Livro - Texto - Unidade I
Livro - Texto - Unidade I
Livro - Texto - Unidade I
Graduado em Ciências Contábeis pela faculdade de Ciências Administrativas Econômicas e Contábeis Oswaldo
Cruz (1981). Atualmente é sócio-diretor responsável técnico da empresa Peppe Associados Consultores Auditores
Independentes, palestrante do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, professor titular da
Universidade Paulista e professor titular da faculdade de Ciências Administrativas Econômicas e Contábeis Oswaldo
Cruz. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Consultoria e Auditoria
Nascido na cidade de São Paulo, é Contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo e
Mestre Profissional em Controladoria pela mesma Universidade.
Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de custos e
orçamentos. Foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP.
68 p., il.
CDU 657.63
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Carla Moro
Virgínia Bilatto
Sumário
Auditoria
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONTABILIDADE...................................................................................................................................................9
2 AUDITORIA: CONCEITO E DEFINIÇÃO....................................................................................................... 11
2.1 Objetivo da auditoria........................................................................................................................... 16
2.2 Origem da auditoria............................................................................................................................. 17
2.3 A auditoria no Brasil............................................................................................................................ 17
2.4 O papel da auditoria............................................................................................................................ 18
3 A AUDITORIA NA ÁREA EMPRESARIAL E NO SETOR PÚBLICO....................................................... 18
3.1 Tipos de auditoria.................................................................................................................................. 18
3.1.1 Auditoria interna...................................................................................................................................... 20
3.1.2 Auditoria externa ou independente................................................................................................. 20
3.1.3 Auditoria pública ou governamental.............................................................................................. 22
4 O PERFIL PROFISSIONAL DO AUDITOR..................................................................................................... 23
Unidade II
5 O TRABALHO DE AUDITORIA........................................................................................................................ 29
5.1 Aplicações da auditoria...................................................................................................................... 29
5.2 Planejamento e execução dos trabalhos..................................................................................... 32
5.3 Os papéis de trabalho.......................................................................................................................... 33
5.4 Testes de observância e testes substantivos.............................................................................. 40
5.5 Estudo e avaliação dos sistemas de controles internos........................................................ 43
5.6 Os tipos de auditoria nas empresas públicas e privadas....................................................... 43
5.6.1 Auditoria nas empresas públicas ou governamentais.............................................................. 43
5.6.2 Auditoria nas empresas privadas...................................................................................................... 45
5.7 Os testes de observância e os substantivos................................................................................ 45
5.7.1 Objetivos do teste de observância.................................................................................................... 45
5.7.2 Objetivos do teste substantivo........................................................................................................... 46
5.8 Outras técnicas correntes.................................................................................................................. 46
6 OS RELATÓRIOS NAS ÁREAS PÚBLICA E PRIVADA............................................................................. 46
Unidade III
7 O RELATÓRIO (PARECER) DE AUDITORIA: REDAÇÃO, MODALIDADES E
DESTINATÁRIOS.................................................................................................................................................... 51
7.1 Tipos de relatórios (pareceres).......................................................................................................... 51
8 AS TOMADAS E PRESTAÇÕES DE CONTAS.............................................................................................. 57
8.1 Aspectos conceituais........................................................................................................................... 57
8.2 Ciclos dos processos............................................................................................................................. 57
8.3 Julgamento das contas pelo controle externo.......................................................................... 57
APRESENTAÇÃO
A disciplina trata de toda a questão pertinente à atual estrutura das Normas Profissionais e Normas
Técnicas de Auditoria Independente no Brasil, em conformidade com a Resoluções do Conselho Federal
de Contabilidade, por meio das NBCs PA (profissionais) e NBCs TAs/TRs e TSC (técnicas), alinhadas e
harmonizadas ao padrão internacional de auditoria em conformidade com as International Standards
on Auditing (ISAs) emitidas pelo International Auditing and Assurance Standards Board (IFAC).
A disciplina objetiva levar aos estudantes os aspectos importantes para a estrutura profissional,
no contexto do controle de qualidade, aspectos pertinentes à independência profissional, e na ênfase
da educação profissional continuada ao profissional de auditoria independente. No contexto das
Normas Técnicas (TAs – TRs e TSC), apresentar aos estudantes o conteúdo sobre o campo operacional da
auditoria e a aplicação dos procedimentos correspondentes aos objetivos da auditoria para a realização
de asseguração razoável (auditoria), asseguração limitada (revisões) e na prática de outros serviços
correlatos à auditoria.
