Luta de Classes
Luta de Classes
Luta de Classes
O conflito de classes pode assumir muitas formas diferentes: violência direta, como guerras travadas por recursos e mão de obra
barata; violência indireta, como mortes por pobreza, fome, doença ou condições de trabalho inseguras; coerção, como a ameaça
de perda de empregos ou suspensão de investimentos importantes; ou ideologicamente, como livros e artigos. Além disso,
existem formas políticas de conflito de classe; legalmente ou ilegalmente pressionando ou subornando líderes governamentais
para a aprovação de legislação partidária desejável, incluindo leis trabalhistas, códigos fiscais, leis do consumidor, atos de
congressos ou outras sanções, injunções ou tarifas. O conflito pode ser direto, como com um locaute destinado a destruir um
sindicato, ou indireto, como com uma desaceleração informal na produção como forma de protesto contra os baixos salários dos
trabalhadores ou uso práticas trabalhistas injustas pelo capital.
Índice
Origens
Uso
Sociedades pré-capitalistas
Século XXI nos Estados Unidos
Sociedades capitalistas
Thomas Jefferson, Estados Unidos
Warren Buffett, Estados Unidos
Noam Chomsky
Max Weber, Alemanha
Primavera árabe
Socialismo
Perspectiva marxista
União Soviética e sociedades similares
Perspectivas não marxistas
Raça vs. classe
Cronologia
Antiguidade Clássica
Idade Média
Idade Moderna
Idade Contemporânea
Críticas
Divisão da sociedade
A questão de outras lutas políticas
A questão da participação no poder e no reformismo
Crítica liberal
Críticas sociológicas
A questão da homogeneidade das classes sociais
A questão das classes médias
Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas
Origens
Segundo pensadores como David Ricardo, Pierre-Joseph Proudhon, Karl Marx e Mikhail Bakunin, a luta de classes seria a força
motriz por trás das grandes revoluções na história, fornecendo a alavanca para radicais mudanças sociais. Esse conflito teria
começado com a criação da propriedade privada dos meios de produção. A partir daí, a sociedade passou a ser dividida entre
proprietários (burguesia) e trabalhadores (proletariado), ou seja, possuidores dos meios de produção e possuidores unicamente
de sua força de trabalho. Na sociedade capitalista, a burguesia retêm a mercadoria produzida pelo proletariado, e o produtor dessa
mercadoria recebe um salário que é pago de acordo com a qualificação profissional dele.
Apesar de uma parte da história da humanidade, segundo Karl Marx, ter sido a história da luta de classes, a sociedade original,
segundo ele, não possuía divisões sociais. Ainda segundo Marx, as primeiras sociedades indígenas das Américas não possuíam
estratificação social, sendo o cacique e o pajé apenas figuras simbólicas. Isso se deveria ao fato de que, nesse estágio das forças
produtivas sociais, não havia praticamente excedente. Todos os membros da sociedade eram por isso obrigados a participar do
processo produtivo, de modo que era impossível a formação de uma hierarquia que diferenciasse as pessoas dessa sociedade.
Uma das primeiras formas de hierarquização dos membros foi a divisão homem/mulher, quando os homens começaram a
explorar as mulheres. A luta de classes origina-se, então, no momento em que a sociedade passa a ser composta de diferentes
castas.
Essa divisão dos membros em classes foi possibilitada quando as
forças produtivas atingiram um certo nível de produtividade, onde o
excedente já promovia maior segurança à sociedade em relação às
suas necessidades. Mas, apesar de garantir uma proteção em tempos
escassos, por exemplo, o excedente abriu a possibilidade do jogo
político. O controle sobre o excedente se desenvolve em conjunto
com a formação de uma minoria que ganha assim poder sobre todos
outros membros da sociedade. Dessa maneira origina-se uma
diferenciação quanto à tarefa social de cada membro. Entre as
diversas classes que podem se formar, estão sempre presente as
classes dos senhores (não-trabalhadores) e a classe trabalhadora.
