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UFSC-UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

MARCIO ALAIN GOMES TAVARES

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMAS BRASILEIRAS E O SISTEMA


CONTABILÍSTICO DA ÁFRICA OCIDENTAL (SYSCOA)

FLORIANÓPOLIS

2010
MARCIO ALAIN GOMES TAVARES

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMAS BRASILEIRAS E O SISTEMA


CONTABILÍSTICO DA ÁFRICA OCIDENTAL (SYSCOA)

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis da


Universidade Federal de Santa Catarina como requisito
parcial para obtenção de grau de Bacharel em Ciências
Contábeis. Orientador: Darci Schnorrenberger, Dr.

FLORIANÓPOLIS

2010
MARCIO ALAIN GOMES TAVARES

SISTEMA CONTABILÍSTICO DA ÁFRICA OCIDENTAL (SYSCOA)

UMA COMPARAÇÃO ENTRE A CONTABILIDADE BRASILEIRA E SYSCOA

Essa monografia foi apresentada como trabalho de conclusão de curso de graduação em


Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota
media_______, atribuída pela banca formada pelo orientador e demais membros abaixo
relacionados.

08 de Junho de 2010

___________________________________________

Prof Dra. Valdirene Gasparetto

Cordenadora de Monografia do Departamento de Ciências Contábeis

________________________________________________

Prof. Darci Schnorrenberger (Orientador), Dr

_________________________________________________

Prof. Ernesto Fernando Rodrigues Vicente, Dr

__________________________________________________

Prof. Vladimir Arthur Fey, M.Sc


AGRADECIMENTOS

Muitas vezes, na hora da emoção, as palavras nos faltam, por isso nem sempre
conseguimos transmitir nossos sentimentos. Agradecemos e ao mesmo tempo sentimos a
necessidade de se expressar nossa gratidão de uma forma inexplicável, pois às vezes um
simples obrigado parece ser uma palavra muito pequena para expressar nosso sentimento
momentâneo.
Porém, a fim de agradecer aqueles que de alguma forma contribuíram para a conclusão
de mais uma etapa em minha vida, fiz a opção de nomear algumas pessoas a quem eu devo
um sincero obrigado. Em primeiro lugar a Deus. Depois, sou grato ao governo brasileiro por
esta oportunidade cooperacional e ao PEC-G (Programa de Estudante Convênio de
Graduação), que desde 1987, pelo artigo nº94 da portaria nº580, estabeleceu os acordos
cooperacionais com os países em desenvolvimento. Especialmente à UFSC- Universidade
Federal de Santa Catarina, e aos colegas e amigos em geral que de forma direta ou indireta
contribuíram em todos os aspectos durante meu aprendizado.
Ao professor Darci Schnorrenberger, que sempre teve disposição, demonstrando
competência e paciência nas dificuldades enfrentadas durante estudo.
Em seguida, gostaria de agradecer a minha família, especialmente aos meus pais,
Alberto Soares Tavares e Arminda Gomes Tavares, dizendo que minha gratidão vai além dos
sentimentos, por isso é um privilégio muito grande ser vosso filho, e em toda minha vida
nunca vou poder agradecer-vos pelo apoio que sempre me deram e por me ensinaram as
coisas mais preciosas da vida - ser honesto, digno sincero, amável etc.
Minha imensa gratidão aos meus queridos e amados tios Marcelino Soares Tavares e
esposa, e João José Soares Tavares e esposa; a minha amada irmã Mecia Agata Gomes
Tavares e ao amado irmão Waldir Humberto Gomes Tavares, em especial a minha amada
namorada, que sempre ficou ao meu lado, me apoiando, e por nunca ter me julgado, por ter
escutado sem opinar, muitas vezes.
Aos meus amigos e amigas por estes cinco anos de convivência e companherismo:
Adusindo, Ezio, Gamal, Yuri, Soraia, Henriqueta, Artimiza, Edilene, Fernando, Neicelene e
Mirene.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste estudo.
"Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.”
( ALBERT EINSTEIN )
RESUMO

TAVARES, Márcio. Análise comparativa entre as normas brasileiras e o sistema


contabilístico da África Ocidental ( SysCOA ). 2010. 60 paginas. Curso de Ciências
Contábeis – Departamento de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2010.

O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise comparativa das normas
contábeis brasileiras e o Sistema Contabilístico da África Ocidental (SysCOA), referente às
demonstrações financeiras obrigatórias, buscando identificar convergências e divergências.
Na pesquisa, usou-se o método de procedimento comparativo, que, segundo Martins (2000), é
o procedimento científico controlado onde são examinados casos, fenômenos ou coisas
análogas, visando descobrir possíveis diferenças através de comparação. A pesquisa
caracteriza-se como qualitativa, pois não foi usado instrumento estatístico no processo de
análise do problema. Para atingir o objetivo proposto fez-se necessário levantar as
demonstrações finaceiras obrigatórias emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade -
CFC, com o SysCOA, emitidas pela OHADA. Procurou-se, na fundamentação teórica,
apresenta um breve histórico da evolução do SysCOA e do bloco em que ele opera. Os
resultados alcançados na análise comparativa proposta apontam o enfoque na demonstração
do resultado de exercício e no balanço patrimonial, pois oferecerem características passíveis
de comparação. No que tange a demonstração do resultado de exercício, as normas brasileiras
apresenta estrutura e forma de chegar ao resultado do exercício muito diferente em relação ao
SysCOA. Quanto ao balanço patrimonial, as normas brasileiras apresentam a estrutura, a
ordem de liquidez e a de exigibilidade diferentes do SysCOA. Por serem as demonstrações
contábeis brasileiras analisadas com características atualizadas às normas internacionais,
pode-se concluir que existe a tendência, por parte dos órgãos normatizadores do SysCOA, de
proporcionar estudos em busca da adaptação às normas internacionais, de forma tornar mais
claro o entendimento entre investidores do Brasil e dos países integrantes da UEMOA.

Palavras-chave: Análise Comparativa, SysCOA, Normas Brasileiras.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas

AEF – África Equatorial Francesa

AOF – África Ocidental Francesa

APIMEC – Associação dos Analistas Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais

BM & FBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros

CEDEAO – Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

CM – Conselho de Ministro

CEMAC – Comunidade Econômica e Monetária da África Central

CIMA – Organização Integrada da Indústria dos Seguros nos Estados Africanos

CRC – Conselho Regional de Contabilidade

FCFA – Franco da Comunidade Financeira Africana

FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

OHADA – Organização para a Harmonização na África do Direito dos Negócios

OAPI – Organização Africana de Propriedade Intelectual

OCAM – Organização da Comunidade Africana e Mauriciana

SysCOA – Sistema Contabilístico da África Ocidental

UA – União Africana

UEMOA – União Econômica e Monetária dos Estados da África Ocidental

UDEAC – União Econômica e Aduaneira dos Estados da África Central

UICC – Unidade de Planejamento e Inteligência Comercial e Competitiva


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Modelo Demonstração do Resultado do Exercício Normas Brasileiras p. 28

Quadro 2 – Modelo Demonstração do Resultado do Exercício SysCOA. p. 29

Quadro 3 – Modelo de Balanço Patrimonial Normas Brasileiras. p. 31

Quadro 4 – Modelo de Balanço Patrimonial SysCOA p. 33

Quadro 5 – Análise entre as instituições regulamentadoras e as normas p. 38

Quadro 6 – Análise entre os princípios contábeis p. 40

Quadro 7 – Comparativo das demonstrações do resultado entre as normas p. 41

Quadro 8 – Comparativo do balanço patrimonial “ativo” entre as normas p. 45

Quadro 9 – Comparativo do balanço patrimonial “passivo” entre as normas p. 47

Quadro 10 – Demonstrações financeiras obrigatórias p. 50

Quadro 11 – Demonstrações financeiras equivalentes p. 51

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa dos países integrantes da UEMOA p. 18

Figura 2 - Esquema das Demonstrações de Resultado de Exercício Normas Brasileira

p. 46

Figura 3 – Esquema das Demonstrações de Resultado de Exercício SysCOA p. 47


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

1.1 TEMA E PROBLEMA .............................................................................................................. 11


1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 12
1.2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 12
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................................................. 13
1.5 DELIMITAÇÕES DE PESQUISA ............................................................................................... 15
1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................................. 15

2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA ...................................................................................... 16

2.1 UM BREVE HISTÓRICO DA UEMOA E SYSCOA.................................................................. 16


2.2 INSTITUIÇÕES REGULADORAS DAS NORMAS CONTÁBEIS..................................................... 19
2.2.1 No Brasil .......................................................................................................................... 19
2.2.2 No SysCOA ...................................................................................................................... 21
2.3 PRINCIPIOS CONTÁBEIS ............................................................................................... 22
2.3.1 Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nas Normas Brasileiras................................ 23
2.3.2 Princípios contábeis geralmente aceitos no SysCOA...................................................... 24
2.4 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ........................................................ 27
2.4.1 Demonstração do Resultados do Exercício - DRE.......................................................... 28
Normas brasileiras ................................................................................................................... 28
No SysCOA ............................................................................................................................... 30
2.4.2 BALANÇO PATRIMONIAL............................................................................................. 32
Normas brasileiras ................................................................................................................... 32
No SysCOA ............................................................................................................................... 34
2.4.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO .......................... 36
2.4.4 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA ................................................................... 36
2.4.5 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ............................................................ 37
2.4.6 MAPA DA ORIGEM E DA APLICAÇÃO DE FUNDOS – MOAF ................................. 37
2.4.7 NOTAS EXPLICATIVAS.................................................................................................. 38
Normas brasileiras ................................................................................................................... 38
SysCOA ..................................................................................................................................... 39

3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


PELAS NORMAS BRASILEIRAS E O SYSCOA ............................................................ 40

3.1 INSTITUIÇÕES REGULADORAS DAS NORMAS CONTÁBEIS ................................. 40


3.2 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS ENTRE AS NORMAS ............ 42
3.3 COMPARATIVO DE DEMONSTRAÇAO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO ENTRE
NORMAS BRASILEIRAS E SYSCOA................................................................................... 44
3.4 COMPARATIVO DO BALANÇO PATRIMONIAL ENTRE AS NORMAS
BRASILEIRAS E O SYSCOA ................................................................................................. 47
3.5 NOTAS EXPLICATIVAS / ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇAO DE
RESULTADOS ........................................................................................................................ 51
3.6 DEMAIS CONSIDERAÇÕES SOBRE ANÁLISE COMPARATIVA DAS
DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS .................................................................................... 52

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 55

4.1 QUANTO À PROBLEMÁTICA ........................................................................................ 55


4.2 QUANTO AOS OBJETIVOS............................................................................................. 55
4.3 RECOMENDAÇOES ......................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 58
10

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, na busca do melhor resultado para suas organizações, a contabilidade


vem demonstrando cada vez mais o seu objetivo e o suporte administrativo pautado pela
qualidade e agilidade nas informações. Hoje é comum encontrar empresas que atuam em
diversos países e investidores que ultrapassam as fronteiras em busca da rentabilidade.
Mas, apesar disso, cada país, em bloco econômico, tem seu conjunto de regras
próprias e a sua linguagem, normalmente definida por uma autoridade competente, cujo
entendimento pode variar desde o sentido até a legitimidade. Por maior que tenham sido os
esforços no sentido de superar essas regras próprias e a linguagem, elas continuam presentes,
sejam de natureza estrutural ou conceitual.
Para Hendriksen e Van Breda (1999), o objetivo principal da contabilidade é a
divulgação de informações financeiras, que devem fornecer informações sobre os recursos
econômicos de uma empresa, apoiando assim o processo decisório dos diversos públicos. A
contabilidade é uma importante ferramenta para controle e auxílio na tomada de decisão por
parte dos diversos usuários, mas suas diferenças e similaridades fazem com que inúmeros
padrões sejam adotados e praticados nos demonstrativos contábeis, não permitindo uma
comparabilidade das informações contábeis produzidas por um país em relação a outro.
Existe uma preocupação cada vez maior dos estudiosos e investidores sobre a
natureza estrutural ou conceitual das demonstrações financeiras. Nessa ótica, as empresas,
principalmente as sociedades anônimas de capital aberto, e as legislações entre países buscam
cada vez mais uma harmonização das práticas contábeis, visando o aumento da transparência
e da segurança das informações contábeis divulgadas ao público investidor, pois os acionistas
possuem uma ideia clara de valor, obtida através das demonstrações contábeis procedentes do
sistema contábil. Assim, as decisões podem ser influenciadas pelos dados constantes nas
demonstrações - pelas normas brasileiras e SysCOA, o que leva a crer que os dados
procedentes da aplicação de normas distintas podem ser interpretados de diferentes formas
pelos usuários.
Diante disto, apesar das normas brasileiras de contabilidade terem crescido bastante
quanto à harmonização, há carência em relação aos países que utilizam o SysCOA, que, de
certa forma, estão fazendo-a gradativamente.
Assim, esta pesquisa analisará possíveis divergências nas demonstrações financeiras,
demonstrando a necessidade de serem feitos estudos para que haja uma maior compreensão
11

por parte das empresas brasileiras que estão operando na região da União Econômica e
Monetária da África Ocidental (UEMOA), pois o entendimento das normas contábeis entre
países hoje é fato notório e incontestável, devido à internacionalização e globalização dos
negócios, trazendo como provável consequência o requerimento maciço de informações de
natureza contábil, com um conteúdo claro e bem compreendido por todos os usuários.

