etiópia e terminava nas índias. A ter-
162 BRASILIDADES
"ra Cornar (ou Couar) que produzia o "ibirápitan-
cie

"ga" (páu Brasil), olhava para a Arábia pelo lado do


"Oriente e defrontava, pelo Ocidente, com inumerá-
."
"vel multidão de ilhas. .

Marco Polo afirma haver encontrado na Tndia,


"etíopes, que se diziam hebreus, e tinham dois olhos
"gravados nas faces (?!! como os Karayás), c outros
"que se diziam cristãos, trazendo além desses sinais,
"o "tau" na testa". Essa letra (T) representativa do
nome de Deus, tem a forma do ornato usado no báculo
dos Bispos da Igreja primitiva.
Portanto, não errou Colombo dando aos selva-
gens Ameríndios o nome de índios, por havê-los en-
contrado nas paragens para as quais procurou o ro-
teiro. .se não o de Hiram e Salomão.
. .certamente
. .

o dos Fenícios e do Apóstolo S. Thomé.


Voltando às curiosas visões de Catharina Emme-
rich, diz ela :

"A Sagrada Família também veiu a este país


"quando, fugindo à matança de Herodes, foi ex-
"pulsa do Egíto onde, à sua entrada, caíram por
"terra os ídolos. Sem saber a direção a tomar,
"perderam-se no deserto (Líbia-Brasil ?) onde
"Nossa Senhora aprendeu a fazer uma renda com
"páusinhos com uma bola na ponta (?)

Na sua absoluta ignorância, a vidente não podia


ter noção dessa renda que a Europa desconhecia e é
exclusivamente nossa...

Há uma lenda curiosa no Ceará:


"Sobre o deserto, apareceu de repente diante
"da Santa Família uma exquisita floração. E ela.
"palmilhando sobre o sendeiro florido, chegou à
BRASILIDADES 163

"terra hospitaleira e bendita, que ainda hoje se


''chama Sai-hará (ou mar de areia) !...".
Há uns trinta anos passados, os americanos des-
cobriram no sertão do Sai-hará (Ceará) a extranha
planta que batizaram Selaginella Theophilo Cearensis!
Afirmam os que a possuem, que a "'Rosa de Jericó
possúe virtudes curativas e, enquanto mergulhada na-
gua, o ambiente se enche de emanações benéficas e as
mulheres em transe de materidade, sentem-se alivia-
das e dão à luz em pouco tempo,
O povo, ignorante da fidelidade da sua memoria
auricular, deu-lhe o seu verdadeira nome, denomiuan-
do-a Flôr de Jericó, (Jericó).
:

XVITI

CRISTÓVÃO COLOMBO — SUA FÉ RELIGIOSA


E VERDADEIRA NACIONALIDADE
— Na "Lettera Rarissima" dirigida por Colombo
à Rainha Isabel, a Católica,— (um dos mais precio-
sos documentos do próprio punho) do grande navega-
dor descrevendo aos soberanos da Espanha os mil
acidentes das suas viagens ao Novo Mundo, encon-
tramos a narração fiel da visão que o confortou até a
hora da morte
"No mês de Janeiro estava obstruída a em-
"bocadura do rio. Após um grande combate dos
"meus com os índios, no qual esses morreram to-
ados, ficaram no rio. em um navio, meu irmão e o
"resto da tripulação; eu, sózinho, enfrentando tão
"numerosas tempestades, atormentado pela fome
"e morto de fadiga; tinha ficado fóra de enseada;
"perdida toda esperança de salvação...
"Apesar disso, armei-me de toda a minha co-
"ragem e subi ao ponto mais alto, clamando por
"socorro em altos brados, aos quatro ventos. Via
"chorar junto de mim os capitães de guerra Ex- !

"hausto, caí por terra e adormeci...


"Em meu sonho, ouvi uma voz apurada dizer-
"me estas palavras :


" O' insensato, porque tanta hesitação em
"servir ao teu Deus, o Deus do Universo ! Que
!

"mais fez Ele por Moisés e por David seu servo...


. .