Uso
No passado, o termo "luta de classes" era usado principalmente por
socialistas, que definem uma classe por sua relação com os meios de
produção - como fábricas, terras e máquinas. Deste ponto de vista, o
controle social da produção e do trabalho é uma competição entre as
classes, e a divisão desses recursos envolve necessariamente
conflitos e causa danos. Pode envolver confrontos em pequena
escala, se intensificar em confrontos maciços e, em alguns casos,
levar à derrota geral de uma das classes concorrentes. No entanto, em
tempos mais contemporâneos, busca-se uma nova definição entre as
sociedades capitalistas nos Estados Unidos e outros países
ocidentalizados.
Uma das primeiras análises desses conflitos encontra-se no livro A Guerra Camponesa Alemã de Friedrich Engels.[5] Uma das
primeiras análises do desenvolvimento de classes como fator de conflitos entre classes emergentes está disponível em
Mutualismo: Um Fator de Evolução de Piotr Kropotkin. Neste trabalho, Kropotkin analisa a partilha de bens após a morte em
sociedades pré-classe ou caçadora-coletora, e como a herança produziu as divisões e os conflitos iniciais de classe.
Bill Moyers, por exemplo, pronunciou um discurso no Brennan Center for Justice em Dezembro de 2013, intitulado "The Great
American Class War", referente à luta atual entre democracia e plutocracia nos EUA.[7] Chris Hedges escreveu uma coluna para o
site Truthdig chamada "vamos ganhar esta guerra de classes que começou", citando o single da cantora Pink, "Get the Party
Started".[8] [9]
O historiador Steve Fraser, autor de The Age of Acquiescence: The Life and Death of American Resistance to Organized Wealth
and Power, afirma que o conflito de classes é inevitável se as condições políticas e econômicas atuais continuarem, observando
que "as pessoas estão cada vez mais cansadas... suas vozes não são ouvidas. E acho que isso só pode durar tanto tempo sem que
existam mais e mais surtos do que costumava chamar de luta de classes, guerra de classes."[10]
Sociedades capitalistas
O exemplo típico de luta de classes descrito é o conflito dentro do capitalismo. Este conflito de classe é visto principalmente entre
a burguesia e o proletariado, e assume a forma de desentendimento sobre horas de trabalho, valor dos salários, divisão dos lucros,
custo dos bens de consumo, cultura no trabalho, controle do parlamento ou burocracia e desigualdade econômica. A
implementação de programas governamentais que podem parecer puramente humanitários, como a prevenção de acidentes de
trabalho, pode realmente ser uma forma de conflito de classe.[11] No conflito de classes dos EUA, muitas vezes é observado em
conflitos capital-trabalho. Já em 1933, o representante Edward Hamilton da ALPA, (Air Line Pilots Association, International),
usou o termo "guerra de classes" para descrever a oposição da administração aérea nas audiências do National Labor Board
(Conselho Nacional do Trabalho) em Outubro daquele ano.[12] Além dessas formas cotidianas de conflito de classe, durante
períodos de crise, o conflito de classe revolucionário assume uma natureza violenta e envolve repressão, assalto, restrição de
liberdades civis e violência assassina, como assassinatos ou esquadrões da morte.[13]
Estou convencido de que essas sociedades (como os índios), que vivem sem
“ governo, gozam em sua massa geral de um grau de felicidade infinitamente
maior do que aqueles que vivem sob os governos europeus. Entre os primeiros, ”
a opinião pública está no lugar da lei, e restringe a moral tão poderosamente
quanto as leis já fizeram em qualquer lugar. Entre estes últimos, sob pretexto de
governo, dividiram suas nações em duas classes, lobos e ovelhas. Eu não
exagero. Esta é uma imagem verdadeira da Europa. Assim sendo, creia no
espírito de nosso povo, e mantenha viva sua atenção. Não seja muito severo em
seus erros, mas corrija-os, iluminando-os. Se, uma vez que se tornem
desatentos para os assuntos públicos, você e eu, e Congresso e Assembléias,
juízes e governadores, todos se tornarão lobos. Parece ser a lei de nossa
natureza geral, apesar das exceções individuais; e a experiência declara que o
homem é o único animal que devora o seu próprio tipo, pois não posso aplicar
um termo mais ameno aos governos da Europa e à pilhagem geral dos ricos aos
pobres.