Busca‑se também capacitar os estudantes ao entendimento da atual estrutura geral das Normas
Profissionais e Normas Técnicas de Auditoria e no entendimento sobre os trabalhos de auditoria,
pertinentes à estrutura conceitual de trabalhos de asseguração razoável, asseguração limitada e
nos trabalhos de revisão das demonstrações financeiras e outras informações históricas, além dos
procedimentos previamente acordados. Ainda, pretende‑se desenvolver com os alunos conhecimentos
necessários para as seguintes competências:
• uma visão panorâmica das necessidades atuais da auditoria e conhecimentos básicos para
implantação, manutenção e funcionamento do setor de auditoria.
INTRODUÇÃO
A auditoria surgiu então da necessidade de confirmação, por parte dos investidores e proprietários,
dos valores retratados no patrimônio das empresas que possuíam ou as que pretendiam realizar seus
investimentos, principalmente com o grande crescimento econômico‑financeiro e com o aparecimento
das grandes empresas que são representadas em vários países.
Conforme Almeida (1996), com a expansão dos negócios, houve a necessidade de dar maior atenção
às normas ou aos procedimentos internos. Isso decorreu do fato de que o administrador e, em alguns
casos, o proprietário da empresa, não poderia supervisionar pessoalmente todas as suas atividades. No
entanto, de nada valeria a implantação de quaisquer procedimentos internos sem que houvesse um
acompanhamento para verificar se eles eram seguidos pelos empregados da empresa.
Para atender à administração da empresa, foi necessária uma auditoria mais periódica, com maior
grau de profundidade, e que visasse, também, às outras áreas não relacionadas com a contabilidade,
como sistema de controle interno, administração de pessoal etc.
A partir das necessidades mencionadas, surgiu o auditor interno como uma ramificação da profissão
de auditor externo e, consequentemente, do contador. O auditor interno é um empregado da empresa
e, dentro de uma organização, ele não deve estar subordinado àqueles cujos trabalhos examinam. Além
disso, o auditor interno não deve desenvolver atividades que possa um dia examinar, por exemplo,
desenvolver lançamentos contábeis, para que não interfira em sua independência.
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AUDITORIA
Unidade I
1 CONTABILIDADE
Assim, podemos definir que a Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das
entidades, nos seus atos e fatos quantitativos e qualitativos.
A contabilidade passa a exercer, então, um papel amplo, ou seja, deixa de ser apenas um instrumento
de registro das operações ocorridas em determinado período, estendendo‑se para outros campos,
principalmente o de controle, análise e projeção de fatos que diretamente (ou indiretamente) atendem
à alta direção de qualquer organização.
As partidas dobradas, genialmente criadas por Luca Paccioli (1494), já demonstram o papel que o
contador em princípio terá. Ele explicará o motivo da escolha do débito e/ou crédito, o que justificaria
o tipo de registro efetuado e, automaticamente, instituiria controle e análise.
Observação
Não podemos mencionar Pacioli e não relatar a importância da Contabilidade moderna. Segundo
Crepaldi (2006, p. 52):
Claramente podemos dizer que a Contabilidade moderna tem como características fundamentais:
• seu objetivo formal é a obtenção de informação objetiva e relevante, já que há de ser utilizada
para tomada de decisões;
O período moderno é marcado por mudanças profundas nos meios de produção: como a passagem
do feudalismo para o capitalismo, da economia de subsistência à acumulação de capital, do coletivismo
ao individualismo, da técnica à ciência. Como demonstra Malagodi (1998, p. 13): “esse novo modo de
pensar e adquirir conhecimentos produziu o ateísmo e o materialismo metafísico do século XVIII, que
proclamava o princípio da razão e da natureza onde antes prevalecia o princípio divino”.
Tais mudanças exigiram adequação profissional por parte do contabilista. Era necessário pensar a
contabilidade como instrumento de apoio ao crescimento e divulgação do capitalismo. Neste cenário,
a contabilidade passa a ter papel de destaque, pois estava em suas mãos a possibilidade de fornecer
informações úteis à gestão do negócio. Para Arruda (2001, p. 405): “a atividade comercial tornou‑se
cada vez mais complexa. Surgiram os mercados urbanos, as companhias mercantis, a contabilidade”.