166 BRASILIDADES
"Desde o teu nascimento, uáo te cercou sempre
"da mais terna solicitude? E quando te viu atin-
"gir a idade que Seus desígnios determinaram,
"não fez resoar gloriosamente o teu nome por
"toda a terra ?. Não te deu as índias, essa par-
. .

"le tão opulenta do mundo ?. .

"
— Não te deu a libetxlade de doá-las, à
"quem quizesscs ?. . . Quem, senão Ele, te deu
"os meios de executar os teus projetos?
"
—Os laços que impediam a entrada do
"Oceano eram formados de inquebrantáveis ca-
"deias. E Ele te deu as chaves.
"—- Teu poder foi reconhecido nas mais lan-
"gínquas terras; tua glória foi proclamada por
"todos os cristãos.
"
— Deus se mostrou acaso mais benevolen-
"te para com
o povo de Israel, quando o tirou do
"Egíto ? ou protegeu com mais eficiência à David,
"quando o elevou de pastor a Rei de Israel ?. .- .

"

Volta-te para Ele e reconhece o teu erro I
"pois que a sua misericórdia é ifinita. tua ve- A
"Ihice não será obstáculo aos grandes feitos que
"te esperam. Ele tem em mão as mais brilhantes
"heranças.
"Não tinha Abraão cem anos e Sarah não
"havia passado a sua mocidade, quando L^^aac nas-
"ceu ?. .

"
—Clamas por um socorro incerto. Respon-
"de-me: Quem te expôs tantas vezes a tantos pe-
"rigos ! Deus, ou o mundo ?
— "As vantagens, as promessas que Deus
"faz aos seus servos. Ele não as quebra mais.
"Tudo o que Ele promete, dá com prodigalidade.
"E assim faz sempre.
: .

BRASILIDADES 167

"Aniquilado pelos sofrimentos, ou esse ser-


"mão, porém, não encontrei forças para responder
"a promessas tão formais. Contentei-me em, cho-
frar, deplorando as minhas faltas. E a voz con-
"cluiu

" —
Espera e confia Tuas obras serão gra-
!

"vadas no mármore; e será com justiça".

Do mesmo notável documento, escrito na Jamai-


ca, a 7 de julho de 1503, destacaremos outros trechos
interessantíssimos.Durante muito tempo se preten-
deu negar-lhe a descoberta dum Novo Mundo. Quan-
do o grande navegador se propôs a procurar novos
horizontes, sustentavam que não poderiam existir...
Quando os descobriu, pretenderam que já de outros
eram conhecidos. .

"Os grandes, do território de Verágua teem


"por costume fazerem-se enterrar com todo o ou-
"ro que possuem.

"Foi levado a Salomão 656 quintais desse me-


"tal, sem contar o que carregaram consigo mer-
"cadores e marujos, nem o que deram aos Ara-
"bes. Salomão empregou esse ouro no fabrico de
"200 lanças, 300 escudos e dum tablado ornado de
"pedrarias preciosas; fez ainda grandes vasos in-
"crustados e vários outros objetos de grande va-
"lor. Isso tudo vem descrito na obra de Josephus.
"DE ANTIQUITATIBUS JUDCERUM; nos
"Paralipómenos e no Livro dos Reis, onde diz
"que esse ouro provinha duma ilha chamada Au-
"rea. Se isso é verdade, tenho certeza de que essa
168 BRASILIDADES
"ilha são estas de Verágua, pois se acham situa-
"das a 20 dias para o Ponto Euxino e afastadas
"do Polo e da linha do equinoxio.
"David deixou por testamento à Salomão,
"três mil quintais' de ouro "das Ilhas das índias"
"para a construção do Templo. Segundo assevera
"Josephus, David nasceu naquelas terras!"