— Thomas Jefferson, Carta a Edward Carrington - 16 de Janeiro de 1787 [14].
Noam Chomsky
Noam Chomsky, linguista, filósofo e ativista político americano criticou a luta de classes nos
Estados Unidos:
Primavera árabe
Numerosos fatores culminaram com o que se conhece como a Primavera Árabe. A agenda por trás do conflito civil e a derrubada
final dos governos autoritários em todo o Oriente Médio incluíram questões como ditadura ou monarquia absoluta, violações dos
direitos humanos, corrupção governamental (demonstrada pelos telegramas diplomáticos vazados pelo Wikileaks),[22] declínio
econômico, desemprego, extrema pobreza e uma série de fatores estruturais demográficos,[23] como uma grande porcentagem de
jovens educados mas insatisfeitos dentro da população.[24] Além disso, alguns, como o filósofo esloveno Slavoj Žižek atribuem
os protestos eleitorais no Irã em 2009 como uma das razões por trás da Primavera Árabe.[25] Os indutores das revoltas nos países
do norte da África e do Golfo Pérsico têm sido a concentração da riqueza nas mãos dos autocratas, no poder há décadas,
transparência insuficiente de sua redistribuição, corrupção e, especialmente, a recusa dos jovens em aceitar o status quo.[26] [27]
Uma vez as ameaças à segurança alimentar afetaram todo o mundo, os preços aproximaram-se dos níveis da crise de alimentos de
2007-2008.[28] A Anistia Internacional destacou o vazamento dos telegramas diplomáticos dos EUA, pelo Wikileaks, como o
catalisador das revoltas.[29]
Socialismo
Perspectiva marxista
Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, nascido na Alemanha que viveu a maior parte
de sua vida adulta em Londres, Inglaterra. No Manifesto Comunista, Marx argumentou
que uma classe é formada quando seus membros conseguem a consciência de classe e
a solidariedade.[21] Isso ocorre amplamente quando os membros de uma classe se
tornam conscientes de sua exploração e do conflito com outra classe. Uma classe então
realizará seus interesses compartilhados numa identidade comum. De acordo com
Marx, uma classe irá então agir contra aqueles que a estão explorando as classes mais
baixas.
O que Marx ressalta é que os membros de cada uma das duas classes principais têm
interesses em comum. Estas classes, ou interesses coletivos, estão em conflito com os
da outra classe como um todo. Isso, por sua vez, leva a conflitos entre indivíduos de Karl Marx em 1875.
diferentes classes.
Trabalho: (o proletariado ou os trabalhadores) inclui qualquer pessoa que ganhe seu sustento vendendo sua
força de trabalho e recebendo um salário pelo tempo de trabalho. Estes têm pouca escolha senão trabalhar para
o capital, já que normalmente não dispõem de nenhuma forma de sobreviver independentemente.
Capital: (a burguesia ou os capitalistas) inclui qualquer pessoa que obtém sua renda não do trabalho, tanto
quanto da mais-valia que eles apropriam dos trabalhadores que criam a riqueza. A renda dos capitalistas,
portanto, é baseada em sua exploração dos trabalhadores (proletariado).
Nem todas as lutas de classe são violentas ou necessariamente radicais, como acontece com greves e locautes. O antagonismo de
classe pode, em vez disso, ser expresso como a baixa moral dos trabalhadores, sabotagem e roubos menores, e abuso individual
de trabalhadores por autoridades menores e acúmulo de informações. Também pode ser expresso em maior escala por apoio a
partidos socialistas ou populistas. Do lado dos empregadores, o uso de empresas legais que reúnem sindicatos e o lobby para leis
anti-sindicais são formas de luta de classes.
