Mia Isabel Morgado Dissertacao
Mia Isabel Morgado Dissertacao
Mia Isabel Morgado Dissertacao
Metadados
Data de Publicação 2013-10-01
Resumo O facto de haver um terreno com uma acentuada topografia é desde
logo uma característica importante e incontornável no desenvolvimento
do projeto, na forma dada ao volume, na sua estrutura e na relação
que tem com a sua envolvente. Na presença de um lugar com um forte
declive, o terreno vai ser matéria do projeto, seja por integração física
ou por oposição do objeto. Na arquitetura, a topografia não pode ser lida
separadamente da sua envolvente assim torna-se necessário estudar as
característi...
Palavras Chave Levantamentos topográficos, Projecto de arquitectura, Lugar (Filosofia)
na arquitectura
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções [ULL-FAA] Dissertações
http://repositorio.ulusiada.pt
UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA
Faculdade de Arquitectura e A rtes
Mestrado integ rado em Arquitec tura
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Realizado
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por:
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Orientado por:
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Prof. Do
Co
onstituição
o do Júri:
esidente:
Pre Proff. Doutor H
Horácio Maanuel Pere
eira Bonifáccio
Orientador: Proff. Doutor A
Arqt. Joaquim José Ferrão
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guente: Proff. Doutor A
Arqt. Mário
o João Alves Chaves
Disssertação a
aprovada em:
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e Julho de
e 2013
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Lisboa
2013
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A
Lisboa
Abril 2013
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A
Lisboa
Abril 2013
Isabel Cristina Martins Morgado
Lisboa
Abril 2013
Ficha Técnica
Autora Isabel Cristina Martins Morgado
Orientador Prof. Doutor Arqt. Joaquim José Ferrão de Oliveira Braizinha
Assistente de orientação Arqt. Jorge Virgílio Rodrigues Mealha da Costa
Título Topografia, arquitectura e o projecto arquitectónico
Local Lisboa
Ano 2013
Topografia, arquitetura e o projecto arquitectónico / Isabel Cristina Martins Morgado ; orientado por
Joaquim José Ferrão de Oliveira Braizinha, Jorge Virgílio Rodrigues Mealha da Costa. - Lisboa :
[s.n.], 2013. - Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, Faculdade de Arquitectura e Artes
da Universidade Lusíada de Lisboa.
LCSH
1. Levantamentos topográficos
2. Projecto de arquitectura
3. Lugar (Filosofia) na arquitectura
4. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Arquitectura e Artes - Teses
5. Teses - Portugal - Lisboa
1. Topographical surveying
2. Architectural design
3. Place (Philosophy) in architecture
4. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Arquitectura e Artes - Dissertations
5. Dissertations, Academic - Portugal - Lisbon
LCC
1. TA590.M67 2013
AGRADECIMENTOS
Ao professor Jorge Mealha, assistente de orientação, pelas aulas de apoio e pelo seu
espírito crítico que contribuiu significativamente para a qualidade deste trabalho.
Ao André por toda a força, pelo incentivo e carinho dado em todos os momentos.
Aos meus pais e irmãos um enorme obrigada por toda a amizade, paciência
demonstrada e total ajuda na superação dos obstáculos que surgiram ao longo desta
caminhada. Um agradecimento especial aos meus pais por estarem sempre
presentes, pelo apoio incondicional, pela confiança, compreensão e motivação
transmitida. A eles dedico este trabalho.
O facto de haver um terreno com uma acentuada topografia é desde logo uma
característica importante e incontornável no desenvolvimento do projeto, na
forma dada ao volume, na sua estrutura e na relação que tem com a sua
envolvente.
Na presença de um lugar com um forte declive, o terreno vai ser matéria do
projeto, seja por integração física ou por oposição do objeto.
Na arquitetura, a topografia não pode ser lida separadamente da sua
envolvente assim torna-se necessário estudar as características presentes no
lugar, olhar para o mesmo como um todo e estabelecer ligações com o objeto
arquitetónico que irá ser construído.
1. INTRODUÇÃO
A presente dissertação tem como objetivo estudar a relação que o lugar/natureza tem
com o objeto construído e de como a topografia é uma condicionante essencial se não
mesmo a mais importante.
A topografia pode ser vista também como elemento gerador de projeto, não apenas
como linguagem mas também como conceito.
Pretende-se com este trabalho mostrar que a arquitetura deve ser contextualizada
devido à relação com o lugar ser essencial.
As características topográficas de cada lugar são únicas, logo o arquiteto deve encará-
las como um estímulo para a sua intervenção e não como obstáculos a vencer.
Pode-se construir o mesmo edifício em locais diferentes mas se se quer fazer nascer
um objeto arquitetónico ele tem que estar enraizado no local e não apenas ser lá
colocado sem ter qualquer tipo de relação com o que o rodeia.
2.1. TOPOGRAFIA
2.1.1. CONCEITO
TOPOS = LUGAR
GRAFIA = DESCRIÇÃO
1
Geodesia – é a ciência que estuda a forma e as dimensões da Terra, sem ter em conta os pormenores e
acidentes da superfície.
2.2. LUGAR
2.2.1. CONCEITO
Um lugar pode ser localizado através das suas coordenadas geográficas e levando em
linha de conta o não menos importante, fator altitude. A geologia2 (composição,
estrutura e propriedades do lugar) e a topografia (acidentes de terreno) bem como a
orientação solar os acessos e a sua envolvente são imprescindíveis na elaboração de
um projeto.
2
Geologia - ciência que se ocupa do estudo da Terra, dos materiais que a compõem, da sua estrutura, da
sua história e das suas propriedades físicas.
3
Genius Loci – termo latino que se refere ao ‘espírito do lugar’ e é objeto de culto na religião romana.
4
Christian Norberg Schulz – nasceu em Oslo a 23 de maio de 1926 e faleceu a 28 de março de 2000. Foi
um historiador, arquiteto e teórico. Apesar de Noberg Schulz ter exercido a sua profissão sempre no seu
país natal é conhecido internacionalmente pelos seus livros de história da arquitetura e pelas suas teorias.
Teorias que ensinou aos seus alunos de arquitetura. Em 1996 recebeu o prémio Fritt Ord Honorary
Award.
Este teórico norueguês afirma que para fazer arquitetura é de extrema importância a
compreensão do lugar, pois acredita que este é mais do que uma localização
geográfica, é mais do que um simples espaço, é antes uma manifestação do habitar
humano.
Para Schulz, habitar é mais do que um abrigo é “o ato de demarcar ou diferenciar um
lugar no espaço, converte-se no ato de construir e na verdade da origem da
arquitetura”. (Nesbitt, 2008, p. 443)
O lugar pode ser então natural ou construído e é sempre composto por dois elementos
que transmitem significado: o espaço (terra) e a natureza (céu); estes são estudados
pela perceção e simbolismo que permitem assim um apoio existencial, ou seja, a
capacidade de habitar um lugar.