Mais adiante, prossegue Colombo :

"Eu parti dum ponto acima do ponto do Brasil


(?)". Essa palavra, escrita por Colombo, à que se re-
feriria, senSo à terra maravilhosa, além do Orenoque ?
Mais adiante o navegador acrescenta:

"A tempestade atirou-me de encontro a uma


"ilha chamada Las Pozzas, ou Las Bocas, e daí
"passei à terra firme. Ninguém poderá fazer uma
"relação exata de tudo. sem ter mais que conheci-
" mentos insuficientes, poisque lutamos por mui-
"to tempo contra as correntes, e sem nunca avis-
"tar terra. Segui do lado da terra firme, que de-
"terminei pelo compasso e pela arte; mas nin-
"guem poderá dizer a que parte do céu correspon-
"de, nem em que época a deixei, para vir à ilha
"espanhola (Haiti). Quando parti da ilha espa-
"nhola, os pilotos criam aterrar nas ilhas do Ma-
"ffo- (?) a 400 léguas mais para Oi poente, do que
"pensa\'|am. E muito embaraçados ficariam, se
"lhes perguntassem: qual a posição de Verágua !

"A única cousa que poderiam contar, é que


"estiveram numa terra onde existe muito ouro; o
"que provariam. Mas quanto a lá voltarem, seria
mister descobri-las uma segunda vez, pois que es-
"se caminho é desconhecido.
BRASILIDADES 169

"Seria mister guiar-se pelos raciocínios da


"astronomia, ciência exata e que não induz em
"erro.
"Em nome da Santíssima Trindade, fiz-me à
"vela na noite de Páscoa, tendo os navios apo-
"drecidos e cheios do buracos. O mais estrag-ado
"ficou em Belém" (?)

Diz ainda Colombo, que, "em Karyah e nas suas


proximidades, havia encontrado muitos feiticeiros e
/grandes macacos muito semelhantes ao homem!"
Esse porto do Brasil, essa Belém desconhecida e
o país de Kariah, nomes tão nossos — unidos ao ma-
ravilhoso Eden onde o ouro existe em abundância,
que poderiam ser, senão regiões do continente Sul-
Americano, na Terra da Santa Cruz!? Parece-nos por-
tanto, que foi Cristóvão Colombo quem, destinado por
Deus a desbravar o caminho da terra destinada aos
descendentes de Israel, descobriu, não apenas a Amé-
rica Central, a V enezuela e a Colômbia, — mas tam-
bém o Brasil.
Diz mais Colombo em sua correspondência com
seus grandes protetores, os Reis de Espanha :

"Aqueles que pensam que os países situados


"nas regiões das Colunas de Hercules tocam nas
"terras da índia, e que só existe um mar. não es-
"tão em erro, talvês !

"Dão como provas disso, entre outras, o en-


"contrar-se elefantes, ness'as duas regiões distan-
"tes. Se os mesmos animais são encontrados, é
"que esses países se acham (ou estiveram) liga-
"dos entre si".
170 BRASILIDADES
Aristóteles diz que "o mundo é pequeno e se pôde
irfacilmente da Espanha às índias"; Avenruiz confir-
ma essa opinião, e o cardial P. da Alliace a cita,
apoiando a teoria, conforme também à de Séneca.
Strabon relembrou e comentou a opinião de Eras-
thothenes :

'A zona temperada fofma um círculo per-


" feito, de sorte que, se a extensão do mar Atlân-
"tico não fosse um obstáculo, poderíamos ir pelo
"mar. da Ibéria às índias, se.cruindo sempre o mes-
:mo paralelo". ,

Colombo, o atleta da fé, da perseverança e da co-


ragem, que trabalhou e lutou pela grandeza dos pig-
meus que o sucederam, dizia ainda :

"Nós chamamos terra habitada, apenas à


"porção da zona temperada que conhecemos e
"habitamos. Mas se concebe que nessa zona pos-
"sam existir duas terras hal-)itadas. e talvez
"mais"...

Damos o fac-simile da assinatura autêntica do


grande genovês, que demonstra claramente, em que
fonte hauria a sua coragem e a sua resignação.
, Diz Humboldt, que "os Espanhóis da Idade Mé-
dia, para se diferençarem dos Mouros e dos Judeus,
faziam preceer o seu nome de nomes ou sinais refe-
rentes a sontos".
CHROFERIÍyOS, ou CHRISTOFORO. signifi-
ca "o portador de CHRISTO". As iniciais X.M.Y.,
parecem significar Christo, Maria e Jcsephus. As. de-
mais letras, são de sentido obscuro. Segundo o precei-
BRASILIDADES 171

to da época, eram necessárias sete letras, por ser o 7.


