Na Sala de Roteiristas - Parte 01

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Na sala de roteiristas
Conversando com os autores de Friends, Faruília Soprano,
MadMen, Game ofThrozes e outras séries que mudaram a TV

Tradução:
MariaLoiza X. de A. Borges

Q,oHAR
Para Alex, sempre

Títúo originai:
lnsiletheWrtter's Room
(Cowersatintts with funerícat TV WiteÍs)

inglesa' publicada em zor4


Tradução autorizada da primeira ediçáo
um selo de Macmillan Pubüshers Limited'
f.. rJfgr"r. Macmillan,
de Londres, Inglaterra

CoPPight O zo4, ChristiÍra KâIlas

Copyriglrt da edição brasileira O zo16:


Jorge Zarhar Edttor
Ltda'
-rua"Marquês
de S. Vicente 99 - f I zz45t-o4l
Rio deJaneiro' nJ

rel(zt)2529-475o I fax (zr) 2529-4787


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Indicação editorial: Philippe Barcinski


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Capa: Esúdio Insólito

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Indui hibliogEi'
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LrrtzaX. de A. u. Título'

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lntrocltrç.rt I

M.rlgrrrct Nagle 7go

1si,l,: Order of Life, BoardwalkEnpire)

Sr-rsan Miller 799


The LWotd' Anyonc But Me)
1:iiiryro*ul'ing,
lira da arte elcvada
Reflexões
'A arte popular de uma era é muitas vezes a arte elevada da seguinte"'
es-
Os homens certos para
o trabalho 273

fazer Alexander
o que 2r7 ('rcveu o professor e estudioso de literatura greco-americano
Ninguém dt'z aosroteiristas
televisão, traçando um
Um cérebro maior 279 Nchamas não muito tempo atráS em defesa da
prralelo com o desdém de Platão pelo antigo drama
grego'l Por muito
A dança das cadeiras 222-
cinema: o lugar a<r
gosta de ouvir suas palavras
224
l('lnpo a TV foi considerada o homólogo inferior do
Quando você algo em filmc'
Um lugar melhor para roteiristas
zz8 tltral recorrer na indústria se você não podia transformar
um assunto qrlL^
Uma questão de quantidade 44 l)or um tempo muito longo ela foi também considerada
estava à altura do estudo acadêmico' Não é
mais assim hoje em dia
Garoto novo na área 235 rrio
do público quanto
Como cofrer uma maratona
237 (lrm o drama televisivo granjeando aplausos tanto
sua era de artc
As regras nãoescritas 49 tlll crítica, parece que a TV está finalmente atraYessando
sempre'
Um frlme contado em caPítulos
24o t'lcvada e que emergiu da sombra do cinema para
que nos lembremos
Crszat fronteiras 241 Cineastas sempre flertaram com a televisão' Basta
'Werner Fassbinder' uma série
Uma exPlosão de narrativas
244 tl,;Uerlin Alexanàerplatz (t98o), de Rainer
ou Twin Peaks (tggo-
História que nunca termina 246 tlt' tteze episódios de 5z minutos e mais um epílogo '
de David Lynch, que se prolongou por duas
temporadas' a primeira
r.;qr),
minutos (os pilotos
r.orrr oito e a segunda com 22 episódios de cinquenta
]votds 249
ou ainda Riget (r9g4)' de Lars von
r ivr:ram duração de longa-metragem),*
Bibkografia 254
'l\'ir:r, uma série de oito episódios de 55 minutos' O flerte do cinema com
Agraàecimentos 255
illl()vaÍtlrmaComeçoumuitomaiscedonaverdade,comatristemente
em t96z em que ele de-
t.í'lr:br-c entrevista coletiva de Roberto Rossellini
r'lrrrott qttc o cinema, o melo para o qual havia
dirigido clássicos como
paísà, estava morto e que dali em diante ele faria
rtrrrnrr, t:irlttrle ahcrta e
ser vistos como a
lilrtrt,s l)ill.rl ll tclcvisão. Hoje esses cineastas poderiam

.l)ttt.ltttrv'tlllttlrrrtltrlltrlr.,lt't,illll,rll.s,;rlt.tt.t.itlt,t.st:illtt.visllt|)il|.:l(.stl.CllI.('tll2()l7,(j()n]
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rllr.ltlrt t ;,lr,'t,ll,,li, tlitt t,'tt' Lll I )'rvirl l 'yll( ll (N
( ,r rt.1,, ,lr lr.lt,.ttttissr'to g:tstltlt'rrl clillhCil'O públiCO adquirindtl
vanguarda de uma forma que ainda estava se desenvolvendo na época: a sislt.rrr,r,,
tlr I \' .rrrrr.l(,ur;rs(.nt vcz dc produzirem proglamaS locais. Em
da série de televisão que iria educar e elevar eÍDyez de apenas entreter s(.r'it.s
e

vender produtos por meio de anúncios. Eles estavam interessados nos tipos scgLritlir, ( nn,,sot rls ('tlt vt'rritts paíSeS eUrOpeUS COmeçaram a lançar SUaS

de audiência que somente transmissões de TV permitem alcançar, mas própr.irrs irrrrt,rt;ocs dirctas das séries americanas-não eram TemdkesDo
'A Sentido clrissrco cla palavra, mas um esforço para reprodtzit o sucesso
sobretudo fascinados com as possibilidades do formato narlativo longo'
relevisão nos possibilita contar uma história ao longo do tempo", ressalta das séries clc 'l'V dos Estados Unidos identificando o que funcionava para

David Lynch, "algo que o cinema não permite." Nos últimos anos, o fe- elas, adaptando ao mesmo tempo esses elementos à cultura e à realidade

nômeno da migração do cinema para a TV ou do formato de cinemapara de cada país. Por fim, emissoras europeias começaram a imitar o modelo

a narrariva de formato longo (pode House of cotàs, cujos treze episódios americano de sala de roteiristas e programa centrado no criador.
IssO pareCe funcionar em CertOS CaSoS, no entanto, COmo acontece bas-
da primeira temporada foram lançados na plataforma de internet Netflix
eÍr 2or3, todos no mesmo dia, ser realmente considerado televisão?) foi tante Com a imitação, por vezes são os aspectos menos importantes que
ganhando cadavez mais ímpeto, mesmo entre cineastas Convencionais estão sendo imitados, ou a imitação deixa de reconhecer a essência do que

estabelecidos: Steven Spielberg assinou a série The Pacific, Martin Scorsese, está sendo imitado. Na verdade, sabe-se muito pouco sobre as engrenagens

BoardwalkEmpire, e decerto outros virão. do modelo americano, sobre Seus Componentes funcionais básicos e os as-

O impressionante sucesso artístico e comercial da televisão não é uni- pectos práticos de como a colaboração funciona numa sala de roteiristas e

camente um fenômeno americano - não é sequer um fenômeno da língua qual é o papel do showrunner* em todos os seus diferentes aspectos, bem
inglesa. o caso da série dinamarquesaBorgen é exemplar. Atualmente, Como Sua relação com os outlos autofes, Com a emissora e com o estúdio.

Borgenreúne em média uma participação de Soo/o em seu mercado domés- De certo modo este livro pretende preencher essa lacuna de conhecimento.

tico mundo inteiro sob grandes aplausos. o drama


e está sendo exibida no Se a maneira como o drama televisivo americano é criado influencia em
última instância a maneira como drama televisivo de qualidade é pro-
televisivo dinamarquês (em que se destacam séries como Forbrydelsen e
Broen) iniciou seu renascimento cerca de quinze anos atrás - ao mesmo duzido em outros lugares, pelo menos no hemisfério ocidental, então é

tempo que sua indústria doméstica de cinema, tendo como força propul- certamente útil analisar como e por que ele e criado dessa forma e quais

sora o deparramento de ficção do canal público DR. o posicionamento


dos são as consequências disso. Este livro olhará para além do que chega à
'voz" mídia convencional na estrutura da promoção de um programa e além das
criadores como nas séries televisivas americanas - e o respeito por sua
singular foi, segundo consta, decisivo para esse desenvolvimento. Assim instruções dadas em manuais sobre esclita para a TV. Por meio de uma
-
Como oS canais americanos de TV a cabo encontraram sucesso dando série de Conversas com roteiristas a partir do ponto de vista de um escritor'
"visão única ''' o objetivo é identificar o que está acontecendo naquela sala de roteiristas,
primazia ao autor, o DR pratica o que chama de
Nesse contexto, é muito interessante observar como as coisas evoluí- ou em várias salas de roteiristas, e nas mentes dos autores enquanto criam

ram lta liurropa ao longo do tempo em relação ao sucesso esmagador do um programa - como e o que está sendo escrito e como isso está sendo
ch.ent,t [clcvisivo americano: por décadas as séries americanas foram
* O showrunner é o encarregado do trabalho diário de um programa ou série de televisão,
populares na Europa Ocidental, a tal ponto que provo-
devendo, entÍe outras coisas, dar coerência aos aspectos gerais do plograma. suas funções
( il lnr clr.trrrtçs ('()lttl'ovctsos em vários paíseS - debates sobre oS perigOs cosrumam incluir aquelas tradicionalmente atribuídas ao autor, ao produtor executivo e
(N.T)
tlo irrrpt'r'i:rlislrro t'ttltttr-al americano e sobre a COnveniência ounão de os ao editor do roteiro.
Na sala d'e roteiristas I nl roduç'ritt

é geralntt.rrtr trisl(. l)t'ixa rne muito triste." A.O. Scott explica por quê:
história por trás do modelo que pas-
e qual é o raciocínio e a
pr'ocluzido - 'A relação t r ;rtlir'iorlr I cntre filme e televisão se invelteu, à medida que os
samos a considerar responsável por tanto sucesso
criativo (e comercial)'
filmes amclit-rrrros tornaram-Se conservadores e Cautelosos, ao passo que
as séries rot(:it.izadas, tanto na TV em rede aberta quanto a cabo, são com

frequência mais ousadas, relevantes e dispostas a correr o risco de ofender'"


Três atos na história da TV
A evolução do drama televisivo começou na TV a cabo com a HBO na linha
AMC não muito atrás) e depois foi incorporada
de frente (e Showtime, FX e
poderíamos ver história da TV americana como estruturada em três atos'
a
anos 1950' com autores pelas redes abertas. Uma das questões a serem abordadas neste livro é por
O primeiro compreenderia a "Idade de Ouro" dos
em primeiro plano; o que programas desse tipo foram capazes de se desenvolver a partir desses
prestigiosos como Paddy Chayefsky e Rod Serling
Street Blues e Twin meios e não a pafiir das redes abertas de TV e quais são os principais ele-
segundo ato teria seu apogeu em seriados como Hill
para a comple- mentos que conduzem ao fluxo contínuo de qualidade.
Peaks,nos anos 1980 e 1990, que lançaram os fundamentos
e dos múltiplos fios uma coisa pode ser observada de imediato: embora muito tenha sido
xidade dramática por meio da caracteri zaçáo profanda
Unidos dos dito e escrito sobre a complexidade moral e a densidade sociológica de,
narrativos encontrados nas séries da TV a cabo dos Estados
cligamos, Família soprano, ouThewire, oumesmo Thewest wing, e sobre
úItimosqlinzeanos;oquenosttazaonossotelceiroato-sériescomo
e Mad Men' que têm pelo I energia e o insight cultural de Mad Men, ott a espiritualidade e a seleção
Oz, Família Soprano, The Wite, Boardwalk Empire
relati. clc tópicos filosóficos de losr e as dimensões épicas e os valores de produção
menos dois elementos em Comum: são destinadas a públicos-alvo
extremamente t:inematográficos de BoardwalkEmpire, o papel do roteirista como talvez o
vamente reStritoS3 e desenvolvefam uma fOrma narrativa
modo cinematográfico c()mponente mais importante e influente desses programas não está sendo
sofisticada, que parece estar tomando elementos do
suficientemente enfatizado. Ou, quando isso acontece, o tema é discutido
de contar histórias e ao mesmo tempo o influenciando'
tll mesma maneira como discutimos o duteurno cinema: como um gênio
Hoje,omelhordramatelevisivoamericanoeliminatodasasdistinções
isolado e não como o representante de uma mudança de paradigma. Em
entresucessopopularedecrítica.Elesetornafocodediscussãoapaixo-
cultural' ao mesmo t'rrrr'rparação Com o screenwritet (termo usado nos Estados Unidos unica-
nada, local de experimentação narrativa e tem impacto
modo de pensar - nt('Í.lte para quem escreve para cinema), o roteirista de TV tem um peso
tempo que avança além de fronteiras e desafia nosso
rrrrrior significativo. Será o papel do escritor - que é a única diferença
coisasqueosfilmesamericanosparecemnãofazermais,oufazerncada
fazer eSSa Compara- t.ssr.rrcial entre a maneira como a TV está sendo prod:uzida se comparada
vez menos, segundo A.o. Scott.a Ele não é o único a
,rr rs Íilmes a principalrazáo para o sucesso comercial e artístico do meio?
-
ção.BernardoBertolucci,cineastaitalianovencedordoOscar'referiu-se
Estados uni- lllrr afirmativo, como esse papel é definido na televisão e quais são
t.rrs<t
recentemente, ao estado da indústria cinematográfica dos
agora não vêm de ,rs plincipais cJiferenças para o roteirista da indústria cinematográfica? Só
dos dizendo que "os filmes americanos de que gosto
lr,i rrrrr nrcio rlc dcscObrir: Conversar Com OS roteiriStas - OS Showrunners
Hollywood, mas de séries de televisão, corno MadMen'BreakingBad'The
fo- r.r)s "nln)l(.t'() utn", bcm como tOdos oS demais escritores nOS diferentes
e ele comparou essas produções a romances publicados em
Americans" -
rrrvr.is tlt' hit.r'rrrtlttiu da cquipe de roteirjstas - e, não menos importante,
thetinsemjornaisdoséculoXlX,umacomparaçãosobreaqualfalaremos
'Afora um pequeno número de produções ( lnr ()s.utl()t( s t'tlrtt'atlrtrcs rlttc tlstão cnsinandrl aS fUturas gerações de
t-orll l,r.rairlr clctalhc mais adiante.
qtrc tr,rdo o que vctl] dt'Ílollyw<locl r()tr.11il,t:, l),1..r ,r 'l'V, AÍirr:rltlt'('()nl:rs,.lr'.1ttt'()ltlrll trt:tl1('it:t potlt'ttlos
irrrlt.Pt.rrtlt,nl(.s",:t(.1.(,s(.('ni(|U,'p(.ns«l
Na sala de roleiristds lnLroduçtrt

nO eSCLtr'(), l(.st tv,il ,lt. r'ittt'lttrr; distlibuiç:ão entre oS Cinemas. Muittts ati: st'
(.i)cgar a insights perspicazes sobre o processo colaborativo de escrita na
'l'V dos dias atuais, se não o iluminando a partir do maior número possível entregari() ,i rrostrr lgi:t t, usarãO O termo Cinema Somente quando filmes dc

de perspectivas? 35mm estiv('r,('nt cnvolvidos. Há, no entanto, outra perspectiva possível: se

Em última análise, o sucesso artístico e comercial do drama televisivo virmos o cillclna como uma narrativa que utiliza (principalmente) imagcr-r-r
e som e que tcm ver Com exploração quanto Com espetáculo, ultt'l
tanto a
é importante não só para a maneira como o discutimos e vemos, mas
também em relação a algumas das antigas regras não escritas que estão meio que pode penetrar profundamente na realidade, destruindo manci
ras familiares de pensar e sentir - contestando as próprias estruturas da
sendo refeitas atualmente. A transposição das fronteiras convencionais
realidade; se considerarmos o argumento deBazin6 de que a ideia precede
entre os filmes e a TV é apenas uma delas. Os autores começaram a se
a invenção, sendo portanto superior aos recursos técnicos usados pala
mover mais livremente de um meio paÍa outro. Aaron Sorkin, criador de
levá-la a cabo, então é possível que não haja nenhum termo melhor paraa
The West Wing e que em 2011 ganhou o Oscal por A rede social, talvez seja
um dos exemplos mais prolíficos discutidos nesse contexto. Será preciso narrativa audiovisual, nenhum mais inclusivo, e sem dúvida nenhum que
aumente o seu significado tanto quanto esse. A visão que Eisenstein tinha
esperar pala Ver quais serão oS efeitos Sobre outras práticas, conceitos e
do cinema como um "excelente instrumento de percepção"'também nos
preconcepções tradicionais que emergiram do cinema, como a ideia de
que a narrativa audiovisual só pode resultar da mente de um único gênio
lembra que, desde cedo, a função do cinema era discutível, e não dada

o drama televisivo sendo na realidade o resultado da colaboração entre como certa. Talvez, mais uma vez, precisemos parar de aceitar o conceito
-
ou a prática antiga na indústria do cinema de "cinema' como algo certo e abrir o campo o mais generosamente que
muitos roteiristas e mentes -
de substituição descuidada do autor original ou da exclusão do autor do
pudermos. Talvez o cinema esteja, de fato, em toda parte. Talvez ele seja

set. Esses conceitos e práticas na indústria cinematográfica que potencial-


nío um meio ou um formato concreto, mas um estado de espírito - que
pclde ser encontrado tanto em filmes quanto na TV.
mente afastam autores do produto final estão por sorte muito distantes
Assim, será que deveríamos estar discutindo algumas das séries de TV
da experiência dos que escfevem para a TV - e é provável que esse seja
consideradas aqui como nada menos que narratiYas cinematográficas
um fator instrumental no sucesso artíStico e comercial que temos visto
l<rrrgas? E o que justo dizer que a TV, que tem apenas
significaria isso?t É
no drama televisivo.
rrrctade da idade do cinema, só recentemente (talvez nos últimos quinze
iutos) cncontrou o êxito que merecia. Os roteiristas só recentemente
:rl)rcnderam a tirar partido dos poderes únicos do próprio meio. Dufante
Narrativa cinematográfi ca longa
;lros o í'bco esteve emfazer de cada capítulo uma história completa, au-
li»rorna. Não somente em dramas plocessuais, mas nas séries em geral,
Talvezo maior desafio para o status quo atual e a linha divisória televisão-
o lirr'o cllamático estava sobre aunidade do episódio. Um episódio de
filme esteja ligado à mais arrtiga questão desde o nascimento dos filmes:
'l'V t'r'rr urrr n-rinifilme (mais ou menos como agora um episódio na web
o que é cinema? Hoje, o consenso é que, com a emergência de novas
r. rrrrr rnirrit'pisridio de TV). Depois, a lógica central do meio televisivo
tecnologias, distinções de meio estão ficando cada vez mais rasuladas e
rln()u st' lt tt'ttrp«lt'ada.
não podemos conceber nenhum "meio" como uma categoria fixa abso
Ir

o lirlr'lort'rlrr rt'lt'visíit), ir (:r'il tlos rnúltiplos fios conLlutorcs


Sr,1,,rrrrtlo
luta. Apesar disso, o cinema ainda é considerado por muitos como algo
rrrrrllrprlos lios tlt'lrislirr r,r (llt('s('r'slcrrtlr'ttt l)()t'ttttl:l lt'tltptlt:ttllt ott ltti'1tot'
ligacftl .ro tcatro escurecido do período clássico: duas horas irlitrtcrrLtlltls
Na .srllt ,L

uma série inteira) começou com a chegada de HiLl Street Blues, em i981. cxt'rnplo,rrrrlr,',r r:,lr,rtcgiltsapcrlciçoaclasaolongodedécadaseemprega
Entretanto, seu criador, Steven Bochco, na realidade aplicou uma técnica trrrrr Ir-rrtlrr,,rrr tlc rrrcstt'iit visual desenvolvida igualmente tanto em espa-
conhecida e familiar em outros gêneros, a da telenovela e da sitcom, em ços irrtcliorr':; r't'losc ups próximos, persuasivos, de telenovelas, sitcoms
particular as comédias de meia hora sobre o local de trabalho dos anos «' rlckrdrrrrrr.rs lirrniliares, como também na edição fluida e na habilidade

l-,97c., conno M*A*S*H, The Mary Tyler Moore Show e Barney Milleri que podem par':r enquarl r'.rl ação e espaços exteriores" de programas sobre policiais
ser consideradas as precursoras decisivas de HiLl Street Blues. Para Steven c detetives particulares. O poder de sua narrativa de formato longo, con-

Johnson,
"o gênio de Bochco com HÍll Streetfoí casar estrutura narrativa tudo, é explorar o personagem à medida que ele evolui no tempo, e em
complexa com tema complexo",' muitas vezes enfrentando questões so- suas histórias convincentes e ramificadas de crime, injustiça, casamento e

ciais difíceis durante o processo. Como Johnson ressalta, algumas narra- làmília. A medida que a série progride, os atores amadurecem visivelmente
tivas nos obrigam a trabalhar para compreendê-las, e parte do trabalho cliante da audiência, e o conhecimento que os espectadores têm de suas
cognitivo provém do acompanhamento de múltiplos fios, de distinguir lristórias informam cada cena subsequente. É impo.-
e suas interconexões

enredos muitas vezes densamente entrelaçados enquanto assistimos. Ou- tirnte reconhecer que filmes não podem reproduzir esse tipo de intimidade
tras envolvem até o "preenchimento" pelos espectadores: a compreensão (' compreensão agregadas entre personagens e público. No fim das contas,

de informação que foi ou deliberadamente negada ou deliberadamente lr narrativa de televisão de formato longo oferece aos espectadores uma

obscurecida. Um episod io de HíLl. Street Blues complicava o quadro de várias t'xperiência mais próxima de sua própria vivência da realidade, algo que
maneiras profundas. A narrativa combinava uma coleção de fios diferentes rrrrr filme jamais poderiafazer.
- por vezes até dez, embora pelo menos metade deles envolvesse somente l{oje, graças à internet e a tecnologias emergentes, noYos padrões de
algumas cenas rápidas dispersas pelo episódio. Havia um grande número rrtcnção estão surgindo. O que parece uma transição de uma era da narra-
de personagens secundários e não apenas papéis pequenos. E o episódio t iva para outra é não so acompanhado, mas tarnbém guiado, por mudan-
-
tinha limites vagos, tomando um ou dois fios de episódios anteriores no çirs no comportamento do público." Esses novos padrões estão trazendo
princípio e deixando um ou dois abertos no fim. i l>aila noyas questões: por exemplo, como irâ o binge-ttiewing* alterar a
Antes de HiLl Street Blues, a sabedoria convencional entre os executivos rrurneira como estruturamos histórias?1' Os autores de House of Cards cla
de televisão era que o público não se sentiria bem acompanhando mais liunente abordaram a narrativa como um filme de treze horas de duração
de três enredos num único episódio, e, de fato, a primeira exibição-teste isso também significa menos dependência dos tradicionais ganchos de

do piloto de HilL Street Blues em maio de t98o suscitou queixas dos espec- Íirrr de episódio para manter o público pensando sobre a história até o
tadores de que o programa era complicado demais. Hoje, após décadas de r'pisódio da semana seguinte. É intetessante, contudo, que eles tenham
experimentação ruptura de limites adicionais, a complexidade narrativa
e optado por criar treze episódios, que é o número clássico de episódios
alcançou novos níveis, antes inconcebíveis, tendo chegado a seu pleno rlt' trrna série de TV a cabo. Outro caso interessante de uma produção da
desenvolvimento nos últimos dez a qu.inze anos. E, embora o foco deste Nt't llix criador, Mitch Hurwitz, escreveu os
é Arrested Detelopment. Seu

livro seja o drama televisivo americano desta era mais recente, seria in- t;rrrrrzc novos episodios encomendados pela Netflix narrando sempre o
justo esquecer que discutindo se basearam numa
as séries que estamos
longa tradição de experimentação com o meio. Em [rltirrra rttrltlise, ctrmtr ' li rrrro rrs;rtkr lrurl :r llr,itir.r ,lr rt ,rssislil rt vlitios cpisódios de uma nresma série em se

observam Edgcrton c -foncs,"' Llm Pr()gratrllt c()lll( t littttrílrrt ,S()l)íln(), P()r {lllr r( r.r, tlt'ilttt.r sri vr'z (N I t
mesmo momento no tempo, mas de uma perspectiva diferente em cada (' l)t't'sr )n, r,,,r r., l:,.1 r( lr r ,t l('n t[)()rilLl;t, ou ttrcsmcl tclda a série, como unidadc
episódio. Livre dos antigos conceitos de atenção, ele sugeriu originalmente tlllrrrlilit .r l',r v.zt's «'lrt:gAr1r referir a eles como "romances visuais",
a se
que as pessoas poderiam ver os episódios em qualquer ordem, mas depois ('nl (lLr(' r).s Ir 11111'i11's cpisódios têm de ser considerados do mesmo modo
indicou que certas piadas não funcionariam a menos que os mesmos fos- cluc ()s prirrrCiros capítulos de umlivro. "Pense nos primeiros capítulos dc
sem vistos na ordem em que tinham sido criados. Esse é provavelmente cltralquer r()n riurce de que você tenha gostado algum dia, digamo s, Moby
apenas o começo do tipo de experimentação que veremos à medida que Diclc", escrevc David Simon em seu livro sobre TheWire.l3 "Nos dois primci
plataformas on-line encomendam histórias que estão livres não apenas de ros capítulos, você não conhece a baleia, você não conhece Ahab, você nem
um horário de exibição, mas talvez também sejam projetadas em torno sequer embarca no Pequod. A única coisa que acontece é que você vai com
dos novos padrões de atenção. Será interessante ver como outros padrões, tshmael para a estalagem e descobre que ele tem de compartilhar um quarto
como o pledging, que está associado ao crowdfunding,* portanto baseado com um personagem tatuado. Aqui é a mesma coisa. É um romance visual."
em relações ainda mais complexas entre o público e os roteiristas, vão Muito curiosamente, nos últimos anos, estudiosos e críticos têm usado
influenciar as narrativas. cadavez mais a expressão "TV de qualidade" para descrever as séries de
Por enquanto, contudo, e para os fins deste livro, será suficiente ressaltar TV que tiveram reconhecimento especial da crítica. Isso sugere que alguns
que, à medida que os hábitos ligados à maneira de assistir às séries de TV programas televisivos têm qualidade mais elevada do que outros, o que, é
evoluem, estas tenderão a ser cadavezmais concebidas e escritas como um claro, é uma avaliação puramente subjetiva, tendo portanto pouco mérito
filme longo. Vendo-as dessa maneira, seria possível afirmar que no curso da acadêmico. RobertJ. Thompson rentou uma definição da expressão em
temporada média da TV a cabo americana, deffeze episódios, o potencial seu livro Hill Street Blues to ER, de DgZ,
Tel,eyision's Second Golden Age: From
narrativo do longa-metragem de noventa a rzo minutos de duração multipli- que na verdade é anterior à criação das series hoje frequentemente des-
cou-se tÍezeyezes.Isso permitiu que o modelo de narrativa mudasse do filme critas como "TV de qualidade": "Ela deve romper as regras estabelecidas
de duas horas para a escala dos romances do século XIX, como aqueles de da televisão e não se parecer com nada que veio antes. É produzida por
Dickens, Balzac e Stendhal, em que a complexidade da rrama e do desen- pessoas de linhagem estética de alto nível, que afiaram suas habilidades
volvimento de personagens e o universo da história - bem como o espectro em outras áreas, sobretudo o cinema. Atrai uma audiência de qualidade.
mais amplo do meio - alcançaram o ponto máximo. Os romances de Charles Alcança sucesso contra as todas as probabilidades, após dificuldades ini-
Dickens são muitas vezes mencionados por críticos de cinema e TV nesse ciais. Têm um grande elenco, com muitas estrelas, o que permite múltiplas
contexto, pois foram publicados inicialmente em revistas sob a forma de tramas. Tem memória, referindo-se a episódios e temporadas anteriores
folhetim, um formato popular na época - mais ou menos da maneira como no desenvolvimento da história. Desafia a classificação de gênero. Tende
uma história evolui no curso de uma série num drama televisivo atual. a ser literária. contém agudas críticas sociais e culturais com referências
Como ficará evidente nas conversas que se seguem, os roteiristas de TV e alusões à cultura popular. Tênde para o controverso. Aspira ao realismo.
de hoje também pensam em seus programas e desenvolvem suas histórias Por fim, é reconhecida e apreciada pelo público especializado, ganhando
prêmios e aplausos da crítica."la
outra expressão interessante que emergiu nos anos zooo ê "televisão de
" Pled§ngé o comprometimento do apoiador ao projeto viabilizado por meio de crowdfun-
ding, qtte é o financiamento aberto a pessoas que se interessem e queiram colaborar com arte", de Kristin Thompson - derivada da expressão mais conhecida 'tinema
determinado projeto, seja filme, série, disco, show, livro etc. (N.T.) de arte", que também pressupõe avaliação subjetiva. Thompson, em particu-
lntrttduÇúr
Na sab de r(tlt:irísLds

últimas cli't,r.1,r., ,rpr oxiltt:tdanlerntc, a grande explosão da complexidaclc


Lynch com sua série de terlcvisã<-r
l,rr , t rtttpara o filme Vetud'o azul deDavid
r
da narrativ.r { lt(.nllt()llr'áÍica parece estar gravitando cadavez mais para
Estados Unidos que são
'l\,ttitr afirma que os programas de TV dos
Pcakse a TV e melt( )s l):l ril OS filmes - posSivelmente, entre Outras tazóes, porque
têm' um afrouxamento da causalidade'
" tc lcvisão de arte", como Twin Peaks' só se pode int lt»duzir num filme de duas horas um número limitado de
ou anedótico' violação da clareza
uma maior ênfàse no realismo psicologico fios e sutilezas, mas também porque a TV é tradicionalmente um meio
clássicadeespaçoetemp,Comentáriosautoraisexplícitoseambiguidade,.''
e que é mais do roteirista, portanto talvez seja um lar mais natural para a
Buffy' a caça-tampitos' Família Soprano
Thompson afirma que séries cotno escrita sofisticada.l6
o que
noções de conclusão e autoria única"'
Os Simpsons"alteraram antigas Não se pode enfatizar isto o suficiente: ignorar o drama televisivo é
narrativa
suas próprias mudanças na forma
significa que "a televisão forjou ignorar um dos mais importantes modos de narrativa de nos;o lempo'
uma "saraivada de referências
tradicional", e ressalta que Os Sinpsonsusam Para estudar história tal como ela é praticada no drama televisivo, tanto
a
culturais,catactertzaçãointencionalmenteinconsistenteeconsiderávelau- criativa quanto analiticamente, sem dúvida devemos examinar a fundo
torreflexividadesobreconvençõesdatelevisãoeostatusdoprogramaComo o processo criativo de seus Ioteiristas, bem como arratuÍeza da sua cola-
um esPetáculo deste meio"' boração. As conversas que incluo aqui, na ordem cronológica em que as
acima' ou de
ou ambas as expressões sugeridas
Quer adotemos uma tive, aconteceram eÍrtre zol2 e 2cl73 e abrangem uma ampla variedade de
"narrativa cinematogtâflcalonga"' que
fato proponhamos outÍas, como tópicos. O que emerge é um tesouro de insights inestimáveis sobre alguns
(quem
perigos da avaliação subjetiva
reconhecidamenre não escapa aos dos muitos modos de escrever uma série de TV americana e algumas
definiráoqueécinematográfico?)'umacorsaestáclara:assériestelevi- similaridades e temas recorrentes que discutirei em detalhe em minhas
sivasdoterceiroatodahistoriadaTVamericana'queénossoprincipal reflexões finais. Agora o show pertence aos roteiristas de algumas obras
ter características comuns que
objeto de discussão neste livro' parecem impressionantes: a palavra é deles.
filmes de estrutura alternativa - em
podem também ser encontradas em
clássica' nas palavras de Thompson'
contraposição a fiImes de estrutura
são' por exemplo' caracterizadas
por
"formas narrativas tradicionais"' Elas
que superam aorgan\zaçáo hierárquica
histórias com multos protagonistas
clássica confere a um personagem
refletida no privilégio que a narrativa
(múltiplos fios narrativos' grandes
e a seu ponto de vista sobre o resto
do princípio da causalidade
conjuntos de personagens); pela substituição
(eliminação de explicações formais para
pelo princípio da sincronicidade
causaeefeito,violaçõesdaclatezaclássicaedaunidadedotempoeespaço'
de representar a verdade
ambiguidade); e por um desejo programático
ela pode provar ser (realismo'
am-
emocional como tão complexa quanto
de gênero)'
biguidade, desafio da classiflcação
literária que mais corresponde
Talvezescrever para a tela seja a forma
sua nar-
r«r mocl<l ..,-t, p"'ttbemos o
mundo hoje' e talvez a tela da TV e
dtras
clc tal pcrccpção' De fato' nas
r':rlivrt lorrl',;t s('lilrlr :l rttclltol t'x1rrt'ssão
'l'tranct' W rttl tt
, No sLkt d'e roLcirisLds
,

