Diferenças Finitas Equação Do Calor
Diferenças Finitas Equação Do Calor
Diferenças Finitas Equação Do Calor
MACAPÁ-AP
2013
JOELMA DO SOCORRO MIRANDA DO NASCIMENTO
TAMIRES DA SILVA
MACAPÁ-AP
2013
JOELMA DO SOCORRO MIRANDA DO NASCIMENTO
TAMIRES DA SILVA
MACAPÁ-AP
2013
Agradecimentos
Agradecemos à Deus pela dádiva da vida que nos permite aprender com os fracas-
sos e sentir o prazer das conquistas.
À nossa famı́lia, em especial aos nossos pais, Benedito Ferreira Nascimento e Raimunda
do Socorro Miranda do Nascimento, e Tânia Maria da Silva pelas mensagens e gestos de
incentivos para que completássemos com êxito mais essa etapa de nossas vidas.
Aos colegas da graduação, em especial, à Adriane Bastos, Deniel de Almeida, Elias da
Costa, Fábio Dias e Fagner Carmo pelo companherismo nesses anos de estudo e incentivo
na produção deste trabalho.
Agradecemos em especial ao nosso orientador Prof. Dr. Guzmán Eulálio Isla Cha-
milco pelas contribuições teóricas e de materiais para o desenvolvimento desta monografia.
Deixamos registrados toda nossa gratidão, respeito e admiração.
Aos professores do colegiado deixamos nossos sinceros agradecimentos pelas contri-
buições para nosso progresso desde o inı́cio da graduação.
Enfim, a todos aqueles que cruzaram o nosso caminho nesta trajetória, pois de uma
forma ou de outra, são pessoas que fazem parte de um pedaço de nossas vidas e que jamais
esqueceremos.
(Aristóteles)
Resumo
In this monograph, we discuss the concept of Finite Difference Method, with their
properties. It begins with a historical review, emphasizing some mathematicians who
were essential to the development of difference methods. In the theoretical aspect, we
deal with Partial Differential Equations of second order, explicit and implicit methods
applied in the Heat Equation, and the Crank-Nicholson method. Finally, we numerically
exemplify those concepts and properties in a problem, making a comparison between the
methods.
1
Sumário
1 Contexto Histórico 6
3 Métodos Numéricos 14
3.1 Discretização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1.1 Condições de Contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2 Método das Diferenças Finitas (MDF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3 Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4 Consistência, Convergência e Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.5 Aplicação do Método Explı́cito na Equação do Calor . . . . . . . . . . . . 21
3.6 Aplicação do Método Implı́cito na Equação do Calor . . . . . . . . . . . . 23
3.7 Método de Crank - Nicholson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4 Problema Proposto 31
Considerações Finais 47
Referências Bibliográficas 48
2
Lista de Figuras
3
Introdução
4
Problemas que envolvem transferência térmica causada por uma diferença de tem-
peratura entre duas regiões em um mesmo meio podem ser representados por equações
diferenciais parciais. Essas equações são denominadas equações do calor, e determinam a
distribuição de temperatura em um corpo.
Nesse trabalho utilizaremos o Método Explı́cito, Implı́cito e Crank-Nicholson, com
o objetivo analisar a transferência de calor no decorrer do tempo em um problema que
envolvem condução de calor unidimensional em uma barra.
5
Capı́tulo 1
Contexto Histórico
O estudo das equações diferenciais nasceu com problemas da Mecânica, com a ex-
plicação do movimento dos planetas, a oscilação do pêndulo e outros que foram estudados
por Leonardo da Vinci (1452-1519), Galileu Galilei (1564-1642), Johann Kepler(1571-
1630).
A mais notável realização matemática do século XVII foi a invenção do Cálculo por
Isaac Newton(1642-1727) e Gottfried Wilhelm Leibinz(1646-1716). Esse feito mudou a
forma de resolver os problemas da época e influenciou toda uma geração futura.
A obra “Methodus Incrementorum Directa et Inversa”, publicada pelo matemático
Brook Taylor(1685-1731), em 1715 foi de grande importância, pois apresentou a série:
0 00 x2 000 x3 xn
f (x + a) = f (a) + f (a) x + f (a) + f (a) + . . . + f n (a) ...