considerado número sagrado.
Há. numa das cartas de Colombo, um paragrafo
c|ue íalvês tenha passado despercebido naquele tempo:
"Segundo Josephus, David nasceu nestas para-
gens..."
E cjuem era Josejibus ?— Um dos mais acatados
pesquizadores das Sagradas Escrituras, comparadas
dom o Talmud, com as Biblias apócrifas, as crónica-^
Orientais o outros antiquíssimos documentos histcSri-

I
XIX

Em interessante opúsculo sobre a sua conferên-


cia realizada no Rio de Janeiro a 22 de Junho de 1932,
Joel da Motta (da Associação de Arqueólogos Por-
tugueses e da National Geopraphical Society, de Was-
hington) estuda e pretende provar a nacionalidade
portuguesa e nobre, de Cristóvão Colombo com argu-
mentos, alguns parecendo-nos um tanto forçados, ou-
tros perfeitamente admissíveis.
De início se estende sobre as gloriosas e múlti-
plas conquistas desse grande povo de navegantes en-
tre 1415 e 1497, sob a influência persistente do Infante
D. Henrique, o Navegador que, "do promontório de
"Sagres fitando o olhar nas ondas que vinham emba-
"ter furiosamente nas rochas sobre as quais se levan-
"tava altivo o seu castelo solitário, o sábio Infante
"niandava partir, a pouco e pouco, as suas caravelas
"em busca de mais terras, para a pátria, de mais pátria
"para o mundo e de mais mundo para Deus". Na sua
Escola Háutica, empenhava-se com seus discípulos no
estudo da astronomia e da cosmografia, tornando cien-
tífica uma navegação que se atribuía eiToneamente ao
acaso.
Afirma o conferencista que Cristobal Colon teve
sempre enorme preocupação em ocultar a sua nacio-
nalidade, evidenciada ainda na enigmática e estranha
assinatura com que pretendia encobrir sçu verdadeiro
174 BRASILIDADES
íiome. O
Sr. Sanlo.s Ferreira estudando cuidudosa-
incntc a firma de Colón, atentou em um ponto segui-
do de um pequeno trraço inclinado, colocados no final
do nome e nos quais ninguém reparara. Conciúe que
se do "cólon" dos antigos gramáticos que se
trata
encontra ainda na escrita dos ingleses cm que cha-
mam cólon, e semi-colon. Esse ponto e virgula serviram
a Santos Ferreira de ponto de partida para procurar
nas linguas que conhecia, sinal que a ele equivalesse.
E foi achá-lo no hebraico: "ZARCO", acento que re-
presenta nessa escrita o nosso ponto e virgula e tem
aproximadamente a configuração dó nosso S.
A' nova descoberta seguiu-se a de que, sendo
COLON, criptógrama de ZARCO. XPOFERENS
poderia sêlo de outro nome que não fôsse Cristobal,
pois se quizesse escrever o seu nome em latim, adota-
ría a forma Xpoforus e, se tal não o fez (continua o
nosso autor) é por querer dar à essa grafia uma signi-
ficação toda diferente.
Porque somente êsse nome, transporta a Cristo
o pensamentos dos cristãos, por terem em JESUS
CHRISTO, o salvador de suas almas. E o dos judeus,
por ser a palavra JESUS, um nome comum que em
hebraico significa salvador. E concluiu dever ser esse
o nome de batismo do descobridor. Em suas curiosís-
simas deduções, reparou nos pontos que ladeavam os
três S. S. S., parecendo indicar uma função distinta
naquele agrupamento de caractéres. Procurou uma pa-
lavra que pudesse conduzir a uma fórma coletiva —
consalvis -- e plural e ocorreu-lhe a expressão equi-
valente a "CHRISTO, MARIA et JOSEPHUS con-
salvis", ficando, a seu vêr, elucidada a
fórma cripto-
gramica da assinatura daquele que, em vida, usando
: ;