Estes dois elementos que constituem o lugar foram analisados morfologicamente por
Noberg-Schulz, e segundo ele, o elemento espaço (terra) é composto pela relação
interior-exterior que compara o sítio e os seus arredores, pela extensão que neste é
caracterizada pela topografia, pelos limites que são a forma e volume do espaço, pela
escala e proporção, pelas direções (orientação solar, horizontal e vertical) e pelo ritmo
dado.
Por outro lado, o elemento natureza é observado apenas em dois aspetos: qualitativo
(qualidade da luz, cor e classificação) e quantitativo (quantidade de luz).
O espaço torna-se um lugar quando for ocupado pelo homem de modo físico ou
simbólico.
Josep Maria Montaner5 estudou este tema e recorreu a Platão6 e Aristóteles7 para
mostrar como os conceitos de ‘espaço’ e de ‘lugar’ são distintos.
Este arquiteto espanhol é da opinião que o espaço moderno baseia-se “em medidas,
posições e relações, é quantitativo; desdobra-se, mediante geometrias tridimensionais;
é abstrato, lógico, científico e matemático; é uma construção mental” (Montaner, 2000,
p. 101) e, por outro lado, o lugar é “definido por substantivos, pelas qualidades das
coisas e dos elementos, por valores simbólicos e históricos, é ambiental e está
fenomenologicamente relacionado com o corpo humano”. (Montaner, 2000, p. 37)
5
Josep Maria Montaner – nasceu em Barcelona em 1954, é um arquiteto e escritor catedrático na Escola
de Arquitetura de Barcelona. Escreveu cerca de 35 livros sobre arquitetura que estão traduzidos em
várias línguas. Publica regularmente textos em revistas de arquitetura e nos diários espanhóis. Foi
convidado por diversas escolas da Europa, América e Ásia para partilhar os seus conhecimentos.
6
Platão – nasceu em 428-7 a.C. e morreu em 348-7 a.C. Foi um filósofo e matemático do período
clássico da Grécia Antiga, autor de diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas (a primeira
instituição de educação superior do mundo ocidental). Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia
natural, da ciência e da filosofia ocidental em conjunto com o seu mentor Sócrates e o seu pupilo
Aristóteles.
7
Aristóteles – nasceu a 384 a.C. em Estogira e faleceu em Atenas em 322 a.C. Foi um filósofo grego,
aluno de Platão. Escreveu sobre a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a
retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia.
O arquiteto espanhol partilha da mesma opinião que Schulz ao defender que a ideia
de lugar é diferente da ideia de espaço e que o lugar está então relacionado “com o
processo fenomenológico de perceção e da experiência do mundo por parte do corpo”.
(Montaner, 2000, p. 37)
2.4. NÃO-LUGARES
Por vezes surgem lugares com qualidades e/ou valores negativos que são chamados
os ‘não-lugares’.
8
Marc Augé – nasceu em 1935 em Poitiers é um etnólogo e antropólogo francês com projeção
internacional e com grande presença na América Latina. É coordenador de pesquisas na Ecole des
Hautes Etudes em ciências sociais, onde foi presidente entre 1985 e 1995. É também autor de diversos
livros entre eles: ‘Non-Lieux, introduction à une anthropologie de la surmodernité’, ‘Pour une anthropologie
des mondes contemporains’, ‘Fictions fin de siècle’ e ‘Théorie des pouvoirs et idéologie’.
A sociedade em que hoje vivemos é caraterizada pelo consumo e velocidade que, por
sua vez, se materializa através por exemplo das autoestradas, dos hipermercados,
dos aeroportos, dos centros comerciais, das salas de espera, das estações de metro.
Estes espaços físicos são para o antropólogo não-lugares porque são locais de mera
passagem.
Kundera9 exprime esta ideia num dos seus romances (‘A Imortalidade’ publicado em
França em 1990) ao distinguir a ‘estrada’ (não-lugar) em oposição ao ‘caminho’ (lugar):
Augé defende os não-lugares como um espaço de passagem que não são capazes de
se tornarem identidade. Os não-lugares são assim espaços de ninguém.
9
Milan Kundera – nasceu a 1 de abril de 1929 em Brno. É um autor checo que estudou literatura e
estética na Faculdade de Artes da Universidade Charles mas acabou por se mudar para o curso de
cinema da Academia de Artes Performativas de Praga. Escreveu vários livros e peças de teatro.
Para concluir, o lugar é algo imaterial e plástico que se transforma com o tempo e
varia conforme o valor dado por cada um de nós. Posto isto, o lugar não é algo rígido
como muitos de nós pensávamos, ou seja, o Lugar é dinâmico.
3. SITUAÇÕES DE CONTEXTO
A arquitetura surge assim do confronto feito com a topografia, topografia esta que
pode ser transformada respeitando sempre as suas caraterísticas.
A arquitetura deverá ser pensada como um todo, algo que é para ser vivido por todos
e deverá portanto ter uma linguagem universal. Sendo assim, o maior sentido de fazer
projeto é poder imaginar e representar estruturas, formas de solo e de espaço focadas
na compreensão de operações de construção e de desenho de espaço natural, em
função do seu reconhecimento como território. Deverá ainda obedecer a uma
metodologia que incida sobre as relações analíticas e operativas entre elementos e
fatores dos cenários naturais e imaginários.
Deste modo, na elaboração de um projeto o contexto deverá ser avaliado dando assim
origem a um novo lugar que incluí a obra em si.
Nas últimas décadas, na arquitetura têm surgido muitas críticas sobre edifícios que
foram projetados como sendo um objeto isolado. Muitos têm argumentado contra o
facto de edifícios internamente definidos serem concebidos sem uma referência
externa. Sendo, portanto, o ‘contexto’ algo a valorizar e integrar no projeto
arquitetónico.
Segundo uma perceção histórica, surge o estudo do território como arquitetura a partir
do entendimento do território como resultado de diferentes e contínuos processos de
transformação.
O sol, o solo e o vento são fatores que geram movimento mas utilizados pela vontade
do homem como conforto e defesa são objetos que transformam a paisagem,
formalizando o território como arquitetura numa só unidade.
São as obras que tratam o projeto com uma aproximação interpretativa que o
entendem como um pequeno universo, obras essas suscetíveis a determinadas
possibilidades de modelação; um universo cuja interpretação se encontra no projeto
em si.
Após um breve estudo sobre o lugar e a topografia vamos agora abordar a relação que
estes têm com o edificado.
Com base nestes pressupostos surge a prática do Regionalismo Crítico que se opõe à
indiferença do objeto arquitetónico em relação ao lugar onde está inserido.
Para Frampton este termo é uma maneira de pensar arquitetura, é uma crítica à
modernização não é um período histórico ou um estilo arquitetónico.
Esta obra tem como conceito base a relação espacial, transpondo a ideia de estar
entre o céu e a terra para dentro do objeto construído – a cruz e o altar.