1.1 TEMA E PROBLEMA

A contabilidade é uma ciência social aplicada, fortemente influenciada pelo ambiente


em que atua. A linguagem dos negócios é utilizada pelos agentes econômicos que buscam
informações para avaliação dos investimentos, os relatórios contábeis devem ser cada vez
mais globalizados de forma a auxiliar os investidores. Mas, a linguagem não é homogênea,
pois muitos países tem práticas contábeis próprias.
O estudo feito por Iglesias (2009, p. 06-10) para UICC Apex-Brasil (Unidade de
Planejamento e Inteligência Comercial) nos 16 países da Costa Ocidental da África, nos dois
grandes blocos: Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e União Econômica
e Monetária da África Ocidental (CEDEAO/UEMOA), demonstram que existem 1.390
empresas brasileiras de médio e grande porte atuando nesses mercados.
A participação das empresas brasileiras e as relações comerciais entre Brasil e a
UEMOA (União Econômica Monetária Oeste Africano) vêm demonstrar o interesse de
pesquisar possíveis divergências nas normas, e as dificuldades que os usuários das
informações financeiras enfrentam na comparação e na publicação dessas, pois elas variam
entre os países. Para concretização, se faz necessário o conhecimento das demonstrações
financeiras obrigatórias e as possíveis diferenças.
Diante do que foi exposto, tem-se como questão-problema: Quais as divergências
entre as demonstrações financeiras segundo as normas brasileiras e o SysCOA ?
12

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar as divergência entre as demonstrações financeiras obrigatórias e quais as


diferenças e semelhanças.

1.2.2 Objetivos específicos

Verificar os princípios e as normas vigentes;


Levantar a obrigatoriedade das demonstrações entre as normas;
Verificar as diferenças na estrutura das demonstrações passíveis de comparação;
Analisar os grupos e subgrupos.

1.3 JUSTIFICATIVA

O presente estudo tem a intenção de realizar análise comparativa entre as


demonstrações financeiras nas normas brasileiras e o SysCOA (Sistema Contabilístico da
África Ocidental). Para isso, as relações comerciais entre o Brasil e a UEMOA (União
Econômica Monetária Oeste Africano) vêm demonstrar o interesse de solucionar os
problemas que os usuários das informações financeiras enfrentam na comparação entre
empresas.
O estudo feito por Iglesias (2009, p. 06-10) para UICC Apex-Brasil (Unidade de
Planejamento e Inteligência Comercial e Competitiva) nos 16 países da costa ocidental da
África, especificamente nos dois grandes blocos da áfrica ocidental (CEDEAO/UEMOA),
demonstram que existem empresas brasileiras atuando no mercado africano. A CEDEAO
(Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) abrange a maioria dos países da
região (15 países, com exceção da Mauritânia) e a UEMOA (União Econômica e Monetária
13

da África Ocidental), que está vigente nos países francófonos, com exceção à Guiné-Bissau
(lusófono).
O mesmo estudo aponta que dentre os blocos atuam 1.390 empresas brasileiras,
destas, cerca de 50% ou mais são empresas de médio a grande porte, sendo que 31% atuam
dentro da UEMOA. O estudo que se intitula “Oportunidade de Negócios Oeste da África-
CEDEAO/UEMOA, na ótica de alimentos, bebidas, biocombustíveis, máquinas e
implementos agrícolas”, vem justificar ou demonstrar a necessidade de pesquisar possíveis
diferenças entre as normas contábeis, facilitando o entendimento das informações divulgadas
para os usuários, reduzindo as dúvidas de natureza contábil e, em decorrência, gerando
crescimento econômico.
Os registros colaboram na evidenciação dos fatos contábeis entre as empresas
integrantes nas relações comerciais, auxiliando na análise econômico-financeira através das
demonstrações contábeis, que são o elo de ligação entre os investidores e as empresas.
A comparação do SysCOA com as normas brasileiras visa demonstrar e identificar a
diferença entre ambas, vendo que o plano contabilístico do SysCOA conceitua-se e é baseado
na doutrina contabilística francesa. Essa comparação ajudará na materialização e avaliação
contabilístico-Africana, que hoje está se confrontando com uma nova realidade: o advento das
normas internacionais.
É importante ressaltar que a realização deste estudo comparativo é relevante em vista
da obtenção de um maior esclarecimento e enriquecimento desse assunto.

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia da pesquisa tem o objetivo de mostrar as técnicas que serão utilizadas


na elaboração deste trabalho. Para isso, procedimentos metodológicos foram delineados com
intuito de descrever, da melhor forma possível, a questão comparada.
Na pesquisa, usou-se método de procedimento comparativo, o qual, segundo Martins
(2000), é um procedimento científico controlado em que são examinados casos, fenômenos ou
coisas análogas, visando descobrir possíveis diferenças através de comparação, ou seja,
regularidades, princípios ou leis que têm validade e são significativos. No caso presente, trata-
14

se do exame comparativo das diferenças de aplicação de normas contábeis do SysCOA e de


normas brasileiras.
A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, pois vai se realizar por meio da leitura e
interpretação das normas do SysCOA e das normas brasileiras. Para Richardson (1999)
“pesquisas qualitativas caracterizam-se pelo não emprego de instrumental estatístico no
processo de análise de um problema”.
O método usado nesta pesquisa será o dedutivo, que consiste em pesquisas que
partirão da investigação geral, concernente às normas SysCOA e às normas brasileiras, para o
específico, que será a verificação das diferenças entre as demonstrações financeiras
obrigatórias do SysCOA e da normativa do Brasil.
A técnica utilizada é a documental indireta, ou seja, doutrinas referentes ao tema, por
vezes, utilizando-se da análise de sites da internet referentes ao assunto, como forma de
ilustrar e exemplificar a pesquisa; e também pesquisa documental direta, no que concerne à
legislação pertinente ao assunto.
Para elaboração desta, utilizou-se a pesquisa exploratória, que tem como objetivo
principal o “aprimoramento de idéias ou descoberta de instituições. Seu planejamento é,
portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos
relativos ao fato estudado” (GIL, 2002.p.41). Baseado no regulamento n° 04/96/CM para
adoção de um referencial contabilístico comum na região da UEMOA, regulamento esse que
define todas as norma incluindo os principios, e a estrutura das demonstrações financeiras,
bem como nos livros da contabilidade brasileira e a lei das sociedades por ações 6.404/76 e a
alteração dessa Lei (Lei n° 11.638/07).
Também foi utilizado, através do site de Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o
pronunciamento CPC 26 sobre a apresentação das demonstrações financeiras e CPC 03, CPC
04 CPC 09, respectivamente, de fluxo de caixa ativo intangível e da demonstração do valor
adicionado.
15

1.5 DELIMITAÇÕES DE PESQUISA

O estudo das demonstrações financeiras traz questionamentos sobre as formas,


critérios de escrituração, a estrutura, além do cumprimento, ou não, de prazos estabelecidos
pela lei. Porém, esta pesquisa não pretende aprofundar-se nestes questionamentos nem estudar
as origens e tendências dos princípios fundamentais da contabilidade pelas normas brasileiras
e nem dos princípios da contabilidade geralmente aceitos pelo SysCOA.
O presente trabalho contém uma análise específica entre as duas normas, não tendo,
portanto, a pretensão de esgotar o tema, pois limita-se a analisar comparativamente as
demonstrações financeiras obrigatórias passíveis de comparação, em termos de estrutura,
grupos e subgrupos. Por parte das normas brasileiras, analisou-se somente as alterações feitas
até 2009 pelo CPC, e, pelo SysCOA, até as alterações de 2001.
Da mesma forma, não vão ser objeto de estudo os problemas que envolvem a
adoção de diferentes métodos de conversão das demonstrações contábeis.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho será organizado em quatro capítulos. No primeiro, apresenta-se a


introdução do assunto, do tema e do problema, os objetivos gerais e específicos, a justificativa
do estudo, a metodologia da pesquisa e as limitações.
No segundo, a fundamentação teórica, abordando-se o histórico da UEMOA e do
SysCOA; princípios contábeis geralmente aceitos entre as normas; instituições reguladoras
entre as normas, finalizando com apresentação das demonstrações financeiras.
Já no terceiro e no quarto capítulo, apresenta-se uma análise comparativa entre as
demonstrações através de quadro demonstrativo e conclusão, além da recomendação de
futuros trabalhos com a mesma temática desta monografia.
16

2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

Este capítulo limita-se à apresentação dos principais conceitos teóricos necessários ao


desenvolvimento deste trabalho. Inicia-se com um breve histórico da UEMOA e do SysCOA,
as instituições reguladoras das normas brasileiras os príncipios e a apresentação das
demonstrações financeiras.

2.1 UM BREVE HISTÓRICO DA UEMOA E SYSCOA

A UEMOA é uma organização de integração regional criada por sete países da África
Ocidental que têm em comum uma moeda única, o Franco da Comunidade Financeira
Africana (FCFA). Ela foi criada por um tratado assinado em Dakar, capital do Senegal, em 10
de janeiro de 1994, pelos chefes de Estado e de Governo do Benim; Burkina Faso; Costa do
Marfim; Mali; Níger; Senegal e Togo. Em 2 de maio de 1997 a Guiné-Bissau tornou-se o
oitavo Estado membro da união.
Segundo Vieira (2008, p.17-18), “os países africanos da colônia francesa que
nasceram numa época onde o plano contabilístico francês se desenvolveu, estavam em uma
das fases mais ativas da colonização”. Ainda segue afirmando que

a idéia francesa de normalização e, por conseguinte naturalmente impõe referência


ao modelo francês, durante o período de 1941-1960, sendo que as empresas
enquadradas na UEMOA foram conduzidas á passar do plano francês, ao plano
OCAM de 1957 a 1970 ano da implantação. (VIEIRA, 2008. p.17-18)

Em seguida, de acordo com Vieira ( 2008 ), as antigas colônias da África equatorial


francesa (AEF) e a África ocidental francesa (AOF) obtiveram a sua independência política.
No entanto, a sua independência econômica e monetária foi muito mais difícil de conquistar,
pois a França, querendo manter as ex-colônias africanas sob seu domínio, criou um sistema de
contabilidade próprio para essas localidades. Porém, esse sistema foi criativo, de tal forma
que motivou a criação do plano OCAM (primeiro Organização da Comunidade Africana e
Malgaxe, seguidamente Organização da Comunidade Africana e Mauriciana), elaborado pelos
próprios países africanos, e representava um progresso teórico em relação aos planos
contabilístico alemães e franceses. O plano OCAM despertou o interesse de outros países
africanos. Na adoção, cada país aplicou, a seu modo, o plano, como, por exemplo, o plano
17

