Teste Maias Correcao

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Proposta de Correcção do teste Os Maias – Sequência 4 + Frei Luís de Sousa – Sequência 3

GRUPO I

 De acordo com o texto, responda de forma clara, objectiva e documentada às questões que se seguem.

1. O presente excerto insere-se no primeiro capítulo da obra; fazendo parte da longa analepse que
explica os antecedentes de Carlos da Maia. Incide sobre a educação que Pedro recebeu, e sobre
a descrição da sua personalidade fraca.

2. Fisicamente Pedro da Maia era pequenino, frágil, com uma face oval, trigueiro e com uns olhos
lindos e irresistíveis: “Ficara pequenino e nervoso como Maria Eduarda, tendo pouco (…) da
força dos Maias, a sua linda face oval de um trigueiro cálido, dois olhos maravilhosos e
irresistíveis, (…) faziam-no assemelhar-se a um belo árabe.”; no entanto, tinha um aspecto
pouco saudável, pois andava frequentemente “murcho, amarelo, com olheiras fundas e já
velho”.
Psicologicamente Pedro era nervoso; sentimental (emotivo / piegas); apático (passivo /
indiferente a tudo), mole, melancólico e mórbido: “Ficara pequenino e nervoso (…) dois olhos
maravilhosos e irresistíveis, prontos sempre a humedecer-se, (…) Desenvolvera-se lentamente,
sem curiosidades, indiferente a brinquedos, a animais, a flores, a livros. Nenhum desejo forte
parecera jamais vibrar naquela alma meio adormecida e passiva: (…) Era em tudo um fraco; e
esse abatimento contínuo de todo o seu ser resolvia-se a espaços em crises de melancolia
negra, que o traziam dias e dias mudo, murcho, (…) já velho. O seu único sentimento vivo,
imenso, até aí, fora a paixão pela mãe. (…) O menino continuou em Benfica, dando os seus
lentos passeios a cavalo (…)”; mas, por outro lado, era também “muito esperto, são e, como
todos os Maias, valente”.
Pedro manifestava, de facto, uma personalidade inconstante e desequilibrada, pois tão
depressa tinha crises de melancolia como se divertia nos botequins: “Pedro teve na sua dor os
arrebatamentos de uma loucura. (…) e levado o caixão, (…) caiu numa angústia soturna1,
obtusa2, sem lágrimas, de que não queria emergir, (…). Muitos meses ainda não o deixou uma
tristeza vaga. (…) Esta dor exagerada e mórbida cessou por fim; e sucedeu-lhe, quase sem
transição, um período de vida dissipada5 e turbulenta, estroinice6 banal, (…) sua natureza
desequilibrada (…).”

3. O tipo de caracterização predominantemente utilizado pelo narrador, neste trecho, é a


caracterização directa.

4. Diz-se que Pedro «Era em tudo um fraco», pois era sensível/ piegas / chorão (“dois olhos
maravilhosos e irresistíveis, prontos sempre a humedecer-se,”); não tinha vontades, nem
desejos (“Nenhum desejo forte parecera jamais vibrar naquela alma meio adormecida e
passiva”); apesar de não gostar do Padre Vasques, não ousava desobedecer-lhe (“Tomara birra
ao padre Vasques, mas não ousava desobedecer-lhe.”); andava frequentemente murcho /
apático, dando lentos passeios a cavalo e, após a morte da mãe, esteve dias e dias sem
conseguir sair da sua dor e, quando saía, para ir até ao túmulo da mãe, fazia-o de forma lenta e
triste (“ (…) caiu numa angústia soturna1, obtusa2, sem lágrimas, de que não queria emergir,

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Português 11º ano
Teste
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estirado de bruços sobre a cama numa obstinação de penitente (…), sair todos os dias a
passos de monge, lúgubre4 no seu luto pesado, para ir visitar a sepultura da mamã…”).