Então vot-t: ltt't t t'ht'rr ,lt ri'yt ttlt' quc [stivcra pcrseguindo o sonho errado?
por sua receita. você tcnr clc comer a coisa real pritneiro'
1rrl1",rl rrrrt lt1;lo
| )t'ixt' tttc assar o bolo, depois você poclc rnc dizer se gosta
dele' (concorda ('( )rn ,r t :r[rt'çr) Liu estava infehz. Passava minhas noites nos cinc
mas, fentantl r csqucccr as más escolhas que havia feito. Tinha quase trinta
MasporqueésomentenaTVqueoprogramttttdoautor?PorquenãonosJilmes? anos, essa ic'llrdt' que é tão crucial na vida, sua última chance de mudar clr'

rota. Eu gostâva de cinema. Cresci vendo filmes e sitcoms de meia hola.


por causa das origens da TV. Ela veio d«r rádio, que efa escrito principal-
The Bowery Boys,z Tlte Honeymooners... Canal t em Nova York. E pensci
Lt nas mãos
mente por teatrólogos, por isso o proccsso criativ<l permanece
em ingressar em Hollywood. Mas não tinha a menor ideia de como faria
ir-ricialmente
do roteirista. A primeira sitcom foiThe Golclbergs, em t948' que
isso. Meu sonho parecia inatingível. Ainda assim, decidi experimentar a
a ver
foi uma peça radiofônica.l Enquanto o c:incma cofiteÇou tctlcltl nrais
escrita fazendo minha própria comédia stand-up. Fizurn curso e encenei
com as artes yisuais - além disso ele era mudo, scm diálclgo Íàlado.
no Comic Strip, apresentando-me nos shows para amadores. Depois me
apresentei no Catch a Rising Star algumas vezes.3 Nem por um momento
origens? Onde aprendeu, onde começou?
Pod.e me falar um pouco sobre suds considerei a ideia de seguir isso como uma carreira, queria apenas ver se
ins-
Nasci em uma família da classe trabalhadora no Brooklyn. E recebi cra. capaz de escrever piadas que funcionavam. É um caminho árduo

trução paÍa ser mecânico de automóveis - mas depois decidi ir para você viu aquele documentário sobreJoan Rivers, ícone da comédia, APiece
a

faculdade. Assim, peguei um empréstimo estudantil e fui estudar ciên- ttl'Work\ Ela foi uma figura decisiva numa longa linhagem de comediantes
jornalismo na universidade de Nova York. Para ganhar a
cia política e tlrl scxo feminino que começou com Sophie Tucker. Esse filme conta tudo.

vida, trabalhei como porteiro; trabalhava à noite e estudava durante Mas, de todo modo, descobri que sim, eu consegura ao menos escrever
o
a vida piirtlas que faziam as pessoas rirem, e pensei que poderia escrever o roteiro
dia. Muito depressa, porém, percebi que não conseguiria ganhar
muito facilmente como jornalista. O primeiro emprego que arranjei me clt' urna sitcom de meia hora. Assim, abandonei tudo e tomei um avião
a mim pirt'it Los Angeles. É muita maluquice, não é? Você se prepara durante
pagava menos do que eu ganhava como porteiro' Assim' perguntei
virrtc anos e depois começa de novo do zero, em algo sobre o qual não
mesmo: quem ganha muito dinheiro? As únicas duas profissões que
eu
Foi assim t('r11 rt menorideia.
conhecia que soavam imPortantes eram médico e advogado'
no
que decidi ir para a faculdade de direito. Estudei durante anos, passei
'l'rtlruz tis vezes seja preciso arriscdr alguma coisa para conseguir outra.
examedaordemdosAdvogados.Aessaalturaeudeviazzrni]rdólares
em empréstimos estudantis, o que em 1988 era como ter uma hipoteca trisos) Ac:l'ro que sim. Pelo menos em L.A. não precisei trabalhar como
imobiliária. Então pensei em trabalhar como assistente de procurador lrolt«'irtl par:r gar.rhar: a vida. Mas precisava de um emprego simples, que
distrital no Brooklyn, mas esse cargo pagaYa apenas um pouco mais que nr(' ()( ul)rlss(' âlpenárs clas nove às cinco, de modo que eu pudesse passar o
meu emprego como porteiro, por isso não tive condições de aceitá-lo'
É
rt'strr tl«r clirr tcrrtarrclo me introdrzir no cinema, ou na T\I, no meu caso.
isso, pensei, fui educado para a pobteza' Depois, consegui um emprego
num grande escritório de advocacia de Manhattan. Pagava bem, eu
tinha
l;., t'Ilrli, I trrttrr /oi (lll(' l/()(1i r'rrtt,sr'qrtitt i.s,soi

uma sala elegante, um dia eu seria sócio... tinha tLlclo o quc pcnsava
qLlc
lrrr i,r 1r,rr',r ,r lril,liott't;r tlo Sirrtlir,rto rlt' llotciristrts, li;t torlo t'tlttlltlrtct'
qucria. ll cst ava rn<lrtlt lntt't.ttc clltcLliiltl()
rr)lr'ro ('r1r (ltt('(()r):-('l,ttl.r lt()t ,r'. ttt,t(,11, (ltl,o:;),is vt'zr's os lt'VllV;t csr'tlÍt
l(.lo:; (.r,,t.r\.r lrtr tÍ',,],,t(l,t ('lll lll('V('l'l)ill'il prOPoralgumas idciaS' Iiitlr-tt:i
didoparaCaSaparafotocopiá-ios.EstudavaessesrotcirosPilt.;ltlt.l't.,ltttl , lr;rlt ,rtlr r, l, rr ( lr r- l.r í'l ,llll (lLlotr() da tarde em Los Angeles e meu amigo
um spec* atrás dtl ()rrl r( I I lrll
como eÍam estruturados' Depois' escrevla itg(.nt(. r,rrr l...l, rv,r York iá l-inha saído para o fim de Semana, por isso eu
E aprendi sobre o beco s''rrr srticla
specparaCheers,LrÍÍrspecpataSeínfeld' It'r.irr dt. (':rl)(,r ,tr rrtí' scgut-tda-feira parâ que eles entrassem em Contato.
conseguir um trab:rlho sem
do sistema de Hollywood' Não era possível I )r,p11is ntt, tlt.i r'orrta de que, como ele não sabia nada sobre
ser um agentc,
um agente sem um trabalho'
um agente, e não era possível conseguir cu poderia r-('t()r'nar a ligação da produtora e me passar por ele' Tivemos
a mim mesmo que faria alguma
Tentando imaginar o quefazer,prometi uma otima conversa, e ela perguntou se eu tinha algum outro material
de roteirista todos os dias' Toda
coisa para promover minha carreira "rnais jovem", pois Fresh Prince era uma série orientada para adolescen-
a mlm mesmo:
"O que você
noite, antes de ir para a cama,perguntava tes. Respondi que "meu cliente" acabata de escrever um fantástico spec
acontecer?" E' se não
fezhojepataÍazetsua catreira como roteirista paraWondeÍYedrs, o que era mentira - àquela altura eu dera a ela tudo
da cama e escrevia alguma coisa
tivesse nada para of'erecer, levantava o que tinha. Assim, disse-lhe que poderia entregá-lo na terça-feira, e ela
algo que pudesse ser considerado
ou enviava um rotelro pelo correio' ou concordou. Desse modo, de sexta-feiÍa até a tarde de terça, produzilu'rn
A certa altura consegui uma lista
uma resposta válida para essa pergunta' spec para wonder Years, depois enfiei meu boné de beisebol na cabeça e
deagentesdaWGA,oSindicatodeRoteiristas'Eutelefonava'enviava fui entregá-lo nos escÍitórios do Fresh Prince'
roteirosenuncaobtinhaumalesposta-haviasimplesmentepessoaS
um nome na lista' o de
demais procurando agentes' Um dia reconheci Você e um contddor àehistórias incrível, alguem jalhe disse isso? (risos) E depois,
de direito em Nova York'
um sujeito que fora *t" tol"g" na faculdade o que dconteceu? Quando foiisso, alias?
"não sou agente literário' sou procu-
Liguei para ele. "Não", disse ele'
um cliente meu escreveu um Foi em r993. Algumas semanas depois consegui mostrar-lhes algumas
rador imobiliário, aconteceu apenas que
vinculado como agente'" ideias, o que foi meu primeiro verdadeiro pé na porta'
livro e tive de registrar os direitos' então fiquei
coisa sobre
"Está bem", respondi, "não me importa se você abe alguma
agora em diante você é o meu agente"''
Criei um timbre' E dezessete anos depois, ei-Lo aqui, com Boardwalk Empire, a primeita série
isso ou não, de
criada por você. Qual.foi a sua ínspirdção?
instaleiumsistemadesecretáriaeletrônica,conseguiulnacaixapostal,
depois enfiava meus rotelros
tudo. Basicamente, crrei uma agência falsa' Quando eu estava afrouxando o ritmo de trabalho
ernFamília Soprano,
como um mensagelro e
em envelopes e ia de produtora em produtora uma executiva da HBO me deu o livro Boardwalk Empire, que é basica-
por aquela agência' que
entregava os rotelros supostamente enviados menre uma história de Atlantic City escrita por NelsonJohnson. Ela me
o agente dele e o portador
na realidade não existia' Eu era o roteirista' pediu que o lesse e visse se eu achava que havia uma série de TV ali. E
o asslstente do agente também'
do agente, tudo ao mesmo tempo' E era depois, quase como uma observação secundária, contou-me que Martin
recebeu uma mensagem da
Numa tarde de sexta-feira, a falsa agência Scorsese estava muito empenhado nela. Respondi que nesse Caso eu nem
of Bel-Ait' que tinha lido meus ro-
produtora executiva de The Fresh Prince precisava lêJo, que, se Scorsese estava envolvido, eu iria sem sombra de
dúvida encontrar uma série de TV no livro, o que fi2. Tudo começou com
* spec, ou roteiro especulativo, é um roteiro não solicitado Em geral
é escrito por um um capítulo, que cobria a era da Lei Seca.
por um produtor' emPresa produtora ou
roteirista que esPera ter um roteiro adquirido
estúdio (N''l'-)
Lt ltlrl,itrrl rlr',§.§t' ctllílulo rSPccí-li('(t.l(ti() (lll(' v()(1: rlcPoÍs Lrdnslitrtttotr lrrr illr i) Sol, t1u( r( lrí ,r nt.r\,r-.1,t nl('t,t- lit'ttlrt'os tl<lis l-rav'ia VátriaS lillhas t'cl-as,
ctl.ll Lcmporada? Evoct l,('lr lÍl (1r('r'('l)r(:,( Írl.r\.11r r)ri 6lrstjtt'ltlt-rs tl6 canilho até essameta. Em termos
tltt l,t nttt,itlt rcmltorada. Mas o que sustcnlil rll-§.\()

rrrrrilo srrrr;rl, ',. (' r\5() (lu(' l:lzcmos, descobrindo o que o personagem quer
r (),lr() dllJo (\ue continudrd por ttArias temportttlas'l
t' r-r-iarrclo olr:;t ,rt trlos ltat'it que ele ou ela o alcancem. A meta de Nucky é
para mim é uma temporada de cada yez, dc verdade. Depois quc li o livro, ('()nt"r()lar Atl.rrrtit'City pi,rcificamente ganharmilhões de dólares, então
e
eu sabia que Nucky sefia o Centro de nosso universo, era primeiro uma rr()s pe rgulltir rr ros: "Quais são os desafios que ele enfrenta? O governo estir
questão de criar os personagens em torno dele e depois criar um dilema tcntando prerclôJo, os agentes da Lei Seca estão atrás dele, seu protegid<-l
para ele para a primeira temporada. Eu sabia que a série iria começar no dia se envolve nesse horrível massacre que termina sendo um desastre político
em que a Lei Seca foi decretada, sabia que ela teria algo a Yer com álcool e para ele, a mulher por quem se apaixonou tem um marido que a maltrata
toda a ideia de que o mundo estava mudando rapidamente. O dramático c cle o assassina, de modo que essa se torna uma relação complicada para

aumento da criminalidade, os tipos de crime que realmente deram origem t'Ic... e assim por diante.
a (como dizemos no programa) uma nova casta de criminosos - você sabe,
pessoas dispostas arrrataÍ umas as outlas por dinheiro rápido. De repente, \)uantas trdmas ttocê tempor episódio? \
da noite para o dia, o álcool se tornou uma mercadoria tremendamente
Não há regra, mas em geral são duas ou três, eu diria. uirr,. um episódio
valiosa, e isso significava que pessoas estavam matando e morrendo por ele. ('rn que tivemos sete tramas diferentes se desdobrando. Foi o décimo epi
Assim, com Nucky, eu tinha um personagem que era um político colrupto st)clio da primeira temporada, chamado "The Emerald City". Isso significa
cuja vida estava prestes a mudar espetacularmente, enquanto ele controlava nruito malabarismo. O que fazernos naquela sala de roteiristas é conversar
uma cidade situada junto ao oceano, que era a fonte para todo esse álcool.
tlr-rrante tlês meses tentando desenredar as tramas e o modo como aS Coisas
Era bom demais para ele deixar escapar, era poder demais. Ele sabia que po- sc desdobram. É muita decisão com relação a quanta informação fornecer, e
deria ganhar milhões de dólares traficando essa substância ilegal e tinha de ('rn que momento particular e onde é mais eficiente introduzi-la. Quanto e
se dedicar a isso - mas como resultado sua vida mudaria, porque, mais uma t1r-rando são realmente as duas grandes questões da narrativa. É quase como
vez, haveria muita violênci4t Foi portanto mais ou menos essa ideia que deu e«rzinhar. Você adiciona os ingredientes, prova o resultado e diz 'precisa
origem primeira temporada. Agora, como dramatizar isso? Você sabe, ele
à tlc um pouco mais disso e um pouco mais daquilo", meio que por instinto.
rem um protegido que voltou da guerra sentindo-se meio desiludido e vio- Vcnho fazendo isso há bastante tempo, de modo que sei, quando leio um ro-
lento, foi soldado por três anos, está de volta e quer ganhar muito dinheiro, tciro ou assisto a um episódio, ao ver como ele flui e como a história avança,
é ambicioso e se envolve com um negócio com álcool que não dá certo - e sc ela precisa avançar mais depressa, ou se é preciso dar mais informação,
nisso ele sofre consequências que reverberam ao longo de toda a temporada. ou se é hora de voltar para aquela outra história agora, se passamos tempo
suficiente aqui, se é preciso inspecionar a subtrama... Esse tipo de coisa.
Ahistórialembra muito os filmes dos onos t97o, você não acha?
\)uando vocês se comunicdmuns com os ol.LtTos, como nd sdla de toteiristas,'tlsam
sem dúvida. cresci vendo esses filmes. Mas, na realidade, escrever é uni- lümos como "atos" e "momentos decisivos"?
camente uma questão de encontrar conflito. Li um livro sobre escrita
uÍna yez que expressou isso em termos muito simples - havia um de- Não. Como não temos intervalos comerciais, a história é menos concen-

senho de um boneco de palitos de um lado e do outro um desenho do llirda em atos. Na TV aberta, como vai haver um comercial aqui e ali, ela
Na sala de roteiistas
llrtncc Wrnlrt

Mas nós n0r l r/rrt1 tlttttt\ Ittll.tl (nL'(ülr(lr 'tt'ltttlrltr tm tudo'


v,r ri('l tltrt'llrada em pequenos pedaços, mais ou menos uma estrutura
tlC st'is al-os, o que é meio estranho' Qlrc[o dizer' histórias
têm um co- (risos) Sinr, i' r, .;ttt' litzctnos. Além disso, a audiência está treinadapaÍa
que existe. Por- csperar o gt'lrr.lt'clcsÍLcho. Você sabe, depois de anos e anos assistindo
a
t[(:ç(), um meio e um fim, essa é de Íàto a única estrutura
problema, Íilmes e TV, toclos estão, infelizmente, muitos famlliatizados com
ulrla
t.rnto, nós só pensamos realmente nela llcsses termos. Há um
para esse fórmula parrir:ular, de modo que não acreditam que você introduziria
um
o problema fica mais complicado e dcpois há uma resolução
os deixa
problema. Na verdade, é assim que falertnos sobre ela' problema para depois não dar uma resolução clara para ele' Isso
na qual ficamos
loucos. Mesmo depois de anos assistindo àFamíka soprano,
Ha personagens com questões que atravessam uma temporada
inteira; isso sig- quase famosos por não dar ao público o fim que ele esperava'
as pessoas

numa otd'em cro- Irir-rda insistiam: 'Ah, não, aposto que eles vão nos contar
o que aconteceu."
nifica que, enqudnto espectadores, não podemo.s assisüir a el.as

noLógica diferente daquela em que foram escritas. Temos de assistir a tuda a ll com muita frequência não faziamos isso e as deixávamos enlouquecidas.
É assím que
temporada como se estivéssemos assistindo aumfiLme de dozehoras' lllas ainda têm essa exPectativa.
tocês ytensam na série, como um filme longo?
àifetentes?
você gosta àisso, não é, provocar a audiência e educa-La de maneiras
L

Tentamos tornar cada episódio independente, como se fosse um pequeno


lr contra o que ds Pessods esPetam?
ele ainda
filme;.Essim, quando calha de você assistir somente a um deles'
mui-
,"* ,.ü próprio começo, meio e fim, e faz sentido' É como um capítulo Sirrt, para falar averdade, gosto. Infelizmente, o que elas esperam
t;ls vczes não é nada bom. E de certa forma a saída fácil, que não
requer
.* rá livro, vejo isso dessa maneira' Mas para realmente apreciá-1a

você tem de assistir à coisa toda, você rêalmente deve ler


a coisa toda. rrt'rrlruma reflexão. Não exige que se pense ou que se faça perguntas'
E

Essa é uma coisa engraçada com os críticos, quando


eles reagem a certos rss«r não é satisfatório paÍa mim enquanto contador de histórias' Você
episódios. Quero dizet,hâtantas outras coisas, há algo acontecendo no lrotltr querer que tudo se explique
e se resolva lindamente' mas às vezes as
nove' de que rrrt,llrrlres histórias nos deixam nos perguntando qual era seu significado.
segundo episódio que produzirá um resultado no episódio
"Não compreendo que eles são
eles ainda não têm conhecimento. E eles talvez digam: Vot'ô sc pergunta o que aconteceu com os personagens depois
Ao que eu t,st.rrr.c:cidos de repente ou depois que a tela congela, em contlaposição
a
o sentido dessa cena, quem se importa com aquele sujeito?"
poderia responder: "Tenha paciência, sabemos o que estamos
fazendo"' r;r rir nclo os vê se afastando juntos a cavalo rumo ao pôr do sol' Veja por
Tudo estará ali por alguma razáo, e, se você voltar a essa cena
depois do c x c rrrpl<r o fi nal de A primeira noite de u-m homem, que
termina com aqueles
fimdatemporadaeelanãofizernenhumsentido,nessemomentosua ()llrrr.cs muito incertos entre o casal. se você fizesse esse filme hoje, teria
é cedo o filme foi
objeção estará corÍeta. Mas depois de apenas alguns episódios rlt' tlizcr se viveram felizes para sempre ou não - mas' tal como
nem tudo
demais parafazetuma declaração desse tipo' Por outro lado' llrlo, vocô sc pergunta para onde foi aquela relação'
de significar alguma coisa devez em quando a vida é assim'
Você
tem -
conhece uma pessoa e depois ela desaparece' Nem tudo tem
um grande lltrrl l(t'rtrttcr vs. Kramet, imagino.
impacto sobre a sua vida. Você topa com pessoas e tem um pequeno
en-
Isso rr rsos) Sittr, llltlvavclnlente.
contro interessante e elas vão embora, para nunca mais aparecer.
-
acontece com personagens de TV também, e está tudo bem'

[,
'l-ercncc Wutltt
I Na saln de roteiistas

\/rtt I lltttrt.itl ís.so, para simesmo, como algo quc vai se prolongar por seis temporddds? tarde. Brrr r().,,() ( lí' ,rrrrtlir gluíitva da outt'a trraneira. A certa altura, um dc
nossos pcr'.son,rll('ns tltz. cstou fazendo um curso com Dale Carnagey, e
Sirrr, bcm, espero que sim. Tênho de pensar desse jeito para apresentar as
ele está c()n r ( ) liv ro rra rrráo. Assim, quando chegou a hora de filmar essa
lristórias que estou apresentando agora. Estou trabalhando sob o pressuposto
cena, eu tJisst'. " Nào me importa que as pessoas pensem que está errado,
de que esta é uma série que se prolongará por cinco ou seis anos. Seis tem-
vamos simplcsnrcnte fazer da maneira certa e deixar que elas aprendam
poradas de doze episódios. Na minha cabeça é assim que as coisas são. Se eu
ou não." E é claro que as pessoas na internet escreveram: "Eles erraram,
soubesse que teríamos apenas dois anos, já começaria a escrever tendo em
escreveram o nome errado, eles não verificam essas coisas..." Mas nós
vista a conclusão, tentaria fechar a história de uma maneira ou de outra. Isso
estávamos certos.
não significa que você tenha de Ínatar todo mundo, nem que todo mundo
tenha de morfer, mas você tem de encontrar uma maneira de chegar a uma
Você poderia me explicar em detalhe o desenvolvimento de um episódio? Você
conclusão satisfatória para as histórias contadas até aquele momento. a sal-qd.e roteiristas?
tltfine a história central sozinho e depois a leva para

Você pl"aneja usar o períoào de tempo da Lei Seca? llr-r chego no início da temporada com as linhas gerais, para onde toda a

It'rnporada seguirá em termos de cada um dos diferentes personagens. Co-


A série pode ir até a quebra da bolsa, eÍrrag2g, quando tivemos consequên- jornada deles. Por exemplo, Nucky,
nlcç:o com os personagens e qual será a

cias financeiras devastadoras para o mundo, ou até o fim da Lei Seca, em


rur primeira temporada: nós o conhecemos, ele conhece a sra. Schroeder,
g33, que seria um momento lógico também. Como a série começou com
í;rz um negócio com Arnold Rothstein para importar álcool, o negócio não
a Lei Seca, ela poderia terminar com sua,revogação, mas isso exigiria tlii t'crto, ele percebe que foi seu protegidoJimmy quefez o acordo, precisa
que eu desse um bom salto à frente. Se tivéssemos somente seis anos, por incrimina falsamente o marido de Margaret e
lullll ir culpa em alguém,
exemplo, eu teria de saltar vários anos à frente em algum ponto. Agora, rlsolvc a questão no fim do primeiro episódio. Mas ele tem um problema
estamos estreando a segunda temporada e só se passaram alguns meses. rn;rior', porque agora está numa guerra com Arnold Rothstein e também
Assim, teria de haver um grande salto. r lr;rrrr«ru a atenção de um agente federal da Lei Seca. No segundo episódio,
r, ,rll('ntc da Lei Seca vai encontrá-lo, Nucky precisa subornar a sra. Schroe-
Em que medida você se preocupd com a autenticidode?
rlcr', rIr csperança de que ela não diganada sobre o não envolvimento de

Muito, somos extremamente orientados para o detalhe. E ainda assim as


,,r'rr rrrrr rido com a questão do álcool, e revela-se no fim desse episódio que

pessoas pensam que cometemos erros quando não cometemos. Existe um rrrnrr tlus vít.imas do massacre deJimmy na verdade estava viva. Agora es-

livro de Dale Carnegie chamado Como falar empúblico e inJluenciar pessods Lrrrr( )s rrtl tcrceiro episódio, e as coisas ficam mais complicadas. Os agentes

no mundo àos negócios. Carnegie dava cursos sobre falar em público, e até l.rllr';ris colrscgr-rem informações desse sujeito com quemJimmy pode
r ,,t,u (,nv()lvickr, por isso Nucky precisa tirarJimmy da cidade. Por volta
7g2z oa tgz3 :usav a seu s obrenome verdadeiro, C arnagey. Quando, en 7gz 4,
percebeu que as pessoas, ao ouvi-lo, pensavam que ele era parente de An- ,1, tlu,u to «'pis«iclio, Nucky fica mais próximo de Margaret Schroeder, no
,';,r.;,'rtlio r'irrt'o r'k:s cic f:rto dormcm juntos, no episódio seis vão morar
drew Carnegie, um industrial bilionário, mas cujo nome tinha uma grafia
diferente, mudou a grafia do seu para ficar igual à do bilionário, polqlr(' llntr,:i 'lirtlo isso ctr dt'Íi ni dcsclc o plirttciro nlomento, mas especifica
nri'nl('r(rnl()lrtrlovill'rilit('()nt('('(t'trrtt'ltltltt'ttlt'tti«rst'i Aír rriclrt'ttisrttlttt'
pensaya que as pessoas imaginariam qLre eram parcntcs. Mas isso Íiri rrlrr is

T
',í'l r-(llt('('l("s s('itttltxttt, titlrl t'cl:tç:l() toln,r s('unt poltco instávr,l, r) 1,1til()
t«rttt littll,,'.,1, l,r,r,lrrttrrcs, iss6 ('s()l)t.1tLtr[() Umamaneira de deSenVOlVcr
luv,r rrrr tirrl, a coisa âvança dc cclto rrrotlo r lrartirdaí. E, mais unr:r vcz,
trrnir lrir r,il(liil,r rr.r í,(irrrlrt,rlt: l'otciristas. Roteiristajúnior, editordehistó-
s;io rpcnas ideias muito incomplctas rlr, r'orno isso acaba se desdobrrrrdo.
lilr, ctlit or t lt' l rr,, rt r u;r (,t.('('11[ivo, coprodutor, produtor, produtor supervisor,
ljlc tem uma ameaça externa ao sell rcirrurlo e por volta do episódio doze
lrroclr-rt «rr' ( ( )('\('( rrt ivo, produtor executivo
- é uma maneira de delinear rr
resolve tudo, faz um acordo com Arnold Itothstein para se livrar do pro-
lrívcl cm clut' v,r.i't'sth Í'lrncionando, é cadavezmais em termos de posto,
blema que tinha no piloto, e tudo se conclui. Depois que remos o grande
('()nro nas lior'ças Afrnadas, de soldado raso a general. Há um aumento n;l
arco, nós nos sentamos para planejar em detalhe os episódios, cena por
lcmuneração, há um aumento na responsabilidade, é um reconheciment<.1
cena. Assim: é isso que estamos tentando alcançar neste episódio e o que
dc que você está na profissão há muito tempo, de que tem um histórico
acontece especificamente é... Por exemplo, no quarto episódio, Nucky e
nraior, e é também uma maneira de delinear quem está fazendo o quê.
Margaret schroeder têm um momento em que ela fica um pouco envol-
vida no mundo dele, de modo que perguntamos a nós mesmos como isso
l'i sua a decisão de qualroteiristd sera encarregad.o de qual episódio?
poderia acontecer. Bem, se ele tivesse uma festa de algum tipo e pedisse
para ela ir, como Cinderela, e ela vai para ficar com ele... Então, que tal sirn. se alguém tem uma afinidade particular com uma história, posso
se fosse a festa de
aniversário dele? Tüdo bem, mas por que ela iria à festa ,rtribuí-la a ele. Por exemplo, se foi uma área que ele sugeriu original-
de aniversário dele? Bem, ela está lá para entregar alguma coisa. certo. nlcnte. Se existe essa afinidade, eu geralmente a respeito. Assim, posso
Então o que ela estaria entregando? Ah, que tal se ela tivesse arranjado um tlizcr: você parece entusiasmado com isso, por que não faz:urna experi-
novo emprego numa loja de roupas e fosse solicitada a ir lá entregar um i,rrcia com este episódio?
vestido? Bem, por que ela entregaria um vestido nessa,festa? A namorada
dele está lâ, e já vimos que ela sabe que essa mulher é urna potencial rival, littltirt o que acontece quando o primeiro rascunhro é entregue?
então ela chega para entregar um vestido e enquanro está 1á Nucky dança
llLr lirço observações sobre o primeiro rascunho e o autor o revisa. Em
com ela, ela tem o gostinho de estar com o Rei, experimenta como é isso
liclirl há mais um rascunho e um conjunto de observações, e nesse ponto
e compreende que realmente quer fazer parte desse mundo... Assim, você
('u l)cg() o roteiro e faço minha revisão. Assim, eu geralmente começo meu
sabe, a coisa começa a se compor lentamente. E, depois que concordamos
t r';rlrirlho no terceiro rascunho.
sobre como a história se passará, nós a escrevemos num esboço e então
cada um é incumbido de sair e escreyer aquele roteiro.
lt,tttrlo você faz o terceiro e último rdscunho de todos os episódios.
euanto você
rlit itt rluc modifica?
Todos os dutores são produtores também?

I )t'1rt'rrclc. Houve situações em que modifiquei tudo, reescrevendo desde


Bem, a maioria dos autores/produtores arrolados num programa de TV
está sobretudo escrevendo; muitos deles não estão realmente produzindo.
,r |,r'irnt'ira palavra, e alguns episódios em que só fiz poucas alterações. os
r .lt'ir'or clc I loward Korder geralmente são filmados
tal como escritos - faço,
Mas, quando estão, é no senrido criativo. Alguém no nível de Howard Kor-
!(' liillt(), a lgr-rrna edição para ajustar a duração. Em geral, no entanto, rees-
der estáproduzindoo - ele :;,ápara a distribuição de papéis, parricipará de
I t('v() unl l)()Lr(-()t<lclososroteiros, algunsmaisdoque outros. Masconsidero
todas as nossas reuniões criativas, estará no set. Em termos de roteiristas
lr,lll( (l() rtlt'tt tt'ltltltlh() ('()t1l() slrowrrrnnt'r'c rott.ilist..r-chcíc cltrc tr-rcl<t scja
,t.Í.,1 ,,r ri,t, lt,,lt.,1trt. t6tftrS goSLrV:rn c inÍêlizmente O arruinOU.
lilr. E
lrlrr,r,l, rpol rrrirn, c lr idc'ilr clt: gerrltru'itlgutrr r rttlittlP()t'iss()... S<'r lrttttlto tttt tt
n(,nr( (.nl r'()tciros que escrevo cnl sull tot,rlitluclc desde o inícitl. Voti srtllt', o íilrrrr. lor rrrrr ( l,,r ltr' Ít'ltcltsso. O Íiustrante fOi que isSO foi feitO sem ne-
,ts [)('ssoas se dividem Com relação a isso. I Iir showrunners que pellsalll (lLlc, nlrrurrrrtorrsrrll.t .,r'n)tortsideraçãopelOquehaviaalianteriormente,parecia
sc reescrevem mais de5oo/o de um roteir(), clcvem pôr seu norne nele. E isso é (luc cl.a algrrt rrr sirnplcsmente tentando pôr seu selo nele' E ele fez todas

totalmente válido. Opto por não agir dessa maneira, por simplesmente dizer: r.ssrrs altcraç«rt.s tlue não tinham nenhuma razáo de sel, que não serviam

esse é meu trabalho e quem quer que tenha sido encarregado do roteiro no ,i lristória aclc.1ua..lamente, e. mais uma vez, isso foi feito Sem que Se pel'-
se você entregasse a planta
início terá seu nome nele. Não estou interessado em ganhar mais crédito, lluntasse nada a mim. Mais uÍrravez, é como
mas sem dúvida compreendo por que certas pessoas estão. ,k. uma casa a um construtor e ele ignorasse seu projeto e simplesmente
I ( lllcçasse a pôr coisas onde queria que elas estivessem, pôr colunas onde

que ele experimentd no cinema, t,l;rs rrão deveriam estar ou retirar colunas sem pelguntar a você, o arquiteto,
Que diferençaha, para um roteiristd, entre isso eo

l)r )r que afinal aquilo


estava ali, ou pelo menos lhe dar uma oportunidade
onde um àiretor pode muito fAcilmente feescreye[ um Toteiro dPenas pard torna-lo
,lr. tlizcr: foi por talrazáo que fi.2 isso, em yez de simplesmente dizer: quero
d-ele? E o que é para você essd necessidqde de reescrever? É uma questão de ter um
toI nrlr. isso meu. E o que você vai fazer dessa maneira é uma casa que não
gosto diferente do autor original? lmagino que wcê tenha sido reescrito também.
I r r I tt.iona. Um segundo pavimento que vai desabar.
É isso qr. muitas vezes
I
Sim, fui reescrito, mas penso que é diferente numa série e num filme. Numa .r( I lrl(.ce nos filmes, e sem dúvida aconteceu no caso daquele filme' Foi uma
série você precisa sentir que aquilo é uma única peça coerente de escrita, l,( n,l, porque eu estava orgulhoso do roteiro original, o estúdio o aprovolr
que é a mesma voz contando a história. Portanto o que você busca é: esse rrrrrtlillamente, e depois ele foi estragado por um diretor" '

episodio soa como o outro, os personagens parecem diferentes, ele ainda


soa como Nucky e o tom e o fluxo do episódio são similares? Quero dizer, I t,tt tl .

arazáo pela qual eu o filtro pela minha lente éa necessidade de que pareça
'rltll
a mesma série de televisão do começo ao fim. Serão histórias diferentes e

diferentes temas, mas precisam parecer coerentes na maneira como são con-
I tlututl() dos setls direitos morais?
tadas e flavoz com que são contadas. E em última análise você tem razão, é
simplesmente o meu gosto. Sou aquele que decide o que a série é e se estou lIrrlCi lronclerar com o estúdio, mas era uma situação estranha, porque
certo ou errado, para o bem e para o mal... (risos) Espero estar tornando os l.r (.1)()(.it cles estavam em processo de mudança, não havia ninguém de
rrl roteiros melhores, e acho que estou, enquanto trabalho neles. Âlguém tem I rtu n() t-omatndo, o diretor do estúdio estava de saída, eles não tinham
de decidir em última instância o que é o programa. No cinerna é diferente. ul r )(lutor forte no filme. E havia também o fato de o diretor ser extfe-
l)r'(
Vários anos atrás fui reescrito por um diretor que na minha opinião destruiu l r,r l r(.nt(. at'lztmado, e ninguém no estúdio queria ser a pessoa incumbida

rltl por completo o roteiro que escrevi. Era um roteiro do qual eu estava muito ,1, llrr.rlizt.r.qr-rc ele tem de ouvir o roteirista, ninguém queria assumir
orgulhoso, ele recebeu sinal verde' do estúdio imediatamente, na verdade , . , I r(.sl)orrsrrltilidade. Em particular, todos concordavam comigo. Todos
o estúdio disse: roteiro é tão bom que so precisamos de um diretor, e
esse ,, rl ,r, r rr r (
llr(' ('. rrã9 cstava Sendo apenas um rOteirista cheio de preciosismos

vamos começar a filmar na segunda-feira de manhã. O diretor que eles con- t, rrt r,(lo,r.«rtt,gt.t.sctr material. Todos sabiam o que estava acontecendO.
ltl

trataram o reescreveu a tal ponto que ele náo fazía mais nenhum sentido. h l,r', rrrrrl,,tti'nt tlrtt't'ia lssltmir a responsabilidade'

t
\ i,r rr I r' I,r' íl (:('.§.§() 4o Tdscunho Íinãl? rlr tnrrl.t,rt,n ,lIt .t ltt tt',ttltltt \\(',,1 I,()l rlttr)l' ()111'111 liztf, hti mUiLAS nAfrUlivtlS

lf,r'l,t\it,r l! ,r,,, I lr utrt ttlutlltilt'lll(.