OCAM senegalês, o plano OCAM costa-marfinense, o plano OCAM beninês etc. (ROBERTO
ALEXANDRE VIEIRA, 2008, p. 17/18).
Vieira (2008) afirma que a fase de desenvolvimento dos países africanos
independentes alertou os usuários a diferir o plano Francês. Esse plano contabilístico não era
mais relevante aos países-membros de UDEAC (União Econômica e Aduaneira dos Estados
da África Central). Segue afirmando que por este motivo decidiram promover uma
normalização e um plano contabilístico verdadeiramente adaptados à situação africana, pois
os peritos africanos e franceses aproveitaram a experiência adquirida desde 1947. Ainda nos
salienta que com “essa experiência conseguiram colocar em prática um sistema contabilístico
adaptado à realidade econômica dos países africanos, às necessidades dos utilizadores, e ao
desenvolvimento das técnicas informáticas.” O plano OCAM é adotado oficialmente pelos
chefes de Estados africanos na conferência YAOUNDE, de 1970.
Vinte anos depois, os países africanos sentiram a necessidade de harmonizar o direito
comercial do continente e criaram o OHADA (Organização para a Harmonização na África do
Direito dos Negócios), que é um dos órgãos reguladores do SysCOA.
Um dos pontos importantes dos trabalhos da OHADA foi circulação do SysCOA nos
Estados-Membros da União Econômica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).
Os sistemas africanos mostram a necessidade da produção de um regulamento
contabilístico protegido de irregularidades para as instituições públicas. Não qualquer
regulamento contabilístico, e sim um regulamento suficientemente normalizado para servir de
referência aos vários Estados. Suficientemente universal para auto melhorar-se,
permanecendo ao mesmo tempo simples para ser de um acesso fácil para o plano de contas e
para os seus utilizadores, mas que aborde também as variedades culturais de países vizinhos.
18

Figura 1 Mapa dos países integrantes da UEMOA


Fonte: www.uemoa.int
19

2.2 INSTITUIÇÕES REGULADORAS DAS NORMAS CONTÁBEIS

Há sempre necessidade de criar órgãos com a função de regulamentar e fiscalizar as


empresas no tocante a qualidade dos serviços colocados à disposição dos usuários. Cada país
institui um orgão regulador estruturados de maneira a possuírem autonomias técnicas,
administrativa e financeira e imparcialidade nas suas decisões, e medir, simultaneamente, os
interesses do Governo.

2.2.1 No Brasil

As normas contábeis têm fundamento inicial na Lei n° 6.404/76 (Lei das sociedades
anônimas por ações) e na lei n° 10.303/2001 (alteração da parte societária da lei das
sociedades anônimas) e a última alteração sobre a integração às normas internacionais, a lei
11.638/07 (altera e revoga a lei 6.404/76 e a lei 6.385/76, que estende às sociedades de grande
porte disposições relativas à elaboração e divulgação das demonstrações contábeis).
Por conseguinte são apresentados os principais órgãos reguladores das normas
brasileiras, que seguem:

a) Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

A CVM é uma entidade autárquica em regime especial vinculada ao Ministério da


Fazenda. Possui personalidade jurídica e patrimônio próprio (artigo 5, da Lei n° 6385/76, com
a redação da Lei n° 10.411/2002). Tem por finalidade a emissão das normas que devem ser
seguidas pelas companhias abertas. Só as companhias com registros na CVM terão seus
valores mobiliários distribuídos no mercado e negociados na Bolsa de Valores.
As resoluções da CVM têm caráter normativo adicional à Lei das Sociedades
Anônimas, passando a ter poder acima das sociedades reguladas pelas normas regidas por ela,
podendo, no que couber, determinar situações diversas da Lei e as que deverão ser observadas
por ela.
20

b) Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC

O CPC foi instituído pela Resolução n° 1.055 do CFC de 07 de outubro de 2005,


com a finalidade de estudo e o preparo para emissão de pronunciamentos técnicos sobre o
procedimentos de contabilidade e a divulgação de informação dessa natureza, tendo em conta
a convergência da contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.
CPC é totalmente independente das entidades que as representa, deliberado por 2/3
de seus membros. O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessária para o
desenvolvimento dos trabalhos, e se compõe de dois representantes de cada uma destas seis
entidades:
ABRASCA

A ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas, segundo informação


divulgada no site foi fundada em 1971, é uma organização civil sem fins lucrativos, cuja
principal missão é a defesa das posições das companhias abertas junto aos centros de decisão
e à opinião pública.

APIMEC NACIONAL
Segundo informação divulgada no site foi criada em 1970, a associação dos analistas
profissionais de investimento do Mercado de Capitais – APIMEC – é uma entidade com foco
no desenvolvimento do mercado de capitais, composta de pessoas físicas.

BM & FBOVESPA
A BM & FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, pela
informação do site foi criada em 2008 com a integração entre a Bolsa de Mercadorias &
Futuros (BM&F) e Bolsa de valores de São Paulo (BOVESPA).

CFC
Criado há 60 anos pelo Decreto lei n° 9.295/46, o Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) é uma autarquia especial de caráter corporativo, sem vinculo com a administração
pública federal. O CFC possui representatividade de todos os estados da federação e do
Distrito Federal, representada por seus 27 conselheiros efetivos e igual número de suplentes,
fato alcançado com aprovação da Lei n°11.160/05. Tem por finalidade orientar, normatizar e
21

fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de


Contabilidade.

FIPECAFI
A Fipecafi – Fundaçao Instituto de pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – a
informação divulgada no site foi fundada em 1974 por professores do Departamento de
Contabilidade e Atuária da FEA/USP para atuar como órgão de apoio institucional ao referido
Departamento.

IBRACON
Segundo a informação do site foi fundada há 35 anos, o Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil tem atuado com ênfase nos seguintes propósitos: discutir,
desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador ,
auxiliar na difusão e na correta interpretação das normas que regem a profissão, e atuar,
também, no conjunto das entidades de ensino colaborando para o aprimoramento da formação
profissional.

2.2.2 No SysCOA

As normas contábeis SysCOA têm fundamentação inicial no regulamento


n°04/96/CM/UEMOA, adotado como referencial contábil comum na região da UEMOA. O
regulamento n°07/2001/CM/UEMOA substituiu o anterior e alterou os seguintes artigos: n°
11; 13; 38; 56; 70; 72; 73; 89; 97; 98; 103; 104; 108 e 111 do regulamento 04/96/CM/
UEMOA.
O SysCOA é complementado pelas estruturas nacionais e comunitárias encarregadas
de zelar pela sua boa aplicação, e assegurar a adaptação e as evoluções do ambiente contábil,
econômico e jurídico.
O SysCOA é estruturado pelas seguintes diretivas :
Diretiva n°02/97/CM/UEMOA, que criou a ordem nacional de peritos contábeis e os
tesoureiros aprovados nos Estados Membros da UEMOA.
Diretiva n° 03/97/CM/UEMOA, que criou o Conselho Nacional de Contabilidade nos
Estados membros da UEMOA, e um Conselho contabilístico da África ocidental na UEMOA,
22

para prosseguir com trabalhos de normalização contábil previsto no ato uniforme do OHADA
já comprometidos no UEMOA, em estreita consonância com conselho regional da
contabilidade.
Diretiva n°04/97/CM/UEMOA, que adotou o regime jurídico dos centros de gestão
aprovados nos Estados membros do UEMOA, assistindo os operadores econômicos em
matéria de comportamento contábil. Também instituiu um conselho permanente da profissão
contábil no UEMOA.

Por conseguinte, é apresentado o principal órgão regulador do SYSCOA :

Organização para a Harmonização na África do Direito dos Negócios (OHADA)

A OHADA, segundo informações divulgadas em seu site, foi criada pelo tratado
relativo à harmonização do Direito dos Negócios na África, fazendo parte 17 países membros
e 5 organizações, ou seja, direito comunitário : CEMAC, CIMA, OAPI, UEMOA e a UNIÃO
AFRICANA, assinado aos 17 de outubro de 1993, em Port-Luis e revisto em Quebec,
Canadá, em 17 de outubro de 2008. É dotada de quatro instituições: conselho de ministros das
finanças e da justiça, tribunal comum de justiça e arbitragem, secretariado permanente e a
escola regional superior da magistratura, agrupando profissionais das áreas ligadas ao
interesse nos estudos e na edição de atos uniformes da OHADA.

Bolsa Regional de Valores Mobiliários BRVM, segundo informação divulgada no


site foi instituido em 1992 com inicio das suas atividades em 1998.

2.3 PRINCIPIOS CONTÁBEIS

Os princípios contábeis, são os preceitos resultantes do desenvolvimento da aplicação


prática dos princípios técnicos emanados da contabilidade, de uso predominante no meio em
que se aplicam, proporcionando interpretação uniforme das demonstrações financeiras.
23

2.3.1 Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nas Normas Brasileiras

Os princípios contábeis desafiam os sistemas de contabilidade a operarem de forma


que estes obedeçam às normas padrões colocados aqueles. O Conselho Federal de
Contabilidade disponibiliza os princípios fundamentais da contabilidade, mais
especificamente na Resolução 750/93, na qual os princípios estão organizados em: princípio
da entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original, atualização monetária,
competência e da prudência.

SEÇÃO I: O princípio da entidade

Este princípio delibera que a contabilidade deve ter plena distinção e separação entre
pessoa física e pessoa jurídica, pois o patrimônio da empresa não se confunde com o dos
sócios. A contabilidade da empresa objetiva-se a registrar somente os atos e fatos ocorridos no
que se referem ao seu patrimônio e não aos relacionados com patrimônio particular dos
sócios. Também não mistura transações de uma empresa com outra. Esse princípio segue o
art. 4 da resolução 750/93.

SEÇÃO II: O princípio da continuidade

O princípio da continuidade delibera que a empresa deve ser avaliada e escriturada


supondo que a entidade nunca será extinta, definindo que as demonstrações contábeis não
podem ser divulgadas nos períodos precedentes e subsequentes. Por conseguinte, é admitido
que a vida da empresa é continua, até a medida em que a continuidade da entidade fica
improvável ou insegura. Esse princípio segue o art. 5 da resolução 750/93, nos seus
parágrafos 1º e 2º.

SEÇÃO III: O princípio da oportunidade

Determina que os registros contábeis sejam feitos no momento em que o fato ocorra
(a tempestividade) e pelo seu valor completo (integridade), independente das causas que as
originam. Portanto, ele determina que os registros sejam feitos no momento da transferência
de propriedade pelo seu valor total, obedecendo ao art. 6 da resolução 750/93.
24

SEÇÃO IV: O princípio do registro pelo valor original

Este princípio fundamenta a avaliação dos componentes patrimoniais, definindo


que devem ser essas feitas pelos valores originais das transações com exterior (valor da
entrada), expressos sempre em moeda nacional, independente se resultaram ou não de livre
negociação e condição entre as partes. Obedece ao art. 7 da resolução 750/93.

SEÇÃO V: O princípio da atualização monetária

Tal princípio reconhece os efeitos do poder aquisitivo da moeda nacional e o seu


reconhecimento contábil através de atualização monetária, ou seja, do ajustamento da
expressão formal dos valores patrimoniais. Atualiza monetariamente o valor original e não o
valor do mercado, e nem é uma correção. Obedece ao art. 8 da resolução 750/93.

SEÇÃO VI: O princípio da competência

O princípio da competência determina que o reconhecimento das receitas e despesas


deve ser incluído na apuração do resultado do período em que ocorrerem, independente do seu
reconhecimento ou pagamento. Deve-se salientar que esse princípio está ligado às variações
do patrimônio líquido e obedece ao art.9 da resolução 750/93, nos seus parágrafos 1º e 2º.
SEÇÃO VII: Princípio da prudência

Determina menor valor para os componentes do ativo e do maior valor para os do


passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Esse princípio obedece ao art.10 da
resolução 750/93, nos seus parágrafos 1º, 2º e 3º.

