Conta Be Is 283650
Conta Be Is 283650
Conta Be Is 283650
CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
FLORIANÓPOLIS
2010
MARCIO ALAIN GOMES TAVARES
FLORIANÓPOLIS
2010
MARCIO ALAIN GOMES TAVARES
08 de Junho de 2010
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Muitas vezes, na hora da emoção, as palavras nos faltam, por isso nem sempre
conseguimos transmitir nossos sentimentos. Agradecemos e ao mesmo tempo sentimos a
necessidade de se expressar nossa gratidão de uma forma inexplicável, pois às vezes um
simples obrigado parece ser uma palavra muito pequena para expressar nosso sentimento
momentâneo.
Porém, a fim de agradecer aqueles que de alguma forma contribuíram para a conclusão
de mais uma etapa em minha vida, fiz a opção de nomear algumas pessoas a quem eu devo
um sincero obrigado. Em primeiro lugar a Deus. Depois, sou grato ao governo brasileiro por
esta oportunidade cooperacional e ao PEC-G (Programa de Estudante Convênio de
Graduação), que desde 1987, pelo artigo nº94 da portaria nº580, estabeleceu os acordos
cooperacionais com os países em desenvolvimento. Especialmente à UFSC- Universidade
Federal de Santa Catarina, e aos colegas e amigos em geral que de forma direta ou indireta
contribuíram em todos os aspectos durante meu aprendizado.
Ao professor Darci Schnorrenberger, que sempre teve disposição, demonstrando
competência e paciência nas dificuldades enfrentadas durante estudo.
Em seguida, gostaria de agradecer a minha família, especialmente aos meus pais,
Alberto Soares Tavares e Arminda Gomes Tavares, dizendo que minha gratidão vai além dos
sentimentos, por isso é um privilégio muito grande ser vosso filho, e em toda minha vida
nunca vou poder agradecer-vos pelo apoio que sempre me deram e por me ensinaram as
coisas mais preciosas da vida - ser honesto, digno sincero, amável etc.
Minha imensa gratidão aos meus queridos e amados tios Marcelino Soares Tavares e
esposa, e João José Soares Tavares e esposa; a minha amada irmã Mecia Agata Gomes
Tavares e ao amado irmão Waldir Humberto Gomes Tavares, em especial a minha amada
namorada, que sempre ficou ao meu lado, me apoiando, e por nunca ter me julgado, por ter
escutado sem opinar, muitas vezes.
Aos meus amigos e amigas por estes cinco anos de convivência e companherismo:
Adusindo, Ezio, Gamal, Yuri, Soraia, Henriqueta, Artimiza, Edilene, Fernando, Neicelene e
Mirene.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste estudo.
"Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.”
( ALBERT EINSTEIN )
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise comparativa das normas
contábeis brasileiras e o Sistema Contabilístico da África Ocidental (SysCOA), referente às
demonstrações financeiras obrigatórias, buscando identificar convergências e divergências.
Na pesquisa, usou-se o método de procedimento comparativo, que, segundo Martins (2000), é
o procedimento científico controlado onde são examinados casos, fenômenos ou coisas
análogas, visando descobrir possíveis diferenças através de comparação. A pesquisa
caracteriza-se como qualitativa, pois não foi usado instrumento estatístico no processo de
análise do problema. Para atingir o objetivo proposto fez-se necessário levantar as
demonstrações finaceiras obrigatórias emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade -
CFC, com o SysCOA, emitidas pela OHADA. Procurou-se, na fundamentação teórica,
apresenta um breve histórico da evolução do SysCOA e do bloco em que ele opera. Os
resultados alcançados na análise comparativa proposta apontam o enfoque na demonstração
do resultado de exercício e no balanço patrimonial, pois oferecerem características passíveis
de comparação. No que tange a demonstração do resultado de exercício, as normas brasileiras
apresenta estrutura e forma de chegar ao resultado do exercício muito diferente em relação ao
SysCOA. Quanto ao balanço patrimonial, as normas brasileiras apresentam a estrutura, a
ordem de liquidez e a de exigibilidade diferentes do SysCOA. Por serem as demonstrações
contábeis brasileiras analisadas com características atualizadas às normas internacionais,
pode-se concluir que existe a tendência, por parte dos órgãos normatizadores do SysCOA, de
proporcionar estudos em busca da adaptação às normas internacionais, de forma tornar mais
claro o entendimento entre investidores do Brasil e dos países integrantes da UEMOA.