Ah, sim. Isso foi enquanto a coisa acontecia. E eu estava tentando deses-
Ar Iror1rrc rrrrrrr,'Ir',',,r( |r rtrítrimodenominadorcomumdanarrativa.Eles
peradamente entrar no barco, e realmente não me deram ouvidos. Na
última hora o estúdio interveio e tentou pedir ao diretor que voltasse l)r'l,,,rrrr r':,:',r', trr'.t(,l r.r lrt'rrr simples, muitas delas muito estereotipadas, fil
rncs tlt'.r,,,ro,lc r('vr t,r t'rrr rluadrinhos que funcionamno mundo inteiro c
à versão original, mas não adiantou. Ele tinha sua própria visão do que
r,rr r lirr-ilrrrcrrtt l r'.rtltrziclos para qualquer outra língua. Assim, elementos
queria fazer, e eles, por fim, em vez de entrarem na batalha, simples-
( ( )n r( ) rrLrLln(-r' ou rlcscnvolvimento de personagem ou diferenças culturais
mente permitiram que aquilo acontecesse, e o resultado é o filme que
rr,ro t'xistcrn, vocô quase não precisa de diálogo, tudo depende do visual,
você vê.
I rrtlo sc resume a explosões, mocinho e bandido, muito simples, você sabe,

r''rsc sujcito não gosta daquele, ou essa pessoa está apaixonada por aquela,
Você retirou seu nome? r' :,,rr r histórias muito simples de contar, e tudo pode ser facilmente tradu

Não. Por razões comerciais. Quando rrocê tem pleno crédito, muitas vezes .'rr lo rrr) mundo inteircl.

há uma cláusula no seu contrato estipulando um bônus financeiro. Se eu


l'rtt r't ( tlltt neste momento hapouquissimaprodução de cinema independente nos
retirasse meu nome, não teria recebido esse bônus. Por isso, por razões
I rlrtrlrt.s Unidos.
financeiras, precisei manter meu nome nele.
'irrrr, rrruito pouca. Quando vejo um filme ser feito e que é realmente um
Ele ganhou crédito pelo roteiro? ,lr,rrrrir dc personagens, digo: "Uau, graças a Deus alguém financiou esse
l r l r r rr'", ()Ll mim mesmo como isso foi possível, quem pagou por
pergunto a
Não. Ele tentou, o que era mais um insulto, e uma das coisas que os repre-
r lr' l)r'rrse nos grandes filmes dos anos 97o. Os filmes de bilheteria pesada
sentantes dele disseram logo no início era que ele "sempre leva crédito pelo
I rr r:r i[r()s t97o forarn Operação França, Um dia de cão, Perdidos na noite. Esses

roteiro" em seus filmes. Mas o fato é que você não fica com um crédito pelo
lor',rnr grafldes filmes de Hollywood. Hoje em dia, seriam considerados
roteiro, ele é atribuído pelo Sindicato de Roteiristas, você nãoLeva nada! Ele r II t('ntll independente.
estava mais do que disposto a tentar obtê-lo, mas, por mais que tivesse rees-
crito meu roteiro, os elementos essenciais da história ainda eram os mesmos. LI tlil(' erT drama de ltersonagens naquela epoca éo que esta na telettisão hoje.
Eu sabia que ele não conseguiria nada. E eu certamente não iria dá-lo porque
lirr rr, graças a Deus existe a TV está muito, muito
televisão. Você está certa, a
ele tinha decidido reescrever meu roteiro por capricho. A coisa toda foi um
rn,ris próxima do cinema dos anos tgTo do que os filmes de Hollywood
insulto e foi muito emblemática da diferença entre a televisão e o cinema. E
,lc lrojc.
um exemplo perfeito de por que tantas vezes filmes são arruinados.

I r,r,ço i porque a produção da TV é orientada pelo roteirista. Sendo assim, por


lnfelizmente, essa é também uma experiência muito comum para os roteiristds
,1rrr' não fazem algo?
na indústria cinematografca, por isso é útil tratar de todas as ramificações aqui,
I rrrna questão de dinheiro, fazer filmes é um negócio, e o negócio vem em
sobretudo porque o papel do roteirista é muito diferente na TV. Por c1ue, a seu I

yer, eles não abrem os olhos? Ha tantas narrativas bem-sucedidas no TV, seria 1rr rnrciro lugar. E enquanto eles estiverem faturando centenas de milhões

L
,l, ,l,,l,rt(\,tl.lov,r(,s('irtrltrlt tl1t (()rr,rlrrslor t.t St,viol(.t unrÍtlrrrr ,r,rrro
I Ir,,rr', lrrrrr'r, 11111 ç 1 1r/l1fr1rntlor du etluipc de roteiri.çtas,
llrttnt ttt ,lt littro I lirtur-anclo rnt,io llllr.ro rlt.tlrilar.cs no ntLtrrtlr) lo(l(,. nl()
lrtttl,t,t \r rir l ll, r,r,l,r t, nt(tlo rlL' tslctr cntregando alguma coisa que não fosse
rf rl)()r'tl sc ó um filme bcm-fcito, otr, vrt't. subc, c.I. Joe ou Trarrs.litt ttrL'r.s,
rr'l l,t,r/ rr /rrl,,/rlltlr
Íilrnes simplesmente desprovidos dc rltrrrltlr-rcr tipo de desenvolvinrcr.rre cic
personagem - mas que faturam uma Íi)r'tuna. Assim, se estão no negócio Srrrr Scrrr tlrrvrrl,r V,r. i t'stá [azendo o melhor que pode. Está realmente
de ganhar dinheiro, eles praticamenre não podem se dar ao ruxo de não Icrrtrrrrtlorr'prorlrrzrlrr itlt'iadoshowrunnerdoqueasérieé.Comalgunra
fazer esses filmes. s( )r't(', tcllr rr rr rrr lristírriir c um esboço que fazem sentido. Ou a história não
i' lroa c se u trabalho é fazer com que ela faça sentido. Como você sabe,
Mas a TV americana também está sendo vendida no mundo inteiro com grande rlrowrunners são muito ocupados. David Chase, por exemplo, eu sabia
sucesso. ,1rrt a última coisa que ele queria era receber um telefonema de um de
',t'us roteiristas dizendo: "Você pode conversar comigo sobre essa cena?"
É verdade. Em março, Boardwalk Empire esrará no mundo todo.
lrrrli<r, realmente cabia a mim descobrir como fazer o roteiro funcionar.
,\t' rrrro fazia sentido, tratava-se de consertá-lo, sem mudar o que estava
E provavelmente milhões ja assistiram à serie em copias piratas ou download.s ,rli () csboço está escrito e ele querver certa coisa, isso é o que ele espera
ilegais. rt't t'lrcr de volta. Você só pode desejar que sua visão do que é o programa

(risos) Sem dúvida!


,.r' jrr compatível com a visão dele. E que pareça ser a mesma série. Tive
I r, r s t rr rrte sorte ern Família S oprano por ter descoberto bem cedo o que David
t( ilnsc) queria e como aqueles personagens deveriam ser.
Houve situações, nesta série ou em séries nas quais você trabalhoLl antes, em que
um episódio deu completamente errado eo roteirista teye de ser disltensad.o? ou
li.ttl,io como a experiência que você descreveu com o diretor de cinema difere da
o showrunner simplesmente o reescreyia?
nt(sntd experiência com rlm showrunner? ,/'
o showrunner simplesmenre o reescrevia. euero dizer, há pessoas que são
A tlifcrença é que um roteirista-chefe ou showrunner é realmente um ro-
dispensadas de equipes de escritores. Se recebo dois roteiros em sequência
rcrrista. O diretor de cinema que mencionei antes, em minha opinião, não
do mesmo autor que tenho de reescrever completamente, então a coisa não
t'' Lr rn roteirista. E houve uma falta de respeito. Acho que o showrunner-
está funcionando. Nem todo roteirista é adequado para todo programa. Nem
rott'irista em geral iria no mínimo se sentar com você e tentar entender
todo diretor é adequado para todo programa, nem todo ator é adequado
o 11r-re você escreveu e por que o fez de tal maneira. O diretor do filme
para todo programa. Portanto, isso não é necessariamente uma indicação
sirrrplesmente jogou o roteiro fora sem nenhuma consideração. Era aí que
de que a pessoa é má roteirista, ela simplesmente não é apessoa cerra para o
('stava o problema. Se você vai escrever alguma coisa, pelo menos tenha
programa. Eu espero que o roteirista me dê algo ao menos 5o0lo satisfatório.
rrrna discussão com o autor original ou explique por que pensa que o
Que me dê um rascunho a meio caminho do ponto em que preciso que ele (lUC cstáali não vai funcionar. O que está errado com o material. Nunca
chegue. No mundo ideal, seria 95Yo. Mas, quando eles fracassam tão com-
lrouve nenhuma discussão desse tipo, a coisa simplesmente foi feita de
pletamente que preciso reescrever o roteiro desde a primeira página, isso
rrr;rneira aleatória.
costuma ser um indício de que a coisa não vai funcionar.
íl uma questdo de ego? Qüluesse lntct'vlt'e nte obrlgar a cortar determinada cena, provavelmente
poderia lilzrt'lrno Ém termos legais. Mas nunca aconteceu.
É claro.

Quais foram ds r,('írsl(rcs em que eles realmente se comunicdrdm com você?


como parte da equipe d"e roteiristas num programa de TV, ttocê já teve alguma
vez aimprcssão de que algo foircescrito na direção errada ou chegou dté mesmo Eles leem os esboços dos roteiros, telefonam efazemperguntas sobre eles,
a ser destruído pelo roteirista-chefe? d[o sugestões, pedem esclarecimentos sobre pontos da história.

sim. Participei de algumas sitcoms, que rêm um ripo diferente de escrita,


Quando você diz HBO você se refere a.. .?
porque são feitas por equipes enormes, um verdadeiro comitê, por assim
dizetTrabalhei em sitcoms em que um roteirista entregava um rascunho O presidente da HBO e sua equipe de criação. São quatro executivos que
de roteiro e era muito engraçado, e a maneira como o processo funciona é taem os esboços e fazern comentários sobre eles. E depois eles leem os ro-
esta: o roteiro é apresentado para discussão. Todo mundo na mesa o lê, e tciros, assistem às cenas diárias gravadas pelos atores, Yeem que aspecto as
há uma piada. Então alguém pergunra: "Temos uma piada melhor do que colsas estão tomando e como os atores estão soando, apenas para assegurar
essa?" E, quando se pergunta isso a um grup o de dozeroteiristas de comédia, que tudo está indo bem. Depois assistem às montagens dos episódios. Sim,
cada um deles pensa que tem uma piada melhor, e todos começam afazer eles se mantêm em contato próximo e constante.
sugestões. E na comédia, como o suieito já leu aquela coisa cinco vezes, ela
não parece tão engraçadr rm qrri'ú r. z
comopaÍeceu na primeira. Alguém Blcs são como porteiros. Você tem de passar por um Portão vigiado Por qudtro
sugere uma nova piada que você nunca ouviu e você pensa: "Ah, sim, vamos pessoas pdrd chegar ao publico.
usar essa erÍJyezda outra!" Desse modo se atravessa todo o roteiro e acaba-se
§lm, e acho que eles vigiam portão ainda mais atentamente quando
esse
substituindo govo dele. Assim, se você é o roteirista original, no momento
pensam que há um problema. Quando acham que as coisas estão em
em que forem filmá-lo, não há realmente mais quase nada do seu trabalho.
boas mãos, eles recuam. Contanto que você seja responsável e continue
E não se pode dizer que o que está lá agora é melhor; com muira frequência,
produzindo coisas boas, não há nenhum pro\lema. É co-o dirigir
trata-se apenas de um movimento lateral. O roteiro é reescrito unicamente
qualquer negócio. Eles são a corporação-mãe e\q!o muitos negócios
porque isso era algo a fazer, por nenhuma outra tazáo. para mim isso era
cubsidiários. Esses negócios são as séries de TV. Se você é um subsidiário,
realmente insatisfatório. Não era tanto que eu sentisse que estavam arrui-
§e está gerando lucro, se o negócío é bem gerido, todos parecem satisfei-
nando meu trabalho, era mais que meu roteiro original eratãobom quanto
tos ê os pÍazos estão sendo respeitados, eles não precisam supervisioná-
aquilo a que chegamos no fim, por isso eu não sabia por que não tínhamos
lo tão de perto. Se você estivesse o tempo todo estourando orçamento e
ficado com ele e feito com que funcionasse.
prazos e houvesse relatórios sobre pessoas insatisfeitas no set, se os roteiros
estivessem atrasados e coisas desse tipo, haveria muito mais escrutínio.
Você participa d"a montagemfnal?
E esse controle acaba com eles substituindo a pessoa responsável pela
Tenho a última palavra sobre como o episódio deve parecer e soar. Não sei condução do programa, porque é um enorme investimento para eles, e é
se tenho esse direito por contrato, provavelmente não. Acho que, se a HBO preciso assegurar que a coisa está andando nos trilhos. Depois que você
r('ilr lilrrl)r'()gr'àillril c()rll() cs.sc, cluc ó urrr srrccss«r
sóricr«1, a itrt.r,r r,rrr,rrrtc ,ltli, rl, (-r r,nrt, I rl,rr , i)nr lln l('r'irl)('ut.r , rrrits vtlcô rrãtl csl-it Íàlancltl (:()111 Lllll
1,, t', r rr rrtl:rrr)cnto po. váricls anos.
De modo quc eles realmentc í:rzt.rrr urrr t('t'irl)('lrl.r, | .l.r l,tl,ttt,lo r oltt ot-ltlt)s fotcif istas e em última instância está
(',()flne investimento e preclsam se
assegurar de que essa coisa c()rtinue l;rl,rntl,) ( ont rrrrllror.s tlr' 1lt'ssoas, pofque seus pensamentOS mais íntimos
fazendo sucesso.
sr.r.iro tlt,iln,ttt/,t(l()s (.nl cpisódios de TV-mas eSse é O trabalhO. Com
tlir.t.torr.s (. ,r nr(.slrit r'«risir. PreciSO de um diretor que possa moldar aquclc
como você escolhe seus roteiristcts como escorhe seus diretores? lotttit'<l c le vri lo l)ul'l ()utro nível. Contar essa história visualmente e intfo-
e

A escolha se baseia em grande


parte em pessoas com quem trabarhei antes, tluzir nela algo qr-rc não estava na página, respeitando ao mesmo tempo o
em recomendações de pessoas com quem
trabalhei antes. por vezes é tltrc está na página. Encontrar uma maneira de dramatizar esse material
apenas uma questão de ler roteiros de
que gosto, lsso em conjunção com .lt. rrrodo visual, levar aqueles atores a replesentar as cenas da maneira
um encontro pessoal. Porque às vezes a pessoa tlirrâmica mais plausível e também tel em mente que a série inteira tem
é excelente roteirista, mas
é louca, e não quero passar dez horas
por dia numa sala com uma pessoa tit' dar a impressão de que uma única pessoa a escreveu e dirigiu.
louca' é preciso que haja uma certa "agradabilidade".
se houver alguém
cuja companhia desejo ter todos os dias, se ltoi diferente no caso daFarníLia Sopranol EmTlne Wire, por exemplo, eles
ere for talentoso, parecer en-
tender o programa, tiver um bom senso de ttvcrrtm diyersos diretores, até diretotes de cinema dirigindo episódios distintos,
humor, não parecer louco, se
eu puder passar dez horas por dia dentro
de uma sara com ele sem sentir lnrd ddr d cada episódio um dspecto cdracterístíco.
vontade de estrangulá-Io... pergunto a mim
mesmo; será que essa pessoa 'lcrrros o melhor diretor de TV do mundo, Tim van Patten.
vai trabalhar bem com as outras, será que
é colaborativa? será que não é
sensível demais, será que vai"querer compartirhar
comigo? o que é rear- os episódios.
mente importante para mim é a disposição
Mas ele não faz todos
da pessoa de se abrir a respeito
de si mesma, de seu passado, de coisas
que a embaraçaram, estranhezas gostaria ele pudesse, mas isso seria fisicamente impossível, porque
lir-r
que ela tem - a pessoa precisa abrir suas
veias e derxar o sangue na sala de cnquanto gravamos um episódio estamos nos pleparando para gravar o
rorerrrstas - porque é esse o material a
partir do qual contamos histórias. scguinte, de modo que um só diretor não poderia fazer isso. E, durante
Eu gostaria que você me contasse qual
foi a coisa mais embaraçosa que ir última semana de uma gravação, você está explorando loqações, es-
já lhe aconteceu. calando elenco etc. Tim fez qüatÍo dos doze primeiros (episódios) para
nós. E ele está no set durante os outros, pafa orlentar aS pessoas como
Não mefaça começdr. produtor executivo. Tivemos também vários diretores daFamília Soprano
que trabalharam conosco, Allen Coulter, Alan Taylor, que não precisam
(risos) você sabe, como foi quando
você reve o coração partido? cle absolutamente nenhuma supervisão, e também experimentamos al-
euando se
sentiu terrivelmente triste? com o que você
sonha? Isso é parte do nosso gumas pessoas novas com quem não tínhamos trabalhado antes, mas
ofício como roteiristas, precrsamos estar
dispostos a ter acesso a isso e que são muito talentosas, Brian Kirk, Brad Anderson, Jeremy Podeswa,
depois compartilhá-lo com rodos os outros
e pôr na Tv e, se a pessoa não Simon Cellan-Jones - gente cujo trabalho eu conhecia, mas que não
estiver disposta afazer isso, ela não estará
me ajudando como roteirista- conhecia pessoalmente. Mas ainda sobre FamíLia Soyttano - todos os epi-
chefe, porque é disso que preciso dera,
preciso que ela desnude a arma. E é sódios tinham a mesma aparência, embora houvesse apenas uma regra: a
( ,illl('l,l lrtlll('ir sc trtovia nels ccnas clc tcrtrpia. Ílavia LlÍn plan()
tr1t.r,,rl t. rrrrr ()rrttr',t,írltlr'(í \í l'rrrti t'tlil lldslll(lilt'tiliç'iittt:haumacenaquevocêescreveue
r los| u1r t: urn plano médio, dois lados, c cra isso. Não havia c:ânl(,r.ils
r,nr
rltt tlrtttl llr/rr,rrrr\lii ,rrrll\, rllÍ1.\'l'imtcmumuopiniãodiferente?
rrrovirne nto e nenhum zooÍrt, nada dessas coisas, mas fora isso. . . l)orcluc
Nírs [tligrrnrrs (l'ls()s) Nãtl, não brigamos de verdade'
Debatemos' E con-
você não quer ver uma série de Tv
pensar: "Isso não parece o mcsmo
e
programa, o que está acontecendo?" Há um determinado mundo sendo V.11.:clTl()sttttl il() ()Lltro. Eu O respeito imenSamente, e ele sabe que' Se
muita refle-
representado, pelo menos essa é a minha filosofia, e ele deve parecer o pr:nsa dc t't.rtttt'it'ir di Ícrente sobre alguma coisa, eu dedicarei
a seu instinto.
mesmo toda semana. xiro a isso. Mas em última instância você tem de obedecer
ponto
l'lmuito raro que tenhamos sentimentos tão fortes sobre algum
çlc discordância. Temos a mesma sensibilidade'
Assim' em geral o que
Quando você para de mudar o roteiro?
exatamente a
ilcontece é o contrário. Já aconteceu de ambos fazermos
o roteiro continua mudando até o momento em que vamos filmá-lo, outro e rimos' porque
rrrcsma piada ao mesmo tempo. Olhamos um para o
inclusive durante as filmagens, e às vezes atédepois delas, uma vez que
simplesmente pensamos parecido' Assim, em95oÁ dos casos concordamos
as falas podem ser refeitas e sincronizadas com as cenas já gravadas. vezes em que
cxâtamente sobre como alguma coisa deve ser, e' nas poucas
Quando começamos a explorar locações e fazemos o planejamento, po_ Por isso, se ele tiver
cliscordamos, não costuma ser nada muito importante.
demos perceber que a gravação de um roteiro demandará quinze dias
tutrra convicção muito forte, eu acabo cedendo' Ou vice-versa'
quando queremos gravá-lo em doze, assim alguma coisa tem de mudar.
Portanto, começamos a cortar cenas, combiná-las ou encurtá-las, para
li um casamento feliz.
conseguir que se encaixem nesse planejamento. Depois fazemos uma
leitura do roteiro com o elenco, e ao ouvir os atores o lendo emvoz alta ('isos) Sim, é verdade.
eutalvez diga: 'Agora que estou ouvindo os atores dizerernisso, preciso
mudar essa fala." Até no set, enquanto estamos gravando, posso olhar
para uma cena e dizer "Não, não estou realmente convencido de que
isso está funcionando, agora que vejo a cena pronta. vamos mudar. E
por que você não diz essa fala primeiro e enrra e faz aquilo?" Mesmo ao
editar, .,ou cortar algumas falas. Agora que vejo tudo junto, acho que
não precisamos daquela fala. Assim, o roteiro continua a mudar durante
)
todo o percurso até o produto acabado.

o que mostra como é importante que o roteirista


faça parte d.a produção. Talyez
isso sejaum cotnponente do segredo do sucesso.

Em grande medida. Não temos isso nos filmes.


Warren Leight Voeêfez l,lglrtr f )ut e ln Tbeatment ao mesmo tetnpo?

Não, não, lsrrr lerla rldo lmpossivel.Fiz a segunda temporada delnkeat-


fiieilt,t que Í'rrra6 3; episódios. Ela foi parcialmente baseada na série israe-
lense, mas na verdade tivemos de nos afastar dela em certo ponto.
warren Leight trabalhou como produtor, roteirista e showrunner emLaw
dv order: criminal Intent e foi o showrunner de In Tteatment, Lights out Por quê? Os episódios da série israelense se esgotaram?
e
Law ü order: sytecialvictims unft. Recebeu o prêmio Tony de Melhor peça
Não. Foi uma pequena dádiva chegar e encontraÍ 35 episódios preexis-
da Broadway em Tggg por Man, também indicada para o pulitzer.
sid.e
tentes. Mas você é mais pressionado à medida que a temporada avança e
Passa a escrever cadavezmais rápido. E, conforme a temporada avançou,
Deixe-me começar dizendo que você parece ser um d.os poucos showrunners base- o trem saiu dos trilhos. Eles perderam o controle de algumas histórias.
ad.os em Nova York. Você sente solitario?
se
Estava desigual de uma maneira que não seria tolerada aqui. Depois do
(risos) Há mais programas sendo gravados aqui agora, mas, sim, a quarto episódio, o peÍsonagem parou de ir à terapia e a filha dele entrou
maioria
dos programas continua sendo escrita em Los Angeles. É uma pena. Acho em seu lugar, e a grande subrrama era que ela era lésbica e o pai teve
que sempre é possível perceber a diferença muita dificuldade com isso. Ela iria partir paÍa a Índia numa busca es-
- na escolha de locações ou per-
sonagens e no uso que você faz deles. Eu recebia roteiros de meus autores plritual, como fazem muitos israelenses, não era nada que pudéssemos
baseados em L.A. e eles rQencionavam o peÍsonagem do velho judeu que usar aqui. E a história estava ficando cadavez mais dura. Aconteceu que
jânão aparece em Nova vàEtra rrinta anos. Eles não compreendiam O autor israelense não queria levá-la adiante até sua conclusão emocional,
os pa-
drões étnicos em constante mudança. Havia um personagem, e sabíamos e eu não podia imaginar passar quatÍo ou cinco episódios com um per-

que ele estava querendo fazer algo ruim porque estava no central park à Eonagem e depois simplesmente nos desviarmos dessa maneira, isso não

noite. E os atores em Nova york iigavam e diziarn: você sabe, há zoo mil éjusto. Assim, eu mudava coisas desse tipo. Outra coisa que tenteifazer
pessoas ali à noite, andando de bicicleta e correndo, não é mais como com ln Tredtment foi acompanhar cada paciente horizontalmente de um
antes.
episódio para o seguinte, mas acomPanhar cada paciente a cada semana,
Nova York çtarece tet um excelente gruyto de atores. desse modo contrastando um pouco. E eles não tinham feito muito disso.
Assim, eu podia me dar ao luxo de examinar o que eles tinham feito, e
Passei muito tempo no teatro de N.y., e para Lights out fr,zernos treze
depois... era quase como ter 35 primeiros rascunhos. E em alguns casgs
episódios, todos gravados no eueens, e o elenco é sensacional em todos Imafino
eu os descartava. Algumas das tramas não funcionariam aqui.
eles. Posso passar rneia hora por semana escalando os atores, há um grupo que em Israel haja todo tipo de conotação cultural para uma mulher de
de atores muito forte aqui. Eu ligava para a diretora de elenco, dizia que
querenta anos que ainda não teve filhos, mas esse não é o caso nos Estados
precisava do tipo tal, dez anos mais jovem, ela me mandava quatro caras,
Unidos, e você realmente não pode escrever isso aqui. Você também não
eu os pesquisava rapidamente no computador e já tinha o que queria. Em pode encerrar a história com o teÍapeuta dizendo "Tenha o bebê, isso é o
L.A-, você contrata para um trabalho; aqui, trata-se de um compromisso, mais importante", que é como a história israelense terminou. Além disso,
tanto para a equipe quanto para o elenco.
seria errado para um terapeuta dizer isso para alguém.

+8
lintdo a partlr do que voc.ê trabalhatta - os roteiros ou os filmes? 43 minulor, Íl rrrrte llnhn A, por vezes uma linha B. Portanto, a melhor
maneira cle lrzet'riÉc programa é passar uma hora com o autor plane-
Nós assistíamos aos episódios. Tínhamos transliterações dos roteiros.
En_
tão fizemos uma sala de roteiristas por três semanas. Toda a equipe Jrndo minuckrsurilente a história, e às vezes são necessários sete dias
assistiu
pera detalhar urnâ história nesse programa. A trama é tão complicada.
a todos os episódios, e nós
retraçávamos em linhas gerais o arco principal
dos personagens e o arco do terapeut aparaaquela semana. De Prrticipei da cquipe durante quatro anos e depois fui showrunner por
modo que,
antes que os roteiros chegassem, já estávamos num caminho dols anos. Nesses seis anos, nunca houve um episódio que o showrunner
muito dife-
rente. E, depois, havia outra coisa que acontece num programa nEo tivesse que planejar em detalhes, com o roteirista. Em outros pro-
como esse,
e provavelmente em qualquer outro também: à medida gfamas as pessoas chegam com uma sugestão, mas esse é um programa
que você filma as
coisas mudam. E certamente, na sessão do terapeuta, ele poderia phnejado de maneira muito fechada, e há tantas regras não escritas.
d,izer:
quero que ela compreenda isso esta semana mas você não tem Além disso, é dever do showrunner nessa série assegurar que não se
- controle
sobre para onde seu paciente irá. Não tenho controre sobre ertá repetindo um beaü.* Assim, se sete episódios atrás um homem que
para onde vão
meus atores emocionalmente. posso ter ideias preconcebidas, posso considerávamos suspeito não poderia ter sido suspeito porque estava
ter
desejos, mas esse é um programa muito íntimo, e tudo o que tcndo uma aventura fora do casamento, não podemos usar esse beaü.
estava acon-
tecendo entre os atores tinha de ser refletido no episódio seguinte, Você tem de tentar poupar suas próprias tramas e precisa conhecer seus
mesmo
que... eu ficava rezando para o personagem deJohn Mahoney se descon- Itores. De certa forma, um grupo não pode criar uma trama tão fechada.
trolar, continuava a surrá-lo e ele não desabava. E isso era frustrante kso de fato nunca funciona. O maior número de pessoas que já tivemos
para
Gabriel (Byrne), masrrealmente refletia o que aconteceria se um homem numa sala criando um enredo foi três, em seis anos. Era um programa
de 65 anos que nuncà*ivesse feito terapia começasse a sentir de um para um. Você tem de torná-lo o mais difícil possível para seus
coisas - ele
iria se fechar. o momento em que o personagem de Mahoney finalmente detetives, o que significa o mais difícil possível para seus autores. Você
se descontrolou aconteceu dois episódios e meio depois
do que pensei rlmplesmente continua tentando e tentando.
que seria. E foi muito comovente, e abriu caminho pata atemporada
de
muitas maneiras. Mas isso não teria acontecido se eu tivesse mantido 8 quanto a In Treatmenti
o
enredo original, em que o personagem desaparecia, ou se tivesse
forçado Comecei com um roteirista para cada enredo. Eu delineava a história de
o desfecho. Ouvir os atores nos levou até 1á.
cada um após nossa reunião geral e examinávamos tudo em detalhe. Eu
pedia um esboço, fazia comentários sobre ele, queria que cada episódio
foi showrunner em rn Treatment, Lights aat e antes disso em Law &
você
tivesse uma estrutura em três atos. Há um risco num programa com
Order: Criminal Intent.
duas pessoas na sala - ele pode ser informe, não ter ímpeto narrati§o.
Sim, sucessivamente. Eu achava que isso às vezes acontecia com a série israelense. Mesmo
na primeira temporada às vezes alguém dizia "tive um sonho a noite
kabalhou de maneira semelhante em tod-as essas três séries? passada" e começava afalar sobre o sonho, e isso consumia seis minutos

Não- Law u
ord.erz tem uma abordagem diferente. Em primeiro lugar,
é Í Mudança de comportamento, de ação/reaçáo, que determina o andamento da cena.
muito menos baseada nos personagens. É uma história de assassinato Bquivale ao narrema, o menor elemento da estrutura narrativa. (N.T)
em
du progruma - e às vezes o sonho não era sequer pertinentc ao te nro do Vgi grâv$t'drttlrl| de Ume hora, preciso encontrar os atores
às vezes é
eplsódio. Em geral um roteirista me dava um ou dois rascunho$, ils vezÊs mais do (lue nil ntt.tsdc do caminho. E você tem de confiar nos instintos
três. A maior parte da reescrita que eu tinha de fazer era a do tcrapeuta, deles, A ccr.tu ultura Gabriel conhecia seu personagem melhor do que
sua voz precisava permanecer a mesma. Ele trata seus pacientes de ma- Os autotcs. Melheir do que eu. Por isso eu simplesmente o observava e
neiras diferentes, mas temos de entender seu personagem. Os roteiristas percebia quarrdo estava constrangido. Se notava que ele falhava, queria
estavam concentrados sobretudo no paciente, e identificavam-se com o aaber qual era o problema, ou ele me fazíaurrra pergunta, queria saber
paciente, de modo que cabia a mim proteger o personagem de Gabriel. por que o personagem estava dizendo tal coisa, et dizia, bem, aqui está
Além disso, Gabriel passa doze horas por dia sentado naquela cadeira. Eu o pensamento por trás disso, e aqui está o que o terapeuta me disse. Eu
tinha de mantê-lo envolvido. Na vida real, os terapeutas náo fazern tan- também submetia cada roteiro à leitura de um terapeuta.
tas deduções e não têm tantos momentos de destaque. Nem toda sessão
termina com um grande momento para ele. Mas eu tinha naquela série Essa seria minha próximd perguntd.
um ator de nível internacional que precisava ser desafiado, ou em certa
loso foi algo que introduzi no segundo ano. Assim, eu podia ao menos
medida eu acabaria por perdê-lo.
explicar por que o personagem diria tal coisa' Devez em quando há um
êrro. E há diferentes modos de proceder. Às vezes eu observava Gabriel
Portanto cadaroteirístatemumçtacieflte, ou sejd, mais oumenos qudtro episódios?
C via que ele estava ficando mais envolvido emocionalmente, e às vezes

