Texto Família Pr. Luciano

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21 de Abril de 2006

O Sacerdócio no Lar
por Luciano Subirá

A Bíblia ensina que Jesus Cristo nos comprou com seu sangue para fazer de nós reis e
sacerdotes (Ap.5:9,10), o que nos faz compreender a visão do sacerdócio universal do crente.
Diferente da idéia pintada pela igreja em séculos anteriores, não temos duas categorias
distintas na igreja: o clero e os leigos. Todos são sacerdotes e deveriam funcionar como tal.
As Escrituras Sagradas ainda distinguem posições de governo dentro da Igreja Local, mas não
limita o sacerdócio a uns poucos cristãos. Todo crente deve funcionar em seu lugar no Corpo
de Cristo, e todos têm a responsabilidade de ministrar ao Senhor, bem como aos homens, em
nome d´Ele.

Esta visão tem sido resgatada em nossos dias, e somos gratos a Deus por isso. Contudo,
mesmo para aqueles cujo coração já se encontra aberto a esta verdade, ainda vemos muitos
com uma dificuldade: a de não enxergarem o sacerdócio do lar como algo fundamental.

O SACERDÓCIO COMEÇA NO LAR

Antes de ser sacerdote na igreja, o homem tem que ser sacerdote na sua própria casa:

“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher... e


que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito
(pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus?)“ (I
Timóteo 3:2a, 4 e 5)

Não é porque vai governar a igreja que o bispo tem que ter um bom lar, mas justamente o
contrário. O homem tem que ser o pastor do seu lar; isto é requisito não só para quem
ingressa no ministério de tempo integral, mas é um exemplo de vida cristã. E se a pessoa não
cumpre um requisito básico da vida cristã, então não tem autoridade para ser um ministro à
frente da Igreja. Portanto, o mandamento de ser sacerdote no lar é para todo cristão. E isto
envolve uma excelente conduta familiar, que depois será cobrada do líder como exemplo
para o restante do rebanho:

“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem
como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja
irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados
de dissolução, nem são insubordinados”. (Tito 1:5,6)

O homem, além de ser fiel à sua esposa, deve conduzir seus filhos no caminho do Senhor e
numa vida de santidade, o que exigirá dele não só conselhos casuais, mas todo um
acompanhamento, investimento e ministração na vida espiritual de seus familiares. O
posicionamento de um homem de Deus sempre deve envolver sua casa. Este foi o exemplo
dado por Josué:

“Mas se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais, se aos deuses a
quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em
cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. (Josué 24:15)

O texto acima reflete a responsabilidade de Josué de não apenas buscar ao Senhor, mas servi-
lo com toda a sua família. Quando se trata de família, não existe a história de “cada um por
si”. Embora a responsabilidade de cada um diante de Deus seja individual, precisamos
aprender a lutar por nossos familiares, especialmente aqueles que possuem a incumbência de
exercer o sacerdócio do lar.

O plano de Deus não é apenas para o homem sozinho, mas para toda a sua família. Quando o
Senhor decidiu julgar e destruir a humanidade nos dias de Noé, não proveu salvação para ele
sozinho, mas para toda a sua família (Gn.6:18). Vemos também que Deus prometeu a Abraão
que nele seriam abençoadas todas as famílias da Terra (Gn.12:3).

Ao tirar Ló de Sodoma, o anjo do Senhor fez com que ele saísse com toda a família
(Gn.19:12). No Novo Testamento encontramos um anjo visitando Cornélio e dizendo que
deveria chamar a Pedro, “o qual te dirá palavras mediante as quais será salvo, tu e toda a tua
casa”. (At.11:14).

E além de todas estas porções bíblicas, encontramos a clássica declaração do apóstolo Paulo
ao carcereiro de Filipos:

“Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e toda a tua casa”. (Atos 16:31)

Deus tem um plano para toda a família. Não quer dizer que porque um se converteu, todos
irão converter-se por causa deste texto. Não creio que ele seja uma promessa a todo crente,
mas sim que revele uma intenção de Deus quanto às famílias de uma forma geral.

Vale lembrar que Paulo declarou isto ao carcereiro num momento em que este homem ia se
matar. Paulo não podia vê-lo, pois além de estar dentro de sua cela, a Bíblia diz que eles
estavam no escuro. O apóstolo Paulo teve uma revelação do Espírito Santo para uma pessoa
específica, num momento específico. Não posso dizer: - “Ei, Deus! Você prometeu que se eu
cresse iria salvar todo mundo lá em casa!”. Mas posso muito bem orar pelos meus familiares
crendo que há um plano divino para a família. Cada familiar meu tem o direito de escolha, se
dirão sim ou não a Jesus Cristo, é responsabilidade pessoal de cada um deles.

Mas farei de tudo para convence-los, ensina-los, cobri-los de oração intercessória e tudo o
mais que for possível. No caso deste carcereiro filipense, o Senhor mostrou de antemão toda
a família salva. Mas para cada um de nós, mesmo se não diga de antemão o que irá
acontecer, Deus já revelou seu plano em sua Palavra para toda a família. E o sacerdote do lar
tem uma grande responsabilidade de afetar o destino dos seus entes queridos.

O CABEÇA É O RESPONSÁVEL

Na condição de cabeça do lar, o homem é o responsável de quem Deus cobrará o exercício do


sacerdócio. É óbvio que a mulher deve participar exercendo o sacerdócio juntamente com seu
marido, mas a responsabilidade maior não está sobre seus ombros. Muitos maridos se
acomodam por ver sua esposa fazendo bem o seu papel, mas não deveriam agir assim. Por
melhor que seja a ajuda da mulher, o homem tem que fazer a sua parte!

No caso da mulher cujo marido não é convertido, entendemos que ela deve assumir a posição
de sacerdotisa sobre os filhos, porém não sobre seu marido. Parece-nos ter sido exatamente o
que aconteceu na casa de Timóteo, discípulo do apóstolo Paulo. A Bíblia menciona apenas a
mãe dele como sendo convertida:

“Chegou também a Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de
uma judia crente, mas de pai grego; dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e
Icônio”. (Atos 16:1,2)

E além da Bíblia nada falar sobre o pai de Timóteo sendo convertido, ainda mostra que a
cadeia de ensino e discipulado foi sendo transmitida por meio da avó e depois da mãe dele:

“Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria
pela recordação de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua
avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti”. (II Timóteo 1:4,5)

Portanto, na falta do homem como sacerdote, ou na incapacidade dele de exerce-lo – por não
ser convertido, por exemplo – a mãe assume este papel, porém sempre em relação aos filhos,
nunca em relação ao marido:
“E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o marido”. (I Timóteo
2:12)

Os pais cristãos devem entender a sua responsabilidade de suprir não só as necessidades


materiais e emocionais de seus filhos, mas também as espirituais. A Palavra de Deus declara
que “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão” (Sl.127:3).
Os filhos não nos pertencem, são propriedade de Deus. Ele apenas nos confiou seus cuidados,
e um dia teremos que responder perante Ele por isso. Daremos conta da forma como criamos
nossos filhos, e isto deve trazer temor ao nosso coração, especialmente no que diz respeito à
formação espiritual deles. Não podemos brincar com isto!

Deus está chamando os pais a assumirem um compromisso maior com Ele de ministrar a vida
espiritual de seus filhos. É preciso ministrar-lhes o coração. Desde os dias da Velha Aliança o
Senhor já esperava isto:

“Não te esqueças do dia em que estiveste perante o Senhor, teu Deus, em Horebe,
quando o Senhor me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de
que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará aos seus filhos”.
(Deuteronômio 4:10)

No versículo anterior a este, Deus já havia dito: “...e as farás saber aos teus filhos e aos filhos
de teus filhos” (Dt.4:9). Precisamos ministrar a Palavra de Deus aos nossos filhos! Nosso
ensino – ou a falta dele – tem o poder de afetar o resto da vida de nossos filhos; foi Deus
mesmo quem declarou isto:

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, a ainda quando for velho, não se
desviará dele”. (Provérbios 22:6)

Não se trata apenas de dar uma boa educação, mas sim a verdadeira educação. Ensinar-lhes a
andar nas veredas da justiça, nos caminhos bíblicos. Isto também é um mandamento claro e
expresso da Nova Aliança:

“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação
do Senhor”. (Efésios 6:4)

COBERTURA DE ORAÇÃO

Também vemos na Bíblia que o sacerdote do lar deve cobrir os seus com oração. A Palavra de
Deus nos mostra que Isaque orava a Deus para que abrisse a madre de Rebeca, sua mulher. E
Deus ouviu suas orações (Gn.25:21). As Escrituras ainda nos falam acerca de Jó, que
periodicamente chamava seus filhos para um culto e sacrificava ao Senhor em favor deles,
com medo de terem pecado contra Deus (Jó 1:5).

O homem e mulher de Deus precisam ter um coração e uma vida de oração voltados para
cobrir e proteger a sua família. Vemos este exemplo na vida de Esdras:

“Então, apregoei ali um jejum junto ao Rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso
Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos, e para tudo o que era
nosso”. (Esdras 8:21)
Em I Samuel 30 lemos acerca de Davi e seus homens saindo para a batalha e deixando suas
mulheres e crianças desprotegidas em Ziclague. Enquanto eles estavam fora, os amalequitas
incendiaram a cidade e levaram suas mulheres e filhos em cativeiro. Três dias depois, eles
chegaram e se desesperaram pelo ocorrido. Finalmente, se fortaleceram no Senhor e foram
atrás dos seus, conseguindo resgata-los. Aprendemos duas lições aqui. Primeiro que
precisamos proteger os nossos familiares, cobrindo-os em oração e não permanecendo
distantes deles. Segundo, que algumas vezes nos tornamos descuidados, e o inimigo pode se
aproveitar de nosso descuido. Mas também aprendemos junto que Deus é fiel, e mesmo
quando falhamos, sua misericórdia ainda pode nos ajudar a consertar aquilo em que erramos.
O Sacerdócio envolve proteção. Deus nos mostrou isto em sua Palavra desde o início, com o
que ordenou a Adão, no Jardim do Éden:

“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e
guardar”. (Gênesis 2:15)

Note que além de cultivar o jardim, o homem deveria também guardá-lo, protegê-lo. Mas
guardar de quem, se nem mesmo Eva ainda havia sido criada? Penso que Deus já estava
indicando a Adão que Satanás, o inimigo de nossas almas, tentaria destruir o que o Senhor
estava colocando nas mãos do homem. Se Adão tivesse protegido a Eva, em vigilância, bem
como ministrando-lhe sobre a importância da obediência ao Senhor, provavelmente aquilo
não teria acontecido. Também nós precisamos guardar e proteger nossas famílias, e isto
envolve oração e vigilância, bem como a ministração da Palavra de Deus em nossos lares.