2.3.2 Princípios contábeis geralmente aceitos no SysCOA

Os princípios contábeis desafiam os sistemas de contabilidade a operarem de forma


que estes obedeçam às normas padrões colocadas por esses princípios, obedecendo ao
regulamento N° 04/96/CM que disponibiliza 113 artigos que as complementam. Os princípios
25

estão organizados em: prudência, transparência, importância significativa, desequilíbrio do


balanço, custo histórico, continuidade da exploração, permanência dos métodos,
especialização dos exercícios e a superioridade da realidade sobre a aparência.

SEÇÃO I: O princípio de prudência

Especifica a adoção do menor valor para os bens ou direitos e o maior valor para as
obrigações ou exigibilidades. O regulamento do SYSCOA define este como uma apreciação
razoável dos acontecimentos e as operações a registrarem, a fim de evitar transferência sobre
futuros riscos. Esse princípio delibera seguir os artigos n° 3 e 6 do regulamento.

SEÇÃO II: A transparência

Esse princípio exige da empresa uma apresentação clara e leal da informação contábil,
aplicando corretamente as regras e métodos, apresentando sua situação financeira e uma
imagem fiel da situação, e suas operações sem omissão de fatos significativos. Delibera seguir
o artigo n° 6,8,10 e 11 do regulamento.

SEÇÃO III: A importância significativa

Tal princípio refere-se ao momento em que devem ser registradas as variações


patrimoniais, com um registro imediato e de forma integral, independente da causa que as
originam, contemplando o aspecto físico e monetário. Qualquer mudança na apresentação da
situação financeira anual ou nos métodos de avaliação devem ser apresentadas no anexo ao
balanço. Esse princípio delibera seguir o artigo n° 33 do regulamento.

SEÇÃO IV: Desequilíbrio do balanço

Delibera que o balanço de abertura do exercício deve corresponder ao balanço de


encerramento do exercício anterior. Não podem ser atribuídos sobre os capitais próprios de
abertura e as incidências das mudanças de métodos, e nem nos produtos e cargas sobre
exercícios anteriores.
Quando um dos itens calculados de uma situação financeira não é comparável ao do
exercício anterior, se adota o último. A ausência de comparabilidade ou a adaptação dos
26

números é assinalada no anexo ao balanço. Esse princípio deve seguir o artigo n° 34 do


regulamento.

SEÇÃO V: O custo histórico

A avaliação dos elementos inscritos em contabilidade é fundada sobre a convenção do


custo histórico que permite registrar os bens, à sua data de entrada no patrimônio e ao seu
custo de aquisição exprimido em unidades monetárias correntes. Em virtude do conceito de
manutenção do capital financeiro da empresa, nesta convenção, as condições de reavaliação
legal ou livre são necessárias. Tal princípio segue os artigos n° 35 e 36 do regulamento.

SEÇÃO VI: A continuidade da exploração

Na abertura de uma empresa é possível presumir como será o prosseguimento das suas
atividades, ou seja, ela é avaliada e guiada na sua continuação e funcionamento futuro. Por
conseguinte, é admitido que a empresa não tenha intenção nem a obrigação de pôr-se em
liquidação ou de reduzir sensivelmente a extensão das suas atividades, na medida em que a
continuidade da exploração fica incerta ou insegura. Os ativos, o passivo e fora de balanço são
avaliados com base no seu valor liquidação. Esse princípio deve seguir o artigo n° 39 do
regulamento.

SEÇÃO VII: A permanência dos métodos

Os métodos de avaliação e de apresentação utilizados para o estabelecimento da


situação financeira não devem alterar de um exercício para outro. Esta aplicação dos métodos
permite assegurar a comparabilidade da informação no tempo e no espaço. O princípio admite
mudanças fundamentadas pela investigação de uma melhor imagem do patrimônio, da
situação financeira e do resultado da empresa. As circunstâncias de tais modificações
limitativamente são previstas no artigo n° 40 do regulamento.

SEÇÃO VIII: A especialização dos exercícios

A cada exercício devem ser registrados os produtos e as despesas, pois o resultado de


cada exercício é independente do que o precede e do que o segue. Para a sua determinação,
27

convém unir e atribuir os acontecimentos e operações do próprio período, seguindo o artigo


n° 59 do regulamento.

SEÇÃO IX: A superioridade da realidade sobre a aparência

Este princípio vem fundamentando o tratamento contábil das operações, a


apresentação das situações financeiras e a propriedade básica sobre a forma. Ele também se
aplica na inscrição do ativo no balanço (bens legítimos da entidade), nos inscritos como
reserva e nas obrigações com terceiros.

2.4 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Neste tópico objetiva-se apresentar o conceito das demonstrações financeiras entre as


normas e posteriormente apresentar o modelo das que apresentam características comparáveis,
tendo em conta que as duas normas apresentaram-se como obrigatórias.
Dentre os conceitos das demonstrações financeiras obrigatórias entre as normas
brasileiras e o SysCOA encontram-se: Demonstração dos Resultado do Exercício, Balanço
Patrimonial, Mapa da Origem e da Aplicação de Fundos, Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido, Demonstração de Fluxo de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado e
as Notas Explicativas / Anexo ao Balanço e a Demonstração de Resultado; pois essas
demonstrações são agregadas das informações que as duas normas determinaram para as
empresas divulgar, como uma espécie de retorno aos seus usuários externos.

Deve-se salientar ainda que, pelas normas brasileiras, as demonstrações exigidas como
obrigatórias são: Demonstração do Resultado de Exercícios; Balanço Patrimonial;
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração de Fluxo de Caixa;
Demonstração do Valor Adicionado e as Notas Explicativas.
Por parte do SysCOA as demonstrações exigidas como obrigatórias são:
Demonstração dos Resultados de Exercício; Balanço Patrimonial; Mapa da Origem e da
Aplicação de Fundos e o Anexo ao Balanço e a Demonstração de Resultado. Isso demonstra
que as demonstrações contábeis dependem da legislação do país.
28

2.4.1 Demonstração do Resultados do Exercício - DRE

Apresenta-se a demonstração destinada a evidenciar a composição do resultado


formado num determinado período nas operações de uma entidade, gerando informações
significativas para a tomada de decisão.

Normas brasileiras

A Demonstração dos Resultados do Exercício mostra qual foi o resultado da empresa


durante período. Apresenta o fluxo de receita, custo e despesa operacionais e não operacionais
que podem alterar a situação patrimonial da empresa.
Ela tem como finalidade básica o detalhamento da formação do resultado gerado no
exercício, mediante especificação das receitas, custos e despesas, definindo claramente o
lucro ou prejuízo líquido do exercício.
Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003, p.31), de acordo com a lei nº 6.404/76 :

o conteúdo da demonstração do resultado do exercício, que deve ser apresentada na


forma dedutiva, com os detalhes necessários das receitas, despesas, ganhos e perdas
e definindo claramente o lucro ou prejuízo líquido do exercício, e por ação, sem
confundir-se com a conta de lucros acumulados, onde é feita a distribuição ou
alocação do resultado.

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), demonstram que nos períodos que as receitas e
os rendimentos forem reconhecidos, deverão constar na DRE todos os custos, despesas,
encargos e riscos correspondentes àquelas receitas.
Hoje, com a adesão às normas internacionais, o CPC 26 delibera que a demonstração
do resultado do período, deve no mínimo apresentar claramente as receitas e as despesas
operacionais, parcela dos resultados de empresa investidas reconhecidas por meio do método
de equivalência patrimonial, chegando ao resultado antes das receitas e despesas financeiras,
ganhos e perdas e, por fim, demonstrar qual o resultado líquido das operações continuadas
que será acrescentado ao patrimônio líquido da entidade ou distribuição dela.
O modelo apresentado pelas normas brasileiras na resolução nº 595 da CVM, tem a
finalidade de apresentar o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas
num determinado período.
29

Esse é o modelo exigido pela CVM, pois apresenta de uma forma geral, o resultado da
empresa durante determinado período, apresentando o fluxo de receita, custos e despesas
operacionais que podem alterar a situação patrimonial da entidade ou sua posição financeira.

Receita Bruta (de vendas e de prestação de serviços)

Deduções da receita:
Impostos incidentes sobre a receita
(-) Descontos incondicionais
Devoluções de vendas

(=) Receita líquida

(-) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas com vendas


Gerais
Administrativas
Outras despesas e receitas operacionais
( +/ - ) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalencia
patrimonial
(=) Resultado antes das receitas e despesas financeiras

( +/ - ) Despesas e receitas financeiras

(=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro

(-) Despesa com tributos sobre o lucro

(=) Resultado líquido das operações continuadas

Quadro 1 “Modelo” adaptado de Demonstração do Resultado do Exercício nas Normas Brasileiras


(Fonte: http://www.cpc.org.br)
30

No SysCOA

Segundo o artigo 31 do regulamento do SysCOA, a Demonstração de Resultados do


exercício é obrigatória e deve apresentar os proveitos e os encargos, distinguidos segundo
dizem respeito às operações de exploração afetadas, às atividades ordinárias, às operações
financeiras e às operações extraordinárias, pois as classificações dos proveitos e dos encargos
permitem estabelecer saldos de gestão, nas condições definidas pelo SysCOA.
O modelo apresentado pelo SysCOA, no seu artigo 31 do regulamento, traz o
resultado financeiro em síntese, recapitulando os proveitos e encargos que intervieram na
formação do resultado líquido do exercício, colocando em evidência saldos significativos de
gestão.
Salienta-se que as normas do SysCOA dispõe de 8 ( oito ) classes de funcionamento
das contas no seu regulamento, as quais compõem e subdividem a Demonstração do
Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial. Das oito classes, a DRE subdivide em:
Classe 6 – conta dos encargos ordinários: esse subgrupo envolve as contas, registros
e encargos ligados à atividade da entidade, os quais entram na composição dos custos ou
despesas das entidades, facilitando no fecho do exercício. Ex: impostos, taxas, despesas
financeiras...
Classe 7 – contas de proveitos ordinários: envolvem as contas e o registro dos
proveitos ligados à atividade da entidade, resultante das vendas dos bens e serviços.
Classe 8 – contas dos outros encargos e dos outros proveitos: nesse subgrupo se
enquadram as contas que servirão na determinação dos valores líquidos dos elementos do
ativo imobilizado cedidos, referente à depreciação econômica de um produto e o registro da
sua possível saída pelo valor líquido, incluindo as contas de imobilizações corpóreas,
incorpóreas, financeiras e a participação nos resultados da entidade.
31

ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO Vendas de mercadorias, bens e serviços


Produtos estocados e imobilizados
Provisões de exploração
( - ) Encargos de exploração Custo de mercadorias vendidas
Encargos externos (ex: locações; seguros; despesas gerais)
Impostos e taxas (taxas profissionais)
Salários e encargos sociais
Dotações às amortizações e provisões
( = ) Resultados de exploração Produtos de exploração – Encargos de exploração
Produtos Financeiros Produtos financeiros de participação ou de valores
mobiliários,
Diferenças positivas de trocas
Provisões financeiras
Encargos financeiros Interesse de empréstimo, Ágios, etc
Diferenças negativas de trocas
Dotações às amortizações e provisões
( = ) Resultados financeiros Produtos financeiros – encargos financeiros
Resultados correntes antes do Resultados de exploração + Resultados financeiros
impostos
Produtos excepcionais Produtos excepcionais sobre operações de gestão e em
capital
Provisões excepcionais
Encargos excepcionais Encargos excepcionais sobre operações de gestão em capital
Dotações excepcionais às amortizações e provisões
(=) Resultados Excepcionais Produtos excepcionais – encargos excepcionais

Participações dos assalariados nos resultados da empresa


Impostos sobre os benefícios

(=) Resultados justos (ou perda) Total dos produtos – Total dos encargos

Quadro 2 “Modelo” de Demonstração do Resultado do Exercício do SYSCOA


Fonte: Adaptado de regulamento n 04/96/CM para adoção de um referencial contábil comum na região da
UEMOA, 1997.
32

2.4.2 BALANÇO PATRIMONIAL

Apresenta-se a demonstração contábil capaz de expor a situação patrimonial e


financeira de uma entidades em um determinado momento, através da exibição resumida de
bens, direitos e obrigações dessa entidade.