Sim. Filmávamos cada episódio em dois dias, o que é muito pouco. As- era mais clínico. Houve uma grande cena com Allison Peale em que ele
sim, toda semana, eu prercisava que três novos episódios fossem publica- basicamente a obriga a fazer quimioterapia e chega inclusive alevâ-la até
dos - essa é palavra que eles usam. E toda manhã eu estava no set com lá, foi o clímax do relacionamento dos dois. A cena havia sido escrita de
Gabriel, era a primeira vez que ele olharia para o roteiro que estava maneira articulada, mas clínica, e quando eles a ensaiaram Gabriel não era
sendo gravado. Nós o líamos do começo ao fim, em geral o outro ator mais um psiquiatra com uma paciente, mas um pai com sua filha, e isso foi
estava preparado, de modo que podíamos começar a gravação do lado muito mais interessante do ponto de vista dramático. E isso estava sempre
do paciente, mas nós o líamos inteiro durante uma hora, eu conversava ali como subtexto, mas ele quis improvisar, quis deixar todas as máscaras

sobre ele com Gabriel. Os atores iam para a maquiagem, a iluminação caírem, de modo que reescrevi a cena na direção em que o vi conduzi-la. Â
começava, e eu subia toda manhã e reescrevia a primeira parte daquele rOteirista nesse momento ficou muito aborrecida comigo, eu estava modi-
episódio, o mais rápido possível, ajustando-a ao que eu vira acontecer. ficando o roteiro dela. No fim das contas, esse acabou sendo seu episódio
Isso era responsabilidade minha. Raramente eu encarregava o autor res- favorito, ocorreu apenas que naquele momento ela não foí capaz de dar
ponsável por aquele episódio defazer isso. Em parte porque eles eram Uma guinada de t8o graus. Você realmente espera estar fazendo a escolha
apegados ao que escreviam e era minha função como showrunner ter certa, porque se estiver errado o roteirista jamais o perdoará. E, mesmo
a noção do que é possível fazer e do que pode ser feito. O roteirista ori- que você esteja certo, o roteirista vai se lembrar do quanto ficou irritado
ginal tem um roteiro na cabeça, mas Gabriel não o ouve dessa maneira. COm você. Mas o instinto de Gabriel estava correto nesse caso. Tire as

Talvez se tivéssemos quatro semanas para ensaiar uma peça, e eu ti- palavras do caminho. Não dê parágrafos aos atores, dê a eles seis palavras
vesse muitos dramaturgos no programa, pudesse incluí-los. Mas, se você paradizer e deixe que eles condüzaÍfl a cena.
| ,lght l outlài mais tradicional na maneira como yocê dirigiu a sala, nãol
proelulorer polrluê precl*ava de roteiristas que pudessem ir para o set.
slm, essa foi uma verdadeira experiência de sala de roteiristas. No caso Depois, rl rrretlltl$ que â temporada avançou, tivemos uns dois freelancers.
de ln Treatment não havia sequer uma equipe de roteiristas. Havia rotei- lmagino clue clrtr:o anos atrás eu teria tido uma equipe duas vezes maior.
ristas freelancers. Parei defazer reuniões depois que a produção começou.
Eles vinham, deixavam seus episódios. Na metade do percurso pedi mais Bntão as salas dc roteiristas estão ficando menores?
uma semana de sala, apenas pata atualizar todo mundo. Lights outz Íoi
§cm dúvida. Esses roteiristas eram pagos pelo estúdio, mas nós trabalhá-
diferente em muitos aspectos. Nesse caso, comecei a partir de um piloto
vtmos aqui neste escritório. Cada roteirista tinha uma mesa, mas não uma
fracassado. o piloto fora gravado e não funcionara,
mas a estrela, um
mla fechada. Alguns roteiristas gostam muito disso, porque cria um senso
ator desconhecido, era formidável. E havia certos elementos de que eles
dt comunidade, mas alguns sentem vontade de se isolar com paredes e têm
tinham gostado, de modo que queriam uma nova versão. Eles não queriam
muita dificuldade para se ajustar. Os estúdios cbstumam ficar em áreas
regravar todo o piloto, queriam que eu mantivesse o máximo possível e
horríveis de Nova York. Nosso estúdio ficava junto à ponte Triborough,
que retrabalhasse a história, recontextualizando algumas das cenas que
no Queens, um lugar de difícil acesso e aonde ninguém quer ir a menos
já haviam sido gravadas. Foi recnicamente o trabalho mais difícil que
eu que seja obrigado, quando as gravações começaram. E esse lugar é mais
já tinha feito. Teria sido mais fácil começar do zero. Mas eles já tinham
tranquilo e menos louco.
gastado 6 o,7 milhões de dólares e não queriam jogar esse dinheiro fora,
não queriam admitir que precisavamfazer isso. Tinham passad.o quinze
Você acha que é graças à tradição das salas de roteiristas que d escrita da TV
dias gravando o piloto, nós acabamos gravando por mais sete dias, e os
,e amenc ana é tão b em- suc e did.a?
sete dias tornaram-se 7laÁÁopiloto. Não havia nenhuma noção de para
onde a série iria a partir do piloto original e essa foi a outra razão pela Na verdade, essa foi aprimeira sala de roteiristas legítima de que participei.
-
qual fui chamado. Assim, acabei reescrevendo o piloto e escrevendo um E a primeira coisa que fiz foi ler os dois episódios inteiros que eu mesmo
episódio também, e eles disseram "tudo bem, vamos para uma série". E tlnha escrito, e eles foram cruéis comigo. Foram muito mais críticos em re-
em seguida montei uma sala, uma sala de roteiristas tradicional. lação a mim do que eu jamais seria com eles. É sempre mais fácil criticar do
que realmente ter de fazer a coisa. O simples fato de eu ser um showrunner
Quantos roteirístas? não significava que meu ego era impermeável a danos. Mas a sala é mais
lnteligente que o indivíduo. É um cérebro maior. Você precisa apenas de
Poucos. um membro do stafl quatro roteiristas e eu. Na verdade come-
um sujeito dizendo: não, entendo o que você está querendo dizel mas é
çamos com apenas quatro, pofque o membro do staffsó se juntou a nós
cedo demais, se fizermos isso no segundo episódio não teremos mais para
depois que estávamos em produção. Na realidade, é um número cômodo,
onde ir. Você precisa de pessoas que sejam de fato inteligentes e tragam
cinco pessoas. Permite que todos tenham oportunidade de falar. com mais
coisas ligeiramente diferentes, e não pode ter um ego forte demais, não
do que isso corre-se o risco de tomar um número excessivo de direções
pode ter roteiristas ali para os quais vencer seja o mais importante. Existe
diferentes. Assim, tínhamos quatro roteiristas-produtores e um membro
um tipo de personalidade de macho alfa que pode destruir uma sala de
do staff- o membro do staffera apenas uma designação do sindicato de Ro-
roteiristas. Alguém que não percebe isso e continua avançando, e continua
teiristas, em que você tem uma classificação fixa. Mas eu tinha roteiristas-
avançando - esse sujeito pode destruir a sala. Por isso é muito uma questão
tle qulmlca. você precisa de um cilnr (luê ;eje um pouco desligaclo, para Com elen tlttrttttltt vÃo embora, Se você deixa sua louça suja para trás, isso
qucm você quase sempre respondc: "() quê?" Mas, de yez emquando, ele flgniÍicrr (lue rrilú tsCoÉtumado a ter outra pessoa limpando as coisas para
vai dizer alguma coisa em que ningud.nr mais pensou, VOeê. Vor:êtritr vul der uma sugestão. E, se um episódio tiver que ser fil-
môdo amatrhà c ss CoiSaS não funcionarem, e você não for o autor desse
Como yocê compõe uma sala de roteiristas? episódio, mâs cu lhe pedir para me fazet lrrn favor e reescrevel a cena da
fllha, você vai fazer isso? Todos dão sugestões nos episódios de todos, e
Lights out um programa sobre boxe, então um sujeito tinha sido um
era
Cfédito não tem nada a ver com isso. Não há nenhuma relação entre quem
lutador de boxe dedicado no ensino médio, outro era um lutador de MMA
Êtgreve o quê e a maneira como o crédito é determinado na T[ o sistema
que estava no esporte, mas eu também tinha dois caras que conheciam
de créditos que temos é muito ruim. Assim, procuro distribuir os crédi-
todas as lutas que haviam sido disputadas nos últimos trinta anos. Assim,
lOg Uniformemente. Tento recompensar pessoas que trabalham com
mais
eles mencionavam uma luta e íamos assisti-la no yourube. Eu tinha um ro-
lfinco com um pouco mais de crédito à medida que a temporada avança.
teirista da equipe de Mad Men, outro que tem três filhas, eu mesmo tenho
Mas há pessoas que só se importam com crédito, e isso é de matar'
duas, a xoteirista mulher tinha irmãs. Não quero um programa com três
meninas com uma equipe inteiramente masculina ou em que ninguém
IISO tem relação com o dinheiro que se gdnha àentro desse sísrcma, certo?
tivesse filhas, é preciso haver um pouco de mistura cultural até certo ponto.
Com o dinheiro e com seu próximo trabalho. Acho que os roteiristas de
Aproveitando que ttocê falou em mistura cultural, do que porece a TV americana L.A. são muito mais preocupados com a hierarquia e têm um desejo muito
é escrita sobretudo por homens brancos. maior de passar para o próximo nível hierárquico. A maior parte da§pes-
Boas em Nova York provavelmente não sabe o que os diferentes títulos
Temos muitos homens branjó§, sim. Então há esse problema. se for uma
fignificam. Mas todo mundo em L.A. sabe a diferença entre um produtor
sala de roteiristas toda de jtrdeus e meu personagem principal for um
iúpervisor e um coprodutor. Existe o desejo de subir essa escada em L\
boxeador católico irlandês, não vai ser nada bom. uma grande parte do
Angeles. Em Nova York não há tantas salas, e o sujeito frcafelizpol estar )
programa era sobre o casamento do boxeador, por isso era útil para mim
num programa na cidade, por isso a coisa funciona de outra maneira.
ter um roteirista que tivesse vivido um relacionamento longo e complicado.
Se você não puder ter uma mistura cultural, e há várias razõesque podem
você intervir?
Quantos rascunhos um roteirístd prepdrd dntes
d'e
tornar isso difícil, esrá em maus lençóis. Mistura de classes é útil também,
o que não quero são cinco sujeitos mimados de Beverly Hills escrevendo Depende. No fim da temporada todos estão trabalhando três vezes mais
uma paródia sobre boxe. Preciso de roteirisras que tenham feito a própria rápido. Então você tem mais ou menos quatro dias para me entregar um
carreira. Estou escrevendo principalmente sobre personagens da classe rascunho, talvezeu tenha de tomá-lo de você e virar a noite trabalhando
trabalhadora, e o fato é que roteiristas que se fizeram por si mesmos, que e no dia seguinte começamos a prepará-lo. Tivemos uns dois episódios no
subiram com seu próprio esforço, realizaramum trabalho melhor para final em que tive de virar duas noites em cima do rascunho. E isso é brutal.
mim do que aqueles que tiveram tudo de mão beijada. um dos meus tes- Porque você está trabalhando oitenta horas por semana e depois acrescenta
tes quando um roteirista chega para uma reunião comigo pela primeira a isso mais uma noite virada, para terminar a reescrita. Alguns roteiristas

vez, e eles costumam tomar café ou leite, é ver se eles levam a caneca suja chegam a um ponto em que não conseguem mais trabalhar, as pessoas
t

llcanr rloentes, têm problemas familiares - e em última instânt.iu é rua eoorcletturlttt'tle t'tttelro, 0 cara que faz tudo certo, então mandei um ro-
obrlgação como showrunner dar conta das coisas. Assim, nós planejamos teiro palrt e lo, ( )n rÍ)telristas"Produtores são contratados para a tempolada.
na sala o primeiro rascunho em pinceladas amplas, e depois eu digo: você Assim, sc rrlgriÉnr não está funcionando, você pode mandá-lo embora e pa-
vai escrever este episódio - e assim você põe os cartões no quadro e todos gar o salário integral ou mantê-lo na equipe e torcer para que se recupere
I nós trabalhamos o enredo. Mas, se você sabe que tem de escrever aquele ou possa Íàzcr algo por você. Às vezes eles podem, às vezes não. Mas em
episódio, ficará muito mais envolvido em prepaÍar aquele trabalho, e de- outros pÍogramas, .. em Criminallntent, por exemplo, eu tinha um pouco
pois passamos ao episódio seguinte e eu designo os roteiristas para cada de dinheiro meio que escondido no orçamento. Se tudo estivesse caindo
um deles. Por volta do sétimo episódio, todos já receberam um, porque tOs pedaços, podia tÍazeÍ mais um roteirista para os últimos dois ou três
fiz os dois primeiros, e estávamos perdendo um membro do staff, então episódios. O problema é que a essa altura você já trabalhou sobre oito ras-
era hora de nos reagruparmos. Mas o problema é que, depois que você Cunhos de nove episódios e editou seis deles, entáo traz alguém novo para
tem sete episódios feitos, um dos seus roteiristas não está disponível para ajudáJo, mas como transmitir a essa pessoa a informação necessária? No
criar enredos, porque ele está preparando o episódio dele, está indo para tempo que leva para explicar em que ponto está o programa, você mesmo
a locação, outro roteiÍista está indisponívelparacríar enredos porque está poderia ter feito o trabalho'
aprontando o episódio para publicação naquela semana, assim sua sala de
roteiristas... não há mais sala de roteiristas a certa altura da temporada. Essa é semytre a questão: pot que wcê mesmo não faz isso?
Então, pela segunda vez naquele programa, eu basicamente passo a criar
POrque tenho de ir para o set, tenho de escalar o elenco, recebo observa-
a trama individualmente com cada roteirista, e se alguém puder aparecer
na sala nesse dia é ótimo. Mas o trabalho fica mais solitário à medida que ções do estúdio, da emissora...

a temporada avança.
E quanto a isso? Até que ponto ydi o seu controle criativo em relação do estudio
e à emissoru?
Então qual é a diferença entre ser um showrunner e ser apends ilm roteirista? Você
tem menos tempo pdrd escreyer? Sabe, foi interessante. A FX4 1ê cada palavta de cada rascunho com muito
cuidado. Trabalhei paÍaaNBC, a HBO e a FX. No caso de lnTreatment era
Bem, tenho menos tempo para escrever, mas edito. Posso levar algo entre
quase impossível para o estúdio e a emissora ficarem em dia com obser-
quatro e sessenta horas num episódio. E essa é realmente a revisão final.
vações, porque estávamos produzindo trinta páginas diariamente. Havia
Toda a edição é minha. Reescrevo todos os episódios também, sempre faço
Um produtor executivo, às vezes ele comentava sobre alguma coisa' Eu
a revisão final de cada um deles. Um showrunner pode reescrever de ro%o a
Sempre ouço Comentários e Sempre tenho aS conveÍSas, e espero chegar a
rco%o deum episódio. Depende do que recebi, de como o rascunho chegou,
do grau de exaustão do roteirista, do tipo de pressão que estou sofrendo.
um ponto na temporada em que eles compreendam... Eu não finjo ouvir,
eu ouço tentando compreender o problema deles. Tirdo bem, isso está
incomodando você, mas é por isso e isso que estamos fazendo desse jeito'
Você muda de roteiristas durante d tempordild quando ísso acontece?
Se você estiver trabalhando com pessoas racionais, atenciosas, e tiver dis-
Sim. Meu assistente estava sempre na sala quando a trama estava sendo cussões racionais, atenciosas, então é bom. Àt veres uma pessoa de fora le-
criada, então pôde me ajudar com um episódio. Eu tinha um supervisor- vanta algum ponto que você pensava estar claro, e você percebe enquanto
,,ril\{t.,.t (r)ilt(.l,t rlU( (.l,l tt.t(}l(ilt,r |[ilr,t trlt,t,t (l(.(lU(,
1):iUiltt()nt,ilt(t.S(. Ittrr ri lllttll,, r ilr' r,Í1 rt,/rl
(l('"t llv,lvt'tttltl ( lttl'('('ss('li rlrris
1r,'r",r,r,,ir n',. rllr('iss, llrt.csclrl),tt irttt.it.a
lll('rtl(' t' i' ltont sal>cr.disso_ /\t lrt.r ,) pr .r.,o.rl
tllr liX cxtrcmamelLc CLllto, /\ t':;1r, ls,r r.r ) | 'r ,r lr I r ,t r n.l 'l'V atttcricana.
Ir«rtrvc tàlvez três fortes clisc,r.tl,rlrr r,r:, ,r ) (
ur.s, tla tcrnporada e na maior
parte das vezes os comentári()s trt.rr s l,r,;111 I ttttto ltti n(), lríi r rrl li rl r
srr'p.cendentemente úteis e
me lembraram de alguma coisir r;rrr'
P't.r-isrrva Íicar mais crara. Mas houve lk'rrr, t'llrs t'xislcnr, nlrrs você não sabe quais são até que as viole. Ao qr-rc
uns dois casos em que o desentenclirrrc.rrt, Íiri
completo, e a certa altura no t capaz de tolerar muitas falhas de caráter em seus prota
meio da temporada eu disse: "vejan-r, v«rcôs jír l),u'('cc o público
clcvcm saber a esta artura femini-
l,orrist-as masculinos e muito menos dessas falhas nas protagonistas
que levo as observações de vocês a sério,
portanto, se eu disser .não, cinco rr.rs.Acho NurseJackie interessante porque está lorçando esse limite - mas
vezes, provavelmente quero dizer não.
Nesse caso, ou me digam para fa- rssrr é uma série incomum. E a atriz é inerentemente 'gostável", por isso
zer a mudança de qualquer maneira ou
parem de me pedir. Do contrário,
acreditem que estou sendo respeitoso, mas lrotlc fazer, sem ser punida, algumas coisas que outro personagem não
não quero fazer isso.,,
lrotlcria. Bem. Essa é uma daquelas leis não escritas.

De onde você pensa que vêm as mud-anças?


Eras são dramatúrgicas ouha argum
I lr' onde você acha que isso vem?
outro tipo de questao?
Srrspeito que eles aprenderam ao longo do tempo que o público vai per-
cada empresa é diferente. Na Tv aberta eres
estão assegurando que seus (l('r'o interesse pela esposa. Você perderá a simpatia pela esposa se ela
protagonistas sejam 'gostáveis". Estão protegendo
os protagonistas íizt:r isso. Algumas dessas regras talvez não tenham nenhuma base nos
isso pode levar por yezes auma TV insípida.
-e
A FX gosta d. p..rorrg"r* l;rtos. Há muitos programas que dizem: não queremos ver gente pobre
complicados, com defeitos. Às vezes o comentário
vern de observações lorrbando ou matando gente pobre, o público não está interessado nisso.
anedóticas que alguém na equipe deles fez,
e enrão tenho de explicar: I l'Jr certas coisas que as pessoas decidiram ao longo do tempo. Se você
não, é para tal ponto que isso está caminhando
- portanto eles precisam ol"lservar a televisão aberta, não acho que haja mais séries estritamente
de elucidação. As vezes há uma preocupação
de que aquilo seja algo que ncgras.
viram antes, algo familiar. Algumas observações
são recados da produção,
como por exemplo que não será possível
gravar isso em sete dias. Essas l'i vcrdade.
nós temos de levar muito a sério.
Il assim é muito penoso se você assiste a NCIS ou CSI ali de repente você vê
Você dá ouyidos a coisas como ,,o
público não vai gostar disso,,?
r:rimes de negros contra negros, que são aliás o tipo de crime mais comum
nos Estados Unidos. Você não vê mais isso na televisão americana as ví-
Ninguém sabe do que o público vai gostar . Em
Mad. Men, poÍexemplo, ao timas em muitos dos programas sobre crimes costumam ser pessoas ricas,
que parece a sala de roteiristas queria que
a esposa de Don tivesse um caso
os assassinos são muito ricos. Southland ê trna exceção, mas a maioria dos
a certa altura. E a regra na TV é ..a
esposa não pode trair,,. (risos) Assim,
crimes na TV se dá nas altas camadas. Porque ninguém realmente acredita
ela acabou traindo, mas não gostou, ou a
experiência só serviu para ela que o público quer ver os crimes do gueto.
dar o troco no marido, mas foi um erro.
It é al que se tefi umd dlslorçdo. pode enr:ortl r',rt,qUnndo u Stntoniza. Não sei se isso torna a coisa mais
Ggnservadoru, ,itut há maiS do mesmo em cada rede. Eu ainda diria que
sim. Mas se você experimcnra rhzer rw, e os índices de audiência
caem ot progt'arnns tttulr contestadores, conduzidos por personagem, são pro-
menos de três episódios depois, clcs clizcm: está vendo?
lfrmas da 'l'V a cubo, NurseJackie não poderia ser um programa da TV
lberta. Lights Out não poderia ser um programa da TV aberta. Southland
Você sente que há espdço suficiente para fazer experimentações?
fftCassou como programa da TV aberta. Há séries que não durariam uma
Bem, em criminallntent et fazia isso uma ou duas vezes por ano e aguen- hOra numa rede aberta. E há programas na TV a cabo que se parecem com
tava um bom número de críticas de Dick worf. Acho
que um dos melho- ol Programas de verão da rede aberta.
res episódios que fizemos foi baseado num absurdo
tríplice assassinato
em Nova York. Uns garotos imigrantes mataram uns
garotos negros que Grey's Anatomy tínha uma esposd que truía, alias.
estavam em casa passando as ferias da faculdade, quer
dizer, tinham esca- Âh, sim. Mas esse é um programa em que há vários protagonistas, nesse
pado daquele bairro e foram mortos sem absolutamente
nenhum motivo. clgo você pode se dar ao luxo de ter algo assim. Mas, falando sêrio, Mad
Esse foium episódio desolador. Tenho quase ceÍtezade que não perde-
Menteveuma enorme discussão sobre isso. EMadMen é transmitido pela
mos espectadores por causa dere, mas recebi muitas lições
sobre "não faça TV a cabo e pretende ser um programa anticonvencional, e Matt (Weiner)
muitas coisas assim". (risos) outra coisa: se a série é sobre poriciais,
eles vem da sala de roteiristas de David Chase. E no entanto... Você sabe, é
não querem ver um bando de policiais corruptos. Tarvezporque
as séries nssim com todas essas Crenças. As pessoas não as questionam, agarram-se
sobre policiais tenham boas relações com os tiras porque
eles firmam rá. I elas com todas as forças.
A velha guarda acredita que os personagens devem ser heroicos,
assim a
Tv aberta quer que os policiai.s)ejam heróis, não cometam erÍos. Na Tv lsso não depende também d.a sua inJluência como showrunner?
a cabo é diferente. The wire não foi assim, The
shietdnão foi assim.
Acho que muitos showrunners, mesmo aqueles que sabemos ser mais
Mas acha que a TV a cabo estaficand-o cad.a vez mais conservadora? anticonvencionais, intransigentes, internalizararÍr certas regras. Para ser
"tocê
sincero, não acho que a pressão paÍa que Betty não traísse teria vindo da
Bem, isto que está acontecendo com a Tv a cabo: ela está excessivamente
é
AMC. Acho que Matt é que deve ter ficado nervoso em relação a isso' E
competitiva agora. Assim, tenho um ótimo programa sobre provavelmente é aí que uma sala com pessoas que não se parecem com
um pugilista
e ele tem de enfrentar um programa chamad o The Gamesobre jogadores você éboa. Se houver roteiristas inspiradoras na sala quando esse tipo de
da NFLe suas namoradas, tem de enfrentar southrand,tem
de enfrentaÍ situação se apresentar, você sabe, haverâatna discg;sãordiferente. E as
Teen Mom. Antes, era diferente. se você tinha pessoas, os roteiristas têm uma perspectiva cultural em relação ao seu
um drama roteirizado na
Tv a cabo, era o único drama rotefuizado daquela noite naquera faixa de trabalho da qual nem sempre estão cientes. Assim, preciso de alguém na
horário, e todo mundo se saía bem- você sabe, domingo à noite sala para defender a filha de quinze anos porque um dia foi uma menina
era HBo,
sábado à noite era FX, mas agora há muita competição.
Há marcas fortes de quinze anos - provavelmenteé mais fácil para ela do que para mim. É
na Tv
aberta agora, de modo que cada rede de Tv aberta tem
certo tipo mais facil ter alguém dizendo: 'Ah, não, eu odiava meus pais quando eles
de programa que sabe que pode promover, que a audiência faziam isso."
dela sabe que
I 1,t,., ilt,tttlt ,llí' l1r( (
Irr,, ,l,l,r rtr rtttlr r | , tttil tIlttltt lttrlttr)ttfitt tttt'l V.

Iirr Icrrt(, (luitsc cs('ttlar'os ir)t('gtitIrlt.s rl,r s,rl,t. N,r, lir.r,r(rrlr,rr'rrt'z;r tlt'qurcsejasemprepossívelfazerissoacontecer.
[.,l,rrr cstr)u ( ('rl. r.( (lu( r'tlt'11r-rc tenha conseguidofazet isso com a segunda
Ltrtão na verdade você considera a biogfttlitt lus pessods. euero dizt.r, rrlctn do tcnrporirtlrr rt', I)()r'(lLtc ela não tem uma missão predominante como
..l,r :;,'r
trabalho e dafilmografia del.as. t'ss:r. At'lro ;r ('str utrrrrr clc três atos valiosa, mesmo dentro de uma cena.
At'lro c;uc devcríunrcls tcr sempre uma estrutura de três atos. E certamente
Tento ler o que elas estão escrevendo. E na maior parte das yezes as pessoas
u nr.l tcmporada deveria sempre transmitir uma noção de onde está um
escrevem organicamente, escrevem sobre si mesmas e suas vidas de uma
maneira ou de outra, em tudo o que fazem. Assim, quero saber que temas l)('r'sonagem em sua jornada. E, se você nada até a metade do lago, está
('xiu.rsto demais para chegar à outra margem e está tarde demais para voltar
interessam a elas e teÍ ceÍteza de que as estou escalando corretamente.
mim o ponto intermediário. O ponto intermediário
csst: é sempre para
r' ,r lr-rta que ele tem contra um adversário do qual nunca deveria ter se
A TV é satisfatória para yocê como dramaturgo?
,r1'rrrximado. Eu tinha de fato esse grande arco avançando dentro de mim,
Escrever Lights out foi uma experiência emocionante, senti que estava r tlt' certa maneira tinha a impressão de estar escrevendo a coisa toda - eu
criando um dos melhores textos de minha carreira. Foi empolgante criar rr',rlrnente escrevi o piloto, o segundo episódio e o finale, esses são meus
um enredo mais longo. Uma peça ou um roteiro de cinema é algo que r i )l('iros e eu obviamente contribuí para os outros. Assim, você está abrindo
vocêfaz somente uÍnavez. E ali eram treze episódios. pode acabar sendo l t'rrccrrando a história. Eu queria escrever o finale, e o escrevi em uma noite
só treze, mas isso já é um arco bastante longo. ,lrlr rrdo chegou o momento, estava simplesmente esperando que ele chegasse.

Então você pensa yld ternporada como um único roteiro? |oct gosta de mudar de forma? Variar entre TV, teatro, cinema?

sim. Tivemos uma estrutura de três atos para a temporada. E tínhamos ( iosto, mas o teatro é glacial no que diz respeito ao tempo que se leva para

muita consciência de que estávamos preparando o clímax do retorno dele. t('r algo produzido. E cinema na maior parte das vezes significa roteiros que
Os quatro primeiros episódios foram o primeiro aro, no fim do quarto r r.i« r são filmados. Existe uma alegria na TV - tenho mais controle sobre meu
episódio está claro que o drama não termina, que eles não estão aceitando rotc:iro, de certo modo mais do que como dramaturgo. E é difícil ter uma
que ele volte ao ringue. Do quinto ao nono episódio temos o segundo ato, l)('ça encenada, é muito difícil conseguir que sejam montadas hoje em dia.
o meio da temporada, que é a página 6o de um roteiro em minha menre. linquanto em quatro meses fi235 episodios de Ir Treatment, em quatro meses
Foi o primeiro rerorno luta, e os últimos episódios conduzem à grande
à t'rtt Lights Outfizemos treze episódios - isso é uma quantidade enorme de his-

revanche. E além disso houve o piloto, e cada um dos doze episódios tirlias. Você tem sorte se consegue montar uma peça a cada três anos em Nova

deveria girar em torno de uma luta. Ele vai se voltar contra a família, con- \i rrk, sabe, e a espera me deixa louco. Gosto de estar sob esse tipo de pressão.
tra a família de origem, conrra o patrocinador. A temporada tinha uma
estrutura cinematográfica. linLão o que virá depois de Lights Outi

Não sei. Essa é a outra coisa sobre a TV. Nós nos matamos emLights Out e
;rcho que este é em parte o melhor ano de televisão que tive, e as críticas

iIJ
l,'1,1111 ,r,, nt('llr,,r.'s t1trt. r(.( (.1)t tlr ,,,1, ,,,r,ir Alrl1, tlrtt.,llytl)()1 (),li)1y M,ts ,,r'nr,ur.r r\ 1,,1,,r',rr, ,r ( ',rrn1rlt'stn('nt(' nli.tis rliÍ'icil. Pcrccbi quc uão podíamos
rIllli,l,';tlt''l'Vttioirtrport.lntl,ltll I,,t,tV,1ll()S111llrÍitixlrtlr,lr.r.lir-r6
nt|'vilil('n1.il .r r llurlr(', lirrlllrrrr«rsdcmantelopÍOglamanalocação,porque
uirn, lutitn(lcl pcla n()ssa s()[)r'(,vrvr:rr, r.r li trrrr
r
Pt»111-1r como o tealr.o. ú um o l('nrl)o ,l, r'r,r1,, rrr rr'i:r llt abar conosco, não podíamos nos dar a esse luxo.
larrçamento de dados a cacLl y( 7. yr( (. (.,l(-()rirLr,a com isso a partir
do
teatro, sabe. você pode ter ul,ir [)(.(\.r tltr. toclos a[lam. E, se o New york
I i.
t t I i o v tt c tt .§(',, r I ) r i' t tm p ro.j eto s pronto sp drd s erem to cado s?
Times fi,zer uma crítica ruim, ela ('r( (.r.1.,,
ou você pode ter boas críticas
s('
e mesmo assim não ter boa bilhetcr.ia, porque não tem um ator
famoso. Nio. Escrevi urn piloto este inverno, mas acho que não será aproveitado. E
Por isso, você está sempre consciente de como sua vida pode ser curta ,rAola estou numa encruzilhada. Estou esperando para ouvir sobre Lighrs
no teatro, e na TV é a mesma coisa. Na Tv praticamente toda primavera ( )lt, estou recebendo ofertas. Se Lighrs Out não emplacar, estou tentando

você se vê perguntando a si mesmo qual será seu próximo trabalho. será l)('lrsar no que quero fazer. Segundo ano dessa série, décimo ano daquela
preclso começar outro programa do zero? Isso é uma trabalheira enorme. si'r'ie - não sei o que estou com vontade defazer no momento. E é diÍícil
A primeira remporada de Lights out foi muito mais diÍícil do que a sexra (luc não venham a ser noyenta horas por semana.
de Criminal lntent, meu segundo ano como showrunner. Eu poderia ter
morrido e provavelmente sete programas seriam exibidos antes que al- ç)uc sensação isso da?
guém notasse. A equipe sabe o que está fazendo, não tem ninguém novo
l'1 dcsorientador.
chegando, você não precisa ensinar nada aos editores, os diretores estão
com você há vários anos, existe uma esrenografia, você não está inven-
Mas você precisa de algum tempto littre também.
tando a roda. o primeiro ano de uma série de Tv é um esforço enorme.
Sim, não tive isso nos últimos quatro anos. Uma série terminava e a se-
Especialmente quando se tratd de material original. guinte começava imediatamente, eu tinha de pular dentro do barco. In
'l'reatment terminou naquele momento inconveniente do ano, e tive sorte
os atores estão imaginando onde estão seus personagens, o diretor de
de Lights Out tü se apresentado logo na sequência - mas isso significou que
fotografia está imaginando como gravar as cenas e como iluminá-las e
cÍnyez descansar naquele verão eu estava ocupado em agosto, tentando
quanto tempo temos.
desesperadamente manter a série em andamento. Se eu estivesse fazendo
apenas TV aberta, haveria uma espécie de temporada natural - porque
Mas é fascinante também.
eu passei da TV aberta para a TV a cabo e para a cabo fora do calendário,
Sim, mas você não pode pensar em mais nada. Lights out tinhade ser gravada é complicado. E é mais fácil para mim estar no sexto ano de uma série do
em sete dias e esse era um cronograma completamente diferente de uma que, digamos, no segundo. Posso seguir sem parar, mas na verdade não
gravação em oito dias, e não percebi o quanto era mais complicado. Isso
não me importaria de diminuir o ritmo por algum tempo.
só torna mais difícil organizarseu dia com relação à produção, como a pré-
produção é mais curta. E você precisa daquele fim de semana extra. lsso é possítel ou'ha semytre uma angústia de que wcê de certo modo perca o embalo?
euando
trabalha em oito dias, você obtém
esse fim de semana extra quase todas as
Ah, sim, se eu não pegar alguma coisa até maio"é possível que fique sem
vezes. Quando está num regime de sete dias, não, você só tem um fim
de trabalho durante um ano.
I lrrrrr ltlrr últilt (1.t.\i,lli ,t(llt,ilt{i,r1rrr lt, r(llr( r)il(.y lSl;rtrtl. Mits,rlt'P()iStlttCaC<liS:tC()rnCçâaanclat"

(rrs()s) siril. í')il,un():,nr)nrr,r,lirtt,t,l.tt'lrJ<lp<ldcmosnosdaraoluxodedirigiregastar


,ltlrs lr, )t,t:i lr,lt.t )',r ,lv.ll' ttrrrlt Útnica cena' Também tínhamos uma cena com
Por quê?
il l)t.ilt(.il)lr l ,r,lv, r ,.r,rr.io clclc, ia ser uma espécie de entrada em Contato Com
,t Assirrr, tlr.r'irlimos que o adversário teria alguma coisa rolando trtls
(.(.1.1;1.

