Familia PDF
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11 16h09 Page 1
Família
Pensar e repensar a família é uma exigência. A família tem sido Ana Rojas Acosta, Maria Amalia Faller Vitale (organizadoras)
sociais com ênfase no tema família já demonstra a evolução que esse de-
Fundação Prefeito Faria Lima — CEPAM percebida como base estratégica para condução de políticas públi-
bate experimenta na sociedade brasileira.
Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal cas, especialmente aquelas voltadas para a garantia de direitos.
Avenida Prof. Lineu Prestes, 913 Instituições e pesquisadores aprofundam conhecimentos, atualizam
05508-000 — São Paulo — SP Nos últimos anos, observou-se uma proliferação de programas e teorias, constroem metodologias e buscam ações de intervenção não mais
Telefone: (11) 3811 0300 projetos dirigidos ao atendimento das famílias. A família, no en- orientadas para o indivíduo, mas para a família , hoje o ponto de partida das
Fax: (11) 3813 5969 reflexões e das ações de intervenção social mais promissoras. Mas essa salu-
E-mail: [email protected]
tanto, não pode ser vista apenas como estratégia dessas políticas.
tar reorientação se depara com uma dificuldade: a família, sobretudo aquela
Site: www.cepam.sp.gov.br Neste sentido, tem-se questionado se essas iniciativas são eficien-
pertencente aos estratos mais pobres da população, não é uma entidade
tes e eficazes para o fortalecimento das competências familiares,
Redes, Laços e Políticas Públicas
Universidade Cruzeiro do Sul — Unicsul estática. Ao contrário, são intensas e nem sempre claramente delineadas
Avenida Dr. Ussiel Cirilo, 225
se respondem às necessidades das próprias famílias atendidas e se as transformações pelas quais ela passa.
08060-070 — São Paulo — SP contribuem para o processo de inclusão e proteção social desses Algumas das indagações suscitadas no seminário têm como eixo exata-
Telefone: (11) 2037 5700 grupos. Por estas razões, as problemáticas concernentes à esfera 6ª edição
mente a dinâmica atual da família brasileira contemporânea. Que tipo de
E-mail: [email protected] familiar, as redes de sociabilidade passam a ser centrais no trato família é objeto da abordagem? Nuclear intacta? Reconstituída? Monopa-
Site: www.unicsul.br
das políticas sociais. rental feminina? Quais as metodologias para o trabalho com famílias? Quais
Centro de Estudos e Pesquisas em teorias compreendem e refletem as transformações econômicas, culturais
Educação, Cultura e Ação Comunitária — Cenpec
A reflexão sobre esses e outros desafios certamente interessa a to-
e emocionais na constituição das famílias? Quais os papéis que desempe-
Rua Dante Carraro, 68 dos que pesquisam ou trabalham com a temática da família e das
nham mães, pais e filhos hoje, em particular nas camadas mais empobrecidas?
05422-060 — São Paulo — SP políticas sociais, nas diferentes organizações públicas ou privadas. Como atuar em programas de intervenção em face da violência, exclusão e
Telefax: (11) 2132 9000
E-mail: [email protected] desemprego que as alcançam? Ou como construir instrumentos de monito-
Site: www.cenpec.org.br R E A L I Z A Ç Ã O APOIO
ramento e avaliação de programas sociais que as têm como objeto?
O leitor poderá constatar que as pesquisas apresentadas no seminário, as
Oficina Municipal — Fundação Konrad Adenauer experiências relatadas de trabalhos de intervenção e as produções teóricas
Rua Pe. Garcia Velho, 73 — Cj. 61/64
expostas trazem ao debate questões conceituais, práticas e metodológicas
05421-030 — São Paulo — SP
Telefone: (11) 3032 4330 fundamentais para que os esforços de inclusão e extensão de garantias de
Fax: (11) 3032 1327 proteção social às famílias pobres resultem em políticas efetivas e eficazes.