Normas brasileiras

Esta é uma das demonstrações que trata a situação da empresa quantitativamente e


qualitativamente, podendo ser analisados os bens, direitos e obrigações em uma determinada
data específica, mostrando-se, desta forma, ao usuário, a situação patrimonial e financeira da
empresa.
IUDICIBUS, MARTINS e GELBCKE (2003) afirmam que: “o balanço tem por
finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data,
representando, portanto, uma posição estática”.
Embora seja uma posição de determinado momento, baseando-se em resultados
passados e presentes, a análise atenta e minuciosa de uma série de balanço ou balancete de
uma empresa, em conjunto com outros demonstrativos e informações, pode fornecer ao
usuário futuras tendências acerca do desempenho da empresa.
É uma demonstração obrigatória pela lei 6.404/76, e pelas alterações introduzidas
pela lei 11638/07. Exige que os ativos e passivos sejam classificados em circulantes e não
circulantes.
O balanço patrimonial é dividido em três classes principais: o ativo, onde são
registrados os bens e direitos da entidade; passivo, composto de obrigações e/ou
exigibilidades; e o patrimônio líquido, que é o saldo entre o ativo e passivo. Os ativos e as
obrigações vencidas ou com expectativa de realização dentro de um ano são classificadas
como circulante. E aqueles com vencimento ou expectativa de realização superior a um ano
serão classificados como não circulante. Hoje, com a adesão às normas internacionais e ao
comitê de pronunciamentos contábeis através do seu pronunciamento, o CPC 26 traz a nova
estrutura do balaço patrimonial.
33

De acordo com o CPC 26 (2009, p.19), referente à distinção entre circulante e não
circulante

A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos


circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço
patrimonial, de acordo com os itens 66 a 76, exceto quando uma apresentação
baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando
essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por
ordem de liquidez.

Tendo em conta a finalidade do balanço patrimonial, apresenta-se a posição financeira


e patrimonial da empresa em determinada data, representando, portanto, uma posição estática.
Esse demonstrativo permite uma análise atenta e minuciosa de uma série de balanços
ou balancetes de uma empresa em conjunto com outros demonstrativos e informações. Pode
fornecer ao usuário futuras tendências acerca do desempenho da empresa.
Atualmente, foram incluídos o ativo intangível e prejuízo acumulado.
Para melhor visualização, a seguir, mostra-se o quadro nº 3, com uma visão de como
fica estruturado o Balanço Patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante: Passivo Circulante:


Disponibilidades Empréstimo, Financiamento e Debêntures
Clientes Fornecedores
Créditos diversos Impostos, Taxas e Contribuições
Estoques Dividendos a Pagar
Outros
Ativo Não Circulante:
Passivo Não Circulante:
Ativo Realizável à Longo Prazo
Investimentos Passivo Exigível à Longo Prazo
Imobilizado Demais Contas a Pagar
Intangível
Patrimônio Líquido
Capital Social
Reserva de Capital
Reserva de Lucro
Prejuízos acumulados

Quadro 3 - “Modelo” de Balanço Patrimonial Normas Brasileiras.


Fonte: http://www.cvm.gov.br
34

No SysCOA

Segundo o regulamento do SysCOA, no seu art. 31, o balanço patrimonial é


obrigatório e deve apresentar dois modelos com características semelhantes, o modelo normal
e o simplificado. O balanço patrimonial descreve separadamente o ativo e passivo que
constituem o patrimônio da entidade, onde o ativo se classifica em ordem de liquidez
crescente, apresentando ativo circulante, ativo imobilizado e tesouraria-ativo. O passivo
demonstra capital próprio e as obrigações para com terceiros, e se classifica por ordem de
exigibilidade crescente, constituído por capital próprio, obrigações financeiras, passivo
circulante e tesouraria-passivo.
O ativo comporta em três colunas:
a) Bruto: o montante bruto representa o valor inicial de um bem (valor de compra).

b) Amortizações e provisões: essa coluna totaliza as dotações às amortizações após a


compra de um bem e as dotações às provisões sobre elemento do ativo.

c) Líquido: a coluna é igual a diferença entre as duas precedentes.


Como foi frisado acima, o SysCOA dispõe de 8 ( oito ) classes de funcionamento das
contas no seu regulamento, classes essas que compõem e subdividem a Demonstração do
Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial. Assim, o B.P se subdivide em:
Classe 1 – contas de fundos duradouros: esse subgrupo envolve as contas, registros
de capital ou financiamento posto à disposição da entidade, de forma duradoura e permanente
pelos sócios e terceiros.
Classe 2 – contas de ativo imobilizado: esse subgrupo envolve as contas do ativo
imobilizado e prováveis imobilizações. É constituído pelas imobilizações corpóreas ou
incorpóreas que existem na entidade, quer ou não afetadas à exploração da entidade.
Classe 3 – contas de existências, agrupa as contas e registros de conjunto das
mercadorias, matérias-primas e fornecimentos ligados, dos produtos intermediários e dos
produtos acabados. Prováveis contas das existências e de provisões para depreciação.
Classe 4 – contas de terceiros, agrupa as contas relacionadas às entidades com
terceiros, ou seja, os direitos da entidade, as dívidas e os créditos da entidade.
Classe 5 – contas de tesouraria, agrupa as contas e registros das operações relativos
aos valores em moeda (disponibilidade), cheques, obrigações comerciais, títulos de
investimento, e de um modo claro as contas de transformação imediata em dinheiro.
35

Para melhor visualização, a seguir, mostra-se o quadro nº4 com uma visão de como fica o
balanço patrimonial pelo SysCOA.

ATIVO Bruto Amort. e Líquido PASSIVO


Provisões

ATIVO IMOBILIZADO CAPITAL PRÓPRIO


Imobilizações incorpóreas -Reservas
-Despesas de investigação e -Resultado transitado.
desenvolvimento. -Resultado líquido do exercício
- Patentes/ licenças
/programação.
Imobilização corpórea: DÍVIDAS FINANCEIRAS
-Terreno -Empréstimos e dívidas financeiras
- Edifício
-Investimentos financeiros; PASSIVO CIRCULANTE
-Dívidas circulantes
-Cliente, adiantamentos recebidos
ATIVO CIRCULANTE -Fornecedores
Existências:
- Mercadorias; TESOURARIA-PASSIVO
- Matérias primas -Bancos, créditos de tesouraria e de desconto

Créditos e aplicações Desvio de conversão-passivo


similares ( ganho provável de câmbio )
-Fornecedores e
adiantamento pagos;
- Clientes;

TESOURARIA-ATIVO
-Títulos de investimentos e
valores a entrar em caixa
-Bancos, vales postais,caixa
Desvio de conversão-ativo
( Perda provável de câmbio )
Quadro 4 - “Modelo” do Balanço Patrimonial SysCOA
Fonte: Adaptado de regulamento n 04/96/CM para adoção de um referencial contábil comum na região da
UEMOA, 1997.

Esse é o modelo normal exigido e utilizado pelas empresas que operam dentro do
espaço da UEMOA, demonstrando a situação da empresa, podendo ser analisados os bens,
direitos e obrigações em uma determinada data específica. Dessa forma, mostra-se ao usuário
a situação patrimonial e financeira da empresa.
36

2.4.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Iudícibus, Martins e Gelbcke 2003, afirmam que, de acordo com a lei 6.404/76, a
publicação de demonstração das mutações do patrimônio líquido e de lucros ou prejuízo
acumulado era opcional, mas, com a adoção da lei n 11.638/07, passou a ser obrigatória, pois
ela elenca as contas do patrimônio líquido da entidade, com saldo anterior, com as alterações
do período e o saldo no último dia do exercício, ou seja, mutações de nível interno.
Essa demonstração tem como finalidade apresentar as alterações que ocorreram em
determinado exercício no patrimônio da entidade. Entre as principais alterações destacam-se a
destinação dos resultados do período, a integralização de capital e o aumento ou a diminuição
das reservas da empresa.
Iudícibus, Martins e Gelbcke de acordo com a Lei nº 6.404/76, apontam:

DMPL evidencia a mutação do patrimônio liquido em termos globais (novas


integralizações de capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores,
dividendos, reavaliações etc.) e em termos de mutações internas ( incorporações de
reservas ao capital, transferências de lucros acumulados para reservas e vice-versa
etc.). (IUDÍCIBUS, MARTINS E GELBCKE 2003, p.3)

A DMPL é considerada útil por fornecer informações detalhadas sobre as mutações do


patrimônio liquido, contendo informações que integram os dados do balanço e da
demonstração do resultado do exercício. Contrário das normas brasileiras, o SysCOA não
apresenta a DMPL.

2.4.4 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA

Iudícibus, Martins e Gelbcke, 2003, de acordo com a lei n° 6.404/76 o fluxo de


caixa não era obrigatório, mas com a adoção da lei n° 11.638/07 e de acordo com as
disposições da resolução CFC n° 1.055/05 e posteriores alterações, como o pronunciamento
técnico CPC 03, foi deliberado a obrigatoriedade da sua publicação, substituindo a DOAR.
37

De acordo com Iudicibus, Martins e Gelbcke, (2003, p.32), “o objetivo primordial


dessa demonstração é aprovisionar informações proeminentes sobre pagamentos e
recebimentos, em dinheiro, de uma entidade, ocorridas num determinado período”.
Essa demonstração procura evidenciar as modificações ocorridas no saldo de
disponibilidades da companhia em determinado período, através de fluxos de recebimentos e
pagamentos.

2.4.5 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

De acordo com o art. 188, inciso II da Lei n° 6.404/76, e com a Lei n° 11.638/07, a
demonstração do valor adicionado se tornou obrigatória. Este mesmo artigo da referida lei
menciona que esse demonstrativo demonstra o valor da riqueza gerada pela entidade e a
distribuição entre os elementos que contribuirão para a geração dessa riqueza. A sua
elaboração deve levar em conta o pronunciamento conceitual básico do CPC 09, e seus dados,
em sua grande maioria, são obtidos principalmente a partir da demonstração do resultado.
O resultado líquido gerado por suas atividades, ou seja, o valor da produção ou venda
que excede aos valores gastos na aquisição de insumos e serviços de terceiros, é denominado
valor adicionado ou valor agregado da empresa.
A distribuição do valor adicionado aos agentes da comunidade interessados pelo
resultado das atividades da empresa se dá através dos funcionários, dos donos do capital ou
dos acionistas, dos financiadores da empresa e do governo, por meio de impostos.

2.4.6 MAPA DA ORIGEM E DA APLICAÇÃO DE FUNDOS – MOAF

Segundo artigo 32 do regulamento do Syscoa, o Mapa da Origem e da Aplicação de


fundos é obrigatório. Ele apresenta os fluxos de investimento e de financiamento, além das
outras aplicações e fundos financeiros e a variação da tesouraria.
Mapa de Origem e de Aplicação de fundos serve para explicar a variação dos fundos
de circulação da entidade, ajudando a compreender como e porque a posição financeira
mudou de um exercício para outro. Em geral, ele demonstra e relata a natureza dos recursos
38

que entram na entidade, informando como, onde e de que forma foram aplicados os recursos
financeiros, pois é um demonstrativo com a mesma característica da Demonstração de Origem
e Aplicação de Recursos, utilizado pelas normas brasileiras.

2.4.7 NOTAS EXPLICATIVAS

As notas explicativas é o complemento das demonstrações financeiras, que pode ser


complementadas por quadros analítios ou outras demonstrações financeiras necessárias à
plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da entidade.