CM – Conselho de Ministro
UA – União Africana
LISTA DE FIGURAS
p. 46
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
1 INTRODUÇÃO
por parte das empresas brasileiras que estão operando na região da União Econômica e
Monetária da África Ocidental (UEMOA), pois o entendimento das normas contábeis entre
países hoje é fato notório e incontestável, devido à internacionalização e globalização dos
negócios, trazendo como provável consequência o requerimento maciço de informações de
natureza contábil, com um conteúdo claro e bem compreendido por todos os usuários.
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
da África Ocidental), que está vigente nos países francófonos, com exceção à Guiné-Bissau
(lusófono).
O mesmo estudo aponta que dentre os blocos atuam 1.390 empresas brasileiras,
destas, cerca de 50% ou mais são empresas de médio a grande porte, sendo que 31% atuam
dentro da UEMOA. O estudo que se intitula “Oportunidade de Negócios Oeste da África-
CEDEAO/UEMOA, na ótica de alimentos, bebidas, biocombustíveis, máquinas e
implementos agrícolas”, vem justificar ou demonstrar a necessidade de pesquisar possíveis
diferenças entre as normas contábeis, facilitando o entendimento das informações divulgadas
para os usuários, reduzindo as dúvidas de natureza contábil e, em decorrência, gerando
crescimento econômico.
Os registros colaboram na evidenciação dos fatos contábeis entre as empresas
integrantes nas relações comerciais, auxiliando na análise econômico-financeira através das
demonstrações contábeis, que são o elo de ligação entre os investidores e as empresas.
A comparação do SysCOA com as normas brasileiras visa demonstrar e identificar a
diferença entre ambas, vendo que o plano contabilístico do SysCOA conceitua-se e é baseado
na doutrina contabilística francesa. Essa comparação ajudará na materialização e avaliação
contabilístico-Africana, que hoje está se confrontando com uma nova realidade: o advento das
normas internacionais.
É importante ressaltar que a realização deste estudo comparativo é relevante em vista
da obtenção de um maior esclarecimento e enriquecimento desse assunto.
2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA
A UEMOA é uma organização de integração regional criada por sete países da África
Ocidental que têm em comum uma moeda única, o Franco da Comunidade Financeira
Africana (FCFA). Ela foi criada por um tratado assinado em Dakar, capital do Senegal, em 10
de janeiro de 1994, pelos chefes de Estado e de Governo do Benim; Burkina Faso; Costa do
Marfim; Mali; Níger; Senegal e Togo. Em 2 de maio de 1997 a Guiné-Bissau tornou-se o
oitavo Estado membro da união.
Segundo Vieira (2008, p.17-18), “os países africanos da colônia francesa que
nasceram numa época onde o plano contabilístico francês se desenvolveu, estavam em uma
das fases mais ativas da colonização”. Ainda segue afirmando que
OCAM senegalês, o plano OCAM costa-marfinense, o plano OCAM beninês etc. (ROBERTO
ALEXANDRE VIEIRA, 2008, p. 17/18).
Vieira (2008) afirma que a fase de desenvolvimento dos países africanos
independentes alertou os usuários a diferir o plano Francês. Esse plano contabilístico não era
mais relevante aos países-membros de UDEAC (União Econômica e Aduaneira dos Estados
da África Central). Segue afirmando que por este motivo decidiram promover uma
normalização e um plano contabilístico verdadeiramente adaptados à situação africana, pois
os peritos africanos e franceses aproveitaram a experiência adquirida desde 1947. Ainda nos
salienta que com “essa experiência conseguiram colocar em prática um sistema contabilístico
adaptado à realidade econômica dos países africanos, às necessidades dos utilizadores, e ao
desenvolvimento das técnicas informáticas.” O plano OCAM é adotado oficialmente pelos
chefes de Estados africanos na conferência YAOUNDE, de 1970.