Nem toda a luta de classes é uma ameaça ao capitalismo, nem mesmo à autoridade de um capitalista individual. Uma luta estreita
por salários mais altos por um pequeno setor da classe trabalhadora, o que muitas vezes se chama "economismo", dificilmente
ameaça o status quo. De fato, ao aplicar as táticas artesanais para excluir trabalhadores qualificados, uma luta econômica pode até
enfraquecer a classe trabalhadora como um todo dividindo-a. A luta de classes se torna mais importante no processo histórico à
medida que se torna mais geral, à medida que as indústrias são modernas e não artesanais, à medida que a consciência de classe
dos trabalhadores aumenta e se auto-organizam fora dos partidos políticos. Marx se referiu a isso como o progresso do
proletariado de ser uma classe "em si", uma posição na estrutura social, ser um "para si", uma força ativa e consciente que poderia
mudar o mundo.
Marx responsabiliza, em grande parte, a sociedade de capital industrial como a fonte da estratificação social, o que, em última
instância, resulta em conflitos de classes.[21] Ele afirma que o capitalismo cria uma divisão entre as classes que pode ser
claramente observada nas fábricas de manufatura. O proletariado está separado da burguesia porque a produção se torna uma
empresa social. A tecnologia presente nas fábricas contribui para esta divisão. A tecnologia aliena os trabalhadores, já que eles
não são mais vistos como tendo uma habilidade especializada.[21] Outro efeito da tecnologia é uma força de trabalho homogênea
que pode ser facilmente substituível. Marx acreditava que este conflito de classe resultaria na queda da burguesia e que a
propriedade privada se converteria em propriedade comum.[21] O modo de produção permaneceria, mas a propriedade
comunitária eliminaria a luta de classes.[21]
Mesmo depois de uma revolução, as duas classes se esforçariam, mas, eventualmente, a luta desapareceria e as classes se
dissolveriam. À medida que os limites da classe se quebrassem, o aparelho estatal desapareceria. De acordo com Marx, a
principal tarefa de qualquer aparelho estatal é defender o poder da classe dominante; mas sem qualquer classe, não haveria
necessidade de um estado. Isso levaria à sociedade comunista sem classes e, sem estado.
No entanto, muitos marxistas argumentam que, ao contrário do capitalismo, as elites soviéticas não possuíam os meios de
produção, nem geravam mais-valias para a riqueza pessoal, como no capitalismo, já que o lucro gerado da economia era
distribuído igualmente na sociedade soviética.[31] Mesmo um trotskista como Ernest Mandel criticou o conceito de uma nova
classe dominante como um oxímoro. Ele disse: "A hipótese de que a burocracia seja uma nova classe dominante leva à
conclusão de que, pela primeira vez na história, somos confrontados com uma "classe dominante" que não existe como uma
classe antes de realmente governar."[32]
Proudhon, em sua obra O Que É a Propriedade? (1840) afirma que "certas classes não saboreiam a investigação sobre os títulos
pretendidos para a propriedade e sua história fabulosa e talvez escandalosa."[35] Enquanto Proudhon viu que a solução surgiria
quando as classes mais baixas criassem uma alternativa, a economia solidária, que centraria-se em cooperativas e locais de
trabalho autogeridos, que concorreriam e lentamente, substituiriam a sociedade de classes capitalista, o anarquista Mikhail
Bakunin, sob a influência de Proudhon, insistiu em que uma luta de classes maciça, da classe trabalhadora, camponesa e pobre,
era essencial para a criação do socialismo libertário. Isso exigiria um confronto (final) sob a forma de uma revolução social.
Os fascistas muitas vezes se opuseram à luta de classes e, em vez disso, tentaram atrair a classe trabalhadora, prometendo
preservar as classes sociais existentes e propuseram um conceito alternativo conhecido como colaboração de classes.