Normas brasileiras

As notas explicativas, como parte complementar das demonstrações contábeis,


devem proporcionar aos usuários perfeito entendimento dos relatórios básicos numéricos já
apresentados, com informações de caráter descritivo, informando principais critérios, e
eventuais modificações que forem utilizadas na elaboração dos relatórios contábeis.
Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003, p.32/33) descrevem que:

As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas,


quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação
da situação e da evolução patrimonial da empresa. A lei enumera mínimo dessas
notas e induz a sua ampliação quando for necessário para o devido “esclarecimento
da situação patrimonial e dos resultados do exercício”.

As notas explicativas deveriam exercer um papel importante nas demonstrações


financeiras, pois assim as empresas se restringiriam ao mínimo exigido por lei.
39

SysCOA

O SysCOA, sustentado no seu artigo 33, exigi a obrigatoriedade do anexo ao balanço


e a demonstração de resultado de exercício, pois esse compreende todos os elementos de
caráter significativo que são postos em evidência nos outros resultados financeiros, sendo por
vezes influência na depreciação que os destinatários desse demonstrativo podem fazer sobre o
patrimônio, a situação financeira e o resultado da empresa.
Qualquer modificação na apresentação dos resultados financeiros anuais ou nos
métodos de avaliação deve ser apresentada no anexo ao balanço e na demonstração de
resultados.
40

3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


PELAS NORMAS BRASILEIRAS E O SYSCOA

Neste capítulo, a pesquisa é relatada através de uma comparação das demonstrações


financeiras obrigatórias presentes nas Normas Brasileiras e no SysCOA. Inicialmente serão
apresentadas e analisadas as instituições regulamentadoras das normas e dos princípios
contábeis geralmente aceitos.
Em seguida, são analisadas, comparativamente, as demonstrações financeiras
brasileiras e o SysCOA , que apresentam características passíveis de comparação.
Para o desenvolvimento deste estudo são analisadas as seguintes demonstrações:
- Instituições reguladoras das normas contábeis;
- Princípios contábeis geralmente aceitos entre as normas;
- Demonstração de Resultado do Exercício;
- Balanço Patrimonial,
- Notas explicativas / Anexo ao Balanço e a Demonstração de Resultado.

3.1 INSTITUIÇÕES REGULADORAS DAS NORMAS CONTÁBEIS

A regulamentação relativa às normas brasileiras pode ser considerada um processo


fragmentado, no qual diferentes organizações, sejam estas profissionais; do Estado; ou do
mercado, atuam na elaboração de normas a serem aplicadas às empresas, dentro de suas
respectivas áreas de atuação. Entre as principais instituições profissionais participantes no
processo de regulamentação encontram-se o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o
Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (IBRACON). O CFC tem a prerrogativa de
elaboração dos princípios e normas contábeis a serem aplicadas a todas as entidades, sejam
públicas ou privadas.
O IBRACOM, por sua vez, participa do processo fazendo proposições aos órgãos
reguladores, tendo como objetivo central definir os procedimentos e padrões de auditoria e
zelar pela adoção das normas contábeis definidas pelas entidades reguladoras. A CVM é o
órgão que dá a última palavra perante as normas, com o poder de disciplinar os requisitos de
41

transparência a serem adotados pelas empresas que recorrem ao mercado de capitais para
obtenção de recursos.
A regulamentação relativa ao SysCOA pode ser considerada como processo
fragmentado, no qual o próprio sistema, na sua criação, instituiu alguns órgãos que compõe a
sua estrutura, como ordem dos peritos contábeis e os tesoureiros aprovados nos estados
membros da UEMOA, Conselho Nacional de Contabilidade nos estados membros e um
conselho contabilístico da África Ocidental. Esses órgãos trabalham em estrita consonância
com a OHADA, o órgão instituidor do SysCOA, que trata da parte jurídica, pois é o principal
órgão legal com a finalidade de publicação dos atos uniformes aplicáveis.
Dessa maneira, apresenta-se o quadro nº 5, que elenca a análise das instituições
regulamentadoras entre as normas brasileiras e o SysCOA:

Normas brasileiras SysCOA Comentários

C.V.M: é uma entidade BRVM: Bolsa Regional de Salienta-se que existe, em alguns países da
autárquica em regime especial Valores Mobiliários. UEMOA, a Bolsa Regional de Valores
vinculada ao Ministério da Mobiliários, que, em termos de área contábil,
Fazenda, com finalidade de trabalha em colaboração com o banco central.
emissão das normas que devem Complementa-se que nem todos os países
ser seguidas pelas companhias integrantes da UEMOA têm mercado
abertas. sustentável para ter a bolsa de valores.

CPC: foi instituído com a Por não estar convertendo as normas aos
finalidade de estudo e o padrões internacionais, o SysCOA não tem
preparo para emissão de uma organização equivalente ao CPC, pois
Não existe orgão equivalente pela pesquisa feita pelo site da OHADA já
pronunciamentos técnicos sobre
está sendo preparada uma comissão para esse
o procedimentos de fim.
contabilidade e a divulgação de
informação dessa natureza,
tendo em conta a convergência
da contabilidade Brasileira aos
padrões internacionais.

C.F.C: Tem finalidade de OHADA: Foi criado com Em termos de finalidade, as duas apresentam
orientar, normatizar e fiscalizar objetivo de harmonização do a mesma característica em relação à
o exercício da profissão direito dos negócios na África, e orientação, ou seja, estruturação da
contábil. Emite normas com a finalidade de orientar, contabilidade, mas a OHADA vai além,
brasileiras de contabilidade que normatizar e fiscalizar o determinando as regras da auditoria. Em
formam as regras de conduta exercício dos atos uniformes termos de prerrogativas, a OHADA apresenta
profissional e os métodos editados por eles. amplo poder, por coordenar cinco
técnicos a serem analisados comunidades com diferentes planos
quando da realização dos contabilísticos, coordena e determina as
trabalhos previstos na resolução regras do negócios entre países integrantes.
da CFC.
Quadro 5. Análise entre as instituições regulamentadoras entre as normas
Fonte: Dados da pesquisa.
42

Observando a análise entre as instituições regulamentadoras conforme as normas


brasileiras, os conselhos regionais de contabilidade (CRC) estão hierarquicamente
subordinados ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC). No SysCOA, o responsável por
esse controle é o Conselho Contabilístico da África ocidental na UEMOA, pois trabalha em
consonância com a OHADA, que é a organização para harmonização do direito dos negócios.
Para se chegar ao livre exercício contábil almejado por UEMOA e OHADA é preciso superar
muitas barreiras, entre elas a condição do conhecimento técnico do profissional para atingir a
esfera política e sócio cultural de cada país integrante dos blocos, tudo isso, segundo
informação do site da OHADA, advém da carência de profissionais com ensino superior
dentro dos países integrantes com habilidade na pesquisa.

3.2 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS ENTRE AS NORMAS

Os princípios fundamentais da contabilidade constituem normas que representam a


essência da ciência contábil, pois a sua observância é obrigatória no exercício da profissão e
constitui condições de legitimidade às mesmas. O atributo da Universalidade permite analisar
e verificar os princípios contábeis das normas brasileiras e do SysCOA, pois, percebe-se
diferenças, pela ordem na quantidade dos princípios e nomenclatura.
Cada país desenvolve os critérios para adequar a forma de controlar o patrimônio da
entidade, ou seja, procuram identificar quais os princípios que as orientam de forma a
registrar todos os fatos que afetam o patrimônio da entidade.
Segue o comparativo através do quadro n° 6 com este detalhamento:
43

Normas brasileiras SysCOA Comentário

Entidade Não existe equivalente

Ambas apresentam a caracteristica de


aplicabilidade à entidade na hipótese de
Continuidade Continuidade da exploração elas terem suas operações continuadas ao
longo do tempo.
Equivalente à convenção de
Oportunidade Importância significativa conservadorismo e oportunidade dotado
nas normas brasileiras.

Esse princípio é fundamental na avaliação


de ativos a valores de entrada ou valores de
saída, conforme a circunstancia; na
Custo histórico reavaliação do ativo imobilizado que tende
Registro pelo valor original a ser de grande importância na
contabilidade. A apresentação desse
princípio entre as normas demonstra a
sustentabilidade.
Atualização monetária
Não é existe equivalente
Competência Ambos possuem os mesmos conceitos
Especialização dos exercícios referente à convenção do conservadorismo.

Ambas as normas estão seguindo princípio


do conservadorismo, guiando o contador
ao confrontar com alternativas igualmente
Prudência Prudência válidas na atribuição de valores diferentes a
elementos do ativo e passivo. Pelas normas
Syscoa é destacado como primeiro
principio, e é sustentado pelo artigo 3º e 6º
do regulamento.

Não é existe equivalente Transparencia

Desequilíbrio do balanço
Não é existe equivalente

A permanência dos métodos


Não é existe equivalente

A superioridade da realidade
Não é existe equivalente sobre a aparência

Quadro 6. Analise entre os principio contábeis


Fonte: Dados da pesquisa.

SÍNTESE:

Analisando os princípios das normas, constata-se que as normas do SysCOA


apresentam maior número destes, além de ordem diferente das normas brasileiras. O Syscoa
44

inicia com o princípio da prudência sustentado pelo regulamento no seu artigo 3º e 6º, pois
esse deve ser observado em todos os casos.
Houve coincidência em cinco princípios, a citar: continuidade, oportunidade, registro
pelo valor original, competência e prudência. Em relação ao principio da entidade e da
atualização monetária constante nas normas brasileiras, o SysCOA não apresenta equivalente.
Contrário das normas brasileiras, o SysCOA apresenta quatro princípios que não existem nas
normas brasileiras: transparência, desequilíbrio do balanço, permanência dos métodos e
superioridade da realidade sobre a aparência.

3.3 COMPARATIVO DE DEMONSTRAÇAO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO ENTRE


NORMAS BRASILEIRAS E SYSCOA

Existem diferenças nas características das demonstrações de resultado de exercício


apresentadas pelas normas. Este quadro vai demonstrar possíveis diferenças nas estruturas e a
forma de tratamento da receita, custo e despesas:

Normas brasileiras SYSCOA Comentário


Receita Bruta Atividade de Exploração A nomenclatura é diferente, mas
são similares, pois ambas
definem a receita bruta da
mesma forma (decorrente das
atividades-fim da organização,
ou seja, entrada de elemento para
o ativo), não incluindo as vendas
canceladas. Ambas reconhecem
o princípio da competência ou
especialização dos exercícios.
(-) Deduções da receita : (-) Encargos de exploração: Quanto às deduções da receita
-Impostos incidentes sobre a Custo de Mercadorias Vendidas, bruta, nas normas Syscoa não é
receita Encargos externos (ex: Locações; seguros) apresentada a conta devoluções
-Descontos incondicionais Impostos e taxas incidentes sobre venda de vendas porque esse valor é
-Devoluções de vendas Salários e encargos sociais confrontado com o CMV e
Amortizações jogado direto para essa conta
(por causa da especificação das
compras e vendas fora ou dentro
da UEMOA). Também vale
salientar que nas deduções,
inclui-se o custo das mercadorias
vendidas, os salários e encargos
e todas as despesas relacionadas
à venda.