BRASILIDADES 175

do suposto nome dc Cristobal Colón, chaniava-sc, na


verdade SALVADOR GONÇALVES ZARCO.
O infatigável pesquizador encontrou no Teatro
Genealógico da autoria de Frei Jerónimo de Sousa,
que o escreveu sob o. pseudónimo de Prior D. Tivisco
de Naso Zarco y Colona, a suspeita de que as miste-
riosas palavras da sua primeira página não passavam
dum texto, originariamente escrito em grego ou he-
braico, transliterado para os caracteres latinos e com
estes formadas as palavras que aparentemente o com-
põem. Organizando uma chave criptográfica corres-
pondente entre as letras dos alfabetos hebraico e la-
tino, reconheceu que o anagrama do texto hebraico
primitivo era

"SALVADOR GONÇALVES ZARCO


Este ímpio, tendo sido colocado em governa-
"nador na ilha de Chios, maltratou e defraudou o
"seu principe, e fugiu vestido como jornaleiro do
"arrabalde e fingindo-se mudo
"e correu mundo; mas, envergonhado e arrepen-
"pendido. emendou-sc, e voltou para o seu país
"natal, p tomou o nome de Cristobal Colón".

Estava pois confirmada a intepretação de Sousa


Ferreira, dada à assinatura do Almirante.
Frei Jerónimo de Sousa escreveu e fez imprimir
cm Madrid, em 1711 (?), outra obra sob o título Pe-
ricope Genealógica, onde, depois de acur.adissimas pes-
quizas sob a mesma orientação àcima, dividindo as
palavras ao centro da 1.^ página em 2 grupos e tradu-
zindo o 1° grupo, obteve o seguinte resultado:
176 BRASILIDADES
"O Conde da Feira ficou furioso, a ponto de
"der os sentidos, em vista do fracasso de Salva-
"dor (Jeshua)".

Feita a versão do segundo grupo, encontrou:

"O maior dos navegadores portugueses de


"todos os tempos, c o último rebento de Henri-
"que.

deduziu ser de Salvador Gonçalves Zarco,


Daí,
filhode D. Henrique, portanto, português, nascido dos
amores do Infante com uma Zarco, da família do 1.°
donatário do Funchal.

D. Ricard Beltran y Rozpide, em seu livro "Cris-


tobal Colon, Genovês " salienta que ao apresentar-se
em Andaluzia, "Colon falava o castelhano com sotaque
estranho, próprio de homem que vinha de Portugal".
Las Casas, que foi seu amigo e privou com Colon, diz
que ele "não sabia bem o catelhano."
Provada a nacionalidade portuguesa do grande
descobridor Cristóvão Colombo, essa honra recáe so-
bremaneira no Brasil, filhos que somos da grande na-
ção Lusa, que tão comoventes provas de simpatia e
lealdade nos acabam de dar, no momento crucial qtie
o mundo atravessa e cuja sombra sinistra se alonga
ameaçadoramente sobre as aguas que separam as duas
pátrias irmSs.

Emo "Brasil Antigo", o Dr. Jaguaribe se refere


ao mapa de Montressus onde consta um Brasil-
Africano, no qual a América Meridional estaria ligada
à Europa e ao S da Africa. Sea devido a movimentos
laterais que romperam de Norte a Sul a crosta terres-
Génova em 1922
BRASILIDADES 177

tre provocando afundamentos e erosões. O facto é que


o afastamento dessas dnas partes se deu partindo ao
meio o oceano triásico. absorvendo grande porção de
suas águas, resultando ficar a América Meridional
alguns gráus abaixo do continente Africano, separada
})e!o attial oceano Atlântico.

'*Hiiiiniiiiiii>
.

BRASILIDADE3 179

AUTORES CONSULTADOS

A Biblia Sagrada \'iilgaía Latina


Roquette Historia Sagrada
Los Védas , tr.de Waldomiro Lorenz
Eyre & SpattiswoOd . The variorum aid to the Bi-
ble students.
Edouard Charton Les voyageurs anciens et
modernes.
Charles Forg . Antiquités Américaines
A Coiidreau . Voyage à FAraguaya
Brasseur de Bourboung LE pcpol Vuh
W. St. Chad Boscawin Testimony of the monuments
of Old Testament History.
Sir James G. Frazer The Golden Bough
A Gagnon L'Amúrique p r e-C o 1 o m-
biciJine.
Isidore Dunbar Phoenician inscriptions
.