A maneira como o arquiteto combina as formas com a luz local transmite a sensação a
quem percorre o edifício de estar debaixo das nuvens. A luz é um elemento
fundamental neste projeto, pois estabelece o lugar e sugere o território.
14
Jorn Utzon – nasceu na Copenhaga a 9 de abril de 1918 e faleceu a 29 de novembro de 2008. Utzon
ficou conhecido pelo seu projeto da Sdyney Opera House na Austrália. Conquistou o prémio Pritzker em
2003.
15
Alvar Aalto – Hugo Alvar Henrik Aalto nascido a 3 de fevereiro de 1878 em Kuortane e faleceu a 11 de
maio de 1976 em Helsínquia. A obra deste arquiteto é considerada exemplar na vertente orgânica da
arquitetura moderna da primeira metade do século XX. Alvar Aalto também é conhecido como designer,
em áreas como o projeto de mobília, tecidos, cristais, entre outros. Estudou no Instituto Tecnológico de
Helsinquia e após ter lutado na guerra de independência da Finlândia, estabeleceu-se por conta própria
em 1912. Aalto adere aos princípios da arquitetura europeia do movimento moderno embora já tivesse o
seu estilo pessoal onde dava importância à integração do edifício na paisagem e à exploração de
diferentes texturas dos materiais, tanto das novas tecnologias como das mais tradicionais. As suas obras
mais conhecidas são: o Auditório Finlândia e o campus da Universidade de Tecnologia de Helsínquia.
16
The Pritzker Architecture Prize – é um prémio internacional de arquitetura. Foi criado em 1979 pela
fundação Hyatt, gerida pela família Pritzker sendo muitas vezes chamado o nobel da arquitetura. É
atribuído anualmente ao arquiteto, ainda em vida, que cumpra os princípios enunciados por Vitrúvio:
solidez, beleza e funcionalidade.
É organizado um plano em U, que gera um pátio interior. Este pátio é uma referência
direta aos tradicionais vilarejos, onde utiliza uma arquitetura vernacular. Os materiais
utilizados diferenciam-se pela importância dada a cada ambiente.
Ilustração 28 - Prefeitura de Saynatsalo (Galinsky, 2009) Ilustração 29 - Prefeitura de Saynatsalo (StudioDesignando, 2009)
Kenneth Frampton pretende estabelecer “uma visão teórica alternativa que sirva para
dar continuidade ao exercício crítico da arquitetura” (Nesbitt, 2008, p. 503) e anseia
por “uma arquitetura que seja capaz de condensar o potencial artístico da região e, ao
mesmo tempo, de reinterpretar as influências culturais vindas de fora”. (Nesbitt, 2008,
p. 504)
O aspeto visual torna-se, por fim, uma caraterística secundária e dão prioridade ao
tátil. Dão ênfase, como já dissemos, à topografia, clima, luz, forma tectónica…
Como compilação das ideias, Frampton nega a limitação do vernáculo mas sem nunca
negar o seu uso, carateriza a obra do nosso famoso Siza na busca do lugar:
Ilustração 30 - Álvaro Siza Vieira (Bustler, 2008) Ilustração 31 - Exemplo de uma obra de Siza Vieira:
Ilustração 32 - O tecido da cidade moderna para substituir o da cidade tradicional: projeto de Le Corbusier para uma zona insalubre
a ser saneada em Paris (As cidades de Garnier e Le Corbusier, 2008)
Colin Rowe17 após ter feito um estudo sobre o Urbanismo Moderno 18 através da
cidade tradicional, deu início a este movimento em 1970 que pretende ser “um meio-
termo entre um passado irrealista congelado, que não admite nenhum
desenvolvimento, e a renovação urbana que destrói toda a estrutura da cidade”.
(Nesbitt, 2008, p. 323)
O facto de a obra arquitetónica dever se relacionar com o contexto envolvente faz com
que a questão ambiental ganhe um valor importantíssimo, pois o segredo está em
saber utilizar os elementos presentes, moldá-los e incluí-los no projeto arquitetónico.
17
Colin Rowe – nasceu em Inglaterra em 1920 e morreu em 1999. Foi um historiador, crítico, teórico e
professor da arquitetura. Reconhecido pela sua grande influência intelectual no mundo da arquitetura e
urbanismo da segunda metade do século XX especialmente nas áreas de planeamento da cidade e
desenho urbano.
18
Urbanismo Moderno – rutura radical na estrutura, na forma, na organização distributiva e propósitos da
urbanística da cidade, ou seja, foi a rutura da cidade tradicional e a criação de uma cidade moderna. A
partir dos anos 1950’s houve a necessidade de reconstrução rápida, a menores custos e máxima
quantidade de alojamentos, dando novas condições de vida à população, a possibilidade de projetar e
construir a cidade por sistemas independentes revela-se de grande eficácia, não apenas estabelecer
diferenças nos processos construtivos e materiais ou estilos, mas construir uma arquitetura diferente,
liberta e oposta a qualquer continuidade histórica. Tem como funções principais: habitar, trabalhar, recrear
e circular.
3.7. ORGANICISMO
Montaner considera que o organicismo de Frank Lloyd Wright 19 fez com que o valor e
significado do lugar ganhassem mais força.
Wright ficou famoso pela arquitetura orgânica20 que projetou ao longo da sua vida,
rejeitou as formas rígidas e mecânicas, optou por uma arquitetura que se integrava
perfeitamente no meio envolvente, na natureza, criava uma harmonia que contrariava
o conceito da “casa, máquina de habitar” que Le Corbusier implementou.
Ilustração 34 - Frank Lloyd Wright Ilustração 35 - Exemplo de uma obra de Frank Llyod Wright: Casa Massaro
(ArchDaily, 2008) (Obviuos, 2003)
19
Frank Lloyd Wright – nascido a 8 de junho de 1867 em Richland Center e morreu em Phoenix a 9 de
abril de 1959. Foi um arquiteto e estudiador. Um dos conceitos principais da sua obra é fazer com que o
projeto seja individual de acordo com a sua localização e finalidade. No início da sua carreira trabalhou
com Louis Sullivan, um dos pioneiros em arranha-céus da Escola de Chicago. Wright é responsável por
mais de mil projetos, dos quais mais de quinhentos estão construídos. Este arquiteto influenciou os rumos
da arquitetura moderna com as suas ideias e obras e é considerado um dos arquitetos mais importantes
do século XX. Faltava uma semana para se graduar em engenharia quando abandonou o curso e foi
trabalhar para Chicago como desenhista no escritório do arquiteto Silsbee. Tornou-se uma figura chave
na arquitetura orgânica. A sua obra inclui exemplos originais e edifícios inovadores, incluindo escritórios,
templos, escolas, hotéis e museus. Frequentemente desenhava também os elementos a serem
empregados no interior das suas construções (mobília e vitrais).