(=) Receita líquida Não se enquadra nessa posição Por ter deduzido despesas com
vendas, gerais, administrativas e
45

outras despesas operacionais na


segunda linha da DRE o
posicionamento da receitas
liquidas difere das normas
brasileiras.
(-) Custo de Mercadorias Pelo syscoa se enquadra nas deduções da A inclusão do CMV nas
vendidas receita. deduções da receita pelo
SysCOA, vem demonstrar a
diferença na estrutura e na forma
de chegar o resultado
operacional pelas normas
brasileiras.
(=) lucro Bruto Não é especificado Não tem enquadramento na
estrutura do SysCOA.
(-) Despesas com vendas, As despesas com vendas, gerais, Tudo que é deduzido na linha
gerais, administrativas e administrativas e outras despesas, são subsequente do lucro bruto pelas
outras despesas e receitas deduzidas nos encargos de exploração. normas brasileiras se enquadra
operacionais : nos encargos de exploração pelo
SysCOA.
(+/-) Parcela dos resultados de Pela estrutura do syscoa essa
empresas investidas parcela não é especificada na
reconhecida por meio do Não é especificado estrutura e nem foi acolhido.
método de equivalência
patrimonial

(=) Resultado antes das Não é especificado A estrutura do balanço pelo


receitas e despesas financeiras SysCOA não tráz essa
especificação.
(+/-) Despesas e receitas (+/-) Produtos financeiros / encargos A nomenclatura difere mas as
financeiras financeiros caracteristicas são as mesmas.
(=) Resultado antes dos (=) Resultado corrente antes dos impostos A forma de chegar a esse
tributos sobre o lucro resultado pelo SysCOA é
reduzida com pouco
detalhamento, pois nela se soma
o resultado da exploração com
financeiro.
(-) Despesa com tributos sobre (-) imposto sobre sociedade Apresentam a mesma
o lucro característica na estrutura, pois
ambas são deduzidos do lucro.
(=) Resultado líquido das (=) Resultado justo ( ou perda ) A diferenciação na nomenclatura
operações continuadas demonstra que cada norma tem a
finalidade do resultado.
Quadro 7 - Quadro comparativo das demonstrações de resultado entre normas brasileiras e Syscoa.
Fonte: Dados da pesquisa.

SÍNTESE

Após a comparação faz-se necessário ressaltar alguns aspectos relevantes das


diferenças encontradas nas duas demonstrações:
Uma das primeiras diferenças percebidas é a conta registrada nas deduções da
receita bruta, ou seja, equivalente à atividade de exploração por parte das normas SYSCOA,
pois nela inclui custo das mercadorias ou serviço vendidos, impostos e taxas incidentes sobre
venda, salários e encargos sociais e encargos externos. No entanto, não separa as despesas e
46

os encargos de uma forma operacional. Desse modo, o não detalhamento de tais valores
registrados nas deduções da receita pode causar, aos usuários, interpretações restritas.
No SysCOA não existe uma classificação específica para a receita líquida, pois as
contas deduzidas para se chegar a ela são evidenciadas nos encargos de exploração,
abrangendo as contas, os custos das mercadorias vendidas e as despesas operacionais, não
tendo o mesmo destaque que o exigido pelas normas brasileiras.
Outra divergência significativa entre as duas demonstrações é o destaque evidenciado
pelo SysCOA para o imposto sobre benefício. Segundo as normas brasileiras, tanto na Lei das
Sociedades por Ações, como na Deliberação nº 595/09 da CVM, não existe uma conta que
evidencie o imposto sobre benefício na demonstração do resultado. Cabe salientar que o
SysCOA não especifica a receita líquida e a parcela dos resultados de empresas investidas.

*CVM / Serviço
*Venda de mercadoria/ Serviço

•Imoposto s/ venda; D.R.E


•Descontos incondicionais; Receita bruta
•Devoluções.
(-) Deduções

(=) Receita líquida

*Despesas administrativas; (-) Custo das mercadorias vendidas


*Despesas comerciais;
* Receitas/desp. Financeira. (=) Lucro bruto

(-) Despesas c/ vendas/gerais/ADM

(-) Parcelas dos resultados de empresas INV


*Participação em outras
(=) Resultado antes das receit. e desp. Finan
empresas.
(+/-) Desp. e receitas financeiras

(=) Resultado antes dos trib. s/ o lucro


*Tributos
(-) Desp. com tributos s/ lucro

(=) Resultado líq das op. continuadas

Figura 2 - Esquema das Demonstrações de Resultado de Exercício Normas Brasileira:

Fonte: Dados da pesquisa.


47

*CVM / Serviço
*Venda de mercadoria/ Serviço

*Imoposto s/ venda;
*Despesas comercias; D.R.E
*Despesas ADM; Atividade de exploração
* Descontos.
(-) Encargos de exploração

(=) Resultado de exploração

*Receitas/desp. Financeiras (+/-) Produto financ./ encargos financeira

(=) Resultado corrente antes dos tributos

(+/-) Produtos excep / encargos excepcionais


*Receitas/ desp.Não op.
(-) Participações dos assalariados / tributos

(=) Resultado justo ou perda


*Participações nos result. Da
empresa;
*Tributos .

Figura 3 - Esquema das Demonstração de Resultado de Exercício SysCOA:


Fonte: Dados da pesquisa.

3.4 COMPARATIVO DO BALANÇO PATRIMONIAL ENTRE AS NORMAS


BRASILEIRAS E O SYSCOA

Existem diferenças na estrutura e na forma de organização das contas. A seguir, o


quadro vai demonstrar e detalhar as principais diferenças e a forma de tratamento dos
principais grupos e subgrupos nos dois balanços.
48

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Normas brasileiras SysCOA Comentário
Ativo Circulante - bens e direitos com O balanço patrimonial pelas normas
Ativo Circulante tendência de transformar-se durante o ciclo de brasileiras apresenta as contas ou
exploração que é de 12 meses após a data do grupos em ordem crescente de
balanço, ou convertendo em dinheiro à curto liquidez ou exigibilidade, contrario
prazo. É subdividido em existenciais, créditos e do SysCOA. Em relação ao ativo
aplicações similares e tesouraria-ativo. circulante, syscoa difere das normas
brasileiras pela subdivisão e
nomenclatura do circulante.
Disponibilidades se enquadram no Percebe-se a diferença pela
Disponibilidades subconjunto do ativo: tesouraria-ativo, no nomenclatura: o enquadramento de
SysCOA todos os recursos que estão disponibilidade no subgrupo de
disponíveis para uso imediato enquadram-se circulante tesoura-ativo pelo
nessa conta. SysCOA, pois comprende as
contas caixa, depósito em conta
corrente livremente utilizados.
Pelo SysCOA, não está estruturado
pelo não circulante. Tudo que entra
Ativo Não Circulante Não existe na estrutura do balanço em não circulante nas normas
brasileiras entra, pelo SysCOA, no
conjunto do ativo imobilizado, pois
não subdivide curto e longo prazo,
no sentido de menos de um ano ou
mais de um ano, mas apenas o
conceito de curto prazo.
Ativo realizável a longo prazo - enquadra-se o SysCOA não utiliza a subdivisão
no subgrupo do ativo imobilizado: curto e de longo prazo, no sentido
Ativo Realizável à Longo imobilização corpórea, pois no SysCOA tudo de menos um ano / mais de um ano,
Prazo o que é a longo prazo são separados do a curto mas apenas o conceito de curto
prazo, levando em consideração a ordem das prazo. Isso demonstra que tudo que
contas do ativo em relação à liquidez. não se enquadra no curto prazo é
obrigatoriamente registrado fora do
circulante.
Pela estrutura do SYSCOA, o ativo Tudo o que é imobilizado pela
Imobilizado imobilizado abrange 50% dos itens do ativo, estrutura brasileira se enquadra no
subdividido em corpóreas e incorpóreas, ativo imobilizado corpóreo pelo
abrangendo o ativo a longo prazo. SysCOA, mas uma vez a subdivisão
diferencia a estrutura.
Tudo o que é intangível, se enquadra no De uma forma geral apresentam a
Intangível subgrupo do ativo imobilizado, imobilizações mesma característica, o que as
incorpóreas. (imobilizações imateriais de normas brasileiras apresentam como
natureza de bens adquiridos ou criados pela intangível, o SysCOA pela
empresa, que englobam: programação, as diferenciação na nomenclatura,
marcas e patentes, custo de investigação e de chama de imobilizado incorpóreo.
desenvolvimento).
Quadro 8 - Quadro comparativo dos Balanços patrimoniais ativo entre normas brasileiras e SYSCOA.
Fonte: Dados da pesquisa.
49

SÍNTESE

As alterações trazidas pelo item 60 da deliberação CVM, nº 595/09, referente à


natureza das operações das entidades, quanto à apresentação do ativo no balanço patrimonial,
subdividiu o ativo em dois grupos: ativos circulantes e não circulantes, mantendo a ordem de
liquidez decrescente, destacando a primeira conta do grupo “ativo circulante” caixa, ou
disponibilidades.
Disponibilidades, basicamente, são os recursos da entidade que estão disponíveis para
o uso imediato (conta caixa em dinheiro vivo, banco conta corrente ou aplicações de liquidez
imediata). Ao contrário das normas brasileiras, o SysCOA apresenta a estrutura do ativo na
ordem crescente de liquidez, separando-o em recursos que estão disponíveis para uso imediato
e os de transformação imediata, enquadradas em “tesouraria-ativo”.
Normas brasileiras e SysCOA são convergentes nas suas orientações sobre essa conta
nas respectivas estruturas, pela subdivisão e nomenclatura.
No SysCOA, através sua subdivisão, ou seja, pelo detalhamento na estrutura do
balanço, essa conta enquadra-se no subgrupo do ativo circulante, tesouraria-ativo. Isso
demonstra que o SysCOA subdividiu o circulante, discriminando o que é disponível, com as
contas consideradas circulante, que são as contas que se espera ser realizadas dentro de 12
meses seguintes à data do balanço.
Pelo ativo imobilizado, a NBC T 19.1 (CFC, 2009) traz um detalhamento de modo a
distinguir o que é imobilizado e o que é ativo intangível, pois a Lei 11.638/2007 veio instituir
o intangível em detrimento às normas brasileiras.
O SysCOA, no seu regulamento CLASSE 2 e pela estrutura do balanço, diverge das
normas brasileiras, pois nele o imobilizado subdivide em corpóreas e incorpóreas, onde a
maioria das contas enquadradas pelas normas brasileiras, como não circulante, fazem parte do
ativo imobilizado corpóreas pelo SysCOA, e o intangível, nas normas brasileiras, equivale ao
imobilizado incorpóreas pelo SysCOA.
50

BALANÇO PATRIMONIAL
PASSIVO
Normas brasileiras SysCOA Comentário
Passivo circulante - obrigações que O balanço patrimonial pelas normas
normalmente serão pagas à curto brasileiras apresenta as contas do
Passivo Circulante prazo, com exceção das dívidas passivo em ordem decrescente de
contraídas nos bancos à curto prazo, que exigibilidade, contrário do SysCOA, a
serão registrados no grupo tesouraria- estrutura do circulante pelo SysCOA
passivo. registra os empréstimos bancários à
curto prazo no subgrupo do circulante
tesouraria-passivo , analisando percebe-
se o detalhamento na estrutura e a
diferenciação na nomenclatura.
Pelo Syscoa não existe a estrutura não
Passivo Não Circulante circulante. Tudo o que se enquadra
Não existe na estrutura do balanço pelas normas brasileiras como passivo
não circulante, pelo Syscoa se enquadra
nas dívidas financeiras, devido à não
subdivisão por parte do longo prazo.

Exigível à longo prazo se enquadra nas O SysCOA não utiliza a subdivisão


dívidas financeiras (pois ela engloba os curto e de longo prazo, no sentido de
Passivo Exigível à Longo fundos estáveis provenientes de menos um ano / mais de um ano, mas
Prazo empréstimos ou dívidas contraídas, com apenas o conceito de curto prazo. Isso
duração superior a um ano). demostra que tudo que não se enquadra
no curto prazo é registrado fora do
circulante.

Capital próprio : representa os Patrimônio líquido pelas normas


recursos e financiamento colocados a brasileiras representa os valores que os
Patrimônio Líquido disposição da entidade, corresponde à sócios têm na empresa. É identificado
somatória de capital social, reservas e com a diferença entre o valor dos ativos
do resultado transitado. e dos passivos. Pela análise percebe-se
a diferenciação na nomenclatura e a
forma de chegar ao valores
correspondente.

