Creas
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O acesso para atendimento nos Creas acontece pela identificação do serviço especializado
de abordagem social, por meio de encaminhamentos dos serviços socioassistenciais, sistema
de garantia de direitos, disque denúncias ou ainda a procura espontânea realizada pela
população.
1. ACOLHIMENTO SOCIAL
Embora não esteja tipificado nacionalmente, é essencial, neste Protocolo de Gestão dos
Creas, discorrer sobre o Acolhimento Social, visto que a porta de entrada para o atendimento
se dá também por outros meios, além do Serviço Especializado de Abordagem Social
(próximo item deste capítulo), previsto na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais
(2009). Assim, o acolhimento social se constitui em um serviço de referência para que a
população seja orientada sobre as ações disponibilizadas pelos Creas. A partir desta ação
acontecem os encaminhamentos e/ou atendimentos de urgência/emergência.
Os indivíduos e famílias em situação de risco por violação de direitos também chegam aos
Creas por meio de procura espontânea ou por encaminhamentos do Sistema de Garantia de
Direitos (Conselhos Tutelares, Varas Especializadas, Delegacias) e outros serviços da Rede
de Proteção Social, sendo atendidos pelo acolhimento social. A equipe responsável por este
serviço realiza a triagem, realizando a interlocução direta com o usuário que chega ao Creas
e verificando a pertinência do atendimento no serviço. A triagem tem como objetivo a
identificação das necessidades primárias dos usuários, para o início de procedimentos de
atendimento e acompanhamento.
No contexto do acolhimento social no Creas se torna necessário conceituar e diferenciar
emergência e urgência. Estes conceitos normalmente estão associados à área da saúde. O
Conselho Federal de Medicina define urgência como “...a ocorrência imprevista de agravo à
saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica
imediata” e emergência como “...a constatação médica de condições de agravo à saúde que
impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento
médico imediato”
Trazendo esta matéria para a assistência social, o conceito de emergência é normalmente
associado a questões complexas, de risco, e que exigem intervenção imediata. As questões
de urgência também envolvem situações de risco, mas as intervenções podem se dar em
curto prazo. Assim, as situações de urgência não podem ser adiadas, devem ter intervenções
rápidas, mas com caráter menos imediato que nas situações de emergência.
Os atendimentos emergenciais, assim como os de urgência, fazem parte da rotina diária dos
Creas. A equipe responsável realiza a acolhida, a entrevista inicial, identifica as demandas,
presta orientações e agiliza a tomada de decisão para proteção das vítimas de violência.
Os atendimentos do acolhimento social são realizados por meio de acolhida e escuta
qualificada, visando levantamento da situação, o que subsidiará a proposição de plano de
intervenção familiar ou individual, de responsabilidade do PAEFI.
A acolhida e a escuta qualificada constituem-se no princípio básico do atendimento no Creas.
O acolhimento é uma ação técnico-assistencial que pressupõe a mudança da relação
profissional / usuário através de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade.
Implica em “...postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos
usuários, [prestando] um atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando,
quando for o caso, o indivíduo e a família em relação a outros serviços [da rede], para a
continuidade [do atendimento] e estabelecendo articulações com esses serviços, para
garantir a eficácia desses encaminhamentos”. O acolhimento social deve ser fonte de
informações qualitativas e quantitativas capazes de desvelar e sistematizar as demandas das
famílias, subsidiando tomada de decisão em relação à implantação e implementação de
ações e intervenções de Proteção Social Especial de Média Complexidade nos territórios.
2. SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ABORDAGEM SOCIAL
Outra possibilidade de acesso ao Creas para famílias e indivíduos em situação de risco por
violação de direitos é o serviço especializado em abordagem social, que acontece por meio
do deslocamento de profissionais, em roteiros prévios ou não. Este serviço atende também as
solicitações da Central de Atendimento e Informações 156 (comunicação entre os cidadãos e
a Prefeitura Municipal), articulando, quando necessário, com outros serviços da rede. Deve
ser executado, numa primeira etapa, por educadores sociais, preferencialmente em duplas, e
de acordo com a complexidade da situação identificada, os educadores poderão solicitar a
intervenção dos técnicos.
Este serviço tem como objetivo primordial a identificação de trabalho infantil, exploração
sexual, população em situação de rua entre outras situações de violação de direitos por
situação de violência, realizando o atendimento e encaminhamentos necessários.
Conforme descrito na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, este serviço deve
ser ofertado “...de forma continuada e programada, com a finalidade de assegurar trabalho de
abordagem e [...] buscar a resolução de necessidades imediatas e promover a inserção na
rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia
de direitos.”
O serviço especializado em abordagem social deve estar atento às demandas de articulação
com o sistema de garantia de direitos e outros órgãos, quando se tratar de exploração sexual
e outras formas de exploração do trabalho infantil, além da necessidade de inclusão das
famílias no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI. As abordagens que visam à
identificação de situação de exploração sexual e trabalho infantil devem ser realizadas por
técnicos e educadores sociais, tendo em vista as demandas apresentadas que exigem
intervenções especializadas, podendo contar com a participação de profissionais de outras
políticas públicas ou do sistema de garantia de direitos.
