PNAP - Bacharelado - Teorias Da Administracao Publica
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Teorias da Administração
Pública
Antonio Joreci Flores
Bacharelado em
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Teorias da Administração
Pública
Antonio Joreci Flores
2016. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
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3.0 Brasil, podendo a OBRA ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins
não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
CDU: 35
2016
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
AUTOr DO CONTEÚDO
Antonio Joreci Flores
Coordenação do Projeto
Alexandre Marino Costa
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos
Denise Aparecida Bunn
Projeto Gráfico
Adriano Schmidt Reibnitz
Annye Cristiny Tessaro
Editoração
Stephany Kaori Yoshida
Designer Instrucional
Patricia Regina da Costa
Revisão Textual
Patricia Regina da Costa
Capa
Alexandre Noronha
Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.
Sumário
Apresentação................................................................................................ 7
Referências............................................................................................... 135
Minicurrículo............................................................................................ 142
Apresentação
A�r��������o
Prezado estudante!
Assumimos o compromisso de pesquisar bibliografias, no que
chamamos de estado da arte, relatar conhecimentos adquiridos na
caminhada, tanto profissional, com atuação em espaços da educação
não formal – fora da escola –, bem como formação acadêmica, para
ordenar esse conjunto de conhecimentos e transformá-los na presente
publicação. Esse aprendizado vem contribuindo com as atividades
de docência, envolvendo ensino, pesquisa e extensão em espaços
universitários, tanto presenciais como a distância. Com esse conjunto
de informações, desejamos contribuir com sua formação cidadã,
nesse espaço do Ensino a Distância, sistematizando informações
para organizar esta publicação que passamos a denominar Teorias da
Administração Pública, que, com as demais bibliografias existentes sobre
o tema, pretende oferecer material de qualidade para contribuir com o
aprendizado de estudantes do Curso de Bacharelado em Administração
Pública modalidade a distância.
O material publicado esta apresentando em Unidades,
sendo que cada uma é composta por um conjunto de temas e seus
respectivos enfoques teóricos, com seus autores, em torno das teorias
da administração pública, observando-se uma sequência nos assuntos
que possam facilitar o seu entendimento. Salientamos, ainda, que os
referidos temas possuem uma identificação conveniente com a ementa
(objetivo geral da disciplina), o que é importante no desenvolvimento
do programa proposto nos conteúdos a serem desenvolvidos nas
etapas da disciplina.
Nesse sentido, a construção desta publicação apresenta da
seguinte forma: Unidade 1 – serão identificados conteúdos, autores e
sistematizações dos seguintes temas: o Estado, o Governo e a Sociedade.
Módulo 3 7
Teorias da Administração Pública
v
de 1988, em que os enfoques sobre administração pública passam a
ter mais atenção como: Departamento de Administração do Serviço
Público (DASP) Decreto-Lei n. 200/67; Constituição de 1988 e Emenda
Constitucional n. 19/98. Considerações sobre o novo papel do Estado
Quanto ao DASP, na e da administração pública. Já a Unidade 4 tratará sobre a reforma de
Unidade 3, vamos detalhar Estado e da administração pública: experiências inglesa, americana
mais, já que o assunto
e brasileira. A Unidade 5 tratará sobre representação e participação:
abordado na Unidade
está relacionado a essa
gestão pública e privada. Accountability e Responsabilidades: as relações
importante estrutura da entre demandas, políticas, ação governamental, controles e resultados.
administração pública Acrescentamos que este conteúdo distribuído entre as cinco
instituída no Brasil.
Unidades está sistematicamente relacionado com os temas componentes
da Ementa da disciplina – Teorias da Administração Pública EaD, do
Programa Nacional de Formação de Administradores Públicos da UAB.
Como contribuição para um melhor entendimento sobre esses
diversos temas apresentados, você terá, ao final de cada Unidade, um
conjunto de atividades que devem ser realizadas para que você atinja
a todos os objetivos propostos no início de cada Unidade.
É importante destacar, ainda, que várias bibliografias estarão
relacionadas, ao final desta disciplina para que você possa consultá-
las na busca de mais informações sobre cada tema tratado aqui,
pretendemos, com isso, enriquecer seus conhecimentos e contribuir
com sua formação.
Esperamos que com essa proposição sua caminhada no
aprendizado sobre gestão pública tenha pleno sucesso e, portanto,
você obtenha melhores condições de assumir seu papel de cidadão
com maior entendimento sobre suas responsabilidades a partir da
oportunidade recebida ao ter acesso a esse curso superior. Desejamos
Módulo 3 9
UNIDADE 1
O E����o, o Go��r�o � �
So�i�����
Objetivos Específicos de Aprendizagem
Ao final desta Unidade, você deverá ser capaz de:
ff Entender a evolução conceitual sobre Estado;
ff Identificar as diferenças e as semelhanças sobre o Estado, o
Governo e a Sociedade; e
ff Conhecer o significado e a importância dos partidos políticos na
relação da sociedade com o Governo.
Unidade 1 – O Estado, o Governo e a Sociedade
O E����o, o Go��r�o � �
So�i�����
Prezado estudante,
Nesta Unidade apresentaremos os conceitos sobre Estado,
Governo e Sociedade, para que você possa conhecer melhor
importantes componentes da convivência da sociedade no
decorrer dos tempos. Lembre-se de que seu tutor está preparado
para ajudá-lo no que for necessário, conte sempre com ele.
Desejamos boa leitura!
Módulo 3 13
Teorias da Administração Pública
A��i��
E��o�u�� / No�� G����o No�o S�r�i�o
A�mi�i��r���o
P�r�o�o� P���i�� P���i�o
P���i��
Princípios teóricos e Teoria política e social Teoria econômica. Teoria democrática
epistemológicos intensificada por ciên- Diálogo mais sofistica- com várias linhas
cia social ingênua do, baseado na ciência de conhecimento,
social positivista incluindo positivista,
interpretativa e pensa-
mento crítico
Racionalidade pre- Modelo de racionali- Racionalidade técnica Racionalidade es-
dominante e modelo dade restrito ao “ho- e econômica, caracte- tratégica. Múltiplos
de comportamento mem administrativo” rizada pelo “homem tipos de racionalidade
humano econômico” (política, econômica e
racional)
Concepções de inte- O interesse público é O interesse público O interesse público
resse público politicamente definido representa a agre- é resultado de um
como o expresso em gação dos interesses diálogo sobre valores
leis individuais compartilhados
A quem os servidores Clientes e constituin- Consumidores Cidadãos
públicos respondem tes
Papel do governo “Remar” (estruturar e “Guiar” (atuando “Servir” (negociar e
implementar políticas como um catalisador intermediar os inte-
focando um único para liberar as forças resses entre cidadãos
objetivo político pre- do mercado e grupos da comuni-
definido) dade, criando valores
compartilhados)
Mecanismos de Programas adminis- Criação de mecanis- Criação de coalizão
alcance dos objetivos trativos executados mos e de estruturas de entre órgãos públicos,
políticos por meio de órgãos do incentivo para alcan- privados e organiza-
governo çar objetivos políticos ções sem fins lucra-
por meio da atuação tivos para satisfazer
de órgãos privados e necessidades mutua-
organizações sem fins mente existentes
lucrativos
Abordagem da accou- Hierárquica: adminis- Orientada para o mer- Multifacetada: servi-
ntability tradores públicos res- cado: o acúmulo dos dores públicos devem
pondem aos políticos interesses pessoais irá respeitar a lei, os va-
eleitos democratica- resultar nos resultados lores da comunidade,
mente desejados por um as normas políticas, os
grupo de cidadãos (ou padrões profissionais
consumidores) e os interesses dos
cidadãos
Quadro 1: Evolução conceitual de Administração Pública
Fonte: Denhardt e Denhardt (2003, p. 28 apud MATIAS-PEREIRA, 2009, p. 174-175)
A��i��
E��o�u�� / No�� G����o No�o S�r�i�o
A�mi�i��r���o
P�r�o�o� P���i�� P���i�o
P���i��
Discrição administra- Discrição limitada Ampla discrição para Discrição necessária,
tiva permitida por oficiais permitir alcance dos porém restrita e res-
administrativos objetivos empreende- ponsável
dores
Suposta estrutura Organizações burocrá- Organizações públicas Estruturas colabora-
organizacional ticas marcadas pela descentralizadas com tivas com lideranças
autoridade top-down controle primário de compartilhadas inter-
determinados órgãos na e externamente
públicos
Quadro 1: Evolução conceitual de Administração Pública
Fonte: Denhardt e Denhardt (2003, p. 28 apud MATIAS-PEREIRA, 2009, p. 174-175)
v
o que devemos entender por Estado.