Muita gente fala da forma maravilhosa como Deus visitou a casa de Cornélio (At.10) com
salvação e enchimento do Espírito Santo. Mas isto não aconteceu de graça. Este homem orava
continuamente a Deus. E onde há uma semeadura de oração, sempre haverá uma colheita da
manifestação do poder de Deus! Se cobrirmos nossa casa de oração, veremos feitos grandiosos
acontecendo em nosso favor, pois o Senhor SEMPRE age num ambiente de muitas orações.

ORANDO JUNTOS

Penso que além de cobrir os familiares com oração, o sacerdote do lar deve proporcionar um
ambiente de oração onde os seus não só recebam oração em seu favor, mas também
aprendam a orar. Orar juntos, em família, como muitas vezes acontecia também com os
irmãos da igreja em seu início:

“Passados aqueles dias, tendo-nos retirado, prosseguimos viagem, acompanhados por


todos, cada um com sua mulher e filhos, até fora da cidade; ajoelhados na praia,
oramos”. (Atos 21:5)

Exercer o sacerdócio não é só declarar a Palavra de Deus dentro de casa, mas primeiramente
vive-la. Porém, além de se dispor a ministrar os filhos, e também um ao outro, o casal cristão
deve aprender a prática de orar junto. Não quero dizer orar junto o tempo todo, mas isto
deve também acontecer em suas vidas. Quando o casal ora junto, goza de princípios operando
em seu favor que orando sozinho não se experimentaria.

“Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que
pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. (Mateus 18:19,20)

Ao orar junto, o casal aumenta seu “poder de fogo” contra o inimigo, pois no reino de Deus,
quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. É sinérgico! Moisés
cantou acerca deste princípio ao mencionar o que Deus fizera acerca do exército de Israel:

“Como poderia um só perseguir mil, e dois fazer fugir dez mil, se a sua Rocha lhos não
vendera, e o Senhor não lhos entregara”? (Deuteronômio 32:30)

A Bíblia mostra que deve haver sintonia natural e espiritual entre o casal. Desentendimentos
vão roubar deles o poder de unidade nas orações, que por sua vez serão impedidas:

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher,
como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que
não sejam impedidas as vossas orações”. (I Pedro 3:7)

A “correria” é um dos maiores inimigos deste tempo de oração que o casal deve ter junto. E
cada um deve aprender a “driblar” suas dificuldades e conseguir praticar este princípio de
alguma forma. Não deve haver vergonha ou críticas quanto à forma de cada um orar. A
intimidade no que diz respeito à vida espiritual precisa ser desenvolvida da mesma forma que
a física e emocional.

O CULTO DOMÉSTICO

Exercer o sacerdócio no lar não requer um horário específico ou dia marcado, é atividade a
ser exercida sempre, em diferentes situações. Mas a prática de um culto em família auxilia
muito. Devemos desenvolver o hábito de cultuar a Deus em família, o que envolve o ir juntos
à Casa do Senhor, como vemos acontecendo desde os dias do Velho Testamento:

“Todo o Judá estava em pé diante do Senhor, como também as suas crianças, as suas
mulheres e os seus filhos”. (II Crônicas 20:13)

“No mesmo dia, ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com
grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de
Jerusalém se ouviu até de longe”. (Neemias 12:43)

Elcana subia com toda a sua família para adorar ao Senhor (I Sm.1:1-5). Acredito que pais
cristãos devem levar seus filhos à igreja. Mesmo que ela não seja perfeita (e não é, porque
não existe igreja perfeita!), é melhor que eles cresçam num ambiente que exalta ao Senhor e
sua Palavra do que num ambiente mundano que exalta o pecado e os prazeres da carne.

Lemos no Evangelho de Lucas que os pais de Jesus o levaram ao templo para consagrarem-no
ao Senhor (Lc.2:22-24), depois há registros de que o fizeram por ocasião da Festa da Páscoa
quando ele estava com 12 anos (Lc.2:41-43), mas a maior evidência de que Jesus cresceu
exposto ao ensino da Lei na Sinagoga era o conhecimento que ele trazia (como homem) das
Escrituras.

Cultuar ao Senhor em família não envolve somente o ir à igreja, mas também pode abranger
um culto familiar na própria casa. Foi exatamente isto que aconteceu na casa de Cornélio
(At.10:33). A reunião familiar também não precisa acontecer apenas dentro de casa. Além
dos cultos na igreja, podemos nos reunir em algum outro lugar (e até mesmo com outras
famílias) para buscar ao Senhor (At.21:5).

A NEGLIGÊNCIA TRARÁ CONSEQÜÊNCIAS

Quais as conseqüências de se negligenciar o sacerdócio em casa? Juízo divino para o


sacerdote, além da evidente rebeldia vida dos filhos. A primeira palavra profética que Samuel
proferiu foi contra alguém que ele certamente amava: o sacerdote Eli, que o criava no
templo. E o que Deus disse envolvia a casa dele e sua negligência no sacerdócio familiar:

“Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa;
começarei e o cumprirei. Porque já lhe disse que julgarei sua casa para sempre, pela
iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele não os
repreendeu”. (I Samuel 3:13)

O Senhor trouxe advertências anteriores, mas Eli não deu ouvidos. Deus está falando de
negligência, aqui. Diz que embora conhecesse bem o pecado dos filhos, Eli não os
repreendeu. Toda omissão no sacerdócio do lar sempre trará conseqüências sérias.

Davi teve problemas com vários de seus filhos, e se você estudar com calma a história dele,
perceberá o quanto ele era negligente em relação a seus filhos. Adonias, assim como Absalão,
se exaltou, querendo usurpar o trono. Mas por trás desta atitude de rebelião, a Bíblia mostra
a negligência de Davi como sacerdote em sua casa:

“Jamais seu pai o contrariou, dizendo: Por que procedes assim?” (I Reis 1:6)

Se não queremos sérios problemas futuros com nossos filhos, muito menos a qualidade do
relacionamento deles com Deus comprometidos, então precisamos ser sacerdotes dedicados
em ministrar e cobrir suas vidas.
Que o Senhor nos ajude a ordenar nossos passos nesta área!

Autor: Luciano Subirá

A Unidade do Casal
por Luciano Subirá

Muitos casais cristãos estão vivendo hoje fora daquilo que Deus idealizou. Brigas constantes,
desrespeito mútuo e distância entre o casal, são vistos em muitos lares. E além da
infelicidade que isto produz em seus corações, ainda há a questão do mal testemunho dado.

Penso que este é um assunto que merece nossa atenção, pois o princípio de viver em unidade
é algo que não apenas produzirá maior realização emocional no relacionamento, como
também liberará sobre o casal as bênçãos de Deus.

COMPREENDENDO A UNIDADE

É importante que consigamos visualizar o que a unidade do casal pode produzir em suas vidas,
e então seremos desafiados a preservá-la. Também entenderemos porque o diabo, o
adversário de nossas almas, luta tanto contra ela. Jesus nos ensinou que a unidade e
concordância permite Deus agir em nossas vidas:

“Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que
pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. (Mateus 18:19,20)

Por outro lado, a falta de unidade impede Deus de agir. A palavra de Deus nos mostra de
modo bem claro que quando o marido “briga” com sua mulher, algo acontece também na
dimensão espiritual:

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher,
como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que
não sejam impedidas as vossas orações”. I Pedro 3:7

Ao deixar de honrar a mulher como vaso mais frágil e maltratá-la (ainda que só verbalmente),
o marido está trazendo um sério problema sobre a vida espiritual do casal. A Bíblia diz que as
orações serão impedidas.

É lógico que isto também vale para a mulher, embora quem mais facilmente tropece nisto
sejam os homens. O texto bíblico revela que depois de desonrar a mulher na condição de vaso
mais frágil (com asperezas), o homem, mesmo que clame ao Senhor, terá sua oração
impedida, pois um princípio foi violado.

Deus não age em um ambiente de desarmonia e discordância. Isto é um fato. Quando


tentaram construir a torre de Babel, as Escrituras dizem que Deus desceu para ver o que os
homens faziam.

E Deus mesmo, ao vê-los trabalhando em harmonia e concordância de propósito declarou:

"Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora
não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.Eia, desçamos, e confundamos
ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.” (Gn.11:6,7).

O que vemos aqui é que a unidade remove limites. Quando o casal se torna um e fala uma só
língua (sem discordância) eles removem os limites diante de si! Deus pode agir livremente
num ambiente destes, mas basta perder a capacidade de falar a mesma língua que tudo se
perde!

No reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. Moisés
cantou acerca do exército de Israel: um deles faria fugir a mil de seus inimigos, mas dois
deles faria fugir dez mil! (Dt.32:30).

A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver isto numa das figuras bíblicas do
Tabernáculo. O propiciatório da arca da aliança figura este princípio. O Senhor disse que ali
Ele viria para falar com Moisés.

O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória e a presença de divina se
manifestava. E nas instruções para a confecção desta peça, vemos o simbolismo da unidade.
Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só peça de ouro batido; com isto falava
simbolicamente de unidade entre seus adoradores (Ex.25:17-19).

Os querubins deviam estar com as asas estendidas um para o outro (Ex.25:20), o que fala de
cobertura recíproca. A falta de unidade nos leva a agir com o espírito de Caim que disse ao
Senhor: “Acaso sou eu guardador de meu irmão?” (Gn.4:9).
Mas quando estamos em unidade com alguém, cobrimos e protegemos esta pessoa! Esta é
uma virtude que acompanha a unidade.

A outra, é a transparência. Os querubins deveriam estar um de frente para o outro (Ex.25:20).


Isto fala alegoricamente de poder encarar outro adorador “olho no olho”. Fala de não ter
nada escondido, de não ter pendências. Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho
de outra pessoa quando as coisas não estão bem.

Quando Jacó fala para sua família que as coisas já não estavam bem entre ele e Labão, seu
sogro, a expressão que ele usa é: “vejo que o semblante de vosso pai já não é mais o
mesmo para comigo” (Gn.31:5).

