Desvios Na Escrita
Desvios Na Escrita
Desvios Na Escrita
Introdução
Desvios em relação à norma ortográfica são comuns entre alunos
de diversas faixas etárias, o que significa que o problema merece atenção
não somente na fase de alfabetização, em que é comum, senão central, a
preocupação com a aprendizagem das corretas correspondências entre
som (fonema) e letra (grafema) e da norma ortográfica.
As dificuldades ortográficas, constantemente observadas em textos
de alunos, são motivadas por dois fatores, em especial: pelas projeções
fonéticas e pelos processos fonológicos (STAMPE, 1973 apud OTHERO,
2005) na escrita, tais como transcrição fonética, uso indevido de letras,
hipercorreção, dentre outros, assim como pelas características regulares e
irregulares do sistema ortográfico (ZORZI, 1997, 1998; MORAIS, 1998;
REGO, BUARQUE 1999; SILVA, MORAIS, 2007 e outros).
No tratamento do desvio ortográfico, observa-se que o professor de
Língua Portuguesa, muitas vezes, reage negativamente, por desconhecer
que o português apresenta um sistema alfabético-ortográfico diferente do
fonológico, e que o segundo interfere no primeiro, sobretudo, quando o
aluno ainda não se apropriou das convenções ortográficas, causando
sérios transtornos para a vida educacional desse educando.
Pressupõe-se, assim, que a compreensão dos fatos da língua pelo
professor pode implicar uma atuação mais científica e eficaz no tocante ao
“erro” ortográfico durante a aquisição do sistema ortográfico por parte do
discente. Morais (1998) afirma que quando o professor conhece as razões
da existência da ortografia, assim como sua organização, pode se preparar
melhor para ajudar o aluno a “escrever certo” e fazê-lo de um modo mais
eficaz que o vivido por nós na condição de alunos, quando aprendemos
muitas vezes a ter medo de escrever errado e até a não gostar de escrever.
Destarte, compreender as especificidades dos sistemas fonético-
fonológico e alfabético da língua, é fundamental ao docente que se
preocupa em realizar intervenções pedagógicas, com o intuito de
possibilitar ao educando refletir sobre escrita ortográfica, suas normas e
peculiaridades, a fim de cometer menos “desvios/erros” na escrita.
Sendo assim, com este breve estudo ora apresentado, espera-se
contribuir para que os professores de Língua Portuguesa percebam que os
erros ortográficos revelam conhecimento sobre a língua escrita, não são,
pois, indícios de ignorância ou incapacidade como pode ser analisado por
alguns docentes e conscientizá-los de que a ortografia deve ser tratada
como objeto de conhecimento; ou seja, ao aluno precisam ser oferecidas
atividades que o auxiliem a compreender a norma convencional,
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STAMPE, David. A dissertation on natural phonology. Tese de Doutorado, Universidade de
Chicago, Estados Unidos, 1973.
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Trecho original: “A phonological process is a mental operation that applies in speech to
substitute, for a class of sound or sound sequences a specific common difficulty to the
speech capacity of the individual, an alternative class identical but lacking the difficulty
property.
B) Processos de Substituição
1. Desonorização da obstruinte: é a produção das plosivas,
fricativas ou africadas sonoras como surdas. Exemplos: zebra [‘se.pə] [z]
> [s] / [b] > [p] gato [‘ka.tU] [g] > [k]
3. Considerações Finais