AF 1 Resolucao
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Grupo I
Grupo II
Tendo em conta os artigos 138.º e 139.º do Código Civil, é correcto afirmar que os
interditos têm personalidade jurídica?
Grupo III
Imagine que António e Benedita vivem em união de facto. Dado o seu carácter
dominador, António entende que deverá ser a pessoa que toma todas as decisões
que digam respeito ao casal e que Benedita deverá sempre pedir-lhe autorização
antes de fazer algo. Benedita não se conforma com a situação, defendendo que
deverá ter os mesmos direitos que António. Para isso, e não encontrando
fundamento legal no regime jurídico das uniões de facto, invoca o artigo 1671.º do
Código Civil. Poderá fazê-lo?
Quando se verifica a existência de uma lacuna na lei, ou seja, a falta de uma norma
que regule uma situação que deveria ter sido regulada pelo Direito, o primeiro método
para resolver esse problema e preencher a lacuna, é recorrendo à analogia. Ou seja,
utiliza-se a regulação prevista por uma outra norma, a qual não previa esta situação,
mas em que se apura que a razão para decidir o caso omisso e o caso previsto é a
mesma, com a diferença entre ambos a residir em pontos irrelevantes para a
regulamentação jurídica.
O segundo método para preenchimento de uma lacuna, que só deverá ser utilizado
quando se verificar que não existe um caso análogo aplicável (cfr. artigo 10.º do
Código Civil), consiste na utilização de uma norma que o próprio intérprete criaria se
tivesse que legislar sobre o caso. No entanto, a liberdade criativa do intérprete não é
ilimitada, pois o artigo 10.º do Código civil estabelece que a norma a criar deverá
enquadrar-se «dentro do espírito do sistema».
No caso hipotético colocado, deverá aplicar-se, por analogia, o regime do artigo 1671.º
do Código Civil, uma vez que o próprio regime jurídico das uniões de facto estabelece
que estas existem e merecem protecção quando duas pessoas vivem «em condições
análogas às dos cônjuges» (cfr. artigo 1.º, n.º 2 da Lei n.º 7/2001, de 30 de Agosto, com
as alterações introduzidas pela Lei n.º 23/2010, de 30 de Agosto).
Grupo IV
2. Uma vez que o diploma legislativo não integrava nenhuma disposição quanto à
sua entrada em vigor, quando é que isso deveria ocorrer?
Nos termos do artigo 2.º, n.º 2 da Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, quando os
diplomas legais não estabelecem a data da sua entrada em vigor, ela ocorrerá no 5.º
dia após a sua publicação em Diário da República.
O negócio jurídico foi celebrado em data anterior à entrada em vigor do diploma. Nos
termos do artigo 12.º do Código Civil, «a lei só dispõe para o futuro», a menos que lhe
seja atribuída eficácia retroactiva. Portanto, e por regra, se não tiver eficácia
retroactiva (a qual terá de estar prevista no diploma legal), as normas jurídicas não
afectam a validade de negócios celebrados regularmente antes da sua entrada em
vigor.
O costume é constituído por dois elementos: uma prática social repetida e habitual de
certa e determinada conduta e a convicção da sua obrigatoriedade. Deste modo, a
invocação de um costume só poderá produzir efeitos jurídicos se estes dois elementos
existirem.
Uma questão que suscita muita discussão é a da validade do costume contra legem (ou
seja, contrário à lei). No entanto, a melhor solução num sistema legal como o
português aconselha a que se entenda que, em caso de contradição entre a lei e o
costume, é esta que se deve aplicar e que o costume não tem valor jurídico.