A abordagem social para identificação de indivíduos em situação de rua deve se dar à luz da
Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua (2008). A referida
Política aponta como princípio a promoção e garantia da cidadania e dos direitos humanos,
respeito à dignidade do ser humano, sujeito de direitos civis, políticos, sociais, econômicos e
culturais, o direito ao usufruto, permanência, acolhida e inserção na cidade, a não
discriminação por motivo de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social,
nacionalidade, atuação profissional, religião, faixa etária e situação migratória e a supressão
de todo e qualquer ato violento e ação vexatória, inclusive os estigmas negativos e
preconceitos sociais em relação à população em situação de rua.
Situação de rua, conforme consta na Política Nacional para Inclusão Social da População em
Situação de Rua (2008), segundo “... a definição de cientistas sociais como Alcock (1997) e
Castel (1998), [...] relaciona-se com situação extrema de ruptura de relações familiares e
afetivas, além de ruptura total ou parcial com o mercado de trabalho e de não participação
social efetiva.”. O Manual do Entrevistador do Cadastro Único (2010) corrobora com esta
definição de população em situação de rua, dizendo que esta população “... forma um grupo
heterogêneo, mas que tem em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos familiares
interrompidos ou fragilizados, e inexistência de moradia convencional regular, sendo obrigado
a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por condição temporária ou de forma
permanente”.
No que se refere ao atendimento a esta população, o serviço especializado de abordagem
social deve realizar os seguintes procedimentos:
• Atendimento social em caráter emergencial e acompanhamento do retorno familiar, quando
possível;
• Orientação e encaminhamento aos serviços socioassistenciais e às demais políticas
públicas, bem como ao Conselho Tutelar ou ao Sistema de Garantia de Direitos – SGD;
• Quando da identificação de população de rua sem referências familiares, encaminhamento
ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Central de
Resgate Social. Quando se tratar de criança e adolescente, estes devem ser encaminhados
para o Centro de Convivência Criança quer Futuro.
3. SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A FAMÍLIAS E INDIVÍDUOS
– PAEFI
O Creas deve priorizar como metodologia de ação, o atendimento em grupo, seja ele
composto pelo grupo familiar (núcleo familiar e/ou família extensa), de multifamílias ou de
indivíduos com direitos violados em decorrência de situações de violência:
Grupo familiar: objetiva proporcionar um espaço de discussão acerca de questões
vivenciadas pelos indivíduos de uma mesma família.
Grupo multifamílias: reúne famílias com vivências semelhantes.
Orientação Jurídico-Social
O atendimento realizado pelo PAEFI junto às famílias pode indicar a demanda de orientação
jurídico-social, executada por um profissional com formação na área de Direito. Este
profissional faz parte da equipe interdisciplinar do Creas.
Prioritariamente, a orientação jurídico-social tem a função de acolher através de escuta
qualificada, atendendo àqueles indivíduos que de acordo com o plano de intervenção
apresentam demanda para este serviço, visando romper o ciclo da violência e receber
orientações e encaminhamentos acerca de seus direitos.
De acordo com análise do caso, a família receberá as orientações e, se houver necessidade,
poderá ser encaminhada para atuação da Defensoria Pública Estadual, visando à proposição
de ação judicial. É por meio da Defensoria Pública que será possível o fortalecimento do
direito de defesa e do acesso à justiça em favor da infância, da juventude, ou do indivíduo em
situação de violação de direitos. Ratificando, o direito de peticionar mediante a defesa
(atuação técnico-judicial), e a possível responsabilização (ação judicial) é de competência da
Defensoria Pública Estadual e/ou escritórios modelos. Desta forma os diversos atores e
serviços, que integram o sistema de garantia de direitos, formam uma rede interrelacionada
de ações para a proteção dos indivíduos e famílias. Assim, a orientação jurídico-social tem
como função atender famílias e indivíduos com direitos violados e de acordo com avaliação
do caso, proceder às orientações e encaminhamentos necessários, visando à proteção e
promoção do indivíduo.
Porém, para que haja o atendimento eficiente e integrado, há necessidade de que os três
eixos do sistema de garantia de direitos - Proteção, Defesa e Controle - atuem de forma
articulada. No eixo Defesa, a parceria com a Defensoria Pública do Estado do Paraná é
essencial, para que se garanta o acesso ao devido processo legal e o direito a defesa
principalmente no que se refere aos crimes praticados contra a criança e o adolescente, por
ação ou omissão; como também em relação aos adolescentes autores de atos infracionais
com medida socioeducativa em meio aberto, cujas famílias não apresentam condições
materiais de arcar com as despesas da defesa judicial, e ainda no que se refere às mulheres
e idosos com direitos violados.
As áreas de atuação da orientação jurídico-social são:
• Direito da mulher e de vítimas de violência doméstica/intrafamiliar– direcionado à solução
das questões relativas à repressão dos atos de violência praticados contra a mulher (Lei
11.340/Lei Maria da Penha);
• Direito da criança e do adolescente – garantir os direitos em casos de violência sexual,
agressões, danos, violações e em situações de ato infracional (Constituição Federal de 1988;
Lei 8.069/90-ECA; Decreto Lei 5.452/1943 - Dispositivos da Consolidação das Leis do
Trabalho; Portaria 20/2001-Secretaria de Inspeção do Trabalho;
•Decreto 6.481/12 junho de 2008-trata das piores formas de trabalho infantil; Resolução
nº113, de 19 de abril de 2006 do CONANDA e Normativas Internacionais);
•Direito da Família – em casos de tutela, guarda de crianças e adolescentes, reconhecimento
de paternidade e maternidade, separação, divórcio, regulação de alimentos e visitas,
interdição. Este procedimento será disponibilizado somente para o público alvo do Creas.
