Aula 1
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COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR
AULA 1
O conceito de comportamento;
Processamento da informação: estímulo, exposição, atenção,
interpretação e retenção;
A percepção humana;
Condicionamento, reforço positivo e negativo;
Dissonância cognitiva.
CONTEXTUALIZANDO
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consumo, como veremos logo mais, e ainda da antropologia, da economia, da
medicina e de tantas outras áreas.
Na publicidade, em especial, procuramos entender o comportamento e
suas variáveis para poder criar soluções que vendam mais, que influenciem
diretamente a ideia de que consumindo nossos produtos e serviços as pessoas
terão mais felicidade.
E esta é a busca essencial de todas as pessoas: serem felizes! E por que
não serem felizes comprando o que vendemos? Vamos, então, começar a
entender esse universo misterioso do comportamento, e, assim, despertar em
nossos consumidores o desejo e a percepção de utilidade das nossas ideias.
Saiba mais
Veja um breve vídeo sobre Skinner e o behaviorismo no link
<https://www.youtube.com/watch?v=RgFUKDeCFjk>.
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1.2 Comportamento do consumidor
1.2.1 Cultura
1.2.3 Influenciadores
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de destaque como artistas, jogadores, modelos, blogueiros, youtubers e tantas
outras pessoas que estão presentes no cotidiano das pessoas, transmitindo
algum tipo de conteúdo e sendo pagas para vender tantos outros produtos.
1.2.6 Personalidade
Saiba mais
Para entender o que são Social Styles, acesse
<http://marketingdeconteudo.com/social-styles/>.
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interesses pessoais, as aspirações, os hábitos e costumes, o círculo de amigos
e outros fatores que fazem com que as pessoas tenham diferentes maneiras de
consumir.
Saiba mais
No artigo disponível no link
<https://periodicos.ufsm.br/reaufsm/article/viewFile/1714/1526>, você pode ler
sobre a percepção no marketing.
Exposição
Atenção
Estímulos
Compreensão Memória
Aceitação
Retenção
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mídias que sejam de alcance e interesse do consumidor, o objetivo é que
consigam chamar a atenção para estes.
A atenção dispensada a esses estímulos possibilita a atribuição de
significado, ou seja, permite que o consumidor compreenda a mensagem que
está sendo transmitida. William James, citado em Kandel (1997, p. 323), aborda
exatamente isso:
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Saiba mais
Entenda um pouco mais sobre o desafio da aprendizagem do consumidor
no artigo disponível em
<http://proxy.furb.br/ojs/index.php/rn/article/download/235/210>.
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Dessas três fases, Sheth, Mittal e Newman (2001) consideram a sensação
a mais importante, pois, se ela fracassar, o estímulo não atingiu o nível mínimo
para ser notado.
Nesse sentido, a percepção é um processo cognitivo que está relacionado
com eventos e fatos que ocorrem no momento presente, diferentemente da
memória, que faz essa relação com aspectos do passado. Também podemos
diferenciar percepção de pensamento e consciência, pois ela não tem a ver com
aspectos relacionados a processos internos, mas, é percebida e oriunda de
fatores externos e recebida pelos diversos canais, como visão, audição, paladar,
olfato e tato.
Para Serrano (2008, p. 01), a percepção nada mais é do que um processo
que nos permite decodificar estímulos e mensagens externas que recebemos a
cada segundo. O termo percepção considera a maneira como enxergamos e
como as coisas ficam representadas para nós. No ramo da psicologia moderna,
a percepção trata de um fluxo informativo constante para promover a interação
das pessoas com o ambiente, e pode ser dividida em duas fases: a da sensação
e a da interpretação.
A sensação está relacionada ao mecanismo fisiológico pelo qual nosso
organismo registra e transmite os estímulos do ambiente, e a interpretação é a
racionalização que nos permite interpretar e organizar de maneira significativa
essa sensação.
Na concepção de Grácio e Girão (2002), a percepção é o conjunto de
processos e atividades relacionados ao estímulo dos sentidos, pelos quais
obtemos informação e interagimos com nosso habitat. Esses processos
desencadeadores da percepção resultam na forma particular como cada pessoa
enxerga o mundo, uma vez que ela é pessoal e extremamente subjetiva: numa
sala lotada com acesso às mesmas informações e objetos, por exemplo,
podemos ter percepções totalmente diferentes de acordo com o ponto de vista
de cada um, as quais podem estar relacionadas às nossas experiências de vida
e ao contexto social.