Hermanes Historia de los índios.


Prof. Wegcnner
Continentes flutuantes.
A Daberlé Histoire de 1'Amérique du
Snd
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Legrain K'.-toire dTsrael.
Milciades Vignati Nueras investigaciones an-
tropológicas.
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P." Hilaire M. Tap'e Chevauchées dans le désert
du Brésil.
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Colonel G. Earl Church Aborigcncs of South Amé-
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perte di Amerigo Ves-
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Enrico Rodó Historia do Eiquador.
Pigafetta Viagem de Fernando de Ma-
galhães.
Oackenfull Brazil Past, Present and
Future.
A Métraux Les Tupys-Guaranys.
A Métraux La réligion des Tupinambás.

A Métraux Les Indiens Camacans.


A Métraux La civilisations matérielles
des tribus Tupy-Guaranys.

K. von den Steinen... Entre os Bororós.


Herman von Ihering... Civilisação pré-historica do
Brasil.

H-Baldus Ligeiras notas -obre os Ta-


pirapés.
H-Baldus Ensaios de etnologia Brasi-
leira.

John Banner Geologia élemeniairc.


H-T-Wilkins Lost cities of Brazil.

Fawcett The green Hell of Brazil.


Prof. J. W. Gregory Geography structural, phy-
sical & comparative.
Manzi Le livre de l'Atlantide.

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Paulo Hallenbeck Os Inbays.
. . . . .. .

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ptos)
E. Rivainheau A vida dos índios Guaycu-
rús.

Euclides da Cunha Os Sertões.


Noraldino de Lima O valle das maravilhas.
Couío de Magalhães O selvagem.
Roquette Pinto Rondonia.
Roquette Pinto Seixos rolados
 Botelho de Magalhães Pelos sertões do Brasil.
Theodoro Sampaio Os Craós do Rio Preto.
M Melo
. Os Carnijós de Aguas Belas.
\''arnhagen História do BrasiL
Rocha Pombo História do Brasil.
Rayniundo de Moraes O paiz das pedras verdes.

Oswaldo Orico Contos e lendas do Brasil.


Alfredo Brandão A escrita prehistorica do
Brasil

R.oquette Pinto Ensaios de antropologia bra-


sileira.

Ester Ferreira Viana Calderon Religiões, mitos e crendices.


General Rondon Rondonia
Angj-one Costa Migrações e cultura indí-
gena .

Aurelio Pinheiro À margem do Amazonas


P.* Eugénio (Prenionstra- Notas sobre a ilngua Tupj'-
tense) Guarany
Pedro Luiz Sympson Gramática da lingua Brasi-
leira (Tupi)
Theodoro Sampaio O Tupi na lingua Brasileira.

Rocha Pombo O problema da Atlântida.


Raymundo de Moraes Na planice Amazonica. )
. .

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Antonio Serrano Cerâmica de Santarém.
Adolfo Dembo fj simboismo en la pintura
corporal
Armando Vivanti El letargo de Atlântida.
André Beaunier Péirargue de Atlântida.
Alex Herdlicka ( Dr) Where the ancestors of men
came from.
Alfredo Brandão Historia Americana
El cura Blanco Memoria,s.
Bernabé Cobo Historia dcl Nuevo Mondo —
Í1653).
í^'^cke Traveis in Northern Brasil.
C. F. Potter Lcs fondateurs des réiigions.
Cesar Cantu Hisroire Universelle
De Sahagún P Historia de Ia Xueva Es-
pagna .

Estevam Pinto Os indigena- do Xoroeste.


Gustave Le Bon Civilisations primitives.
G. Ruch Historia de America.
H^'"'''*'' L'histoire de la poesie des
Hébreux.
Heródoto.' Viagens
Ignatius Donélly \t!antis, the ante-Diluvian
\vorld
Jagiiarihi^ O Brasil Antigo
Jean de Labor litteratiire antique.

As populações indígena- e

Jo"é Verissinio mestiças da América.