2! 3! n!
que hoje é conhecida como Série de Taylor. Ele desenvolveu o teorema de expansão
de Taylor, sendo muito utilizada nos métodos de diferenças finitas.
As publicações de Leonhard Euler(1707-1783) “Introduction in analysin infinitorum”(1748),
e “Institutiones calculi differentialis”(1755) e “Institutiones calculi integralis” contêm o
estudo mais completo de cálculo e análise até aquela época. Entre as contribuições de
Euler estão o uso de fatores integrantes na resolução de equações diferenciais, método
sistemático para resolver equações diferenciais lineares com coeficientes constantes.
Na obra “Traité de Dynamique”(1743), Jean Le Rond D’Alembert (1717-1783) escre-
veu sobre o princı́pio que as ações e reações internas de um sistema de corpos rı́gidos em
movimento, estão em equilı́brio. Em 1747, ao estudar o problema das cordas vibrantes
desenvolveu a equação:
6
∂ 2u ∂ 2u
=
∂t2 ∂x2
7
John Crank (1916-2006) e Phyllis Nicholson (1917-1968) foram responsavéis pelo de-
senvolvimento do método numérico, conhecido por Método de Crank - Nicholson, em me-
ados do século XX. Ele consiste em resolver numericamente a equação do calor e equações
diferenciais parciais similares, sendo de segunda ordem no tempo e no espaço, implı́cito
no tempo e é numericamente estável.
8
Capı́tulo 2
9
A ordem é determinada com a ordem da derivada de maior ordem presente na equação.
Exemplo:
3 4
d3 y d2 y d2 y
x− 3 −y 2 = 2− 2 (3a ordem)
dx dx dx
O grau é o maior dos expoentes a que está elevada a derivada de mais alta ordem que
existe na equação.
Exemplo:
2 4
d3 y d2 y d2 y
3x − 3 − y 2 = 1 − 2 (3a ordem e 2a grau)
dx dx dx
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
A 2
+ B + C 2
+D +E + F (u) = G (x, y)
∂x ∂x∂y ∂y ∂x ∂y
é aquele que visa obter uma solução u (x, y) 6= 0 para a equação dada sobre um
conjunto M ⊂ R2 de modo que a função u = u (x, y) deva satisfazer a algumas condições
iniciais ou de contorno dada por funções conhecidas.
As EDP’s de 2a ordem são classificadas em: Equações Elı́pticas, Equações Parabólicas
e Equações Hiperbólicas. Segundo Franco [5], as equações parabólicas são adequadas para
modelar problemas de difusão, enquanto que as elı́pticas são para problemas de equilı́brio
10
e as hiperbólicas para problemas de convecção. A classificação das EDP’s lineares de 2a
ordem ocorrem em função do valor do discriminante da EDP. Uma equação diferencial
parcial linear é:
∂ 2u ∂ 2u
• Hiperbólica se ∆ = B 2 − 4AC > 0. Por exemplo, a equação da onda: = ;
∂x2 C 2 ∂t2
∂ 2u ∂ 2u
• Elı́ptica se ∆ = B 2 −4AC < 0. Por exemplo, a equação de Laplace: + = 0;
∂x2 ∂y 2
∂u ∂ 2u
• Parabólica se ∆ = B 2 − 4AC = 0. Por exemplo, a equação do calor: = α 2.
∂t ∂x
∂u ∂ 2u
=α 2 (2.1)
∂t ∂x
Onde α ∈ R.
Através da equação do calor é possı́vel expressar um equilı́brio fı́sico fundamental, isto
é, a taxa de calor que entra em qualquer parte da barra é igual à taxa de absorção de
calor naquela parte da barra.
A forma geral, em coordenadas cartesianas da equação do calor é:
∂ ∂u ∂ ∂u ∂ ∂u ∂u
k + k + k + q = ρs
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z ∂t
11
O fluxo de calor é sempre no sentido desde um ponto de maior temperatura a pontos
de menor temperatura.
A equação do calor é de uma importância fundamental em numerosos e diversos cam-
pos da ciência. Na estatı́stica, a equação do calor está vinculada com o estudo do mo-
vimento browniano através da equação de Fokker-Planck. A equação de difusão, é uma
versão mais geral da equação do calor e relaciona-se, principalmente, com o estudo de
processos de difusão quı́mica. A equação do calor é usado em probabilidade e descreve
passeios aleatórios e é aplicada em matemática financeira por esta razão.