Módulo 3 15
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 17
Teorias da Administração Pública
Composição do Estado
Módulo 3 19
Teorias da Administração Pública
O Governo
A Democracia e os Governos
A grande maioria dos governos existentes na atualidade,
nos diversos continentes, é oriunda de práticas democráticas de sua
sociedade. Quer dizer, são escolhidos a partir do que a população
Módulo 3 21
Teorias da Administração Pública
v
votante assim definir. Cabe lembrar que as escolhas dos governos
são feitas por meio do sistema representativo, modelo esse com maior
predominância nas eleições para escolha de governantes. Então, a
sociedade escolhe seu representante, no momento da eleição, e esse
Destacamos que existe eleito deverá representá-la durante seu mandato eletivo. Isso é uma
também a democracia forte característica do sistema democrático.
direta, a indireta e a Para identificação de governos democráticos, conforme Downs
deliberativa, com formas
(1999), algumas condições devem prevalecer, entre elas:
de escolha de agentes
representantes da
sociedade civil.
f Um único partido (ou coalizão de partidos) é escolhido
por eleição popular para gerir o aparato de governo.
f Essas eleições são realizadas dentro de intervalos
periódicos, cuja duração não pode ser alterada pelo
partido no poder agindo sozinho.
f Todos os adultos, que são residentes permanentes da
sociedade, são normais e agem de acordo com as leis
existentes e estão qualificados para votar em cada um
dessas eleições.
f Cada eleitor pode depositar apenas um voto em cada
eleição que participar.
f Qualquer partido (ou coalizão) que receba o apoio de
uma maioria de eleitores tem o direito de assumir os
poderes de governo até a próxima eleição.
f Os partidos perdedores numa eleição não podem tentar,
por força ou qualquer meio ilegal, impedir o partido
vencedor (ou partidos) de tomar posse nos cargos para
os quais foram eleitos.
f O partido no poder nunca poderá tentar restringir as
atividades políticas de quaisquer cidadãos ou outros
partidos, contando que eles não façam qualquer
tentativa de depor o governo pela força.
f Em qualquer eleição, sempre haverá dois ou mais
partidos disputando o voto dos eleitores.
A Sociedade
Módulo 3 23
Teorias da Administração Pública
Resumindo
Nesta Unidade apresentamos vários conceitos, dentre
eles destacamos: o Estado; o governo; a democracia; os parti-
dos políticos e as democracias. Todos de grande importância
para o entendimento dos temas desta Unidade.
Cabe destacar que a sociedade representa esse conjun-
to de entes, por isso, o Estado e os governos têm a responsa-
bilidade tanto de representá-la nas diversas situações que se
apresentem suas demandas, tanto econômicas, como sociais,
com o objetivo de encaminhar soluções na busca constante de
equidade e de qualidade de vida.
Nesse entendimento conjunto dos conceitos e da reali-
dade social, qualquer atitude ou ação das estruturas de poder,
econômicas e sociais, deve entender as diversas conotações
culturais apresentadas por certa sociedade, para que possa
desenvolver suas proposições observando as características
que cada segmento social, em seu espaço de convivência e
de vivência. Isso significa um grande desafio para todos que
estão relacionados com determinado contexto, já que é onde
as identidades geralmente são diversificadas e compreendidas,
o que oportunizará a convivência harmoniosa entre as diversas
etnias.
Com o conjunto de conceitos apresentados, esperamos
contribuir com você no sentido de que possa responder às
proposições de aprendizado da Unidade.
Módulo 3 25
Teorias da Administração Pública
Atividades de aprendizagem
E�o�u��o ��
A�mi�i��r���o P���i��
Br��i��ir�
Objetivos Específicos de Aprendizagem
Ao final desta Unidade, você deverá ser capaz de:
ff Entender a Era Vargas e suas proposições de gestão do Estado;
ff Compreender a dependência do Brasil em relação a Portugal na
formação do Estado brasileiro; e
ff Identificar os conceitos, as semelhanças e as diferenças entre:
eficiência, eficácia e efetividade.
Unidade 2 – Evolução da Administração Pública Brasileira
E�o�u��o �� A�mi�i��r���o
P���i�� Br��i��ir�
Caro estudante,
Continuando os estudos da Unidade 1, na qual descrevemos os
principais conceitos de Estado, governo e sociedade, passamos
para Unidade 2 na identificação de importantes conceitos sobre
a temática definida que vai desde a evolução da administração
pública brasileira até as reformas que o país praticou em
determinado período. Nesta Unidade, você entenderá com maior
detalhamento o que estudou na Unidade 1. Desejamos bom
proveito do tema!
Observe que a partir de agora, os temas estão direcionados para
a identificação e as interpretações da Administração Pública, mais
especificamente no caso do Brasil.
Bons estudos!
Módulo 3 29
Teorias da Administração Pública
v
mencionados se referem à Revolução Industrial e ao Iluminismo: o
Saiba que a Revolução primeiro caracterizado pelas transformações no modo de produção e o
Industrial foi a transição segundo, pelo interesse no aprofundamento da busca do conhecimento.
para novos processos de
manufatura no período
entre 1760 e algum
momento entre 1820 Então, podemos resumir que Portugal passou longe das
e 1840, inicialmente
duas grandes transformações que trouxeram uma nova
ocorrido na Inglaterra.
era ao mundo: a Revolução Industrial e o Iluminismo. Esse
Você precisa saber
fato histórico se, por um lado, proporcionou uma nova
que o Iluminismo,
também conhecido
visão para o mundo nos aspectos produtivo e cultural,
como Século das Luzes por outro, justificou a manutenção do sistema de poder
e como Ilustração, foi predominante na época – monárquico, e garantiu a
um movimento cultural permanência de estruturas arcaicas.
da elite intelectual
europeia do século
XVIII que mobilizou o
poder da razão, a fim de Junto com a Revolução Industrial surgiram a descoberta de novas
reformar a sociedade e o rotas marítimas para a exploração e a conquista de novos territórios
conhecimento herdado da
para comércio, fato esse ocorrido no século XIV e que representou
tradição medieval.
uma das principais fontes da receita estatal portuguesa. Além disso,
a Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, ainda proporcionou
grandes transformações nas economias e na política mundial. Esses
dois grandes acontecimentos, mesmo que em épocas diferentes,
representaram importantes fatos que influenciaram as práticas dos
governos e suas estruturas produtivas.
Módulo 3 31
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 33
Teorias da Administração Pública
v
deve-se ter em mente duas características: primeiro a tentativa feita
na década de 30, e nos meados da década de 40 para modernizar
a administração e formar em todos os níveis do aparelho foram
parcialmente distorcidos e, mais tarde, abandonados pela cultura Sobre esse assunto,
política clientelista profundamente enraizada. Dessa tendência consultar Lustosa da Costa
na sua publicação Brasil;
resultaram duas consequências políticas importantes e mutuamente
200 anos de Estado; 200
relacionadas, tanto com respeito à natureza do relacionamento entre
anos de Administração
Estado e sociedade como no que se refere à governabilidade: por um Pública; 200 anos de
lado, como o pessoal não qualificado que geralmente se constituía reformas, da Revista de
no objeto dessas práticas clientelistas era geralmente destacado para Administração Pública,
2008.
fornecer os serviços públicos costumeiros de atendimento à população,
esses serviços foram se deteriorando continuamente.