O profissional, aos poucos, vai buscando superar a técnica e alcançar o conhecimento científico.
Tal evolução acontece em meio a mudanças de toda ordem. De um lado percebe‑se que o contabilista
torna‑se mais próximo dos ideais propagados pelo lucro, presentes na própria ideia da Reforma
Protestante; de outro, a contabilidade como forma de instrumento na sedimentação dos objetivos do
macrossistema.
A quebra do vínculo entre a política, a economia e a ética, de que foram ideológicos, entre outros,
Maquiavel (1469‑1527) e Calvino (1509‑1564), e o crescimento de negócios econômicos e financeiros
levam às novas formas de vida econômica, com o aumento da circulação monetária dos bancos e
operações financeiras. Apura‑se a contabilidade pelas letras de câmbio e uso de números árabes, que
levara já em 1494 o franciscano Luca Pacioli (1445‑1514) aos seus Tratados, criando a escrituração
10
AUDITORIA
mercantil, tão indispensável aos novos tempos, que culminam com a ‘desmaterialização do capital’,
assim chamada por François Perroux, pois à medida que capitalismo se torna mais complexo percebe‑se
menos a moeda que a sua representação contábil (IGLÉSIAS, 1987, p. 36).
Os controles gerados pelos registros contábeis devem atender a planejamentos estipulados, a planos
de contas estabelecidos, enfim, a controles internos que levam à busca da excelência empresarial – o
lucro –, que também buscará, na análise, explicações tanto para o alcance quanto não alcance do valor
previamente estipulado.
De acordo com Attie (2011, p. 5), a auditoria é uma especialização contábil voltada para testar a
eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre
determinado dado.
A auditoria das demonstrações contábeis visa às informações contidas nessas afirmações; logo, é
evidente que todos os itens, formas e métodos que as influenciam também sejam examinados. O exame
da auditoria engloba a verificação documental, os livros e registros com características controladoras,
a obtenção de evidências de dados de caráter interno ou externo que se relacionam com o controle do
patrimônio e a exatidão dos registros e as demonstrações deles decorrentes. A ênfase que se dá a cada
situação depende de uma série de decorrências dos diferentes segmentos que compõem a organização.
De acordo com Crepaldi (2007, p. 3), a auditoria consiste em controlar as áreas‑chave nas empresas
a fim de evitar situações que propiciem fraudes, desfalques e subornos, por meio de testes reguladores
nos controles internos específicos de cada organização.
Crepaldi (2007) acrescenta auditoria como sendo o levantamento, estudo e avaliação sistemática
das transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações contábeis ou financeiras de uma
entidade.
Recentemente, o Brasil passou por significativas alterações nas estruturas dos aspectos normativos
pertinentes à auditoria independente: a partir de 1º de janeiro de 2010 passaram a ser adotadas as Normas
Internacionais de Auditoria, em conformidade com as mesmas normas emitidas pelo International
11
Unidade I
Federation of Accoutants − IFAC e International Auditing and Assurance Standards Board − IAASB. Nesse
sentido, durante os anos de 2009, 2010 e 2011, mais de 40 novas resoluções, plenamente alinhadas e
harmonizadas às Normas Internacionais de Auditoria − NIAs, foram emitidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade – CFC. Contudo, transitoriamente, apenas em casos específicos, algumas empresas de
auditoria e auditores independentes (pessoa física) ainda puderam, excepcionalmente nos anos de 2010
e 2011, aplicar as antigas normas a estrutura e ramificações da NBC‑T11.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução 953/2003 NBC‑T11, define
auditoria da seguinte maneira:
Vemos, dessa forma, que as novas normas do Conselho Federal de Contabilidade trazem claras
definições sobre o que são os serviços de auditoria independente e vários outros tipos de trabalhos
correlatos, que, em muitas situações, apesar de denominados pelo contratante e mesmo por alguns
auditores como “auditoria”, não podem ser assim definidos em razão dessa nova normatização.