Moses Hess, um importante teórico e trabalhista sionista do movimento socialista inicial, no epílogo do livro "Roma e Jerusalém"
(1862) argumentou que "a luta racial é primária, a luta de classes secundária... Com a cessação do antagonismo racial, a luta de
classes também se paralisará. A igualdade de todas as classes da sociedade seguirá necessariamente a emancipação de todas as
raças, pois ela se tornará uma questão científica da economia social."[38]
Nos tempos modernos, as escolas de pensamento emergentes nos EUA e noutros países sustentam o oposto como verdade.[39]
Argumenta-se que a luta racial é menos importante, porque a luta primária é a de classes, já que o trabalho de todas as raças
humanas enfrenta os mesmos problemas e injustiças.
Cronologia
Os conflitos com de fundo basicamente nacionalista não estão incluídos.
Antiguidade Clássica
Conflito das Ordens (República Romana, 494 a.C.-287 a.C.)
Guerras Servis (135 a.C.–132 a.C., 104 a.C.–100 a.C., 73 a.C.–71 a.C.)
Idade Média
Revolta camponesa de 1381
Jacquerie (1358)
Idade Moderna
Guerra dos Camponeses (1524-1525)
Guerra civil inglesa (escavadores, 1642-1649)
Idade Contemporânea
Revolução Francesa (1789) [40]
Revoluções de 1848
Comuna de Paris (1871)
Rebelião Camponesa Donghak (1894-1895)
Revolução Russa de 1905
Revolta dos Camponeses Romenos de 1907
Revolução Mexicana (1910-1920) A rebelião de György Dózsa, em
Revolução de Outubro (1917) 1514, espalhou-se rapidamente no
Revolta de Kronstadt (1921) Reino da Hungria, onde centenas
Greve geral de 1926 no Reino Unido de casas senhoriais e castelos
Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foram queimados e milhares
Revolta de 1953 na Alemanha Oriental dentre a pequena nobreza
Revolução Cubana (1953-1959) morreram.
Revolução Húngara de 1956
Maio de 1968 (França)
Greve selvagens (Alemanha Ocidental, 1969)
Crise constitucional russa de 1993
Distúrbios de 2008 na Grécia
Revolução Quirguiz de 2010
Revolução Egípcia de 2011
Tumultos na Inglaterra em 2011
Fórum Social Mundial
Fórum Econômico Mundial
Críticas
Essas críticas podem ser divididas em dois pontos de vista gerais: aqueles que questionam a própria existência das classes sociais
como tais e, consequentemente, qualquer conflito central entre a sociedade e aqueles que rejeitam a função da luta de classes
como um fator determinante ("motor") da história.
Assim, por exemplo, Ludwig von Mises questiona o conceito de classes, pelo menos no sentido da linha que vai de Rosseau a
Marx, como baseado ou definido por fatores econômicos, afirmando que o fator determinante na oposição percebida é o fator
político-ideológico, que teria criado tal oposição.
Se você quiser aplicar o termo "luta" aos esforços que as pessoas fazem no
mercado, para garantir o melhor preço possível em certas condições, a
“ economia é um teatro de luta permanente de todos contra todos, e não um luta
de classes. O que tem sido capaz de agrupar os trabalhadores para fins de ação
”
comum, contra a classe burguesa, é a teoria da oposição insuperável dos
interesses de classe. O que fez uma realidade da luta de classes é a consciência
de classe criada pela ideologia marxista. É a ideia que criou a classe e não a
classe que criou a ideia.
— Ludwig von Mises [41].