Equação do calor :
ut = αuxx
u(0, t) = 0
(2.2)
u(L, t) = 0
u(x, 0) = f (x)
Com 0 ≤ x ≤ L; e t ≥ 0
A solução do problema é dada pela função:
∞
X nπx n2 π2 2 αt
u (x, t) = A0 + An cos e L
n=1
L
Onde:
Z L Z L
2 2 nπx
A0 = f (x)dx e An = f (x)cos dx
L 0 L 0 L
Essa solução foi obtida usando o método de separação de variável e série de Fourier
(HOLETZ, 2001, p.4).
12
O erro de truncamento é proveniente da utilização, por razões práticas de processos
finitos. Estes processos finitos são muito utilizados na avaliação de funções matemáticas,
tais como, exponenciação, logaritmos, funções trigonométricas e várias outras que uma
máquina pode ter.
Exemplo: Uma máquina poderia calcular a função seno e exponencial utilizando as
seguintes técnicas. Sendo:
x 3 x5 x7
sen(x) = x − + − + ...
3! 5! 7!
x2 x 3
ex = 1 + x + + + ...
2! 3!
Faz-se Truncamento:
x3 x5 x7 xn
sen(x) ∼
=x− + − + . . . + (−1)n
3! 5! 7! n!
x2 x3 xn
ex ∼
=1+x+ + + ... +
2! 3! n!
13
Capı́tulo 3
Métodos Numéricos
3.1 Discretização
Para tratar computacionalmente um problema diferencial é necessário expressar de
forma adequada a região (domı́nio) onde o problema será resolvido. Como usualmente não
é possı́vel obter soluções numéricas sobre o domı́nio, uma região contı́nua, devido à uma
infinidade de pontos envolvidos, inicialmente o domı́nio é discretizado, isto é, substituı́do
por um conjunto finito de pontos representativos (malha). Somente nesses pontos é que
as soluções serão obtidas.
A figura 3.1 representa uma malha unidimensional uniforme, onde o espaçamento da
malha é igual para cada intervalo e é representado por h.
A figura 3.2 representa uma malha cartesiana ortogonal uniforme para um problema
bidimensional. Qualquer ponto (xi , yi ) fica representado na malha por (i, j) e os vizinhos
a esse ponto vem representados por (i ± 1, j ± 1).
14
Figura 3.2: Malha computacional bidimensional
15
3.1.1 Condições de Contorno
• Condição de contorno de Cauchy: especifica uma combinação dos dois tipos ante-
riores.
du u (xi + h) − u (xi )
= lim (3.1)
dx x=xi h→ 0 h
16
Onde h = ∆x . De forma aproximada, utilizando-se um incremento h , porém finito,
pode-se escrever:
Onde:
xn − x1
h= , xi = x1 + (i − 1) h
n−1
ui+1 = u (xi + h), ui = u (xi ), ui−1 = u (xi − h)
17
3.3 Série de Taylor
Este método utiliza como técnica de solução de equações diferenciais, a substituição
das derivadas por formas de diferenças finitas que são obtidas pela expansão em série de
Taylor e truncamento ao nı́vel da ordem do erro desejada.
00
0 f (a) (x − a)2 f n−1 (a)n−1
f (x) = f (a) + f (a) f (x − a) + + ... + + Rn
2! (n − 1)!
Onde E(x) é a função que representa o erro de truncamento e f (n) (x) é a n-ésima
derivada de f. Esta representação de f é dita centrada em a, pois o polinômo que aparece
antes do erro de truncamento assume valor igual a f (a), ou seja, o erro de a é igual a
zero. Uma maneira alternativa de representar a função, iterando nosso processo o quanto
quisermos, é:
∞
X f (n) (a) (x − a)n
f (x) =
n=0
n!
p(a) = f (a)
0 0
p (a) = f (a)
00 00
p (a) = f (a)
000 000
p (a) = f (a)
..
.
18
pn (a) = f n (a)
• Consistência:
19
• Convergência:
Desta forma, como foi visto, todas as discretizações são consistentes com as EDP’s e,
para os métodos estáveis e para os que têm critérios de estabilidade, se obedecidos, todos
os métodos numéricos serão convergentes.