(Código Civil) e de forma incidental;
•Direito da Pessoa Idosa – defesa dos direitos da pessoa idosa, principalmente nos casos de
violência familiar ou doméstica (Lei nº10.741/2003 – Estatuto do Idoso; Constituição Federal
de 1988 - BPC);
•Direito da Pessoa com Deficiência – defesa e proteção de crianças, adolescentes e adultos
com deficiência (Estatuto da Criança e do Adolescente; Constituição Federal de 1988;
Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; A Proteção das Pessoas
com Deficiência no Código Civil; Leis e Decretos referente ao tema);
• Proteção aos Direitos Humanos – voltado a população em situação de rua (Constituição
Federal de 1988);
É necessário conhecimento relativo à Lei Orgânica da Assistência Social; Política Nacional da
Assistência Social/Sistema Único da Assistência Social; Plano Nacional de Convivência
Familiar e Comunitária; Plano Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual Contra Crianças
e Adolescentes; Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.
Na proposta de orientação jurídico-social no Creas, deverão acontecer as ações de
prevenção com o objetivo de levar à população a divulgação e conhecimento dos postulados
legais, possibilitando informações sobre direitos e deveres de acordo com os marcos legais.
A orientação jurídico-social também deverá instrumentalizar a equipe do Creas quanto à
legislação referente aos direitos de crianças, adolescente, mulheres, idosos, pessoas com
deficiência e adultos.
O Creas, enquanto serviço especializado tem como uma de suas diretrizes, conforme já
descrito anteriormente, a matricialidade sociofamiliar. Isto significa que os procedimentos
devem focar a família em sua integralidade, com exceção dos indivíduos com vínculo familiar
rompido. Porém, para efeitos didáticos e de detalhamento da operacionalização do serviço
neste Protocolo, estaremos tratando os referidos procedimentos de acordo com as naturezas
de violência vivenciadas pelos indivíduos que compõem o núcleo familiar e que deram origem
ao atendimento.
3.1. Atendimento às vítimas de violência doméstica / intrafamiliar, com apoio, orientação,
encaminhamentos e responsabilização
Combater o “...Trabalho Infantil é uma questão de direitos humanos [...] Constituição Federal,
em seu art. 7º, inciso XIII, que proíbe todo e qualquer tipo de trabalho aos menores de 16
anos, exceto àqueles em condição de aprendiz, a partir de 14 anos.”36 Diante desta questão,
o Creas, por meio do PAEFI:
...oferta atendimento especializado de apoio, orientação e acompanhamento das famílias [...],
buscando a promoção dos direitos e o fortalecimento da função protetiva da família. Tem,
portanto, papel fundamental [...] de modo a contribuir para a retirada imediata da criança e do
adolescente da situação de trabalho. Contribui, também, para o cumprimento das
condicionalidades [...] por meio do trabalho social com as famílias, quando os motivos do
descumprimento se referirem a quaisquer situações de risco pessoal e social [...], dentre as
quais a própria reincidência de trabalho infantil.
O Creas, por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social, monitora o território,
identificando as situações de trabalho infantil, entre outras formas de negligência, abuso e
exploração de crianças e adolescentes. Diante de situações de exploração de trabalho
infantil, este serviço realiza a articulação com o PAEFI para as intervenções junto à família,
visando à retirada das crianças e adolescentes da situação encontrada.
Conforme descrito nas Orientações Técnicas Gestão do Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil no SUAS, o Creas, por meio do PAEFI:
...procederá o acompanhamento familiar por no mínimo 3 meses, com vistas a contribuir para
a imediata retirada de crianças e adolescentes do trabalho [...] Após intervenção do PAEFI, a
família deve ser encaminhada ao CRAS para o devido acompanhamento no território pelo
PAIF.
A mesma publicação também reitera a questão afirmando que:
... a primeira abordagem visando ao acompanhamento familiar junto às famílias com
crianças/adolescentes retirados do trabalho deve ser realizada pelo PAEFI [...],
contrarreferenciando essa família ao CRAS, no momento em que for desligada...
Durante um período médio de 3 meses de acompanhamento, alguns procedimentos e
intervenções devem ser realizados pelo PAEFI, com a família identificada com crianças e
adolescentes em situação de trabalho infantil. Cumpre ressaltar a necessidade de inclusão ou
da atualização da família no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal,
com marcação do campo 10 e preenchimento do formulário suplementar 01, do referido
cadastro. Também deve ser pactuado com a família o Termo de Responsabilidade, com
assinatura em formulário próprio e o preenchimento do Formulário de Operações PETI - FOP
de inclusão.
Ainda durante o acompanhamento pelo PAEFI, deverá ser realizada pelo Cras a inclusão das
crianças e adolescentes no SCFV, a partir do contrarreferenciamento feito Creas. O Cras, por
sua vez, deverá encaminhar para o Creas, mensalmente e em data preestabelecida, a
freqüência das crianças e adolescentes no SCFV, para inserção dos dados no SISPETI –
Sistema de Controle e Acompanhamento da Frequência no Serviço Socioeducativo do PETI,
pelo setor competente.
O PAEFI deverá pactuar o Plano de Intervenção - PIF com a família, utilizando o formulário
específico adotado pelos Creas. O PIF deverá prever ações de orientação e
acompanhamento que permitam que a família retome sua função protetiva, realizando o
imediato afastamento das crianças e adolescentes do trabalho e o cumprimento das demais
condicionalidades do PETI.