Auditoria e asseguração
NBC‑T: compreende o conjunto das Normas Técnicas, sendo em adição a esta estrutura conceitual
e às Normas Técnicas (NBC‑TA, NBC‑TR e NBC‑TO), os auditores independentes que executam trabalhos
de asseguração são disciplinados:
• pelo Código de Ética Profissional do Contabilista do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que
estabelece princípios éticos fundamentais para os contabilistas; e
• pela Norma de Controle de Qualidade (NBC‑PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas – Pessoas
Jurídicas e Físicas – de Auditores Independentes que executam exames de auditoria e revisões de
informação contábil histórica, outros trabalhos de asseguração e serviços correlatos).
NBC‑TA (grupo 200 a 800): compreende o conjunto das normas técnicas definidas para o que é
denominado de “asseguração razoável”. Objetivam o trabalho de auditoria de informações históricas para
a certificação das Demonstrações Contábeis, envolvem o procedimento de auditoria completa visando à
emissão do Relatório do Auditor Independente, antes denominado de Parecer de Auditoria.
12
AUDITORIA
NBC‑TR (grupo 2400): compreende o conjunto das normas técnicas, definidas para o que é
denominado como asseguração limitada. Objetivam o trabalho de auditoria de informações históricas
das Demonstrações Contábeis. Nesse caso, no Relatório do Auditor Independente, não há a formalização
de expressão de opinião.
NBC‑TO (grupo 3000 e 3401): compreende o conjunto das normas técnicas definidas por trabalhos
de asseguração não relacionados com a auditoria (TAs ou TRs) ou revisão de informações históricas, mas
correspondentes a outros trabalhos de asseguração.
NBC‑TSC (grupo 4400): compreende o conjunto das normas técnicas definidas por outros serviços
correlatos, como os denominados por Trabalhos de Procedimentos Previamente Acordados – TPPA.
• trabalhos cobertos pelas Normas Técnicas para Serviços Correlatos (NBC TSC), tais como trabalhos
de procedimentos previamente acordados e compilações de informações financeiras ou de outras
informações;
• a elaboração de declarações de impostos em que não há uma conclusão que expresse qualquer
forma de asseguração;
Saiba mais
Assim, dentro desse conceito, se pela cultura brasileira a expressão razoável pressupõe algo que
poderíamos denominá‑lo como “mais ou menos bom”, em auditoria, pelos padrões internacionais, o
direcionamento por asseguração razoável corresponde à possibilidade de o auditor expressar sua
opinião, tendo sido aplicadas todas as normas técnicas que lhe propiciem emitir o Relatório do Auditor
Independente, conforme estas tipificações:
13
Unidade I
Então, pelas atuais normas, auditoria por → asseguração razoável é assim definida:
Holanda (1995, p. 2128) assim se expressa ao enfocar a auditoria: “exame analítico e pericial que
segue o desenvolvimento das operações contábeis, desde o início até o balanço”.
Tipos de relatórios
Como o próprio nome já diz, o relatório sintético é aquele que deve ser utilizado para
informar a alta direção da empresa, de forma rápida e sucinta, sobre o que não vai bem ou
necessita de correção.
Por essa razão, somos da opinião de que os relatórios sintéticos são os de mais difícil
elaboração, pois devem ter a propriedade de informar os fatos com poucas palavras e da
forma mais abrangente possível, sem que a omissão de um pequeno detalhe prejudique o
objetivo principal.
São os relatórios que devem levar aos setores auditados todas as informações e detalhes
permissíveis à boa solução dos problemas, sem longas e infindáveis relações numéricas e
cifras que não levam a nada.
Os fatos de menor relevância podem ser encontrados nos papéis de trabalhos, os quais
podem ser gentilmente oferecidos pelo auditor, ou relacionados à parte quando houver
necessidade.
14
AUDITORIA
• Relatórios especiais
O próprio nome diz tudo. Em nosso entender, os relatórios especiais são aqueles que
fogem do cotidiano.
• Relatórios parciais
Durante as verificações, o auditor muitas vezes se depara com fatos ou ocorrências que
devem ser levadas de imediato ao conhecimento da gerência ou direção da empresa.
É bastante comum que durante os exames surjam problemas que exijam correções
imediatas para que se evite a continuidade de falhas e haja tempo suficiente para elaboração
do relatório final.