Bem, acho que você precisa sempre ter alguma renda. E é um nrúrsculo r orr jtrntos haltitircionais. Era uma Cena de andar e falar,
isso fazia perfeittr
estranho para manter em boas condições, é muiro difícil pôJo em funcio- )i(,trtido para o personagem e foi uma solução muito engenhosa. Nesse caso'
namento a partir do zero. Há muitos roteiristas que aproveitariam esse tlt.ixci a produção tomar a decisão. Era coerente com o pelsonagem que
ano para escrever sua própria peça, mas sempre fui um roteirista de prazos r.k. tivesse crescido ali. Foi uma montanha-russa e funcionou muito bem,
finais e funciono bem nesse regime - a esta altura já aprendi isso. preciso t' isso é divertido Para mim.
saber que alguém está esperando pelo texto e que ele tem de ser feito.
li, iurtnto a dirigir?
Você não se esgota, não temumbloqueio criatiyo?
I)ir:igi um filme, e dirigi um episódi o de In Tfedtment. Yocê faz muito
Tenho bloqueio quando não há nenhum ptazo final. Tenho todo blo-
esse rr.:rbalho de direção como showrunner, você está no set. Os diretores
queio que posso me dar ao luxo de ter dentro da estrutura de ser obrigado sao sensacionais, mas não conhecem tão bem a história e os persona-
afilmar na segunda-feira. (risos) você realmente não pode ter um bloqueio gcns. Assim, quando chega ao set, você já repassou com cada ator o que
criativo quando vai gravar na segunda feira e é sexra à noite. você simples- i. o episódio de maneira tão detalhada quanto necessário, e depois você
r:stá no set e repassa as cenas essenciais - faz-se muita direção
de outla
mente continua escrevendo até termlnar.
rnaneira. arco do ator é responsabilidade minha, não do diretor no set.
o
ao passo
Você gosta do l"ado da produção? Tenho a impressão de que sim. Sei para onde vai o personagem, sei onde o personagem esteve'
que o diretor está lá por um certo número de dias e depois parte para
a
É verdade. Gosto demais de trabalhar com os atores.
próxima. E, se eles vêm para o oitavo episódio, eles são boas pessoas e
assistiram a todos os Sete anteriores, mas mesmo assim... Esse arco do
E isso é algo que aprendeu na pratica?
personagem é responsabilidade minha.
Aprendi a trabalhar com os atores no teatro. o teatro me ensinou muito
sobre quem escalar, qual é o processo deles. Isso é uma grande ajuda para E você escolhe os ditetores, certo?

mim. Acho que muitos showrunners só escreveram em salas, mas gosto de


E a esta altura conheço tantos. Eu tinha esse cala de Criminal Intent e
o
trabalhar com os projetistas, eles em geral são muito inteligentes e cultos,
trouxe para as regravações d,e Lights OuL, e ele dirigiu mais três. Éramos
e estão cadavez melhores. Se você tem essas pessoas nos lugares certos,
perfeitos juntos, essas são ótimas colaborações' Se eu parasse para dirigir
um
quero dizer, mesmo os gerentes de produção... Muitas vezesháuma solu- episódio, depois o episódio seguinte não estaria pronto, e o postenor a esse
ção criativa para o que parece ser um problema de orçamento bem chato. não estaria com o enredo pronto, de modo que o único episódio que você
Tivemos uma cena em Lights out, queríarnos que o rcaser acontecesse no pode realmente dirigir é o último c1a teflrporada, e o último episódio da
tem-
l"'r,trl,r 1,,r111;',, lrr(,r tk. l)r)\( (.,rJ,r rrr,li r.,trl,,((),l ,lultitlitcs,ciss.cstavlt
,r rlr,r l,r lr.r, Ir' rr,r,, lr.r ttt,tis nittllt. Ijrrr ('t itninal. lnLcnL oôs publicávamt,rs
rrttlto,rli.lrrtllr rrrinlrlr (-lll),t( t(l,t(l(, ( llr,r,l1r
tot I\)ss()(lit.igiratofesdeCClttC_ tr)t ( lur ilr ,,)i I,,rl:rrr.r,,, ( ,t l)t'iln(:ila tnOnlagemvjnha cOm quinze minutos
'r(',r("[)()ss()cr]cera'argtrr.,rsr,r,,,,,r,r,,rrrrr,r,.r,rr,rtrt.Íirrmaadequada,pOsSO ,r rrr:ris, r' tlt cla brutal. É terrível quando você corta fora as
rr', ,r ctliqrro
bloquearacâmera,rnasir'l'Vr.rrrrrrt.q,1rl,(.rrl(,tl.pontodevistarécnico. 1,,

Achoquequasetodomunclo;rotlr,lrrJ,rr,.s(,r.r l,rstrrs Ílrls;rs l)( )r ( lu(' rlio dcfam certo, isso é idiotice. Assim, nesta série, as
prripr:iolonga_metragempor_
que, mesmo num firme de baix. ( )r lrlirrrt:ilas nlorrtirg('ns vinham em geral con:, 45,46 minutos, para um prc)
\,r r(.rrr, vrr.ô tcm zg dias, o que é quatro
lf irnrár dc 4r nrintrtos. Nesse caso, você está cortando sobretudo ar.
vezes mais tempo de filmagem ptlr.ir
r)r.rr() .rcros texto. Mas, do ponto
de
vista técnico, dirigir esses episódios
clc 45 pígiras cnr sete dias é uma
tarefa Vocô usou menos dialogos?
muito exigente, por isso me sujeito à expertisc
tócnica deres e eres se subme_
tem a meu conhecimento dos personagens, I )t'pcnde. Os editores vão dizer: por que simplesmente não cortamos todo
e a coisa funciona bastante bem.
t'ssc blá-blá-blá? Eles não querem dizer isso para o roteirista. geralmente
Isso é normal, seLe dias pqra 4, paginas? rriio querem o roteirista na sala. Eles querem que, ao entrar na sala de
t'clição, você esteja olhando para tudo com um olhar novo, não importa
Na TV aberta são oito, em algumas
emissoras da TV a cabo são sete,
HBO são cem' (risos) Sim, sete dias é
na ,l tlue você escreveu, não importa o que gravou, agora você tem de en-
a norma agora na maioria das emis- ( ()ntrar a melhor história. Os roteiristas se matam para levar o filme para
soras de Tv a cabo. E é
diffcil. A pressão que isso gera... primeiro
dia de orrde queriam que ele fosse e têm muita dificuldade em realmente ceder.
pré-produção, você tem uma reunião
de produção, em algum momenro
também tem de escarar o elenco, Mcsmo que alguma coisa não funcione, eles ficam loucos... Eles acabarão
encontrar locações, você tem de ter
um clizendo: "Â resposta é sim, você provavelmente não precisa dessa cena. Mas
elenco que tenha estudado o roreiro,
tem de fazer tmareunião na véspera
gosto muito dela."
do início daprodução, tem de conversar
com o diretor sobre o tom da sé-
rie' tem de instruí-lo sobre o roteiro...
Isso pode demandar horas. Então,
lsso depende da origem do roteirista, não é?
como fazer tudo isso durante a pré-produção?
se isso significar quatro dias
de trabalho na pré-produção, prefiro Certamente. Acho que dramaturgos se apegam mais. Mas isso é algo que
rer esses quarro ãi* a. um total
de
oito do que quatro dias de um total você tem de aprender, e na maior parte do tempo os roteiristas não entram
de sete, e é nessa hora que começam
os ataques de todos os lados. na sala de edição, isso é trabalho do showrunner ou do produtor. Quando
você roda um filme, tem duas semanas de folga e o editor faz arnontagern
Impressionante' E, apesar disso, nesse meio-tempo; assim, quando volta, você tem uma pequena distância
ha muitas séries que parecem cinema.

Nosso programa é deslumbrante. em relação a ele, há tempo. A TV é um processo tão rápido que aprender
Eu trouxe um diretor de fotografia
cinema independente, e ele é um artista,
do a se desapegar é importante. Sobre as reescritas: recebo um rascunho,
tlvemos um visuar realmente bom
por sete dias' Quase não houve cenas o roteirista está morto, preciso de uma revisão em um dia, e sou tipo:
perdidas. Acho que não chegamos
apagar nem cinco cenas em toda
a corte isto, livre-se daquilo. Alguns roteiristas não conseguem fazer essa
a temporada. Tive de escrever
de maneira transição com rapidez suficiente e depois é hora de editar e é realmente
muito mais econômica, e simplesmente -
decidi não gravar nada que não
Íôssemos usar' o risco é ter uma difícil. um showrunner na sala de edição. Em geral
Essa é a vantagem de
cena de que você não gosta e ser
obrigado eu não começava o episódio, ou aprendi a ser brutal, para mim a edição
I r.t lrt.tl,, ililt (.:il,lHt() (l,t (.s( Irt.t I
1,,, I, I irtilllr r rlr.ss,tS r-rllaltrtt.ltqr)(,s (.()Dt
I
()s prccistl nluita
r (lrtr)t(.:t. Mrts tltrilst,totlos r,:. ilr,r:j 1ilil rilrrrr rr) r \( ("r:ttv., tlt'lt's t()l'llillillll sc gt'allclcs, c é
t,,1il,,r, , i oilr r;rrr' tr-,rlrrr llrci, sc
cr-r lhcs clisscr,
'r)lt(\,t, trti() r()tsill).u.r l,r,rrr,,r,, l,)s, l)()l'isstlclcspfecisamdeestourosdebilheteria,
l)()sS() ir.pllt.a lt s,rl.r ilr,r,lr, .t, r r r(.t (ll t(. (.U nrande
o roteirista?,,,
st.rlrrtlrrt r,r,, lornr)u s(' trrtt tipo diferente de negócio, e o filme indepen-
lr
(llcs vão dizer não. (risos)
rlr.ntt. tt,nr , .rtl,r vcz, n r('n()s salas. Por iSso - e nãO penSe que estou dizendo
E no cinema eles não querem o rsri() p()fqu('t'slorr lirzt:Írdo TV agoÍa_, aCho que a TV, neste momento, é
Íol(in \ÍrÍ lrr \t.t ltunlrtlm.
o rnclhor lugat par;r um roteirista estal. Não há praticamente nenhunr
Mas isso decorre de uma estruturil
trt. P, rtrt,r.. N;r ,r,V
.enhum diretor pensa rrrt,io de se ganhar a vida no teatro, e não há nenhum interesse numa peça
que é o autor. É um ambiente muito is«rlada a menos que você escale superestrelas, geralmente inadequadas.
rrrris r-,rarr,rativo. E tenho sempre
meus roteiristas no set quando filmamos. i q cinema... Estou pensando apenas nas grandes corporações, elas são
Ach. inrportante, porque eres I

sabem melhor quais eram as intenções


originais. Idealmente, eles tam- (.()tno transatlânticos, são grandes empresas, não podem se moYer muito
bém sabem onde puxar o freio. se r.rrpidamente. Com os filmes independentes, você passa todo o seu tempo
forem catoÍzehoras rá dentro e isso
não funcionar, é hora de deixar parará.
rsso é algo que os roteiristas têm r(,ntando fazê-los. com um pequeno programa na TV a cabo, você faz
de aprender, apenas estar rá e saber
quando dizer arguma coisa. Em Law tr.cze episódios, dois milhões e meio de dólares cada um. Ninguém vai à
ü order' antes que eu me encarregasse da série, não se esperava que os Íalência por causa disso, há lugares suficientes para vendê-lo no exterior
t. há muitas reprises depois da primeira exibição, e vendas de DVDs. o
tl
roteiristas estivessem no set. Dick
i
não quer os roteiristas interfêrindo
na
produção e não quer a produção interferindo pr.ograma acabarâ compensando. E as pessoas passaram a esperar colsas
il

na edicão.
l
rnais desafiadoras na TV a cabo. Talvez eu não queira gastar cem dólares
Embora ele próprio seja um roteirista. para chamar uma babá e ir ao cinema com minha mulher, mas se puder
1l

ligar na AMC e ver um episódio de BreakingBadvaiser muito bom. É in-


(risos) É um esrranho conjunto
de habilidades que você precisa
ter como teressante como isso mudou. Ninguém teria previsto Yinte anos atrás que
showrunner. E muitos roteiristas não
podem ser showrunners, a vasta a TV seria o que ela é agora.
maioria.

Mas não acontece às yezes de yocê ter uma história que gostdria de ver transfor-
Os roteiros da TV de hoje por vezes me lembram os
flmes d.os anos ry7o. madanumfiLme?
Sim, sim. E eles pararam d,e fazer aqueles
filmes. Olho para eles e penso: Gosto de escrever roteiros, mas em geral eles não são produzidos, ou
como aquil0 seria vendido hoje? como
aquilo seria sequer proposto? Não quando foram eu fui humilhado pelo processo.
poderia aconrecer. sabe cid.ad-e das
irusões,o filme deJohn Huston sobre
boxe, com Stacey Keach no papel
do pugilista? Ele é o pai no nosso pro_ Você quer dizer pelo diretor.
grama de Tv. Fui assistir a cid.ad.e d.as
irusões quando esse trabarho
surgiu,
foi assim que pensei em stacey. Mas É o diretor e é a escolha inadequada do elenco, isso acontece demais.
não haveria a menor possibilidade
de
alguém fazer aquere fi,me agora . Nunca terei esse poder, a menos que escreva e dirija meu próprio filme'
É algo como o caminho espiritual dos
derrotados. Bem, esse é um argumento Mas levei três anos para consegtir fazet o filme que escrevi e dirigi, foram
terrível. Os filmes _ não todos,
dez horas por dia ao telefone. Na TV você pode sofrer uma pressão debi
Itt.rttlr ilt,ts- l)()t ()Ulto I;ttlo;rorl, rrrrl.rr tri ,Í í pts(,tlt1;s t.ttt (lgittt61t(.s(.ti
Itlrrr liottl.ut.t
li vor ti ,rPlt,rrclr. tio nrlr is r.st rí.\(.rrli, r ,,ltt,ltr(lo unt (,Pis(icl (,(l(,l)ois i()
( s(-r'('v('n(l() c cditando oltt r,( ), vi )( í. ,rlr (,rr( lí l,1rt( ) 1(,tisic proce sso, mais
do
qLlcescrevendoseuprópri()r'()t(.rr()r,r(,,1)r r,rrrt,;r tlt.cluc.jlesejafeito.você
sabe, onde estou agora com() ,)r('irrsr,r r.rrr .t,rirçi()
a onde estava quatro
anos atrás, antes de começar a t'rr[rrrrlr,r,(-(]rl()
sh.wrunner foram pro_ - lirrrr Fonterna csclrcveu e produziu os Borgias e copper [e, mais recente-
vavelmente perto de noventa episócli()s (.nl (lUiltr() channell. Tam-
anos. rf rr']lre, foi produtor execurivo de KllingFiel.ds, Discovery

lri.rn escreveu e produziu St. El.sewhere, HomiciàC Life On The Street, Oz e


É muita coisa. 'l'lrcphilanthropist. Recebeu, entre os outros, três prêmios Emmy, quatlo

Exatamente' E há um momento em que você sabe Pr.ômios Peabody, três prêmios do sindicato de Roteiristas, quatro prêmios
o que está fazendo e dali
em diante pode improvisar. Tênho as coisas sob tlr Associação de críticos de Televisão, o Cable Ace Award, o Humanitas
controle agora.
l)r.ize, um Edgar especial e o primeiro prêmio no Festival de cinema Tout

Esta é uma excelente questão que você está propondo aqui. l'io:an, em Genebra.
E quanto aosJ,mes
para aTV?
lintão, como foi que você pdssou d escreyer Í)dra a TV? E conseguiu permdnecer
Isso desapareceu. o canar Lifetime ainda fazfirmesdo tipo estuprada-por- c m Nova York enquanto issol
um-serial-killer. Mas esse gênero desapareceu.
No momento, as séries família sem nenhuma rela-
(r.isos) Nasci em Nova York, em Buffalo, numa
para a Tv a cabo são algo bastante bom, mesmo
que os orçamentos e as a escrever quando era muito jovem. Meus
equipes sejam reduzidos. É a escrita mais expressiva ç:ão com o showbiz. E comecei
que você pode fazer,
pais me levaram para ver uma montagem de Alíce no País das Maravilhas
e
e da qual tirar seu sustento. sinto falta de meus
firmes. penso em propô-
voltei para Casa e comecei a escrever diálogos, embora não tivesse a menol
los, em sair por aí e tentar me associar a um diretor.
Mas detesto perder
ideia do que era aquilo, e simplesmente continuei escrevendo. Escrevi
tempo esperando que alguma coisa obtenha sinal
verde, não é um rempo
durante o ensino médio e a faculdade, escrevi peças, depois me mudei
que se pode recuperar.
para Nova York. uma peça minha ia ser montada no Festival de Têatro
de

Williamstown, em Massachusetts. Então, naquele verão' chegou Bruce


Muito obrigadd, e se eu tiyer mais alguma coisa que queira perguntar...
palrrow, que era marido de Blythe Danner e que hoje é falecido. Blythe
Pode simplesmente inventar uma resposta para era atrízem uma das companhias. Minha peça estaYa sendo montada
pela
mim.
Second Company. Blythe levou os dois filhos para ver a peça, Gwyneth
e Jake Paltrow (ambos muito jovens na época)' Eles adoraram e ficaram
dizendo para Bruce: "Você precisa ver isso." Bruce era um grande produtor
de TV e eu era um dramaturgo, não gosto de TV' (risos) Enfim' o verão
acabou e Bruce náo foi ver peça, e Blythe ficou furiosa com ele por causa
a

disso. Ele estava começando afazet esse programa, St' Elsewhere' e ela de
certo modo o obrigou a me contratar para um episódio. E estou conYen-

75
,trlrr,tlr lr,r;r,lr'(1il{,}-.(. ltv(,:,i,( \r,,t, rl,r, rrlr
lr,lrr,t l(.ti,t ,t(.(,,lt.tl,t(l() \tr,,tíil\ t Itttltt tt, ,rr rr\líillrlilrs tt f frtlttilltttt (()lll íllll()l'('.§ ntuÍlo mtnttsmimtltlosqt'tt'
I'or l.rrrlo, 11111,1 it ntinl)it (,rlr(.r,r r,,t rl,.r,,r,r,l,r (.ntl.t(,
tt,l. ltIlsr)lul,un(,nl(, t,r rrrr (.)rrrrirr/r r r. r, r,rlrlltslrltlt"l'V Cu.rOpeU,embOrAeStejAemmelhOf
SitUAçãO
Il('llll(ttllit rltllbiÇi1o c (,nl l(.t ltrlo lr, r,t ,otl( ,, rrrrr,lrrlr.íssipt<t
etrtj<t cla gllr r.da rlrí( ()s r(,1( r,r\t,l\,/r t ntt'nttl , t'sLalOngedeterOpOàeteaLiberdAdeCriAtivAdeUm
r'lra rnaclo t3lythe Danncr.. 'l | ,I ntr'r tt tltttt. Como
rr rlr'ir-i sl rr r Ír r foi trAbAlhAr num dmbiente como esse, depois
rlr' r'.§lrtl' (tri),\Í1,,tÍlrl(, rt rlar aS cattas?
É uma coisdbonitct o que você dc(tr)ou tr(. rrt:'t
t. ri.slou -\(mpre ouvind' dois nomes
emNovaYork, o de Bruce partrow e o {r'isos) Para scl'ttbstllutamente sincero, estou gostando muitíssimo da cx
sL,u. ri, Io,ro ntuncro diz a mesma cois(r sobre
vocês dois, dizem que yocê é como o Bruce.
pt'r'iôncia de não ter de lidar com um estúdio americano.

Bem, ele foi meu mentor, meu rabino... você


sabe. ,\rrriol

Bruce Paltrow Í)drece ser aquere mentorrend.ário, Itt.m, da mesma maneira que um roteirista europeu está acostumado
sem?re reunindo pessoas muito
generosamente oulevando-as pdrd o show ,)s provações e tribulações de lidar com uma rede europeia, estou acos-
business. E yocê é conhecido pela mesm(l
t r.r mado aos percalços de lidar com estúdios americanos. É uma
experi-
generosidade. Mesmo sendo agora um renomado
e pod-eroso roteirista de TV, a
primeira coisa que cts pessods me dizem toda vez ôrrcia diferente, claro, mas você ainda fica frustrado. Tive duas outras
que seu nome é mencionad.o é o
quanto você é generoso. A competitividade gr.andes experiências de liberdade criativa. Uma delas foi trabalhando
e a confid.enciarid.ad.e não são o
mantra na MTM com Bruce. A empresa não existe mais, mas naquela época era
dessa indústria? por que e como você e
diferente?
rnuito influenciada pelo roteirista. A segunda foi quando fi,2 Oz para a
Na verdade, perguntei a Bruce ceÍtavez: "Bruce,
o que vou fazer, como po- t lBO. O grau de liberdade criativa e estímulo que eles me deram foram
derei algum dia retribuir?" E ele me respondeu: "Bem, cxtraordinários.
Tom, a verdade é que
você nunca poderá me retribuir. Não haverá
uma ocasião sequer em que você
possa fazer por mim o que fiz por você. NãoéTV,éHBO.
Mas haverá um momenro em que vo-
cê poderá fazer isso por outra pessoa. portanto,
faça isso e terá me retribuído.,, Anne Thomopoulos. Havia um forte
Exatamente. Foram Chris Âlbrecht e

Sentimento de "nós o contratamos porque você sabe fazer isso e vamos


Q u e suj eit o e xtra ordinari o.
deixá-lo ernp?Lz". E é assim que me sinto aqui. Não é que os executivos não
sim' E eu levei isso a sério. veja, nossa indústria
é rearmente muito com- devam ter opiniões, mas na HBO e no Lagardêre há um forte sentimento
petrtlva, mas não preciso ser bem-sucedido passando
por cima dos outros. de "vamos lhe dar nossa opinião e depois você vai tomal uma decisão,
Se vou fazer sucesso, quero que seja
porque aquilo que faço tem valor, e porque você é o único com uma visão de como essa série deve soar e do
não porque arrebentei a carreira de outra
pessoa. Não acho que apreciaria que deve cobrir tematicamente".
o sucesso sabendo que o obtive dessa manerra.
Então o tÍatam como xtm diretor. Potque nA EuropA só diretores recebem o
eles

E você é tão bem sucedido que as emissoras


europeias vieram procurá-ro. você
trdtdmento que você descreye. Como conseguiufazer com que o tTatdssem assim?
Jôi
provattelmente o primeiro roteiristd dmericdno
a ser encarregad.o d_e uma série de Sim, eles estão observando o modelo americano do showrunner e final-
TV cotnpletamente
fnanciada pelo mercad-o euroÍ)eu. E esta ridando com profs- mente percebendo que dar ao roteirista pelo menos algum poder resultará
,r,r rrrr)g.Bmà de televisã. n:crh,r, il errtu ó n
rrtuaçâo paradoxar do acordo
conr o showrunner: todos os r,telr;rsrAi ldeia tirl: sc você qucr um showrunner americano, tem de jogar de acordo
querem totar riberdade criativa.
Mas junto com isso deve estar com as regr[s certrvencionais. E foi um ajuste. Mas me sinto bem com a
a l,es,,,surrirrdade financeira
pelo modo eolaboração, Não ftli fácil, está fácil agora.
como o programa é produzido.
Assinr, vrrê não pode ser um
showrunner
e dizer'hão me importa o quanto
isso e usta,,, porque nesse caso você não
é um showrunne! você Qudl éa principal diferença, a seu ver?
não é um roteirista-produtor, é simplesmenre
roteirista. E, se quisermos fortarecer um
os roteiristes europeus, tem O mais difícil para mim não foi em termos da escrita, nesse asPecto eles
de haver
uma mudança na atitude dos foram maravilhosamente abertos. Foi o lado da produção. Conheço equipes
roteiristas também. Não é só
uma mudança
na atitude do estúdio ou cm Nova York. Sei quem é o melhor carpinteiro de estúdio. Sei quem é o
da emissora. Entende o que
estou dizendo?
melhor cenógrafo. Não conheço ninguém na Europa. E não apenas não co-
Nesse caso' como um roftirista pod-e ser prep*rodo nheço ninguém, não sei sequer se as funções são as mesmas que nos Estados
para ser um produtor? "

Unidos. Assim, estes últimos meses foram para mim uma educação' Preciso
Eu não era um produtor.
Bruce paltrow me ensinou a tcrescentar que temos profissionais de dezoito diferentes países entre atores
ser um produtor. Ere
me ensinou a escrever para
a televisão e me ensinou e equipe técnica. É assim que as coisas são feitas lá, por isso tive de ajustar a
a produzit para a tere_
visão' E ele deixava muito claro
que eu tinha a responsabiridade moral de mentalidade deles à minha parafazer com que funcionassem melhor. Mas
proteger o investimento financeiro,
que aquele dinheiro não era também tive de reconhecer que às vezes é assim que as coisas são, para o
meu, mas
eu tinha de tratá-ro como se me adaptar ao que não podia mudar.
fosse. E é isso que ensino
quando introduzo jo_ bem e para o mal. Tive de aprender a
vens roteiristas e os promovo
ao rongo da cadeia de comando. A dinâmica num estúdio de gravação em Nova York é diferente da que en-
Essa é uma das
grandes rições. É uma lição contramos num estúdio tcheco. Não melhor, apenas diferente.
muito dificil. sei como fazer
uma série funcionar.

Sem comprometer a qualid.ade. acha que a séríe teria sido diferente se thesse feito
Você o Progrdmd nos Estados
Unidos?
Exatamente' É mais ou menos
assim: "Tenho este set e escrevi
esta cena
para outro set' mas, eo,yezde
construir todo um novo set, será Bem, do ponto de vista das locações não teria sido possível fazêJo aqui.
que posso
rodá-lano set que tenho e
ainda assim tornáJa viáver?,, Não há nada que se pareça com aquilo. Por outro lado, como as coisas pa-
Acredito que uma
boa cena funciona em quarquer recem levar mais tempo em Praga do que nos Estados Unidos, segundo a
rugar. por isso, posso pôr
você e eu nesta minha experiência, teríamos tido mais cobertura e mais temPo para cada
sala' ou numa esquina em praga
sob uma tempestade o cerne
será o mesmo' qualquer - da cena cena. Mais LtÍnayez,porém, levei todo esse tempo para descobrir por que
que seja o ambiente. A menos
que você esteja a filmagem avança assim tão devagar. Será que é apenas essa circunstância
encenando uma missa; nesse
caso tem de estar numa igreja.
particular e todas as outras equipes normalmente avançam mais depressa,
Ainda ou ocoÍre simplesmente que esse é um tipo de coisa de Nova York, 'vamos
é diJícil acreditar que ds emissoras
europeias lhe d.ão total controre. gravar isso rapidamente", e em Praga não há esse imperativo? Existe uma
Bem, eu não teria aceitado espécie de energia e uma agressividade nova-iorquinas na maneira de gra-
o trabarho se fosse estar na
posição de um rotei_
rlsta europeu' porque entendo var que as pessoas em Praga, perfeitamente maravilhosas e talentosas, não
como essa posição é fraca. portanto,
toda a
têm. Elas simplesmente não parecem estar com pressa. (risos)
B quanto à csfiltal será que os rutelros tcrlam
sld,o illfercntes se yocê estlvessc
trubalhanilo com umd rede amerlcdnàl r, e Hnlm r qurnildade real de tempo em que o trabalho necessário
fetto é umÊ pirte relrtlvamente Pequena de um dia muito longo. O que
como eu disse' o canar+ e azD.foram
murto pouco invasivos. Tivemos Pârs mlm é eu me §entar com cada roteirista que vai escrever de-
muitas conversasantes que eu começas§e
a escrever - sobre como ado eplaódlo, só ele e eu. Normalrnente o que faço, e faço isso com
grama poderia ser em termos o pro-
temáticàs e visuais, quanto Bórgias também, é escrever urna bíblia para todos os doze episódios' E
haver, quantâ violência. sexo deveria
'âqui estão algumas possíveis cenas para esse episódio." E, depois
fiz a bíblia, todo mundo a lê e nos sentamos e conversamos, mas isso
Quawo?
uma reação ao que fr2, e não um "vamos todos nos sentar numa sala e
Bem' os franceses queriam o processo". Acho que uma única pessoa tem de ser responsável
mais sexo e os aremães queriam
menos. (risos) você convida outros roteiristas para ajudarem-
Em acho que isso se devia ao visão do programa, e
larte' fato de que na Aremanha
na Tv aberta' ao passo que estaríamos me agrada nos roteiristas com quem
a moldá-lo, a completá-lo. O que
o canar+. a rede francesa,
é Tvpaga. Assim,
o canar+ é muito mais parecido é que eles estão sempre sugerindo coisas em que eu não teria
com a HBO, enquanto
mais com uma rede de televisão ^zip ".parece pcnsado. Mas todas as ideias são extraídas de um esboço que escrevi'
aberta americana. Estamos
fazendo duas versões doprograma, riteralmente
mas elas não são diferentes
em termos
de personagens ou tema. Bntã.o ttocê defato discute o esboço.
É só que em uma você verá
pênis e vaginas, e
na outra não.
, §lm, e o esboço se torna um documento tão inútil quanto poderia ser.

Essa é uma idei -


HBo e ABC do mesmo ltlts até que ponto esse esboço é detalhado?
tempo... Entãon
am sermois simpáticog?
Ee é detalhado ao enumerar uma série de incidentes. "Este é o incidente
Não. ' desse momento." Mas o importante é que eu não digo "isto é o que eu quero"
"isto é o que eu quero", é aquilo que
Tem certeza de que trabalhou
Irofque, se você diz a outro roteirista
na Europa? ., Você terá, e não quero que me entreguem de volta cenas que eu mesmo
(risos) poderia ter escrito. Quero que alguém me dê algo que me faça dizer"Ptta
merda, nuncapenseinisso, essa abordagem é sensacionalpara a cena, aquele
Você tinha uma sala de roteiristas? diálogo está simplesmente genial, um assombro." E é por isso que todo esse

negócio de sala de roteiristas me parece de certo modo redutor.

Então você não acha que esse e o segredo do sucesso da TV americana?