E-mail: [email protected]
ISBN 978-85-249-2312-8
Site: www.oficinamunicipal.com.br Rosamélia Ferreira Guimarães
Sumário
Parte 1
Vida em família 29
Famílias enredadas 31
Cynthia A. Sarti
Família e afetividade: a configuração de uma práxis
ético‑política, perigos e oportunidades 51
Bader B. Sawaia
Ser criança: um momento do ser humano 65
Heloiza Szymanski
O jovem e o contexto familiar 75
Silvia Losacco
Homens e cuidado: uma outra família? 91
Jorge Lyra
Luciana Souza Leão
Daniel Costa Lima, Paula Targino,
Augusto Crisóstomo, Breno Santos
Avós: velhas e novas figuras da
família contemporânea 107
Maria Amalia Faller Vitale
Parte 2
Trabalhando com famílias 121
Metodologia de trabalho social com famílias 123
Naidison de Quintella Baptista
Relato de caso
Programa de Garantia de Renda
Mínima e de Geração de Emprego
e Renda de São José dos Campos/SP 185
Aparecida Vanda Ferreira e Silva
Odila Fátima T. Derriço
Regina Helena Santana
Sumário
Relato de caso
Experiência do Programa de Saúde
da Família de Nhandeara/SP 199
Solange Aparecida Oliva Mattos
8 Fabiana Regina Soares
Relato de caso
Experiência do Programa de Saúde da
Família de Itapeva/SP: horta comunitária,
uma experiência em andamento 209
Rosa Pieprzownik
Vanilda Fátima Ribeiro Hatos
Relato de caso
Programa Mais Igual de Complementação de Renda
Familiar da Prefeitura de Santo André/SP 235
Cid Blanco
Valéria Gonelli
Relato de caso
Políticas públicas de atenção à família 243
Luci Junqueira
Nelson Guimarães Proença
Parte 3
Famílias e políticas públicas 255
Formulação de indicadores de
acompanhamento e avaliação de
programas socioassistenciais 257
Denise Blanes
Relato de caso
Programa Bolsa‑Escola Municipal
de Belo Horizonte/MG: educação,
família e dignidade 307
Afonso Celso Renan Barbosa
Laura Affonso de Castro Ramo
■■Introdução
Falar em família neste começo do século XXI, no Brasil, como alhu‑
res, implica a referência a mudanças e a padrões difusos de relaciona‑
mentos. Com seus laços esgarçados, torna‑se cada vez mais difícil definir
os contornos que a delimitam. Vivemos uma época como nenhuma outra,
em que a mais naturalizada de todas as esferas sociais, a família, além
de sofrer importantes abalos internos tem sido alvo de marcantes inter‑ 31
ferências externas. Estas dificultam sustentar a ideologia que associa a
família à ideia de natureza, ao evidenciarem que os acontecimentos a ela
ligados vão além de respostas biológicas universais às necessidades hu‑
manas, mas configuram diferentes respostas sociais e culturais, disponí‑
veis a homens e mulheres em contextos históricos específicos.
Desde a revolução industrial, que separou o mundo do trabalho do
mundo familiar e instituiu a dimensão privada da família, contraposta
ao mundo público, mudanças significativas a ela referentes relacionam‑se
ao impacto do desenvolvimento tecnológico. Mais recentemente, desta‑
cam‑se as descobertas científicas que resultaram em intervenções tec‑
nológicas sobre a reprodução humana (Scavone, 1993).
A partir da década de 1960, não apenas no Brasil, mas em escala
mundial, difundiu‑se a pílula anticoncepcional, que separou a sexuali‑
dade da reprodução e interferiu decisivamente na sexualidade feminina.