Assim, a percepção pode ser descrita como um processo de seleção,
organização e interpretação dos estímulos oriundos do exterior, traduzindo-os
em uma imagem coerente do mundo para nós, ou, conforme afirma Gazzaniga
(2005), como processamento, organização e interpretação dos sinais sensoriais
que resultam em uma representação interna do estímulo.
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3.1 Percepção na publicidade
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A percepção é relevante para todo processo de comunicação, já que “a
primeira e mais fundamental condição para que aconteça a relação de
comunicação é a percepção do diferente, que é por onde se traçam os limites do
comunicável e do não comunicável” (Peruzzolo, 2002, p. 28).
De maneira sucinta, podemos afirmar que a percepção se configura
simplesmente como o processo que permite que as pessoas decodifiquem os
estímulos e as mensagens externas que recebem constantemente. Esses
estímulos, somados às suas necessidades e motivações internas, são a chave
para desvendar como o consumidor compra e porque escolhe determinada
marca em determinado momento, e, então, se satisfaz com essa atitude. Para
isso, devemos considerar alguns conceitos relacionados à percepção na
publicidade, a saber:
Atenção seletiva: considera que a atenção e a percepção de uma pessoa
sobre determinado anúncio refletem um desejo ou a importância que ela dá ao
produto. Um anúncio de loção capilar para crescimento de cabelos, por exemplo,
desperta mais a atenção de pessoas calvas, assim como produtos para
emagrecimento atraem mais o foco de pessoas obesas.
Distorção seletiva: relaciona-se à ideia de que as pessoas tendem a
interpretar as informações de acordo o seu ponto de vista. O cliente que está
disposto a comprar determinado produto poderá ouvir críticas e elogios de outras
pessoas. Se ele está certo de sua aquisição, os elogios reforçarão sua decisão,
enquanto as críticas poderão passar despercebidas.
Estímulo ambíguo: podemos considerar que um estímulo é ambíguo
quando não se consegue reconhecê-lo imediatamente ou quando se podem
fazer várias interpretações dele. Por essa abordagem, as pessoas tendem a
interpretá-lo conforme suas expectativas, procurando, então, dar coerência a ele.
Seleção psicológica: as pessoas costumam dar significado às
informações que percebem e armazenam. Assim, uma marca, uma propaganda
e mesmo um preço fixado numa etiqueta podem gerar comportamentos
diferentes, levando em consideração como foram armazenados na memória.
Retenção seletiva: as pessoas normalmente costumam armazenar
apenas as informações pelas quais têm interesse, ou aquelas que endossam
suas atitudes e crenças. Se a pessoa está convicta de que determinada marca
é melhor que as demais, reforçará suas qualidades e não irá comparar os
mesmos atributos novamente com as concorrentes.
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Os profissionais de marketing e publicidade precisam desvendar os
mecanismos que podem facilitar a percepção da mensagem pelo consumidor em
determinada campanha. Esses mecanismos servem para que pessoas com
diferentes histórias de vida consigam entender e interpretar a mensagem com a
intenção que eles empregaram. Por isso, a publicidade utiliza imagens, sons e
palavras que têm o intuito de conquistar o receptor, para, então, persuadi-lo com
essa sedução a comprar determinado produto.
Alguns canais de comunicação são muito mais eficientes do que outros,
dependendo do público que se pretende atingir, e mesmo considerando o melhor
canal para determinado segmento, ainda corremos o risco de não atingir o
resultado esperado para ser percebido e considerado pelos consumidores. Para
Lester, citado por Andrade e Marques (2005), “os níveis de percepção do
consumidor em relação à mensagem da propaganda propõem que poucas são
as pessoas que prestam muita atenção à propaganda”, e ainda colocam que o
nível de atenção dedicado ao comercial também varia muito, podendo gerar
interesse, incredulidade, ironia, ridicularização, ou ainda não surtir nenhum efeito
na percepção do consumidor.