20
Arquitetura Orgânica – arquitetura moderna influenciada pelas ideias de Frank Lloyd Wright. Apesar de
ter surgido nos EUA, desenvolveu-se ao redor de todo o mundo. Este conceito foi desenvolvido através
de pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que uma casa deve nascer para atender às
necessidades das pessoas e do carácter do país como um organismo vivo. A arquitetura orgânica é
considerada como um contraponto ou mesmo uma reação à arquitetura racionalista influenciada pelo
Estilo Internacional.
Wright realizou em 1908 uma arquitetura humana e natural, mas tornou-se um homem
peculiar na história da arquitetura pós-moderna por saber conjugar esta visão com os
novos avanços da tecnologia. Soube adaptar-se aos diferentes lugares topográficos
que lhe sugeriam, aos climas e ambientes diversos e projetou pormenorizadamente
cada obra para que esta bebesse dos elementos do lugar onde se situava e criou
assim espacialidades brutais.
Foi nesse mesmo ano que o arquiteto estabeleceu seis características da arquitetura
orgânica:
Wright referia-se à arquitetura orgânica como aquela em que todas as partes estavam
relacionadas com o todo, como o todo estava relacionado com as partes: continuidade
e totalidade.
Em todo o seu trabalho, há um elemento que nunca muda e que está sempre presente
que são os valores humanos e é o próprio arquiteto que o escreve em 1957 no seu
livro ‘A Testamente’:
elevado na consciência humana do que os raios dessa luz interior. Nós chamamos-lhes
beleza. A beleza não é mais do que o brilho da luz do homem – o seu esplendor é
romantismo elevado da humanidade, tal como entendemos que a Arquitetura, as Artes,
a Filosofia e a Religião são românticas. Na alma humana, tudo vem alimentar essa luz
inextinguível, ou é alimentado por ela. Ele não pode contribuir com nada de intelectual
que esteja acima ou para além dessa inspiração. Do berço à tumba o seu verdadeiro
ser suspira por essa realidade para assegurar a continuação da sua vida como Luz do
Além.
Tal como a luz do Sol banha um objeto indefeso, revelando a sua forma e a sua
expressão, assim uma luz correspondente, de que o Sol é um símbolo, fulgara a partir
do trabalho inspirado da humanidade. A luz interior é a certeza de que a Arquitetura, a
Arte e a Religião do homem são uma só coisa – os seus emblemas simbólicos. Então
podemos chamar à própria humanidade a luz que jamais se extingue. Os lados mais
vis do homem estão sujeitos a esse milagre da sua própria luz.
Nascente e poente constituem símbolos apropriados da existência do Homem na Terra.
Não existe elemento de imortalidade mais precioso do que uma humanidade tão
humana. O céu pode ser o símbolo dessa luz das luzes apenas na medida em que o
céu se converte num porto de abrigo. (Pfeiffer, 2007, p. 37)
Ilustração 36 - Exemplo de uma obra de Frank Lloyd Wright: Casa Robie (ArqStyle’s,
2010)
21
Casa Cascata – obra de Frank Lloyd Wright construída em 1934 na Pensilvânia.
Como resumo, estas correntes arquitetónicas têm como objetivo comum construir uma
arquitetura moderna mas com preocupações culturais, históricas e sociais. Está
presente a importância dada ao Lugar e à cultura do mesmo; é, portanto, uma reação
à globalização resultante do Estilo Internacional 22 que apenas queria construir e
construir.
Ilustração 37 - Exemplo de uma obra do Estilo Internacional: Vila Savoye de Le Corbusier (Teoria do Design, 2009)
22
Estilo Internacional – surgiu na Suíça, foi uma vertente do funcionalismo (propunha o principio de que a
‘a forma segue a função’ e que qualquer ornamento era inútil). As características deste movimento
incluíram uma mudança na arquitetura, que começou a projetar edifícios visando a funcionalidade e
eliminando toda a ornamentação característica das antigas construções. Tem como principal nome o
arquiteto Le Corbusier. O estilo internacional teve a sua maior produção em 1950 e 1970.
4. ESTUDOS DE CASO
Neste capítulo iremos compilar algumas obras com o intuito de consolidar o que
anteriormente estudámos.
Antes de passar aos três principais exemplos para caracterizar este tema, vão ser
enumerados alguns casos em que a topografia é a protagonista do projeto
arquitetónico, onde a arquitetura se funde no território e confunde-se no mesmo.
A Casa de Chá da Boa Nova localizada em Leça da Palmeira foi uma das primeiras
obras do arquiteto Álvaro Siza Vieira23. Construída entre 1958 e 1963 está hoje
classificada como monumento nacional.
Esta casa de chá e restaurante está construída sobre as rochas que se deixam banhar
pelo mar.
Ilustração 38 - Casa de Chá da Boa Nova (Mestre do Mar, Ilustração 39 - Casa de Chá da Boa Nova (Olhares,
2008) 2003)
23
Álvaro Siza Vieira – nasceu em Matosinhos a 25 de junho de 1933, é o mais conceituado e premiado
arquiteto português. Foi influenciado por obras de Adolf Loos, Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto mas cedo
desenvolveu a sua própria linguagem, nascida não só nas referências modernistas internacionais como
também na forte tradição construtiva portuguesa. Siza Vieira criou verdadeiros marcos na história da
arquitetura portuguesa e internacional e influencia muitas gerações de arquitetos.
A obra arquitetónica não deve causar impacto na Natureza mas deve sim adequar-se
e moldar-se ao terreno natural fazendo parecer que sejam apenas uma, ou seja, as
duas devem complementar-se.
Foi este o Conceito que Curzio Malaparte24 tinha em mente quando projetou a casa
Malaparte25 na Ilha Capri em Itália, construída em 1937 sobre uma rocha de 40 metros
à beira mar. Esta casa tornou-se uma referência arquitetónica no século XX, por ser
uma obra modernista com formas simples, espaços amplos e com generosas
aberturas para o exterior.
Foi projetada segundo a tradição popular de Capri e por essa razão todos os vãos são
diferentes e não utiliza cores primárias mas sim ocres tradicionais. Malaparte inovou,
ao não construir sobre pilotis, e conseguiu com que o objeto se encaixasse
perfeitamente na rocha. Este homem soube interpretar a paisagem e respeitá-la.
24
Curzio Malaparte – Kurt Erich Suckert, mais conhecido pelo pseudônimo Curzio Malaparte nasceu a 9
de junho de 1898 em Prato (Itália) e morreu a 19 de julho de 1957. Foi um escritor,
jornalista, dramaturgo, cineasta, militar e diplomata italiano. O sobrenome do seu pseudônimo (por si
usado desde 1925), significa em italiano "parte má".
25
Casa Malaparte – Esta casa é uma referência do século XX. A casa Malaparte ficou conhecida como
sendo a obra-prima do arquiteto Adalbero Libera. Libera era um arquiteto italiano modernista nascido a
1903. Malaparte encomendou-lhe o projeto da sua casa de férias mas acabou por ser ele a criar a sua
casa. Esta casa já foi palco de filmes como Le Mépris de Jean-Luc Godard em 1963.