Vinte anos depois, os países africanos sentiram a necessidade de harmonizar o direito
comercial do continente e criaram o OHADA (Organização para a Harmonização na África do
Direito dos Negócios), que é um dos órgãos reguladores do SysCOA.
Um dos pontos importantes dos trabalhos da OHADA foi circulação do SysCOA nos
Estados-Membros da União Econômica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).
Os sistemas africanos mostram a necessidade da produção de um regulamento
contabilístico protegido de irregularidades para as instituições públicas. Não qualquer
regulamento contabilístico, e sim um regulamento suficientemente normalizado para servir de
referência aos vários Estados. Suficientemente universal para auto melhorar-se,
permanecendo ao mesmo tempo simples para ser de um acesso fácil para o plano de contas e
para os seus utilizadores, mas que aborde também as variedades culturais de países vizinhos.
18
2.2.1 No Brasil
As normas contábeis têm fundamento inicial na Lei n° 6.404/76 (Lei das sociedades
anônimas por ações) e na lei n° 10.303/2001 (alteração da parte societária da lei das
sociedades anônimas) e a última alteração sobre a integração às normas internacionais, a lei
11.638/07 (altera e revoga a lei 6.404/76 e a lei 6.385/76, que estende às sociedades de grande
porte disposições relativas à elaboração e divulgação das demonstrações contábeis).
Por conseguinte são apresentados os principais órgãos reguladores das normas
brasileiras, que seguem:
APIMEC NACIONAL
Segundo informação divulgada no site foi criada em 1970, a associação dos analistas
profissionais de investimento do Mercado de Capitais – APIMEC – é uma entidade com foco
no desenvolvimento do mercado de capitais, composta de pessoas físicas.
BM & FBOVESPA
A BM & FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, pela
informação do site foi criada em 2008 com a integração entre a Bolsa de Mercadorias &
Futuros (BM&F) e Bolsa de valores de São Paulo (BOVESPA).
CFC
Criado há 60 anos pelo Decreto lei n° 9.295/46, o Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) é uma autarquia especial de caráter corporativo, sem vinculo com a administração
pública federal. O CFC possui representatividade de todos os estados da federação e do
Distrito Federal, representada por seus 27 conselheiros efetivos e igual número de suplentes,
fato alcançado com aprovação da Lei n°11.160/05. Tem por finalidade orientar, normatizar e
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FIPECAFI
A Fipecafi – Fundaçao Instituto de pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – a
informação divulgada no site foi fundada em 1974 por professores do Departamento de
Contabilidade e Atuária da FEA/USP para atuar como órgão de apoio institucional ao referido
Departamento.
IBRACON
Segundo a informação do site foi fundada há 35 anos, o Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil tem atuado com ênfase nos seguintes propósitos: discutir,
desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador ,
auxiliar na difusão e na correta interpretação das normas que regem a profissão, e atuar,
também, no conjunto das entidades de ensino colaborando para o aprimoramento da formação
profissional.
2.2.2 No SysCOA
para prosseguir com trabalhos de normalização contábil previsto no ato uniforme do OHADA
já comprometidos no UEMOA, em estreita consonância com conselho regional da
contabilidade.
Diretiva n°04/97/CM/UEMOA, que adotou o regime jurídico dos centros de gestão
aprovados nos Estados membros do UEMOA, assistindo os operadores econômicos em
matéria de comportamento contábil. Também instituiu um conselho permanente da profissão
contábil no UEMOA.
A OHADA, segundo informações divulgadas em seu site, foi criada pelo tratado
relativo à harmonização do Direito dos Negócios na África, fazendo parte 17 países membros
e 5 organizações, ou seja, direito comunitário : CEMAC, CIMA, OAPI, UEMOA e a UNIÃO
AFRICANA, assinado aos 17 de outubro de 1993, em Port-Luis e revisto em Quebec,
Canadá, em 17 de outubro de 2008. É dotada de quatro instituições: conselho de ministros das
finanças e da justiça, tribunal comum de justiça e arbitragem, secretariado permanente e a
escola regional superior da magistratura, agrupando profissionais das áreas ligadas ao
interesse nos estudos e na edição de atos uniformes da OHADA.