Não. Tenho roteiristas aqui, eles têm escritórios, eles correm para cima
e para baixo pelo corredor trocando ideias, resolvendo problemas, com-
partilhando.
Al,rr r /r,r lr;ttt :ltlt lrrr rrr/rr,,
1ttii1,1
lrl'rr.rl,;,r,,r,tí,1",'.',rvll As vt'zt's t'ott'itist:ts tttc tclcÍtlrrant c clizcrtt: "ljs
'lrttlrls lilnt str:ts r t('vr rrrrr.r l,rl,r l,,rr.r r.rlr t'lr,r t'tlc rcpcDtc cla estava lána frente, em outra."
, \,rt,1n( rrlr I l;, s(. ltlgLtém tcm
pt.«ipr,i.rs s.rl.r:,,
um pro_
blcnra, vem falar comig(), ()rr \,,, r,rr.rr
rr)r*,r tr,s,utros roteiristas. E lr;so :rt orrllr t p.rr lu( . (lu.urrlo vejo um diálogo excelente, eu o ponho num
mals uma comunidade dr: r-,tr.r r..,r.ri,,
,.r( ) (.stirlr()s presos nesta sara l,,rrrt o (' ('n(,nr r, llnr lrrglrr rnelhor para ele.
por
oito horas.
I'ttrlo cslit se alo grdtttrlo tm inglês. Vai ser dublado?
Então você recebe o primeiro rascunho
trt, vorttr t rtp.i.s
faz uma revisão? N,r Alemanha, sim, e na França creio que será exibido dos dois jeitos.
o que eu sempre digo ao roteirista
é: ".,r-, o primeiro rascunho você
me ensrna como escreyer este programa- r t.s italianos também estão participando?
com o segundo rascunho, eu
vou lhe ensinar como escrever este
programa." Assim, quero que eres Nio sei de todas as negociações. Não sei quais negociações estão abertas
se
sintam inteiramente livres para experlmentar
quarquer coisa que queiram. l tluais estão fechadas.
E, quando recebo um roteiro, não
sou crítico, o que digo é: .?ense
sobre
rsso' pense sobre aquilo." porque
o outro erro que arguns showrunners Ntr Europa, quando você diz produtor, está se referindo à pessoa também encar-
cometem é dizer a outro roteirista
como eres próprios teriam escrito rt,çtda de todas as negociações fnanceiras.
o
roteiro. Acho isso errado. Depois
faço comentários para o autor,
"Isso não estava digo;
muito claro", "Não compreendo rearmente Sirn. Veja, isso é o que a empresa francesa que me contratou está realmente
a jornada dela,,,
"Como ela chegou l.rzendo.
a esse ponto?,, Faço perguntas
e por vezes dou sugestões,
mas nunca sou dogmático com
relação às minhas
sugestões. Depois que o
segundo rascunho é feito e tenho li.ntcio você não estal.a com sud empresa.
de preparáJo para produção,
é hora de
arregaçar as mangas efazer tudo
o que forpreciso, seja consertar sempre assim. A Levinson/Fontana é contratada pela Warner Brothers,
arguma U
colsa que o outro roteirista não
compreendeu ou não conseguiu fazer rnas não tratamos de finanças.
ou
algo que a produção exige. Assim,
tenho que apresentar uma sorução
para
quaisquer problemas. os primeiros
rascunhos de todos os episódios Você nã.o se drrisca de nenhuma maneira, nem nafase àe desenvolvimento nem
de os
Bórgias tinham provaverme .,te
7spágrnas no total. Quando chegamos à mais tarde. lsso é muito diferente do modelo europeu, você sabe. Quando se diz
produção eles tinham se reduzido
para crnquenta páginas. d roteiristds eutopeus que el,es têm de se tornar produtores, a ideia é que teremos
de captar o dinlteiro, adiar nossa remuneração, pelo menos em pdrte, cobrir o
Quawo kmpo wcê tem pard um episódio?
déficit, arriscar.
Algo entre 4g e 5zminutos' Assim,
no caso d,e os Bórgias, eu tinha de O que tenho em mente é o produtor no modelo americano... O produtor
pegar é
o roteiro de outra pessoa e cortar
z5 páginas. Você sabe tão bem
quanto responsável pelo custo, mantém o custo da produção. Em outras palavras,
eu que' se você corta uma cena,
tem de consertar aquela outra, ou
cortar você concordou com um orçamento e vai trabalhar para se manter dentro
uma terceira' Tento não jogar nada
fora, tento conservar tanto do material
desse orçamento, esse é seu trabalho.
rtrtltrt'ltrt'rtttt'tritr(rrtrrrttt,ttt,rt rt,tr'.,,,trttt ttrtltttt.ttrt,,l,r,ír,l/,,r,r.\i(,,1(,r/...,Nrr(,
,(,rr\l(r r/(r r/tíÍ.(..§(-l(.I/(),
r ilr( o,urr, \ rrrr ;r n',(, (llr(', sc tctrlto ttntlt itlt'ia c c Lul1 lraicai, cscl.cvo o
l,tÍil(-Íl,qr,{lrr tlrt tltrr r \, ,í l,i, lirrri,qrrSÍrl
It,ttr .tt ( ( ll r
tlO qtttr,.§(.11,y(,i
, (,r'.,r', rllvt'r'i:rrrr s(.1'pC:çaS, Certas cOiSaS deyeriam Sef SérieS
N:to, lrliol l)ctcsto o quc cscr.(.vo I; rrrurtr, (.nHr,rq.rrcl1; ir" l'V. ( ('r l r, r ot.,.r:, r lt'vr't iit pt ser filmes, Certas COiSas deveriam ser peças
clc clizcrisscl, porqLrc, ,

quando ponho a coisa no papt.l,


l)t.rrs, N;r,, iss, r)i() cstir bom o bastarrtc., r,rtlir,Íilnit ,r:, r' r r r l,r:, ( ,is;rs clcveriam ser um poema épico. E a outra coisa c
sempre penso que poderia ser mcrJr,r
A ,,rr.rc .rais ciificir para mim quando rlu('lt()st()tlr .s, rt vt'r, (lrrrsideroumabênçãopoderescrevercadamanhã,
asslsto a um episódio de st. Ersewhert' ..Droga,
<tt ,omicicle ou ozé
pensar: ,' r'rrr rrlglrnr nl( )nl('rlt() rrrro serei mais capaz disso, portanto quero escrevcr
agora eu sei como escrever aquera cena."
,orque, à medida que passa pela ru(l() agora rlcsnlo. Porque minha capacidade de escrever vai terminar, e
vida' você vai ficando melhor nisso. Espera-se
que uo.. fiqr. merhor. vou ,il rt('s que ela termine quero seÍ capaz de dizer'. consegui fazer tudo. Gosto
lhe contar uma história bem rápida:
eu estava no restaurante Eraine,s rl. r'sCreyer. Não sou um poeta, essa é a única coisa que não consigo fazer.
com
três roteiristas, e um deles, que trabalhava
em Low dr Ord-er,perguntou a
nós: "vocês viram o episódio da semana
passada d,e Law ü ord.e*,' E nos |ttt'tt não usd computador jeito nenhum,
de e isso mesmo?
todos dissemos: "Não." E ere continu "Tarveztenham
ou: sido as merhores
horas da terevisão de todos os tempos." lrst.r'r'vo à mão e dou as páginas para Kate e Larry (assistentes de Tom). Você
Então, farou como tinha sido e nós
dissemos: "parece ótimo." perguntei: "Mas r,rlrt', há uma sensualidade nisto (ele imita a escrira com uma caneta) que
e então? euem o escreveu?,, E
e1e: "Eu"'Ele foi embora e nós f;to (imita a escrita num computador) não tem. Não sei, o teclado não me
três continuamos bebendo, e eu disse: ..vocês
alguma vez gostaram do que escreveram?" ,'rnpolga. A outra coisa é que você quer fazer isto. (ele pega um pedaço de
E todos responderam: ,,Nãol
Ficamos extremamente chocados com
a noção de grandeza dele.,, 1,,r1,cI sobre a mesa e o joga do ourro lado da sala) Eu estaria jogando com-

llutxdores do outro lado da sala desse jeito a cada dez minutos. (risos) É por
Bem, ele é um abençoado. A maioria dos roteiristas é insegura. r s() que não uso computador, seria caro demais. E num computador a cena

Bem' a grande lição que aprendi fazend,o |),rlcce tão acabada, a ortografia é verificada e ela parece tão pronta... Um
terevisão episodica e que você
pode continuar trabalhando até certo
ponto e depois tem de parar. porque ;rlirneiro rascunho nunca deveriaparecerpronto, não deveriaparecerbonito,
eles têm de gravar aquilo, e depois .lt' deveria parecer horrível. Trabalhar no computador é uma coisa limpa e
você rem de editar. Então você precisa
paÍar, chega um momento em que oldcnada demais. Escrever é um caos, escrever é anarquia, você não acha?
você tem de d,izer:..Está tão bom
quanto possível." A vantagem da televisão episódica é que você
"Tenho a semana quem pode dizer:
vem, posso consertar isso na semana ltu -sirnplesmente não consigo mais imaginar não trabalhar no coruputador.
quem vem,
vou comeÇar de novo. Âprencli o que
fiz de errado neste episódi,o, por isso Sír restam uns dois de nós. Sei que David Kelley ainda escreve à mão.
o próximo vai ser muito melhor.,,

I sço é incríyel. Fole-me sobre os roteiristtls clue utilizou em Os Borgias.


você escreveu peças de teatro,
frmes e séries para a TV, d.ocumentarios.
Quar é a
suaformafayorita? ( )()ntratei
roteiristas com quem havia trabalhado antes, assim pudemos

Gosto defazer séries para a Tvporque lx)upar muita conversa. No primeiro ano de uma série, é importante sa-
gosto do tipo de naturezanovelesca
hcr quem são os jogadores. Depois você pode começar a experimenrar.
desse formato, que permite levar
o personagem numa jornada no
curso de ( lomo disse, eu não conhecia ninguém da equipe técnica,
só conhecia dois
doi rtores entes das gravaçôes e
ngo conhecrr nenhum dos
direrores, ou
ccJe, havla uma grande porçâo talyocê ml.sfio dlrlglrl
de rheo plrr mlm, pondo o
bebê na mão
de estranhos. Mas tive muita
sorte, tnto é, Otlver Hirschbiegel _ Eu poderh me contretaÍ para dirigir a qualquer momento. Mas ja-
respeitamos muito um ao nós nos
outro. contrnuo esperando que faria isso.
abaixo _
tudo venha
mas isso nunca aconteceu. (rlcoe)

quê?
E quanto dos seus roteiristas?
Eles estavam comyocê
no set?
sou uma pessoa visual. Se você me diz "frca a três metros de distân-
Há sempre um roteirista no set.
Neste momento, Brant Englestein, não sou capaz de dizer o que são três metros. Sou um roteirista, e um
de nossos supervisores de um ,
produção, esrá ru, .;;;;;;;:;" ista pensa como roteirista. Isso não quer dizer que não haja muitos
Bradstreet, um de nossos outros aqui. Kyle
supervisores' logo estará lá !*celentes autores-diretores. Mas também acho realmente bom soltar o
importante ter urn roteirista também. É
no set, para poder ouvir o diálogo .tpteiro. Claro, posso soltá-lo porque sei que o terei de volta.
se a cena está funcionando. porque e saber
na terevisão as coisas acontecem
depressa que é rearmente tão
importante terporperto um .Bssa é outra excelente afirmaçã0.
roteirista que possa
dizer: "Yeja' essa é a intenção
da cena", pofque, se o roteirista
crpar advamente, meu instinto não parti-
é expricitar demais a cena Além disso tenho a montagem fi.nal.
e deixar muito
óbvio do que ela ffata. para
mim, esse é o pior tipo de escrita,
tem sutileza. É isso porque não
Você partícípd da montdgemfinal?
razer quando não esrá no
ser,
e isso conrr,br, p"""q:;:1;::1T:"n'ecisa Sempre.

Essa é urna questõo interessante.


Isso é espantoso. Não ouyi isso de outros showrtnners.
E você sabe, o engraçado é que
todo diretor nos primeiros Não sei.
"Por que ele fica falando dois dias pensa:
comigo?,, E depois: .Ah, isso
na verdade é uma
conversa"' um dos diretores
de os Bórgias chegou a me Sempre pergunto e eles respondem que não, peLo menos em termos contratuois.
dizerque nunca
tinha tido esse tipo de experiên.i,
,rrtlr, a possibilidade de se virar para Mas, naprdticd, é como a coisafunciona.
o roteirista e perguntar: "É
assim mesmo, não é? Nós
acertamos?,, Acho
que ele teve uma pequena
revelação, isso é bom. I Em última instância, nos Estados Unidos, se a emissora diz que um episódio
é inaceitável, o estúdio pode montá-lo. Porque se eles não entregarem o
Exato. episódio estarão quebrando o contrato. Assim, tecnicamente, o estúdio e a
emissorapodem tirá-lo de mim, mas criativamente tenho a montagemfinal.
Às vezes há tantacoisa acontecendo
durante a gravação,o diretor
olhando para alguma ouffa está
coisa ou trabalhando com Não é o diretor?
o diretor de fotogra_
fia' e estou sentado ao monitor
e a única coisa que tenho
defazeré assistir.
Não.
Bntdo wcl eilíta aqul em Nova york, um Ollwrt
você pnde ue wltí/r vlntc áflos no tempo, farla alguma coisa diferente?
Ollver fez a montagem dele, a montllf€m
do dlretor. que nÍlo, Delxc-me dizer isso da seguinte maneira: há coisas que
ia de ter felto melhor. Mas não é algo como "ah, eu deveria ter
EmPraga?
o aquele trabalho naquele filme de Spielberg", não tenho esse tipo
Sim, e agora estou trabalhando
nela. remorso. Há momentos em que você diz: etpoderia ter feito aquilo
e gostaria que isso fosse possível.
E ele estd confortavel con ;sso?

(risos) Até agora.


que você não faz mais flmes?

the dizer uma coisa. Reescrevi roteiros de filmes. Nunca tive vene-
Hd alguma coisa que eu não tenha
perguntado, Tom, que você consid.ere por filmes, da maneira como as pessoas têm. Para mim, contar a
impor-
tante? , explorar personagehs, definir o tempo em que vivemos - é disso

se trata, e, se posso fazer isso na TV e ter a liberdade que tenho, por


A única coisa que eu acrescentaria,
e este é um ponto de vista um filme em que vão ca-
hollywoodiano, éque acho essencial
muito não ,gue trocaria isso pela possibilidade de escrever
que nós, roteiristas, .r.r.rr_o, gar em mim, porque diretores notoriamente cagam em roteiristas? Para
que é importante para nós, o o
que nos toca, o que nos faz rit,sem sendo feitos neste
agradar a todo mundo' E isso
tentar due preciso disso? Além do mais, os filmes que estão
não quer dizer que você não
queira agra- tnomento... não tenho nenhum interesse por eles.
dar a todo mundo, quero que todo
mundo goste de tudo o que escrevo,
mas acho que o que acontece
em Hollywood, e não ..i ." r* Europa Mas por que pessod.s como você não revertem ísso?
também, é que as pessoas procuram
ter sucesso em contraposição a
serem fiéis. E quando digo fiéis
quero dizer fiéis a si mesmas e Forque nesse caso tenho de participar do levantamento do dinheiro. E
à verdade
dentro delas. E acho que é muito
fácil perder isso devido à necessidade
., Êstou ocupado demais levantando o dinheiro para a WGA East Founda-
de ser bem-sucedido _ .Ah, tion [o Sindicato de Roteiristas da Costa Leste dos Estados Unidos]. (risos)
quero o. ,.àf..rr, quero o dinheiro,
quero o
carro' quero a casa." E só digo isso
porque fui seduzido por e§sas
coisas
e depois despertei: ..Bem, espere
aí, era realmente isso o que eu
queria
alcançar sendo um roteirista?" portanto,
eu provavelmente poderia ter
tido uma carreira dr
f a z er ae s c or h a . I;1'jH: 'l
"- : :# :il; ;:: ;ffi
isso' por ter sido continuamente "T:H
.T:
fier à escrita, não sinto necessidade
;::
ser bem-sucedido em minha de
carreira. Isso me dá a riberdade
de convi_
dar outras pessoas parâ a dança.
Entende o que quero dizer?Mas
é fácir
perder isso, especialmente na
nossa profissão.
f cr r rry llit'hs
1rrr,r lr,rt,r ,'1 1r.1., ( lr.1,t ,l l'V;t t':t[19- A plirrrt'i1lt V('z(lLlC l-t:lbalfitli tlttrtt
l)r()r,,r,un.r rlr rrrrr,r lrot ,t l()i tlttttrlt s['ric chamadaDAWson'SCreek,quCní<l
r rislc rrr.rr:, l)r 1,,,r.' lrrr lrrrt'rt SexandtheCity, naqualtrabalheiporseis
.rrros. Iioi ,ri ( llÍ ( rrr gt .rtttlc medida aprendi sobre planejamento de histó
de998 azoo4)
rirr c cst'ritrr, 1oIrst tvrtçllil:.Jcnny escreveu quinze episódios
JennyBicksfoirotei,stacrrr.rtrrrr()r,r (.\(.(rrrivircrusérieser
daHBO, váriasvezespremiacr. andthecity, Nr'rs gost:rnros tlt' [)(.nsar que foi Sex and the City que levou a comédia
trrrr, ( rl,rrr, r,c ()r-rr.o e o Emmy, e atu-
almente é roteirista e produtora tlt' meia hora de câmera única para a consciência da televisão. Depois
cx.(-rtivrr tr;r sóric The Bigc.
E também a
criadora e roteirista da série
Men in?i-r,r..s, trrr A,cr, c
t'rr criei MeninTrees, que era um programa de uma hora para a ABC,
fillaae Tudo que uma garota quer, d,e zoo3. "r.."i.., o roteiro do t'isso foi tudo por dois anos, e finalmente cheguei aTheBig C, que é
r rrrcle estou agora. Esta é nossa segunda tempora da, e é um programa de
você escreveu para a sua primeira
série em ry%. rr-rciahora de câmera única. Nós o chamamos de comédia, mas ele assu-
o que a revou até ta? o que você
estudou, qualfoi a suaformação? rrriu agora aquela forma de comédia que é ao mesmo tempo muito dra-
rrrática e muito cômica. De certo modo nós reformulamos o significado
É bom que você tenha encontrado
toda a minha história desde
me formei em liter 19931 Eu dc comédia.
propagandar,."*"":L:*,J:H'§HHIT':::::T::;:I..,,."",T_
sobre participar de uma sala de roteiristas numa sitcom. Onde e como
guindo um emprego numa sltcom Você falou
em 7g93,que era It Had to Be you,
Faye Dunaway' Foi uma com csse conceito começou?
combinação muito rara, porque
ela nunca tinha
feito uma sitcom antes. Eu A sala de roteiristas já existia desde os anos 1950. Aquelas velhas lendas
só pensei ..é meu primerro
emprego, tenho
arla Cahrórnia para rabarhar ni"o da comédia, três ou quatro daqueles sujeitos se reuniam em salas. E
filn:T#,I"1,T:3: trm seguida
acho que isso se desenvolveu a partir daí. O que aconteceu foi que nos
rheNakedri,th,At;:,:;,:;:r";::;;;:il,;::::::,^::{;,;:::X,:" anos t98o e t99o as salas ficaram maiores, passou-se de três ou quatro
filme Tudo que uma garoilt quer.A
maioria das pessoas não conhecia
essas
roteiristas numa sala para quinze. Eles eram chamados de diferentes
séries e elas não duravam
multo, uns dezesse;.".,.;;,^: :^ lugares e reunidos numa sala. A sala de roteiristas destinava-se origi-
sequer um ano inreiro. Mas
a
aprend,,
trabalhar em sara.s de roteiristas,
*r:'.'l,.,l""tri::i::];J:ãr.I nalmente a permitir que os comediantes experimentassem suas piadas
porque nessa época a sitcom e seu material. E nas salas de que palticipei... ainda era isso que estava
auge' por isso eres estavam estava no
gastando muito dinheiro e enchendo as
saras acontecendo. Você lançava uma piada ali e via se obtinha uma reação.
de roteiristas' Assim, tive
uma chance de trabarhar em
bem, sobretudo homens, isto salas cheias de, Cada sala funcionava de maneira um pouco diferente, dependendo de
é, geralmente era eu e
um bando de caras. quem era o showrunner e de como ele gostava de fazer isso, mas em
Isso não mudou muito, não
geral tratava-se de reagir às piadas e histórias uns dos outlos, tentando
e?
fazer a sala rir, isso se tornou significativo... Você sabe, se você consegue
(risos) Não' Ainda é assim.
Foi ótimo para mim aprender fazer a sala rir, então aquilo merece ser investigado.
ari a esrrurura
dapiada' A comédia de câmera
única nao existia câmera única
- era para
9o

t;
\"'rrll'//l'Íltt lttttrt\tllrlrlr'trtltttt'rtt.trt ',r *r(ltlrr (lrtyr(irtttrr
lttttttrttttl,rtl r rrr , .r,l,r ( Í lr,t', (r oltl() Sll()Wltlllll('l) t'tt tlS tt'Vtl clt' Vtllta p:rl'a a Sltllt
tr,r l Ir

/\s.rl,rtlt tr)tcit,istas(.t.rt t)lurtírp(.(1rr u,r ( )1,utrlo.tsr.t I rr.,tlro((!nr trt rl(,...ttttst'gt-t itllr Ílçtlo[lSCtVaçõeSparaOaUtOrdOqUC
it,t,6ltrcq:6rt, 1(is(,l.i1lt()s
COnSidefaf. EleS VãO embOfa,
lris. Qrlarrcl() [r'rmin.u)r,s, Írrrlr.rrí,..,r r,1,,.,.,r,,rs, (.rss()
rt,spitt.t,t.i.t,rrití). lr('ns(), (1t,1,,, orr-nt,rrr,rs t.lc CICVe OU nãO
Passávamosmuitotemp()lt:t s,rl.r ,r,rrrr,rtlr r( v( 1r s( lr r.l('1(), ('() rrlcsmo processo se repete, o roteiro volta à sala,
t,rtl,rt(.nrporndar,clelinearclr ',,(
os arcos de cada um dos pcr':i(),,rr,(.rr:.,
,rr rrrrrrrrrr) ()rdc qLreríamos que lrrrlls6lr.t.rrr, l,rztttrtltttt'rtLáfiOS,depOiSeUfaçOaSmUdançaseSOmCÍlLc
eles
Começassem e terminassent. Assr.qrl,rn(lo
(lu(. (.ss(.s ilrCoS Furrcionassem
lrrt,io clc ilri 1r:rr;r t'stÍttlio, c depois para o canal.
bem em conjunto, traçando-os r.rL*r tltr,rtrr.r),
gar.,rtilrcro
que os crímaxes
de todos não fossem arcançados ao I tt rltrtntos rascunhos você estáfalandol
m(,s,r() t(',rr)(). . E como compor uma
partitura, você quer ter uma ideia de qual
instrur)c.to está tocando com ltlrrr, depende do tempo. No início temos muito tempo para fazer mais.
mais força em determinado momento.
Assim, passárvamos um longo tempo ( ()nt certeza são feitos dois rascunhos, talvez três, se você considerar o
na sala e depois planejávamos cada
episodio, e também passávamos muito r,rsr'rrnho do estúdio e o da emissora como dois rascunhos separados. Há
tempo junros, conversando sobre a história...
É assim que faço ainda hoje. v(,z(,s em que você não tem todo esse tempo. Houve casos em que tive
E mesmo quando fiz meu programa
de uma hora, Menin?ees, acredito
que rll(, pcgar um roteiro efazer mudanças a toda a plessa. Idealmente, um
foi isso que fizemos; realmente mapeamos
bem no início onde queríamos r ,rs,.unho chega à sala, sofre mudanças, depois segue para o estúdio e eles
que as colsas começassem e terminassem.
Em geral você decide quais você l,rz.t'm mudanças, depois segue para o canal e eles fazem mudanças'
quer que sejam sua primeira e sua última
imagem, para cada temporada.
Por exemplo, é isso que estamos fazendo que você, como showtunner, tem àe mudar A maiot parte do que o
exatamente agora. Acabamos de lt, ltú casos em
fechar a sala de
roteiristas de The Big c,três semanas tirista original
atrás. passamos de uma t rt escreYeu?
semana a dez dias construindo esses
arcos maiores, depois começamos
planejar os quatro primeiros episódios.
a lsso é muito raro. Acho que na última temporada tivemos um caso, e
vamos fazer oarco maior, depois
passar a cada episódio, e cada um rrilo foi culpa do roteirista; às vezes há uma história que não funciona
deres será incumbido a um roteirista. por
exemplo, ho-ie vamos farar sobre os r,rrr forma de roteiro, você espera que isso não aconteça e que possa
episódios três e quatro, tentando pôr
coisas no quadro, conversar sobre
rt,solver o problema antes de chegar a esse estágio, e depois nós des-
elas, osbeatsde cada história, assegurar
que eles funcionem dentro de cada
rtrcmbramos o roteiro e cada roteirista pegou uma Cena, e uma Vez
história, mas também no quadro maior Mas não é úril para mim
e no contexto do que veio antes, Pt.guei tambem todo um roteiro e o reescrevi.
o episódio anterior.
grrstar meu tempo fazendo isso. Certamente, há alguns ploglamas em
(lLtt: o roteirista-chefe estará encarregado de mais coisas. Ele pega e
E depois cada roteirista saÍ e escreve
seu primeiro rascunho?
r'('cscreve todos os roteiros.
Basicamente é assim que faço as coisas,
e acho que é muito comum tra-
balhar assim" ' Em sex and the city nos lintendo que a ideia é que a série tenha umd voz, que ttansmita a itnpressão de
chamávamos isso de esboço
independente... cada roteirisra cuida que foi escrita por uma só Pessoa.
de seu próprio episódio, do começo
ao fim' Âssim, paramos nesse ponto
e começamos a escrever um esboço, liaço isso através de minhas anotações para o roteirista em contraposição
depois que ele é decomposto, um esboço
cena por cena, o que acontece ;r polir cada um. Acredito também - e isso mais uma vez se deve ao que

I l*
ul)rel)dl em Sexondthecity (trc,*rr nór,le lunr:lona melhorse houvermais B qudnld í, r'(,n,f ú+rÍ, ( ffiatefldl? A TV a cabo c a TV aberta ndo estão cada vez
dc uma unicavoz,se um aspccl, trrre
de cada personagem forrepresen_ mdls púxim.Jr ultlíl ílil olttra?
tado por cada roteirista. se v.,cg 'errre
ussrlr lr, ta sex ançtr the ciry,vai perceber
que
cada episódio parece tarvezullr
por(.(, rlirbrente. Eu sei qual roteirista Ttnho de «lizcr que continua sendo um problemapaÍa as redes abertas de
o es_
creveu, porque étarvezum pouquinlro TV que elas simplesmente não toquem em certas áreas e que não tenha-
mais cínico, mais de um rado cínico
de Miranda' mais esse tipo de 1DOS permissão para explorar certas âreas.
ij interessante porque estou es-
carric, c no fim são os diferentes peÍsonagens,
para
mas não é exatamente uma sô Grevendo esse programa para a showtime, mas é a sony Television
voz. É uma s6 vozcom diferentes ângulos.
t §howtime. Assim, a sony é o nosso estúdio. A sony fazptincípalmente
Isso é muito interessonte. Rearmente gosto teleVisãoem rede aberta. Desse modo, às vezes as observações que re-
disso que você esta dizendo. parece
corresponder à natureza coraborativa
TV aberta, querendo dizer coisas
eebo deles são observações próprias da
da sala d.e roteiristas merhor maneira
d.a Há
possível como: como vamos te: ceÍtezade que gostamos desse personagem?
- como um métod-o para chegar
a diferentes perspectittas .as persona-
lidades dos ytersonagens. Agora, uma preocupação maior na TV aberta com a possibilidade de as pessoas
ürando o tamdnho da sola d.e roteiristas,
alguma ou*a diferença enüe drama
hti não gostarem do seu personagem e o desejo de que ele seja simpático.
e sitcom? você diria que
ha um ilpo diferente
§Obretudo se for uma mulher. Assim, você pode lhe dar defeitos, mas
tem
de deserutolvimento ou colaboração
entre os roteiristas? ou na maneira
s alas s ão estruturadas
como As de ter muito cuidado. Ainda há um sentimento na TV a cabo em geral de
?
que seus personagens podem ser muito poderosos e cheios de defeitos, e
É uma boa pergunta. Não estive Ainda há um desejo na
numa sala de sitcom desde o finar VOcê realmente não podefazet isso na TV aberta.
dos
anos 1ggo, etaTvez as coisas tenham
mudado. você queria fundir sua TV aberta de ter um começo, meio e fim, de modo que há uma espécie
voz o
de desfecho em cada episódio, ao passo que na Tv a cabo você não
máximo possível com a do showrunner. pre-
você queria deixá-lo feriz eser um
mímico realmente bom' o que acontece cisafazer com que o personagem aprenda uma lição ou chegue ao
final
no drama é que é mais importante
que você saiba estruturarmente
como fazer um roteiro. Tarvezisso de um círculo completo, você sabe, amarrar todas as pontas' Na TV a
se deva
também ao fato de que nos úrtimos
d,ez anosvenho trabarhando cabo temos permissão para simplesmente estal com nossos personagens,
mais na
Tv a cabo do que na Tv aberta. Há muito mais estrutura, sobretudo se pOdemos fazê-los cometer erros enormes sem necessariamente aprender
for um programa de uma hora. Especialmente
agora, porque a maioria com eles. Esse ainda é um problema com a Tv aberta. Ela ainda não se
das redes abertas de Tv quer
que você tenha seis atos, pois cada desenvolveu como seria de esperar, com base em todos os sucessos que
intervalo TV
comercial cria um ato, então você
está o tempo todo escrevendo estão acontecendo na TV a cabo. Fiquei surpresa, quando voltei à
para um
grande momento no qual eles possam
tnterromper o programa, o que é aberta por um breve período, depois de ter feito sex anàthe city por seis
muito falso' Esta é uma maneira longa
de dizer: achoque a diferença é que anos, ao ver que eles realmente não tinham aprendido com o sucesso
na sitcom você está menos preocupado de sex and the city e Família sowano. Não acredito que eles confiem
no
com a estrutura e mais preocupado
em ter uma piada, e no drama você
está mais preocupado com anatuteza espectador americano. As pessoas sabem do que gostam de assistir' mas
serializada dos personagens e com
a estrlltura do roteiro. Mas talvez
eles não thes dão crédito suficiente.
não
seja mais justo dizer isso sobre
as sitcoms, porque faz muitotempo
que
não participo de uma.
lliltlL'dfiente' é o gosto de dguttrt^ /fí..r,írrrr,r tra( detctming 40 que o púbrico
rlssÍslil cerlo? Elas são como porír,ir.os, li, r,r,rlto yoÊC
vai e6mo umil ptrrrltttpru eUtenho de ter um estúdio, que vai financiar o que
díJ se, principalmentehomens.
Mas eles não mudam e passdm do cttho quero fazct., e tlepolr vamos juntos a uma rede de TV, portanto todos nós
l,iltr., tt retle aberta, uolà*, por exemplo?
dCpendemos çlc unr estúdio e de uma emissora em termos do que eles
Estão começando afazerisso
cada vrz nlâi§, e isso é bom. Vão financiar. 'Ihlvez Dick Wolf... mas não tenho cetteza de que ele faça
Bob Greenblatt,
que dirigiu a showtime e foi
a pcss.a queurient ottThe
Bigc,além de weeds lfgO, Se você quiser ser pago por desenvolvimento, vai negociar com um
e NurseJackie, e são programas
s,bre mulheres muito fortes, CÉtúdio, que lhe dará um acordo de desenvolvimento, e depois você tem
de defeitos" ' ele acabou de
muito cheias
ir para a NBC. E essa é uma
para nós' Normalmente isso
grande mudança de desenvolver com eles.
não acontece muito. você tem
esses... bem,
principalmente homens que têm
esses empregos em redes
estão sempre sendo promovidos
abertas, e eres Então basicamente yocê tem os executwos tanto da tede de TV quanto do estúàio
e todos permanecem no
mundo do estú_ à mesa quando conversd s obre uma história?
dio da Tv aberta. Há roteiristas
indo e vindo, então você precisa
sujeitos encarregados de tomar ter esses
decisões indo e vindo também, VOcê a desenvolve primeiro com seus colaboradores do estúdio, com as
certo? paul
Lee' por exempro, que está dirigindo
ABC aqui, assumiu o cargo de
a pessoas que realmente o estão financiando como o roteirista. Você sugere
McPherson, e é britânico: ere já steve
está introduzindo uma espécie Num caso como o da Sony, quando
e eles essa ideia, trabalha com eles.
de sensibiri_
dade ao tipo de programas -eles não têm um negócio com apenas uma rede de TV... Essa é uma das
que deseja que nunca foi vista
aqur antes. Âinda
é espantoso quanto poder
umas du"s orit
ês pessoas podem ter.
E não canso COisas que aconteceram nos últimos dez antos, a integração vertical, em
de me espan[ar que os encarregados
da comédia não tenham um
pingo de gue basicamente cada estúdio tem uma rede de TV, por isso se você tiver
senso de humor'
Quando você se encontra com eres, realmente um acordo com os estúdios ABC terá de propor sua ideia Para a ABC. E
§e pergunta
por que são eles que escorhem
quar será a próxima coisa engraçada
por aí. Se eles não a quiserem você pode ir a algum outÍo lugar, mas é difícil
Penso cada vez
ais - ou sem dúvida ouço
cada vez mais que dentro Vender em alguma outra parte. A Sony pode vender para qualquer lugar.
de um ou dois anos eres vão -
iniciar um sistema mais baseado Mas hoje essas companhias são mais raras que nunca. A maioria delas está
showrunner e encarregá-lo de em trazer o
fazer aquilo em que é bom vinculada uma rede de TV.
do que em rhe a
dizer do que a rede aberta precisa.
Arri-, taTveztragam mais visão. Isso
significa que basicamente o showrunner
pode chegar e dizer:sabem, Sendo uma roteirista que gosta de escrever, você prefete ser showrunner ou umd
fascinado por sarah parin, sou
me impressiona o quanto a política
conservadora roteiristd na sala àe roteitistas?
ganhou força e realmente quero
escrever uma série sobre isso.
eles responderem "ótimo,
E emvezde
mas será que isso poderia ter Sabe, o ideal, mesmo sendo showrunner, é estal na sala. Isso talvez não se
uma padaria como
cenário?", (risos) eres diriam: "Isso showrunners, mas, como fui criada em salas de sitcom,
a todos os
parece ser muito interessante aplique
e é o que
ele sabe fazerbem,poÍtanto
vá em frente e faça isso.,, gosto de colaboração, gosto de conversar, de poder desenvolver histórias
em conjunto. Sem dúvida há dias em que, como showlunner, você prefe-
Cada showrunner tem sua prfpria empresa d.e produção? riria estar longe dessa posição. Porque tomar as decisões e ter de suportar
Eu tenho minha p ópria empresa, mas é realmente aquele tipo de pressão além de simplesmente ficar numa sala e criar é um
apenas em nome da
vaidade' Ninguém está financiando aborrecimento, e às vezes você não queÍ esse tipo de responsabilidade,
seus próprios programas.
Mesmo você quer ser o que chamamos de número dois. É a pessoa abaixo do
nh,wrunner, que tem bastante prrrel,, lnna
não precisa tomar as decisões para a web,
finals, Pode ser apenas um rott:lrlltu, lreo já reulru s(ol.rtecldo, Quero dizer, as pe§soas criam séries
mas não aclilr rlue Alguém tenha descoberto como ganhar dinheiro
com

lfso. E, isso cc:rtàtnente não gerou programas mais curtos na TV a


cabo ou
você vê uma evorução nos
formato.ri euer, dtzer, hd uma tend"êtcia específica
tberta. Há uma ou duas coisas que vieram da internet, como Web Therapy,
neste momento?
que é um programa de Lisa Kudrow que começou na internet e agora
Neste momento as Tvs abertas são
muito favoráveis à comédia de meia GStá na Showtime. Mas além disso eles permanecelam
muito clássicos na
hora com câmera única' Não foi sempre maneira de contar histórias. Há uma tendência na HBO apontando
para
assim, câmera única, quando
comecei, no final dos anos 7ggo, etapara
o drama de uma hora ou paÍa a minisséries, o que é ótimo. são cerca de dez episódios, e é tudo. A HBO
TV a cabo, não para a TV aberta. explorou muito esse formato, a Showtime, menos'