Assim fez também o arquiteto Luis Longhi 26 em 2008 no projeto da casa Lefèvre
situada no Peru. Este projeto é uma resposta imediata ao sítio, um deserto peruano
que se liga ao oceano. Com duas características marcantes no lugar foi então que Luis
Longhi interveio com o máximo respeito à envolvente apresentando uma proposta
digna daquele território.
O projeto é uma ampliação do deserto, que parece ser uma fortaleza que se conecta
ao terreno pela parte posterior.
Na parte frontal vemos uma espécie de cubo de vidro onde se encontra a área social
da casa, simbolizando neste lugar a relação do deserto com o mar.
Este arquiteto conseguiu retirar os elementos que o lugar tinha de mais belo e
interligou-os de um modo convincente. O resultado é uma casa à beira de uma falésia
constituída por um jogo de volumes, onde uns se relacionam mais com o mar e outros
com o deserto, oferecendo ao morador um leque de sensações a serem desfrutadas.
26
Luis Longhi – arquiteto peruano nascido na cidade de Puno. Em 1981 tornou-se o único aluno da
Universidade da Pensilvânia, na realização de dois mestrados simultaneamente: Arquitetura e Mestre em
Belas Artes, com especialização em escultura. Depois de 13 anos a trabalhar nos EUA, Longhi voltou
para a sua cidade natal onde começou a sua prática no seu próprio atelier.
Não se deve criar arquitetura sem haver um suporte que a legitime e que a
contextualize e, visto nestes casos o terreno ser íngreme, há a necessidade de o
estudar profundamente, levando-nos a não destruir o seu carácter.
Aqui, mais uma vez, a noção de fusão entre topografia e arquitetura define o processo
criativo e de desenho, e a pedra foi escolhida como material nos elementos verticais e
a pureza dos elementos horizontais faz com que a procura do equilíbrio seja evidente.
27
AVM Arquitetura – é um estúdio de arquitetura no México fundado em 1997.
Ao projetarmos algo, devemos tirar partido das virtudes e defeitos do lugar para que a
obra seja plena de sucesso.
Neste projeto em particular, o arquiteto afirma que apenas teve de dar a forma pois já
lá estava tudo, desde a montanha, à pedra até a nascente quente. Foi a junção de
todos estes elementos que fez nascer as Termas de Vals. As termas estão
construídas através da sobreposição de camadas de quartzito de Vals, provenientes
da região aliás, foi mesmo esta pedra que serviu de inspiração para o arquiteto em
1996.
28
Peter Zumthor – nasceu a 26 de abril de 1943. É um arquiteto suíço, vencedor do prémio Pritzker em
2009. Estudou no Pratt Institute, em Nova Iorque na década de 1960. O arquiteto trabalhou em muitos
projetos de conservação, dando-lhe uma maior compreensão da construção e das qualidades de
diferentes materiais de construção tradicional. Na sua experiência profissional, Zumthor conjugou os seus
conhecimentos sobre materiais e pormenor. Em 1989 recebeu a medalha de ouro de Heirich Tessenow,
da fundação Heinrich Tessenow Gesellsholz e em 1998 recebeu o prémio de arquitetura Carlsberg. Deu
aulas no Instituto de Arquitetura Sul da Califórnia em quatro universidades diferentes. Trabalha no seu
estúdio próprio que fundou em 1979 na cidade Haldenstein na Suíça.
Como não há muros a delimitar o espaço, os limites são a terra, o mar e o céu. César
Portela foi sensível ao ponto de preservar o declive acentuado. E visto um cemitério
ser um local fúnebre e delicado o arquiteto criou algo subtil que se adaptou ao
desenvolvimento natural do terreno.
Ilustração 46 - Cemitério Finisterra (SkyscraperCity, 2000) Ilustração 47 - Cemitério Finisterra (SkyscraperCity, 2000)
29
César Portela – nasceu em Pontevedra em 1937. Este arquiteto espanhol estudou em Madrid e em
Barcelona. Licenciou-se em 1966 e doutorou-se dois anos depois. É professor convidado por diversas
escolas de todo o mundo. Colaborou na organização e design de vários seminários e workshops sobre
arquitetura, alguns tão importantes por serem dirigidos em colaboração com Aldo Rossi. Galardoado com
o prémio nacional de arquitetura em Espanha em 1999 com a construção da Estação Rodoviária de
Cardoba, entre outros prémios e homenagens.
Permitir que a topografia ganhe destaque é o que o arquiteto Eduardo Souto Moura 30
fez nas Habitações em Ponte de Lima.
Neste projeto a relação que o objeto tem com a topografia é mais evidente do exterior.
São duas casas com o mesmo programa e duas atitudes diferentes: uma natural e
outra artificial.
O arquiteto pretendia que as habitações diferissem entre si pela relação que cada uma
delas estabelece com a paisagem.
Ilustração 48 - Habitações Ponte de Lima (Arcstreet, Ilustração 49 - Habitações Ponte de Lima (Arcstreet, 2005)
2005)
30
Eduardo Souto Moura – nasceu no Porto a 25 de julho. Em 1980 licenciou-se em arquitetura pela
Escola Superior de Belas Artes do Porto. Estagiou com o arquiteto Álvaro Siza Vieira quando ainda era
estudante de arquitetura entre 1974-1979. Vencedor de inúmeros prémios, entre eles o prestigiado
Pritzker 2011. Influenciado pelas linhas horizontais de Mies Van der Rohe, é um dos expoentes máximos
da Escola do Porto.
Em todos estes projetos está patente que a relação com o lugar é essencial, que a
paisagem influencia a arquitetura e a paisagem deve ser um meio a valorizar e a
preservar.
Seguidamente iremos introduzir o cerne deste trabalho: o estudo de três obras que
nos mostram que, com um gesto simples e rigoroso, projetamos em falésias e em
terrenos bem acidentados.
Frank Lloyd Wright pretendia que o projeto refletisse a contemplação das formas
naturais, exprimindo a fusão entre a estrutura, a função, o espaço e a imagem. Estas
características foram conseguidas, pois como o próprio disse numa palestra para a
Taliesin Fellowship32:
A Fallingwater foi uma grande graça divina – uma das maiores graças divinas que se
podem experimentar aqui na Terra. Acho que nada igualou nunca a coordenação, a
expressão harmoniosa do grande princípio de tranquilidade quando a floresta, água,
rocha, todos os elementos estruturais se combinam tão silenciosamente; de facto não
se ouve seja que ruído for para além da música do rio que ali passa.
Escuta-se a Fallingwater da mesma maneira que se escuta a quietude do campo…
(Pfeiffer, 2007, p. 123)
31
Edgar Kaufmann – nasceu a 1 de novembro de 1885 e faleceu a 15 de abril de 1955. Era um
empresário alemão que se graduou na Universidade Yale. Era proprietário de duas obras-primas
arquitetónicas: Casa Cascata e Kaufmann House.