Jesus disse que os olhos são a candeia do corpo. Eles refletem o que está dentro de nós. E a
unidade é a capacidade de olhar olho no olho e estar bem. Particularmente, eu não posso
concordar com casais que escondem coisas um do outro, seja no que diz respeito à sua vida
passada (erros e pecados) ou presente (como nas questões financeiras, por exemplo).

Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção ou acerto de “pendências”
(Pv.28:13).

Ás vezes fingimos um comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao outro, o que
diverge do ensino bíblico. Este teatro não produzirá unidade verdadeira. Temos que aprender
a ser francos, como está escrito: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto”
(Pv.27:5).

Paulo censurou este tipo de comportamento dúbio quando escreveu aos gálatas. Ele falou
sobre como o apóstolo Pedro em certa ocasião agiu assim para ser “diplomático” e que esta
atitude conseguiu atrair até mesmo o prórprio Barnabé, companheiro de Paulo, e ele os
censurou publicamente (Gl.2:11-14).

Contudo, quero ressaltar que ser franco não significa ser grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a
falar a verdade em amor. O conselho dado a Timóteo na hora de corrigir os que opunham, foi
o de usar de mansidão (II Tm.2:25). A unidade manifesta a verdade (dolorosa às vezes) de
forma bem mansa.

O PRINCÍPIO DO ACORDO

A Bíblia nos ensina também que o acordo é indispensável num relacionamento:

“Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Amós 3:3

A ausência de acordo é uma porta aberta para o diabo. Quando Paulo escreveu aos efésios e
falou sobre não dar lugar ao diabo, o fez dentro de um contexto, que é o de pecados que
acontecem nos relacionamentos:

“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.”
Efésios 4:26,27
Tiago escreveu sobre o mesmo princípio. Ele disse:

“Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas


ruins.” Tiago 3:16

Já mencionamos anteriormente que o acordo é uma porta aberta para ação de Deus
(Mt.18:19). Mas quando chegamos ao ponto de dissipa-lo de nosso relacionamento, estamos
comprometendo não só a qualidade da satisfação na esfera emocional, mas também a esfera
espiritual de nosso lar. Não é fácil ajustar-se satisfatoriamente na relação conjugal.

As diferenças são muitas; na formação de cada um, na personalidade, temperamento, e


acrescente a isto as diferenças entre homem e mulher. Contudo, quando aprendemos a ter
como denominador comum o caráter e os ensinos de Cristo, então conseguimos o ajuste por
meio de ceder, perdoar, recomeçar, etc.
Mesmo um casal que parecia perfeitamente ajustado em seu período de namoro e noivado
descobrirá a necessidade de mais ajustes à medida que os anos de casamento vão passando.
Não é uma tarefa tão fácil, mas não é impossível!

Se não estivesse ao nosso alcance, Deus estaria sendo injusto ao cobrar isto de nós... mas o
fato é que não só é algo possível, como também é uma chave poderosa na vida cristã!

O CASAL DEVE DECIDIR JUNTO

Há uma ordem de governo e autoridade estabelecida por Deus no lar. O marido é chamado o
cabeça (Ef.5:22-24), e entendemos que como tal tem direito à palavra final. Porém, isto não
quer dizer que o homem esteja sempre certo ou que não deva ouvir sua mulher.

Encontramos no Velho Testamento uma ocasião em que o próprio Senhor diz a Abraão, seu
servo: “Ouve Sara, tua mulher, em tudo o que ela te disser” (Gn.21:12). No Novo Testamento
vemos Pôncio Pilatos desprezando o conselho de sua mulher e se dando mal com isto
(Mt.27:19).

Precisamos considerar ainda que ser líder não significa ser autoritário. Quando o apóstolo
Pedro escreveu aos presbíteros (que compõem o governo da Igreja Local), disse em sua
epístola que eles não deveriam ser “dominadores do povo” (I Pe.5:3).

Isto mostra que autoridade e autoritarismo são duas coisas distintas. Vejo muitos maridos
dizerem que suas esposas TÊM que obedecê-los! Mas ao dizer que as esposas devem ser
submissas, Deus não estava instituindo o autoritarismo no lar. Vale ainda lembrar que Jesus
declarou que “aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc.12:48).

Os homens precisam se lembrar de que em matéria de responsabilidade do lar, terão que


responder a Deus numa medida maior que as mulheres. Mas não é preciso que o homem
carregue o peso desta responsabilidade sozinho.

É importante que o casal dialogue e tome decisões juntos. Desde que casamos, minha esposa
e eu sabemos quem é o cabeça do lar, mas foram muitas raras as vezes em que tomei uma
decisão por mim mesmo.

Sempre conversamos e discutimos sobre nossas decisões. As vezes já estamos de acordo no


início da conversa, e às vezes precisamos de muita conversa para amadurecer bem o que
estamos discutindo. Mas sabemos a bênção de caminhar em acordo e cultivamos isto entre
nós.

Entendo que se a mulher é chamada de “auxiliadora” na Bíblia, é porque o homem precisa de


sua ajuda. E a ajuda da mulher não está limitada à atividades domésticas.

A Bíblia fala com esta figura, que deve haver uma relação de companheirismo. Creio que
como auxiliadora, a mulher deve ajudar a tomar decisões.

Este é um processo que exige ajuste. Na hora de discutir alguma decisão, ou mesmo a forma
de ser e se comportar de cada cônjuge, vemos o quanto é difícil ouvir ao outro. Mas devemos
atentar para o ensino bíblico sobre isto: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha”
(Pv.18:13).

Tiago nos adverte o seguinte:

“Sabeis estas cousas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir,
tardio para falar, tardio para se irar”. Tiago 1:19

A verdade é que normalmente somos prontos para falar e irar-se um contra o outro, mas
tardios para dar ouvidos ao que o outro tem a dizer. E isto precisa ser mudado em nós! Para
que haja acordo, precisamos aprender a ouvir.

TRATANDO COM DESENTENDIMENTOS

Os desentendimentos ocorrem, mesmo entre os crentes mais dedicados, mas devem ser
tratados logo. Lemos que alguém pode se irar e não pecar, pois é uma reação emocional
espontânea.

Mas o que cada um faz com o sentimento que teve pode se tornar pecado. Paulo aconselhou
os irmãos de Éfeso a que não deixassem o sol se pôr sobre sua ira (Ef.4:26,27). Em outras
palavras, que deveria haver acerto, perdão, e que nenhuma pendência ficasse para trás.

Precisamos aprender a tratar com os desentendimentos no lar. Preservar a unidade não


significa nunca se desentender, mas saber dar a manutenção devida no relacionamento
quando isto ocorrer.

O tempo não apaga as ofensas. Deve haver reconciliação. Jesus ensinou isto:

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu
irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” Mateus 5:23,24

Alguns acham que depois de um desentendimento é só deixar “para lá”. Mas a Bíblia nos
ensina o princípio de reconciliação de maneira bem formal. Deve haver pedido de desculpas,
de perdão.

Deve se conversar sobre o que aconteceu (o quê machucou o íntimo de cada um e porquê
machucou). E não podemos perder de vista que devemos lutar para viver sem brigas, e não só
reconciliar quando elas ocorrem (Ef.4:31).

Acredito, ainda, que atenção especial deve ser dada à forma de falar. Talvez esta seja uma
das áreas que mais sensíveis sejam nos desentendimentos que surgem no relacionamento,
uma vez que a “comunicação” no lar não é só o que um fala, mas também a forma que o
outro entende!

As conversas não devem ser exaltadas ou em tom de briga. E quando um dos cônjuges se
perde numa explosão emocional, é importante notar que a Bíblia não nos ensina a “jogar o
mesmo jogo”. O que lemos nas Escrituras é justamente o contrário:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” Provérbios 15:1

“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis
responder a cada um”. Colossenses 4:6

Os maridos devem ter cuidado redobrado, pois por natureza são mais racionais do que
emocionais e suas palavras tendem a ser mais duras e grosseiras. Por isto a Bíblia nos adverte:

“Maridos, amai a vossas esposas, e não as trateis com aspereza” Colossenses 3:19

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher,
como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que
não sejam impedidas as vossas orações”. I Pedro 3:7

Embora seja verdadeiro e aplicável aqui o ditado de que “é melhor prevenir do que
remediar”, precisamos reconhecer que muitas vezes falhamos permitindo desentendimentos
que poderiam facilmente ser evitados. Neste caso, devemos aprender a consertar e tratar
com estas situações.

Mas não podemos esquecer também que mesmo havendo perdão e reconciliação depois do
erro, quando ele se repete muito vai gerando desgaste e descrédito, e isto exige uma
dimensão de restauração maior depois.

As intrigas no lar roubam o prazer de outras conquistas, como escreveu Salomão, pela
inspiração do Espírito Santo:

“Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado e com ele o ódio”.
Provérbios 15:17
“Melhor é um bocado seco, e tranqüilidade, do que a casa farta de carnes, e contenda”.
Provérbios 17:1

“Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa”.
Provérbios 21:9

Há casais que alcançaram tudo o que queriam financeiramente, mas não conseguem viver
bem juntos. Eles, melhor do que ninguém, podem afirmar quão verdadeiras são estas
declarações bíblicas. Não adianta ter outras realizações e deixar o relacionamento conjugal
se perder.

Como alguém declarou: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Precisamos aprender a
cultivar a unidade em nosso relacionamento. E isto acontece quando aprendemos a lidar de
forma simples e prática nas questões do dia-a-dia. Que o Senhor nos ajude!

Autor: Luciano Subirá

Filho de peixe...
por Cristiano Batiston

Filho de peixe, peixinho é. FILHO DE PASTOR, pecadorzinho é, se não se converter vai para o
inferno IGUAL A QUALQUER UM. Esta foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça,
quando fui convidado para ser o preletor da palestra para filhos de pastores, durante o
evento Expo Cristã, realizado com muito sucesso em São Paulo.

Um privilégio e um desafio, isso foi o convite para mim. Isto é ser filho de pastor, isto é ser
pai ou mãe de um filho de pastor: UM PRIVILÉGIO E UM DESAFIO! E aqui vai um pequeno
resumo da ministração que Deus colocou no meu coração para este dia...

