Procurai Com Zelo Os Melhores Dons

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Procurai com Zelo os melhores Dons

Élder Mervyn B. Arnold - Primeiro Conselheiro na Presidente da Área Brasil Norte


(Abril/2005)

Há não muito tempo em uma conferência que recebera a designação de


assistir, perguntei ao presidente da estaca por quais desafios os membros
estavam passando. Ele respondeu-me que muitos membros estavam voltados
para distrações como a aquisição de apartamentos luxuosos, roupas caras,
carros, chácaras ou sítios, ou gastavam seu tempo com inúmeras outras
atividades e coisas supérfluas. Explicou-me que muitas dessas atividades eram
realizadas às segundas-feiras à noite, afastando as famílias de casa.

Para manter esse estilo de vida, com freqüência, tanto o marido quanto a esposa
precisavam trabalhar — em alguns casos, em dois empregos, o que tornava difícil para
esses membros realizarem noites familiares, fazerem a oração familiar e estudarem as
escrituras e, em alguns casos, até mesmo assistir às reuniões dominicais. Havia bem
pouco tempo, se é que algum, para buscarem as coisas que “nem a traça nem a ferrugem
consomem”. (Mateus 6:20)

O Apóstolo Paulo ensina a importância de se buscar os melhores dons:

“Acerca dos dons espirituais, não quero (…) que sejais ignorantes.

Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
(…)

Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais
excelente.” (I Coríntios 12:1–2, 31)

Tenho refletido a respeito dos comentários daquele presidente de estaca e compartilho


sua preocupação com o número cada vez maior de membros da Igreja, que têm sua
atenção “naquilo que não tem valor [e] não pode satisfazer”. (2 Néfi 9:51) Satanás é
muito astuto e possui maneiras ardilosas de desviar nossa atenção das coisas de grande
valor. O Senhor adverte, “E Satanás também vos procurou enganar a fim de derrotar-
vos”. (D&C 50:3)

O Profeta David O. McKay (1873–1970), citou Charles Jefferson, que escreveu: “A


única coisa que separa os homens das feras do campo são os dons espirituais que possui.
(…) A existência terrena do homem é apenas um teste para ver se ele concentrará seus
esforços, sua mente e sua alma nas coisas que contribuem para o conforto e satisfação
de seus instintos e paixões físicas, ou se ele fará da aquisição de qualidades espirituais a
finalidade e o propósito de sua vida”.1

Como membros da Igreja, é-nos dito que devemos “deixar as coisas deste mundo e
buscar as coisas de um melhor” (D&C 25:10) — ou colocando de outra forma,
“[procurar] com zelo os melhores dons”. (D&C 46:8) Consideremos estas questões
importantes: Quais são “os melhores dons” e por que devemos procurá-los? Como
podemos obtê-los? E como discernimos os dons espirituais verdadeiros dos falsos?

Quais São os “Melhores Dons” e Por que Devemos Procurá-los?


As escrituras e os profetas modernos ensinam que existem muitos dons espirituais. (Ver
Morôni 10:8; D&C 46:13–26.) Seu propósito, entre outras coisas, é o de dar-nos força,
levar-nos a fazer o bem, ajudarnos a resistir à tentação, incentivar e edificar-nos,
aumentar nossa sabedoria, ajudar-nos a julgar de maneira justa e ajudar-nos para que
nos qualifiquemos à vida eterna.

Reflitam no impacto causado neste mundo se todos buscassem o sagrado dom “dado
saber, pelo Espírito Santo , que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que foi crucificado
pelos pecados do mundo”. (D&C 46:13) Ou o que aconteceria se todos buscassem o
dom do perdão?

O Élder Marvin J. Ashton, do Quórum dos Doze Apóstolos (1915–1994) destacou


alguns dons menos conspícuos, porém muito importantes: “o dom de pedir; o dom de
escutar; o dom de ouvir e de seguir a voz mansa e suave; o dom de ser capaz de chorar;
o dom de evitar contendas; o dom de ser agradável; o dom de evitar repetições fúteis; o
dom de buscar o que é justo; o dom de não julgar; o dom de voltar-se para Deus em
busca de orientação; o dom de ser um discípulo; o dom de se importar com os outros; o
dom de ser capaz de ponderar; o dom de fazer uma oração; o dom de prestar um
testemunho vigoroso e o dom de receber o Espírito Santo”. 2

O Salvador ordenou-nos que fôssemos perfeitos. (Ver 3 Néfi 12:48.) Embora nenhum
de nós atinja a perfeição nesta vida, o Pai Celestial irá inspirar-nos à medida que
ponderarmos e orarmos, para buscar esses dons que nos ajudarão em nosso próprio
aperfeiçoamento. O Presidente George Q. Cannon (1827–901) declarou: “Se qualquer
um de nós for imperfeito, é nosso dever orar pelo dom que nos tornará perfeitos. (…)
Nenhum homem deveria dizer: ‘Oh, não tem jeito; esta é a minha natureza’. Isso não o
justifica pelo fato de Deus ter prometido dar forças para corrigir essas coisas e dar dons
que as erradicassem”.3

Como Podemos Obter Dons Espirituais?