• Estabilidade:
20
3. Instável : se os erros aumentarem com o tempo, a solução numérica irá divergir
em relação à realidade (solução exata) e então o método numérico é dito como
sendo instável. Não existem valores de ∆t que permitem a eles fornecerem soluções
estáveis. Em princı́pio, não devem ser utilizados.
∂u uk+1 − uki
= i (3.6)
∂t ∆t
Substituindo essas equações em 2.1, obtém-se:
21
uk+1 − uki uk − 2uki + uki−1
i
= α i+1 (3.7)
∆t (∆x)2
∆t
Considerando β = α , daı́:
(∆x)2
uk+1
i = βuki+1 + (1 − 2β) uki + βuki−1 (3.8)
Assim, a equação 3.8 fornece uma forma explı́cita para calcular os valores de cada nó,
baseado nos valores atuais e em seus vizinhos.
∂u ∂ 2u
=
∂t ∂x2
e Condição inicial:
22
Figura 3.5: Representação dos nós em subintervalos
u00 = u04 = 0
Portanto:
u10 = 0
u1 = 0.115625
1
u12 = 0.115 (3.9)
u13 = 0.051875
u14 = 0
23
garantida pelos métodos implı́citos não garante a precisão dos resultados, pois esta de-
pende da discretização espacial, do passo de tempo e das condições de contorno adotadas.
Além disso, eles geram um amortecimento nos resultados.
∂ 2u uk+1 k+1
i+1 − 2ui + uk+1
i−1
2
= 2 (3.10)
∂x (∆x)
Quando é substituı́do a expressão 3.6 e 3.10 na equação 2.1, obtém-se a equação a
seguir:
Essa equação possui várias incógnitas, por isso não pode ser resolvida por uma reor-
ganização algébrica simples, como a do método explı́cito.
As fórmulas implı́citas, juntamente com as condições de contorno resultam em um
conjunto de equações lineares algébricas com o mesmo número de incógnitas. Logo, o
método se reduz a solução de um conjunto de equações simultâneas em cada ponto de
tempo.
24
A fundamental diferença entre os métodos explı́cito e implı́cito está representada na
figura a seguir:
Para a forma explı́cita, a derivada espacial é aproximada no nı́vel k de tempo. Já para
a forma implı́cita, a derivada espacial aproximada em k + 1, nı́vel de tempo avançado.
Exemplo: Considere a seguinte equação diferencial parcial:
∂u ∂ 2u
=
∂t ∂x2
e Condição inicial:
u00 = u04 = 0
25
Figura 3.8: Representação dos nós em subintervalos
26
3.7 Método de Crank - Nicholson
Na análise numérica, o método de Crank Nicholson é um método de diferenças finitas
usado para resolver numericamente a equação do calor e equações diferenciais parciais
similares. É um método de segunda ordem no tempo e no espaço, implı́cito no tempo e é
numericamente estável. O método foi desenvolvido por John Crank e Phyllis Nicholson na
metade do século XX. Nele é proposto um esquema implı́cito alternativo para chegar mais
próximo do valor real da derivada de segunda ordem no espaço e primeira ordem no tempo
da equação de difusão. Para alcançar esse objetivo, aproximações para as diferenças são
implementadas no ponto médio do incremento de tempo.
As soluções aproximadas, encontradas por meio desse método, podem ainda conter
oscilações significativas caso a razão entre o passo de tempo e o quadrado do passo de
espaço for grande (usualmente maior que 1/2). Por essa razão, sempre que grandes passos
de tempo forem tomados, o método menos preciso de euler implı́cito é frequentemente
utilizado, o qual é estável e imune à oscilações.