O relatório parcial pode ser apresentado em uma simples folha de papel de trabalho,
devidamente identificada.
15
Unidade I
O relatório parcial também serve para comunicar alguma dificuldade ou qualquer tipo
de ocorrência que interfira diretamente no trabalho em execução ou que, de uma forma ou
de outra, possa estar relacionado com a atividade do auditor.
• Relatórios verbais
Os mesmos conceitos dos relatórios escritos são aplicáveis aos relatórios verbais,
porém com uma fundamental diferença: não existe rascunho para ser corrigido antes da
redação final.
O relatório verbal possui uma característica que os distingue dos outros tipos de
relatórios: é muito mais rápido.
O auditor deve ser muito claro e objetivo, fazendo com que sua fala seja facilmente
compreendida e assimilada, pois ao término de um relatório verbal não existem fontes para
serem consultadas sobre o que não ficou claro.
Assim sendo, o relatório verbal também deve ser previamente planejado e estruturado,
pois o auditor tem que estar preparado para “prender” a atenção dos seus ouvintes,
apresentando os fatos, recomendações ou sugestões, devidamente fundamentadas para
que haja o interesse comum em solucionar problemas.
A auditoria tem por objetivo expressar, a respeito das demonstrações financeiras de uma entidade,
opinião que assegure com propriedade se elas representam de forma fiel a posição patrimonial e financeira
da empresa, seus resultados e operações, os recursos correspondentes aos períodos examinados, de
acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade.
De forma geral, podemos descrever o objetivo principal da auditoria como o processo pelo qual o
auditor certifica, por meio da emissão de um relatório de expressão de opinião, tido por asseguração
razoável, a veracidade das demonstrações financeiras elaboradas pela entidade.
16
AUDITORIA
Para Attie (2011), as demonstrações contábeis, de modo geral, precisam ser preparadas de forma
que exprimam com clareza a real situação da empresa em termos de seus direitos, obrigações e
resultados das operações realizadas no período em exame, incluindo‑se, nessa preparação, os critérios
e procedimentos contábeis adotados em sua elaboração e segundo os princípios de contabilidade, de
forma que proporcionem interpretação uniforme e facilidade de compreensão.
De acordo com Sá (1998), auditoria contábil é uma tecnologia que usa a revisão e a pesquisa para
fins de opinião e orientação sobre situações patrimoniais, e sua importância é reconhecida há milênios,
desde a antiga Suméria. Há provas arqueológicas de registros da família real de Urukagina e do templo
sacerdotal sumeriano que datam de mais de 4.500 anos a. C.
Já o termo “auditor”, segundo Sá (1998), é antigo, mas não se conhece ao certo sua origem
nem data; admite‑se que o seu uso tenha sido adotado por volta do século XII, na Inglaterra, no
reinado de Eduardo I. Oriunda do latim, a palavra significa “aquele que ouve” ou, exatamente,
“ouvinte”, e foi adotada para representar aquele que daria opinião sobre algo que comprovou ser
verdade ou não.
Pode‑se afirmar que a Revolução Industrial, em meados do século XVIII, foi responsável por
proporcionar novas técnicas e diretrizes à contabilidade e, consequentemente, à auditoria, como já
explicado, a partir da expansão das transnacionais.
Sá (1998) também menciona que o Railway Companies Consolidation Act, de 1845, logo após a
contabilidade penetrar nos domínios científicos, obrigava a verificação anual dos balanços, a ser feita
por auditores.
Observação
Com a atual crise econômica e o cenário que vivenciam hoje as empresas e seus investidores, a
auditoria passa a ser útil para ambos, uma vez que, por meio da análise das demonstrações financeiras,
devidamente acompanhadas do relatório do auditor, é possível avistar, com asseguração razoável, as
empresas que poderão aplicar seus recursos em busca de novos investimentos.
Crepaldi (2007) postula que, cercadas pela exigência legal da contratação de auditores (caso das empresas
de capital aberto) e pressionadas pela atual crise econômica, as empresas se veem obrigadas a investir em
uma atividade que seguramente diminui o impacto das perdas. O exame do auditor é um processo que leva o
profissional independente a uma viagem pela empresa, empregando técnicas que o ajudam a formar opinião
sobre a adequação das demonstrações financeiras, incluindo a sua continuidade operacional.