5. Neste excerto, podemos encontrar alguns aspectos da excentricidade da personalidade de


Pedro, como, por exemplo, a sua grande tendência amorosa que o levou, aos 19 anos, a ter um
“bastardozinho”; o envolvimento em brigas: “ele só, com um chicote, dispersara na estrada
três saloios de varapau que lhe tinham chamado «palmito».”; a promessa histérica que fizera,
caso a mãe se curasse, de “dormir durante um ano sobre as lajes do pátio”; o facto de não
conseguir emergir da dor e tristeza causada pela morte da mãe, levando-o a ficar dias e dias
“estirado de bruços sobre a cama numa obstinação 3 de penitente” e depois, de repente,
começar uma vida de “estroinice”, que também não durou muito tempo.
Podemos ainda considerar como marcas da excentricidade de Pedro a “paixão” que este sentia
pela mãe ou os “arrebatamentos de loucura” que o invadiram aquando da morte da mesma.

6. Faça o levantamento de três características da linguagem e estilo queirosiano:


Comparação: “Ficara pequenino e nervoso como Maria Eduarda,” (l.1); “faziam-no assemelhar-se a um
belo árabe” (l. 3);
Enumeração: “indiferente a brinquedos, a animais, a flores, a livros.” (l. 4 e 5)
Gradação: “mudo, murcho, amarelo, com olheiras fundas e já velho” (l. 9 e 10)
Hipérbole: “essas lágrimas que caíam quatro a quatro” (l. 12);
Metáfora: “pela pobre face de cera” (l. 12);
Sinestesia: “face oval de um trigueiro cálido” (l.2)  efeito visual e táctil.
Dupla adjectivação: “Ficara pequenino e nervoso (…)” (l.1); ”a sua linda face oval” (l. 2); “olhos
maravilhosos e irresistíveis” (l. 3); “Esta dor exagerada e mórbida” (l. 26); vida dissipada 5 e
turbulenta (l. 27), …
Uso expressivo do gerúndio: “a pobre senhora caíra de joelhos diante de Afonso, balbuciando e
tremendo” (l.11).
Uso expressivo do advérbio de modo: “tão subitamente, tão tumultuosamente” (l. 29).

GRUPO II

OPÇÃO A
Referir os tópicos abaixo indicados, relacionando-os com momentos da peça.
LIBERDADE
NACIONALISMO
NATUREZA NOCTURNA
MULHER ROMÂNTICA
AMOR
ELEVADA RELIGIOSIDADE

1. a crença no sebastianismo;
2. a crença no aparecimento dos mortos, em Telmo;
3. a crença em agouros, em dias aziagos, em superstições;
4. as visões de Maria, os seus sonhos, o seu idealismo patriótico;
5. o «titanismo» de Manuel de Sousa incendiando a casa só para que os Governadores do Reino a não
utilizassem;
DL – Professora Cristina Pimentel
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6. a atitude que Maria toma no final da peça ao insurgir-se contra a lei do matrimónio uno e indissolúvel,
que força os pais à separação e lhos rouba.

OPÇÃO B

Podemos dizer que Frei Luís de Sousa é uma tragédia, quanto ao assunto, pois na verdade,
1. o número de personagens é diminuto e pertencem a uma classe social elevada;
2. Madalena, casando sem ter a certeza do seu estado livre, e Manuel de Sousa, incendiando o palácio,
desafiam as prepotências divinas e humanas (a hibris);
3. uma fatalidade (a desonra de uma família, equivalente à morte moral), que o assistente vislumbra logo
na primeira cena, cai gradualmente (climax) sobre Madalena, atingindo todas as restantes personagens
(pathos);
4. contra essa fatalidade os protagonistas não podem lutar (se pudessem e assim conseguissem mudar o
rumo dos acontecimentos, a peça seria um drama); limitam-se a aguardar, impotentes e cheios de
ansiedade, o desfecho que se afigura cada vez mais pavoroso;
5. há um reconhecimento: a identificação do Romeiro (a agnorisis);
6. Telmo, dizendo verdades duras à protagonista, e Frei Jorge, tendo sempre uma palavra de conforto,
parecem o coro grego.

DL – Professora Cristina Pimentel


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