Esse fato criou as condições materiais para que a mulher deixasse de
ter sua vida e sua sexualidade atadas à materni‑
* Antropóloga, doutora em dade como um “destino”, recriou o mundo subje‑
Antropologia Social pela
Universidade de São Paulo e
tivo feminino e, aliado à expansão do feminismo,
professora do Departamento de ampliou as possibilidades de atuação da mulher
Medicina Preventiva da
Universidade Federal de São
Paulo/Escola Paulista de Medicina.
no mundo social. A pílula, associada a outro fenômeno social, a saber,
o trabalho remunerado da mulher, abalou os alicerces familiares, e am‑
bos inauguraram um processo de mudanças substantivas na família, o
qual foi extensamente analisado, sob distintos ângulos, especialmente
na literatura sobre gênero (Moraes, 1994; Romanelli, 1995; Sarti, 1995,
entre tantos outros).
Desde então, começou a se introduzir no universo naturalizado da
família a dimensão da “escolha”. Mais tarde, a partir dos anos 1980, as
novas tecnologias reprodutivas — seja inseminações artificiais, seja
PARTE 1 VIDA EM FAMÍLIA
■■Fios esgarçados...
Cynthia A. Sarti
FAMÍLIAS ENREDADAS
38
■■Considerações finais
Soa óbvio mencionar a importância de se perguntar como a própria 45
família define seus problemas, suas necessidades, seus anseios e quais
são os recursos de que ela mesma dispõe. Menos óbvio é pensar como
ouvimos suas respostas e o estatuto que atribuímos ao que se diz.
Pensar as políticas sociais implica pensar a relação entre si e o
outro. O problema reside na concepção de família que subjaz à grande
parte das “intervenções” em famílias, o que inibe a possibilidade de
elaboração dos problemas individuais e coletivos conforme os recursos
que podem estar no próprio âmbito familiar.
Duas ordens de questões estão em jogo: de um lado, a idealização
da família, projetada num dever ser (e da própria afetividade como um
mundo que exclui o conflito); de outro, está a idealização de si, por
parte dos profissionais, expressa na tendência a atribuir‑se exclusiva‑
mente um saber, com base em sua formação técnica, e negar que a
família assistida tenha um saber sobre si própria.
Ouve‑se o discurso das famílias como “ignorância”, negando que
este possa ser levado em conta como um diálogo entre pontos de vista.
Essa tendência à desqualificação do outro será tanto mais forte quanto
mais a família assistida pertencer aos estratos mais baixos da hierarquia,
reproduzindo os mecanismos que instituem a desigualdade social.
À dificuldade que o tema da família apresenta, por sua forte iden‑
tificação com nossas próprias referências e pelo esforço de estranhamen‑
to que a aproximação ao outro exige, soma‑se o problema do estatuto
que atribuímos ao nosso próprio discurso e, consequentemente, ao
discurso do outro. Considerar o ponto de vista alheio envolve o con‑
fronto com nosso ponto de vista pessoal, o que significa romper com o
estatuto de verdade que os profissionais, técnicos e pesquisadores ten‑
dem a atribuir a seu saber. Esse estranhamento permite relativizar seu
PARTE 1 VIDA EM FAMÍLIA
demais.
■■Referências bibliográficas
Barbosa, R. M. Desejo de filhos e infertilidade: um estudo sobre a reprodu‑
ção assistida no Brasil. São Paulo, 1999. Tese de Doutorado. Departamen‑
to de Sociologia — Universidade Federal de São Paulo. (Mimeo.)
______. Relações de gênero, infertilidade e novas tecnologias reproduti‑
vas. Estudos Feministas, v. 8, n. 1, p. 212‑228, 2000.
Bilac, E. D. Mãe certa, pai incerto: da construção social à normatização
jurídica da paternidade e da filiação. In: Encontro Anual da Anpocs — GT
Família e Sociedade, 10., Caxambu/MG, 1998. (Mimeo.)
Costa, J. F. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
(Biblioteca de Filosofia e História das Ciências, v. 5.)
Derrida, J.; Roudinesco, E. Familles desordonnées. In: Derrida, J.; Roudines‑
co, E. De quoi demain… dialogue. Paris: Fayard et Galilée, 2001.
Fonseca, C. Aliados e rivais na família: o conflito entre consanguíneos e
afins em uma vila porto‑alegrense. Revista Brasileira de Ciências Sociais,
v. 2, n. 4, p. 88‑104, jun. 1987.