Este princípio delibera que a contabilidade deve ter plena distinção e separação entre
pessoa física e pessoa jurídica, pois o patrimônio da empresa não se confunde com o dos
sócios. A contabilidade da empresa objetiva-se a registrar somente os atos e fatos ocorridos no
que se referem ao seu patrimônio e não aos relacionados com patrimônio particular dos
sócios. Também não mistura transações de uma empresa com outra. Esse princípio segue o
art. 4 da resolução 750/93.
Determina que os registros contábeis sejam feitos no momento em que o fato ocorra
(a tempestividade) e pelo seu valor completo (integridade), independente das causas que as
originam. Portanto, ele determina que os registros sejam feitos no momento da transferência
de propriedade pelo seu valor total, obedecendo ao art. 6 da resolução 750/93.
24
Especifica a adoção do menor valor para os bens ou direitos e o maior valor para as
obrigações ou exigibilidades. O regulamento do SYSCOA define este como uma apreciação
razoável dos acontecimentos e as operações a registrarem, a fim de evitar transferência sobre
futuros riscos. Esse princípio delibera seguir os artigos n° 3 e 6 do regulamento.
Esse princípio exige da empresa uma apresentação clara e leal da informação contábil,
aplicando corretamente as regras e métodos, apresentando sua situação financeira e uma
imagem fiel da situação, e suas operações sem omissão de fatos significativos. Delibera seguir
o artigo n° 6,8,10 e 11 do regulamento.
Na abertura de uma empresa é possível presumir como será o prosseguimento das suas
atividades, ou seja, ela é avaliada e guiada na sua continuação e funcionamento futuro. Por
conseguinte, é admitido que a empresa não tenha intenção nem a obrigação de pôr-se em
liquidação ou de reduzir sensivelmente a extensão das suas atividades, na medida em que a
continuidade da exploração fica incerta ou insegura. Os ativos, o passivo e fora de balanço são
avaliados com base no seu valor liquidação. Esse princípio deve seguir o artigo n° 39 do
regulamento.
Deve-se salientar ainda que, pelas normas brasileiras, as demonstrações exigidas como
obrigatórias são: Demonstração do Resultado de Exercícios; Balanço Patrimonial;
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração de Fluxo de Caixa;
Demonstração do Valor Adicionado e as Notas Explicativas.
Por parte do SysCOA as demonstrações exigidas como obrigatórias são:
Demonstração dos Resultados de Exercício; Balanço Patrimonial; Mapa da Origem e da
Aplicação de Fundos e o Anexo ao Balanço e a Demonstração de Resultado. Isso demonstra
que as demonstrações contábeis dependem da legislação do país.
28
Normas brasileiras
Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), demonstram que nos períodos que as receitas e
os rendimentos forem reconhecidos, deverão constar na DRE todos os custos, despesas,
encargos e riscos correspondentes àquelas receitas.
Hoje, com a adesão às normas internacionais, o CPC 26 delibera que a demonstração
do resultado do período, deve no mínimo apresentar claramente as receitas e as despesas
operacionais, parcela dos resultados de empresa investidas reconhecidas por meio do método
de equivalência patrimonial, chegando ao resultado antes das receitas e despesas financeiras,
ganhos e perdas e, por fim, demonstrar qual o resultado líquido das operações continuadas
que será acrescentado ao patrimônio líquido da entidade ou distribuição dela.
O modelo apresentado pelas normas brasileiras na resolução nº 595 da CVM, tem a
finalidade de apresentar o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas
num determinado período.
29
Esse é o modelo exigido pela CVM, pois apresenta de uma forma geral, o resultado da
empresa durante determinado período, apresentando o fluxo de receita, custos e despesas
operacionais que podem alterar a situação patrimonial da entidade ou sua posição financeira.