Em se tratando de Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, os Creas, por meio do
PAEFI, também devem prestar atendimento às famílias que apresentam dificuldades no
cumprimento das condicionalidades do Programa por situações de risco em decorrência de
violação de direitos, após esgotadas as intervenções de Proteção Básica através do Cras e a
violação de direitos vier associada às situações de violência, como a negligência extrema.
O Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda (2009),
em seu Art. 23, afirma que após:
...verificação de que o descumprimento de condicionalidade decorre de situação de risco
social relacionados a não retirada da criança ou adolescente do trabalho infantil, mendicância,
situação de rua e violência (física, sexual ou psicológica), deverão ser adotados os seguintes
procedimentos iniciais:
I – [...] contato inicial com a família, se necessário por meio de visita domiciliar ou abordagem
de rua, realizando inicialmente um diagnóstico da situação e os encaminhamentos para
outros serviços da rede socioassistencial, das demais políticas públicas e do Sistema de
Garantia de Direitos (SGD);
II – [...] notificar a situação ao Conselho Tutelar a fim de viabilizar a aplicação de medias
protetivas necessárias.
§1º Nos casos em que a causa do descumprimento das condicionalidades for a permanência
da criança ou do adolescente de até 16 anos no trabalho infantil, a família poderá ser
acompanhada pelo CRAS quando constatado a retomada do cumprimento das
condicionalidades e sanada a necessidade do acompanhamento pelo CREAS (o grifo é
nosso).
§2º Nas situações de violência/discriminação contra a criança e o adolescente, o atendimento
pelo CREAS [...] também terá como objetivo o encaminhamento de relatório para os órgãos
competentes, quando identificado a manutenção da situação de risco.
§3º Na situação de exploração sexual comercial/abuso sexual da criança ou do adolescente,
o CREAS [...] deverá comunicar a situação ao Conselho Tutelar para que além da aplicação
de medidas protetivas necessárias, sejam desencadeados procedimentos necessários junto
ao Ministério Público, ao Poder Judiciário e às Delegacias Especializadas;
§4º Se ao longo do atendimento às famílias com situações de violência intrafamiliar contra a
criança e o adolescente, o CREAS [...] identificar a manutenção da situação risco, deverá
comunicar às autoridades regulamentadas pelo Sistema de Garantia de Direitos, por meio de
relatório.
§5º Se ocorrer o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar, o CREAS [...]
em parceria com o serviço de acolhimento, dará continuidade ao acompanhamento da família
tendo em vista a reintegração ao convívio familiar, comunicando periodicamente ao Conselho
Tutelar e, por meio de relatórios, à autoridade judiciária.
§6º O Gestor Municipal [...] do Programa Bolsa Família – PBF deverá registrar no Sistema de
Condicionalidades (SICON) o motivo de descumprimento quando se tratar de criança ou
adolescente afastado do convívio familiar e for aplicada medida protetiva [...] ou quando se
tratar de adolescente e for aplicada medida socioeducativa...
§7º Reinserida a criança ou o adolescente no convívio familiar e sanada a necessidade de
acompanhamento pelo CREAS [...] e profissionais do serviço de acolhimento, a família
continuará o acompanhamento no CRAS [...] por pelo menos 6 meses.
Cumpre ressaltar o descumprimento das condicionalidades do PETI pode constituir situações
reveladoras do alto grau de vulnerabilidade e risco. que São condicionalidades do PETI:
•Matrícula e frequência escolar mensal mínima de 85% para crianças e adolescentes entre 5
e 15 anos, 11 meses e 29 dias;
• Matrícula em SCFV com frequência mensal mínima de 85% para crianças e adolescentes
entre 5 e 15 anos, 11 meses e 29 dias;
• Acompanhamento do calendário vacinal, do crescimento e do desenvolvimento das crianças
menores de 7 anos;
• Pré-natal para gestantes e acompanhamento de nutrizes, sem limite de idade, desde que
façam parte da composição familiar, informada no Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal;
• Afastamento das crianças e adolescentes do trabalho infantil.
O acompanhamento das famílias em descumprimento das condicionalidades do PETI devido
a situações de risco por violação de direitos, pelo PAEFI, prevê a atualização do Cadastro
Único, o preenchimento do formulário de recurso e demais relatórios e documentos
necessários ao registro no SICON – Sistema de Condicionalidades do
Programa Bolsa Família, do Governo Federal. Estas famílias continuarão sendo
acompanhadas pelo PAEFI até a superação dos fatores geradores do descumprimento das
condicionalidades, quando serão contrarreferenciadas ao Cras para continuidade do
acompanhamento.
Outra questão importante diz respeito à mudança de endereço de famílias acompanhadas
pelo Creas. O Creas de origem deverá informar o novo endereço da família ao Creas de
destino, encaminhando os documentos pertinentes após a sua localização pelo Creas que
está recebendo a família. Este Creas, que passará a acompanhar a família, deverá adotar os
procedimentos pertinentes no que se refere à atualização do Cadastro Único, entre outros.
Caso a família não seja localizada em seu novo endereço, após um período de 30 dias, o
Creas de referência do antigo endereço da família deverá solicitar o bloqueio do benefício de
transferência de renda junto ao setor competente. Decorridos 30 dias após o bloqueio, e
esgotadas as possibilidades de localização da família, o Creas deverá solicitar o
desligamento da família do PETI.