Kamid Cohen Nómades.
Leon de Rosny Antiquité américaine.
Simõens da Silva O? índios Crenaks.
Simõens da Silva Os índios Caincangues.
BRASIL! DADES 183

Theinistocles cic Souza Brasil íncolas Selvicolas.


Ani. Diuiiasceno Vieira O Brasil- Atlântida e o Homo
Brasiliensis Primigenius
General C. Rondon Ethnographia.
Frei Luiz Palha Ensaio de Gramática e voca-
bulário Karajá.
Prelazia de S. Gabriel Usos e costumes dos selvi-
colas da Amazónia.
Joel da Motta A nacionalidade portuguesa
de Cristóvam Colombo.
Alberío Rangel O Tupy na lingua e nos cos-
tumes do paiz.
vV. St. C. Bo.scawin Testimoiiy of the monuments
of Old Testament History.
BRASILIDADES 185

Alguns nomes de Pessoas e de Localidades que se


encontram no Brasil e lembram nomes Hebraicos da
Biblia
Tupí-Guaraní Hebraico
Aba — Iionieni Abba — pai.

Abigail — nome de mulher.... Abigail — origem da alegria

Ada — nome de niullier Ada — ornamento, beleza


nome da mulher de Lame-
rh.

Airão —
nome duma vila e AjTam, HjTam — nome dum
nome dum peixe filho do Sem c do rei dc
Tyre.

Aramá — rio da ilha Manajó.. Aramá — verdade.


fe,

haram — o que desUui- foi

do.

Amapá — rio Amana — chuva copiosa.


Apamas — nome duma tribo
cruel apa — rosto
A — grão, cabeça amas — belicoso;
am — povo,
Pamas — batcir pa — valente.

Acarahy — afluente do Tocan-


tins Acar, Agar — estrangeira.

Acará — escamas, cascudo... Akkara — cidade.

Acre — nome de região Akre — nome de cidade.

Açcir — nome de localidade.. Azor — um chefe de Israel.


186 BRASILI DADES
Apir, Aypir, Ophir — nomes de
'ocais Ophir — cinza, nome de lo-
Areuna — tribo dc costumes Arcunah — chefe de tribo
pu:'os raelita.

Agarani — nome dc tribo Agar — estrangeira, nome


de mulher.

Aymorés — tribo — indivíduo Ahmorrhélis — nação ini-


de outras tribos niiga de Israel.

Aroeira — uma arvore, nome Aroer — nome dc tribo e dum


(!e tribo chefe.

Anani — arvore rezinosa Hananias — pai de Jehú.

Ana — logo, nêste momen-


já,
to, sombra, visão Hanah — nome da mãe da
SS. Virgem,
nãa — objetivo de belo

Amaná — abundância Amana — permanente,


manná — alimento do de-
serto .

Assa — fava Assa — trabalho.

A.irantucú — localidade .

ara — .tempo, em alto, cima, Ara — unir.


dia amucum — mulidão.
muçum — escorregadio
Araguary — baixada das ará-
BRASIL IDADES 187

a^a — tempo, dia, alto, em araq (eretz) — terra.


cima
guará — ave vermelha
y — água conrente hu — água.
Arari — Iago da Marajó I. Arari — chefe de tribo, —
sedução.

Cazari>, Kiizaris — tribu cruel. Kas, kus — pavoroso.


ariz — crael, violento.

Goj-az — nome de região goiar — força, vigor.

Cari — bagiie Caré — torto.. Caré — impeddo, perturbado.


Ceará, Siará Searaiaá — região. Seraiah — filho de Cennez
que negou a Joab.
Cê ará — pássaro rjue canta,
papagaio. . Saharim — dunas de areia.

Caviana — serra do Norte Cavia — tatuagem.


cau — beber vinho nãa — objetivo de belo.
ana — sombra, visão ugna — a que é bela.
Cacuene — tribo de c:iv'-.r lú-
ff"l^i'e ckah — barulhento.
cu, cun — hngua
caá, — mato, capoeira q'al — assembleia, reunião.

Colucha — localidade cun — cantar.


corú, colú — pedrouço qoil
chá, eçá — vista ckah — barulhento.

Cananéa — localidade Cananéa — zelo, emulação.


Canavial — localidade Cannaveal — chefe de tribo.
. . .