Deduções da receita:
Impostos incidentes sobre a receita
(-) Descontos incondicionais
Devoluções de vendas
No SysCOA
(=) Resultados justos (ou perda) Total dos produtos – Total dos encargos
Normas brasileiras
De acordo com o CPC 26 (2009, p.19), referente à distinção entre circulante e não
circulante
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
No SysCOA
Para melhor visualização, a seguir, mostra-se o quadro nº4 com uma visão de como fica o
balanço patrimonial pelo SysCOA.
TESOURARIA-ATIVO
-Títulos de investimentos e
valores a entrar em caixa
-Bancos, vales postais,caixa
Desvio de conversão-ativo
( Perda provável de câmbio )
Quadro 4 - “Modelo” do Balanço Patrimonial SysCOA
Fonte: Adaptado de regulamento n 04/96/CM para adoção de um referencial contábil comum na região da
UEMOA, 1997.
Esse é o modelo normal exigido e utilizado pelas empresas que operam dentro do
espaço da UEMOA, demonstrando a situação da empresa, podendo ser analisados os bens,
direitos e obrigações em uma determinada data específica. Dessa forma, mostra-se ao usuário
a situação patrimonial e financeira da empresa.
36
Iudícibus, Martins e Gelbcke 2003, afirmam que, de acordo com a lei 6.404/76, a
publicação de demonstração das mutações do patrimônio líquido e de lucros ou prejuízo
acumulado era opcional, mas, com a adoção da lei n 11.638/07, passou a ser obrigatória, pois
ela elenca as contas do patrimônio líquido da entidade, com saldo anterior, com as alterações
do período e o saldo no último dia do exercício, ou seja, mutações de nível interno.
Essa demonstração tem como finalidade apresentar as alterações que ocorreram em
determinado exercício no patrimônio da entidade. Entre as principais alterações destacam-se a
destinação dos resultados do período, a integralização de capital e o aumento ou a diminuição
das reservas da empresa.
Iudícibus, Martins e Gelbcke de acordo com a Lei nº 6.404/76, apontam:
De acordo com o art. 188, inciso II da Lei n° 6.404/76, e com a Lei n° 11.638/07, a
demonstração do valor adicionado se tornou obrigatória. Este mesmo artigo da referida lei
menciona que esse demonstrativo demonstra o valor da riqueza gerada pela entidade e a
distribuição entre os elementos que contribuirão para a geração dessa riqueza. A sua
elaboração deve levar em conta o pronunciamento conceitual básico do CPC 09, e seus dados,
em sua grande maioria, são obtidos principalmente a partir da demonstração do resultado.
O resultado líquido gerado por suas atividades, ou seja, o valor da produção ou venda
que excede aos valores gastos na aquisição de insumos e serviços de terceiros, é denominado
valor adicionado ou valor agregado da empresa.
A distribuição do valor adicionado aos agentes da comunidade interessados pelo
resultado das atividades da empresa se dá através dos funcionários, dos donos do capital ou
dos acionistas, dos financiadores da empresa e do governo, por meio de impostos.
que entram na entidade, informando como, onde e de que forma foram aplicados os recursos
financeiros, pois é um demonstrativo com a mesma característica da Demonstração de Origem
e Aplicação de Recursos, utilizado pelas normas brasileiras.
Normas brasileiras
SysCOA
transparência a serem adotados pelas empresas que recorrem ao mercado de capitais para
obtenção de recursos.
A regulamentação relativa ao SysCOA pode ser considerada como processo
fragmentado, no qual o próprio sistema, na sua criação, instituiu alguns órgãos que compõe a
sua estrutura, como ordem dos peritos contábeis e os tesoureiros aprovados nos estados
membros da UEMOA, Conselho Nacional de Contabilidade nos estados membros e um
conselho contabilístico da África Ocidental. Esses órgãos trabalham em estrita consonância
com a OHADA, o órgão instituidor do SysCOA, que trata da parte jurídica, pois é o principal
órgão legal com a finalidade de publicação dos atos uniformes aplicáveis.