Além do motivo citado no parágrafo anterior, famílias beneficiárias do PETI serão desligadas
do programa quando o adolescente completar 16 anos ou a família mudar de município. Em
qualquer motivo de desligamento, o Creas deverá encaminhar ao setor competente o
cadastro único atualizado e o FOP de desligamento da família.
Em demais situações, a criança ou adolescente somente será desligado do PETI, mediante
parecer técnico emitido pelos profissionais do PAEFI que acompanham a família, em conjunto
com a equipe do PAIF, do Cras de referência da família, validado pelo gerente de Proteção
Social Especial e pelo Conselho Tutelar. Caso exista necessidade, estas situações também
podem ser encaminhadas para discussão da Rede de Proteção local e para a Comissão
Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil, visando parecer conclusivo para o
desligamento.
Fluxo de Atendimento às famílias com crianças e adolescentes em situação de trabalho
infantil, e famílias que apresentam dificuldades no cumprimento das condicionalidades do
PETI
4. SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL A ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA (LA) E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE (PSC)
O acolhimento social deve ter como equipe: 01 educador social para a recepção e triagem, 01
assistente social e 01 psicólogo para o atendimento emergencial, orientações e
encaminhamentos e 02 educadores sociais para o serviço especializado em abordagem
social.
2. EQUIPE PARA O PAEFI - REFERÊNCIA PARA FAMÍLIAS E TERRITÓRIOS
Visa garantir um espaço de escuta para repensar a prática profissional com subsídios práticos
e teóricos, aprimorar os procedimentos de trabalho qualificando os serviços ofertados à
população e auxiliar os profissionais na construção de uma metodologia interdisciplinar de
trabalho que comporte suas formações específicas.
A referida consultoria oportuniza o debate das equipes, com orientação de profissional
capacitado nas questões relacionadas ao Creas, sobre os procedimentos de trabalho, já que
dada a complexidade das situações atendidas, os profissionais devem ser capacitados e
preparados continuamente nas diversas situações que abrangem a sua atuação.
A consultoria técnica proporciona também o estudo e discussão de casos no intuito do
direcionamento das ações para a superação das situações de violação de direitos, o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a inserção das famílias e indivíduos na
comunidade. Portanto, a equipe de profissionais, além das competências e atribuições
privativas inerentes à formação, deve dispor de conhecimentos específicos e especializados,
com o objetivo de assegurar abordagem qualificada e humanizada, assim como garantir a
efetividade das ações desenvolvidas.
Em horários e dias pré-agendados, o especialista contratado para a consultoria desloca-se a
cada um dos Creas, uma vez a cada 15 dias, sendo que o trabalho com as equipes tem
duração de 02 horas, intercalando com a oficina “Cuidando do Cuidador”. Periodicamente, é
realizada avaliação do trabalho desenvolvido, o que é acompanhado pela Diretoria de
Proteção Social Especial.
2. CUIDANDO DO CUIDADOR
Visa minimizar os impactos decorrentes dos atendimentos diários na vida e na rotina dos
profissionais, fortalecerem a comunicação entre a equipe, facilitar a interrelação entre os
profissionais, propiciar a discussão das situações vivenciadas e, consequentemente, garantir
a qualidade dos serviços ofertados à população.
É uma ação continuada direcionada às equipes que atuam nos Creas, proporcionando
através de trabalho em grupo o aprofundamento das questões conflitantes levantadas pelos
seus membros, detectando assim dificuldades relevantes a serem estudadas, pesquisadas e
refletidas.
Tendo em vista a complexidade das situações foco de atuação do Creas, que podem
ocasionar alto grau de stress nos profissionais, levando a constantes afastamentos com
laudos de saúde ocupacional da medicina do trabalho, além de solicitações de transferência e
alta rotatividade, agravando a dificuldade de estabelecimento de vínculo com os usuários e na
própria equipe de trabalho, propõe-se o projeto Cuidando do Cuidador.
Em horários e dias pré-agendados, o especialista contratado para este fim desloca-se a cada
um dos Creas. O trabalho com as equipes tem duração de 02 horas. Periodicamente, é
realizada avaliação do trabalho desenvolvido, o que é acompanhado pela Diretoria de
Proteção Social Especial.
As formas de classificar o fenômeno violência diferem de autor para autor. Este Protocolo de
Gestão do Creas assume a classificação adotada pelo Protocolo da Rede de Proteção à
Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, instituído desde o ano de
2008 em Curitiba, dispondo para fins didáticos em tipos e natureza da violência.
Tipos de Violência:
Fornecer subsídios para a superação das situações de violência vivenciadas pelas famílias.
Ressalta-se aqui:
• Entende-se por subsídios as ações executadas nos Creas, que são de ordem psicossocial e
jurídico-social que visam o enfrentamento da violência.
• O público alvo do Creas consiste das famílias e indivíduos que vivenciam violações de
direitos por ocorrência de: violência doméstica/intrafamiliar, violência extrafamiliar: exploração
sexual e trabalho infantil, adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa meio
aberto, famílias do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em descumprimento de
condicionalidades, situação/trajetória de rua, discriminação em decorrência da orientação
sexual e/ou raça/etnia, famílias com idosos em Centro Dia, famílias com usuários de
substâncias psicoativas que vivenciam situações de violência doméstica/intrafamiliar, com
articulação com os serviços de saúde.
• Entende-se como família, a instituição que desempenha as funções de pertencimento,
proteção e direcionamento. Nos casos de indivíduos que não possuem nenhum vínculo
familiar e extrafamiliar, considera-se que ele mesmo desempenhe as funções citadas para
consigo mesmo.