Por outro lado, à medida que o uso intensivo do aparelho do
Estado, para garantir ou negar acesso a empregos e a outros benefícios,
tornou-se um bem político importante, quase todos os partidos políticos,
mesmo os que perdem as eleições, tornaram-se também cada vez mais
dependentes do Estado. Quer dizer: a responsabilidade dos partidos
políticos para com seus eleitores vinha da sua capacidade de dar-lhes
acesso a emprego no aparelho do Estado ou de manipular recursos
ou subsídios públicos do seu interesse pessoal ou corporativo. Isso
caracteriza o núcleo da cultura política populista-clientelista.
Em segundo lugar, se os altos escalões da burocracia foram
preservados em parte dessa tendência, eles tiveram, entretanto, de
enfrentar duas outras limitações. Cabe lembrar, de um lado existe
o Departamento de Administração do Serviço Público (DASP),
estabelecendo regulamentações burocráticas e escalas de salários
para os quadros do Governo Federal que eram percebidos por esses
altos escalões como incompatíveis com a sua capacidade criativa em
potencial e com suas qualificações profissionais. Por outro lado, o nexo
Módulo 3 35
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 37
Teorias da Administração Pública
O Patrimonialismo
v
assim descreve sobre o tema:
Car Emil Weber – Max
Weber – que foi um
O conceito de patrimonialismo aparece na sociologia importante sociólogo,
weberiana, no contexto da dominação tradicional, ora jurista, historiador e
economista alemão.
como sinônimo, ora como um tipo específico, ao lado do
Weber é considerado
feudalismo. Assim, a dominação tradicional pode ser tipo
um dos fundadores
patrimonial ou feudal. Já o patrimonialismo poderia ser do estudo sociológico
de dois tipos – patrimonial (ou sultamista) e estamental. moderno. Seus estudos
As duas distinções colocam em primeiro plano o tipo de mais importantes estão
relação que se estabelece entre senhores e seus servidores nas áreas da sociologia da
Módulo 3 39
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 41
Teorias da Administração Pública
A Burocracia e o Gerencialismo
Módulo 3 43
Teorias da Administração Pública
v
denominado gerencialismo.
do Plano Diretor para a
Reforma do Aparelho do
Em síntese, podemos dizer que os fatores relacionados fragilizam
Estado (MARE, 1995) de o papel do Estado-Nação, que, em consequência disso, passa a ter
autoria de Bresser-Pereira. menos recursos e, relativamente, menos poder.
A Tradição Weberiana
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Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
A Tradição Marxista
A Visão Neoliberal
v
eficientes foram priorizadas pelos neoliberais, que propõem um modelo
Trata-se de um dos
de Administração Pública baseado na lógica de mercado, inspirada
principais teóricos da na filosofia liberal de Adam Smith. Tais indagações encontram abrigo
filosofia liberal do século nas construções teóricas da chamada Escola da Public Choice, sendo
XIX. Saiba mais em:
os principais autores: Niskanen, Buchanan, Ostrom, Tullock e outros.
<http://www.suapesquisa.
com/biografias/adam_ Essa filosofia liberal despontou no início da década de 1970,
smith.htm>. Acesso em: e seu apogeu foi na década de 1980, com o fracasso do mundo
19 jun. 2015.
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Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
v
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): é uma
agência reguladora vinculada (não subordinada) ao Ministério das
Minas e Energia. Foi criada pela Lei n. 9.427/96, tendo por objetivo
a fiscalização da execução do serviço de energia elétrica transferido
Para ler esta lei na íntegra, a terceiros. O serviço de energia elétrica é um serviço público que
acesse: <http://www.
pode ser explorado diretamente pela União ou transferido a terceiros.
planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L9427cons.htm>.
Acesso em: 19 nov. 2015. Compete à União explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão os serviços e insta-
lações de energia elétrica e o aproveitamento energético
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde
se situam os potenciais hidroenergéticos. (BRASIL, 1988,
art. 21, XII, “b”)
v
Agência Nacional de Telecomunicação (ANATEL): é uma
agência reguladora vinculada (não subordinada) ao Ministério das
Comunicações. Foi criada pela Lei n. 9.472/97, tendo por objetivo a
fiscalização das execuções de serviços de telecomunicação transferidas
a terceiros. Para ler esta Lei na íntegra,
acesse: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/
Compete a União explorar, diretamente ou mediante
LEIS/L9472.htm>. Acesso
autorização, concessão ou permissão os serviços de tele- em: 19 nov. 2015.
comunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão regula-
dor e outros aspectos institucionais. (BRASIL, 1988, art.
21, IX)
v
Agência Nacional de Petróleo (ANP): é uma agência
reguladora vinculada (não subordinada) ao Ministério das Minas e
Energia. Foi criada pela Lei n. 9.478/97, tendo por objetivo a fiscalização
da execução de serviço público relacionado à área de petróleo.
Para ler esta Lei da íntegra,
Módulo 3 59
Teorias da Administração Pública
v
Agência Nacional de Saúde (ANS): é uma agência reguladora
vinculada (não subordinada) ao Ministério da Saúde. Foi criada pela
Lei n. 9.961/2000, tendo por objetivo a fiscalização da execução do
serviço público de saúde transferida aos particulares. A ANS fiscaliza
Para ler esta lei na íntegra, as seguradoras de saúde. Exemplo: o prazo de carência de emergência
acesse: <http://www. ou urgência é de 24 horas; se o hospital for descredenciado, o segurado
planalto.gov.br/ccivil_03/
tem que ser informado e deve ser creditado outro.
Leis/L9961.htm>. Acesso
em: 19 nov. 2015.
São de relevância pública as ações e serviços de saúde,
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e
também por pessoa física ou jurídica de direito privado.
(BRASIL, 1988, art. 197)
v
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): é
uma agência reguladora vinculada (não subordinada) ao Ministério
da Saúde. Foi criada pela Lei n. 9.782/99, tendo por objetivo a
fiscalização dos procedimentos e substâncias de interesse para a
Para ler esta lei na íntegra, saúde, por exemplo: fiscalização de alimentos e determinação de
acesse: <http://www. recolhimento de medicamentos e dos produtos com prazo vencido.
planalto.gov.br/ccivil_03/
Além dessas instituições descritas, temos ainda as fundações como
leis/L9782.htm>. Acesso
em: 19 nov. 2015.
estruturas de apoio à gestão pública, também na implementação de
políticas públicas, denominadas Fundações, que são assim conceituadas:
fundações são pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado
criadas somente para a prestação de serviço público, contando com
um capital inteiramente público e patrimônio próprio personalizado.
Se for dotada de personalidade jurídica de direito público, o serviço
público será transferido por outorga (99% das fundações que integram
o Estado são de personalidade jurídica de direito público). Se for
dotada de personalidade jurídica de direito privado, o serviço público
será transferido por delegação.
É relevante não confundi-las com as fundações particulares,
pois embora esta também tenha patrimônio personalizado, submete-se
a um regime jurídico diferente. Nas fundações particulares, os bens
são particulares; não há um controle pelo Tribunal de Contas; os seus
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Teorias da Administração Pública
Módulo 3 63
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 65
Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
v
Sua conceituação, no sentido econômico, pode ser definida
com base nos estudos de Pareto sobre os mercados competitivos.