A auditoria permite ao auditor emitir um relatório sobre a posição da empresa quanto às suas
demonstrações financeiras, a fim de que estas sejam dignas de fé pública.
Saiba mais
Segundo Perez (2006, p. 13), a auditoria pode ser classificada em três tipos, conforme o quadro
comparativo a seguir:
18
AUDITORIA
Quadro 1
Além disso, alguns princípios deverão ser seguidos para que os objetivos e as metas dos sistemas
de controles internos sejam cumpridos de forma eficaz e eficiente. São eles: responsabilidade, rotinas
internas, acesso aos ativos, segregação de funções, confronto dos ativos com os registros, amarrações
do sistema e auditoria interna, conforme discriminados, a seguir:
Quadro 2
19
Unidade I
Diz respeito às medidas para se garantir que apenas as operações devidamente autorizadas
Amarrações do sistema sejam registradas com exatidão de valores, data e demais informações relacionadas.
São os mecanismos para verificar se as normas internas estão sendo cumpridas e avaliar as
Auditorias internas possíveis modificações no sistema de controle interno para se obter um melhor resultado.
Exercida por funcionários da empresa, mediante contrato de trabalho regido pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), sua principal função é o exame dos controles internos e a avaliação da eficiência
e eficácia da gestão, com a finalidade de promover melhoria dos controles operacionais e da gestão de
recursos. Em seu relatório, constam recomendações para melhoria dos controles internos e para maior
eficiência administrativa. Sua responsabilidade é meramente trabalhista e seu principal usuário é a
própria empresa.
Ademais, de acordo com o Instituto de Auditores de Nova York, auditoria interna tem como objetivo
principal um controle administrativo que mede e avalia a eficiência de todos os controles.
As funções da auditoria interna são bastante amplas, não existindo limites para sua atuação. Ela
surgiu com o início do comércio, durante a formação da sociedade econômica. Segundo Perez Júnior
(2004), alguns pesquisadores mencionam que, no ano 4.000 a.C., já havia auditores de impostos na
Babilônia, mas foi no final do século XIX que ocorreram as contratações de auditores internos por
empresas privadas, principalmente nas estradas de ferro.
Atualmente, a auditoria atua como órgão orientador para os gestores de alto nível e para os
proprietários de capital.
Observação
20
AUDITORIA
Observação
A auditoria externa é realizada por profissional sem vínculo com o quadro da empresa, a realização
do trabalho ocorre de forma independente e o auditor se preocupa com a confiabilidade dos registros.
Embora a auditoria externa tenha interesses comuns com a auditoria interna, elas operam em diferentes
graus e profundidade.
A auditoria interna, apesar de ser uma atividade nova, vem conquistando espaço cada vez maior
devido ao grau de crescimento dos negócios e a necessidade do seu acompanhamento.
A auditoria interna surge então como uma ramificação da auditoria externa, já que as empresas
sentiram a necessidade de ter no seu quadro de funcionários um profissional permanente que pudesse
acompanhar diariamente todos os processos da organização.
21
Unidade I
Vale ressaltar que o papel do auditor não é de polícia, e sim de mero examinador das demonstrações
contábeis, competindo‑lhe, assim, emitir um relatório. O auditor atesta ou certifica, apenas apresentando
sua opinião. Seu parecer pode ser inadequado, ainda que traduza a visão de um profissional perito em
matéria de contabilidade.
Exercida por funcionário público e por força da lei, tem por objetivo verificar a observância e o
cumprimento dos preceitos legais vigentes para apuração e recolhimento dos diversos tributos nos
âmbitos federal, estadual e municipal, com a finalidade de evitar a sonegação fiscal.
Seu relatório principal contém fiscalização ou auto de infração, sendo de responsabilidade do Poder
Público, que também é seu principal usuário. São objetivos da auditoria pública:
• os balancetes e balanços;
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AUDITORIA
Observação
Todas as profissões têm a ética como princípio, e a auditoria, notoriamente, não foge disso. O auditor
tem em suas mãos grande responsabilidade, por exemplo, conhecer todas as irregularidades, falhas,
erros, dentro do conjunto. Um bom auditor tem no seu perfil profissional conhecimento do responsável
hierárquico, de seus deveres, direitos e obrigações, de acordo com o código de ética.