Dessa maneira, apresenta-se o quadro nº 5, que elenca a análise das instituições
regulamentadoras entre as normas brasileiras e o SysCOA:
C.V.M: é uma entidade BRVM: Bolsa Regional de Salienta-se que existe, em alguns países da
autárquica em regime especial Valores Mobiliários. UEMOA, a Bolsa Regional de Valores
vinculada ao Ministério da Mobiliários, que, em termos de área contábil,
Fazenda, com finalidade de trabalha em colaboração com o banco central.
emissão das normas que devem Complementa-se que nem todos os países
ser seguidas pelas companhias integrantes da UEMOA têm mercado
abertas. sustentável para ter a bolsa de valores.
CPC: foi instituído com a Por não estar convertendo as normas aos
finalidade de estudo e o padrões internacionais, o SysCOA não tem
preparo para emissão de uma organização equivalente ao CPC, pois
Não existe orgão equivalente pela pesquisa feita pelo site da OHADA já
pronunciamentos técnicos sobre
está sendo preparada uma comissão para esse
o procedimentos de fim.
contabilidade e a divulgação de
informação dessa natureza,
tendo em conta a convergência
da contabilidade Brasileira aos
padrões internacionais.
C.F.C: Tem finalidade de OHADA: Foi criado com Em termos de finalidade, as duas apresentam
orientar, normatizar e fiscalizar objetivo de harmonização do a mesma característica em relação à
o exercício da profissão direito dos negócios na África, e orientação, ou seja, estruturação da
contábil. Emite normas com a finalidade de orientar, contabilidade, mas a OHADA vai além,
brasileiras de contabilidade que normatizar e fiscalizar o determinando as regras da auditoria. Em
formam as regras de conduta exercício dos atos uniformes termos de prerrogativas, a OHADA apresenta
profissional e os métodos editados por eles. amplo poder, por coordenar cinco
técnicos a serem analisados comunidades com diferentes planos
quando da realização dos contabilísticos, coordena e determina as
trabalhos previstos na resolução regras do negócios entre países integrantes.
da CFC.
Quadro 5. Análise entre as instituições regulamentadoras entre as normas
Fonte: Dados da pesquisa.
42
Desequilíbrio do balanço
Não é existe equivalente
A superioridade da realidade
Não é existe equivalente sobre a aparência
SÍNTESE:
inicia com o princípio da prudência sustentado pelo regulamento no seu artigo 3º e 6º, pois
esse deve ser observado em todos os casos.
Houve coincidência em cinco princípios, a citar: continuidade, oportunidade, registro
pelo valor original, competência e prudência. Em relação ao principio da entidade e da
atualização monetária constante nas normas brasileiras, o SysCOA não apresenta equivalente.
Contrário das normas brasileiras, o SysCOA apresenta quatro princípios que não existem nas
normas brasileiras: transparência, desequilíbrio do balanço, permanência dos métodos e
superioridade da realidade sobre a aparência.
(=) Receita líquida Não se enquadra nessa posição Por ter deduzido despesas com
vendas, gerais, administrativas e
45
SÍNTESE
os encargos de uma forma operacional. Desse modo, o não detalhamento de tais valores
registrados nas deduções da receita pode causar, aos usuários, interpretações restritas.
No SysCOA não existe uma classificação específica para a receita líquida, pois as
contas deduzidas para se chegar a ela são evidenciadas nos encargos de exploração,
abrangendo as contas, os custos das mercadorias vendidas e as despesas operacionais, não
tendo o mesmo destaque que o exigido pelas normas brasileiras.
Outra divergência significativa entre as duas demonstrações é o destaque evidenciado
pelo SysCOA para o imposto sobre benefício. Segundo as normas brasileiras, tanto na Lei das
Sociedades por Ações, como na Deliberação nº 595/09 da CVM, não existe uma conta que
evidencie o imposto sobre benefício na demonstração do resultado. Cabe salientar que o
SysCOA não especifica a receita líquida e a parcela dos resultados de empresas investidas.
*CVM / Serviço
*Venda de mercadoria/ Serviço
*CVM / Serviço
*Venda de mercadoria/ Serviço
*Imoposto s/ venda;
*Despesas comercias; D.R.E
*Despesas ADM; Atividade de exploração
* Descontos.
