Agrupamentos Produtivos
Agrupamentos Produtivos
Agrupamentos Produtivos
Manoel de Barros
Introdução
1Todos Juntos, letra e música de Luis Enriquez Bacalov, Sergio Bardotti, tradução e adaptação de Chico
Buarque de Holanda / 1977. Letra completa disponível em: http://bit.ly/29LIrlN
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2Trecho extraído do Texto: Contribuições a Prática Pedagógica - 6, elaborado pela equipe pedagógica
do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, Ministério da Educação (MEC), Brasília,
2002, disponível em: http://bit.ly/29Nz2XJ
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poderá planejar esse atendimento de forma que, por exemplo possa se dedicar a
todos ao longo de uma semana.
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Nos Anos Iniciais, nessa última década, muito tem se falado em agrupamentos
produtivos, como também a organização da sala de aula e a forma como o professor
agrupa os alunos deve seguir um critério claro em favor da aprendizagem dos
sujeitos. Os conhecimentos em relação aos agrupamentos produtivos se
intensificaram a partir das ideias vinculadas a alguns programas de formação de
professores, entre eles, o que mais teve impacto nesse sentido foi Programa de
Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA, o qual, na rede estadual de São
Paulo passou pela alcunha de Letra e Vida.
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Tabela 1.
NÍVEL DE NÍVEL DE
ALUNOS ALUNOS
ESCRITA ESCRITA
Ana Julia Maria
Arthur Mário
Bárbara Melissa
Cauê Nicolas
Débora Paulo
Enzo Pedro
Gabrielly Pietro
Iago Raquel
Ismael Renato
Julia Sofia
Julio Tamires
Cauane Tiago
Lorenzo Vinicius
Maria Eduarda Vitor
Legenda
pré-silábica
silábica sem valor sonoro convencional
silábica com valor sonoro convencional
silábico-alfabética
alfabética
3 Cabe aqui uma pequena ressalva quanto a formação desse agrupamento, em se tratando da
complexidade do conteúdo (apropriação do SEA) o melhor dos agrupamentos é a dupla, já que, garante
boas discussões entre as crianças, ou em casos esporádicos o agrupamento de três alunos, o que
depende do bom senso do professor para esse último tipo.
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RI NO CE RO TE RI N CE O T
RI NO CE RON TE I NO E O TE
Observações: Na escrita de rinoceronte Observações: Na escrita de rinoceronte
os alunos com escrita alfabética já os alunos com escrita silábico-alfabética
compreenderam a geração do sistema de alternam entre a escrita silábica
escrita, no primeiro exemplo apresenta (identificam 1 elemento da pauta sonora)
uma escrita convencional da palavra e e escrita alfabética (reconhecem outros
quando atribui RO para RON, não é uma elementos que compõem a pauta
questão relacionada a aquisição do sonora). Percebe-se essa alternância no
sistema, mas sim, às questões primeiro exemplo, já que escreve
qualitativas da escrita (ortografia), já a alfabeticamente RI e CE e silabicamente
segunda escrita demonstra que há quando atribui N para NO, O para RON e
preocupação na qualidade da escrita, já T para TE, o mesmo acontece na segunda
que produz uma escrita convencional escrita quando escreve alfabeticamente
com ortografia regular. NO e TE e silabicamente I para RI, e para
CE e O para RON.
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alterna entre a escrita silábica e a alfabética, já os alunos com escrita silábica com
valor sonoro reconhecem um dos elementos que compõem a pauta sonora. Nesse
sentido, o agrupamento torna-se produtivo pois escrevem de forma diferente a
mesma palavra, e portanto, tem muitas coisas para discutir quando desafiados a
escreverem juntos uma lista de palavras, uma parlenda, um trecho de uma
música, frases de caminhão, ditados populares, nomes dos colegas da classe,
entre outras atividades próprias para o processo de ensino e de aprendizagem da
escrita.
R N E O T A J U A M
I O C O E B R V K R
IN TO CV KO EL Observações: Nesse tipo de escrita, a
criança já relaciona as partes do escrito
Observações: Na escrita de rinoceronte com as partes do falado, isto fica evidente
os alunos com escrita silábica quando o aluno realiza a leitura e efetua
normalmente atribuem uma letra para as marcações do que se lê e na ordem em
cada sílaba como no primeiro e no que realiza. No primeiro exemplo de
segundo exemplos, já a terceira escrita escrita trata-se da aluna Ana Júlia que na
chama bastante atenção pelo fato que leitura marca com tranquilidade as
muitos alunos apresentam escritas como partes sonoras da palavra, mas no
o exemplo descrito, acrescentam letras entanto, utiliza repertório de letras
entre as que reconhecem ou então no praticamente do seu próprio nome. A
final de sua escrita. Isto evidencia duas segunda escrita, da aluna Bárbara, dá
ideias em sua produção: 1 - o aluno já indícios que pauta a construção de suas
está desconfortável em sua escrita escritas utilizando o alfabeto como
silábica e começa a preencher de letras, repertório de letras.