11° Módulo: Princí. de Atend. as Famílias e Indivíduos do CREAS
PRINCÍPIOS DE ATENDIMENTO ÀS FAMILIAS E INDIVÍDUOS NOS CREAS
A triagem consiste na interlocução direta com os usuários que chegam ao Creas, quando são
identificadas as necessidades das pessoas e indivíduos que procuram o serviço, verificando
se as demandas trazidas são pertinentes às ações disponibilizadas pelo Creas ou se são
passíveis de encaminhamento a outras instituições da rede de proteção social.
A triagem permite também que dentre os casos identificados para atendimento no Creas
observe-se possível necessidade de intervenção imediata, sendo que o atendimento
emergencial será realizado quando se fizer necessário.
Em se tratando de atendimentos pertinentes ao Creas, para que se dê início aos
atendimentos e acompanhamentos necessários, um educador social fará o pré-cadastro dos
usuários, realizando também a inclusão ou atualização do cadastro único dos mesmos.
2. ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS
› A importância do vínculo do Creas com a família, não só do técnico de referência, mas sim
de todos os profissionais que fazem contato com a mesma. Parte do sucesso do trabalho
depende do elo de confiança construído entre as duas partes.
› Necessidade do trabalho integrado dos vários profissionais do Creas, tendo a
interdisciplinaridade como foco.
3.2. ETAPA INTERVENTIVA
As equipes de referência da família e dos territórios serão responsáveis pelo
acompanhamento psicossocial familiar e individual quando necessário, lançando mão do
instrumento “Plano de Intervenção Familiar” (PIF) para efetivar o referido acompanhamento.
Após a investigação diagnóstica deve ser elaborado o plano de intervenção, que consiste
num instrumento onde a equipe e a família estabelecem, negociam e pactuam estratégias de
ação e os procedimentos de acompanhamento necessários de acordo com as
particularidades e necessidades do sistema familiar. Segundo o Conselho Federal de
Psicologia a elaboração do plano de atendimento “(...) deve se basear em uma metodologia
participativa que envolva a família deve conter estratégias direcionadas ao atendimento,
pactuando responsabilidades e compromissos, levantando metas e objetivos e mobilizando
recursos necessários para potencializar os recursos da família para o exercício de sua
função, fortalecer seu protagonismo e participação social e suas redes de apoio na
comunidade”. Durante a elaboração do Plano de Intervenção Familiar identificar-se-á uma
série de questões sobre o sistema familiar, levando o técnico a selecionar as melhores formas
de acompanhamento, subsidiando a família, no que diz respeito aos recursos para o
enfrentamento da situação de violência, entendendo a responsabilização e o fortalecimento
das funções protetivas da família como caminho para a superação da violência vivida. O
plano pode ser revisto, visando ajustes necessários, permitindo o estabelecimento de
objetivos a curto, médio e longo prazo, possibilitando avaliação de resultados e definindo o
ritmo das mudanças de acordo com o potencial das famílias.
O processo de intervenção visa:
› Promover a conscientização da família sobre a existência da situação de violência e quais
os seus significados;
› Propiciar a transformação das queixas familiares em demandas passíveis de intervenção
técnica;
› Instrumentalizar a família para ações minimizadoras da situação da crise;
› Promover a reflexão da família sobre a implicação de seus membros com a situação
problema e possíveis soluções;
› Fornecer orientações sobre os recursos da comunidade e da rede de apoio para a
superação da crise;
› Facilitar a percepção e avaliação da família de seus progressos e retrocessos.
A etapa interventiva às famílias envolve o acompanhamento e o encaminhamento. Podendo-
se utilizar do atendimento em grupo e atendimento individual como estratégias de ação,
sendo que estes podem ter caráter interventivo psicossocial e/ou jurídico-social.
› Acompanhamento: inclui procedimentos para além do atendimento e encaminhamento,
como: visitas domiciliares e/ou institucionais e articulação com a rede socioassistencial.
• Visita Domiciliar: atividade técnica prestada na unidade domiciliar do usuário e/ou famílias,
objetivando conhecer a realidade do núcleo familiar e sua articulação com a vizinhança. Faz-
se possível também ocorrer intervenções focais, caso seja conveniente.
• Visita Institucional: atividade técnica, utilizada junto à rede socioassistencial, com intuito de
discussão de caso, articulação da rede, supervisão da rede conveniada, entre outros; a qual
contribui para a efetivação da Política de Assistência Social. Articulação da Rede: para que a
mesma ocorra faz-se necessário aos técnicos conhecer, identificar e socializar recursos e
informações. Por meio desta articulação é proporcionada a complementaridade das ações e
dos serviços. A articulação no território é fundamental para fortalecer as possibilidades de
inclusão da família em uma organização de proteção que possa contribuir para a
reconstrução da situação vivida.
› Encaminhamento: é o procedimento de articulação da necessidade do usuário com a oferta
de serviços sócio-assistenciais. Depende de ações de articulação interinstitucionais, de forma
a garantir a efetivação do encaminhamento e possibilitar o retorno da informação. Atividades
envolvidas no mesmo: registro da demanda e marcação de entrevista, articulação institucional
e encaminhamento propriamente dito.