O método de Crank-Nicholson é baseado em diferenças centradas no espaço, e na regra
trapezoidal no tempo, é de segunda no tempo e no espaço. Por exemplo, para um caso
unidimensional, se a equação diferencial parcial for:
∂u ∂ 2 u
∂u
=F u, x, t, , 2 (3.15)
∂t ∂x ∂x
Em seguida, fazendo: u (i∆x, k∆t) = uki . A equação para o método de Crank -
Nicholson é a combinação do método de Euler explı́cito em k e do método de Euler
implı́cito em k + 1 (deve-se notar, contudo, que o método por si só não é simplesmente a
27
média desses dois métodos, já que a equação tem uma dependência implı́cita na solução:
• Euler Explı́cito:
uk+1 − uki ∂u ∂ 2 u
i k
= Fi u, x, t, , 2 (3.16)
∆t ∂x ∂x
• Euler Implı́cito:
uk+1 − uki ∂u ∂ 2 u
i k+1
= Fi u, x, t, , 2 (3.17)
∆t ∂x ∂x
De 3.16 e 3.17, tem-se o Método de Crank - Nicholson:
uk+1 − uki ∂u ∂ 2 u ∂u ∂ 2 u
i 1 k+1 k
= (Fi u, x, t, , 2 + Fi u, x, t, , 2 (3.18)
∆t 2 ∂x ∂x ∂x ∂x
A função F deve ser discretizada no espaço por diferenças centradas. Note que este
é um método implı́cito. Para conseguir o valor posterior de u no tempo, um sistema de
equações algébricas deve ser resolvido. Se a equação diferencial parcial for não-linear, a
discretização também deverá ser não-linear para que o avanço no tempo envolva a solução
do sistema algébrico não-linear de equações, embora que linearizações sejam possı́veis.
O método de Crank-Nicholson é frequentemente aplicado a problemas da equação do
calor. Como por exemplo:
∂u ∂ 2u
=α 2 (3.19)
∂t ∂x
A discretização de Crank-Nicholson é dada por:
uk+1
i − uki α k k k
k+1 k+1 k+1
= ui+1 − 2u i + u i−1 + ui+1 − 2u i + u i−1 (3.20)
∆t 2 (∆x)2
α∆t
Fazendo β = , obtém-se:
2 (∆x)2
Então:
28
−βuk+1 k+1
i+1 + (1 + 2β) ui − βuk+1 k k k
i−1 = βui+1 + (1 − 2β) ui + βui−1 (3.22)
Exemplo:
Considere a seguinte equação diferencial parcial:
∂u ∂ 2u
=2 2
∂t ∂x
e Condição inicial:
u (0, x) = 4 (1 − x) x, para 0 ≤ x ≤ 1
u00 = u04 = 0
29
Do enunciado temos ∆x = 0.25,∆t = 0.0625 e α = 2, obtemos β = 1. Substituindo
na equação (3.19), para k = 0 e i = 1, 2, 3, temos:
i = 1; ⇒ −u12 + 3u11 = 0, 25
i = 3; ⇒ 3u13 − u12 = 0, 25
30
Capı́tulo 4
Problema Proposto
0
Considere uma viga, com comprimento de 10 cm e os seguintes valores: k = 0, 49cal/
(s.cm.o C), ∆x = 2cm e ∆t = 0, 1s. A t = 0, a temperatura da viga é igual a zero e as
condições de contorno são fixas para todos os tempos a T (0) = 100o C e T (10) = 50o C.
Observe que a viga é de alumı́nio com C = 0, 2174cal/(g o C) e ρ = 2, 7g/cm3 . Portanto,
α = 0, 835cm2 /s e β = 0, 020875. Resolva numericamente a distribuição da temperatura
nessa viga utilizando os métodos: Explı́cito, Implı́cito e de Crank-Nicholson. Comente os
resultados.
Observação:
A temperatura u = u(x, t) da viga de comprimento L = 10cm, satisfaz a equação do
calor:
∂u ∂ 2u
=α 2
∂t ∂x
Com as condições de fronteira:
31
A difusividade térmica dada por é α = 0, 835cm2 /s e a solução analı́tica deste problema
e expressa por:
∞
T2 − T1 −n2 π 2 αt
nπx
X
u (x, t) = x + T1 + Cn e L2 sen (4.1)
L n=1
L
Onde:
Z L
2 h x i nπx
Cn = f (x) − (T2 − T1 ) − T1 sen dx
L 0 L L
Sendo L é o comprimento da barra. Como os resultados precisos podem ser obtidos,
geralmente, utilizando-se apenas alguns termos da série, é possı́vel calcular a solução
analı́tica do problema usando a série acima (HOLETZ, 2001, p.98).
Para o cálculo da solução do problema pelo método das diferenças finitas, utiliza-se a
premissa de que o número de Fourier β deve ser igual ou menor que 0, 5 para o método
convergir.
A seguir será apresentado a solução do problema por meio dos métodos: Explı́cito,
Implı́cito e Crank-Nicholson.