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Cynthia A. Sarti
FAMÍLIAS ENREDADAS
Familia_Redes_Capa_5ed_1reimp 15.12.11 16h09 Page 1
Família
Pensar e repensar a família é uma exigência. A família tem sido Ana Rojas Acosta, Maria Amalia Faller Vitale (organizadoras)
sociais com ênfase no tema família já demonstra a evolução que esse de-
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bate experimenta na sociedade brasileira.
Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal cas, especialmente aquelas voltadas para a garantia de direitos.
Avenida Prof. Lineu Prestes, 913 Instituições e pesquisadores aprofundam conhecimentos, atualizam
05508-000 — São Paulo — SP Nos últimos anos, observou-se uma proliferação de programas e teorias, constroem metodologias e buscam ações de intervenção não mais
Telefone: (11) 3811 0300 projetos dirigidos ao atendimento das famílias. A família, no en- orientadas para o indivíduo, mas para a família , hoje o ponto de partida das
Fax: (11) 3813 5969 reflexões e das ações de intervenção social mais promissoras. Mas essa salu-
E-mail: [email protected]
tanto, não pode ser vista apenas como estratégia dessas políticas.
tar reorientação se depara com uma dificuldade: a família, sobretudo aquela
Site: www.cepam.sp.gov.br Neste sentido, tem-se questionado se essas iniciativas são eficien-
pertencente aos estratos mais pobres da população, não é uma entidade
tes e eficazes para o fortalecimento das competências familiares,
Redes, Laços e Políticas Públicas
Universidade Cruzeiro do Sul — Unicsul estática. Ao contrário, são intensas e nem sempre claramente delineadas
Avenida Dr. Ussiel Cirilo, 225
se respondem às necessidades das próprias famílias atendidas e se as transformações pelas quais ela passa.
08060-070 — São Paulo — SP contribuem para o processo de inclusão e proteção social desses Algumas das indagações suscitadas no seminário têm como eixo exata-
Telefone: (11) 2037 5700 grupos. Por estas razões, as problemáticas concernentes à esfera 6ª edição
mente a dinâmica atual da família brasileira contemporânea. Que tipo de
E-mail: [email protected] familiar, as redes de sociabilidade passam a ser centrais no trato família é objeto da abordagem? Nuclear intacta? Reconstituída? Monopa-
Site: www.unicsul.br
das políticas sociais. rental feminina? Quais as metodologias para o trabalho com famílias? Quais
Centro de Estudos e Pesquisas em teorias compreendem e refletem as transformações econômicas, culturais
Educação, Cultura e Ação Comunitária — Cenpec
A reflexão sobre esses e outros desafios certamente interessa a to-
e emocionais na constituição das famílias? Quais os papéis que desempe-
Rua Dante Carraro, 68 dos que pesquisam ou trabalham com a temática da família e das
nham mães, pais e filhos hoje, em particular nas camadas mais empobrecidas?
05422-060 — São Paulo — SP políticas sociais, nas diferentes organizações públicas ou privadas. Como atuar em programas de intervenção em face da violência, exclusão e
Telefax: (11) 2132 9000
E-mail: [email protected] desemprego que as alcançam? Ou como construir instrumentos de monito-
Site: www.cenpec.org.br R E A L I Z A Ç Ã O APOIO
ramento e avaliação de programas sociais que as têm como objeto?
O leitor poderá constatar que as pesquisas apresentadas no seminário, as
Oficina Municipal — Fundação Konrad Adenauer experiências relatadas de trabalhos de intervenção e as produções teóricas
Rua Pe. Garcia Velho, 73 — Cj. 61/64
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05421-030 — São Paulo — SP
Telefone: (11) 3032 4330 fundamentais para que os esforços de inclusão e extensão de garantias de
Fax: (11) 3032 1327 proteção social às famílias pobres resultem em políticas efetivas e eficazes.
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