(-) Encargos de exploração
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO
Normas brasileiras SysCOA Comentário
Ativo Circulante - bens e direitos com O balanço patrimonial pelas normas
Ativo Circulante tendência de transformar-se durante o ciclo de brasileiras apresenta as contas ou
exploração que é de 12 meses após a data do grupos em ordem crescente de
balanço, ou convertendo em dinheiro à curto liquidez ou exigibilidade, contrario
prazo. É subdividido em existenciais, créditos e do SysCOA. Em relação ao ativo
aplicações similares e tesouraria-ativo. circulante, syscoa difere das normas
brasileiras pela subdivisão e
nomenclatura do circulante.
Disponibilidades se enquadram no Percebe-se a diferença pela
Disponibilidades subconjunto do ativo: tesouraria-ativo, no nomenclatura: o enquadramento de
SysCOA todos os recursos que estão disponibilidade no subgrupo de
disponíveis para uso imediato enquadram-se circulante tesoura-ativo pelo
nessa conta. SysCOA, pois comprende as
contas caixa, depósito em conta
corrente livremente utilizados.
Pelo SysCOA, não está estruturado
pelo não circulante. Tudo que entra
Ativo Não Circulante Não existe na estrutura do balanço em não circulante nas normas
brasileiras entra, pelo SysCOA, no
conjunto do ativo imobilizado, pois
não subdivide curto e longo prazo,
no sentido de menos de um ano ou
mais de um ano, mas apenas o
conceito de curto prazo.
Ativo realizável a longo prazo - enquadra-se o SysCOA não utiliza a subdivisão
no subgrupo do ativo imobilizado: curto e de longo prazo, no sentido
Ativo Realizável à Longo imobilização corpórea, pois no SysCOA tudo de menos um ano / mais de um ano,
Prazo o que é a longo prazo são separados do a curto mas apenas o conceito de curto
prazo, levando em consideração a ordem das prazo. Isso demonstra que tudo que
contas do ativo em relação à liquidez. não se enquadra no curto prazo é
obrigatoriamente registrado fora do
circulante.
Pela estrutura do SYSCOA, o ativo Tudo o que é imobilizado pela
Imobilizado imobilizado abrange 50% dos itens do ativo, estrutura brasileira se enquadra no
subdividido em corpóreas e incorpóreas, ativo imobilizado corpóreo pelo
abrangendo o ativo a longo prazo. SysCOA, mas uma vez a subdivisão
diferencia a estrutura.
Tudo o que é intangível, se enquadra no De uma forma geral apresentam a
Intangível subgrupo do ativo imobilizado, imobilizações mesma característica, o que as
incorpóreas. (imobilizações imateriais de normas brasileiras apresentam como
natureza de bens adquiridos ou criados pela intangível, o SysCOA pela
empresa, que englobam: programação, as diferenciação na nomenclatura,
marcas e patentes, custo de investigação e de chama de imobilizado incorpóreo.
desenvolvimento).
Quadro 8 - Quadro comparativo dos Balanços patrimoniais ativo entre normas brasileiras e SYSCOA.
Fonte: Dados da pesquisa.
49
SÍNTESE
BALANÇO PATRIMONIAL
PASSIVO
Normas brasileiras SysCOA Comentário
Passivo circulante - obrigações que O balanço patrimonial pelas normas
normalmente serão pagas à curto brasileiras apresenta as contas do
Passivo Circulante prazo, com exceção das dívidas passivo em ordem decrescente de
contraídas nos bancos à curto prazo, que exigibilidade, contrário do SysCOA, a
serão registrados no grupo tesouraria- estrutura do circulante pelo SysCOA
passivo. registra os empréstimos bancários à
curto prazo no subgrupo do circulante
tesouraria-passivo , analisando percebe-
se o detalhamento na estrutura e a
diferenciação na nomenclatura.
Pelo Syscoa não existe a estrutura não
Passivo Não Circulante circulante. Tudo o que se enquadra
Não existe na estrutura do balanço pelas normas brasileiras como passivo
não circulante, pelo Syscoa se enquadra
nas dívidas financeiras, devido à não
subdivisão por parte do longo prazo.