QUEM SOU EU:

Meu pai, pastor Eliseo Batiston, é um bem-sucedido pastor do sudoeste paranaense, em uma
cidade de 65.000 habitantes, com uma igreja de 2000 membros. Neste ambiente eu cresci,
TODO MUNDO sabia quem eu era, e TODO MUNDO tinha uma expectativa formada de quem eu
deveria ser. Pressão para uma criança, para um adolescente e até mesmo para um jovem.
Com um agravante: meu pai era um dos médicos mais conhecidos da cidade e foi o vereador
mais votado. ESCANDALO! Largou tudo para ser pastor. Piadas no colégio, na rua, na
lanchonete, professores que odiavam crentes, não havia lugar pra se esconder. Na minha
cidade se você espirra numa esquina, na outra um conhecido lhe deseja saúde. Na igreja eu
tinha que ser o mais santo; pro mundo deveria ser o menos diferente possível; diante de Deus
eu deveria ser o padrão para o povo do mundo... à esta altura nem eu mesmo já sabia quem
queria ser. Sabia que queria ser livre, queria sumir, ser eu mesmo.

MAS QUEM EU ERA?

Tentei quase tudo: sucesso com as meninas, ser o musico da escola, poeta, as melhores
notas, as piores notas, usei terno, calça jeans rasgada, cabelo comprido, cabelo raspado,
estilo esportista, intelectual, rebelde, pacifista, quase todas as identidades que eu encontrei
em filmes, sonhos, vídeo games eu tentei ser na minha adolescência,. Qualquer coisa que
fosse diferente do meu pai e parecido com o que a maioria esperava.

Rugi contra meu pai várias vezes frases como:


- Quero um pai, não um pastor.

- Quem você é agora? Pai ou Pastor?

- Pelo menos me trate como uma de suas ovelhas!

- Eu, pastor? Jamais!

- Vai cuidar da sua igreja e me deixa em paz!

Agora, até parece engraçado, mas vocês, pastor e filho, sabem de que sentimentos momentos
e sensações estou falando. Mas ser filho de pastor não me trouxe salvação. Até que eu
entendi que eu era um dos poucos no mundo a ter o pai e o pastor na mesma casa, e que era
minha responsabilidade absorver o melhor de cada um dos papeis que aquele homem tinha e
tem na minha vida.

Sabe, hoje sou casado com uma linda mulher, tenho uma banda, um ministério reconhecido e
de sucesso, tenho discípulos que me amam e me seguem em direção a Cristo, tenho um bom
salário, um carro e um lindo violão, e ainda às vezes olho para a porta de casa, esperando
que o pai e o pastor entrem e me digam o que fazer. Então, dentro de mim, as sementes que
ele plantou, às vezes de uma forma maravilhosa, às vezes de uma forma errada, se tornaram
a árvore onde eu descanso, e fico seguro. Aqueles princípios que entram em nós, mesmo
quase sem percebermos, se não os rejeitarmos, nos darão uma vida segura, feliz e de muita
aventura com Deus.

O amor por Jesus e pelas vidas, a confiança, de que ainda que o mundo acabe, Deus esta no
controle e me ama, ainda sendo eu um pecador. Os valores dos dez mandamentos
(pendurados na porta da geladeira), as noites chorando para que uma alma fosse liberta,
fazer a obra mesmo com sacrifício próprio... Nenhuma faculdade no mundo poderia me
ensinar, nenhum dinheiro poderia comprar. Valeu a pena cada momento esperando que ele
chegasse em casa, e ele não veio. Não veio para que mais um marido voltasse com a esposa,
ou mais um jovem largasse das drogas, ou mais uma pessoa no leito de morte tivesse o
conforto de um homem de Deus. Valeu a pena pra mim e vai valer pra você, se você
permanecer firme e não rejeitar este privilégio.

Isso tudo não é somente Bíblia ou um estudo compilado sabiamente. Isto é a minha vida, a
minha decisão: aproveitar da melhor maneira a vida de filho de pastor que eu tive.

Quando os filhos de pastores e missionários entenderem, como qualquer outra pessoa, que
não podem escolher o pai, a mãe, o lar, o passado, mas podem escolher quem serão no
futuro, como usarão da melhor maneira o que seus pais lhes deram e mesmo seu passado,
teremos exércitos de David Quinlans, Anas Paulas, Andrés Valadão, Ministérios Ouvir e Crer,
Ministérios Ipiranga, Samueis Barbosa e muitos, muitos Filhos dos Homens, rompendo cadeias,
conquistando nações e transformando esta geração rebelde em uma geração de guerreiros
santos e curados, cheios do espírito, fazendo valer cada palavra de Isaias61.

Filho de pastor, você não tem poder sobre o passado, mas tem sobre o futuro. A
responsabilidade agora é nossa e não dos nossos pais. Isso pode parecer mais uma cobrança, e
daí? Você é filho de pastor já deveria estar acostumado com cobranças, é uma decisão que
você precisa tomar, e ser homem ou mulher o bastante para enfrentar as conseqüências de
rejeitar ou aceitar um presente dado por Deus. Oro por você todos os dias. Tome a decisão
certa!

Com carinho...

Pr. Cris Batiston - Líder e cantor do Ministério Filhos do Homem

Autor: Cristiano Batiston


Restauração Familiar
por Luciano Subirá

Deus deseja sarar as famílias! Penso que esta é uma das mais belas expressões da
reconciliação. Em sua carta aos coríntios, o apóstolo Paulo falou sobre reconciliação familiar:

“Ora, aos casados, ordeno não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido
(se, porém, ela vier a separar-se, que não se case, ou que se reconcilie com seu marido),
e que o marido não se aparte de sua mulher”. - I Coríntios 7:10,11

Deus não se agrada do divórcio. Na verdade, a Bíblia diz em Malaquias 2:16 que Ele detesta o
divórcio. Embora, haja situações em que o divórcio seja inevitável, as Escrituras nos mostram
que a atitude do cônjuge cristão não é a de aproveitar para sair correndo reconstruir a vida
com outra pessoa, mas manter-se aberto à reconciliação.

Um milagre que o Senhor deseja operar na vida de pessoas que tiveram seu relacionamento
destruído é este! Não é algo automático, da noite para o dia, envolve muitos concertos e
acertos, mas é algo glorioso. Por muitos anos tenho sido uma testemunha ocular de inúmeros
lares e famílias que foram restauradas pelo poder de Deus e mediante sua Palavra. O Senhor
declarou que usaria a vida de pessoas para promover este tipo de ministério. Referindo-se ao
ministério de João Batista, que foi comparado ao profeta Elias pelo tipo de seu ministério,
Deus disse:

“Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que
eu não venha e fira a terra com maldição”. - Malaquias 4:6

Deus deseja converter corações que estão endurecidos e distanciados pela mágoa e
ressentimento. O Senhor deseja sarar relacionamentos familiares. A Bíblia nos mostra isto em
vários exemplos bíblicos de reconciliação familiar.

EXEMPLOS BÍBLICOS DE RECONCILIAÇÃO

A parábola do filho pródigo, contada por Jesus em Lucas 15:20-24 é um exemplo disto. Aquele
filho traiu e abandonou seu pai e família. Depois de ter perdido tudo, volta arrependido,
esperando ser recebido como um empregado, imaginando ser impossível voltar a ter o mesmo
relacionamento de outrora.
Contudo, aquele pai amoroso, à semelhança do que Deus faz conosco, recebe aquele filho de
braços abertos, com todas as honrarias possíveis. Este é um quadro daquilo que Deus deseja
fazer em sua família, ou que, através de sua vida Ele deseja fazer na família dos outros.
Encontramos no Velho Testamento uma história de contenda entre dois irmãos:

“Passou Esaú a odiar a Jacó por causa da bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e
disse consigo: Vêm próximos os dias de luto por meu pai; então, matarei a Jacó, meu
irmão.” - Gênesis 27:41

Devido ao ódio de seu irmão Esaú, Jacó é obrigado a fugir de casa para preservar sua vida
(Gn.27:42-45). Jacó acabou passando cerca de vinte anos distante, mas ao regressar, ainda
temia seu irmão. E orou ao Senhor, pedindo que intervisse naquela situação. E o resultado foi
semelhante ao que o Senhor deseja produzir nos familiares ressentidos de nossos dias:

“Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e


choraram.” - Gênesis 33:4

Somente Deus pode mudar corações amargurados e promover o perdão. Lemos também
acerca de José e seus irmãos, uma família que conheceu a divisão (e posteriormente a
restauração e o perdão):

“Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda
jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia
más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos,
porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo,
pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não
lhe podiam falar pacificamente. Teve José um sonho e o relatou a seus irmãos; por isso, o
odiaram ainda mais.” - Gênesis 37:2-5

A Bíblia nos conta que por causa destas diferenças, os irmãos de José o venderam como
escravo a uma caravana de mercadores que ia ao Egito (Gn.37:28). Anos se passaram, e por
fim se cumpriram os sonhos que Deus dera a José e ele so tornou o Governador de todo o
Egito. Mas quando reencontra seus irmãos que foram atrás de comida, não decide se vingar,
mas perdoa e os chama à restauração do relacionamento:

“Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou
José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem
vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para
conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós.” - Gênesis 45:3,4

Não acredito que haja tantas histórias de restauração familiar na Bíblia sem motivo algum.
Penso que Deus deseja encher nosso coração de fé naquilo que Ele pode e quer fazer. Sei que
as pessoas podem usar de seu livre-arbítrio para decidirem separar-se sem nunca mais desejar
estar juntas. Mas muitas vezes isto só acontece por interferência espiritual maligna, e este
quadro pode ser revertido.

Jesus falou que veio dividir uma casa (Lc.12:51-53). Com isso ele se referia àqueles lares em
que uns se converteriam e outros não, e deixou claro que deveríamos colocá-lo em primeiro
lugar, mesmo antes dos relacionamentos familiares. Se for necessário escolher entre Jesus e
algum familiar, sem dúvida devemos optar por ele.

Por outro lado, vemos várias famílias sendo alcançadas conjuntamente no livro de Atos, o que
nos mostra o plano e a intenção de Deus para as famílias. Se pudermos ter Jesus e a família
juntos, melhor ainda!

UM TESTEMUNHO ATUAL

Além dos exemplos bíblicos de restauração familiar, decidi inserir uma história de nossos dias;
o relato a seguir é verdadeiro, foi escrito por Marcelo Mendes, um irmão e amigo que tive o
privilégio de acompanhar desde o início de sua conversão a Cristo, e que hoje, juntamente
com sua esposa Simone, tornou-se um canal de bênçãos para muitos na Comunidade Vida, em
Guarapuava/Pr:

“Minha vida começou a ser transformada em meados de 1994, quando estava casado à cinco
anos, com uma mulher maravilhosa, a Simone, e tendo uma filha graciosa de três anos,
Luana. Eu me achava com uma vida “boa” e dizia ser um cara realizado, por dispor de uma
família estável e uma condição financeira razoável. Nesta época, achava que não precisava
de nada, mas a verdade é que eu era um miserável e não podia enxergar.