Por outro lado, Karl Popper estima que conceitos como "luta de classes" têm uma
Ludwig von Mises.
função interpretativa da história (ver: Historiografia como meta-história em
Historiografia). Como tal, eles são perfeitamente "irrefutáveis". Mas é fácil cair no
erro "historicista" quando são usados como teorias ou fatores preditivos do desenvolvimento futuro de eventos. Em outras
palavras, Popper faz a distinção entre os elementos que nos permitem - de forma mais ou menos semelhante à que as teorias
cumprem na ciência - para interpretar os eventos de algum ponto de vista que nos interessa (sendo o método científico empregado
na eliminação de falácias e preconceitos) e teorias científicas. Tais fatores interpretativos têm, em sua opinião, uma diferença
essencial com as teorias da ciência: não são falseáveis ou refutáveis e, portanto, não se pode dizer que constitua uma explicação
científica da história (no sentido de mostrar ou descobrir as leis naturais que determinam o funcionamento do desenvolvimento
humano ou social), mas sim seriam um foco histórico ou narrativo de um determinado ponto de vista.[42]
Divisão da sociedade
O conceito de luta de classes foi criticado por dividir artificialmente a sociedade em dois campos hostis, além de defender o ódio
e a violência de classe. Esta é a censura tradicionalmente abordada pela direita conservadora ou liberal. Os conservadores
geralmente defendem o conceito de "colaboração de classes" que, de acordo com os defensores do conceito de luta de classes, é
apenas "a exploração de uma classe por outra". Pitirim Sorokin discorda da teoria marxista, que responsabiliza a luta de classes
como determinante dos rumos da história humana, afirmando que: "a cooperação entre as classes sociais, é um fenômeno ainda
mais universal do que o antagonismo entre elas."[43]
A Doutrina Social da Igreja também condena a luta de classes. Em sua famosa encíclica
Rerum Novarum, o Papa Leão XIII reconheceu a existência de duas classes:[44]
No entanto, as conciliações do conceito de luta de classes e ideais cristãos foram tentadas, particularmente através da teologia da
libertação, desenvolvida nos anos 60 e 70 na América Latina. O Papa João Paulo II, no entanto, defendeu a manutenção da
doutrina social oficial da Igreja, declarando, por exemplo, em 2002, sobre a ocupação da terra no Brasil: "para alcançar a justiça
social, é necessário tornar-se além da simples aplicação de esquemas ideológicos decorrentes da luta de classes, por exemplo, a
ocupação da terra, que já condenei durante minha jornada pastoral de 1991."[45]. A doutrina social da Igreja é, portanto, opôs à
luta de classes a ideia de uma "associação de classes": "o trabalho de um e o capital do outro devem ser associados um ao outro,
uma vez que um não pode fazer nada sem a ajuda do outro" diz a encíclica Quadragesimo anno (§58) [44] publicada em 1931
pelo Papa Pio XI. A aplicação desta ideia pode ser encontrada na promoção do corporativismo cristão ou da associação capital-
trabalho defendida pelo gaullismo.
Na sequência de Maio de 1968, alguns revolucionários criticaram os partidos marxistas ligados à luta de classes por terem
dificuldades em integrar as "novas lutas": feminismo, regionalismo, antirracismo, ecologia, etc.
Crítica liberal
Os defensores do liberalismo econômico desafiam a concepção marxista da luta de classes. Eles podem negar, ou elaborar uma
tipologia diferente, ou reduzir o seu alcance para o conflito sobre a distribuição do produto nacional (como Raymond Aron). Por
outro lado, Karl Popper escreveu que Marx estava correto "ao argumentar que a luta de classes e a união dos trabalhadores
seriam os principais agentes" da transformação do capitalismo.[48]
Críticas sociológicas
Outro grande eixo de crítica do conceito de luta de classes reside na validade da definição das próprias classes sociais.
O estudo das populações está cada vez mais refinado em resposta à crescente diversificação de situações e comportamentos
socioeconômicos (noção de segmentação da população).
Para outros, o conceito de luta de classes permanece válido. A ideia da classe média foi levada em consideração por Karl Marx,
que sentiu que esta estava destinado a equiparar-se ao proletariado. No século XX, o economista Paul Boccara coloca a existência
de uma nova "classe salarial".[51]
Ver também
Agência
Análise de classe
Colaboração de classes
Consciência de classe
Escravidão do salário
Internacionalismo
Livre associação
Revolução mundial
Sociedade sem classes
Teoria da revolução permanente
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Ligações externas
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