SÍNTESE:
O § 5 do mesmo artigo da Lei das sociedades anônimas traz nas suas alíneas, as bases
gerais e as normas a serem inclusas nas demonstrações contábeis, pois hoje, com a adesão às
normas internacionais, a resolução da CVM no 595 vem apresentando recomendações sobre a
divulgação de diversos assuntos relevantes para efeito de melhorar o entendimento das
demonstrações contábeis.
O artigo nº 33 do regulamento do SysCOA aponta que as demonstrações contábeis
serão complementadas por anexo ao balanço e a demonstração de resultados, exigindo que
devem ser apresentados todos os elementos significativos que não são evidenciados nas
demonstrações e que são susceptíveis a influenciar a apreciação dos usuários externos.
Quanto às exigências das normas referentes à complementação das demonstrações
contábeis analisadas, se percebe que as normas brasileiras demonstram um acompanhamento
e um esforço, visando fornecer as informações necessárias para o esclarecimento da situação
patrimonial. O SysCOA no seu artigo nº 33 não ofereceu uma característica comparável para
poder demonstrar possíveis divergências, pois limita-se a fazer narração de alguns pontos
pertinentes do anexo.
Após a análise realizada, algumas considerações podem ser feitas em relação aos
demonstrativos financeiros que não são passíveis de comparação, como Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração do Valor
Adicionado. Com essa intenção, a parte final do terceiro capítulo traz uma rápida análise
sobre essas demonstrações.
De acordo com a lei 6.404/76, a publicação de demonstração das mutações do
patrimônio líquido e de lucros ou prejuízo acumulado era opcional, mas, com a adoção da lei
nº 11.638/07, a sua publicação passou a ser obrigatória, pois é um demonstrativo que
apresenta o movimento de todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício. Pela
característica desse demonstrativo o SysCOA não apresenta nenhum equivalente, e demonstra
carência na forma de evidenciação e movimentação das contas do patrimônio líquido.
Analisando, de uma forma geral o fluxo de caixa, pelas normas brasileiras, e o mapa
de origem e aplicação de fundos (MOAF), pelo SysCOA, percebe que ambos representam
53
características para que um gestor possa analisar e identificar a circulação dos recursos, além
de sua aplicação e natureza.
Embora o mapa de origem de fundos exiba as fontes de recursos utilizadas durante o
funcionamento, em determinado período da entidade, ele demonstra limitações em relação ao
fluxo de caixa, pois não apresenta uma análise de risco de crédito ou de circulação em
espécie. O MOAF geralmente refere-se a um longo período, ficando a movimentação das
origens e aplicação de recursos de curto prazo menos clara. Para uma melhor visualização dos
fluxos de recursos financeiros durante o período é importante a análise em conjunto com o
fluxo de caixa. Dessa forma, as normas brasileiras, com a publicação de fluxo de caixa, atende
esse requisito.
Para finalizar, vale ressaltar a importância da demonstração do valor adicionado, por
esse ser considerado útil na evidenciação da riqueza criada pela entidade e a sua distribuição
durante um determinado período, demonstrando o quanto a entidade contribuiu para a
formação do produto interno bruto (PIB) de um país. Contrário ao SysCOA que em nenhum
dos seus artigos o mencionou, e nem apresentou um modelo de demonstração equivalente à
demonstração do valor adicionado.
SÍNTESE:
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo, apresenta-se as conclusões a que se chegou com o trabalho, por meio
de pesquisas realizadas em leis, normas e livros com objetivo de conhecer e/ou aprofundar os
conhecimentos sobre as demonstrações financeiras obrigatórias. E, ao final, apresentam-se
algumas recomendações para futuros trabalhos relacionados ao tema.
4.3 RECOMENDAÇOES
REFERÊNCIAS
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M.F. Van. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed.São Paulo: Atlas, 2002
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 . ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
VIEIRA, Roberto Alexandre, Les Etats Financiers en Norme IFRS. CAS: De la SONATEL,
2008.