Para chamar a atenção dos receptores para a marca, os profissionais da
publicidade devem esbanjar criatividade na utilização de estímulos visuais e
auditivos que se destaquem, sempre considerando a mensagem que se quer
transmitir e o público que se deseja atingir.
São muitas as ferramentas e os mecanismos que o marketing e a
publicidade podem utilizar para buscar inovação e ganhar a percepção do seu
público-alvo. Os anúncios de maior destaque são aqueles que apresentam
contraste e novidade e que permitem compreender conjuntamente conteúdo e
mensagem. Devem ser sempre considerados atributos como tamanho, formas e
cores, pois eles podem ser relacionados a experiências passadas.
Em resumo, consideramos que uma boa publicidade é aquela que
consegue atrair a atenção do consumidor, ampliando a sua percepção da marca,
o que tende a levar à aquisição do produto.
TEMA 4 – CONDICIONAMENTO
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as consequências de um comportamento tendem a influenciar a probabilidade
de este ocorrer novamente.
Podemos dizer que o comportamento dos consumidores pode ser
condicionado no seu processo de compra presente e futura. Se o cliente for mal
atendido numa loja, por exemplo, essa falha pode fazer com que ele nunca mais
frequente esse estabelecimento e ainda reforce entre seus parentes e amigos
essa experiência desagradável. Se essa pessoa for um influenciador, as
consequências podem ser muito mais desastrosas.
Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000), o condicionamento ocorre por
meio da construção de associações de estímulo-resposta. Assim, para que
nossos clientes tenham uma imagem positiva da marca, precisamos provocá-los
com estímulos agradáveis e que sejam interpretados como queremos por eles.
O condicionamento clássico é largamente utilizado em propagandas, e,
para isso, são usadas algumas técnicas para induzir o expectador a uma imagem
positiva. A Coca-Cola compartilha a felicidade, o McDonald’s promove a reunião
de amigos e família, os anúncios de cerveja exploram sol, calor, praia, churrasco,
bares e pessoas bonitas sempre comemorando (a sexta-feira, o salário, o verão,
a conquista...). Essas estratégias trabalham com estímulos e respostas, pelos
quais condicionamos o consumo desses itens à vivência de momentos como
esses.
Vamos, então, entender o condicionamento e o modo como é possível
promover seus reforços para que a empresa possa investir nos positivos e tentar
anular os negativos.
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4.1 Condicionamento operante
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generalização, quando se consegue transferir essa aquisição para outras
situações; e
extinção da aquisição.
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Já o reforço negativo ocorre quando a extinção do estímulo leva ao
aumento da probabilidade de repetição. Esse reforço pode beneficiar uma
reação quando se retira determinado estímulo aversivo. Diferentemente do que
se possa pensar, a ideia do reforço negativo não é a punição, mas, sim, a
indução do consumidor a emitir comportamentos que anulem ou restrinjam
resultados negativos.
A lógica aqui é remover eventos ou resultados desfavoráveis após a
exibição de um comportamento, fazendo com que a resposta seja reforçada pela
retirada de algo desagradável.
Na continuidade dos estudos de Skinner, ele descobriu que a frequência
e o momento em que comportamentos eram reforçados poderiam influenciar na
velocidade e no poder da aquisição. Sobre esses aspectos, foram identificados
alguns diferentes tipos de reforço:
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TEMA 5 – A DISSONÂNCIA COGNITIVA
Saiba mais
Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=Wvx-gW4vUSc> para
assistir a um breve vídeo sobre dissonância cognitiva.
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ações rápidas e eficientes para possíveis dissonâncias, entendendo o verdadeiro
papel do cliente para o sucesso de qualquer negócio. Entender o comportamento
é investir no posicionamento da marca no mercado, com destaque na mente do
consumidor.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
Estudo de caso
João e Maria estavam com o casamento marcado para o próximo ano e queriam um
lugar inesquecível para passar sua lua de mel. Pesquisaram na internet qual seria a melhor
opção para desfrutarem esse momento único em suas vidas.