A chamada “eficiência de Pareto” é a situação em que, ao mesmo
tempo, é impossível melhorar a situação de um indivíduo sem piorar
a de outro, sendo três as condições para sua existência: eficiência Leia mais sobre a eficiência
nas trocas, na produção e na composição do produto. Esta última é de Pareto em: <http://
www.econometrix.com.br/
sintetizada pela máxima de que a economia só deve produzir o que
pdf/a-lei-da-eficiencia-de-
o consumidor quer comprar.
pareto.pdf>. Acesso em:
Nas organizações, agregam-se ao conceito de eficiência os de 19 nov. 2015.
eficácia e efetividade, que, entretanto, nem sempre têm sido usados
uniformemente. Há diversas concepções sobre tais termos, embora
não sejam tão diferentes assim. Devemos considerar ainda o fato
de que, além da vertente econômica e administrativa, a questão do
desempenho organizacional tem, também, uma vertente sociológica
v
(SCHWARTZMAN, 1996). Assim, os sociólogos enxergam nos valores
sociais a explicação da motivação pelo bom desempenho.
Segundo os conceitos mais difundidos, eficiência está ligada ao
melhor uso dos recursos da organização, de forma a obter seu produto
ou serviço. Poderia ser sintetizado na relação entre o input real e o Para este estudo sugere-
input padrão (o desejado pela organização), cujo resultado tenderia se esse conceito sobre
eficiência, destacando
a zero. Para Coelho (1979, p. 23),
que existem vários
autores que tratam do
[...] de forma geral, podemos pensar no conceito de efici- tema nas Ciências Sociais,
ência como aquele relacionado ao emprego de recursos principalmente.
de forma a obter a melhor relação custo benefício entre
os objetivos estabelecidos e os recursos utilizados. Para
isso, os recursos devem ser empregados de forma racio-
nal, critério presente na base das organizações adminis-
trativas e parte integrante do paradigma dominante na
teoria organizacional.
Módulo 3 69
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 71
Teorias da Administração Pública
v
a relação entre o produto (output de energia) e o custo (input de
energia), referindo-se aos aspectos internos da organização. Eficácia é
definida como a “[...] maximização de rendimento para a organização,
por meios técnicos e econômicos (eficiência) e por meios políticos”
(KATZ; KAHN, 1987, p. 183). Com relação ao conceito
v
capacidade adaptativa.
Módulo 3 73
Teorias da Administração Pública
v
determinada demanda da sociedade.
A efetividade pode ser avaliada a partir da identificação da
satisfação da sociedade demandante na tarefa realmente realizada.
Este é um conceito
Isso também implica em sinalizar que os recursos foram aplicados de relevante sobre
maneira distributiva satisfatória, com os governantes cumprindo suas efetividade. Consultar
atribuições. outras afirmativas sobre o
tema do próprio Girglioli
Outro conceito importante e que é fundamental nos modelos de
(1995) e outros autores.
gestão, é o de produtividade, que expressa à relação entre o produto de
uma organização e os recursos utilizados para a sua obtenção. Reúne,
pois, os conceitos de eficácia e eficiência, além dos de qualidade e de
tempestividade.
O termo logo se difundiu, tendo sido, também, utilizado para
atacar o formalismo e o corporativismo da Administração Pública,
sobretudo na Alemanha (GIRGLIOLI, 1995).
Esse elemento pejorativo acompanha o conceito de burocracia
até os dias de hoje e, em que pese a enorme produção intelectual
sobre o tema, não é rara a associação do termo com a abundância
de papéis, rigorosidade de normas, excesso de formalismo, etc. Não
rara, também, a associação entre burocracia e ineficiência, como
veremos a seguir.
Módulo 3 75
Teorias da Administração Pública
Resumindo
Vimos nesta Unidade vários temas contemporâneos em
relação à atuação do Estado foram tratados, envolvendo dife-
rentes conotações de todo o contexto que envolve a Adminis-
tração Pública. Um dos destaques da Unidade são as contri-
buições de Weber, principalmente sobre o patrimonialismo,
a burocracia e o gerencialismo que envolvem os governos no
contexto histórico. Lembrando que a contribuição desse autor
não se esgota nos temas referidos, mas foi o recorte feito na
contribuição com a temática da Unidade.
Foram vários os assuntos descritos nesta Unidade, todos
necessários para a contextualização histórica, o que oportuni-
zou que pudéssemos entender melhor a evolução da Adminis-
tração Pública brasileira e sua relação com os vários temas que
envolvem todo o sistema. O que implica em entender os meca-
nismos de atuação do Estado, bem como as estruturas possí-
veis de contribuir com as diversas modalidades de atuação dos
governos na busca de intermediar da melhor forma possível a
execução de suas políticas.
Os temas desta Unidade apresentam uma variedade
significativa que vai desde a estrutura e função da Administra-
ção Pública, onde estão descritos os principais conceitos de
eficiência, eficácia e efetividade, passando pelas contribuições
de Weber, Marx e Adam Smith, chegando-se à descrição das
estruturas existentes no Brasil, que, além dos governos, contri-
buem com a implantação das políticas governamentais.
Módulo 3 77
Teorias da Administração Pública
Atividades de aprendizagem
Concluímos mais uma Unidade, este é o momento de você
conferir o seu aprendizado. Para tanto, realize as atividades
propostas para você e lembre-se, precisando de ajuda, seu tutor
está à disposição.
Bons estudos!
Módulo 3 79
UNIDADE 3
B��� L���� ��
A�mi�i��r���o P���i��
Br��i��ir�
Objetivos Específicos de Aprendizagem
Ao final desta Unidade, você deverá ser capaz de:
ff Descrever o que significou a atuação do Departamento de
Administração do Serviço Público (DASP);
ff Entender o que trata o Decreto-Lei n. 200/67 e sua
importância; e
ff Perceber as principais contribuições da Constituição Federal
de 1988 para a Administração Pública do Brasil.
Unidade 3 – Base Legal da Administração Pública Brasileira
Caro estudante,
Como na Unidade 2 foram descritos temas referentes à
evolução da Administração Pública brasileira, nesta Unidade,
passaremos então a estudar a orientação que uma determinada
Administração Pública possui para nortear suas ações no sentido
de desempenhar de melhor forma suas funções para atender às
demandas de sua sociedade. Então, agora descreveremos um
conjunto de informações e de conceitos, destacando a legislação
que orienta a Administração Pública brasileira.
Vamos ao trabalho!
v
No Brasil, a questão da Administração Pública passa a ter
destaque a partir do primeiro Governo Vargas, ocorrido entre 1930
a 1945. Em sequência, vários outros procedimentos foram adotados,
Saiba mais sobre o
nos diferentes governos, culminando com a Constituição de 1988, que
Governos Vargas em:
passa a ordenar de maneira mais objetiva essas questões. Além disso, é
<http://www.sohistoria.
importante destacar as reformas que o Estado brasileiro implementou com.br/ef2/eravargas/>.
após a Constituição, no sentido de definir o ordenamento legal para Acesso em: 23 nov. 2015.
o Estado.
Inicialmente passamos a comentar os fatos do primeiro Governo
Vargas. Nesse governo, em termos de Administração Pública, devemos
destacar a criação do Departamento de Administração do Serviço
Público (DASP).
Módulo 3 83
Teorias da Administração Pública
v
Por meio do Decreto-Lei n. 579, de 30 de julho de 1938, o
Governo Federal instituiu o Departamento Administrativo do Serviço
Você pode ler este Público (DASP), diretamente subordinado ao Presidente da República.