32
• Método Explı́cito
Solução:
Aplicando a equação 3.8 para ∆x = 2cm, ∆t = 0.1s, i = 1, 2, 3, 4 e β constante.
uk+1
i = βuki+1 + (1 − 2β) uki + βuki−1
u12 = 0
u13 = 0
u14 = 1, 04375
u21 = 4, 0878
u22 = 0, 0436
u23 = 0, 02179
u24 = 2, 0439
u31 = 6, 0055
u32 = 0, 1276
u33 = 0, 06445
u34 = 3, 0028
33
Para t = 0.4s e k = 3, tem-se:
u41 = 7, 8449
u42 = 0, 2489
u43 = 0, 1271
u44 = 3, 9225
Através da tabela observou-se que o problema não possui simetria em relação ao eixo
médio da viga. Após a obtenção das soluções foram desenvolvidos gráficos que facilitam
o estudo da distribuição de temperatura no decorrer do tempo e comprimento da viga.
Para representar a condição inicial do problema, onde as extremidades são mantidas a
100o C e 50o C, respectivamente, e o comprimento da viga a 0o C, foi desenvolvido o gráfico
a seguir, que relaciona a distribuição de temperatura no decorrer do comprimento da viga.
34
Figura 4.2: Variação da temperatura em função do espaço
Figura 4.3: Solução Numérica pelo Método Explı́cito para o tempo de 0.1s à 0.4s.
35
Figura 4.4: Variação da temperatura em relação do espaço, para diferentes momentos de
tempos, calculado pelo Método Explı́cito.
• Método Implı́cito
Solução:
Utilizando a equação 3.12 para ∆x = 2cm, ∆t = 0.1s e β = 0.020875, i = 1, 2, 3, 4
tem-se:
Na forma matricial:
1, 04175 −0, 020875 0 0 u112, 0875
1
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u2 0
. =
1
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u3 0
0 0 −0, 020875 1, 04175 u14 1, 04375
(4.2)
36
Logo:
u11 = 2, 0046
u12 = 0, 0406
u13 = 0, 0209
u14 = 1, 0023
Na forma matricial:
1, 04175 −0, 020875 0 0 u21 4, 0922
2
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u2 0, 0406
.
2 =
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u3 0, 0209
0 0 −0, 020875 1, 04175 u24 2, 04605
(4.3)
Logo:
u21 = 3, 9306
u22 = 0, 1189
u23 = 0, 0618
u24 = 1, 9653
37
Para t = 0.3s e k = 2 tem-se:
Na forma matricial:
1, 04175 −0, 020875 0 0 u316, 0181
3
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u2 0, 1189
.
3 =
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u3 0, 0618
0 0 −0, 020875 1, 04175 u34 3, 00905
(4.4)
Logo:
u31 = 5, 7816
u32 = 0, 2324
u33 = 0, 1219
u34 = 2, 8909
Para t = 0.4s e k = 3:
38
Na forma matricial:
1, 04175 −0, 020875 0 0 u41 7, 8691
4
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u2 0, 2324
.
4 =
−0, 020875 1, 04175 −0, 020875
0 u3 0, 1219
4
0 0 −0, 020875 1, 04175 u4 3, 93465
(4.5)
Logo:
u41 = 7, 561386
u42 = 0, 3786179
u43 = 0, 2003662
u44 = 3, 7809769
39
Analisando o gráfico para t = 0, 1s, pode-se observar que há uma pequena variação da
solução númerica nos pontos entre 2 e 3cm de comprimento. Essa variação será atenuada
com a resolução do problema, onde o resultado numérico apresenta uma mı́nima oscilação,
conforme mostrado nos gráficos a seguir:
Figura 4.5: Solução Numérica pelo Método Implı́cito para o tempo de 0,1s à 0,4s.
40
Figura 4.6: Variação da temperatura em relação do espaço, para diferentes momentos de
tempos, calculado pelo Método Implı́cito.