Depois de terem algumas opções em mente, resolveram perguntar para amigos e
familiares qual a opinião deles sobre essas opções. Eles estavam em dúvida entre Paris e
Veneza, por considerarem cidades românticas, porém o custo ia ser alto demais. Outras opções
mais em conta seriam Gramado (RS) ou Porto Seguro (BA), mas João não gostava de praia e
Maria já tinha visitado Gramado em outras ocasiões, então não seria novidade para o casal.
A família sugeriu que eles fossem até uma agência de turismo para verificar condições
e todos aprovaram as opções da Europa como as mais interessantes para esse momento.
Chegando na agência de turismo, foram recebidos por Nádia, que precisava bater a meta
de vendas de viagens nacionais naquele mês. Nádia podia ter designado outra vendedora para
o casal, mas pressentindo sua relutância pela falta de recursos, iniciou um grande discurso
oferecendo ao casal uma experiência, segundo ela, “romântica e exótica” em meio à selva
amazônica.
O casal a princípio descartou a sugestão, mas Nádia mostrou fotos, relatos de outros
casais, o site de um lindo hotel com vista para majestosas árvores e com roteiro noturno para
avistarem animais raros. Isso ia impressionar o casal que gostava um pouco de aventuras. Além
disso, o preço estava muito atrativo, pois não é uma época muito procurada, e também teriam
mais privacidade no hotel.
Após vários minutos de explanação de Nádia sobre aquele roteiro maravilhoso, o casal
fechou com a vendedora o pacote para dez dias na Amazônia. Passados alguns dias, Maria ligou
para sua família para contar a decisão e ouviu muitas advertências sobre sua escolha: além de
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ser época de chuva na região, o que faria o casal dez dias na selva? Isso desconsiderando o
calor altíssimo e o fato de o hotel já ter sido assaltado algumas vezes. Maria começou a chorar
para João, e os dois retornaram à agência para desfazer o acordo.
Quando chegaram lá, Nádia tinha entrado de férias após ter conseguido bater suas
metas dos últimos meses e recebido um grande bônus. Foram atendidos pelo gerente, Sr.
Fernando, que argumentou que seria impossível alterar o roteiro, pois, conforme consta numa
cláusula do contrato que assinaram, os cheques que parcelaram já haviam sido repassados.
Maria e João estavam inconsoláveis e prometeram que nunca mais voltariam à agência
e ainda que a difamariam para todos que conhecessem. Perderam o dinheiro investido e
passaram a lua de mel na chácara de um amigo, com piscina e pertinho da casa deles no interior
do Paraná.
Após ler esse caso frustrante do casal, identifique quais foram os erros da
agência de turismo: o que ela poderia ter feito para deixar seus clientes
felizes? O que Maria e João poderiam ter feito para realizar o sonho da lua
de mel perfeita?
Vimos que o comportamento do consumidor sofre influências pessoais e
sociais, além de refletir seus gostos próprios – conhecer a Europa, não ir para a
praia, ir para um local não conhecido – e ainda considerar as sugestões de
grupos de influência mais próximos, que são a família e os amigos.
A vendedora que os atendeu não se preocupou em verificar quais os reais
desejos do casal, talvez por não ter sido treinada para isso, mas ofereceu uma
alternativa que poderia, muito provavelmente, gerar insatisfação pela
dissonância cognitiva.
A agência de turismo errou quando não capacitou Nádia para entender e
atender as necessidades dos seus clientes, instruindo a funcionária a se
preocupar apenas com a sua meta. Ela errou ao não expor todas as
possibilidades para o casal e oferecer só a mais conveniente para o seu trabalho.
Nádia poderia ter oferecido opções semelhantes à ideia inicial do casal,
como alguma capital sul-americana com características mais parecidas com as
europeias, como Buenos Aires, Santiago, ou mesmo um parcelamento maior das
passagens para a Europa, de modo que não pesasse no orçamento deles.
Eles poderiam ter esperado mais para fechar a compra, pesquisado e
comparado com outras agências de turismo para, então, decidirem a melhor
escolha.
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
GRÁCIO, R.; GIRÃO, J. A cor das ideias: Introdução à Filosofia: 10º ano.
Lisboa: Texto Editora, 2002.
VEIRA, S. Marca: o que o coração não sente os olhos não veem. 2. ed. São
Paulo: Loyola, 2002.
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