32
Taliesin Fellowship - a Escola de Arquitetura Frank Lloyd Wright, foi inaugurada formalmente em 1932,
quando vinte e três aprendizes foram viver e aprender para Taliesen (nome galês, atribuído por Wright à
sua residência de verão, que significa: Cume brilhante). As fontes desta filosofia educacional têm raízes
que se reportam a datas muito anteriores à década de 1930.
Esta casa veio redefinir a relação entre arquitetura, homem e natureza. Wright criou
esta relação ao elaborar este edifício, teoria que ensinava aos seus alunos.
Este projeto elogia o lugar onde se encontra, a cascata é sempre um elemento
presente para quem vive a casa, não visualmente mas através do som. Foi projetada
de modo a que a cascata do riacho Bear Run fosse um elemento gerador do projeto.
É um projeto que apenas faz sentido no lugar onde se encontra, foi criado de modo
minucioso para o sítio, o que faz com que este não faça sentido em mais lado nenhum
do mundo.
Ilustração 52 - Casa Cascata: escadas exteriores com ligação à cascata (Unique Places, 2010)
À primeira vista os elementos com mais impacto visual são a lareira (elemento vertical)
e as varandas (elementos horizontais). Todos os elementos verticais da casa são em
pedra da região com ‘protuberâncias’ ou com alguma saliência dando um ar mais
escultórico às massas pedregosas, os elementos horizontais são de betão derramado.
Este edifício cresce de dentro para fora, está construído de acordo com as
necessidades dos seus moradores, podendo ser modificado porque, visto ser um
edifício de arquitetura orgânica, é concebido como algo vivo e mutável.
Desde as suas primeiras obras que Frank Lloyd Wright manifesta um conhecimento
pormenorizado sobre materiais oriundos da natureza. Neste projeto o arquiteto usa
materiais naturais como a madeira, o tijolo, e a pedra que fazem integrar o edifício na
floresta.
Deste modo, o espaço interior não só ganha uma nova liberdade como leva o
ocupante a ter uma relação mais próxima com a natureza.
Do terreno foram removidas algumas rochas para fazerem parte da fachada do edifício
e é criado uma progressão natural de rocha até o piso. O resto da fachada é de cor
creme que contrasta com a cor verde ou marrom (dependendo da época do ano).
A entrada principal (localizada a norte) dá-nos acesso a uma pequena sala com
função de hall situada por baixo das escadas que fazem a ligação ao segundo andar.
O hall transporta-nos para a maior divisão da casa onde podemos desfrutar de uma
vista magnífica, com os terraços em duas direções: um eleva-se sobre a torrente e o
outro avança sobre as rochas e a cascata.
Na sala de jantar à direita deparamo-nos com a lareira cercada por pedras naturais
que surgem desde o solo. Em ambos os lados da sala existe uma porta com ligação
para um dos terraços. De um lado há uma escada exterior que nos leva ao quarto do
filho de Kaufmann. A oeste localiza-se a cozinha e um quarto onde se encontram
móveis de madeira de nogueira desenhados por Wright, aliás como todos na casa.
No piso superior existem dois quartos, duas casas de banho e um escritório assim
como três terraços e umas escadas que dão acesso ao terceiro andar.
Todas as ligações e acessos são estreitos para conferir maior importância aos
espaços de estar, onde a grande incidência de luz se contrapõe ao escuro dos
corredores.
Os tetos são baixos propositadamente pois direcionam o olhar para a paisagem que
envolve a casa. A beleza desta obra está na relação conseguida com o exterior,
relação esta dada através dos terraços que comunicam com a natureza.
Este projeto consiste em duas partes: a casa principal da família Kaufmann que foi
construída entre 1936 e 1938 e a casa de hóspedes concluída em 1939, um pouco
mais elevada na encosta do monte. A ligação processa-se através de um passadiço
coberto e semicircular.
A Casa Cascata nutre a forte vontade que o arquiteto teve em fundir a natureza com a
arquitetura. O objeto construído é a continuação das rochas presentes no sítio. A
exaltação do sítio é então conseguida ao fundir o volume arquitetónico à colina e, se
tivesse sido projetado sobre pilotis, já não era possível obter esta perfeita integração
no terreno.
Ilustração 59 - Centro de Arte Casa das Mudas: fotografia Calheta (PlataformArquitectura, 2006)
Ilustração 60 - Centro de Arte Casa das Mudas: fotografia aérea (PlataformArquitectura, 2006)
33
Paulo David – Paulo David Abreu Andrade nasceu no Funchal em 1959, é um arquiteto vencedor da
Medalha Alvar Aalto em 2012. Formou-se em 1989 na Faculdade de Arquitetura da Universidade de
Lisboa, trabalhou nos gabinetes de Gonçalo Byrne e João Carilho da Graça. Em 1996 regressou à sua
cidade natal, onde se estabeleceu e abriu o seu gabinete.
34
Gonçalo Byrne – Gonçalo de Sousa Byrne nasceu em Alcobaça em 1941. Diplomou-se em arquitetura
na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1968. Autor de uma vasta obra, várias vezes premiada a
nível nacional e internacional. Do seu vasto currículo, constam dezenas de obras em Portugal e no
estrangeiro desde habitações, a renovações urbanas, equipamentos urbanos, laboratórios e
universidades. As suas obras são diversificadas em termos de escala, de tema e de programa. Em 2005 a
Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa deu-lhe o título de Honoris Causa.
Ilustração 61 - Centro de Arte Casa das Mudas: planta localização (PlataformArquitectura, 2006)
Ilustração 62 - Centro de Arte Casa das Mudas: planta de cobertura (PlataformArquitectura, 2006)
Desde sempre que este arquiteto teve especial atenção na maneira como trata a fusão
do elemento artificial com a arquitetura onde tem como premissa preservar a
paisagem madeirense, visto a ilha viver essencialmente do turismo, sendo que a
natureza e a beleza da ilha são fatores que não podem ser destruídos.
Ilustração 63 - Centro de Arte Casa das Mudas: planta piso -1 (PlataformArquitectura, 2006)
Em todos os seus projetos Paulo David tenta fazer uma leitura atenta do lugar e
esforca-se por responder eficazmente a todos os obstáculos que este poderá ter. Visto
o elemento natural ser uma constante da sua obra é importante integrá-lo com a sua
arquitetura fazendo uma ligação equilibrada entre o natural e o construído.
O projeto Centro de Artes Casa da Mudas não foi exceção, seguiu os preceitos morais
de Paulo David e não foi em vão que ganhou vários prémios pela sua perfeita
integração na paisagem e território.
Esta obra está situada no alto de uma falésia talhada a pique no concelho da Calheta
a cerca de 20 minutos da cidade do Funchal, um concelho de grande extensão na
frente marítima da costa oeste da ilha, conhecido pelos seus altos montes e onde o
centro se desenvolve no vale mais profundo.