Decreto-Lei na íntegra
Nessa época, o presidente da República era Getúlio Vargas.
em: <http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/ De acordo com esse decreto, as competências do DASP eram:
declei/1930-1939/decreto-
lei-579-30-julho-1938-
a) o estado pormenorizado das repartições, departamen-
350919-publicacaooriginal-
tos e estabelecimentos públicos, com o fim de determinar,
126972-pe.html>. Acesso
em: 23 nov. 2015.
do ponto de vista da economia e eficiência, as modifica-
ções a serem feitas na organização dos serviços públicos,
sua distribuição e agrupamentos, dotações orçamentá-
rias, condições e processos de trabalho, relações de uns
com os outros e com o público;
b) organizar anualmente, de acordo com as instruções do
Presidente da República, a proposta orçamentária a ser
enviada por este à Câmara dos Deputados;
c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e
na conformidade das suas instruções, a execução orça-
mentária;
d) selecionar os candidatos aos cargos públicos federais,
excetuados os das Secretarias da Câmara dos Deputados
e do Conselho Federal e os do magistério e da magistra-
tura;
e) promover a readaptação e o aperfeiçoamento dos
funcionários civis da União;
f) estudar e fixar os padrões e especificações do material
para uso nos serviços públicos;
g) auxiliar o Presidente da República no exame dos proje-
tos de lei submetidos à sanção;
h) inspecionar os serviços públicos;
i) apresentar anualmente ao Presidente da República
relatório pormenorizado dos trabalhos realizados e em
andamento. (BRASIL, 1938, art. 2º)
Módulo 3 85
Teorias da Administração Pública
v
definidos no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União,
primeiro documento desse tipo no Brasil. Com a queda de Vargas
em outubro de 1945, o DASP passou por um profundo processo de
Sugerimos que você realize reestruturação, que resultou no seu parcial esvaziamento. A partir de
leituras das interpretações então, suas funções assumiram um caráter de assessoria, exceto no
de Lustrosa da Costa sobre
tocante à seleção e ao aperfeiçoamento de pessoal, área em que se
as reformas do Estado
brasileiro. manteve como órgão executor.
Dessa forma, o DASP desempenhou um importante papel
Leia este Decreto na
íntegra em: <http://www. na organização administrativa do Brasil. O DASP foi extinto pelo
planalto.gov.br/ccivil_03/ Decreto n. 93.211, de 3 de setembro de 1986, que criou a Secretaria
decreto/1980-1989/1985- de Administração Pública da Presidência da República (SEDAP).
1987/D93211.htm>.
Após o detalhamento sobre o tema exposto, vamos falar sobre
Acesso em: 23 nov. 2015.
v
outro importante componente legal da Administração Pública brasileira,
que é o decreto a seguir.
Leia este decreto na
O Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967, dispõe sobre
íntegra em: <http://www. a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a
planalto.gov.br/ccivil_03/ Reforma Administrativa e dá outras providências.
decreto-lei/Del0200.htm>.
Acesso em: 23 nov. 2015.
v
Esta lei vigora até os dias de hoje, sendo atualizada, conforme
as necessidades, por novos decretos.
A referida Lei foi detalhada especificando todas suas etapas,
Veja os novos decretos
observe o quadro a seguir.
em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-
T��u�o R��umo
lei/del0200.htm>. Acesso
Título I Trata das atribuições dos poderes Executivo
Da Administração Federal e Legislativo, das competências da Admi- em: 23 nov. 2015.
nistração Federal, seja direta ou indireta
(autarquias, empresas públicas, sociedades
de economias mistas e fundações públicas).
Título II Trata dos princípios fundamentais: plane-
Dos Princípios Fundamentais jamento, coordenação, descentralização,
delegação de competência, e controle.
Título III A ação administrativa do Poder Executivo
Do Planejamento, do Orçamento- obedecerá a programas gerais, setoriais e
Programa e da Programação regionais de duração plurianual, elaborados
Financeira através dos órgãos de planejamento, sob a
orientação e a coordenação superiores do
Presidente da República.
Título IV Todo e qualquer órgão da Administração
Da Supervisão Ministerial Federal, direta ou indireta, está sujeito à su-
pervisão do Ministro de Estado competente.
Titulo V Serão organizadas sob a forma de sistema as
Dos Sistemas de Atividades Auxiliares atividades de pessoal, orçamento, estatística,
administração financeira, contabilidade e
auditoria, e serviços gerais, além de outras
atividades auxiliares comuns a todos os
órgãos da Administração que, a critério do
Poder Executivo, necessitem de coordenação
central.
Titulo VI A Presidência da República é constituída
Da Presidência da República essencialmente pelo Gabinete Civil e pelo
Gabinete Militar. Também os órgãos de
assessoramento imediato ao Presidente da
República.
Titulo VII Lista os Ministérios, e os assuntos de compe-
Dos Ministérios e Respectivas Áreas tência de cada um dos Ministérios.
de Competência
Titulo VIII Trata da Segurança Nacional, Conselho de
Da Segurança Nacional Segurança Nacional e do Serviço Nacional de
Informações.
Titulo IX Trata das Forças Armadas, constituídas pela
Das Forças Armadas Marinha de Guerra, pelo Exército e pela
Aeronáutica Militar.
Módulo 3 87
Teorias da Administração Pública
T��u�o R��umo
Titulo X Trata das contas, despesas e gestão financei-
Das Normas de Administração ra, assim como da prestação de contas.
Financeira e de Contabilidade
Titulo XI Trata das normativas quanto ao pessoal do
Das Disposições Referentes ao serviço público civil, e seus princípios.
Pessoal Civil
Titulo XIII A Administração Federal será objeto de uma
Da Reforma Administrativa reforma de profundidade para ajustá-la às
disposições da presente lei.
Titulo XIV Trata da coordenação dos setores de Ciência
Das Medidas Especiais de e Tecnologia, da Política Nacional de Saúde,
Coordenação do Abastecimento Nacional, da Integração
dos Transportes, das Comunicações, e da
Integração das Forças Armadas.
Titulo XV Dentre outros assuntos, trata dos Bancos
Das Disposições Gerais Oficiais de Crédito, da pesquisa econômico-
social aplicada e do financiamento de pro-
jetos, dos serviços gerais, do Ministério das
Relações Exteriores, e dos novos ministérios
e dos cargos.
Titulo XVI Trata de como deverão ocorrer as mudanças
Das Disposições Transitórias para adequação à lei.
Titulo XVII Finaliza a lei e revoga as disposições em
Das Disposições Finais contrário.
v
A Constituição de 1988 e a Emenda
Constitucional n. 19/1998
Leia esta Emenda
Constitucional na íntegra
em: <http://www.
De todas as atribuições de um presidente da República, a
planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Emendas/
fundamental é zelar pela Constituição da República. O documento é
Emc/emc19.htm>. Acesso um conjunto de regras de governo que rege o ordenamento jurídico de
em: 23 nov. 2015. um País. A versão em vigor atualmente, a sétima na história do Brasil,
foi promulgada em 5 de outubro de 1988. O texto marcou o processo
de redemocratização após período de regime militar (1964 a 1985).
Módulo 3 89
Teorias da Administração Pública
Resumindo
Nesta Unidade foram comentados aspectos da legislação
brasileira que envolvem a Administração Pública. Destacamos
o DASP, o Decreto-Lei n. 200, de 1967, e a Constituição Brasi-
leira de 1988. Entendemos que esses três componentes repre-
sentam um conjunto de informações que explicam os aspectos
legais principais nesse período histórico – 1939 até os dias de
hoje, e orientam a funcionalidade do Estado Brasileiro.
Como vimos, o DASP foi criado em 1939, com objetivo
de diminuir a ineficiência do funcionalismo público federal e
reorganizar a Administração Pública. O DASP foi extinto pelo
Decreto n. 93.211, de 3 de setembro de 1986, que criou a
Secretaria de Administração Pública da Presidência da Repúbli-
ca (SEDAP). O Decreto-Lei n. 200/67 dispõe sobre a organização
da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma
Administrativa e dá outras providências. Essa lei vigora até os
dias de hoje, sendo atualizada, conforme as necessidades, por
novos decretos. Por último, tratamos da Constituição de 1988
e da Emenda Constitucional n. 19/1998, sendo a Constituição
um documento que deve regular e pacificar os conflitos e os
interesses de grupos que integram uma sociedade. Para isso,
estabelece regras que tratam desde os direitos fundamentais
do cidadão até a organização dos Poderes; defesa do Estado e
da Democracia; ordem econômica e social.