• Método de Crank-Nicholson
Solução:
Aplicando a equação 3.22 para ∆x = 2cm, ∆t = 0.1s, β = 0.0104375 e i = 1, 2, 3, 4
−βuk+1 k+1
i+1 + (1 + 2β) ui − βuk+1 k k k
i−1 = βui+1 + (1 − 2β) ui + βui−1
Na forma matricial:
1, 020875 −0, 0104375 0 0 u11 2, 0875
1
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u2 0
. =
1
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u3 0
1
0 0 −0, 0104375 1, 020875 u4 1, 04375
(4.6)
41
Logo:
u11 = 2, 0450294
u12 = 0, 0210176
u13 = 0, 0106692
u14 = 1, 0225163
Na forma matricial:
1, 020875 −0, 0104375 0 0 u21 4, 090058782475
2
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u2 0, 0420352117375
.
2 =
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u3 0, 02133836553125
0 0 −0, 0104375 1, 020875 u24 2, 0450326320125
(4.7)
Logo:
u21 = 4, 007269
u22 = 0, 0825781
u23 = 0, 0422318
u24 = 2, 0036473
42
Para t = 0.3s e k = 2, tem-se:
Na forma matricial:
1, 020875 −0, 0104375 0 0 u31 6, 01197916854375
3
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u2 0, 1231209467625
.
3 =
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u3 0, 0631251887875
0 0 −0, 0104375 1, 020875 u34 3, 006011957025
(4.8)
Logo:
u31 = 5, 890904
u32 = 0, 1817915
u33 = 0, 0938081
u34 = 2, 9455037
43
Na forma matricial:
1, 020875 −0, 0104375 0 0 u41 7, 85732882778125
4
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u2 0, 24046203498125
.
4 =
−0, 0104375 1, 020875 −0, 0104375
0 u3 0, 1244909995625
4
0 0 −0, 0104375 1, 020875 u4 3, 92874543230625
(4.9)
Logo:
u41 = 7, 6998913
u42 = 0, 3159515
u43 = 0, 1645393
u44 = 3, 8500921
44
Os gráficos da figura (4.6) mostram a temperatura variando no decorrer da viga nos
tempos: 0.1s, 0.2s, 0.3s, e 0.4s. Pode-se representar o comportamento da temperatura em
função do comprimento da viga para as variações do tempo, em apenas um gráfico, como
mostrado na figura (4.7).
Figura 4.7: Solução Numérica pelo Método de Crank-Nicholson para o tempo de 0,1s à
0,4s.
45
Representação de diferentes soluções para u em x = 2cm e t = 10s.
46
Considerações Finais
Este trabalho, teve como objetivo principal analisar a transferência de calor no decor-
rer do tempo, em um problema que envolve a condução de calor unidimensional em uma
viga, utilizando os métodos: Explı́cito, Implı́cito e de Crank-Nicholson.
Na questão apresentada, observou-se que é possı́vel obter resultados coerentes e pre-
cisos utilizando o método das diferenças finitas, seguindo o critério de convergência dele.
E fazendo a discretização, verificou-se que os termos das formulações geram matrizes
tridiagonais, para os quais a resolução dos sistemas é muito fácil de ser efetuada compu-
tacionalmente, utilizando programas como o SCILAB.
Outro programa utilizado foi Microsoft Excel. Com ele determinou-se as simulações
dos gráficos, e a partir destes notou-se que houve uma mı́nima variação na temperatura
com relação ao comprimento, no decorrer dos tempos empregados.
Verificou-se que o comportamento dos gráficos, tanto dos métodos de Euler quanto o de
Crank-Nicholson, se assemelham devido os valores obtidos serem bastante aproximados.
Ao término deste trabalho, foi possı́vel observar que as equações diferenciais parciais
representam um modelo fı́sico, por isso é necessário adicionar condições auxiliares de modo
a caracterizar melhor a situação modelada. Essas condições são denominadas, dependendo
do problema, de condições iniciais e de contorno, e a sua adequada implementação é
fundamental para se obter uma solução numérica de boa qualidade.
47
Referências Bibliográficas
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[3] BOYER, C.B. Tópicos de História da Matemática para Uso em Sala de Aula. São
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[10] SOARES, A.A.B. O Método das Diferenças Finitas Aplicado à Teoria das Vigas.
2010, 142p. Universidade da Amazônia, Belém.
48
[11] SOUSA, N. Método de Diferenças Finitas: Conceitos e Interpretações. 2009, 89p.
Mestrado Profissional em Matemática - Instituto de Matemática, Estatı́stica e Com-
putação Cientı́fica, Campinas.
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