É-nos ensinado que, para recebermos qualquer dom espiritual, precisamos ser dignos. O
Senhor disse que os dons espirituais “são dados em benefício daqueles que me amam e
guardam todos os meus mandamentos e daqueles que procuram assim fazer; para que
sejam beneficiados todos os que buscam ou que me pedem”. (D&C 46:9)

Quando procuramos obter um dom espiritual, podemos estudar os exemplos e


ensinamentos do Salvador que dizem respeito àquele dom em particular, e então
tentamos incorporar esses ensinamentos à nossa vida. Por exemplo, suponhamos que
estamos procurando o dom da caridade. Poderíamos estudar Morôni 7:45, onde
veríamos que existem 13 qualidades separadas que precisamos buscar como parte do
processo de obter caridade. A bondade é uma das primeiras qualidades mencionadas.

O que podemos aprender com os ensinamentos do Salvador a respeito da bondade? Ele


declara, em Mateus 25:
“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era
estrangeiro e hospedastes-me;

Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão e fostes ver-me. (…)

“(…) Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos,
a mim o fizestes.” (vers. 35–36, 40)

Ao nos esforçarmos continuamente para ser bons, a bondade começará a se tornar parte
de nossa vida, e o Senhor poderá então decidir-Se a conceder-nos aquilo que formos
dignos e que estivermos preparados para receber.

Para recebermos um dom, precisamos “[praticar] a virtude e a santidade diante do”


Senhor continuamente (D&C 38:24), e precisamos “[crescer] em graça e no
conhecimento da verdade”. (D&C 50:40) Precisamos “pedir a Deus, que dá
liberalmente; (…) em toda santidade de coração, andando retamente (…) fazendo todas
as coisas com oração e ação de graças”. (D&C 46:7) Quando pedimos um dom,
precisamos estar de acordo com a vontade de Deus. (Ver D&C 46:30.)

Como Discernimos os Dons Espirituais Verdadeiros dos Falsos?


Os profetas da antigüidade da mesma forma que os modernos, advertiram-nos quanto
aos falsos dons e as fraudes de Satanás que povoam o mundo. É-nos ensinado em
Doutrina e Convênios: “Eis que há muitos espíritos que são espíritos falsos, os quais
saíram pela Terra enganando o mundo. (…) Satanás também vos procurou enganar a
fim de derrotar-vos. (…) Portanto, que todo homem fique atento para que não faça o
que não for verdadeiro e reto perante mim”. (D&C 50:2–3, 9)

O Salvador ensinou que, nos últimos dias haveria muitas pessoas incrédulas e iníquas
que procurariam enganar, usando falsos dons. Ele advertiu: “Acautelai-vos dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos vorazes”,
(3 Néfi 14:15; ver também Mateus 7:15.) Ele nos ensinou a saber quais dons são de
Deus e quais são do adversário: “Por seus frutos os conhecereis”. (3 Néfi 14:16; ver
também Mateus 7:16.) “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gálatas 5:22–23)

O Presidente Gordon B. Hinckley ensinou: “Você reconhece os sussurros do Espírito


pelos frutos do Espírito — aquele que ilumina, aquele que edifica, aquele que é seguro,
afirmativo e enaltece, e nos leva a termos melhores pensamentos e a proferirmos
palavras melhores e a realizarmos melhores ações é do Espírito de Deus. Aquilo que nos
derruba, que nos leva a caminhos proibidos — esse é do adversário. (…) Como
reconhecemos os sussurros do Espírito? Coloque-os à prova. Se convidá-lo a fazer o
bem, é de Deus. Se convidá-lo a fazer o mal, é do demônio. (…) Se estiver fazendo o
que é certo e estiver vivendo da maneira correta, você saberá em seu coração o que o
Espírito está lhe dizendo”.4 Que confortador é termos um profeta vivo!

Os limites do adversário estão fixados. Se estivermos nos esforçando por guardar os


mandamentos e formos fiéis aos convênios que fizemos com o Senhor, o adversário não
frustrará nosso progresso.5 Como é-nos dito em Doutrina e Convênios: “Portanto
persevera em teu caminho e o sacerdócio permanecerá contigo; pois os limites deles
estão determinados e não podem ultrapassá-los”. (D&C 122:9)
Que possamos buscar os melhores dons para não sermos enganados. E que possamos
ser sempre dignos de receber os muitos dons que o Pai Celestial reservou para nós.

Notas

1. Conforme citado em Conference Report, outubro de 1950, p. 111.]

2. “There Are Many Gifts”, Ensign, novembro de 1987, p. 20.

3. Millennial Star, 23 de abril de 1894, p. 260.

4. Discurso em uma reunião devocional, Instituto de Religião da Southern Utah


University, 11 de fevereiro de 1997.

5. Ver James E. Faust, “The Great Imitator”, Ensign, novembro de 1987, pp. 35–36.

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