A TV a cabo começou. como o lugar ond.e você os orçamentos estão se eleyando? Ha séries cujos otçomentos parecemimensos.
não precisata de altos índices de
audiência porque não havia propagand.a.
Mas agora eres prestam
§im, eles estão gastando dinheiro. A HBO sempÍe gastou muito. Eles
arcnção dos gas-
números, não é?
tam mais que qualquer outra rede aberta, emissora a cabo ou o que seja'
Eles são importantes, mas, como não
são usados como instrumento de Mas até a comédia de meia hora com câmera única é significativamente
vendas na TV a cabo, a quantidade de mais cara que uma sitcom. Eles estão gastando com a produção'
pessoas que assistem ou não ao
programa não artera os números . Mad.Menobtém
uma audiência pequena
na AMC, mas tem muita aprovação coma um showrunner d.ecide quem corwidar ltarauma salo? como ele
escolhe seu
da crítica, assim há uma compensação.
número dois, como seleciona os outros roteiristos?
Então você está dizendo que eres yto,em mdnter algo porque é bom por razões Primeiro você considera que programa
prestígio.
d.e É uma combinação de muitas coisas.
está escrevendo e que tipo de experiência quer para esse tipo de programa'
sim' Isso os torna aptos e dispostos a se arriscar. Eu pessoalmente gosto de escolher pessoas com quem
já tenha trabalhado
Eles estão em busca de assi_
nantes' Por isso' estão em busca de atenção
e publicidade. As pessoas vão antes, porque isso é importante, a sala de roteiristas é uma pequena corpo-
as_
sistir ao Globo de Ouro e, você sabe, BoardwalkEmpire,qr.
p.ãg."-a ração,você tem de assegurar que todos se dão bem com todos, que você
é esse?
E de repente vão assinar. Eles estão
realmente procurando aumentar sua selecione a sala corretamente. Portanto, você pergunta a si mesmo: quem
base
de assinantes mais do que quarquer
outra coisa. E com ceÍtezainternacionar- eu conheço que poderia fazer isso bem? Depois: com que tipo de pessoa
mente, e isso é em parte do que se trata.
Eles terão uma programação que queremos fazer isso? Por exemplo, neste Programa queríamos evitar cair
atraia a Alemanha ou artâriatanto quanto espectadores
dos Estados unidos. no lugar-comum. Será que iríamos querer, por exemplo, dramaturgos'
pessoas que não têm muita experiência com TV mas trabalham bem com
Há outras kndências, especialmente personagens? Porque, quando você é treinado dentro de certo sistema
por
!,or cdusd d.a internet?

Sabe, o interessante é que uns cinco


um tempo longo demais, adquire alguns hábitos ruins' Se você é bom em
anos atrás as pessoas pensavam que
rnternet criaria uma grande bonança
a sitcom, não é necessariamente capaz defazer:Ltrnótimo programa baseado
paÍa aprogramação. Não acho que
em personagens. Assim, lemos muito, encontlamos pessoas. Precisamos
,lr ;,r,,.,,r,r:) (lU(. scj;trrr,tlrt.r l,r:. ( orr rr
)
' r" ",,r:i'ttl.rs, 1r.is r(.(-rr(,rrr(..1(,
l.
,,r,ts rr:rtr trt,t.xtt.itit.t.,is.rs
,r. rrr,r,, ,,, ,lr',, r',rl( ilt"l.r ,' I ililt r()n(lilt{) l,ill',1 () l)l()i('l(), ('lll ('()lltl'.lp<lsiç;l() il ('sl.ll'
l't'':tt'ls(lll('l)lrr'('çirrrtt'alr.rllrar'
Irt.rrrt-,,r()Lrtr:rs,c.lab,r.lrr,lr.rrr,,\.,\Í., no ('()nr,rrrtll l r( rrlr(,,\ollt' rlc tcr fcitr-l um bom número de filmes a esta
,.r \ o( r. rr,r() sirbc, você aS p(_)c
Sala e tem de Ver. nLlll]ál ,rltrt trt, tlt' rrr,,,l,) (lu(',ls l)cssoas sabem o que levopara.o processo. Em
11r'r'irl os r'()l('r rst,rs siio dcixados de lado. Bom ou ruim, depois que vocô
vocêfezmuitosprogramascomptrs(),rí,,gÍ,,,.{ ;rt'rlcluziu rttltrt lt' rrrrrlt't'ial, ele é entregue ao diretor, e é o diretor que é o
tttttlrtL,tL'.s.Osroteiristasfumbémsão
estereotipados, coa slrrwrunner.'l'ivc u sorte de trabalhar com diretores colaborativos e quc
,t1' (Lc(,nteceu com você
como rotei-
rista oufoi ,,*r,,':,:;:;:;':,':";;:,':,:,',,.tdnlrdr v;rlrlrizavam o que eu tinha a dizer, rnas o que costuma acontecer é que
sc em certo tipo programa?
d.e
clt's pegam o roteiro e fazem o que bem entendem. Na TV o roteirista é
Acredite em mim, não quero
outra c( lt'i. Faço um grande esforço agora para só trabalhar com produtores de
n ã o e s rou s e n d o re
qu i si t a d a
em outras coisas. Eu"não
o
",
.
",.
r'r' T;#:: H :::.H : r?J: : : r.irrcma que saibam quem eu sou e queiram trabalhar comigo. Estabe-
faria séries poticiais, não k'ci isso dessa maneira. A menos que eu precise de dinheiro. (risos) Sou
ã:r.1r::", posso fazer
lir r-nbém consultora de roteiro, por isso posso ganhar dinheiro facilmente
a resposta
cclitando roteiros. Mas não vejo isso como arte. Em geral, no cinema, a
etiquetada
coisa avança assim: ah, não gostamos deste roteiro, bem, vamos contratar
nhecemos.
outro roteirista, o que a meu ver é um erro, não apenas por uma questão
é que as pessoas digam
que não sei escrever sobre clc ego, mas também em termos de criar :uÍnayoz singular.
acontece. Gosto de escrever
homens. porque isso
sobre relacronamentos _
não necessariamente
relacionamentos românticos _,
e isso me pôs no mundo 'lbnde-se a dizer que a atividade dos roteiristas de TV e a dos roteiristas de cinema
mântica' E também no cinema. da comédia ro_
Tendo a escrever comédias não se comunicam. Você acaba sendo uma coisa ou outrd. Você concorda com isso?
românticas.
E o que me diz sobre escrever
para cinema yersus .fV? Na verdade, não. De qualquer forma, ao trabalhar num programa de TV
a cabo, como faço agora, tenho mais tempo. Esta é a segunda temporada
Isso é algo que eu não
faço. Só tenho um firme
que chegou realmenre que estamos gravando deTheBigC, e são treze episódios. Não são 22ort24.
produzido. Ele a ser
se ct Tenho um longo período, cerca de metade do meu ano, em que não vou
anosatrás.Érrrrr:;::rT:;#';;::::;:::r'r;r::?T[:r:::t:::
estar fazendo isso. Assim, posso trabalhar em roteiros de cinema.
rg50' Esse é um bom
exempro das diferenças
entre escreverpara o cinema
e escrever paÍa a TV.
Foi o primeiro filme que Ha séries em que parece que cada episódio esta sendo dirigido por um diretor
escrevi' Tive sorte porque
não tinha realmenre
";;;^:":^:1i' diferente.
e, qu and o er e foi
velmente oito roteiristas
nh #, :ffi ,.,T:. Iffi :::'il!;:i,*iil::T:
haviam trabalhado no projeto. Nos três últimos anos, mais ou menos, foi estabelecido que há um diretor
Ele se ffansfôrmou
de um pequeno firme
pessoar sobre uma moça principal em cada série. Um diretor que vai dirigir mais que qualquer ou-
na casa dos vinte anos
valpaÍa Londres em um que tro. E que também estará lâpara ajudar a orientar os outros diretores que
firme muito convencionar
sobre uma menina de
dezesseis anos que vai chegarem. A verdade é que quando você tem diretores que estão entrando
para Londres: isso mudou
tudo. Trata_se rearmente
e saindo, não há nenhuma consciência sobre o que é o programa. Você
ll lrI rlUIt (lU(' t.lr.
1,.;1t.r,.r I olrrlrli rrri ltr ,ltlr lt,ltlt.,t t.ttl.t,\(.nt,tn.t
( )ltlt.,t
r

( r,t.(i.t (llt(, Íitzt,rrtos


r. (), lr.il|l.rrlrr, ;,,1 1/,,,,1r,/rrr,r,,,;trt.
,ttrrl A r'( r,nr,rrrr nrrrl,rr, rr.ro st'tst:i trr.us llirstlt tltlrt t:tttt«l dilrhcit'tt. Ii hti
í, tlrtlutclo vot.i. gt.itvlt
tkris t.ltisticli()s i_lo lllcsnl() l(.rrll, rrurlos rr)t( r r',r.r',,1r l,)nAils nl('tragcns que estão se transferindo para a
I llt,tr r \ or I n.t() r,sl:i t.t.ccltcltclo
Utttlt t]ova i'V. l)ril,iltt| ililr t( iltl)() í'r'lrtnos nós que íamos para o cinema, agora hai
pessoa a cada cinco dirrs, nr,rs
J,( 1, .l n.,, ( l,rs |)1 r )gr.il nlas c os preparamos
e filmamos juntos. l)('ss()irs tlo r rrr, rrr,r r lrt'grrrrdt) e escrevendo pilotos.

Quantos projetos você d'efato


li. qtranto a 'l'l-rc llig C? Você não criou esse prcgrdmd, certo?
km sL'tttlttt t'rt ttrtrttnlü,LL', rlesenttoltidos
até certo
Í,onto? ( lt'r'to. Esta é na primeira vez que conduzo uma série que não
realidade a

Houve muitas mudanças nos r r ici. E isso sem dúvida tem aspectos positivos e negativos. Conseguimos
últimos anos collr rclação a isso. Ântes, acon-
tecia de você fazer: esses ,lt' làto trabalhar bastante bem juntas. Darleen, a criadora da série, é atriz,
grandes acordos de desenvolvimento.
que lsso seja necessariamente
Não acho c sabia que seu forte é personagem.
uma ideia tão boa. você ganhava
dinheiro e depois eles tinham muito
de escorher uma ou duas ideias.
do caminho e eles iriam vendê-las,
você saía ltntão não éo tipo de via de mão única, em que você se torna criador e não pode
para que fossem produzidas.
Economi- voltar atras?
camente' não era um modero
muito inteligente. Assim, o que
aconteceu
foi que os acordos de desenvolvimento Sim, é possível voltar atrás, mas tenho sorte também porque chcgtrt'i
ficaram menores em termos
dinheiro' Eles também começaram de
a se esforçar para obter ponto em minha carreira em que posso fazer o que bem entcttdcl'.
:'rquele
proJetos espe-
culativos, que estão por aí. () programa era excelente e eu queriavoltar afazer TV a cabo, c tirrha
Âssim, nesta temporada, eles
irão escolher mais
roteiros que as pessoas escreveram uma história pessoal com câncer. As pessoas são impelidas pelo desejtr
por conta própria. o que isso
é que o roteirista tem de
significa
mostrar qual é a sua visão antes cle ganhar um Globo de Ouro, mas não preciso de mais prêmios. Não
de se associar a
um estúdio' As pessoas que tiveram precisamos repetir isso.
sucesso nisso foram principarmente
roteiristas que eles conhecem,
rotei.stas que podem ser showrunners.
Assim' eles trazem um projeto Você é uma pessod de muita sorte Í,or ser caÍ)dz de entender isso e não ter de
que já esrá embrulhado.
Aqui está ele, eu o
conduzirei se vocês gostarem repeti-lo.
do roteiro. Às vezes ,.r)"- ,- dir"t.r.
também' Eu, pessoarmente, "t.,
vou ter olto ou nove ideias na cabeça ou no Sei disso, acredite. Escreva sobre o que você sabe, escreva o que quiser
computador, e sei que quero
criar uma serie com eras em algum escreyer, vá em direção ao amor. E isso que digo aos roteiristas. Escreva
se vou escrever todas eras
momento.
ou desenvorvêlas antes de sobre as coisas pelas quais você se sente atraído,
certa com quem trabalhar é
algo que não sei. Houve um "r.Àr.". a pessoa
tempo em que
se gastava muiro dinheiro
com grandes nomes, David prêmio a liberdade criativa, não E esse e o Lugar onde você criara seu melhor
Kerley ou Aaron O e é?
sorkin' por exempro e eles são
- grandes entidades. Âgora, de
certo modo, material.
estão espalhando a riquezaum
pouco mals e gastando dinheiro
também Sem dúvida. Sex and rhe City foi esse lugar. Nós adorávamos aquilo. Gos-
com showrunners, que estão
ganhando proeminência e são
promissores,
em vez de gastáJo com pessoas távamos de trabalhar uns com os outros, gostávamos de escrever aqueles
que vão rhes custar 0u gmirhões
7 por personagens, gostávamos daquelas vozes. O sucesso foi apenas a cereja do
rl,, ll, :.t. vor i.i,t:t;l,rz rlr. ,.rr, oI rt I l llt,t ,,il lt,t(,.t() ( ()nl() ('Sslt,
I r,
tt.nt tttttiÍ:t l(obt'l't ( ,.rr lor l«
:,(,rl( ll tlt'pois v()('ô g:utll.t o nlrl ll ttr r I\..l,ts vor-i' nio
l,rr r rt
ltorlc (,s(.t.(.v(.1
ir lHunra coisa porquc .rlr,
lr(.ns,r: 1,,t,, \ .rr l tÍ ,l,r r ,rtlrrilr». l)<lr.qUc Cu Íiz iSs6
e não gostei das consequôn<.i,r:;

runner de jo Rock llJm maluco na TV)' junto cottr


Trabalhar luma sala de roteirisrtts t. t ttnttt rr., r,,,r/i().§
competind.o pelo amor da l (olrcrt Ca rlot' k li r i show
mãe?
apartirde 2cJ15eÍnl]nbreakabLeKmrry Schmidt'
l,irra Fey [repetindo aparceria
Muita coisa está acontecendo neste 1,()rrcrt() cni tcrmos .lrr Netflixl. Antes disso, participou da equipe de
roteiristas de Saturàay
<ie forma versus
conteúdo, mas uma coisa não está mudando: continua Night Lite(SlVL, 1996 a zoot) e de Friends
(zoor azoo4)' Ganhou' entre outros'
sendo incrivelmente prêmios
dificil ser uma mulher nesta ind.ústria. Tênho muira sorte tli's prêmios Emmy, três prêmios do Sindicato de Produtores' seis
por ter ultrapas-
sado aquele ponto em que as pessoas vão me jurgar, tkr Sindicato de Roteiristas, um prêmio Peabody' um
prêmio da Associação
mas muitas murheres
de Ouro'
são detidas em determinada artura e são rotuladas, tlt'Críticos de Televisão, um prêmio GLAAD e um Globo
é uma indúsrria diri_
gida por homens. Eu gostaria que fosse diferente,
e acho que isso rem de
ser dito porque é algo contra o que todas nós
estamos lutando. lt ntão, como foi que wcê chegou a showrunner?

As pessoas chegam
Não existe uma linha direta para chegar a esse ponto'
Alguma sugestão?
tlctodososlugares,maseuprovavelmentetrilheiocaminhomaisenfa-
a
o que tentofazer à minha modesta maneira como showrunner rl«rnho, pelo menos na comédia, que é: trabalhei PataaHarvatdLampoon'
é contratar estava na graduação'
mulheres e dar a elas mais oportunidades de ascender. r.cvista de humor em Harvard.l Ingressei nela quando
Mostrar que as
mulheres também podem fazer isso. Sei de salas Vcnho de uma família com muitos jornalistas, publicitários e pintores,
de roteiristas de sitcoms
em que não há absolutamente nenhuma mulher.
Gostaria que percebes- t:ntãoentreiláparaconvivercompessoasdementalidadesemelhante'E
sai dali passa afazer isso
sem que as mulheres são divertidas. E que elas depois você se dá conta de que todo mundo que
dão conta do trabalho rão
isso' em pânico' não tendo
bem quanto os homens. E digo isso publicamente para ganhar a vida. Sempre fui fã de SNL' por
também: acho que as em his-
mulheres são mais adequadas ao papel de showrunner adquirido nenhuma outra habilidade com minha especialização
do que os homens.
Acho que remos uma habilidade para a multitarefa.
Muitos tesres feiros em
tóriaeliteraturaesemodesejodeentrarnaacademia,comeceiatental
da comédia' Havia muita
cérebros de homens mostram que eles são capazes escrever. Surgi num momento propício na vida
de comparti mentarizar
cerca de quarenta sitcoms'
- mas nós somos diplomatas melhores, nós ouvimos as pessoas. comédia na TV. Em meados dos anos r99o, havia
euando Night' E consegui um
estou num restaurante, estou ouvindo as conversas programas de meia hora, e todo o mundo do Late
à minha volta... os
e ser lido' Em pouccr
homens às vezes ficam tão fixados em sua visão agente logo ao sair da faculdade, um bom agente'
que não conseguem en-
xergar o que está à sua volta. E, francamente, acho tempo eu estava num programa de humor de esquetes no horário nobrt'
que quanto mais de nós
no caixão dr t.r '
conduzirem programas, e os conduzirem bem, tanto (The Dana Corvey Show), que mais adiante bateu o prego
melhor.
de esquetes no horário nobre' (risos) Aquilo
não funcionou srtlrt rr
média
lá por que razáo, e depois fui para o SNI'

i
Àú
l'llltltt t: tlt lttlllt'tt tlltl
t'ttt (l,r',t ltlt'rrtlr t ,lr rt t r^ tt,tl,,tlltrt. clltc clcs t:t'iltt-ltltt '
tu lttlnt.,nl.,.
I.s.rrt rift,ilrl ittconttltrt vttl,t i'l:ro l.t, tl tr,r,lttt l,t t's1l('cit'c[t'Ntlvlt York Íicc'l<llll
o programa merecla
Irrtirr» t.lt.s rrrr(,r r..,t.[rcram o reconhecimento que
Sinl, os agentesnaquela í,1rot,r
r \t.r\,rrr.r 1,r'lrr csct'itit. lit'.t
otitilo sentar com aquelas pessoas e ver como constru-
l)r()(.rrlr tlc clicntes, o que real
Tento fazet <'t
mente não acontece hojc. r )t'
t,trr ) . r( )(r( ( ( ), )rrr)ir r.aclo com o pessoar i,rru histórias c as perguntas que faziarn sobre histórias.
second city, fazendo stand-u, da
t' r rrtr, , r,r rs ( ) (lr(. cr.rvolve um con;unto de
nl('smoaquiem3oRocle,façoperguntasmuitoespecíficasaosroteiristas:
habilidadeseumaformaçãonruitrtriít.r.t.rrrt.s, rss«r é satisfatório? Está desenvolvendo?
Está empurrando a história para a
rrrinhahistóriaéumpouco
para isso' Em
monótona. Mas tive sorte de trabalha
r tlt.stlc cntão. ln'rrte? - e com frequência há respostas muito interessantes
com um membro
ltriends,por exemplo, RoSs poderia passar seu tempo
mas é
Você basicamenrc aytrend_eLt
a escreyer no trabalho. tl«r elencoconvidado, e nunca entrar em contato com seu pessoal'
rrisso que as pessoas se ligam, é claro - na interação
entre amigos' E você
sim' Aprendi a escreverpara encenação.
vinha escrevendo ensaios e coisas o ensaio não pareceram
t'stá perguntando a si mesmo por que a leitura ou
moderadamente cômicas e convivi
com algumas pessoas rearmente
en_ quanto deveriam' Muitas vezes você tem que desmontar
trro satisfâtórios
graçadas' Grande parte do que O que fizemos
rrlguma coisa e pôJa de volta ou mudá-la por completo'
fazemos é sentar numa sara
e compartirhar
piadas' E a intenção não é ser nós
competitivo, porque estão todos
vortados ,,*rro com Friends. Às veres, se uma história não estava funcionando,
para o mesmo objetivo, tornar
o roteiro o melhor possível,
sim" ' você sabe que todos estão
mas ainda as_ a .jogávamos fora inteiramente'
registrando as coisas no fundo
da mente,
quem está contribuindo, quem
é o mars engraçado, você se
sente tipo Vocês tinham uma sdld de roteirístas no SNLi
'quero ser capaz
de me encaixar". o srür é um
rugar o muito emporgante, sc e ll(-( )l11 I'rl rr I
multo competitivo. programas ao No sNL você é deixadO por sua própria conta. os roteiristas
vivo são tão emocionantes e difíceis pl'()Íll'rlttt;ts tlt'
encontrar hoje em dia. Há grandes de rlmayezpor semana. Isso é o que tende a acontecer com
aurores de esquetes que ficam Eles cstão si rrrplt's
Iá por
um longo tempo' mas eu não queria variedades. Cada um joga suas ideias na grande panela'
rsso, queria escrever histórias, mesa t()clx qtrill l'r
isso saí e fui para Friendspor
por mente sacando cinquenta coisas da leitura na grande
três anos.
feira,cadaumadasquaisteminiciaisounomesindividuaisnoaltrr.-.1)t.
Como foi isso? poisonzeoudozesãoproduzidaseoitoounovedelassãotransn-rititl:rs
pela televisão naquela semana'
Foi ótimo' parece que cheguei
bem no fim da vida do programa.
Eu era
apenas um membro da equipe
de roteiristas, e cheguei a p.odutor Então os roteiristas decídem juntos?
então ainda estava aprendendo. ali,
Mas, para ser sincero, não acho menos colaborativo'
grama tenha jamais recebido
que o pro_ Os produtores decidem. E realmente um processo
o reconhecrmento que merecia feta' um processo
de narrativa e comprexidade
em tefmos por necessidade, e também por causa da nattreza da
narrativa. Na realidade ele era de variedades está em
muito sério mais competitivo. Todo o sentido de um programa
com relação à forma das histórias
e à rnrerconexão sitcom tem
lhores episódios, o que é uma
de histórias nos me_ ser uma multiplicidade de vozes diferentes, ao passo que uma
coisa que rearmente gosto
d.e fazer.Há uma deterumaínicavoz.Assim,umaediçãoequilibradadoSNLtemmuitas
espécie de brilho naquele
programa, rodas as pessoas excluída de uma semana
são tão bonitas e a pessoas com diferentes vozes e muita gente sendo
lr,tr.r ,r ()lilt,t () rlrtt.srlitrrlr,.r
,;rr, r rlr,lr_rolr.rt.ir-tas
ililI)()r tirrt(,rklt1rrt, lli ( \til I ttttt rrtt rltthtr.t semprt: ntl stlld de roleirtstas?
lr t1.r,r,r ,,rÍ(í,rrr linlào t,ot csLao
,r 1,,r, ,, ,.,.,.,::"rilcn)r.lrt()nrcnos
,,, ,,r,rrír.rI'rrrt,. r)ornecessidade,para
s()r)I.r.vivcr,
atorcs tcrrt t;Lrr.:i(, ,r,,.,r,,
r,l('rll\l:rs' c roreiristas, Sirn, e ó t.litlo tlrrt.a situação de Tina é única, a meu ver, pois ela está tra-
precisam da força é claro,
d.a y'z^lt.:;s,,,, ,rr.
r
't l'rz'tr com que seu material balhand<-r quasc todos os dias como atriz. Por isso, muito do que faço ó
se;a ouvido, de
modo qr-rr. "
rrr,r ( r," ''''
Ir:r tentar puxá-la para que ela possa estar 1á em momentos decisivos. Quarltlrr
eatores.Masemtermoscl.t,sl,)rri) 'rrrl('(('lrrb<»ralçãoentreroteiristas
'1" 1ir ttlrr»' qtrc é tão essencial proponho alguma coisa, sugiro-a para Tina. um dos grupos auxiliart's
uma sircom *";;;;;.;":' para
,:"' propõe uma história e eles vêm a mim e trabalhamos nela. Mas depois,
tem nenhum incenriv^ h.r_ n^...- Jades você não
;:'i,I,;,,,, se for alguma coisa que querem os fazer, nós a planejamos de certo modo
você esraria No sNr,
",..'."I:0".0;*;;'j:
todo o reconhec.
^,:.:;':;,,ta passo a passo, e ela vai para os quadros, e depois eu a levo para Tina e a
i"o''o't'rb'' ; ;:"il :'"' encontro em Sua vida maluca, ocupada, e a mostro para elâ, e ela pode ter
o sNr tem uma :::":'1 : ffiH::]; ;J'"'i': sugestões. Na maioria dos programas não há essa coisa de ir à procura da
, mai.r número possívet
individuais. r"Jff'::;;, il:'.'il]:' de
uma equrpe para tentar
vozes
atriz, Í\aS ela realmente não é a atriz, é uma roteirista-produtora. Tam-
diversidade at ter uma
"o"" --;:";::",rmos
mas depois nós as fundimos pur) prodrrir bém vou sugerir coisas para Alec porque gosto de mantê-lo informado,
singular variad.a,zes umavoz
que está' espera-se, e se estamos fazendo algo para o personagem eu sem dúvida quero qLr(:
algo que rir" G.;;Jí:::*^t'ca' muito próxima de
ele compreenda o que estamos pensando, antes que ele o veja na phgirrrr'
Assim, estou mandando os roteiristas saírem patafazer um tratbalho t;trt'
Quantos roteiristds ha na salarle
3o Rockl sempre retorÍla através de mim. Há uma hierarquia dc prcccdi'rrcia: hir
Contando com Tina, Certas pessoas que vão conduzír uma sala, Certas pessoas que cstao aprcll
acho que somos rreze
enrre doze e catorze,n^::,:*"^1"", esre ano. Em Friends dendo a conduzir uma sala e pessoas que são roteiristas da equipe'
poucos anos que passei
eram
lhe permite lá' o que esses números
r^r."'nos
r, o que é de certo
^
grupos. Grande
modo decisivo, e àirrldlr_."
em dois O que você quer dizer com "conduzir a sala"?
parte do trabalho é feite
'^:t"' com todos' você quer
de todos q.rrrdo a opinião
,- r;;;":: Dirigi-la.
anres de ,". proposro
",..,..I"i.T r.".1""-.:1. :TI;;::T:::tl"
E reportar-se a você?
#::: ;*'J:::'" r,T,:J:,ffiT
iz a r a e nciênci
roteiro que será gravado
a vo c ê r,",r:"? ff;
duas semanas, dari a Sim, no fim do dia ou do dia seguinte. Em geral nós nos sentamos todos
. o or.,"., ;;:::=:","_num
de histórias para o roteirã
No começo, como i,lll':i :t':tão depois desse. os dias com os roteiristas-produtores principais.

de criar aquere,",,
rl
orto ou nove pessoas,
r::ffi#:: #":li,#f,::"#" ;#:T: Você pode me falar mais sobre o desenvolvimento de um rcteiro?
e com Tina atuando,
e alguém observando
dio como produtor, no estú Na versão platônica, que não acontece com frequência, mas acontece num
não estávamos dividindo
muito. Isso era intencional,
todos nós nos educamos.- bom número de casos, você está na sala e alguém a está conduzindo, di-
;.T.ffi:::"T:.:'nto r.,-o, ro que o gamos tltr<' sr.iu crr. Assim você está dizendo "foi assim que terminamos
a Írllirrr.r lr.rnlror',rtl:t", t' vocô qucr tcntar sC COnCcrntl'ar no próximO paSSo
No inícitt do utto tlt Côl§as são mais lentas, e e§se é um documento que tento
manter pol,v«llta de seis páginas, mas em geral acabamos escrevendo cerca
de sete ou oit«r páginas. Ele basicamente apenas descreve as cenas, algumas
das piadas; nós realmente só tentamos acompanhar os fios narrativos c
mostrar como essas coisas se conectam.