Módulo 3 91
Teorias da Administração Pública
Atividades de aprendizagem
Chegamos ao final da Unidade 3. Este é o momento de você conferir
o seu aprendizado. Para tanto, realize a atividade proposta para
você a seguir. Lembre-se de que se precisar de ajuda, seu tutor
está preparado para auxiliá-lo.
Bons estudos!
A� R��orm�� �o E����o �
�� A�mi�i��r���o P���i��
Objetivos Específicos de Aprendizagem
Ao finalizar esta Unidade, você deverá ser capaz de:
ff Entender as reformas do Estado, nos casos da Inglaterra, Estados
Unidos e Brasil;
ff Identificar as reformas propostas para a Administração Pública do
Brasil; e
ff Compreender as políticas públicas após essas reformas.
Unidade 4 – As Reformas do Estado e da Administração Pública
v
A� R��orm�� �o� E����o� � ��
A�mi�i��r���o P���i�� Sobre esta Unidade,
sugerimos a seguinte
leitura: Reinventing
governmente – de David
Osbone e Ted Gaebler.
Caro estudante, Esses autores afirmam
Na Unidade 3 comentamos e descrevemos os principais que o governo não precisa
componentes legais que envolveram a Administração Pública ser uma burocracia
brasileira, desde a criação do DASP em 1939 até os dias atuais gigantesca e ineficiente,
influenciados pela Constituição Federal de 1988. já que pode mobilizar o
enorme poder do processo
Nesta Unidade vamos relacionar os principais conceitos às
empreendedor e a força
reformas administrativas da Administração Pública, ocorridas em
do livre mercado.
alguns países, bem como as experiências ocorridas a partir de sua
estruturação, tanto legal como administrativa, para atender às
proposições de organizador das necessidades da sociedade.
Trata-se de um tema que diversos autores discorrem e com
grandes contribuições. Alguns serão citados neste trabalho,
outros serão indicados para os leitores que desejam aprofundar o
entendimento deste assunto.
v
Diretor da Reforma do Estado e o envio para o Congresso Nacional da
emenda da Administração Pública que se transformaria, em 1998, na
Emenda n. 19/1998. Nos primeiros quatro anos do Governo Fernando
Henrique, enquanto Luiz Carlos Bresser-Pereira foi o ministro, a reforma
foi executada em âmbito federal, no Ministério da Administração Já falamos sobre esta
Emenda na Unidade
anterior.
Módulo 3 95
Teorias da Administração Pública
v
aparelho do Estado por meio da criação de novos
formatos organizacionais, como as agências executivas,
regulatórias e as organizações sociais.
f A dimensão gestão, definida pela maior autonomia e pela
Trata-se dos segmentos introdução de três novas formas de responsabilização
sociais organizados nas
dos gestores – a administração por resultados, a
diversas formas, formando
competição administrada por excelência e o controle
o capital social em
condições de contribuir social – em substituição parcial dos regulamentos
v
com a descentralização da rígidos, da supervisão e da auditoria, que caracterizam
estrutura do Estado. a administração burocrática.
f A dimensão cultural, de mudança de mentalidade, visando
passar da desconfiança generalizada que caracteriza a
administração burocrática para uma confiança maior,
ainda que limitada, própria da administração gerencial.
Trata-se das atividades
estratégicas contidas no
Um dos princípios fundamentais da Reforma de 1995 é
Plano Diretor brasileiro. o de que o Estado, embora conservando e se possível
ampliando sua ação na área social, só deve executar
diretamente as tarefas que são exclusivas de Estado
v
As três formas gerenciais de controle – controle social, controle
de resultados e competição administrada – devem ser aplicadas tanto
às agências, quanto às organizações sociais. Ação que deve ser
realizada pela sociedade
A Reforma da Administração Pública de 1995-1998 não subestimou
civil organizada.
os elementos patrimonialistas e clientelistas ainda existentes em um
Estado como o brasileiro, mas, ao invés de continuar se preocupando São avaliações que o
próprio Estado e suas
exclusivamente com eles, como fazia a reforma burocrática desde que foi
estruturas devem realizar
iniciada nos anos de 1930, avançou na direção de uma administração para avaliar determinada
mais autônoma e mais responsabilizada perante a sociedade. Seu ação.
pressuposto é de que a melhor forma de lutar contra o clientelismo e
outras formas de captura do Estado é dar um passo adiante e tornar
o Estado mais eficiente e mais moderno.
Módulo 3 97
Teorias da Administração Pública
f avaliação de desempenho;
f introdução de técnicas de controle orçamentário;
Módulo 3 99
Teorias da Administração Pública
f descentralização administrativa;
f delegação de autoridade aos funcionários
(empowerment); e
f administração por objetivos.
Módulo 3 101
Teorias da Administração Pública
v
Nessa lógica, considerar a eficiência apenas sob o aspecto dos
custos não necessariamente é o melhor critério. A lógica econômica a
todo custo pode ser incompatível com a lógica gerencial.
Isso se relaciona com a
lógica da Administração
Pública do bem público.
v
respeito ao fato de a administração gerencial ser uma técnica neutra
e pura. Surge daí a separação entre política e administração, que não
é teórica nem empiricamente sustentável. Ademais, criou incentivos
para que as técnicas gerenciais aplicáveis ao setor privado fossem,
sem maiores considerações, transplantadas para o setor público. Isso Para se aprofundar nesta
questão, consultar o livro
provocou sérios conflitos, tanto na defesa da consistência interna do
de Denhardt (2012) Teoria
modelo, quanto no âmbito das organizações em que foi aplicado.
da Administração Pública,
Essa base está em duas ordens de argumentos. Em primeiro publicado pela Cengage
lugar, por ser a lógica do setor público diferente da lógica do setor Learning.
v
para a dedução lógica de que o gerencialismo puro, sob esse aspecto,
não passaria da tradição weberiana com outro nome (lembremos que
a neutralidade era uma das peças principais da tradição burocrática,
que o gerencialismo puro procurava combater). O próprio Weber tem uma
Assim procedendo, o modelo gerencial puro se fragilizou, já que frase que contraria este
ficou cego para as diferenças profundas existentes entre a administração argumento: neutro é quem
já se decidiu pelo mais
privada e a pública, na qual reina uma intrincada teia de relações com
forte. Logo, a neutralidade
a esfera política. não faz parte do rol de
Para finalizar, a principal crítica oferecida à estratégia da características do modelo
eficiência do puro gerencialismo inglês, e a mais brilhante em nosso burocrático.
Módulo 3 103
Teorias da Administração Pública
v
século. Responsável pelo delineamento de uma corrente importante
da teoria das organizações, denominada administrativista, o taylorismo
preocupava-se com a prática administrativa, focalizando a gestão.
Christopher Pollitt (1993), ao analisar o modelo gerencial,
A crítica mais contundente
no caso da reforma classificou-o de “neotaylorista”, por identificar, na proposta da busca
gerencial diz respeito à incessante da produtividade e eficiência, nos instrumentos privados
influência da ideologia utilizados para tanto e na ênfase excessiva em uma cientificidade
neoliberal nos modelos de
(entendida como neutra e separada da política), a mesma lógica que
administração pública.
moveu os estudos e proposições de Taylor.
Os executores do modelo partiram do pressuposto conhecido
de que um sistema considerado eficiente seria aquele que produzisse
maiores quantidades de bens a partir de uma redução dos custos de
produção. Acreditavam, assim como os tayloristas puros, na existência
de one best way, alcançável por meio da racionalidade instrumental.