188 BRASIL! DADES


Carapanatuba — localidade
carapanã — mosquito carã — fundo, escavar.
tinar

pana — cortar, lavrar panei — virar dum lado para


outro.
tuba — abelha mestra typia, tuba — mosquito do
brejo.
Guaratyba — localidade
g^uará — arira araq, eretz — tc:ira.

tyba, tuba — abelha incítra. typa, tuba — mosquito do


l)rcjo.

Gasipa — o que esta mun-


dado
cacy, gassi — beija-ftor. . . ariz — violento, cruel.

ypa — lagòa
tí, Te — inundação aris — barulho.

pari — cercado, esteira

Curityba — localidade
curi gury — bagre cur — forja.

tyb?. — abelha mestra typa, tub^. — mosquito do


bréjo.

Hii — bcl)er, ígua coíirente... hu — água.

Ithamar — nome próprio, pai-


Itbamar — nome próprio.

Jcíhbaal — inscrição da Pedr;; Ethbaal — rei dos sidònios


da Gávea (Rio de Janeiro.
'.
; 5 An

Joaz — nome de localidade... Yoaz — filho de Yoachaz.

Jehú, Jahú — localidade, tri- Jehú — filho de Esaú.


BRASILI DADES 189

Jacbé — nome de passaninho. Jacbé — eu o concebi na


dôr.

Janas — nome próprio Jonas — pomba, nome pró-


prio.

Maicary —
localidade. .. Miaia — cabecciira de rio.
cary, carahy senhor — carê, cari — calvo, torto
Manhú — esteio p.* as igarités. Manhú — o que é isto?

Maracá — cliocalho Marcá — direçilo, ordem dis-


posição. ,

Marajó — ilha no estuário <lo Meralotli — pnincipe da casa


Amazonas de Israel.
maro-sereia. . . raara amarga.

Merari — ilha no Rio Marajó.

Miacacoary — rio maca — pancada.


coa — forte,
bar: — colem.

Miripi — rio mciX — ira, inimigo.


rajari, im''iin — pequeno pi ^ margem.
pi — pé, pele

Mencaron — nome dum pássaro Menkaura — faraó do Egyto.


Massedo — localidade Mass^eda — incêndio.
Mal<kcda — nome da rainha
de Sabá
190 BRASILI DADES
Mamona — uma fruta -Mamona — riqueza, dinheiro.
Manuê — tribo Manuè -- descanço.

Maschiana — tribo Maschiana — sombra,


meschia — ungido a ólio.
meshoiar ungir,
ana — visão, sombra ana, Hanah — nome de mu-
lher.

Mello — nome próprio e de ic- Melo cfdade edificada por


cal Salomão.

Nebo — montanha no Perú.. Keho montanhadonde


Moysés avistou a Terra de
Chanaan.

Socó — ave pe(rnalta Sokkoth -• íilho de Heber,


nome da cidade do tesouro.

Secoropê — localidade secor — embriagado.


secó, socó — pernalta
roe — rasgar ropei, rcxpoi — curar.

Sab?.rá — localidade Sabbath — did do descanço.

Turim — gancho
turi — facho, fogueira tur — cerco.
ri — inundação ri — escuma, feaba.

Piauhy — região Piahiroth — 1° !-ocal onde de-


Pirahy — rio... vemam parar os Hebreus
pi — pé, pele. no Exodo.
BRASIL! DADES 191

Paschuaua, Passê — tribo pa — valente.


apassê — cousa separada... shomi, shumi — o que emi-
gra.

Torás — indígenas do Norte.. Torah — Bíblia Hebraica.

'J\*{fé — localidade Toephetii —nome duma fi-

lha de Salomão.
Toephec — • horror.

Thamair — local no Rio Ne- Thamar — nome de mulher e


gro duma cidade.

Uraricoéra — localidade Ur — cidade cta Chaideia em


uru-booa que nasceu Abrahão.

Arari — lago na I. Marajó.. Arari — chefe de tribo, se-


dução, címba!o.
coéra — pôr do, sol
Esfc livro foi acabado de iiupriiiiir

na

Tipografia do Patronato

13 de Junho de 1944

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