Naquele tempo, havia uma pressão espiritual muito grande sobre mim. Sentia um desejo de
experimentar coisas novas, sair da rotina, mudar alguma coisa. E além de não ter nenhuma
orientação correta da parte de alguém que conhecesse a Deus, havia meus amigos insistindo
para que buscássemos prazer em outros lugares, mulheres, bebidas e coisas do gênero.

Foi neste contexto que conheci uma pessoa, em uma festa na casa de uma prima, quando
minha esposa estava viajando na casa de seus pais. E, em resumo me envolvi com ela. Não me
dei conta de que a partir de então, não apenas estava destruindo minha família e pecando
contra Deus, mas também pecava contra a própria pessoa com quem me envolvi.

Decidi separar-me e viver com essa outra pessoa. E mandei que minha esposa fosse embora,
pois não queria que permanecesse na mesma cidade. Tivemos situações de medo, angustia,
até tristeza, e em meio a toda essa crise, vivi dias de depressão, chegando até mesmo a
pensar algumas vezes em suicídio, pois já não sabia mais o que queria fazer, e se me
aventuraria em um novo relacionamento jogando fora um casamento que já durava cinco
anos. E infelizmente, fiz a escolha errada.
Quando comecei a viver com essa outra pessoa, pareceu, a princípio, ter sido a melhor
decisão, e isso durou cerca de dois anos e meio. Mas, quando recebemos favores do diabo,
chega o momento da cobrança, e o preço é caro. De modo que, nos últimos nove meses desse
período, comecei a viver no inferno. E não estou acusando a outra pessoa, pois eu mesmo
muitas vezes me sentia oprimido a agir de forma que também não me agradava.

Por várias vezes, depois de várias discussões, pousava na rua, buscava refugio em amigos,
bebidas, etc. Tentamos ter um filho, mas desde os dezoito anos, fui informado por um médico
do Exército, que possuía uma deficiência na geração de espermatozóides férteis, e que na
ocasião do meu casamento, devia planejar filhos logo no início, pois com o passar dos anos
não seria mais possível, o que me fez concluir que o diagnóstico já estava se cumprindo nesta
época.

E é em momentos como este, quando estamos vulneráveis à ponto de nos entregarmos a total
derrota, que vem o livramento do Senhor. A pessoa com quem eu vivia começou a freqüentar
a igreja e entregou sua vida a Jesus. Depois disto, me chegou às mãos uma mensagem
gravada do pastor Luciano Subirá, intitulada “Remidos do Inferno”, e confesso que o Senhor
me pegou de jeito! Ao ser confrontado, senti as minhas misérias e naquele momento pude
sentir o verdadeiro amor do Senhor... era como se todos os meus problemas e meus pecados
fossem lançados ao mar, e a partir daquele dia decidi seguir Jesus Cristo e passei a também a
frequentar a igreja.

Começamos a participar de um grupo de estudos que enfatizava muito os princípios de Deus


para a família, e quanto mais conhecíamos ao Senhor e sua Palavra, mais incomodados
ficávamos pela forma como estabelecemos nosso relacionamento, quebrando as leis de Deus.
Esta situação, entre outras, contribuiu para o término do nosso relacionamento.

Fui a Curitiba e pedi perdão à minha esposa por tudo o que havia feito contra ela. Descobri
então, que ela também havia conhecido a Cristo. No dia de nossa separação, quando a Simone
embarcou no ônibus, uma senhora sentada ao seu lado percebeu sua tristeza e ministrou
naquela mesma hora ao coração de minha esposa. Ela disse que podemos perder tudo nessa
vida, mas que o mais importante era sabermos que o Senhor Jesus jamais nos desampara, que
Ele é a nossa força e tem o poder de nos restituir tudo aquilo que perdemos. Ao desembarcar
em Curitiba, com minha sogra à sua espera (que pensava como poderia fazer para consola-la),
minha esposa desceu do ônibus muito feliz, dizendo que podia ter me perdido, mas que havia
conhecido algo muito mais especial; dizia que descobriu o verdadeiro amor na pessoa do
Senhor Jesus.

Deus me abençoou com a restauração da minha família. Alguns meses depois nos casamos
“novamente” e a confirmação desta aliança restaurada veio através do nascimento de nossa
segunda filha (a Amanda) no ano de 1999, contrariando todos os diagnósticos médicos de
minha impossibilidade de ter filhos.

Hoje, quando olho para trás e vejo o quanto Deus mudou minha vida e família, encho-me de
gratidão ao Senhor e me sinto desafiado a lutar no ministério pela restauração de famílias.
Tenha certeza de que Ele pode fazer algo por você também!...”

Autor: Luciano Subirá

Resgatando Valores no Lar


por Luciano Subirá

“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre
a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e
vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.” -
Lucas 15:8,9
Jesus utiliza esta ilustração de um fato natural para refletir uma verdade espiritual. Neste
caso, nas três parábolas contadas neste capítulo, ele fala de algo que se perde e é
reencontrado. Uma aplicação clara ao pecador que se arrpende e é “reencontrado” por Deus
é feita nas três parábolas. Porém, além deste enten-dimento claro e específico, acredito que,
assim como toda porção profética da Palavra de Deus, temos algo mais a aprender neste
ensino.

Jesus falou sobre uma perda que aconteceu dentro de casa, e quero fazer uma aplicação
espiritual disto para nossos lares e casas. Alguns podem achar que estamos apenas
“espiritualizando” um texto fora de seu contexto, mas a cosmovisão bíblica dá suporte a este
tipo de interpretação, desde que se harmonize com o restante dos princípios explícitos das
Escrituras Sagradas.

VALORES PERDIDOS

Esta mulher não perdeu a moeda na rua, mas dentro de casa, sem sequer ter saído de lá. A
moeda, um denário, tinha mais valor do que a idéia que passa na nossa mente quando
pensamos em uma moeda. Era a paga por um dia inteiro de trabalho de um trabalhador
normal. E esta perda de algo valioso dentro de casa me fala de outros valores (não materiais)
que muitas vezes perdemos dentro de casa.
Sei por experiência própria, como marido, como pai e também como filho, que muitos valores
que devemos guardar dentro de casa, no convívio com nossos familiares podem ser
comprometidos. Falo de valores emocionais como: o respeito, o carinho, o amor, a paciência,
a compreensão, a dedicação, o serviço, a harmonia, a paz, a doação de si mesmo, etc. Falo
também de valores espirituais, como: a oração, o devocional, a fé, o temor de Deus, a
meditação na Palavra, e outros.

Muitas pessoas acham que para sofrer perdas em seus lares é necessário muita interferência
ou pecados externos, mas digo que não. Quando pensamos só na moeda em si, imaginamos
algo fácil de se perder e permanecer escondido em algum canto da casa. Quem já não perdeu
algo em casa? O termo “moeda” não nos faz perceber a dimensão da perda. Na verdade,
tratava-se de um décimo de tudo o que a mulher tinha! Este paradoxo também se dá com
muitos dos valores que perdemos em nosso lar. Aparentemente trata-se apenas de “uma
moeda”, mas vale bem mais do que o que só aparenta!

O processo de recuperação da moeda por parte desta mulher envolveu cinco atitudes que
vejo como sendo a forma de reencontramos nossos valores perdidos.

ACENDENDO A CANDEIA

O texto sagrado revela que a mulher acendeu a candeia. ela buscou mais luz porque havia
falta dela... e não há como procurar algo no escuro. Acredito que este é um paralelo
espiritual de algo que precisamos para reencontrar qualquer tipo de valor perdido, não só em
nosso lar como também em nossa vida em Deus.

Que luz é esta que nos auxilia nesta busca? É a ação reveladora do Espírito Santo. Trazer à luz
é expor o que estava oculto. Paulo falou aos coríntios sobre examinar-se a si mesmo. Mas
creio em mais do que um auto-exame nas horas de concerto. Creio que precisamos nos
aquietar perante o Senhor e deixá-lo falar em nosso íntimo pelo Espírito Santo...

VARRENDO A CASA

Aquela casa necessitava de limpeza. A sujeira que estava lá naquele chão podia esconder a
moeda. Não sabemos porque havia sujeira, talvez aquela mulher tenha deixado a janela
aberta e um pé de vento trouxe sujeira para dentro de casa.

O mesmo acontece conosco. muitas vezes nos expomos demais a este mundo e permitimos
que seus conceitos entrem em nossa casa e coração. Às vezes pela TV, ou por meio de não-
crentes com quem convivemos... mas o fato é que quando a sujeita do mundo entra, encobre
e esconde de nós aquilo que temos perdido. Se quisermos reencontrar valores, precisamos nos
livrar da sujeira que entrou!

PROCURANDO COM DILIGÊNCIA


Aquela mulher procurou com diligência seu valor perdido. Tem crente que chora no apelo,
mas depois não dá um passo para alcançar aquilo que perdeu em sua vida espiritual ou
familiar.

A mulher de nossa história empreendeu uma busca diligente, dedicada. Isto fala de disposição
de concerto. Deus não dá nada para quem não valoriza. Por meio do profeta Isaías ele disse:

“Derramarei água sobre o sedento” - Isaías 44:3

Por que Deus só derrama água sobre o sedento? Por que não sobre qualquer um?
Ele dá água para quem valoriza a água, para quem vai aproveitá-la!

Jesus nos ensinou a não lançar pérolas aos porcos. Quem não valoriza não merece receber. Se
queremos algum tipo de restauração em nossa vida em Deus ou em nosso lar, temos que nos
empenhar nisto!

ATÉ ENCONTRAR

A mulher não apenas foi diligente, como também foi perseverante. A parábola nos revela que
ela não parou de buscar enquanto não encontrou aquilo que havia perdido. Enquanto a
diligência tem a ver com a “qualidade” da busca, a perseverança tem a ver com a “duração”
da busca.

Normalmente falamos de se alcançar a nossa herança em Deus por meio da fé. É lógico que
sem fé é impossível agradar a Deus, e o que duvida não receberá coisa alguma, mas há algo
que acompanha a fé e que normalmente não percebemos o quanto tem a ver com possuir a
herança: a perseverança. As Escrituras nos ensinam que precisamos tanto da perseverança
como precisamos da fé:

“para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela
perseverança, herdam as promessas.” - Hebreus 6:12

Algumas versões usam aqui o termo paciência, mas fala a mesma coisa. fala de determinação
até que se chegue ao alvo.