Ilustração 64 - Centro de Arte Casa das Mudas: planta piso -3 (PlataformArquitectura, 2006)
Ilustração 65 - Centro de Arte Casa das Mudas: alçado Este (PlataformArquitectura, 2006)
Ilustração 66 - Centro de Arte Casa das Mudas: alçado Sul (PlataformArquitectura, 2006)
Ilustração 67 - Centro de Arte Casa das Mudas: alçado Oeste (PlataformArquitectura, 2006)
Este centro é uma ampliação da Casa da Cultura da Calheta, e o seu nome Casa das
Mudas advém das antigas moradoras do edifício original, duas irmãs portadoras de
uma deficiência, que eram sobrinhas de um dos descobridores da Ilha, João
Gonçalves Zarco35.
Este edifício que tem como objetivo a divulgação da cultura, do lazer e da produção
artística desenvolve-se ao longo de um eixo longitudinal, orientado na direção
Norte/Sul, é o resultado das condições topográficas e é construído até o limite máximo
da falésia.
Ilustração 68 - Centro de Arte Casa das Mudas: edifício original (PlataformArquitectura, 2006)
35
João Gonçalves Zarco – nasceu a 1390 e morreu no Funchal a 1471. Foi um navegador português e
Cavaleiro Fidalgo da Casa do Infante D.Henrique. Comandante de barcos, foi escolhido pelo Infante para
organizar o povoamento e administrar por si a Ilha da Madeira, na zona do Funchal a partir de 1425 após
juntamente com Tristão Vaz Teixeira terem descoberto o arquipélago da Madeira em 1418.
Este centro tem um programa organizado em volumes que nascem do solo, volumes
estes que incluem: três salas com diferentes ritmos, dimensões e características que
constituem o módulo de exposições que se desenrola em duas cotas diferentes,
permitindo uma amplitude de uso e onde toda a infraestrutura técnica está camuflada
para que a obra de arte seja o único elemento visível ao longo da visita; um auditório
que em oposição apresenta um detalhado design de modo a possibilitar variedade de
programação; uma biblioteca, uma sala de workshops, uma loja e um restaurante com
esplanada.
(PlataformArquitectura, 2006)
Visto ser um projeto com um carácter cultural onde não existe uma faixa etária como
alvo, as acessibilidades e o funcionamento do Centro têm de ser simples e adequadas
às mobilidades condicionadas.
O ingresso é dado pela parte superior, onde um plano inclinado nos conduz a um pátio
de forma quadrada que organiza e denuncia o programa. E aqui iniciamos o percurso
com ruelas e becos para acedermos ao programa elaborado. Cada espaço é gerido de
forma autónoma, de maneira a não obrigar ninguém a ter que percorrer espaços que
não sejam do seu interesse. A sua interioridade e complexidade só são reveladas
quando estamos perto do edifício.
Paulo David soube respeitar e entender a paisagem onde iria intervir, construiu um
edifício que está perfeitamente integrado na topografia e foi eficaz no modo como
trabalhou o funcionamento dos espaços internos.
A relação com o território não passa despercebida a quem está no interior do edifício,
pois é nos sempre possível admirar ora a montanha ora o mar.
(…) ao percorrer os nossos projetos entendeu esta importância fulcral que a paisagem
aquática assume. Basta pensar que o sol nasce e põe-se no mar. O próprio estado de
alma do ilhéu como constante mirante do horizonte faz todo o sentido. Essa força que a
presença da massa de água transmite vislumbra-se até na concretização de alguns
formalismos construtivos como o Forte do Pico, como vigia perante os perigos que
vinham do mar, ou o Hotel do Óscar Niemeyer36, como exercício de
vislumbramento.(David, 2007, p.26)
Ilustração 73 - Centro de Arte Casa das Mudas: exterior vista mar (SkyscraperCity, 2000)
36
Óscar Niemeyer – nasceu a 15 de dezembro de 1907 e morreu no Rio de Janeiro a 5 de dezembro de
2012. Este arquiteto brasileiro é considerado uma das figuras-chaves no desenvolvimento da arquitetura
moderna. Niemeyer ficou mais conhecido pelos projetos de edifícios cívicos para a Brasília. Estudou na
Escola Nacional de Belas Artes e durante o seu terceiro ano estagiou com Lúcio Costa. Ao longo dos
anos tornou-se um dos arquitetos prolíferos do Brasil, projetou vários edifícios tanto no seu país como no
exterior. Em Portugal apenas há uma obra, e situa-se na cidade do Funchal, o Hotel Casino do Funchal
construído na década de 60. Entre outros prémios, em 1988 ganhou o Pritzker. Até dias antes de morrer,
com 104 anos Niemeyer continuou a trabalhar.
…o interior do edifício da Calheta tem semelhanças com uma peça siziana… Todo o
edifício, apesar da sua clausura, tem como referência, não a falésia, onde se enterra,
mas o mar e o passado que tem construído a relação entre este e a ilha. Este último
dado é mais decorrente da presença de Gonçalo Byrne, com quem Paulo David
trabalhou, do que de Siza. (Milheiro, p. 94)
Paulo David ficou conhecido com este projeto do Centro da Casa das Mudas. É um
edifício imponente tanto para quem o observa do mar como de quem o vê do cume da
montanha.
Ilustração 74 - Centro de Arte Casa das Mudas: exterior vista montanha (SkyscraperCity, 2000)
37
Ana Vaz Milheiro – Licenciou-se em arquitetura em 1991 pela Faculdade Técnica de Arquitetura da
Universidade Técnica de Lisboa e doutorada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de São Paulo em 2004. É professora e autora de três obras (‘Nos trópicos sem Le Corbuiser’, ‘A Minha
Casa é um Avião’ e ‘Construção do Brasil’).
Ilustração 75 - Casa Tóló: esquiço (Casa Tóló, Ilustração 76 - Casa Tóló: esquiço (Casa Tóló,
2004) 2004)
Segundo o arquiteto ninguém conhecia este projeto até ser nomeado para o concurso
‘Wallpaper Awards’38 onde apenas concorrem projetos de vanguarda. Acabou por não
vencer este concurso mas ganhou a categoria Private House nos Russian International
Architectural Awards39 em 2005.
Este projeto situa-se numa área com 1000m2 com uma acentuada topografia em que
a área construída tem cerca de 180m2.
Este terreno tem uma particularidade: ser muito estreito e muito comprido, mas usufrui
de grande luz solar pois está orientado para Sul.
Álvaro Leite Siza Vieira inspirou-se nos jogos impossíveis de Escher e nas
características do terreno e desenvolveu um esquema escalonado que transforma a
casa numa infinita escadaria.
Ilustração 77 - Casa Tóló: modelo tridimensional Ilustração 78 - Casa Tóló: modelo tridimensional
38
Wallpaper Awards – prémio anual de arquitetura, design, interiores e arte.