Segundo Attie (2011), como acontece em todas as profissões, na auditoria também foram estabelecidos
padrões técnicos que objetivam qualificar a condução dos trabalhos de auditoria e garantir atuação
tecnicamente consistente do auditor e de seu parecer, assegurando, a todos aqueles que dependem de
sua opinião, a observação de uma série de requisitos considerados indispensáveis para que o trabalho
seja concretizado.
O artigo a seguir demonstra de uma forma clara e objetiva a importância da profissão de auditor no
contexto empresarial.
23
Unidade I
Mais do que nunca, empresas de todos os portes e segmentos devem dar especial atenção
a esse tema. Não haverá espaço para amadorismo no Brasil, que, se as coisas continuarem a
fluir no ritmo atual, deverá se tornar a quinta economia do mundo em menos de uma década.
Nesse cenário, a auditoria e seu realizador – ou seja, o auditor –, desempenharão papel de
fundamental importância, sobretudo como pontos de apoio daqueles que empreendem e se
empenham em transformar este país em uma grande potência.
O texto a seguir aborda uma questão extremamente importante: ética na auditoria. Durante todo o
trabalho de auditoria, o não cumprimento de exigências éticas relevantes pelos membros da equipe de
trabalho compromete o controle de qualidade e os resultados dos trabalhos.
24
AUDITORIA
Pode parecer uma questão contábil banal. Mas as consequências − em termos de custos
de carregamento, projeções distorcidas, cultura ética comprometida e até ramificações
legais − são muito sérias. E, salvo em empresas extraordinariamente bem‑administradas,
esse tipo de situação pode surgir facilmente. Todo gerente deve saber como reagir de
forma construtiva (aliás, aprender a fazê‑lo é parte fundamental de seu desenvolvimento
profissional) e todo alto executivo deve ser capaz de mudar as normas culturais que deram
origem à decisão equivocada em primeiro lugar.
Nos últimos quatro anos, estudei momentos nos quais o indivíduo decide se confronta
ou não uma questão ética, e o que diz quando decide confrontá‑la. Reuni histórias de
gestores em todos os níveis, com especial destaque para os primeiros anos na carreira e
para indivíduos com casos positivos a relatar. Essas histórias − juntamente com estudos
de psicologia social sobre a tomada de decisões − lançam luz sobre aquilo que permite à
pessoa ser sincera ao deparar com conflitos éticos no trabalho. Os insights que aqui descrevo
podem ajudar jovens administradores a levantar a voz quando a ocasião pede e ajudar altos
executivos a erguer uma cultura organizacional forte e honesta.
Resumo
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Unidade I
Exercícios
A) Custo corrente.
B) Custo histórico.
E) Valor de liquidação.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse método visa a trazer, a valor presente, os fluxos de caixa dos benefícios futuros
possíveis de serem obtidos com esses bens, de maneira a determinar o seu montante atual. A quantificação
desse valor depende do estabelecimento de uma taxa de desconto que seja compatível com a realidade
do mercado. Segundo a alínea “C” do inciso II do § 1° do art. 7° da Resolução CFC n° 750/93, “os ativos
são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera
seja gerado pelo item no curso normal das operações da entidade” (grifo nosso).
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o preço corrente de venda, também conhecido como valor realizável líquido, é utilizado
quando o produto da empresa for vendido em mercado organizado ou em situação de inventário de
27
Unidade I
produtos para venda ou, ainda, para produtos próximos do estágio final de acabamento. Segundo a
alínea “B” do inciso II do § 1° do art. 7° da Resolução CFC n° 750/93, “os ativos são mantidos pelos
valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma
ordenada [...] no curso normal das operações da entidade”.
E) Alternativa correta.
Justificativa: essa é a hipótese extrema para valores de saída por presumir venda forçada. O valor
de liquidação é utilizado quando mercadorias ou outros ativos tornam‑se obsoletos ou quando a
empresa não espera continuar o empreendimento em futuro próximo. É, portanto, uma hipótese de
descontinuidade.
Questão 2. (Enade, 2009) A constituição das provisões para férias, décimo terceiro salário e
dividendos propostos é uma conduta profissional que atende a qual princípio contábil?
A) Competência.
B) Consistência.
C) Continuidade.
D) Entidade.
E) Prudência.
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