Precisamos desta firmeza na busca da restauração dos valores perdidos no lar. A família tem
um lugar muito especial no coração de Deus, e Ele deseja que vivamos o seu melhor, inclusive
nesta área.
As três parábolas de Lucas 15 nos mostram que não devemos nos conformar com as perdas. É
hora de empenho, de dedicação, de determinação nesta restauração.

ALEGRIA PÚBLICA

Assim que reencontrou o que havia perdido, a mulher reuniu suas amigas e vizinhas para se
alegrarem.
O testemunho de restauração sempre animará outras pessoas, especialmente aquelas que
estão iniciando a sua busca. Tudo o que Deus nos dá deve ser dividido com outros. Paulo
declarou o seguinte:

“É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que
estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos
contemplados por Deus.” - II Coríntios 1:4

Quando Jesus libertou aquele endemoninhado gadareno, este lhe pediu que o pudesse
acompanhar. A resposta de Jesus reforça o que estamos dizendo:

“Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus.
Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti. Então, ele foi e
começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam.” -
Marcos 5:19,20

Este homem recebeu a comissão de dividir com outros o que Deus nos fez.
Este é um princípio do Reino que deveríamos levar mais a sério.
A mulher samaritana que encontrou-se com Jesus junto ao poço de Jacó teve a mesma
atitude:

“Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher,


que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito.” - João 4:39

Assim que você resgatar aquilo que se havia perdido, estará debaixo da comissão de torná-lo
público. Não apenas como um motivo de se alegrar, mas principalmente o de levar regozijo
aos outros, especialmente os que possuem as mesmas necessidades que você tinha...

Autor: Luciano Subirá

Salvação Para a Família


por Luciano Subirá

“Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”. - Atos 16:31

Creio numa provisão divina para abençoar as famílias. Acredito que Deus pensa na família em
tudo o que faz. A família é uma instituição divina. Deus proveu para seu filho Jesus uma
família abençoada nesta terra. E fez muitas promessas incluindo as famílias, portanto há algo
especial que deve ser visto sob este enfoque e que nos ajudará em nossa caminhada cristã.

Nosso texto base para esta meditação fala sobre salvação para toda a família, e acredito que
há muita coisa que precisa ser esclarecida por trás deste conhecidíssimo versículo bíblico.
Tenho visto atitudes erradas na vida de muitos cristãos e, geralmente, elas são oriundas de
uma compreensão errada (ou da falta dela) deste texto.

Este texto não é uma promessa de que Deus salvaria nossa família sem que nada
precisássemos fazer. Não fala de um processo em que, automaticamente, toda uma família se
salva só porque um foi salvo. A salvação não se transfere, é pessoal. Este versículo nos mostra
uma provisão divina para a família, e que quando um familiar é salvo passa a ser a “porta de
entrada” do Reino de Deus para a sua família. Tem muito crente que sequer evangeliza os
seus, nunca intercede por sua família, mas quando indagado sobre o estado deles responde:
“Não me preocupo por que tenho uma promessa da salvação de minha família”...

Não acredito que este texto seja uma promessa, embora creia que deva inspirar nossa fé e
nos levar a uma atitude correta. Tenho este posicionamento pelas seguintes razões:

1) Era uma palavra pessoal;

2) Não concorda com outros textos sobre a salvação para família;

3) Não concorda com a doutrina bíblica da salvação.

Permita-me argumentar porquê...

UMA PALAVRA PESSOAL

Esta palavra foi dada por Paulo a um carcereiro da cidade de Filipos, onde o apóstolo estava
preso por ter expulsado um espírito maligno de uma jovem que era adivinha. O ocorrido a
impediu de continuar adivinhando, e a falta de lucros gerada por esta libertação fez com que
os senhores dessa moça lançassem Paulo e seu companheiro Silas na prisão.

O que Paulo falou a este homem foi uma palavra pessoal sob uma ação específica do Espírito
Santo. Observe o texto todo e estes detalhes aparecerão:

“E, depois de lhes darem muitos açoites, os lançaram no cárcere, ordenando ao


carcereiro que os guardasse com toda a segurança. Este, recebendo tal ordem, levou-os
para o cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco. Por volta da meia-noite, Paulo e
Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam.
De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se
todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos. O carcereiro despertou do sono e,
vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se, supondo que os
presos tivessem fugido. Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que
todos aqui estamos! Então, o carcereiro, tendo pedido uma luz, entrou precipitadamente
e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois, trazendo-os para fora, disse:
Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e
serás salvo, tu e tua casa”. - Atos 16:23-31

Este acontecimento se deu por volta da meia-noite, logo, estava escuro. A certeza disto é que
o carcereiro pediu luz antes de ir até Paulo e Silas, o que nos mostra que nem ele e nem
tampouco os dois evangelistas tinham luz. O texto sagrado ainda revela que ninguém saiu do
cárcere, embora o carcereiro chegou a pensar que todos já tivessem fugido.

Então, aquele homem, que sabia que ia pagar com a própria vida pela vida dos presos que
(achava ele) haviam escapado, decide se matar e chega a puxar espada para faze-lo, mas
Paulo brada para que ele não faça aquilo.

Como é que Paulo, no escuro e sem enxerga-lo por estarem em cômodos diferentes, sabia do
que estava acontecendo?

Temos uma palavra de conhecimento, dada pelo Espírito Santo revelando uma condição
específica de um homem específico. Não sabemos tudo o que Deus mostrou ao apóstolo, mas
é neste contexto que ele afirma ao carcereiro: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua
casa”. E o que acontece em seguida?

“Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?
Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. E lhe pregaram a
palavra de Deus e a todos os de sua casa. Naquela mesma hora da noite, cuidando deles,
lavou-lhes os vergões dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os seus. Então,
levando-os para a sua própria casa, lhes pôs a mesa; e, com todos os seus, manifestava
grande alegria, por terem crido em Deus”. - Atos 16:30-34

Aquele homem tirou Paulo e Silas da cadeia e os levou para casa. A Bíblia diz que ele
aproveita para cuidar das feridas daqueles homens, mas eles foram lá para pregar a palavra
de Deus e conseguiram levar todos a Cristo e batiza-los! O que fez o carcereiro acreditar
tanto em Paulo e Silas? Seguramente não foi só o terremoto, mas a revelação que ele recebeu
depois do terremoto.

Diante de tudo isto não posso dizer que as palavras de Paulo a este homem se apliquem a
todo crente. Quando o navio em que Paulo viajava para Roma estava para naufragar, ele disse
de antemão: "Contudo, é necessário irmos dar numa ilha". Como ele sabia disto? Porque Deus
lhe havia revelado isto. Mas não quer dizer que todo crente que viesse a naufragar iria dar
numa ilha. Era uma palavra específica para um momento específico. Do mesmo modo, o que
Paulo falou para aquele carcereiro não era uma promessa para todo crente, era uma
revelação específica do que aconteceria na família daquele homem.

OUTROS TEXTOS SOBRE FAMÍLIA

Há vários outros textos bíblicos que entrariam em conflito se tentamos dizer que esta palavra
é uma promessa para todo crente. Veja alguns deles:

“Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão. Porque,
daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três.
Estarão divididos: pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha, filha contra mãe;
sogra contra nora, e nora contra sogra”. - Lucas 12:51-53

Jesus disse que veio trazer divisão numa casa. Isto mostra que quando alguém decidisse segui-
lo, outros familiares se levantariam contra, não aceitando a decisão. E haveria problemas...
isto não nos faz pensar que o que Paulo disse ao carcereiro fosse uma promessa todo cristão,
faz?

O Senhor ensinou claramente que seria necessário ter a disposição de negar os familiares para
mantê-lo em primeiro lugar:

“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e
irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. - Lucas 14:26

Além do ensino de Jesus, vemos o mesmo apóstolo Paulo (que fez aquela declaração ao
carcereiro) falando sobre a salvação dos demais familiares como uma incógnita:

“Pois, como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se
salvarás tua mulher?” - I Coríntios 7:16

Ora, se Paulo acreditasse que aquilo que ele afirmou ao carcereiro de Filipos fosse uma
promessa a todo crente, não falaria assim, neste tom de incerteza! Mas a verdade é que não
se trata de uma promessa a todos, embora revele uma intenção do coração de Deus.

Não estou tentando semear incredulidade em quem crê na salvação dos seus familiares.
Precisamos mesmo lutar em favor deles! Mas o fato é que eles não serão salvos só porque
você, como familiar deles, foi. A condição para a salvação de seus familiares é a mesma que
de qualquer outro pecador: precisam se arrepender e crer em Jesus.

Escrevi este artigo porque muitos crentes não fazem nada pela sua família e ficam
confessando Atos 16:31 como se fosse uma solução a se estabelecer automaticamente.
Precisamos ser práticos. O que Paulo e aquele carcereiro fizeram?

“E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa. Naquela mesma hora da
noite, cuidando deles, lavou-lhes os vergões dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e
todos os seus”. - Atos 16:32,33

Depois de saber que Deus queria salvar sua família, o homem foi levar o Evangelho para eles!
Foi por isso que creram e se batizaram. Tem muita gente que não prega a palavra para os
seus familiares e acha que eles vão acordar salvos alguma manhã destas. Não é assim que
funciona. Temos que nos mexer. Lutar por eles. Interceder por eles. Dar bom testemunho.

CRENDO NO PLANO DE DEUS PARA A FAMÍLIA

Quando o apóstolo Pedro sobe a Jerusalém e é indagado do motivo que o levou a entrar na
casa de Cornélio, um gentio, dá uma explicação de um detalhe da mensagem que o centurião
recebera do anjo que lhe apareceu. Este detalhe é importantíssimo para nós porque nos
mostra como Deus trata com as famílias e tem um plano para elas.

“E ele nos contou como vira o anjo em pé em sua casa e que lhe dissera: Envia a Jope e
manda chamar Simão, por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras mediante as quais
serás salvo, tu e toda a tua casa”. - Atos 11:13,14

Embora não haja uma promessa específica de que cada família onde alguém se converter
todos virão a ser salvos, sabemos que este é o desejo de Deus. Deus deseja que todos se
salvem (I Tm.2:5). Ele não deixou ninguém de fora da provisão de salvação, mas mesmo
assim, sabe que muitos rejeitarão seu presente, a ponto de também declarar em sua Palavra
que “a fé não é de todos” (II Ts.3:2).