› Atendimento em grupo: reúne pessoas com vivências semelhantes, desta forma a
experiência de uma pode servir de referência para as outras; trabalha em conjunto os
sentimentos que permeiam cada fase do acompanhamento; permite que temas de interesse
comum sejam discutidos; propicia o fortalecimento do exercício da cidadania; fomenta o
estreitamento de relações, formação de grupos e associações na comunidade.
Ressalta-se aqui:
É importante ressaltar que a participação dos usuários em grupos, seja qual for a natureza e
temática do mesmo, deve se dar após a superação da crise imediata, quando as medidas
emergenciais que o caso exige já foram aplicadas, considerando questões específicas e
exclusivas, que requerem intervenções individuais.
O objetivo da proposta de atuação com grupos no Creas é o de potencializar as famílias no
desenvolvimento de sua capacidade de convivência priorizando formas mais saudáveis do
ponto de vista psicossocial. Além disso, a intenção é promover a reflexão das famílias sobre
sua realidade relacional, promovendo a operatividade das mesmas.
Toda pessoa atendida pelo Creas poderá, potencialmente, ser encaminhada aos grupos
desenvolvidos, devendo ser observados alguns critérios para encaminhamento a estes:
› Características demonstradas pela família para participação do processo grupal: capacidade
de atenção e escuta possibilidade de atender a regras e desejo de estar em contato com
outras pessoas para trocar experiências e intenções. Deve-se evitar a inclusão no grupo de
pessoas que demonstrarem acentuada hostilidade verbal, comportamento muito agressivo,
estados depressivos e outros transtornos mentais cuja sintomatologia não se encontra
compensada por tratamento específico;
› Análise da contribuição que o grupo pode possibilitar ao processo de desenvolvimento da
família;
› Situações onde se identifique que há necessidade de acolhimento, vínculo, troca de
experiências das famílias que poderão ser atendidas em grupo possibilitando a resolução de
seus problemas;
› Demonstração da família de necessidade de reflexão mais sistemática, que possa dar
suporte à mudança de atitude e postura;
› Quando os familiares demonstrarem desejo de participação em grupos.
Os grupos serão dirigidos por dois profissionais, sendo que um assumirá o papel de
coordenador propriamente dito e o outro de coordenador auxiliar. Os referidos profissionais
terão formação nas áreas de psicologia, serviço social ou pedagogia, porém poderão contar
com o apoio do advogado (a) ou demais profissionais do Creas, em pelo menos um encontro,
para contemplar as demandas específicas que emergem durante o processo.
Os coordenadores do grupo, apoiados por toda a equipe Creas, deverão fomentar as
estratégias para atender as seguintes necessidades, as quais são indispensáveis para o
acontecimento do grupo:
› Conhecimento dos elementos e características de cada componente do grupo;
› Responsabilização pela infra-estrutura dos encontros;
› Mobilização dos indivíduos ou famílias para a participação (captação da clientela).
Os coordenadores farão registro do processo, contendo dados de identificação dos
participantes, descrição das atividades e parecer técnico. Este registro subsidiará a posterior
avaliação do trabalho. Um dos profissionais será mais atuante na coordenação do grupo,
sendo que o segundo assumirá a função de coordenador auxiliar, atuando na identificação de
demandas de intervenção durante o processo.
Planejamento do grupo
O planejamento das atividades com grupos de famílias envolve fases, que deverão ocorrer a
partir das demandas obtidas na etapa diagnóstica. Essas são:
› Elaboração da proposta de acordo com o tipo de grupo definido;
› Preparação de temas;
› Operacionalização dos encontros.
Os grupos realizados nos Creas poderão ser focados em uma temática específica ou não,
com um direcionamento assertivo e estratégia previamente planejada pelos profissionais
responsáveis por conduzi-los, caracterizando-se, portanto, como grupos de caráter operativo,
ou seja, grupos centrados na tarefa. Porém, de acordo com as demandas apresentadas pelas
famílias, a coordenação do grupo pode se dar de forma horizontal, onde a direção do trabalho
se dá em conjunto – coordenador e membros do grupo, com o cuidado constante de que a
abordagem seja operativa embora as conseqüências possam ser terapêuticas.
Tipos de Grupos
Modulares – os módulos ocorrem numa seqüência que permite aos participantes entrarem no
grupo em diferentes momentos, sem que se comprometa seu aproveitamento no mesmo.
Abertos – espaços permanentes de reunião e discussão, permitindo, aos membros,
participação de acordo com suas possibilidades.
Fechados – com número fixo de encontros e com entrada de participantes no início do grupo;
os temas abordados devem seguir uma seqüência lógica.
Ressalta-se aqui que dependendo do objetivo proposto:
› Estabelecimento de rapport:
Etapa em que os profissionais devem fazer o primeiro contato acolhedor com os membros do
grupo.
Deve-se também expor os combinados sobre o funcionamento do mesmo e a exposição dos
objetivos do trabalho. Nos casos de grupos abertos, essa etapa deve ser efetuada em cada
encontro, considerando que novos membros estarão presentes constantemente.
› Apresentação da atividade:
Momento em que se estabelece a proposta do encontro, explicando qual será a atividade
realizada e seu objetivo. Faz-se fundamental considerar a utilização da linguagem adequada
aos membros, checando a compreensão dos participantes e as suas condições para executar
a tarefa, podendo propor atividades alternativas que não sejam excludentes.
› Desenvolvimento da atividade:
Proposição de dinâmicas que abordem temas que venham ao encontro de necessidades dos
indivíduos que compõe o grupo, tendo sempre em vista o caráter psicossocial e de orientação
jurídica do trabalho no CREAS.