Havia, ainda, o pressuposto econômico de que os agentes são
racionais e maximizadores de recursos, preferências, utilidades, etc.
Usou, então, o conhecimento sobre a administração científica aplicada
à produção industrial para definir a concepção de uma administração
pública eficiente.
Entretanto, o conceito de produto na indústria não pode ser
transplantado assim tão facilmente para a Administração Pública.
É claro. São diferentes. Na esfera industrial, a etapa de produção
de bens é claramente separada da etapa de distribuição e consumo
dos mesmos. Na estrutura pública, ao contrário, muitos serviços são
produzidos, distribuídos e consumidos durante o mesmo processo e,
muitas vezes, os destinatários desses serviços participam da produção
(BARZELAY, 1992). Existem ainda algumas outras implicações
importantes nesta designação de “neotaylorismo”.
v
do contribuinte para o cliente/consumidor. A focalização no consumidor
e a introdução da abordagem qualitativa na gestão pública foi, sem
dúvida, um passo importante no sentido da recuperação do conceito
de público, o que, entretanto, só será discutido mais profundamente
na terceira fase do modelo gerencial inglês, denominada Public Service Há criticas quanto a isso.
Orientation (PSO). Tratar o cidadão como
cliente seria justamente
O aumento do poder do consumidor se daria, por exemplo,
afastar-se do conceito
via o incremento da descentralização administrativa, sob o argumento público.
de que, ao levar a execução do serviço público para mais perto do
consumidor, ele teria melhores condições de fiscalização da prestação.
Consequentemente, haveria uma melhora significativa da qualidade
dos serviços públicos.
Ao utilizar técnicas do setor privado, o gerencialismo trouxe,
em seu bojo, o conceito mais importante das estruturas de mercado:
Módulo 3 105
Teorias da Administração Pública
v
privados, vez que, como já destacamos, a estrutura pública é diferente
da esfera privada.
A racionalidade econômica não deve comandar o relacionamento
entre o prestador e o usuário de serviços públicos. Ademais, valores
Esse conceito tem origem importantes como justiça, equidade e interesse público tornam o
na Teoria Econômica e
domínio público diferente do privado.
significa afirmar a hipótese
de que os indivíduos
Ora, também os serviços públicos são intrínsecos e naturalmente
procuram satisfazer as desiguais. O sistema de competição entre serviços pode criar uma
suas necessidades da distribuição injusta de recursos, em que os melhores avaliados pelo
forma racionalmente
“consumidor” receberiam mais recursos, enquanto os piores, menos.
perfeita. O alcance da
hipótese é um pouco
Essa lógica de soma zero conduz as organizações com pior desempenho
mais vasto do que a a um movimento descendente e as com melhor desempenho a um
simples satisfação das movimento ascendente em importância e destinação dos recursos,
necessidades, ela implica aumentando a disparidade entre elas. Tal situação acarretaria prejuízos
que os indivíduos são
para a sociedade.
capazes de classificar
as suas escolhas por O fato de os consumidores poderem ser organizar também
ordem de preferência, impõe uma lógica perversa. Nesse modelo de incentivo à competição,
privilegiando as com o
a desigualdade a que são submetidos pode piorar sua posição social,
menor associado.
uma vez que, normalmente, os mais organizados vencem a competição.
O interesse público pode estar comprometido, dado que, ao se organizarem,
os consumidores exercerão maior pressão sobre os burocratas, os
quais, vislumbrando a avaliação a que serão submetidos, se renderão
ao grupo, de modo a satisfazer suas reivindicações (para, em última
análise, preservarem suas próprias posições). Nesse sentido, o papel
coordenador do Estado é fundamental, não tendo sido, entretanto,
enfatizado neste modelo. O consumerism não se desvencilhou da
lógica de mercado e assumiu a lógica pública. A lógica econômica da
eficiência continua prioritária. Ao vencedor, tudo.
Esse conceito traz em si uma característica de exclusão. No
mercado, por óbvio, é consumidor aquele que é capaz de consumir
bens e serviços. Entretanto, é indispensável ressaltar que só é capaz
de consumir bens e serviços quem é detentor de recursos financeiros
Módulo 3 107
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 109
Teorias da Administração Pública
Por sua vez, Moe (1997) enfatiza que a burocracia, por si mesma,
tem merecido menos atenção do que deveria. A questão da eficiência
pura deve ser revisitada. A estrutura pública deve estar apta a promover
o equilíbrio entre os interesses que informa a vida e a organização
dos diversos grupos sociais, que, embora possuam diferentes níveis de
recursos e motivações, devem ser atendidos equitativamente.
Weber indicou que o objetivo da burocracia é alcançar os fins
do Estado, ou seja, a efetividade. É claro que atingir os fins esperados
a qualquer preço levará, fatalmente, à ineficiência. Contudo, privilegiar
o “preço” em detrimento dos fins esperados, certamente, também
conduzirá à ineficiência.
A questão da eficiência pura deve ser revista para que, conforme
indicou Weber, isso proporcionaria melhores condições da burocracia
alcançar os fins do Estado, ou seja, a efetividade.
Resumindo
As reformas na Administração Pública ocorridas no Brasil
representaram tentativas dos diversos governos em construir
mecanismo de melhor gerenciamento da estrutura pública
para atender, de maneira efetiva, as demandas de sua socie-
dade com uso racional dos recursos escassos. No entanto, a
dinâmica econômica e social, com suas crescentes e rápidas
modificações exigem do Estado atitudes que possam minimi-
zar efeitos nocivos para sua sociedade e, além disso, observar
como prioridade a participação ativa, crescente e democrática
da sociedade nos debates sobre as decisões dos governos, prin-
cipalmente sobre as questões de políticas públicas.
Com a descrição das proposições da reforma da gestão
pública, dos modelos inglês, americano e brasileiro, segue o
texto com algumas análises sobre as proposições dessas refor-
mas.
O fato é que, sobretudo quando se trata de sociedades
complexas, as reformas não podem ser vistas sob um ângulo
totalizante. Estratégias e gestão não são neutras, pois envol-
vem valores e preferências. Por outro lado, reformas adminis-
trativas também não são neutras, abrangendo diversos atores,
que também têm valores, experiências, interesses. Nos diver-
sos modelos de reformas descritos, podemos notar que não há
neutralidade no comportamento dos atores e, muito menos,
no momento da escolha dos instrumentos de gestão.
No texto desta Unidade explicamos a forte inserção da
reforma administrativa brasileira ao modelo liberal, tanto da
Inglaterra como dos Estados Unidos. Devemos reconhecer que
Módulo 3 111
Teorias da Administração Pública
Atividades de aprendizagem
Esta Unidade apresentou temas relacionados à reforma do Estado
e da Administração Pública, trazendo algumas experiências de
países desenvolvidos e em desenvolvimento, como a Inglaterra,
os Estados Unidos e o Brasil. Conceitos importantes vieram à tona
com a contribuição de vários autores. Agora, realize as atividades
propostas a seguir para você.
1. Com base nas contribuições do texto, você deve resolver estas ques-
tões:
a) O que você entende por reforma da Administração Pública de
determinado país?
b) Comente a influência das reformas da Inglaterra e dos Estados
Unidos para o Brasil.
c) Na sua opinião, qual dessas experiências é a mais importante
do ponto de vista da efetividade das políticas públicas?
Módulo 3 113
UNIDADE 5
R��r��������o �
P�r�i�i����o: �����o
����i�� � �����o �ri����
Objetivos Específicos de Aprendizagem
Ao finalizar esta Unidade, você deverá ser capaz de:
ff Identificar o significado de participação e sua relação com o
Accountability;
ff Conhecer a gestão pública e sua relação com a gestão privada na
implementação de políticas públicas; e
ff Compreender as demandas da sociedade, as ações do governo, os
controles e o resultado.