Desde o princípio vemos Deus incluindo as famílias em suas promessas de bênçãos, salvação e
livramento. Foi assim com Noé:

“Disse o SENHOR a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens
sido justo diante de mim no meio desta geração”. - Gênesis 7:1

Também foi assim com Ló, quando Deus anunciou pela boca dos anjos que haveria de destruir
a cidade; deu oportunidade para que toda a família escapasse:
“Então, disseram os homens a Ló: Tens aqui alguém mais dos teus? Genro, e teus filhos, e
tuas filhas, todos quantos tens na cidade, faze-os sair deste lugar; pois vamos destruir
este lugar, porque o seu clamor se tem aumentado, chegando até à presença do SENHOR;
e o SENHOR nos enviou a destruí-lo”. - Gênesis 19:12,13

Deus tem um plano para as famílias e deseja abençoa-las. Esta foi sua promessa a Abraão:

“...em ti serão benditas todas as famílias da terra”. - Gênesis 12:3b

Mas porque Deus deseja isto não quer dizer que vá acontecer por si. Os genros de Ló não o
levaram a sério (Gn.19:14) e acabaram perecendo em Sodoma, embora o Senhor quisesse ter
tirado os dois de lá.

NÃO PERDER A VISÃO FAMILIAR

Onde está o ponto de equilíbrio? Não é em achar que a família será salva por si e nem
tampouco em deixar de ter esperança pelos seus. É entender a visão familiar na Palavra e
batalhar para que isto se aconteça. Creio que Deus queira que cada um de nós possa encher o
peito e afirmar com alegria o mesmo que Josué:

“...eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. - Josué 24;15

Tem gente que quer ganhar o mundo para Jesus e sequer se importa com a sua casa. Isto é
uma violação de claros mandamentos bíblicos! Veja o que Paulo falou a Timóteo no tocante a
isso:

“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem
negado a fé e é pior do que o descrente”. - I Timóteo 5:8

O cuidado pela família não envolve apenas o sustento natural, que é o contexto desta
afirmação, mas também a preocupação com a condição espiritual. É requisito para a
liderança ter uma família exemplar, ministrada no Senhor (I Tm.3:4,5).

Os projetos que envolvem a salvação de nossa família devem ser tomados como prioridade. É
preciso que nos empenhemos em lutar pela salvação de nossa casa. Isto envolve uma postura
de esperança e um posicionamento de bom testemunho. Mediante um bom testemunho,
familiares podem ser ganhos para Cristo. Sem ele, muitos nunca se converterão. Pedro
escreveu sobre isto:

“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele
ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento
de sua esposa,ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor”. - I Pedro
3:1,2

Para o casal cristão, o desafio são os filhos. Eles também devem ser ganhos e discipulados por
seus pais:

“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na
admoestação do Senhor”. - Efésios 6:4

Viva sua vida em Deus de forma frutífera. E comece a frutificar pela sua própria casa. Que o
Senhor te dê graça para pelejar pelos seus e levá-los a uma experiência genuína com Cristo!

Autor: Luciano Subirá

Flechas na Mão do Valente


por Luciano Subirá
“Como flechas na mão do valente, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o
homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus
inimigos à porta”. - Salmo 127:4,5

Flechas na mão do valente. Esta é uma afirmação bíblica profunda. Vejo nesta frase um
princípio a ser aplicado na criação dos nossos filhos, e acredito que o mesmo também se
aplique aos nossos filhos espirituais, nossos discípulos.

Antes de tudo, quero reconhecer o contexto em que a afirmação é feita; o versículo seguinte
fala do homem que enche deles (flihos-flechas) a sua aljava e não será envergonhado diante
do inimigo à sua porta. Portanto, isto fala de filhos literais ajudando um pai a se proteger;
neste sentido, podemos vê-los como parte da defesa diante do inimigo e como uma família
deve aprender a lutar junta.

Mas também vejo uma outra aplicação para esta frase. Precisamos aprender a criar e liberar
nossos filhos para a vida. O que um valente (outra versão usa o termo guerreiro) fazia com
uma flecha? Ele a atirava para longe de si. Ele a lançava para atingir um alvo.

Nós pais (e falo como pai de dois filhos) temos uma inclinação natural a sermos super-
protetores. Nunca entendi a preocupação de meus pais comigo enquanto eu era criança. Não
entendia porque tudo parecia ser tão perigoso aos olhos deles. Achava que muitas vezes eles
me sufocavam com suas preocupações, orientações, conselhos, advertências, etc. Mas alguns
segundos depois que meu filho primogênito nasceu, eu imediatamente os entendi. Algo
inexplicável tomou conta de mim! Era um amor e preocupação que só um pai ou mãe
entende. Ficava imaginando que se ele fizesse tudo que fiz quando criança eu me preocuparia
demais...

É engraçado isto. Você promete para si mesmo que quando crescer e for pai fará tudo
diferente do que seus pais fizeram com você, mas quando chega a sua vez, sua visão muda! E
você se lembra das palavras que eles proferiam (e você não suportava ouvir): "Quando você
crescer e estiver no meu lugar vai entender”.

Na infância e na condição de filhos, abominávamos a super-proteção. Achávamos que os pais


não tinham que participar de determinadas escolhas, como relacionamentos de amigo(a)s,
namorada(o)s ou mesmo a escolha da profissão. Agora depois de adultos, acabamos por
concluir que os pais estavam certos, deveriam mesmo proteger seus filhos. Mas acho que
quando chega a nossa vez de exercer a proteção, acabamos nos esquecendo de algo
importante: o cuidado paterno (ou materno) não pode ser egoísta.

Às vezes, interferimos na escolha de relacionamentos (amizade, namoro) como se


estivéssemos escolhendo alguém para nós. Às vezes, planejamos a vida profissional de nossos
filhos querendo compensar nossas próprias frustrações. A verdade é que temos que preparar
nossos filhos para a vida. Uma hora eles terão que sair de casa e viver sua própria vida. E, se
os protegermos deste momento, não apenas criaremos problemas para eles, mas também
teremos problemas!

Flechas na mão do valente. Um valente atira suas flechas com força, para atingir o alvo de
longe. Se quisesse atingir o inimigo de perto, um guerreiro daquela época provavelmente
usaria uma espada. Precisamos aprender a lançar nossos filhos para a vida, e desejar lança-los
longe. Isto não significa que vamos nos afastar ou que queremos distância, mas que
precisamos pensar grande a respeito deles. Nossa criação não deve ser egoísta, centrada em
nós mesmos. Não podemos querer que nossos filhos fiquem somente por perto. Talvez uma
vida melhor só será provada por eles em outra cidade, estado ou mesmo país.

Como pais, precisamos ajudar nossos filhos a entenderem sua vocação e aptidões
profissionais. Meu pai dizia desde que eu era criança que eu seria um filósofo. Sempre que me
via pensativo, ele declarava isto. E de fato, sempre gostei de pensar e questionar tudo. Meu
pai reconheceu depois de muitos anos que o palpite dele estava correto, e me encorajou a ser
um pensador e questionador do comportamento cristão em meu ministério de ensino. Os pais
devem ajudar seus filhos a entender seu alvo a ser alcançado e, em acordo com eles, lança-
los em direção a este alvo!

Meus pais sofreram quando aos meus dezoito anos de idade passei a estar longe deles
viajando para pregar o Evangelho, e logo depois, quando me mudei para outro estado onde
casei-me e tive meus filhos. Eles preferiam que eu morasse e vivesse por perto, mas
entenderam que Deus tinha um plano para a minha vida (um alvo) e me atiraram em direção
a este plano. Há o tempo em que as flechas (filhos) ficam na aljava e há também o tempo em
que devem ser atiradas para o alvo.

Quando pedi a Kelly em casamento, cada um de nós morava num estado diferente; eu no
Paraná e ela em São Paulo. Eu já estava pastoreando e a Kelly estava entrando na
Universidade. Conversei seriamente com ela que a única forma de levarmos adiante nosso
relacionamento era com ela vindo para o Paraná, e ela decidiu isto. Lá em São Paulo, ela
tinha passado no vestibular da Universidade e curso que queria fazer, mas decidiu fazer outro
curso no Paraná apostando não só no nosso relacionamento, mas no chamado de Deus para
nós no sul do país. Foi uma decisão difícil. Eu sei disto, saí cedo de casa, e não cresci
planejando isto.

Nesta fase difícil de decisão, a Kelly conversou com seus pais. O pai dela perguntou se era
isto que ela queria e, ao saber que sim, disse-lhe que a amava e como queria o melhor para
ela, então ele a abençoava. A mãe dela sofreu mais, pois elas sempre foram muito ligadas.
Minha sogra não conseguiu ser racional como meu sogro, uma vez que as mulheres são mais
emocionais mesmo. Mas ela foi orar a respeito, e naqueles dias teve um sonho. Sonhou que a
Kelly estava diante de um trem que passava em velocidade, sem parar e, de repente, pulava
dentro dele. Era uma questão de vida ou morte; acertar ou não a porta aberta do trem
poderia por fim a tudo, e ainda havia a questão da queda no interior do vagão que passava em
velocidade. Porém, no momento em que a Kelly pulou, a cena ficou como um filme em
câmera lenta; minha sogra viu a sua filha passando direitinho pela porta aberta do trem, viu
que o vagão era todo almofadado – o que fazia com que soubesse que ela não se machucaria
ao cair dentro – e quando a Kelly caiu dentro do vagão tudo voltou a ficar depressa e ela viu o
trem indo embora. Minha sogra entendeu que a filha estava diante de uma oportunidade
única, e ainda que decidindo de forma repentina e não planejada Deus estava no controle e
tudo iria ficar bem – apesar da Kelly estar sendo levada para longe dos pais. Então ela
entendeu o alvo e atirou sua flecha; abençoou a partida da filha (e eu agradeci muito a
Deus).