Parcela do capital próprio de uma Apresentaram a mesma caracteristicas,


entidade que representa investimento pois ambas são investimentos por parte
Capital Social
dos socios. dos socios.
Quadro 9 - Quadro comparativo dos Balanços patrimoniais passivo entre as normas brasileiras e
SYSCOA.
Fonte: Dados da pesquisa .
51

SÍNTESE:

A classificação do passivo, conforme a interpretação do art. 180 da Lei das Sociedades


por Ações, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de exigibilidade, isso quer
dizer, em termos de prazo de vencimento da obrigação.
Nas normas brasileiras, ao contrário do SYSCOA, apresenta-se a estrutura
basicamente padronizada trazida pela resolução da CVM nº 595/09, classificando em passivo
circulante e não circulante, seguindo o conceito internacional.
Dentre as classificações do passivo, a mais significativa diferença entre as normas
brasileiras e o SysCOA está na estruturação, pois nas normas brasileiras as contas devem ser
dispostas em ordem decrescente de exigibilidade e a subdivisão do passivo deve ser em
circulante e não circulante. De acordo com o § 57 da Deliberação CVM nº 488/05, todas as
demais obrigações não classificadas no passivo circulante devem ser classificadas no passivo
não circulante.
De acordo com o SysCOA, as contas do passivo estão estruturadas na ordem inversa
das normas brasileiras, isso quer dizer, pela ordem crescente de exigibilidade, iniciando com a
conta do Capital Próprio. Outro ponto que difere é a classificação do passivo de longo prazo.
Pela análise comparativa entre as duas normas, verifica-se que existe diferença
significativa para a classificação do passivo a longo prazo. A diferença de tratamento
evidencia-se na utilização, por parte do SysCOA, do enquadramento de tudo que é longo
prazo no subgrupo “dívidas financeiras”.

3.5 NOTAS EXPLICATIVAS / ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇAO DE


RESULTADOS

Dentre as duas normas, no que se refere às notas explicativas, as normas brasileiras


apresentam mais exigências em termos de acompanhamento e detalhamento das notas
explicativas, o § 4 do artigo 176 da Lei 6.404/76 vem demonstrar a publicação e o
acompanhamento das notas explicativas, exigindo que as demonstrações sejam
complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações
contábeis necessárias para o esclarecimento do referido exercício.
52

O § 5 do mesmo artigo da Lei das sociedades anônimas traz nas suas alíneas, as bases
gerais e as normas a serem inclusas nas demonstrações contábeis, pois hoje, com a adesão às
normas internacionais, a resolução da CVM no 595 vem apresentando recomendações sobre a
divulgação de diversos assuntos relevantes para efeito de melhorar o entendimento das
demonstrações contábeis.
O artigo nº 33 do regulamento do SysCOA aponta que as demonstrações contábeis
serão complementadas por anexo ao balanço e a demonstração de resultados, exigindo que
devem ser apresentados todos os elementos significativos que não são evidenciados nas
demonstrações e que são susceptíveis a influenciar a apreciação dos usuários externos.
Quanto às exigências das normas referentes à complementação das demonstrações
contábeis analisadas, se percebe que as normas brasileiras demonstram um acompanhamento
e um esforço, visando fornecer as informações necessárias para o esclarecimento da situação
patrimonial. O SysCOA no seu artigo nº 33 não ofereceu uma característica comparável para
poder demonstrar possíveis divergências, pois limita-se a fazer narração de alguns pontos
pertinentes do anexo.

3.6 DEMAIS CONSIDERAÇÕES SOBRE ANÁLISE COMPARATIVA DAS


DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS

Após a análise realizada, algumas considerações podem ser feitas em relação aos
demonstrativos financeiros que não são passíveis de comparação, como Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração do Valor
Adicionado. Com essa intenção, a parte final do terceiro capítulo traz uma rápida análise
sobre essas demonstrações.
De acordo com a lei 6.404/76, a publicação de demonstração das mutações do
patrimônio líquido e de lucros ou prejuízo acumulado era opcional, mas, com a adoção da lei
nº 11.638/07, a sua publicação passou a ser obrigatória, pois é um demonstrativo que
apresenta o movimento de todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício. Pela
característica desse demonstrativo o SysCOA não apresenta nenhum equivalente, e demonstra
carência na forma de evidenciação e movimentação das contas do patrimônio líquido.
Analisando, de uma forma geral o fluxo de caixa, pelas normas brasileiras, e o mapa
de origem e aplicação de fundos (MOAF), pelo SysCOA, percebe que ambos representam
53

características para que um gestor possa analisar e identificar a circulação dos recursos, além
de sua aplicação e natureza.
Embora o mapa de origem de fundos exiba as fontes de recursos utilizadas durante o
funcionamento, em determinado período da entidade, ele demonstra limitações em relação ao
fluxo de caixa, pois não apresenta uma análise de risco de crédito ou de circulação em
espécie. O MOAF geralmente refere-se a um longo período, ficando a movimentação das
origens e aplicação de recursos de curto prazo menos clara. Para uma melhor visualização dos
fluxos de recursos financeiros durante o período é importante a análise em conjunto com o
fluxo de caixa. Dessa forma, as normas brasileiras, com a publicação de fluxo de caixa, atende
esse requisito.
Para finalizar, vale ressaltar a importância da demonstração do valor adicionado, por
esse ser considerado útil na evidenciação da riqueza criada pela entidade e a sua distribuição
durante um determinado período, demonstrando o quanto a entidade contribuiu para a
formação do produto interno bruto (PIB) de um país. Contrário ao SysCOA que em nenhum
dos seus artigos o mencionou, e nem apresentou um modelo de demonstração equivalente à
demonstração do valor adicionado.

SÍNTESE:

Normas brasileiras SysCOA



de orgãos reguladores 2 1
N° de princípios 7 9
Demonstrações financeiras Normas
brasileiras SysCOA
Demonstração dos Resultados do Exercício Sim Sim
Balanço Patrimonial Sim Sim
Demonstração da Mutações do Patrimônio Liquido Sim Não
Demonstração de Fluxo de Caixa Sim Não
Demonstração do Valor Adicionado Sim Não
Notas explicativas Sim Sim
Mapa da Origem e da Aplicação de fundos Não Sim
Quadro 10 : Demonstrações financeiras obrigatórias/ orgão regulador/ princípios contábeis.
Fonte: Dados da pesquisa.
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Normas brasileiras SysCOA


Demonstração dos Resultados do Demonstração dos Resultados de Exercício
Exercício
Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial
Demonstração da Mutações do Não existe
Patrimônio Liquido
Demonstração de Fluxo de Caixa Mapa da Origem e da Aplicação de Fundos
Demonstração do Valor Adicionado Não existe
Notas explicativas Anexo ao Balanço e a Demonstração de
Resultado
Quadro 11 : Demonstrações financeiras equivalentes
Fonte: Dados da pesquisa .

Para a necessária clareza sobre a análise feita, os quadros das demonstrações


financeiras obrigatórias e equivalentes veio apresentar as demonstrações definidas entre as
normas como relatório anual, pois os tipos das demonstrações financeiras dependem da
legislação do país em que a empresa opera, definidas ou orientadas pelos orgãos
normatizadores.
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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo, apresenta-se as conclusões a que se chegou com o trabalho, por meio
de pesquisas realizadas em leis, normas e livros com objetivo de conhecer e/ou aprofundar os
conhecimentos sobre as demonstrações financeiras obrigatórias. E, ao final, apresentam-se
algumas recomendações para futuros trabalhos relacionados ao tema.

4.1 QUANTO À PROBLEMÁTICA

Em relação à questão problema abordada no trabalho: “Quais as divergências entre


as demonstrações financeiras segundo as normas brasileiras e o SysCOA?”, foi
constatado que as normas SysCOA seguem a doutrina francesa e que utilizam a estrutura das
demonstrações baseada nessa doutrina, enquanto as normas brasileiras seguem a doutrina
internacional. Entre as instituições regulamentadoras, no SysCOA encontram-se órgãos em
forma de blocos econômicos em colaboração com conselho contabilístico da África
Ocidental.

4.2 QUANTO AOS OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho, que foi o de “identificar as divergência entre as


demonstrações financeiras obrigatórias e quais as diferenças e semelhanças” foi atingido, pois
apresentou-se, através do quadro comparativo, as diferenças e semelhanças entre as
demonstrações financeiras obrigatórias. Das demonstrações apresentadas só foi possível fazer
a comparação direta no DRE, BP e uma análise nas notas explicativas, pois apresentaram
características que permitem a comparação. Ressalta-se que os demonstrativos que só são
apresentados pelas normas brasileiras não foram passíveis de comparação, apresentando-se
somente os modelos e suas explicações.
Quanto aos objetivos específicos: “verificar os princípios e as normas vigentes”;
”levantar a obrigatoriedade das demonstrações entre as normas”; “verificar as diferenças na
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estrutura das demonstrações” e “analisar os grupos e subgrupos”, também foram atingidos,


pois foram identificadas que, dentre os princípios contábeis brasileiros, não fazem parte os
princípios da transparência, desequilíbrio do balanço, permanência dos métodos e a
superioridade da realidade sobre a aparência, todos existentes no SysCOA. Em relação às
normas SysCOA, não fazem parte os princípios da entidade e da atualização monetária,
existentes nas normas brasileiras.
Também foram levantadas as demonstrações obrigatórias entre as normas. Pelas
normas SysCOA, foram apresentados quatro demonstrativos, a citar: Demonstração dos
Resultados de Exercício; Balanço Patrimonial; Mapa da Origem e da Aplicação de Fundos, e
o Anexo ao Balanço e a Demonstração de Resultado. E, pelas normas brasileiras, foram
apresentados: Demonstração do Resultado de Exercícios; Balanço Patrimonial; Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração de Fluxo de Caixa; Demonstração do
Valor Adicionado e as Notas Explicativas.
Quanto à diferença nas estruturas das demonstrações, foi identificada, através das
demonstrações do resultado de exercícios, as contas registradas nas deduções da receita
relativas às normas SYSCOA, pois nela inclui custo das mercadorias ou serviço vendidos,
impostos e taxas incidentes sobre venda, salários e encargos sociais e encargos externos. No
entanto, não separa as despesas e os encargos de uma forma operacional.
Em relação ao balanço patrimonial, a diferença encontrada, em termos de ordem de
apresentação das contas, advém da doutrina adquirida entre as normas. O Brasil adota a
doutrina internacional, apresentando as contas pela ordem decrescente de liquidez. E hoje,
com adesão às normas internacionais de contabilidade, apresenta sua estrutura, quanto ao
ativo, em: ativo circulante, ativo não circulante, que abrange o ativo permanente. Pelo passivo
se apresenta: passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio líquido. Já o SYSCOA
adota a doutrina francesa, que apresenta as contas pela ordem inversa às normas brasileiras,
apresentando o ativo em: ativo imobilizado, ativo circulante e tesouraria-ativo; e o passivo
em: capital próprio, passivo circulante e tesouraria-passivo.
Pelo conteúdo apresentado, verificou-se que as normas brasileiras e SYSCOA são
diferentes em suas orientações em relação à obrigatoriedade das demonstrações. A
diferenciação encontrada refere-se mais ao detalhamento ou ênfase dispensados a um ou outro
componente abordado, e à ausência de alguns dispositivos numa ou noutra norma.
Verificou-se, ainda, que as normas brasileiras comparadas, por serem mais recentes, já
estão sendo seguidas com base nas recomendações internacionais, pois a tendência de atender
os usuários externos ou os investidores estão cada vez mais fortes.
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4.3 RECOMENDAÇOES

Para a realização de futuros trabalhos relacionados ao tema em questão, recomenda-se


o estudo de caso em empresas brasileiras que operam no mercado da UEMOA, já que esta
pesquisa restringiu a comparação entre as demonstrações financeiras de uma forma
qualitativa.
Seria também interessante a realização de estudo de caso em empresas originárias do
bloco UEMOA, pois será visível a aplicação das normas distintas, como a forma de tributação
e outros pontos divergentes que não foram apresentadas nesta pesquisa.
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REFERÊNCIAS

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noções práticas. 5 . ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários.

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BRASIL. Lei n° 10.411, de 26 de fevereiro de 2002. Altera e acresce dispositivos à Lei


n°6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria
a Comissão de Valores Mobiliários.

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Contabilidade das Sociedades por Ações: aplicável também às demais sociedades, 7 ed. Ver.
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