› Fechamento:
Etapa extremamente importante para o desenvolvimento dos encontros. É o momento de
reflexão e integração das atividades propostas com os conteúdos contemplados. Deve ser
realizado impreterivelmente para que cada membro possa elaborar a experiência articulando-
a as suas vivências pessoais.
Algumas modalidades de clientela e temáticas
› Temas: práticas educativas, adolescência (dos pais e dos filhos), funções familiares,
liberdade x limite, vínculo, questões jurídicas.
3. Mulheres vítimas de violência ou mulheres em geral
› Temas: identidade, projeto de vida, desenvolvimento de habilidades, mitos e crenças sobre
as questões de gênero, protagonismo, auto-estima, violência como vínculo, vítima x algoz,
questões jurídicas.
4. Agressores (da mulher, idoso, criança, adolescente)
› Temas: identidade, habilidades sociais, violência como vínculo, direitos e deveres nas
relações pessoais, a relação vítima x algoz, questões jurídicas.
5. Familiares de crianças em situação de risco
› Diferentes clientelas poderão ser agrupadas em grupos integrados quando houver temáticas
compartilhadas.
Tipos de Atividades
O profissional que propõe aos usuários inclusão no grupo como forma de intervenção deverá
tomar os devidos cuidados para não gerar falsas expectativas, deixando claro que os
encontros poderão contribuir para a saúde global da família, porém não se utilizam de
estratégias metodológicas de um grupo psicoterapêutico. Além disso, é fundamental elucidar
quanto ao funcionamento e objetivo do grupo para o indivíduo.
Para Pichon-Rivière (1986) o grupo operativo é constituído de pessoas reunidas com um
objetivo comum, chamado de “grupo centrado na tarefa que tem por finalidade aprender a
pensar em termos de resolução das dificuldades criadas e manifestadas no campo grupal". O
trabalho com grupos operativos tem como foco a busca de coerência entre o pensar, o sentir
e o agir, usando o que o grupo traz explicitamente para poder chegar a manifestos implícitos
desse sistema, tendo como base a estrutura vincular modelando a sua intervenção em grupo,
atribuindo à técnica um caráter dinâmico e interdisciplinar.
Os níveis articulares no grupo relacionados à inserção da pessoa são: verticalidade, que se
refere à vida pessoal de cada membro, e horizontalidade, que é a história grupal,
compartilhada entre os integrantes, que surge com base na existência do grupo até o
momento presente. Estes níveis representam as histórias do indivíduo e do grupo que se
fundem, conjugando o papel a ser desempenhado.
Os grupos de caráter operativo atuam na dialética do ensinar-aprender, proporcionando uma
interação entre as pessoas, onde elas tanto aprendem como também são sujeitos do saber,
mesmo que seja pela sua experiência de vida; dessa forma, ao mesmo tempo em que
aprendem, também ensinam. Aqui se entende o aprender como sinônimo de mudança.
Esta modalidade de intervenção grupal consiste em ferramentas de incorporação do saber
horizontal que torna o indivíduo um agente ativo e responsável pela transformação, além de
serem instrumentos de acolhimento, vínculo, integralidade, co-responsabilidade e trabalho em
equipe.
3.3. ETAPA AVALIATIVA
A superação da situação de risco social que originou o atendimento no Creas deve ser
avaliada pela equipe em conjunto com a família, quando são analisados os progressos
efetivados, determinando-se a necessidade ou não de continuidade do atendimento no Creas.
Devem ser identificados, em conjunto com a família, os recursos e apoio possíveis na sua
rede de relações e rede de proteção social, procedendo então, o desligamento do serviço e
realizando a contra-referência com o Cras para continuidade do atendimento pela Proteção
Social Básica. Em muitas situações é necessária a atuação concomitantemente nas duas
proteções: básica e especial.
Percebem-se a necessidade de se fazer dois tipos de avaliação do trabalho realizado pela
equipe. Um deles diz respeito à avaliação da situação pontual da família atendida, frente ao
fenômeno de violência que desencadeou a intervenção do Creas. Isto é, analisar se a família
apresentou modificações frente à situação de violência, se participou e foi beneficiada pelas
intervenções realizadas. Portanto, para essa finalidade cabem estratégias de avaliação com
características mais qualitativas. O outro tipo de avaliação é voltado ao projeto Creas e seus
resultados como serviço disponibilizado à população, levando em conta que algumas
questões não se esgotam com o trabalho da Assistência Social, demandando ações
intersetoriais. Neste caso são necessários levantamentos quantitativos das famílias atendidas
e características de demandas, assim como de todas as modalidades de atividades
realizadas.
Para a etapa avaliativa é necessário analisar os seguintes aspectos quantitativos e
qualitativos.
Qualitativos:
› Houve mudança de percepção da situação de violência vivenciada?
› Quais foram os avanços da família perante a administração da situação de crise?
› Qual a persistência e a responsabilização perante os obstáculos surgidos?
› Participação durante as atividades.
Quantitativos:
› Freqüência nos encontros;
› Reincidência da procura ao CREAS.
Instrumentos de Avaliação
› Formulário de avaliação incluso no PIF dirigido às famílias;
› Registros dos coordenadores do trabalho em grupo.
É fundamental enfatizar que para se avaliar o trabalho do Creas, há de se considerar a
amplitude e complexidade das situações atendidas, as quais se confrontam com os limites
possíveis de ação dos profissionais, do próprio serviço e da assistência social como um todo.