Foi o que os pais de Rebeca fizeram. Quando o servo de Abraão saiu atrás de uma esposa para
Isaque, encontrou Rebeca e lhe fez a proposta, tanto a ela como à sua família (Gn.24:15-49).
E o que o relato bíblico diz que fizeram? Ouviram o que Rebeca desejava, concordaram que
Deus estava naquilo e a abençoaram para que vivesse o melhor de Deus! Observe:

“Disseram: Chamemos a moça e ouçamo-la pessoalmente. Chamaram, pois, a Rebeca e lhe


perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei. Então, despediram a
Rebeca, sua irmã, e a sua ama, e ao servo de Abraão, e a seus homens. Abençoaram a
Rebeca e lhe disseram: És nossa irmã; sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua
descendência possua a porta dos seus inimigos. Então, se levantou Rebeca com suas
moças e, montando os camelos, seguiram o homem. O servo tomou a Rebeca e partiu”. -
Gênesis 24:57-61

O mesmo vale para nossos filhos espirituais. Há líderes que querem ter consigo para sempre
os ministérios que os auxiliam. Mas não podemos ser egoístas, não podemos pensar somente
em nós e nosso conforto. Devemos lançar nossos filhos para atingirem o alvo. Temos exemplos
bíblicos disto:

“Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger,
Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao
Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra
a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os
despediram”. - Atos 13:1-3
Quando chega o momento de alguém seguir o plano de Deus para a sua vida, precisamos ter a
coragem de toma-los como flechas e atira-los em direção ao alvo do seu chamado em Deus.
Não acredito numa mesma equipe ministerial envelhecendo junta. Alguém sempre será
enviado a realizar algo mais. Faz parte da dinâmica do Reino de Deus. As flechas não existem
para permanecerem sempre na aljava. Ficam ali só até que a hora de serem lançadas chegue.

A PREPARAÇÃO DAS FLECHAS

As flechas naqueles dias eram feitas manualmente. Exigiam trabalho artesanal e


personalizado. Se o guerreiro quisesse ser bem-sucedido ao atirar suas flechas, deveria antes
ter investido nelas. Também vejo um paralelo nesta verdade. Acredito que os filhos devem
aprender a trabalhar com seus pais. Mesmo antes de sair de casa, nossos filhos devem
aprender a trabalhar e a não serem preguiçosos:

“O que ajunta no verão é filho sábio, mas o que dorme na sega é filho que envergonha”. -
Provérbios 10:5

Também vemos numa parábola contada por Jesus (que usava ilustrações do dia-a-dia do povo)
que um pai pede a seus filhos que o ajudem no trabalho da vinha:

“E que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho,
vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi. Dirigindo-se ao
segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois, arrependido,
foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em
verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus”. - Mateus
21:28-31

Nos tempos antigos, era normal que um filho aprendesse o ofício de seu pai. Por exemplo,
Jesus foi chamado de carpinteiro do mesmo modo como José, seu pai (adotivo) também foi;
em Mt.13:55 ele é chamado de o filho do carpinteiro, enquanto que em Mc.6:3 é chamado de
carpinteiro. Mas alguns filhos, ao crescerem, vão desenvolver aptidões próprias dos dons e
talentos que Deus deu a eles; portanto, acredito que não devemos apenas ensina-los a fazer o
que fazemos, mas tudo o que for bom e importante para seu futuro. A Bíblia fala de
Lameque, que teve três filhos e cada um desenvolveu uma aptidão diferente, embora depois
passassem a ensinar as mesmas atividades aos seus filhos:

“Lameque tomou para si duas esposas: o nome de uma era Ada, a outra se chamava Zilá.
Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome
de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá, por sua
vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a
irmã de Tubalcaim foi Naamá”. - Gênesis 4:19-22

Os filhos devem ser ensinados e preparados a serem auto-sustentáveis antes de


estabelecerem a própria família. Este também é um princípio bíblico:

“Cuida dos teus negócios lá fora, apronta a lavoura no campo e, depois, edifica a tua
casa”. - Provérbios 24:27

Ninguém deve se casar sem ter condições de se manter. O texto sagrado revela que os
negócios devem ser preparados, o campo deve estar em ordem para somente depois se
edificar a casa!

Muitos se casam ainda dependendo de seus pais para se manter. Isto é errado. O cordão
umbilical deve ser cortado! Deus estabeleceu isto desde o princípio; o homem deve DEIXAR
seu pai e sua mãe e constituir nova família com sua mulher:

“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne”. - Gênesis 2:24
A palavra hebraica traduzida como "deixar" é "azab" e, segundo a Concordância de Strong,
significa: "deixar, soltar, abandonar, afastar-se de, deixar para trás". Não é difícil entender
isto. Criamos nossos filhos para que eles nos deixem, para que sigam suas vidas e devemos
prepara-los (e também a nós) para tal.

Acredito que com a mesma mentalidade devemos formar os filhos espirituais e ministeriais.
Devemos prepara-los para serem enviados e para encontrarem o melhor de Deus para si.
Nossos filhos são flechas. E os valentes responsáveis por atira-los somos nós. Que Deus nos dê
graça para isto!

Autor: Luciano Subirá

Milagre no Casamento
por Luciano Subirá

A Bíblia narra um milagre extraordinário, operado por Jesus Cristo, nosso Senhor. É o relato
de como um casamento foi tocado pelo poder de Deus, e de como o seu casamento poderá ser
tocado também! Observemos o relato bíblico:

"Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus;
e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento. E, tendo acabado o
vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho. Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que
tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Disse então sua mãe aos serventes:
Fazei tudo quanto ele vos disser. Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para as
purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas. Ordenou-lhe
Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. Então lhes disse: Tirai
agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram. Quando o mestre-sala provou a água
tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham
tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo e lhe disse: Todo homem põe primeiro o
vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o
bom vinho. Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua
glória; e os seus discípulos creram nele." - João 2:1-11

Este foi o primeiro milagre que Jesus realizou, e não é em vão que tenha acontecido
justamente num casamento! As Escrituras dão testemunho através disto, mostrando-nos que
antes de Jesus realizar qualquer outro milagre de cura, libertação, etc. está interessado em
agir nos casamentos. A família tem prioridade no plano de Deus, pois Ele não a criou para o
fracasso, e sim para ser bem sucedida.

Percebemos também que o milagre ocorrido deu-se em torno de haver ou não VINHO, que na
Bíblia é uma figura de alegria (Salmo 104:15). Nos casamentos, o que vemos e ouvimos é que
o vinho sempre acaba. Pessoas que viviam embriagadas de amor pelo cônjuge, assistem
perplexas seus sentimentos desaparecerem. O matrimônio, de maneira geral está falido, pois
o vinho sempre acaba. Mas quando Jesus está presente aí é que se estabelece a diferença!
Milagres acontecem e ele traz vinho novo aonde já não mais existia.

Mas perceba que o milagre aconteceu porque Jesus estava lá. Ele e seus discípulos foram
convidados para simplesmente estarem nas bodas; não receberam um chamado de última
hora só porque os noivos precisavam de um milagre. Ele havia sido chamado para estar
junto... E porque estava presente, operou o milagre! De maneira semelhante, se você quer
um casamento que dure, que sobreviva à falta do vinho (alegria), convide o Senhor Jesus para
estar presente.
Não espere a crise chegar, cultive sempre a presença dele por meio de oração e leitura da
Sua Palavra, a Bíblia Sagrada. E não apenas leia, mas pratique a Palavra, pois o milagre
acontece aonde há obediência; foi dito aos serventes que fizessem tudo o que Jesus
mandasse, e porque fizeram sem questionar se era racional ou não, receberam o milagre.

Podemos observar ainda algumas figuras neste texto:

- O número 6 – Havia seis talhas. Na Bíblia, este número sempre fala de algo que é humano. É
chamado número de homem (Ap.13:18). Portanto, percebemos que o milagre não depende só
de Deus, mas há uma participação e um fator humano ligado a este milagre no casamento.

- As talhas - o significado espiritual destas talhas estão apontando para a parte que nos toca
no que tange a receber o milagre de Deus. O seis fala do homem, e aqui entendemos nossa
participação no milagre. As talhas eram o recipiente para o vinho que o Senhor Jesus
transformaria. Normalmente eram pedras talhadas, cavadas.

Isto sugere o quão duro somos no que tange aos relacionamentos e o quanto precisamos ser
trabalhados por Deus em nossa forma de ser e agir no matrimônio. Quanto mais cavados nos
deixamos ser pelo agir de Deus, maior será nosso potencial para receber o vinho. Uma pedra
pouco cavada, comporta pouco vinho, mas uma pedra bem trabalhada comporta mais vinho!

- A água – Era a matéria prima necessária para que o milagre pudesse acontecer. Não havia
água nas talhas, Jesus foi quem mandou enchê-las. A água simboliza a Palavra e também o
Espírito Santo. Nos lares onde o vinho chega a acabar, e todo o prazer do relacionamento
desaparece, temos percebido que além dos erros cometidos na esfera natural, havia também
falta de água; não havia o cultivo diário da presença de Deus por sua Palavra (lida e
praticada) e a presença viva de seu Espírito.

Creio ser esta a chave do milagre. É importante se deixar ser trabalhado (o que é diferente
de ser manipulado pelo cônjuge) na forma de se relacionar, mas se estas talhas não forem
cheias da presença de Deus o vinho não aparecerá! Vale também ressaltar que quanto mais
água aqueles servos colocassem nas talhas, mais vinho haveria; ou seja, o milagre de Deus em
nosso casamento esta diretamente relacionado com o investimento que fazemos em cultivar
Sua presença.

Finalizando, quero chamar sua atenção para a qualidade do milagre. Jesus deu o que havia de
melhor em matéria de vinho, a ponto de o mestre-sala se impressionar e comentar que
normalmente se bebe o melhor vinho e, depois de o terem desfrutado, oferece-se o inferior.
Assim é com a maioria dos relacionamentos conjugais; bebem o melhor vinho nos primeiros
anos, depois a qualidade cai e assim é até que acabe.

Mas quando Deus faz um milagre, o que se experimenta é algo inédito, muito superior a tudo
o que já se experimentou até então. Deus nos dá o melhor, sempre! Tenho visto isto no dia-a-
dia dos casamentos que tenho acompanhado como pastor, portanto sei do que estou falando.
Deixe Deus ser não apenas o Criador do matrimônio, mas aquele que oferece toda
manutenção necessária. Quando isto acontece, não somente somos beneficiados com um lar
melhor, mas Deus recebe glória. O vinho dos lares cristãos deve ser o da mais alta
qualidade...

Se você reconhece que o vinho acabou (ou está quase acabando) em seu matrimônio, creia na
vontade de Deus de agir nos casamentos. Renove o convite ao Senhor Jesus para estar em seu
lar, pratique estes princípios espirituais e seja feliz como o Pai Celestial sempre quis que
cada casal fosse!

Autor: Luciano Subirá

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