Unidade 5 – Representação e Participação: gestão pública e gestão privada
R��r��������o � P�r�i�i����o:
�����o ����i�� � �����o
�ri����
Prezado estudante,
Nesta Unidade, os assuntos abordados estão relacionados à nova
gestão pública, pois aparece com destaque, em primeiro lugar, o
atendimento das demandas realmente oriundas da sociedade,
por outro lado, a participação da sociedade na definição dessas
demandas é destaque, pois existem as condições em construção
para que esse fator esteja presente nas políticas públicas.
É destaque, ainda, a ação governamental mais presente, bem
como a atenção crescente na avaliação dos resultados das políticas
públicas e o controle dos gastos públicos para sua execução.
Se precisar de ajuda, entre em contato com seu tutor!
Representação e Participação
Módulo 3 117
Teorias da Administração Pública
v
sociedade. A novidade nos anos de 1980 é justamente
a ideia de que esse controle seja feito pela sociedade
por meio da presença e da ação organizada de seus
segmentos. Sobre Gestão Social,
sugerimos que você
O processo de abertura política e redemocratização do país consulte a obra de
trouxeram à cena novos atores e orientou a ação para a criação de Fernando Guilherme
espaços públicos não estatais de pactuação e superação dos obstáculos Tenório, Gestão Social:
Metodologia e Casos,
pelo diálogo e pelo consenso. De parte da sociedade, torna-se visível
publicada pela FGV.
a presença de diversos atores sociais, cuja diversidade de interesses e
projetos integra a cidadania, disputando com igual legitimidade espaço
e atendimento pelo poder estatal. Nesse caso, a categoria central
deixa de ser a comunidade ou o povo e passa a ser a sociedade civil
organizada, tendo sua base na universalização dos direitos sociais,
econômicos, culturais e ambientais, na ampliação da dimensão da
cidadania e da democracia, e numa nova compreensão do caráter e
do papel do Estado pós-moderno.
Módulo 3 119
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 121
Teorias da Administração Pública
v
após a queda do muro de entre os países capitalistas para discutirem estratégias para o sistema
Berlin com referências às em crise, no ano de 1989) que se tornou a política oficial do Fundo
políticas deliberadas pelo
Monetário Internacional (FMI) a partir de 1990.
FMI, Banco Mundial e
Departamento do Tesouro No que compete aos países latino-americanos, foi destacada a
dos EUA. proposição das capacidades burocráticas para apoiar o desenvolvimento.
As reformas propostas por esse consenso se realizaram no processo
histórico:
v
de tarefas entre os agentes que particioam – afetam o
Essa teoria orientou a desempenho da economia na medida em que, ao dar
administração pública do forma e estruturar as interações humans, reduzem as
mundo capitalista entre as incertezas e induzem a cooperação, diminuindo o custo
décadas de 1930 e 1980
das transações. (NORTH, 1990, p. 3-26, apud MATIAS
e tece como principal
-PEREIRA 2009, p. 157)
teórico John Maynard
Keynes, economista
britânico cujos ideais A partir da contribuição desse autor, outras teorias surgiram
serviram de influência
para tentar explicar o surgimento de um novo sistema de administração
para a macroeconomia
moderna, tanto na teoria
pública, que é denominado Estado de Bem-Estar Social. Essa teoria
quanto na prática. defendia que o Estado deveria assumir as questões do desenvolvimento
e não apenas o mercado teria a competência para tal.
Módulo 3 123
Teorias da Administração Pública
Accountability e Representações
Módulo 3 125
Teorias da Administração Pública
v
Essas questões representam o contexto que envolve todas
as etapas de uma política pública – formulação, implementação e
avaliação. Nesses três componentes estão distribuídas todas as etapas
e competências dos governos na busca em resolver as demandas da
Secchi (2010), em seu sociedade. Pela importância desses três componentes, a seguir os
livro, Políticas Públicas: comentários conceituais sobre cada um.
conceitos, esquemas de
análise, casos práticos, fala
No Brasil, o marco institucional que melhor define a atuação
que são cinco etapas, mas governamental mais recente, surgiu em 1988. Nesses termos, as políticas
para objeto de estudo, sociais no Brasil, conforme Arretche (2004), estão contempladas na
vamos definir essas três. Constituição Federal de 1988; todavia esse fato não alterou a estrutura
institucional de gestão dessas políticas herdadas do regime militar. Para
Arretche (2004, p. 22):
Módulo 3 127
Teorias da Administração Pública
Resumindo
Nesta Unidade estudamos sobre a representação e a
participação pública. Entendemos a importância de a popu-
lação participar ativamente nas ações e nas proposições dos
governos no sentido de se apoderar das informações para ter
melhores condições de contribuir nas políticas governamentais,
o que facilita a implantação das atividades propostas de acordo
com as demandas que a sociedade identificou. Isso contribui
para a efetividade das ações.
Por outro lado, notamos na maioria dos governos, a
necessidade da participação popular, como legitimador do
processo da Administração Pública, dividindo com os governan-
tes a responsabilidade sobre as proposições a serem efetiva-
das, com a devida aplicação dos recursos públicos.
Com essa combinação – sociedade participante e gover-
nos democráticos – fica entendido que a ação governamental
passa a ter maiores possibilidades de alcançar os resultados
esperados, possibilita, ainda, que os controles necessários
sejam praticados, o que, resulta na aplicação eficaz dos recur-
sos destinados para as demandas identificadas.
Um assunto de destaque nesta Unidade é a Accountability,
um termo da língua inglesa, sem tradução exata para o
português, que obriga componentes de um órgão administrativo
ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras
ou a seus representados. Outro termo usado numa possível
versão portuguesa é responsabilização. Em outras palavras
podemos definir como a obrigação de prestar contas, nesse
sentido amplo, é tanto maior quanto a função é pública, ou
seja, quando se trata do desempenho de cargos públicos.
Módulo 3 129
Teorias da Administração Pública
Atividades de aprendizagem
Chegamos ao final desta Unidade e, consequentemente, desta
disciplina. Para conferir o seu aprendizado, você deve realizar a
atividade proposta a seguir. Caso você tenha alguma dúvida, não
hesite em entrar em contato com o seu tutor, ele está preparado
para ajudá-lo no que for necessário.
130
Considerações Finais
Co��i��r����� Fi��i�
Módulo 3 131
Teorias da Administração Pública
Módulo 3 133
Teorias da Administração Pública
Referências
ABRUCIO, Fernando Luiz. O impacto do modelo gerencial na
Administração Pública: um breve estudo sobre a experiência internacional
recente. Cadernos ENAP, Brasília, DF, ENAP, n. 10, 1997.
Módulo 3 135
Teorias da Administração Pública
EVANS, Peter. O Estado como problema e solução. Lua Nova, São Paulo,
CEDEC, v. 28, n. 29, p. 107-156, 1993.
LANE, Jan Erik. The public sector: concepts, models and approaches.
London: Sage, 1993. Cap. 2.
Módulo 3 137
Teorias da Administração Pública
MANN, Michael. Has globalization ended the rise and rise of the
nationstate? In: PAUL, T. V.; HALL, A. J. (Ed.). International Order and the
Future of World Politics. Reino Unido: Cambridge University Press, 1999.
p. 237-262. (original 1997)
SILVA, Pedro Luiz Barros; MELO, Marcus André Barreto de. O Processo de
implementação de políticas públicas no Brasil: características determinantes
da avaliação de programas e projetos. São Paulo: NEPP – UNICAMP,
2000. (Caderno n. 48)
Módulo 3 139
Teorias da Administração Pública
Mi�i�urr��u�o
Antonio Joreci Flores
ISBN 978-85-7988-282-1
9 788579 88282 1