mesmo sem identificar os sons, pois A aluna Barbara quando solicitada a
acredita que apenas a escrita silábica não escrever TIGRE apresenta a seguinte
mais garante e 2 - o aluno ainda se escrita:
encontra com a reflexão no eixo
quantitativo da escrita, e quando escreve S M B V
palavras menores não aceita serem
escritas com menos de 4 letras. Como no
exemplo da escrita de TIGRE abaixo: A aluna Barbara encontra-se bastante
confortável com a escrita silábica, apesar
de, ainda se prender na quantidade
T G V N mínima de letras, já que não reconhece
como escrita válida palavras com menos
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Escrita 2 - Iago
Escrita 1 - Enzo
VAKIAGO
NZEOAZEZANZONAZEABZABOE
Escrita 3 - Renato
RINBAOL
Observações: Na escrita de rinoceronte
o aluno com escrita pré-silábica 2- A escrita dos alunos Iago e Renato tem
normalmente apresenta leitura global, ou natureza diferentes do aluno Enzo,
seja, para efeito de ilustração, esse tipo apesar da escrita 2, Iago utilizar o
de leitura, se dá quando a criança faz repertório de letras praticamente as que
uma leitura sem realizar a marcação de fazem parte do seu próprio nome, o que a
partes do falado com as partes do escrito, escrita 2 parece romper com essa ideia,
demonstrando que não estabelece já que existe uma preocupação do aluno
Renato em utilizar letras além das que
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relação entre o que é ditado e o que é fazem parte do seu nome. Em relação a
escrito. essa escrita, deve-se pensar no nome da
No entanto ao observar as escritas criança e a do animal, já que RENATO e
produzidas pelos alunos da professora, RINOCERONTE, tem um inicio
algumas questões devem ser observadas, fonologicamente parecidos. Na verdade,
entre elas: um princípio bastante interessante, pode
1- A escrita do aluno Enzo demonstra ser aplicado aqui, a chamada consciência
que ainda não apresenta controle fonológica, na qual a criança parte
quantitativo em suas escritas, já que daquilo que tem o repertório de som e
utilizou todo o espaço da linha para que o RE do próprio nome ajuda a
produzi-la. No entanto, a criança sabe escrever o RE de rinoceronte.
que para a escrever é necessário a As duas escritas apresentam controle
utilização de letras, este é, um grande quantitativo, portanto, essas crianças já
passo para a criança rumo a aquisição da compreenderam, que para escrever uma
escrita, visto que algumas crianças palavra de uma lista proposta pelo
apresentam escritas mais primitivas professor, é preciso utilizar uma
utilizando-se de garatujas (desenhos) e quantidade de letras, geralmente o
pseudoletras (letras não convencionais). mínimo entre 4 ou 5 letras, além de uma
Além disso, cabe frisar que a maioria das quantidade máxima, sem prosseguir até
letras que o aluno tem como repertório o final da linha.
são originarias de seu próprio nome.
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com os alunos que apresentam escrita alfabética, para que haja, a maior troca
de informações e conhecimentos entre os participantes.
Os alunos com escrita silábica com valor sonoro podem ser agrupados com os
que não sonorizam a escrita, ou os que apresentam escrita pré-silábica.
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Trecho retirado do documento "ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS FUNDAMENTAIS SOBRE AS EXPECTATIVAS DE
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA", Kátia Lomba Brakling, Equipe CEFAI, Formadores do programa
Ler e Escrever, sob supervisão de Telma Weisz, 2013
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QUESTÃO A B C D HABILIDADE
4º ANO
H14 Localizar informação explícita em um texto de divulgação
Q15 15,8 31,2 12,2 40,9
científica com base em sua compreensão global.
5º ANO
Q12 52,6 15,2 23,1 9,1 H 12 - Localizar informações explícitas em um texto expositivo
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1. Os alunos precisam pôr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo
em torno do qual o professor organizou a tarefa.
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REFERÊNCIAS
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Editorial.
BALLONGA, P. P. Matemática. In: Zabala, A. (Org.). Como trabalhar os conteúdos
procedimentais em aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. pp. 165-192.
DOLZ, J., GAGNON, R., & DECÂNDIO, F. (2010). Produção escrita e dificuldades de
aprendizagem. CAmpinas(SP): Mercado de Letras.
FERREIRO, E. &. (1986). A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre (RS): Artmed.
FERREIRO, E. (2008). Alfabetização e Cultura Escrita. Revista Nova Escola. São Paulo,
São Paulo, Brasil: Abril. Fonte:
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0162/aberto/mt_245461.shtml.
IFRAH, G. Os números: história de uma grande invenção. São Paulo: Globo, 1989.
KAUFMAN, Ana María. Leer y escribir: el día a día en las aulas. Buenos Aires: Aique
Grupo Editorial, 2009.
LERNER, Delia Zunino, D. A Matemática na escola aqui e agora. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1996.
PIRES, C. M. C. Conversas com professores dos anos iniciais. São Paulo: Zapt Editora,
2012.
SCHNEUWLY, B., & DOLZ, J. (1998). Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas (SP):
Editora Mercado de Letras.
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WEISZ, T. (2002). O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo (SP): Ática.
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