39
Russian International Architectural Awards – prémio anual que distingue edifícios e projetos de
urbanismo.
Com uma vista natural privilegiada esta casa, que cai como que uma cascata
montanha abaixo, engloba um programa que contém três quartos de dormir, uma casa
de banho social, uma sala de estar, outra de refeições, uma cozinha, uma despensa e
uma piscina exterior.
A entrada da casa é dada pela cota superior do terreno (zona Norte) por ser possível o
trânsito automóvel. Por ser mais funcional e mais prático na integração da casa, a
zona Sul pode ser também acedida mas pedonalmente em que o percurso é bem mais
agreste, pela quantidade de escadas que possui.
Aqui as coberturas são revestidas com isolamento térmico e têm como acabamento
lajetas de betão pré-fabricado e antiderrapante.
As lajes do pavimento são em betão armado mas visto o terreno ter um nível freático
elevado e para a casa ter uma boa impermeabilização e conforto térmico (constante
preocupação do arquiteto) foram criadas caixa de ar entre as lajes e o terreno.
As paredes, também com o mesmo material, têm um acabamento exterior com uma
especial cofragem, as que não são paredes resistentes são feitas com blocos de
cimento enchidas com areia, sempre rebocadas e pintadas de cor branca. As
fundações, paredes e coberturas são impermeabilizadas por telas em PVC.
As aberturas estão todas viradas para Sul aproveitando em grande quantidade a luz
solar. Todas as portas e janelas exteriores são de estrutura metálica e vidro duplo
tendo sempre em vista um bom isolamento térmico e acústico. No interior, as
paredes são todas pintadas de cor branca e a madeira de cor castanho claro foi o
material eleito para as escadas, soalho, rodapé e portas.
Ilustração 83 - Casa Tóló: vista exterior com acesso à casa (Casa Tóló, 2004)
Ao olharmos para esta casa o que a distingue são as várias escadas ali presentes que
criam inúmeros caminhos que, por sua vez, ligam os diversos patamares e desde a
cota superior à cota inferior há sempre um percurso. Assim, toda a casa é um caminho
em forma de escada que liga todos estes desníveis que a constituem.
Uma das tendências atuais na arquitetura é explorar a escada, de modo que ela venha
a se integrar e a compor o ambiente. Não apenas como um elemento de circulação
vertical, mas também como um elemento estético do ambiente.
O arquiteto optou por escadas minimalistas mas aqui o elemento tão puro torna-se
perigoso. Não há qualquer tipo de guarda/corrimão, o que cria uma circulação
perturbante. Segundo o autor, este projeto toma como referências mesmo
inconscientes as suas memórias das ruínas das civilizações incas: como as
escadarias de Machu Piccho e a maneira como estas se ajustam à topografia e como
as construções da ilha Santorini na Grécia se instalam no território.
Na casa Tóló o cenário é o mesmo, embora a escala seja muito mais reduzida, o
projeto procura adaptar-se à topografia do terreno.
Ilustração 85 - Casa Tóló: vista exterior das escadas e quartos (Casa Tóló, 2004)
É um projeto que apresenta uma linguagem de unidade muito forte, onde a sua
imagem varia conforme a perspetiva.
5.1. PROGRAMA
5.2. ENUNCIADO
A disciplina abordará um tema real, que faz referência a um projeto urbanístico cuja
realização está já programada pela comunidade de Roma no contexto das ações para
implantação de habitação.
Trata-se de uma vasta área livre, localizada ao longo da Via Casilina na parte oriental
da cidade de Roma.
Após análise do terreno, objeto de intervenção, verificou-se que este estava cercado
por uma malha urbana extremamente rígida.
A nossa ideia foi quase imediata: construir uma malha dinâmica no vazio proposto
que, de certo modo, se opusesse à malha existente.
Este vazio urbano mostrou-se necessário devido à linha de elétrico que por ali
passava, o que condicionou o nosso desenho mas também permitiu definir a nossa
resposta de intervenção.
A ideia foi criar uma espécie de ‘rambla’ central, com espaços verdes e de lazer.
Passou a ser um novo centro urbano e simultaneamente o novo centro verde.
Ficou estabelecido que o rés do chão de todos os quarteirões iria ser destinado a
comércio, dinamizando assim esta zona central do Masterplan .
A ideia chave deste projeto é manter as ligações visuais com o pré-existente, tornando
este novo centro urbano bastante atrativo e de fácil acesso para os que o visitam.
Visto o terreno ser todo plano, a opção foi “brincar” com o espaço verde e projetá-lo
com cotas altimétricas variadas.
Optámos por criar um edifício apenas habitacional e os dos extremos, que são mais
pequenos, são de escritório e os últimos pisos de habitação.
O edifício do centro é mais alto por querer manter a ideia de os extremos dos
loteamentos serem mais baixos, não apenas por causa da luminosidade mas também
para, de certo modo, se “agarrarem” aos edifícios vizinhos.
Todos os edifícios são compostos por torres de vidro que fazem a distribuição e
ligação dos andares.
As casas pátio são uma opção a quem quer habitar numa casa no centro da cidade.
A ideia era que a frente do lote do lado da rambla fosse mais alta e à medida que
atravessamos o loteamento a altura do edificado vai diminuindo, de modo a que o
centro do loteamento não fosse escuro mas sim iluminado pelo sol.
As ligações que unem a rambla e o envolvente têm como material a pedra calcária
branca, onde o verde já não existe, com o intuito de essas mesmas ligações serem
consistentes.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo a dissertação, mas nunca este tema, podemos afirmar que a Topografia
assume um papel essencial em relação ao Contexto e ao Lugar visto que o objeto
arquitetónico deve integrar-se no Sítio, devendo os dois complementar-se.
Tal como referido, a topografia é inerente ao lugar, é ela que define a forma deste
último e é um dos fatores fundamentais a ter em consideração num projeto
arquitetónico. Ao elaborar um projeto, o arquiteto estuda as propriedades naturais do
terreno a intervir, pois a topografia é uma das condicionantes mais fortes mesmo
quando o autor tem o desejo de a anular ou a contrariar, criando uma topografia
artificial.
Quando se pretende tirar partido do território onde vamos atuar podemos fazer com
que este seja parte integrante da obra, tornando-se a nossa estratégia arquitetónica do
modo como vamos relacionar o lugar com o projeto.
É evidente que quando se atua num terreno com uma pendente acentuada e ao
querer acompanhar este declive, o resultado será um volume fragmentado que se vai
moldando ao terreno e consequentemente cria uma nova paisagem.
Por fim, na arquitetura assim vista, a própria topografia surge como um projeto
simultaneamente de paisagem e de arquitetura, pelo que podemos afirmar que esta
representa a atitude por parte de um sujeito sobre um território, que está em constante
transformação e que poderá sempre ser utilizado na criação do objeto arquitetónico.
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Isabel Cristina Martins Morgado 112