E cada história estd


ligad,a d um persondgem
diferente, certo? Então essa é a primeira yez que yocês realmente têm umohnha do tempo, onde
Sim. Esta é a história yeem como as histórias se desdobram, como se interconectam-
deJack, ele
de ter um bebê... Esse
tipo de
tentam se interconectar. Bem, uma das coisas que fazemos antes diSSO é numerar as cenas em ordem.
Assim, fal
o runner _ muitas vezes
acabamos t
e um runner. Sou um Então é um trab alh o facíl p ara o s roteirist d s, não é ?
grande adept
quatro ou cinco beats cômicos,
e isso não tem impacto emocionar. Está tudo 1á, e eles ainda assim estragam tudo. (risos) E você passa por coi-
sas como "aqui é onde o dia muda" etc., e às vezes você está errado - você
Você pode me ilar uma d.efiniçãode
runneri aprende tanto em cada um desses estágios. No esforço para avançar, às

Em geral isso tem i vezes você deixa escapar coisas que não se encaixam, ou que se repetem.
cundários' É a his tória
::TJi*'j;;'""*"ns
s e
de menos,
-n * r.'.ll: E quando você pede aos roteiristas para transformar isso em páginas, eles

curta. Tendo pensar nel,


J#?:H"i':T:#:TI: podem perceber que essas coisas são muitas e voltam confusos, e têm ques-
a .o*o ,r_, pequena válvula de tões. Sempre dialogamos enquanto eles estão trabalhando no esboço. E
escape. Se você
, pode se desviar para essa geralmente faço uma revisão no esboço antes de entregá-lo a Tina. Depois
coisinha
modo que nossos runnersnão o mandamos para o estúdio/rede, para a aprovação deles. Portanto, haverá
são a
. Ayui (ele apontapara comentários sobre o esboço.
um quadro
o de episódio) temos
um com sete
a e recebemos seus Alguém que não escrew pode realmente ler um esboço e compreendê-lo?
comentários,
designamos a um roteirista.
Com
Essa pergunta émuito boa. Muitas vezes a explicação de uma coisa pe-
episódio é como um história ou um
domar um cavalo *::j::",l#Jma quena pode tomar mais espaço que a explicação de uma complexa história
emocional. E muitas vezes vamos ouvir o seguinte: parece que essa his-
Essa é uma metuifora
engraçad.a. Aind.a estamos
na versão pratônica? tória leve está ficando pesada demais. E sempre descubro que, quando
sim' estamos' Assim'-o vamos ao roteiro, ele se torna novamente o que deve Ser. Mas expliCar
roteirista ou a equipe
de roteiristas escreveria
esboço e no mundo idear um "alguém compra um chapéu novo" demanda tanto tempo quanto explicar
eres teriam
nr*.o ou cinco dias para essa tarefa.
'ã mãe de alguém morreu'-por isso pode-se ter a impressão de que há um
dcnequ'Íbrro. É uma órima pcr*u*$, (
)r executrvo§ estâo cienres
nflei sâo os roteiristas, e alguns de que tflterior e ptxterlof. Então, pode ser que o rascunho volte e não funcione.
sã, rrrerhrlres que outros. Tivemos
sorte' Quero dizer, é diÍicil, muita Ele não faz sentldo.
m,s actr. que a esta altura da
programa os executivos o vida de nosso
conhecern t,. bem que não
fazemas perguntas
que costumavamfazer.
Ao mesmo tempo, pode ser O quenãofunciona?
chato ter um grupo
separado que não faz o quefazemos
crando opiniões
- mas se pensarmos ACho que, quando você tem vinte minutos Para contar uma história, tem de
neles como um público...
Bermuito conciso ou se safar sendo umpouco menos conciso. Não há espaço
OU tempo para o luxo de cenas que náo fazem a história avançar. Se uma
Mas o público vai ver o
Í)rogramd rear, é diferente. Não vai ler arguma cena não está lhe dando informação noYa e as Pessoas nela não têm atitudes
ainda e*a a caminho de chegarlá. coisa que
Claras, há algo errado. Talvez a estrutura da cena esteja errada ou talvez as
É chro' veja' executivos pessoas erradas estejam conversando umas com as outras.
bons são melhores que executivos
rurns.

Vou citar essafrase sua. Você pensa em termos de atos?

(risos) euando temos O que geralmente tentamos fazer é indicar onde pensamos que os interva-
dúvidas sobre alguma coisa... por
anos atrás estávamos terminando
exemplo, dois
uma lOs entre atos deVem ocorrer. Em geral escrevemos três atos, sim. Mas, para
de Tina, que,a ter um bebê,
tar"' E a maneira como fize
e ,".-rrr;Ip;r#i*;l::""T:::T Sertotalmente franco, muitas vezes encontramos os intervalos ao editar.
os isso no episódio final foi Porque a NBC insiste em dois intervalos, e o que geralmente acontecia era
sartar três meses
à frente nahistória' Tínhamos um prano que um desses intervalos era para os créditos principais, mas depois eles
para o ano seguinte, como
seria encenado e como ajudaria isso
a pôr um marco naquela queriam história continuando após os crêditos para manter a audiência,
a
deLiz' Mas' quando gravam história maior
s, tivemos umas duvidazinhas o quie faz sentido - e isso pôs em vigor a estrutura em três atos. Mas al-
preocupantes
e a emissora nos passou
comentários do tipo: "Isso guns episódios querem ser dois atos, ou algumas histórias querem ser dois
não
"Esse não é um ponto
estranho pa ra deixarLizi,,,
e
-rito maluco?,,, atos dentro do mesmo episódio, e algumas querem ser três.. . Um runner
Eles estavam preocupados
em deixar Liz o verão todo
com aquiro, estavam inquietos. é como uma história em um ato; não há intervalo Ítumtufiner. Do ponto
mos a questão' Mas, para
Assim, discuti-
voltar ao que acontece... o de vista de uma história, deveria haver intervalos. Mas, quando a história
esboço é aprovado, o
roteirista recebe comentários
e começa a escrever um
primeiro rascunho. principal em que você quer ter um intervalo quer ser dois atos, você tenta
E' como você sabe, sendo roteirista,
ao escreveÍ um rascunho inventar outro intervalo. Portanto, pensamos de fato dessa maneira, mas
a partir de
um esboço você descobre err
s. É tão fác, num esboço,
mas agora você tento não impor isso cedo demais.
tem de dramatizat isso e encontrar
uma r o para que alguém diga
faça tat coisa. Muitar;.;;',:::::' ou
Quais são os problemas classicos?
objetivodacena?^r,;,:"'"',1:r'rL1r"-#j::,1il.#,"1*"ffi#
explícito' esquecemos Sério? Ahistória não começa antes da metade do caminho. Temos muito
as piadas e deixamos
craro o que o personagem
está pensando e sentindo pouca informação. Ela é satisfatória em termos narrativos e criativos? Há
naquere momento, o que
o reraciona com a cena
surpresas, temos uma complicação no segundo ato - que frequentemente
8 csscs comentátlos Yêm dos dtores?

COnverso dc Íàtr-r com cada um deles depois de uma leitura. Mas não, so-
mos principalmente nós. Você está apenas ouvindo aquilo'

E os atores sabem que o que estão lendo ainda não estdlá?


samos porque, quando
§im, mas eles são ótimos, eles nos dáo rcoo/o. E isso é muito, muito útil.
s. vierem os verdadeiros
crítico será tarde demais para fazermudanças.
Porque você não pode culpar a atuação, você só pode culpar o material.
Assim, ostuma levar mais dois ou três dias.
ASSim, nesse momento você tem pela frente, Se tiver muita sorte, mais três

Isso
ou quatro dias de revisão, novamente num pequeno grupo.
é
feito ytelo roteirista inicial?

se esdvermos sem tempo, às vezes


posso pegar as cenas e simpresmente Vocês fazem um episódio depois do outro?
escrevê-las eu mesmo, mas elas
ainda serão revisadas pelo grupo. o mais comum é fazermos dois episódios ao mesmo temPo. começamos a
escrevef emjunho e Começamos a gravar em agosto, Portanto a essa altura
Vocês o segundo rascunho na sala?
fazem
estamos falando de uma dianteira de dois meses e meio' Neste momento,
Tina, eu e outro roteirista estamos escrevendo nosso centésimo episódio,
que deverá teÍ uma hora, o que nunca fizemos antes. Não é nem mesmo
o fim, temos mais dois episódios depois dele. Assim, cada um de nós está
escrevendo sua pafte e esperamos juntá-las durante o fim de semana, de
modo que todos possam ler e tenhamos os atores na semana que vem; vai
seÍ um pouco arriscado. Em outras palavras: agora, eÍ\yez de termos uma
dianteira de dois meses e meio, estamos cerca de uma semana e meia à
frente. Portanto essa é a versão platônica da escrita do programa - a versão
ideal, a versão todo-mundo-feliz-todo-mundo-incluído. (risos)

Vocês estão nd quintdtetnpotada. Com quefrequência experimentou essaversão?

Cerca de metade das vezes, eu diria. Porque você tem os dois meses e meio
no verão, e depois o tempo começa a ficar mais curto. Têmos zz episódios
por temporada, assim gravamos de agosto até o fim de março' Em geral
fazemos quatro episódios e depois temos um hiato na produção, de modo
que há um pouco mais de tempo paÍa escÍever, e em seguida vem a pausa
do Natal. se você fazarnasérie como a nossa, com uma só câmera, como
L',n lilme, então a semana crc íirrgu
é rrrrp à0rn*nA cre preparação para
um pode ser buil, nsbê, Ela pode fazê.-lo ver coisas que não veria se tivesse
eplsódio' Ao passo que numa sitr'rrrr ruuttrt,ânrcru
,.-r.r.
, de forga é uma muito telnpo para pensar a respeito. Mas você também vê coisas que de-
semana puramente de escrita, dt'
rrrrxftr que íieamos duas semanas à
frente, veria ter Ícito melhor, sabe, o princípio do chuveiro...*
porque eles precisam de um r,trirr
puhrrcacro para se preperar. E temos
felizmente um diretor muito pacierrtc
que var receber um roteiro no fim do
Você ainda consegue ter esses momentos? O espaço que lhe permite ter ideias a
dia e depois passará uma hora se prcparando
e começ atá a gravar,penso
pdrtir do nada?
que uma semana depois da segunda-feira,
E ere tem um esboço, o que é útil.
E depois vamos ler isso, se for possível
na quarta-feira, na esperança de que Às r"r.r. Com frequência ficamos aqui até as cinco da manhã. Se eu puder
funcione, e vamos revisar o
texto todo durante o fim de semana. escolher, prefiro ir cedo para casa e chegar aqui de manhã bem cedo - às
Assim, no
início do ano você é capazde criar mais vezes três madrugadas serão mais produtivas do que uma noite em claro.
espaço antes de revisar e gravar...
Mas você nem sempÍe tem essa escolha. Acho que faz uma grande dife-
Em algum tnomento yocês têm uma yerdadeira rença tê-la.
pausa?

Quando terminamos de gravar, no final de março, Tina


e eu tiramos uma F iends funci on o u da m es m d m an eira?
semana de ferias. Em geral aind.a temos
três ou quarro episódios para editar,
de modo que isso nos tomará todo
o mês de abril, e depois começamos
Foi diferente, porque a produção foi muito distinta. Em Friends nôs
de
novo no meio de junho. Assim, temos gravávamos nas noites de sexta. Levávamos de cinco a seis horas para
esse mês e meio para ver nossos
filhos.
gravar tudo. Diante de uma plateia. ErnRaymonde companhiafazíamos a
Esse deve ser um dos empregos mais duros que existem, coisa toda em três horas, a meia hora completa. Mas você está gastando
não?
o resto da semana reescrevendo e ensaiando, o que às vezes... Você sabe,
Levamos realmente a sério o fato de haver
muitas pessoas contando com é divertido na segunda-feira, mas nem tão divertido na quinta, porque
este programa' Tina tende a cometer
o erro de tornar a qualidade parte ficamos cansados daquilo, os atores ficam cansados, aquilo se torna uma
da equação, e isso fez as coisas mais
difíceis. Tudo, comédia e drama, coisa velha... Mas toda noite você está revisando com base no ensaio que
tem de parecef com pequenos filmes
e ser muito mais intenso e caro. viu, está recebendo mais informação. Assim, estávamos no comando da
E
os índices de audiência são importantes.
sim, tendo trabalhado em ci_ coisa, podíamos dizer conscientemente "o problema na verdade está aqui",
nema -nada que tenha sido produzido, mas
pe10 menos recebi para isso _, e deixar o resto de lado. Assim, por necessidade, a sala funcionava de uma
eu diria que é muito pior em certo sentido,
mas o bom é qr. vo.ê t.m maneira diferente. Toda noite havia gente fazendo serão. O processo básico
controle' Temos a úrtima palavra. É uma
responsabiridade que eu não continua sendo o mesmo. Há somente a distinção entre multicâmera e
gostaria de dar para outra pessoa.
câmera única. Acho que quando (David) Mamet estava fazendo um pro-
grama de TV um programa de ação militat ele disse, no momento em que
Mas a pressão dos prazos é imensa.. .

Realmente acho que, se você tem quatro * Princípio do chuveiro é a expressão usada por cientistas para descrever os momentos de
pessoas na sala, todas estão se
concentrando e contribuindo, Com seis inspiração que ocorrem quando o cérebro se distrai do problema a resolver, como quando
ou sete, duas escapam..A pressão
estamos embaixo do chuveiro, por exemplo. (N.T.)

=
entr$va em produção, que .,frzer
unr liltne é eomo correr uma maratona,
enquanto fazer um programa dc ,t.V Bntão ntnr vorf, monüa uma sala?
é trrmo correr até morrer,,. (risos)
VOcê lê tnaterlal, elrcgntra pessoas, muitas vezes contrata profissionais
Boafrase! mistura de habilidades.
Com quem trabalhou antes. E tenta encontrar uma

sim' eu a ouvi numa entrevista sobre SObretudo se houver muitos personagens diferentes para escreYer. Tracy é
aquere progfama. você sobe numa
esteira de corrida e ela não para. um afro-americano pobre, tão diferente deLiz, que vem da classe média
Evocê anda depressa.
grama é bom, ajuda. Estive em programas euando o pro_ da FiladéIfia, com formação universitâÍia.
que foram considerados ruins,
e ainda assim eu estava me
esforçando ao máximo.
Então você rcm alguémpara cada personagem?
Você sempre
faz um ytolimento final? Não exatamente. Pondo Tracy de lado como um caso específico - se al-
Fazemos o polimento na sala, guém tiver uma origem parecida com a de Tracy é ótimo -, o que você
e estou à frente disso. Assim,
se há quaffo
piadas sendo consideradas, teremos quer são pessoas que possam escÍever todo mundo. O que você procura
nossa discussão em grupo e
eu toma_
rei uma decisão - tudo isso é precedido é diversidade. Tivemos roteiristas que não fizetatn faculdade. Roteiristas
por uma discussão entre Tina
e
eu sobre a questão- o que envio que cresceram como testemunhas deJeová. Temos comediantes de stand-
para ela está tão perto do que penso
ser
a versão finar que, quando
era manda de vorta ..rr. .or.r..r-rários, up que querem essa outra vida após rodarem pelo país à cata de bicos. Te-
tento
incorporá-los eu mesmo. mos um punhado de nerds de Harvard. Temos tantas pessoas. Algumas
coisas vão ajudar certos personagens e outras não. Em termos de processo
você às vezes
Pensa que se tivesse mais tumpo pod.eriafazer tud.o criativo, gosto de ver experiências feitas por diferentes pessoas, diferentes
sem umd sd.la,
que poderia simplesmente escreyer
a coisa tod.a?
abordagens à criatividade, e você quer conviver com gente diferente.

Sabe, certamenre não poderíamos


fazer onúmero de episódios que faze_ Você mantém dmesmd sala durantetoda a séríe?
mos no tempo de que dispomos.
E também não acho que seriam
tão bons.
se temos uma média de três histórias
por episódio, estamos fazendo Idealmente, você quer ter uma sala fixa. No ano passado tivemos muito
quase
setenta histórias por ano' com revezamento.
começo, meio e fim, para uma
variedad.e
de personagens' Mas acho que,
quando funciona, é uma combinação de
trabalho individual e trabalho coraborativo
- quero dizer, todoautor geniar Você faria rma série polícial?
tem um grande editor de texto!
A colaboração é importante, mas,
além disso, no fim d:
para Gostaria muito defazer uma série policial.

sinromuitoorgulho;:::::i::il:ilTrff :,#,';::;,".,r:il':1
dele se tiver uma boa sala. Estive Acha que terio a chance de fazer tm programcl assim?
em saras que foram montadas com
muito
cuidado e não funcionaram... É disso que eu gosto nesta série. Acho que é difícil dizet que um rotei-
rista saído desta série não pode fazer alguma coisa. Acho que jo Rock é
um excelente campo de treinamento e vejo meu papel como showrunner
rcndo' cm lrnhas gerais, o de formrr
e trcrnrr og roteiristas sob mrnha
dlrcção.

você também os incentiva d correr


riscosp Tcnho a impressão de que yocê
cotre
riscos por aqui.

Bem, Tina é uma pessoa que deseja oscréditosdeJanetLeahynatelevisãoincluemTheCosbyShow,Cheers,


correr riscos.
em
Legal e GilmoreGids. Mais recentemente, ela trabalhou
Rosednne, Boston
Uma ultimapergunta. Você gosta
d.o que escreye? Ma.dMen,série dramática daAMC' Ganhou dois
Emmys e um prêmio do

Devez em quando' Muitas vezes Sindicato de Roteiristas'


me sinto constrangido pela minha
escrita,
mas às vezes também sou capaz
deme orgulhar dela. E na TV há
um certo Como você se tornou totsirista de TV?
ponto em que você tem de entregar
o materiar, seja o que for que pense
um belo
dele. (risos) Então isso ajuda.
cursei a universidade da califórnia em Los Angeles e recebi
Isso acabou
prêmio da sociedade de Rádio e Televisão de Hollywood.
me valendo um emprego como secretária na sitcom
Newltatt. Foi lá que
sala cheia de ro-
aprendi o básico da boa narrativa, tomando notas numa
escrever um
teiristas engraçados, talentosos' Como todo mundo' tentei
foi melhor'
roteito, que acabou sendo bastante medíocre, mas o segundo
ser roteirista'
o programa o comprou e decidi que talvez pudesse

O que você estudou na UCLA?

e Televisão' Defi-
Fiz uma especialização em produção na Escola de Cinema
ser diretora
nitivamente, não tinha pianos de me tornar roteirista. Esperava
eprodutora,massabiaqueprecisavaaprenderacontarhistórias.Escrever
:urlLa coisa e' se não
aqueles primeiros roteiros foi mais como tentar Íazet
funcionasse, era isso aí' Não foi algo inteiramente planejado'

vqcê escreveu para três das muito poucas séries que ds Pessods conhecem no trumào

tod.o e que aínda estão sendo tronsmitid.as em todos os ca.tltos ào planeta: cheers,

The Cosby Show e Roseanne. Dette ser umd rutllter muito rica'

(risos)Bem,voulhedizeroqueémuitointeressante.Vocêrecebecheques
ter se esgo-
residuais, e os cheques residuais de The cosby sltow deveriam

I
lail Na sala de roteiristas Janet Leahy

tedo há muito tempo numa progressã, naturar


das coisas... mas de todos pesquisadores incríveis. Nós os mandávamos sairparapesquisar e o resultado
os cheques residuais que estou recebendo, cuja produção
os de The cosby showsão os era material original. Às veres acontecia de nosso programa -
que mais aparecem. Roseanne e cheers também sef transmitido quase no mesmo dia
aparecem. Mas você ficaria demandava de seis a oito semanas -
chocada de ver como os cheques residuais
eondnuam chegando paraThe em que uma repoÍtagem impoltante era publicada no jornal. Assim, [io.t-
Cosby Show. Devemos ter alcançado algo muito universal. rcnLegalparecia muito mais ousado do que outros programas de televisão,

sem dúvida' Eu viajo muito e, sempre que d.elíamreceber cdrtas irritadOs de pohticos oulobistas contrariados, nd<tl
rigo a TV em argum hoter em argum Vocês
país, há sempre ouThe cosby Show oz cheers
ou Roseann e. Essas séries
Sim, recebíamos cartas contrariadas, mas com maior frequência um enorme
parecemfamiliares.
número de cartas de apoio. Recebíamos cartas de professores, médicos,
(risos) Tenho muita sorte nesse sentido. mães, pessoas cuja voznáo costumava ser ouvida. (risos) Na verdade, éra-
mos o programa favorito do presidente Clinton na época, foi o que ele dissc
E deçtois rocê começou ct escrever para um a Oprah.
d.os mais ousad.os
Í,rogramds d.e tod"os
os tempos na TV, Boston Legar. parece
que tocês não tinham quase nenhum
Iimite Para mim, que sou europeia, ele çtarecia mais um debate - qual 4 qucs-
- esytecialmente comreração a questões de correção poríticd. Isso é yerdad.e?
fosse fosse

tão com que estivessemLidando, yocês erdm tealmente cdpazes de ouvir os dois
Mais uma vez, tive muita sorte. Meu chefe e
criador da série, David E. lados, oumais.
Kelley,l me permitiu tomar as rédeas e escrever
tudo o que quisesse. Arém
disso, como David tinha muita influência e por Mas o importante é que, como em The Cosby Show - eu aprendi muitas
isso uma grande medida
de liberdade no que eÍa capaz de produzir, coisas emThe Cosby Show -, você não pode ter esse debate a menos que
trabarhei livremente sob seu
guarda-chuva. A equipe e eu tínhamos de tomar esteja entretendo sua audiência. Sou uma especialista' espero, em entreter
cuidado com os aspec-
tos legais. Seguíamos as mesmas normas pessoas, e é aí que a comédia entrava. Ela nos permitia jogar com o drama
do jornalismo investigativo, ci-
tando nossas fontes. E passávamos tudo pelo departamento e criar um passeio de montanha-russa. Porque justamente no momento em
jurídico. Mas,
contanto que fôssemos cuidadosos, podíamos fazer que parece que você vai pregar para as pessoas, ou levar-se a sério demais,
o que quiséssemos,
e eu me sentia realmente orgurhosa do programa
você escapa dali com alguma coisa engraçada. E, justamente como na vida,
nesse sentid.o. Ere foi
você podia estar rindo num momento e de repente as coisas tomavam um
transmitido numa época em que havia um desequilíbrio
de poder entre rumo sombrio. Os brilhantes atores davam conta disso. Assim, para mim,
o governo e a mídia, e o programa fornecra
espaço para mais de uma voz. atarefanúmero um em todos os momentos é entreter as peSSoaS, e o fato
de poder ter sua opinião ouvida é apenas uma questão de sorte'
Quando você se referia a obama e Hiuary crinton, isso era numa época em que
o Í'dís estdva no meio das eleições, certo? o programa não inJluenciou as
Í,essods Vocês tinhamuma sal'a de toteiristas?
emtermos de em quem elas iiamvotar?
Sim, embora salas de roteiristas funcionem de diferentes maneiras em
Não estou certa quanto isso. Tenho orgulho, porém, do quc ci. rht, fizcmos,
diÍbrcntcs pt'ogrilnlns. Vim da comédia televisiva de meia hora, por isso
a
A equipe e eu estávamos curiosos com reração
a muitas t.rinrrn, e rrrthsm,s dir.igi rt stlrr tttultt (,tl tllctl(,s t'tcssa linha, Tínhamos também um gruPo
drversrÍiendo de roteiristas
c.rn diÍbr.e rrrr,r c,nft ntos
de hab,idades. Havia
aqueles que eram merhores Em que mrdl.ltt í,,i dtor€s contribulram em Br:ston Legall Ou em The Cosby
rro dr,nrir, ilrrurle§
ue eram merhores em
média' especiaristas regais co_ §howl Ou lloseanneP
(advogarrrs qre se t.rnâfam
dotados para o rerato roteirisras), arguns
de histórras. r)acr. esse
conjunto de circunstâncias, Nessas três séries em particular, os principais atores tiveram de fato uma
eu usava nossos recursos
de maneira e
em geral trê s his tória s, voz - e serei específica. Em Boston Legal, David E. relley tinha prome-
e depois as combinávamos,
as sim pr
"J;;::'j:ffi ;,HrTffilffi
a n

equ,iúrando
o rom d. d.rm".om comédia.
I#: tido aJames (Spader) que ele poderia contribuir para seu personagem, o
qUe é muito raro. Assim, trabalhei em contato muito estreito comJames
criávamos a primeira história
nos quadros, eu distribuía
roteirista' Reuníamos esse cenas para cada SObre o material dele - Passamos muitos fins de semana discutindo seus
materia r, et faziauma
mos à história seguinte.
revisão, a"poi, passáva_ Argumentos finais, pois ele os apresentava quase toda semana. Em termos
Quando todas as três histórias estavam de The Cosby show - bem, essa era a série de Bill e ele dava uma grande
eu ia trabalhar com outro concruídas,
roteirista e as reunia.
contribuição. Após cada leitura, Bill comunicava seus pensamentos, e nós
Então você não d.aya o baseávamos todas as revisões posteriores nesses pensamentos, bem como
roteiro todo para um roteirista.
em nossas observações a partir do que tínhamos ouvido. Na época, as
Não. Embora isso ocorra
na maioria dor comédias eram gravadas em vídeo ou filmadas diante de uma plateia. Em
sido eficiente no caso de
Boston
como o merhor aproveiramento
Lega,. ;:r:t:;:::fi: .ffi,ã: ;": The Cosby Show, aprimeira plateia chegava à tarde, e nós o gravávamos

das habilidades como uma peça, movendo as câmeras para cada cenário, para cada cena
suía' Foi uma estratégia nr. .à" um de nós pos_
específic apatasuperar
esses obstácuros. Eu
em progressão. Depois, uma segunda plateia chegava à noite, e graváva-
as revisões para que fazia
dvéssemos uma ú mos o programa uma segundavez. Assim, tínhamos dois desempenhos.
coisanumasériecomoMadMen.^nr.,:;;"::""r';o;;*:J#:#: No programa da tarde, Bill seguia o roteiro tal como esctito, e depois o
programa da noite era dele. Nunca trabalhei num programa assim antes.
E quanto ao estúdio?
euondo eles podiam yer um rascunho?

Raramente recebíamos Ou depois.


observações do estúdio
ou da emrssora em razão
influência de David d,a
Ou depois. E Bill um mestre da improvisação, assim ele às vezes simples-
é
servaçõesoourror*T,:::TJ.#llTJ#,;:*:Jl:ffiT[: mente levantava voo a partir de um improviso num programa noturno.
e faziamos nossas revisões.
FIouve ocasiõ E você não sabia para onde estava indo, e era tarefa de Phylicia (Rashad),
comentário, mas isso não
vezes' Tínhamos muita
deve r.r r.o.rr"it::iilt;Ti:]it:I.*:rT ou quem quer que estivesse Contfacenando com ele - normalmente ele
riberdade parafazero que fazia isso com Phylicia ou MalcomJamal Warner -, fazê-lo voltar para o
queríamos. (risos) para
ter essa liberdade você
tem de fazerum excelente programa com uma falanáo roteirizada.Isso era realmente maravilhoso,
trabalho.
ver até onde ele conseguia ir. Depois, editávamos os dois programas jun-
E acho que o
fato d.e ser David. Kelley também
ajud.a, não é? tos. Isso foi incrivelmente diferente de qualquer programa em que eu te-
(risos) Realmente tivr nha trabalhado antes ou depois. EmRoseanne, atuei nas tempoÍadas fi.nais.
Roseanneecheers,"J:I:,:::T;T::,,":::lI:;;:.T;*..*" Quando eu estava lá, Roseanne recebia contribuições no estágio de enredo,
aprovando as histórias. Ela tinha um senso muito forte de veracidade. E, se
.. ('or§n nãr: Ítrsse
sircera, vrc* ,ttviu r,rrre
rÉil', o que ariás não era
divertido. Era contratava muito Você utiltzou lmprovtsAçdo ent Boston Legal também? Por vezes tem-se a im-
muilrs crrrrrtrlunten de stand-up
estrada, e essa era uma de seu tempo na prcssão de quc slm,
grancre r.(,sc'vrr rre rrrrent,,
TÍnhamos rivros inteiros
de piadas de resr
j;:1,::::" Não, nunca. Era tudo roteftízado. O único programa em que houve im-
Mai s um a
#.I ilil jT::: provisação foi cosby. Nunca vi nada igual. Esse programa foi incomum em
".,, i ::,Tl T ;,T_,1 fl::::.
muitos, muitos aspectos.
E quanto às saras de roteiristas
nessesprogramas? como
er, umd semana típica?
ali você teve o ctso de uma show-
Ah' sim' sitcoms, é claro.vou rhe dar a descrição de Você tAmbém escteyeu çtara Glll';nore Girls, e
uma semana típica. Na
segunda_feira dnhamos runneÍ que se afastou.
uma leitura, dê manhã.
Com base no que ouvia,
você trabarhava na revisão
do texto durante a tarde sim, Amy sherman-Palladino, que criou a série. Mas ela conduziu o pro-
e a noite. Na terça de
manhã, os roreirisras trabalhavam
no roteir" ;;;"*'":::
,am um episódio futuro. Em
seguida
'":::::::H#:rT;ffi?; grama por quase todo o tempo que durou.

ia embora e a escrevia'
Na terça à trrd., você ia
ao estúdio ver um ensaio lsso dcontece com frequêncía?
em que os atores e
os roteiristas e os produrores.
A noite da terça .;|".T:H:::j,H"ra Ah, sim. Não é exatamente incomum' É um trabalho árduo.
p o dia s e prolongar

trabalhando em fururos
até a madrugada. Na
r"::ffiliT:j]"'#:::ffill:
roteiros e à tarde haveria Na sua opinião, qual e a iruportância do conceito da sala de rcteiristas Pard o
um ensaio do episódio
atual com o estúdio e a rede. sucesso global da TV americana?
Mais uma
base no que tinha sido
câmeras' As câmeras etam
visto. A quinta-ÊiJ ,".,1Tn;:il,'#::H'; Acho que é tudo. Atê onde sei, nenhuma pessoa jamais chegou com todas
ftazid.as, os atores encontravam
específicas no parco suas marcas as histórias prontas para uma temporada de televisão. Isso é uma falácia.
e ensaiavam com o diretor.
um ensaio de figurino' se
a tarde de sexta havia Uma sala de roteiristas é decisiva. Não apenas pelas histórias individuais
fosse firme. E, se fosse
plateia e você iria realmente
videoteipe, haveria uma que cada roteirista tÍaz, fÍras pela explosão de narrativas que acontece em
gravá-l0. o segundo programa
na mesma noite. Nos intervalos seria filmado resultado da reunião dessas pessoas. É realmente extraordinário.
de tudo is
sugerindo novas
em roteiros jilt".,:::taria
histórias e fazend,orevisões
Quando umdÍ)essod escreyeumfilme, escreye sozinha. NaTV, hámuitAs
mentes

Então bosicamente você numo sala. Tudo isso se combina ouha o perigo de que o resultado se afasrc da
esto num campo de treinamento
yida durante esse militar e não pod.e ter verdade?
tem[,o.

Você tem amigos e família Ah, isso pode acontecer, sem dúvida. E pode acontecel se o showrunnernão
que com sorte compreendem
vezes fica intratáver' (risos) a situação, e às tiverum forte senso de narrativa, ou entrar em pânico sob pressão e aceitar
É muito diffcir quando
se esrá em produção.
Mas você teve ferias na primavera, algo menos que excelente. Os melhores showrunners são aqueles com uma
em geral março e abril
e parte de maio. fortevoz em defesa da verdade, da originalidade e do entretenimento. E as
salas de roteiristas são ditaduras. Isso é importante para se ouvir essa voz. A
;:T#::i;#i,",",:T*.,:T:T:[]:,J,,:T:ffi
:#?.::;:Iffi ,J; Entdo não
o toPo?
d qut as mulheres não tenhom autoconfiança suficiente pata subir até

;í, ", J ;:: :::*u,ü::m*:,:::.,,"x;* j:


não compreendem :iiü!
o conceito d. .qrip., e eles em geral não
Não. Há realmente muita discriminação nessa profissão. Há muita discri-
duram muito. minação por idade também. Tenho muitas amigas que estão sem trabalho
todos os
Então como é que
umapessoa se brna Porque têm mais de quarenta anos. Mas essa atividade muda
sho
no Programa de Treinamentos o tueindmenro dias. E é difícil para mim dividir as coisas em linhas de gênero, sobretudo
pard r^";#fí'comowcêfaz quando vejo tantas mulheres bem-sucedidas por aí criando pÍogramas
O programa, que está
em curso no Sindicato todos os dias. As oportunidades mudam constantemente. As plataformas
d Roteiristas e é aberto a
o. rr
reúne_s. ,*o, os sábados
,;;;;;. estão mudando. O modo como recebemos nossas histórias muda o tempo
,HJlil:::l,:," vários meses
todo. O que quero dizer ê que podemos olhar para essas coisas com desâ-
cu,ivosr.*,rrJff*?,:lT'::l:::i::il::T,,.""J,.frl.cimen,oExe.
nimo, ou podemos criat nossas proprias oportunidades.
e compartilham sua êxncriÂ-^;^ É -- -^'..qoLrr.ü LamDem participam
--
pessoas qr. ,"i,"ff;i;::il1í:T,o'*'ama de muito sucesso, muitas
em Programas. O que você temfeito ultimamente?

Você também trabal Nos últimos anos venho trabalhando emMadMen. Fui consultora do pro-
asegundau*n",.!í,lL:::-y:;:;"j;,";';;::quefoicancetadaapós grama durante dois anos, e este ano estou trabalhando em tempo integral
como produtora executiva.
Sim, acontece. Nessa série r io .F:_^r
série, Liz Tigelar
criou um piloto maravilhoso,
ela nunca ,r.rh, ..r"
>nduzido um programa mas
antes. Eles me pediram Pode nos contdr dlgum segredo sobre a temporada?
entrar e conduzir para
tosa e umap-0".:,11ffI;;:;*t'z é umaroteiri'à muito taren- (risos) Nunca!
contribuição foi no sentido Ássim, minha maior
de manter
pianejado. Meu objetivo avançando segundo
^or$anizada' o
era desran.nrr,"t,rriva

;::.:fl "ffi ;;._.. is s o. rnreriz_ J::[ ;?ã:j:il:f ff ;


temporada' Eu não
estava mais com o
programa r.r* o.""I1:^*:'"
slao, por isso não
sei o que aconteceu.

Ao queparecehdmais
homens showrunners
que mulheres. Por
ascenilem até o topo? que mulheres não

Elas ascendem. Apenas


não são tão numeros
rsso ocorre porque quanto os homens.
os homens gostam
Acho que
cem e com quem se
d. ,.r"
senrem conrortáveis,
. r::l:il::: #:T:.1#:::

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